Regras relativas à observação dos fatos sociais – sociais – Émile Durkheim “A primeira regra , e a mais fundamental, consiste em considerar os fatos sociais como coisas.”
O homem não consegue viver sem formular idéias/raciocínios/noções sobre tudo aquilo que o cerca. Todavia, esse mecanismo espontâneo pode muitas vezes comprometer a qualidade do conhecimento científico que o homem se dispõe a produzir, uma vez que não é fácil reconhecer e limitar essa atividade. Durkheim, portanto, começa seu texto enfatizando o quanto é necessário tratar os fatos sociais como coisas. Para Comte e Spencer, dois expoentes da sociologia, os fatos sociais são fatos da natureza e a sociologia enquanto ciência que trata dos fatos sociais deve fazê-lo da mesma forma que as ciências naturais tratam os fatos da natureza. Esse raciocínio, entretanto, levou a sociologia a tratar de conceitos e não de coisas – como deveria. Para Durkheim, a sociologia existe para estudar a evolução social. Mas todas as ideologias a que estamos mergulhados muitas vezes nos leva a ter uma visão histórica da sociedade onde homens simplesmente se sucedem ignorando, pois, a complexidade da evolução social: “ Zombamos hoje hoje dos raciocínios originais originais que os médicos médicos da Idade Idade Média construíam
com as noções de quente, frio, úmido, seco, etc., e não percebemos que continuamos a aplicar o mesmo método a ordens de fenômenos que menos ainda o comportam, em razão de sua extrema complexidade.”
Durkheim enfatiza ainda enfatiza: “E, todavia, os fenômenos sociais são coisas e devem ser tratados como coisas. Para
demonstrar esta proposição não é necessário filosofar sobre a natureza deles, discutir as análogas que apresentam com os fenômenos dos reinos inferiores. Na verdade, é coisa tudo que é dado, tudo que se oferece, ou antes, se impõe à observação. Tratar fenômenos como como coisas, é tratátratá- los na qualidade de ‘data’ que constituem o ponto de partida das ciências. ciências. Os fenômenos fenômenos sociais apresentam apresentam incontestavelmente incontestavelmente tal tal caráter.”
Portanto, devemos manter certa distância do fenômeno fenôme no social que estamos estudando para garantir exterioridade do mesmo. Para Durkheim, essa regra deve e pode ser aplicada a realidade social inteira e não há razão para que se abra qualquer exceção. Porém, tratar o fato social como coisa não garante por si só que estaremos produzindo ciência. Para tanto devemos ainda afastar todas as prenoções. Para Durkheim, eis aqui constituída a base de todo método científico. Há de se considerar que no caso da sociologia essa libertação é especialmente mais difícil porque muitas vezes o sociólogo estará estudando um objeto pelo qual ele já carrega um sentimento afetivo. Durkheim faz ainda uma ressalva: “O sentimento é objeto de ciência, não critério de verdade científica.”
Para Durkheim, a primeira tarefa do sociólogo deve ser definir as coisas de que trata isso é importante para que se saiba o que ele está estudando e para que ele mesmo saiba. Todavia, essa definição também exige cautela porque ela deve ser feita de forma objetiva. “Procedendo dessa maneira desde seus primeiros passos, o sociólogo toma imediatamente pé na realidade.”
A falta de método, por exemplo, pode levar u m observador a aplicar a sua moral no estudo de uma sociedade totalmente distinta da sua e que, por óbvio, não tem os mesmos valores. “A ciência, para ser objetiva, não deve partir de conceitos que se formaram sem ela,
mas da sensação. É aos dados sensíveis que deve diretamente tomar os elementos de suas definições iniciais. É da sensação que se desprendem todas as idéias gerais, verdadeiras ou falsas, científicas ou não. O ponto de partida da ciência ou do conhecimento especulati especulativo vo não poderia, pois, ser senão idêntico ao do conhecimento vulgar ou prático. É somente em seguida, na maneira pela qual essa matéria comum passa a ser elaborada, elaborada, que começam as as divergências.”
Não se pode negar, porém, que a sensação é facilmente subjetiva. Para evitar o comprometimento do estudo, os caracteres exteriores em função dos quais se define o objeto de suas pesquisas, devem ser considerados ao máximo possível. “Porém, se desejarmos seguir uma abordagem metódica, será necessário estabelecer
os primeiros fundamentos da ciência, não em areia movediça, mas em terreno firme. É preciso abordar o domínio do social pelos pelos aspectos que que oferecem melhor melhor possibilidade possibilidade de apreensão à investigação científica. Somente em seguida será possível levar mais longe a pesquisa e, por meio de trabalhos progressivos de abordagem, ir cingindo mais de perto essa realidade fugidia, que o espírito humano talvez não possa jamais abarcar completamente.”