Quebrando a Banca nove princípios de sucesso para a conquista do cargo público
1ª Edição
Joabe Dutra Reginaldo Coutinho 2015
Apresentação
ATUALMENTE, OS AUTORES Joabe Dutra e Reginaldo Coutinho são auditores do Tribunal de Contas do Distrito Federal e do Tribunal de Contas da União. Antes disso, ambos foram analistas judiciários do Supremo Tribunal Federal e Oficiais do Exército Brasileiro, todos os cargos obviamente ocupados via concurso público. A primeira pergunta que você, leitor, pode estar se fazendo neste momento é: “Por que adquirir um livro
de dois concurseiros aprovados e classificados em certames considerados dos mais difíceis, enquanto ainda inicio minha jornada ou mesmo quando me reconheço cheio de limitações a superar, antes de alcançar o concurso dos meus sonhos?” É uma excelente pergunta e os próprios autores também nos revelaram ter desenvolvido, durante a trajetória que percorreram, forte repulsa ao uso de livros e materiais daquelas pessoas constantemente aprovadas em tudo quanto é tipo de concurso (o que classificaram como gênios). E foi justamente o entendimento do
porquê desta resistência dos autores a obras dos gênios que nos levou a patrocinar a publicação deste livro, que, em simples palavras, foi construído por concurseiros comuns, assim como você. Tomamos a liberdade de transcrever parte das palavras dos autores por acreditar que elas efetivamente respondem à sua pergunta: “Os gênios não nos compreendem. Eles não precisam se esforçar tanto quanto nós, que somos limitados e que reconhecemos essas limitações, para serem aprovados! Nós desenvolvemos os nove
princípios (e os aplicamos nas nossas conquistas) a partir dos vários insucessos que obtivemos. O que conquistamos aos 40, os gênios conquistaram aos 20, com muito menos esforço.” Este livro é isso, fruto da vontade de dois concurseiros, que, a partir dos vários insucessos, conseguiram mapear alguns dos sinais que existem no caminho para a aprovação. Esses sinais foram corretamente desvendados, interpretados e transformados em faróis que poderão orientar você, navegante que se prepara com afinco e dedicação. Não se trata de loteria ou sorte, mas minuciosa análise
que propiciou a construção, de forma coletiva e sinérgica, desta obra síntese. Esses simples e reveladores nove princípios poderão te ajudar a conquistar aquelas questões que farão a diferença entre ser aprovado e ter de esperar o próximo edital. A Editora
Sumário
1. I. II.
2. I. II. III.
OS DETALHES FAZEM A DIFERENÇA
Base metodológica do Método Quebrando Banca (Método QB) Percentual para aprovação em provas do tip Certo e Errado
COMO O AVALIADOR PENSA
Tem de haver ao menos um Ao menos um, mas não posso aprovar todo mundo Preciso equilibrar as questões de acordo com o nível de dificuldade e minimizar o
IV.
3.
fator sorte Preciso minimizar a possibilidade de anulação ou modificação das questões
COMO O CANDIDATO DEVE PENSAR
Cada questão é um flash Toda questão é do tipo errada Se não há erro, a questão está certa Cuidado com as questões certas e grife os erros que encontrar V. Não brigue com a banca VI. Pegadinhas – Lenda ou realidade? VII. Atenção aos Detalhes a. Duas leituras: rápida e lenta b. Início da frase c. Fim da frase d. Primeira proposição não tem relação com segunda e. Na dúvida, use o conhecimento I. II. III. IV.
VIII. Evite alterar a resposta de itens já resolvidos IX. Internalizar, testar, praticar e aplicar o Método QB
4.
I. 1º2º3ºII. 4º5º6ºIII.
ACERTANDO NA INCERTEZA OS NOVE PASSOS PARA O SUCESSO Postulados Aplicáveis a Questões Verdade Princípio da prevenção ao recurso Princípio do “politicamente correto” OU Princípio do “fica difícil negar” Princípio de que “toda regra tem exceção” Postulados Aplicáveis a Questões Falsas Princípio da generalização excessiva Princípio da restrição excessiva Princípio do uso da palavra “principal” e expressões equivalentes Postulados Aplicáveis a Questões Verdadeiras e Falsas
7º8º9ºIV. a. b. c. d. e. f. g.
5. I. II. III.
Princípio da mensagem ao candidato a servidor público Princípio da interpretação de texto Princípio do equilíbrio OU Princípio do “é tudo ou nada” Observações aplicáveis a questões do tipo múltipla escolha Cuidado com a alternativa “A” Elimine as alternativas absurdas A alternativa correta se repete Item extenso e item pequeno Reincidências de opções (mais votada) Não poderá haver duas corretas Sobrando apenas duas
OBSERVAÇÃO NA APLICAÇÃ DO MÉTODO QB Princípios combinados Princípios conflitantes Visão do Todo - Princípios explícitos e
IV. a. b. c. d. e.
implícitos Limitações na aplicação do Método QB Questões Diretas Cálculos, questões da área de exatas Princípios contraditórios na mesma questã Tempo limitado Pouco conhecimento sobre as disciplinas
6.
CONCLUSÃO
7.
GLOSSÁRIO DE TERMOS “CONCURSÍSTICOS”
Relação de tabelas
Tabela 1 - Os nove princípios para a conquista do cargo público
Relação de gráficos
Gráfico 1 – Evolução da média para classificação no Concurso do TCU Gráfico 2 – Percentuais líquidos para classificação no TCU – Caso 1 Gráfico 3 – Percentuais líquidos para classificação no TCU – Caso 2 Gráfico 4 - Distribuição de tipos de questões por nível de prova
Agradecimentos
NORMALMENTE, ACREDITAMOS QUE uma obra é fruto do talento e da elevada capacidade de seus autores. No entanto, este livro não segue essa lógica. Seguramente podemos dizer que ele é fruto de nossas limitações e, por mais paradoxal que possa parecer, foram elas que nos trouxeram até aqui. Após muito tempo investindo em estudo para concurso (e também após muitas reprovações!!!), consegui identificar algumas das minhas limitações que
comprometeriam meu sonho: não tinha tempo suficiente para estudar todos os temas e não tinha capacidade para dominar todas as matérias exigidas no edital. Diante disso, me restaram duas opções: abandonar o meu sonho ou desenvolver uma estratégia para contornar essa limitação. Escolhi a segunda opção e dessa escolha, nasceu o Método QB. Agradeço, portanto, a Deus pelas minhas limitações, pois elas tornaram possível a confecção deste livro, que espero que possa ajudar a muitos. Agradeço também por renovar-me o ânimo na busca por superá-las. Agradeço a minha família, que é a minha
referência nos princípios e valores para a vida. Aos amigos que foram aprovados antes de mim, e que representaram fonte de inspiração, de orientação e de modelo a seguir para também alcançar o mesmo objetivo. Aos amigos concurseiros e companheiros de sala, que me ajudaram a sanar dúvidas, me motivaram na jornada e não permitiram que eu desistisse no meio do caminho. Aos mestres, amigos e colegas de trabalho que, de alguma forma, contribuíram ao transmitir seus conhecimentos e sua experiência particular.
Joabe Dutra
Agradecimentos
COMPLEXA, E SINTO AINDA MAIS difícil do que realizar concursos ou mesmo escrever este livro, é a tarefa de agradecer. Nunca tive por mote de vida a confecção de uma obra literária; minhas bases sociais me impeliam a crer-me limitado a tamanho intento. Contudo, foi justamente a partir da necessidade, e da vontade de crescer, que me fiz constante aprendiz dos vários mestres e companheiros concurseiros que me auxiliaram e me orientaram no
trajeto da via crucis que percorri para alcançar os meus sonhos. A esses, mestres e companheiros concurseiros, depois de Deus e de minha família, meus agradecimentos. A Deus agradeço pela oportunidade de existir em uma era tão especial para a humanidade. Nos últimos anos, nossa sociedade tem evoluído como em progressão geométrica em variadas dimensões e ciências. Vivenciar esse momento é um privilégio para cada um de nós. Possuir energia, paz e capacidade intelectual para deixar um pouco de mim nesse momentum é fator de muita alegria, felicidade e agradecimento a Deus. Aos meus familiares, bússola que
orienta as ações que realizo, agradeço pelo carinho, paciência e fonte constante de motivação. As dificuldades que enfrentamos foram o combustível que me impulsionou até este momento. Minha mãe e guerreira foi o meu suporte moral e ético; minha esposa e meus filhos me sustentaram nos momentos de maior aflição e dificuldade; meus irmãos me incentivam a crer que ainda sou capaz de mais. Aos meus agradeço. Em verdade, essa obra não é fruto de nosso único conhecimento (eu e o Joabe); ela sumariza vários ensinamentos dos mestres e companheiros de sala que conhecemos e dos grupos de estudos que integramos durante nossa jornada “concursística”.
Mais que simplesmente caminhar, tivemos a grata felicidade de vivenciar e de compartilhar, efetivamente, cada momento do trajeto. De nossas observações, experiências, lições dos mestres e orientações dos amigos, nasceram alguns dos princípios que explicitamos nesta obra. A vocês, que não ouso nominar por receio de cometer a injustiça de não citar a todos, meu muito obrigado. Reginaldo Coutinho
Prefácio
À PRIMEIRA VISTA, O TÍTULO DESTA obra pode induzir o leitor a acreditar que se trata de um livro voltado a expor técnicas de jogos de cartas, ou mesmo que se trata de uma análise do filme americano “21”, que em Portugal recebeu o nome de “21: A Última Cartada” e que no Brasil foi traduzido com o mesmo nome desta obra: “Quebrando a Banca”. Nas telas, um grupo de alunos geniais, liderados por Kevin Spacey, invade os
cassinos de Las Vegas e utilizando-se de técnicas de contagem de cartas consegue ganhar milhares de dólares no jogo 21, também conhecido como blackjack. Guardadas as devidas proporções, é possível identificarmos sim uma leve correlação entre o filme e o objetivo maior deste trabalho: compartilhar experiência acumulada durante os anos de concurseiros, expondo as estratégias de resolução de prova, as técnicas de indução a erro comumente utilizadas pelas bancas e as formas de aplicá-las para que você vença a banca, alcançando, assim, o sonhado cargo público. A semelhança entre as duas obras está
justamente na exposição das técnicas de contagem capazes de levar o amigo leitor a acertar questões quando em dúvida, o que, no final das contas, o conduzirá a ganhar a sonhada vaga. O sucesso da metodologia está calcado no entendimento das estratégias utilizadas pelo examinador durante o processo de formular uma questão de concurso, bem como na identificação de grupos de palavras e expressões repetidamente utilizadas, com vistas a minimizar a possibilidade da questão ser invalidada por meio de recursos. Não é segredo que a nota de corte para classificação nos concursos nacionais tem sido cada vez maior, notadamente para aqueles considerados como
concursos de ponta: Tribunal de Contas da União, Magistratura, Senado Federal, Câmara dos Deputados, carreiras de controle, do ciclo de gestão e de agências reguladoras, Tribunais Superiores etc. As causas para essa ampliação na média da nota de corte incluem a melhoria no preparo dos concurseiros, provocada, em grande parte, pela proliferação de cursos preparatórios, tanto presenciais quanto online (a nova fronteira). Nós, concurseiros, vivenciamos três fases distintas durante a trajetória rumo à aprovação: na primeira fase da caminhada, costumamos atribuir o sucesso na aprovação exclusivamente ao fator sorte. Ainda nos ouvimos dizer:
“se eu tivesse um pouquinho mais de sorte…”; “se tivesse estudado só mais duas semanas…” ou “se tivesse lido um pouquinho mais aquela matéria…”. Na segunda fase, vencida a prematura e a errônea intepretação de que para passar basta sorte, costumamos atribuir o sucesso exclusivamente ao preparo. Nesta fase, desprezamos qualquer coisa que não esteja relacionada à plena e à meticulosa análise e estudo das matérias, assuntos e tópicos constantes dos editais. É verdade que há os que conseguem alcançar o sucesso de serem aprovados em um grande concurso sem chegar à terceira fase, o que não foi o nosso caso. Tivemos de chegar a esta última para
compreender que a conquista de um cargo, notadamente nos grandes concursos, exige a tríade: preparo adequado, sorte (desta vez traduzida como a capacidade de interpretar a questão da forma como o examinador a pensou) e gestão de prova. Essa obra busca exatamente isso: trazer de uma forma simples e direta - sem se tornar mais uma matéria a ser estudada pelo já assoberbado candidato - as técnicas de contagem comumente repetidas pelas bancas examinadoras durante a elaboração de suas questões, proporcionando, aos que se prepararam adequadamente, mais uma ferramenta para ajudá-los no alcance do objetivo proposto.
Como dizia um amigo concurseiro: “nenhum de nós precisa saber mais que a banca, só precisamos passar!”. E a verdade é que ser aprovado está a cada dia mais difícil, e hoje, ainda mais do que antes, conseguimos concluir que o sucesso realmente mora nos detalhes. Vários desses detalhes são evidenciados nas letras e palavras que integram esse pequeno mapa do tesouro. Nossa expectativa é de que esta obra possa ajudá-lo a construir o seu sucesso!
1. OS DETALHES FAZEM A DIFERENÇA
“Quanto mais eu treino, mais sorte eu tenho.” Vitor Belfort DURANTE UMA ENTREVISTA, NA QUAL o lutador brasileiro de mixed martial arts (MMA) Vitor Belfort
acabara de detalhar sua rotina de treinamentos, expondo os sacrifícios diários a que se submetia para combater utilizando o melhor de suas capacidades, o repórter indaga, após assistir reprise de uma luta na qual Vitor nocauteou o adversário em míseros segundos: “que sorte essa hein!?”. O brasileiro virou-se para o repórter e, reescrevendo semelhante frase do expresidente americano Thomas Jefferson, respondeu: “quanto mais eu treino, mais sorte eu tenho”. Alguns termos citados por Vitor Belfort durante a entrevista chamam a nossa atenção porque estão relacionados a toda e qualquer atividade humana em que haja uma competição, inclusive com
a dimensão “concursística” (o mundo dos concurseiros): sacrifício, treino (preparo) e sorte. É comum, e isso vai acontecer quando você for aprovado em um grande concurso, que as pessoas mais distantes do cotidiano de preparo e sacrifício atribuam o sucesso de alguém à sorte, aconteceu com Vitor Belfort (no caso dos combates), com Thomas Jefferson, conosco e vai acontecer com você também. A verdade é que, nos dias de hoje, ser aprovado em um grande concurso público exige dos candidatos a manutenção de uma rotina de estudos tão árdua (preparo/treino) quanto a de qualquer outro atleta de ponta, inclusive
semelhante a dos atuais e famosos lutadores de MMA. Sem sacrifício diário, dedicação e persistência o candidato, realmente, só pode contar com a sorte para ser aprovado; e ela, por si só, não é mais suficiente. Não que a sorte não seja necessária; mas além dela, é imperioso que nos preparemos com afinco e que apuremos constantemente nossas técnicas, inclusive para acertar as questões para as quais não se têm certeza da resposta. Mas agora surgem as perguntas: “que tipo de preparo, além de estudar e estudar, eu preciso desenvolver para ampliar a minha capacidade de ser aprovado? O que diferencia aqueles que conseguiram alcançar seus
objetivos daqueles que ficaram pelo caminho, mesmo compartilhando as mesmas condições histórico-sócioeconômicas? E que técnicas são essas capazes de me orientar a acertar as questões para as quais não tinha certeza da resposta?”. Ainda utilizando o mundo das competições desportivas como suporte material para explicarmos o mundo dos concursos públicos, é possível percebermos que cada categoria de atleta realiza treinos específicos, apropriados ao ramo em que atua. Interessante notar que, para o caso dos atletas de ponta, a técnica, a alimentação, os tipos de treinos necessários para se alcançar o máximo
de rendimento para cada uma das modalidades desportivas são de conhecimento comum, bem documentados e testados.
Para cada esporte um protocolo distinto. É natural que um atleta que arremessa discos seja preparado de forma diferente dos atletas que realizam salto com varas, por exemplo
Para cada esporte existe um protocolo distinto. É natural que um atleta que arremessa discos seja preparado de forma diferente dos atletas que realizam salto com varas, por exemplo. Mas, dentro de uma mesma modalidade esportiva, é natural que cada um dos atletas de ponta possua carga de preparo semelhante. Ou seja: obedecem ao mesmo protocolo. Nesses casos, para superarem os adversários, soma-se ao adequado preparo a força mental para, durante a realização das competições, ler os sinais, os eventos externos que estão a acontecer naquele momento: a chuva que começa a cair mais forte do que se esperava, a direção e a força do vento, o
rigor do sol, a velocidade e a técnica do adversário. No caso dos concurseiros, o barulho provocado por um carro de som estacionado em frente ao local onde realizamos a prova, as palavras e as expressões repetidas pelo examinador em variados concursos e questões, etc. O dia da prova é um dia diferente! Essa frase retrata bem que, além do preparo adequado, há fatores que estão além do domínio dos competidores e que a diferença entre ter sucesso ou não reside na capacidade que cada um de nós deve desenvolver em ler/reconhecer/identificar as variáveis, interpretando-as de acordo com o
momentum espaço-tempo, e decidir acertadamente. Cada detalhe é importante nesse processo; eles fazem a diferença. No mundo dos concursos, é raro encontrar um candidato que tenha conseguido entender, profundamente, todos os tópicos constantes dos editais. Por mais que tenhamos o tempo necessário para o preparo, é natural e comum chegarmos naqueles momentos que antecedem a prova e não sentirmos segurança neste ou naquele assunto. Esta situação só vai se tornar um problema se aquele conteúdo que julgamos não dominar for tema de algumas questões. E aí? O que fazer nessa situação?
I.
Base metodológica do Método Quebrando a Banca (Método QB) Metodologia nada mais é do que um conjunto de técnicas que juntas formam uma estratégia para se alcançar um objetivo estabelecido. Nesse sentido, as técnicas expostas no Capítulo 4 - Acertando na incerteza, os nove passos para o sucesso reúnem a materialização da metodologia criada a partir da experiência compartilhada com amigos e das pesquisas realizadas junto a aprovados e examinadores. Mas antes de você as ler e internalizálas, testar a fidedignidade das técnicas nos simulados e na resolução de
questões de provas anteriores e, finalmente, aplicá-las aos momentos concretos de sua caminhada “concursística” (provas), faz-se necessário expormos as razões fáticas que nos impulsionaram a criar e aplicar a metodologia. São fatores que nos conduziram aos cargos que ora ocupamos. Figura 1 - Fluxo para aplicação do Método QB
Conforme exposto mais acima, você não
precisa se martirizar por não ter conseguido entender, em profundidade, todos os itens que constavam no edital. Isso é natural e ocorre com todos os candidatos. Por mais que a fase de preparo tenha sido plenamente e acertadamente executada, sempre haverá fatores extrínsecos que, por vezes apenas aparentemente, nos levarão a crer que deixamos alguma coisa passar.
(...) quanto mais se estuda, mais cresce o sentimento de incerteza sobre o que sabemos. Por vezes, até nos
questionamos se não estamos perdendo tudo aquilo que demoramos tanto para ganhar.
O pior é que, quanto mais se estuda, mais cresce o sentimento de incerteza sobre o que sabemos. Por vezes, chegamos até a nos questionar se não estamos perdendo tudo aquilo que demoramos tanto para ganhar. Costumamos explicar essa sensação de desaprender fazendo uso da metáfora do balão de ar (verdade seja dita, isso também aprendemos com um antigo e
sensacional professor concurseiro). A ideia é simples de explicar e compreender. Imaginemos um balão de ar, daqueles de festa mesmo; tudo que estiver dentro do balão de ar representa o conhecimento que dominamos. Em contrapartida, tudo que estiver fora do balão representa o desconhecido. Separando os dois mundos (o conhecido do desconhecido), temos a matéria física que integra o balão (a superfície elástica propriamente dita). Essa superfície representa o que denominamos de zona de incerteza. Perceba que, quanto mais você estuda, mais você enche o balão de ar e, por consequência, mais você sabe. No
entanto, quanto mais você enche esse balão de ar, mais ele cresce e junto com ele cresce também a zona de incerteza e o entendimento de que ainda há muito para aprender. O sucesso nas provas de concursos públicos reside em navegar nesta zona de incerteza de forma a acertar aquelas questões que meçam apenas interpretação do enunciado, ou mesmo aquelas que não nos lembramos efetivamente do porquê de acreditarmos que a questão está CERTA ou ERRADA, apenas sentimos isso. A síntese é que, quanto mais estudamos, mais entendemos que temos muito ainda a aprender e maior se torna a área de incerteza sobre a qual temos de tomar
decisões na hora da realização das provas. Perceba os termos utilizados no último período: “temos de tomar decisões”. Os mais experientes nesta dimensão “concursística” podem ter pensado, enquanto liam essas palavras: “ora, se não tenho certeza eu não marco a questão”, as famosas práticas de “deixar em branco”. Bem, com toda certeza, deixar em branco é uma opção. Ainda mais nas provas do tipo CERTO e ERRADO com fator de correção um para um, que representam anulação de um acerto para cada marcação contrária ao gabarito oficial. Ou seja: uma questão errada anula uma certa. Mas essa opção só vale
para esse tipo de prova e não pode ser aplicada às provas do tipo múltipla escolha, que costumeiramente não têm fator de correção. Além disso, a segunda parte da nossa base metodológica revelará que deixar questões em branco tem o mesmo valor de não fazer a prova, na maioria das vezes. II. Percentual para aprovação em provas do tipo Certo e Errado Antigamente, muitos professores e candidatos estabeleceram a errônea premissa de que nas provas do tipo CERTO e ERRADO com fator de correção o candidato só deveria marcar
o gabarito quando tivesse plena convicção das respostas. Ecos dessa mensagem ainda persistem em algumas salas e cursinhos do Brasil, contribuindo para propagar o medo e impedir que alguns dos amigos e companheiros de jornada alcancem o sonhado cargo público. A título meramente exemplificativo, apesar de já termos percebido esse mesmo padrão em vários outros concursos, apresentamos abaixo o Gráfico 1 – Evolução da média para classificação que evidencia a elevação nos percentuais alcançados para conquista de uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU), nos anos 2004 e 2014, considerando somente o
resultado das provas objetivas e os classificados para Brasília, localidade onde costuma se localizar as maiores médias: Gráfico 1 – Evolução da média para classificação no Concurso do TCU
Fonte: (em 30/12/2014)
O Gráfico 1 – Evolução da média para classificação evidencia, para o caso dos
concursos do TCU, que a menor média alcançada na prova objetiva em 2004 fora de 43% de pontos líquidos, enquanto que a menor média para classificação em 2014 (57,50%) foi pouca coisa inferior a maior média de 2004 (59,50%). Esses dados nos possibilitam concluir que, nos dias de hoje, só marcar o gabarito quando convicto da resposta conduzirá o candidato ao insucesso, pois os percentuais para classificação na maioria dos concursos superam os 55% líquidos. Em um exemplo hipotético, consideremos que determinada prova possua 100 questões do tipo CERTO ou ERRADO e com fator de correção (cada
erro elimina um acerto). Para esse exemplo, o candidato resolveu marcar as 100 questões, pois acreditava ter certeza das respostas, acertou 80 e errou 20, alcançando a pontuação líquida de 60%, que, como já vimos, representa o limite inferior de aprovação para o concurso do TCU. Gráfico 2 – Percentuais líquidos para classificação no TCU – Caso 1
Após alguns anos de caminhada na rota do concurseiro, momento em que tivemos a oportunidade de realizar vários concursos, simulados e resolver inúmeras questões, conseguimos chegar à conclusão de que é natural aos candidatos errar entre 5% e 15% das questões que julgam ter certeza da resposta. Esse mesmo percentual se repetiu nos resultados dos alunos dos cursos que ministramos e nos grupos de estudos dos quais participamos. Destacamos o Grupo Neurus, cujos integrantes, percursores de várias das técnicas aqui apresentadas, conseguiram aprovação nos melhores concursos do país: 4 foram aprovados no Tribunal de Contas da
União, 2 na Controladoria-Geral da União, 1 no Banco Central do Brasil, 2 no Tribunal de Contas do Distrito Federal, 2 no Supremo Tribunal Federal, 2 na Secretaria de Orçamento e Finanças do Ministério do Planejamento e Orçamento. Considerando a bagagem teórica e a prática vivenciada e compartilhada dentro de sala, nos grupos de estudos e durante a realização de vários concursos, é possível concluir que, nos dias de hoje, o candidato deve evitar o máximo deixar questões em branco. Retomando o Gráfico 2 – Percentuais líquidos para classificação – Caso 1, é possível constatar que se o candidato marcar menos de 70 questões, numa
prova que tenha 100 alternativas, a possibilidade dele passar reduz-se consideravelmente. Perceba: se a experiência evidencia que o natural é errarmos entre 5% e 15% das questões que julgamos ter certeza da resposta, considerando que esse candidato erre 10% (meio termo), ele alcançará a pontuação de 63 acertos e 7 erros, obtendo 56 pontos líquidos. Fato que, nos concursos de hoje, deixará o candidato de fora do número de vagas (o último do TCU alcançou 57,50%). Conforme sumariza o Gráfico 3 Percentuais líquidos para classificação no TCU – Caso 2 abaixo: Gráfico 3 – Percentuais líquidos para
classificação no TCU – Caso 2
Os dois fenômenos evidenciados até aqui, tanto o efeito balão de ar quanto a ampliação nos percentuais líquidos para aprovação/classificação, nos conduzem à conclusão de que precisamos alavancar nossa capacidade de marcar questões para as quais não temos certeza da resposta.
E como fazer isso??? Quais são as estratégias utilizadas pelos examinadores para minimizar a ocorrência de recursos e que podem te auxiliar a acertar uma questão??? A partir dos conceitos expostos acima, vamos detalhar no próximo capítulo algumas técnicas que poderão te ajudar no alcance do cargo público.
(...) o uso eficiente das técnicas poderá te render algumas questões preciosas que, assim como meio
segundo faz diferença entre o ouro e o quarto lugar nas olimpíadas, te conduzirão a sonhada aprovação/classificação.
Já citamos antes, mas, no entanto é bom reforçar, pois a repetição é a mãe do ensino: as técnicas apresentadas não substituem o adequado preparo, mas o uso eficiente delas poderá render a você algumas questões preciosas que te conduzirão a sonhada aprovação/classificação, assim como meio segundo faz diferença entre o ouro
e o quarto lugar nas olimpíadas.
2. COMO O AVALIADOR PENSA
“Conheces teu inimigo e conhece-te a ti mesmo;” Sun Tzu A CONSTRUÇÃO DOS NOVE PRINCÍPIOS, explicitados nesta obra e que facilitarão o seu caminhar rumo à aprovação, foi realizada a partir da prática e da análise sobre variados tipos
de provas, matérias e assuntos. A partir do entendimento de como o examinador pensa, é possível, durante a realização de qualquer questão, buscar indícios que o auxiliarão a ratificar a decisão que tomou, quando acreditar conhecer a resposta, ou mesmo quando houver alguma dúvida, ajudar você a acertá-la. Assim que começamos a dar aulas, percebemos que muitos concurseiros ainda adotavam o mau hábito de não realizar questões das provas anteriormente aplicadas. Nós mesmos já havíamos cometido esse erro no passado. Esse fato acontece porque desde os
primeiros dias de escola todos fomos treinados a pensar de forma sequencial. Primeiro o nosso “tio” ou “tia” precisou ensinar o que era um substantivo, um verbo, um pronome, um artigo etc. Depois disso, ele aplicava uma prova que nos exigia lembrar desses temas ministrados. É óbvio que algumas pessoas ainda adotam esse comportamento imaturo e reativo em várias situações de suas vidas. Essa visão sequencial dos fatos ainda limita vários concurseiros que, mesmo em salas de cursos preparatórios, não investem em conhecer as questões da banca examinadora do certame que desejam ou mesmo realizar simulados.
(...) nós que estamos realmente comprometidos com nosso sucesso precisamos ser proativos, precisamos nos antecipar à banca e ao examinador resolvendo ou lendo as questões aplicadas nos concursos anteriores, ao menos as dos três últimos anos.
Entretanto, nós que estamos realmente comprometidos com nosso sucesso precisamos ser proativos. Precisamos nos antecipar à banca e ao examinador, resolvendo ou lendo as questões aplicadas nos concursos anteriores, ao menos as dos três últimos anos. O Método QB, calcado na premissa de que precisamos aprender a navegar na incerteza e a estar atentos quanto a repetições de grupos semânticos (base dos princípios detalhados no Capítulo 4 - Acertando na incerteza, os nove passos para o sucesso), também tem por fundamento a análise do contexto em que se dá a realização do concurso, bem como das responsabilidades que bancas e examinadores têm de cumprir quando
organizam um concurso público ou formulam uma questão. As premissas abaixo expõem essa análise de contexto, atentando-se para as responsabilidades e precauções que os atores envolvidos no processo de realização do concurso devem observar e que inclusive podem ser reconhecidas como suporte fático da metodologia. I. Tem de haver ao menos u A primeira responsabilidade de uma banca contratada para realizar um determinado certame é aprovar alguém. Exceto em raros casos, notadamente nos concursos para a magistratura, o natural é que ao final do certame exista uma lista de futuros agentes públicos. Mas
perceba que mesmo nesses concursos (magistratura), as eliminações dos candidatos só costumam ocorrer nas fases pós prova objetiva, fato que também torna possível aos concurseiros desse ramo fazer uso do Método QB. Em simples palavras, é preocupação da banca e do examinador preparar uma prova que possibilite a constituição de uma lista de aprovados. Se todos os candidatos que fizerem a prova forem reprovados, a banca não conseguiria atender o objeto para o qual fora contratada. II. Ao menos um, mas não posso aprovar todo mundo
Parece óbvio, mas o entendimento dessa premissa nos leva a conclusão de que as questões terão de ser pensadas de forma que seja possível selecionar os candidatos mais bem preparados (não quer dizer que são os mais inteligentes) sem que existam muitos empatados com a mesma quantidade de pontos. Nesse sentido, é importante destacar que a seleção dos que ingressarão nos quadros da Administração Pública não pode ser calcada exclusivamente no fator sorte. Além disso, como já vimos no tópico anterior, é preciso garantir uma lista de candidatos aprovados com diferentes notas. Essas duas precauções nos conduzem às próximas duas premissas que deverão ser supridas por
banca e examinador. III. Preciso equilibrar as questões de acordo com o nível de dificuldade e minimizar o fator sorte Neste ponto, a experiência nos fez perceber que a construção das provas é feita de forma a garantir que existam questões: fáceis, médias, difíceis e com o objetivo de provocar diferenciação entre os candidatos mais experientes, os que conhecem profundamente vários dos temas dos editais – as novidades legislativas, jurisprudenciais e/ou doutrinárias. Alertamos que essas novidades não devem ser motivo de desconforto e
preocupação. Você precisa entender que o percentual dos tipos de questões vai variar de cargo para cargo e de acordo com o nível do concurso. Porém, o percentual dessas ditas novidades é rotineiramente pequeno. Gráfico 4 - Distribuição de tipos de questões por nível de prova
Temos certeza que você já observou que algumas questões se repetem com extrema frequência nas provas. Não é verdade?
Essas questões compõem o grupo das fáceis (mesmo que inicialmente classificadas como “difícil” ou “novidade”) e você, que quer a vaga, não poderá errá-las. Isso porque os candidatos que realmente se preparam dificilmente irão perdê-las. E a pergunta que surge é: “como não errá-las?”. A solução é simples: ler todas as provas dos últimos três anos da banca do certame pretendido, mesmo as de nível diferente do cargo pretendido. Já vimos questões aplicadas em concursos para o nível superior serem repetidas logo depois para os cargos de nível médio, e já vimos também questões objetivas de provas deste nível serem cobradas como discursivas em provas de nível superior.
Perceba que esta seção está diretamente relacionada às duas anteriores. Se um examinador se preocupar em colocar somente questões difíceis na prova, aquelas consideradas das mais pesadas, é possível que não haja sequer um candidato aprovado ou ainda que, já que as questões são todas difíceis, os concurseiros adotem a estratégia de simplesmente chutar as respostas, fato que nivelará todos os candidatos pelo fator sorte. Por outro lado, se as questões forem todas fáceis, é provável que muitos candidatos empatem nas melhores posições e que, mais uma vez, não se consiga selecionar o candidato mais preparado.
IV. Preciso minimizar a possibilidade de anulação ou modificação das questões A realização de um concurso público provoca o surgimento de variadas relações no plano fático. Além das relações que se estabelecem entre os diretamente envolvidos: órgão/entidade contratante e banca contratada, também temos as que surgem entre a banca e os examinadores e entre a banca e os candidatos que se inscreverão para o concurso. Cada um desses candidatos poderá fazer surgir vários outros eventos, desde compras de passagens aéreas e reservas
em hotel, até contratação de pessoas para cuidar dos filhos/parentes no dia da realização do concurso. Enfim, perceba que a possível anulação de um concurso tem repercussão na vida de muitas pessoas, fato que também contribui para a perda de credibilidade da banca organizadora ou mesmo a imposição de restrição à realização de novos concursos por esta. Outra situação que também contribui para a redução/perda da credibilidade de uma banca é o elevado índice de questões anuladas ou modificadas por meio de recursos. Nesses casos, a banca buscará verificar quem foi o examinador responsável pela formulação da questão e, dependendo do caso, poderá não mais
contratá-lo. As informações aqui expostas nada mais são do que pequenos exemplos de como o processo de anulação de uma questão, ou mesmo de uma prova inteira, pode causar prejuízos a todos os envolvidos. É importante que você tenha isso em mente porque algumas questões, caso tenha dúvida, poderão ser solucionadas p e l o Princípio da prevenção ao recurso, detalhado no Capítulo 4 Acertando na incerteza, os nove passos para o sucesso.
3. COMO O CANDIDATO DEVE PENSAR
“Na guerra, a audácia é o mais formoso cálculo do gênio.” Napoleão APÓS ESPECIFICAR ALGUNS DOS detalhes que envolvem a realização de um concurso público e detalhar atitudes
e comportamentos adotados pelas bancas (situações que inclusive servem de suporte fático para os princípios detalhados no Capítulo 4 - Acertando na incerteza, os nove passos para o sucesso desta obra), passamos, de forma simples e objetiva, a expor alguns dos comportamentos que você deve internalizar e repetir. As informações abaixo não são frutos de nossa exclusiva compreensão do universo “concursístico”; na verdade elas sintetizam lições aprendidas de vários companheiros e professores que percorreram conosco nossa pequena jornada. Temos certeza que a internalização desses conceitos poderá acelerar sua aprovação no concurso de
seus sonhos, assim como o fez conosco. I. Cada questão é um flash A primeira das premissas diz respeito a necessidade de você manter-se plenamente concentrado na leitura e na resolução da questão enquanto busca, em suas memórias, o conhecimento para resolvê-la. É comum que candidatos menos experientes fiquem dispersos durante essa atividade e por vezes, apesar de conhecerem o tema, acabam errando a questão por mera falta de atenção. Dizse que aquele candidato foi lido pela assertiva. Entenda melhor essa premissa lendo o tópico Duas Leituras: Rápida e Lenta
da seção Atenção aos detalhes logo abaixo. II. Toda questão é do tipo errada Nas aulas do mestre André Luís (Ministro-Substituto do Tribunal de Contas da União) aprendemos que a leitura atenta da questão deve ser voltada a encontrar o erro da questão. Esse comportamento de buscar o erro pode ser aplicado inclusive nas questões do tipo múltipla escolha. Mesmo nessas, é possível perceber que se faz necessário, para descobrir a alternativa correta, diferenciar os erros das demais. Encontrado o erro, você deve destacá-lo imediatamente, com fins de minimizar a
possiblidade de se confundir quando da marcação do gabarito. III. Se não há erro, a questão está certa
o percentual de questões que trazem consigo algum nível de malícia oculta é muito pequeno e que não vale apena pautar toda a resolução da sua prova com medo de cair numa casca de banana.
Apesar de aparentemente contraditórias, esta premissa complementa a anterior. Na seção “Pegadinhas – Lenda ou realidade?” deste capítulo, você vai perceber que o percentual de questões que trazem consigo algum nível de malícia oculta é muito pequeno e que não vale apena pautar toda a resolução da sua prova com medo de cair numa casca de banana. Você deve, ao iniciar uma questão, manter-se totalmente focado nela (cada questão é um flash) e pesquisar por um possível erro (se o encontrar, grife-o). Contudo, caso não tenha encontrado erro, é possível que a questão esteja sim certa. Alguns candidatos acabam sofrendo por
não terem encontrado erro e acabam por inventá-lo. Essa atitude fatalmente os levará a perder a questão. Cuidado: o equilíbrio é essencial para o bom uso dessas duas premissas. IV. Cuidado com as questões certas e grife os erros que encontrar É importante reprisar que toda questão é do tipo errada e que os erros identificados nas alternativas devem ser destacados. Essa simples atividade minimiza a ocorrência de erros quando da marcação dos gabaritos. A experiência demonstra, e isso será reprisado nos princípios adiante, que devemos ter mais cuidado com as
questões que acreditamos serem certas do que para com aquelas que identificamos ao menos um erro. Perceba que para a questão ficar errada, o examinador teve de incluir ao menos um erro. Identificado o erro inserido, mesmo que houvesse outros, ainda assim você não perderia a questão. Contudo, se você julgar que a questão esteja certa, é possível que realmente assim o seja ou que você não identificou o erro inserido pelo examinador. Portanto tenha muita atenção quando for marcar a questão como certa, mas mantenha o equilíbrio de não inventar erros para as alternativas, conforme evidenciado nas duas premissas anteriores.
V. Não brigue com a banca O ponto chave desta premissa é que você não precisa querer saber mais que a banca, ou melhor, você pode e deve saber, mas não deve tentar demonstrar isso durante a realização da prova. Doutrinar e expor seu ponto de vista sobre algumas das disciplinas e temas do concurso devem ser exercitados somente depois que terminar a prova/questão ou, melhor ainda, depois de ser nomeado. A massiva e constante realização de questões anteriores serve para que nos posicionemos de acordo com a linha e entendimento daquela banca, notadamente para os casos de repetições
ou semelhança de questões. VI. Pegadinhas – Lenda ou realidade? “O medo da desgraça é pior que a própria desgraça” Leib Lazarov É comum, dentre os concurseiros, os chavões: “atenção às pegadinhas”, “candidato bom é o que sabe resolver as pegadinhas” e muitas outras expressões similares que tratam das d i ta s cascas de banana, que seriam artimanhas propositalmente inseridas pelo examinador na formulação das questões.
Mas será que realmente existem essas armadilhas ocultas? Afinal de contas, o que são pegadinhas?
Mas será que realmente existem essas armadilhas ocultas? Afinal de contas, o que são pegadinhas? As pegadinhas seriam questões elaboradas de forma ardilosa pelo examinador com o objetivo de confundir o candidato (notadamente o que domina o assunto), levando-o a errar a questão por não perceber a malícia oculta.
O que devemos fazer para identificar as pegadinhas? Que tipo de treinos podemos realizar para evitá-las? Que atitudes devemos tomar quando identificamos uma questão que parece ser uma pegadinha? O que ler? quem procurar? Enfim…. o que fazer em relação às pegadinhas? A resposta é simples: Nada! O que alguns chamam de pegadinha, na verdade, pode ser identificada como uma das seguintes situações: 1) falta de conhecimento da disciplina, do assunto ou do tópico; 2) desatenção durante a leitur da questão;
3)
incorreta interpretação de texto; ou 4) desconhecimento dos princípios contidos neste livro. Desenvolver um raciocínio quase certo e inserir uma pequena armadilha exige muito trabalho e a realidade dos concursos evidencia que é muito raro o avaliador colocar questões com elevado nível de malícia. Em uma prova de 100 questões, o mais provável é que não existam pegadinhas ou que se encontre, no máximo, duas questões que poderiam ser assim chamadas. Valeria a pena fazer uma prova que contenha 100/120 questões preocupado
com a possibilidade de talvez existirem duas pegadinhas??? Se você adotar a estratégia de ler cada uma das questões com elevada preocupação de procurar a possível malícia por trás de cada palavra, o mais provável é que você cometa muitos mais erros do que se adotasse a estratégia limpa, direta e clara de apenas tentar resolver a questão. Por óbvio que a leitura de cada comando deverá ser realizada de forma cuidadosa, atentando-se para a presença de “não”, ”exceto”, ”sempre”, ”nunca”, notadamente quando antepostos a uma proposição verdadeira. Porém essa atitude tem de ser equilibrada.
O excesso de preocupação em não cair em pegadinhas (que conforme dissemos, duvidamos que exista), pode provocar mais erros do que se resolvêssemos a prova sem esse medo.
O excesso de preocupação em não cair em pegadinhas (que conforme dissemos, duvidamos que existam), pode provocar mais erros do que se resolvêssemos a prova sem esse medo.
Seja prudente, porém de forma simples. Como ensinou o maior Mestre da História: “Sede, pois, prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas” (Mateus 10:16b). Você lembra da analogia do balão de ar que citamos no Capítulo 1 – Os detalhes fazem a diferença? Lá explicamos que a sensação de incerteza cresce com o aumento do conhecimento. Logo, naturalmente, você tenderá a ser m a i s prudente na avaliação das questões. Não há necessidade de olhar a prova com elevada malícia, como se existisse uma casca de banana em cada questão. Veja a prova de forma simples,
aplicando tão somente o seu conhecimento das disciplinas e os princípios deste livro. Adote já o pensamento de que não há qualquer problema você errar as pegadinhas das questões por dois motivos: 1) o número de questões desta natureza é insignificante (quando existem!!); e 2) é bem provável que muitos candidatos, tão preparados quanto você, também irão errar a questão. Além disso, se você ler com atenção, aplicar seus conhecimentos e refletir sobre os princípios apresentados, é
provável que você acerte as questões e nem se dê conta que foram postas ali para derrubar alguns candidatos. Um exemplo prático é o que diz respeito ao uso dos termos DEVE x PODE, chavão repetido no mundo “concursístico”. Alguém disse no passado, e isso ainda vem ecoando em salas de cursinhos, que quando o avaliador utiliza a palavra “pode”, ele a utiliza no sentido de “faculdade de agir”. Dessa forma, quando uma questão apresentasse a palavra “pode”, caberia ao candidato verificar se a situação fática apresentada no comando da proposição exigiria um “dever de agir” em vez de mera “faculdade de agir”.
Caso positivo, a questão deveria ser assinalada como falsa pelo candidato, vez que o examinador deveria ter utilizado a palavra “deve”. E aí, lenda ou realidade? Como já mencionado, o avaliador não está preocupado em elaborar pegadinhas. Seja prudente na leitura das questões, mas não é preciso acreditar que o objetivo é derrubar os candidatos a todo custo. O objetivo é medir o conhecimento e não descobrir quem tem mais habilidade em identificar casca de banana. Não encontramos, nos últimos anos, nos concursos das bancas mais renomadas, histórico de número elevado de questões
desse tipo. Trata-se de lenda criada e repetida por alguns que talvez não identificaram o real erro de uma questão, ou mesmo porque a questão não continha qualquer erro, mas a banca insistiu em manter o gabarito (é sim, isso acontece!). VII. Atenção aos Detalhes “A simplicidade é o máximo da sofisticação.” Leonardo da Vinci a. Duas leituras: rápida e lenta Assim que for publicado o edital do certame para o qual se objetiva um cargo/emprego público, dentre outras atividades, você deve calcular o tempo
médio que terá para ler e resolver cada questão, considerando no cálculo deste tempo os intervalos para descanso (total de 10 minutos), o tempo para marcar o gabarito (5 a 10 minutos) e o tempo para confeccionar a redação (quando houver). Essa estratégia deve ser muito bem assimilada pelos candidatos de ponta, pois o tempo é fator determinante na aprovação do concurseiro e faz parte de um dos três fatores que te conduzirá à aprovação: o fator Gestão de Provas. Para maximizar seu rendimento, recomendamos que para cada questão você faça apenas duas leituras. Veja o porquê logo abaixo.
Se após a segunda leitura, você ainda não souber a resposta, deixe a questão para ser relida no final da prova. Não perca tempo! Se você não soube responder de imediato, ou porque não conhece o assunto ou porque não conseguiu lembrar, reler e reler só lhe trará desgaste mental e emocional. Passe para as questões seguintes e só ao final da prova retorne a essas que pulou. É até possível que, ao longo da prova, você se lembre do assunto ou que perceba ser possível aplicar algum dos princípios deste livro. Quanto às duas leituras: faça uma rápida e outra mais lenta. Na primeira leitura (rápida), avalie se a ideia principal da questão é coerente, se
faz algum sentido. Na segunda leitura (lentamente), avalie cada expressão e palavra, atentando se há alguma situação que passou despercebida na primeira leitura. Atenção especial ao início e ao final das questões (mais adiante, explicamos o motivo). Para você que estudou o assunto, a primeira resposta que vem à mente provavelmente é a correta. Não complique, seja simples! Lembre-se do balão (Capítulo 1 – Os detalhes fazem a diferença)! b. Início da frase A experiência e a análise das provas nos revelam que é muito comum o examinador inserir os erros logo no
início das questões, fato que conduz muitos candidatos a não percebê-los e, por consequência, a perda de preciosos pontos. Mas por que isso acontece? Comparando a leitura da questão com a execução de um truque de mágica, percebemos que o bom mágico faz uma série de ações prévias de entretenimento e depois anuncia o que efetivamente fará: fazer um objeto desaparecer de dentro de uma caixa, por exemplo. Neste momento, todos ficam atentos para tentar descobrir o truque. Entretanto, perceba que as ações necessárias ao truque já foram realizadas antes do anúncio, ou seja, não será possível identificar o como ele faz porque ele já o fez muito antes de nos atentarmos para
o evento em si. Quando o mágico diz que objeto desaparecerá, é porque o objeto não está mais ali na caixa. Ele faz o objeto desaparecer logo no início, enquanto a plateia não está muito atenta. Em seguida, faz uma série de ações para entreter o público e então anuncia o que fará. Mas, tudo já aconteceu bem antes… De forma similar, isso também ocorre nas questões de concurso, notadamente nas que possuem textos mais longos. Na ânsia por ler rapidamente o enunciado da questão ou a própria questão em si, o candidato não dá muita atenção às primeiras palavras, e é justamente aí que mora o perigo. De nada vai adiantar
procurar o erro no restante da questão, quando ele foi propositalmente inserido logo no início. Atenção ao início da frase que é onde o erro, em grande parte das vezes, “se esconde”. Exemplo 1 (CESPE - 2014 - TC-DF - Técnico de Administração Pública) A respeito das classificações das constituições e dos princípios fundamentais previstos na [Constituição Federal] CF, julgue os itens a seguir. A constituição material, escrita e rígida, como a CF [Constituição
Federal], consiste em um documento escrito formado por normas substancialmente constitucionais que só podem ser alteradas por meio de processo legislativo especial e mais dificultoso. (destaques inseridos) Gabarito E Repare que o erro está logo no início da questão. O candidato que ler rapidamente, de forma distraída, pode deixar passar a informação mais importante da questão. (Ver o tópico “Duas leituras: rápida e lenta”)
Exemplo 2 (CESPE - 2014 - Polícia Federal Agente Administrativo) A respeito de processos licitatórios, julgue os seguintes itens. A transferência, mediante ato administrativo, da execução de determinado serviço público a uma autarquia configura descentralização administrativa por outorga. Gabarito E Em uma leitura rápida e distraída, pode parecer que o foco da questão é a diferença entre outorga e delegação, quando o erro está no início e o
foco da questão é, na verdade, a diferença entre ato administrativo e lei formal. Assim, como o exemplo citado do mágico, o avaliador tenta “esconder” o erro, desviando o foco do candidato para outro ponto. Exemplo 3 (CESPE - 2014 - CADE - Analista Técnico - Administrativo) Com relação à gestão de pessoas na administração pública federal, nos termos dos Decretos n.º 5.497/2005 e n.º 5.707/2006.
Ao contrário de grupos formais de estudos, os estágios e os intercâmbios, os cursos presenciais e à distância, os seminários e os congressos são considerados eventos de capacitação. Gabarito E Mais uma vez, uma leitura rápida e distraída pode prejudicar o candidato. Parece que o foco do examinador está na seguinte oração: “os estágios e os intercâmbios, os cursos presenciais e à distância, os seminários e os congressos são considerados eventos de
capacitação”, quando, na verdade, o erro está logo no início, ao excluir os grupos formais de estudos dos eventos de capacitação. Agora, você já sabe da importância da atenção aos termos utilizados no início da frase e o “truque do mágico” apenas atingirá os seus concorrentes. c. Fim da frase De modo semelhante à inserção de erros no início de frases, identificamos que alguns examinadores preferem a estratégia de situar no final das frases as expressões que as tornariam erradas.
Assim como na situação anterior, é muito comum o candidato não perceber esse erro e perder a questão. Mas por que isso acontece?
O comum é que a ânsia para se livrar rapidamente da questão pode resultar na perda da vaga. Mantenha, portanto, a atenção durante toda a leitura da questão, notadamente nas expressões finais.
Em textos muito longos, em especial quando o examinador concatena sequencialmente uma série de ideias corretas, o candidato tende a relaxar a atenção na leitura e não dá muita atenção ao final da frase. O comum é que a ânsia para se livrar rapidamente da questão possa resultar na perda da vaga. Portanto, mantenha a atenção durante toda a leitura da questão, notadamente nas expressões finais. Exemplo 4 (CESPE - 2014 - TC-DF - Analista de Administração Pública - Sistemas de TI) A respeito dos Poderes Executivo e
Legislativo, julgue os itens a seguir. Dispor sobre a organização da administração federal é atribuição privativa do presidente da República, que somente poderá ser exercida pelo próprio ou, durante seus impedimentos, por quem o substituir na presidência, vedada a delegação. Gabarito E Repare que o erro da questão está no final. Tenha, portanto, atenção às expressões inseridas no terço final da questão.
Exemplo 5 (CESPE - 2014 - Polícia Federal Agente Administrativo) O orçamento público constitui norma legal a ser aplicada integralmente e contém a previsão de receitas e a estimativa de despesas a serem realizadas pelo governo em determinado exercício financeiro, sendo objeto de estudo tanto do direito financeiro quanto do direito tributário. Gabarito E Mais uma vez, a questão estava quaaaaase certa! O erro, novamente, está no
final da questão. Ela é um pouco mais extensa que as outras e pode levar o candidato a reduzir a atenção no final, devido ao cansaço ou à pressa de terminar a leitura e passar para a próxima questão. Desconfie, portanto, de questões muito longas e aumente sua atenção nas últimas expressões. Exemplo 6 (CESPE - 2014 - CADE - Analista Técnico - Administrativo) De acordo com a legislação vigente,
as modalidades de licitação são a concorrência, a tomada de preços, o concurso, o convite, o leilão e o pregão. Em uma licitação, é permitido combinar duas ou mais formas de licitação. Gabarito E Outro exemplo em que o erro está no final da questão. Exemplo 7 (CESPE - 2014 - TJ-SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária) Acerca dos direitos fundamentais e do conceito e da classificação das constituições, julgue os itens a
seguir. Os direitos fundamentais têm o condão de restringir a atuação estatal e impõem um dever de abstenção, mas não de prestação. Gabarito E Mais uma vez… d. Primeira proposição não tem relação com a segunda Se você leu o livro até aqui, já sabe da importância da atenção aos detalhes e, com certeza, esse tipo de questão será de fácil resolução. Em alguns casos, o avaliador elabora uma questão que possui duas
proposições e estabelece uma relação entre elas. Talvez, separadamente, até possam ser verdadeiras, porém, ao estabelecer uma relação entre elas, a questão toda pode se tornar falsa. Exemplo 8 (CESPE - 2014 - TJ-SE - Analista Judiciário - Direito) Julgue os itens a seguir, a respeito da teoria dos direitos fundamentais e dos princípios fundamentais na Constituição Federal de 1988 (CF). A dignidade da pessoa humana, princípio fundamental da República Federativa do Brasil, promove o direito à vida digna em sociedade,
em prol do bem comum, fazendo prevalecer o interesse coletivo em detrimento do direito individual. Gabarito E Duas proposições: a) a dignidade da pessoa humana, princípio fundamental da República Federativa do Brasil, promove o direito à vida digna em sociedade, b) em prol do bem comum, fazendo prevalecer o interesse coletivo em detrimento do direito individual. A
primeira
proposição
é
verdadeira e, a segunda, dependendo do contexto, pode ser verdadeira. Entretanto, não há relação entre elas. É justamente quando se busca estabelecer uma relação entre uma e outra que a questão se torna falsa. Exemplo 9 (CESPE - 2014 - TC-DF - Analista de Administração Pública Serviços) Com relação à origem, à evolução legislativa, aos princípios
constitucionais e à organização da seguridade social no Brasil, julgue o próximo item. A seguridade social rege-se pelo princípio constitucional da solidariedade, segundo o qual nenhum benefício poderá ser criado sem a correspondente fonte de custeio total. Gabarito E A questão apresenta proposições:
duas
a) a seguridade social rege-se pelo princípio constitucional da solidariedade, b) nenhum benefício poderá
ser criado correspondente custeio total.
sem fonte
a de
Mais uma vez, as duas proposições, separadamente, são verdadeiras, porém não há relação entre uma e outra. Ao estabelecer essa relação, a questão passou a ser falsa. e. Na dúvida, use o conhecimento Seja simples, não complique! Se estiver em dúvida, avalie qual a melhor conclusão que você pode chegar sobre o tema com base nos seus conhecimentos. Na dúvida, use o
conhecimento! (Parece paradoxal né?) Já vimos que há temas que não permitem o domínio total devido a sua extensão. Você tem que tomar decisões com base no conhecimento que você tem (navegar na incerteza). Se você parar para pensar, verá que a nossa vida diária também é assim. Não dominamos todas as situações que surgem, mas buscamos fazer o melhor com base na nossa experiência de vida até aquele dia. Faça o mesmo na prova! Avalie as questões sob a perspectiva do mundo que nos cerca. Uma pergunta que sempre nos salvou em momentos de dúvida foi: “essa proposição da questão é
natural? Se tal fato viesse a ocorrer, qual seria minha reação?”. Você vai perceber que o direito posto (constituição, lei, atos secundários, tratados) explicita um dever-ser coletivamente aceito. VIII.Evite alterar a resposta de itens já resolvidos O natural é que estejamos mais atentos durante o início da realização da prova, isso porque estamos descansados e o cérebro ainda não iniciou suas atividades de busca da informação. Perceba se no começo da prova, devidamente descansado e relaxado, você optou por marcar a questão X ou Y como verdadeira. Será que lá no final da
prova, depois de ter visto várias questões, você teria condições físicas para melhor avaliar aquela questão X ou Y???? É importante que você tenha em mente que é possível sim alterar a resposta da questão antes da marcação no gabarito final, mas caso decida fazê-lo, tenha total convicção da nova resposta e entenda que seu cérebro está muito mais cansado nesta revisão do que quando fez a questão. IX. Internalizar, testar, praticar e aplicar o Método QB Por fim, é essencial que você leia com atenção cada um dos princípios do
Método QB, bem como as premissas e técnicas aqui expostas, de tal forma que seu uso seja uma atividade constante no processo de análise das questões. Caso você, após a realização das duas leituras explicadas na seção “Atenção aos detalhes” acima, não se sinta seguro para resolver a questão, e mesmo depois do retorno a essa questão permaneça a dúvida, pode ser decisivo para seu sucesso o pleno conhecimento das técnicas aqui evidenciadas. Pois hoje, mais do que ontem, o sucesso mora nos detalhes.
4. ACERTANDO NA INCERTEZA, OS NOVE PASSOS PARA O SUCESSO
“Otimismo é esperar o melhor, confiança é saber lidar com o pior.” Roberto Simonsen CONTINUAMENTE
AS BANCAS
estão elevando a quantidade de disciplinas exigidas nos concursos públicos, bem como ampliado o escopo de assuntos cobrados para cada uma delas. Diante desse cenário, tem sido cada vez mais difícil para os candidatos conhecerem profundamente todos os assuntos de todas as disciplinas constantes dos atuais certames. É comum, notadamente pelo pouco tempo para preparo e por essa ampliação de disciplinas e assuntos, que você priorize algumas matérias em detrimento de outras, fato que conduzirá você, inexoravelmente, a não ter condições de responder todas as questões da prova com segurança. O que fazer nesses casos? EXAMINADORAS
Veremos neste capítulo que, mesmo sem dominar totalmente o tema, é possível responder algumas das questões utilizando o Método QB e obter preciosos pontos para conduzi-lo à aprovação/classificação. Conforme já detalhado na seção “Percentual para aprovação em provas do tipo Certo e Errado”, a nota de corte para classificação tem sido cada vez maior. Deixar um grande número de questões sem respostas pode eliminá-lo antecipadamente. Importante ressaltar que este capítulo consolida e materializa toda a base metodológica do Método QB que, repita-se, foi criado a partir do insucesso de concurseiros (inclusive os
diversos insucessos dos autores deste livro). A síntese aqui explicitada condensa nos três postulados os nove princípios do método. Para cada um dos postulados, três princípios. E para cada um dos princípios, apresentamos exemplos de questões que o auxiliarão a replicar o mesmo modelo de interpretação na resolução de provas futuras. Ou seja: criamos a estrutura, expomos a análise prática por meio de exemplos e concluímos cada um desses exemplos práticos com uma projeção de como você deverá interpretar questões semelhantes no futuro. Figura 2 - Estrutura de aplicação do Método QB
Ao final deste capítulo, você será capaz de: a) identificar indícios de que a questão é verdadeira ou falsa; b) conhecer princípios para responder questões, quando em dúvida; e, c) eliminar alternativas para o caso de questões do tipo múltipla escolha. I. Postulados Aplicáveis a Questões Verdadeiras A experiência e a análise de várias provas nos permitem concluir que é possível identificar nas questões de concursos alguns elementos que indicam que aquela questão é verdadeira ou que
tornam muito pouco provável que ela seja falsa. Os princípios detalhados neste capítulo, que denotam que uma questão é verdadeira, estão relacionados a uma ou mais das seguintes características: 1) não restringem muito; 2) quando fazem alguma restrição, informam que há a possibilidade de haver exceções; 3) são inclusivos, ou seja, afirmam algo, mas deixam claro que podem existir outras situações similares ou, até mesmo, exceções; 4) expressam algo de forma
tão genérica que a proposição seria verdadeira para qualquer tipo de assunto. 1º- Princípio da prevenção ao recurso N o Capítulo 2 - Como o avaliador pensa, você aprendeu que uma das preocupações da banca é reduzir a possibilidade de recursos. Um recurso bem embasado e procedente indica que o avaliador falhou ao elaborar a questão; portanto, ele busca proteger-se dessa possibilidade. Em qual tipo de questão você acredita que a preocupação do avaliador é maior? Nas questões pensadas para serem verdadeiras ou nas falsas? Vamos verificar:
A questão falsa contém pelo menos um erro intencionalmente inserido pelo examinador. Se o avaliador falhar em sua elaboração, dificilmente a tornará verdadeira. O mais provável é que a falha do avaliador torne a questão com mais um erro, o que a manteria como falsa do mesmo jeito. Em contrapartida, nas questões pensadas para serem verdadeiras, a falha do avaliador poderá torná-la falsa ou levar a uma dupla interpretação, o que levaria a alteração do gabarito ou anulação da questão. Nessa linha, é fácil perceber que se o avaliador demonstrou preocupação em “proteger” a questão é porque ela provavelmente é VERDADEIRA.
Vejamos alguns exemplos: Exemplo 10 (CESPE - 2014 - TC-DF - Analista de Administração Pública - Sistemas de TI) Com relação ao regime diferenciado de contratações e à disciplina legal sobre o pregão, julgue os itens subsequentes. Entre outras proibições, veda-se, no pregão, a exigência de garantia de proposta bem como a exigência da aquisição do edital pelos licitantes como condição para participação no certame. Gabarito C
Observe que a expressão “entre outras” demonstra a preocupação do avaliador em manter a questão verdadeira. O avaliador poderia ter entrado diretamente no assunto: “vedase, no pregão, a exigência….”. A questão continuaria verdadeira, porém ele se preocupou com um eventual recurso que alegasse que a questão está incompleta, o que poderia levar a anulação. Logo, uma questão desse tipo provavelmente será verdadeira. ATENÇÃO!! A questão incompleta não é
falsa. Ela continua verdadeira, porém vimos, neste exemplo, que o avaliador foi cauteloso e não queria deixar margem à dúvida. Exemplo 11 (CESPE - 2014 - TC-DF - Analista de Administração Pública - Sistemas de TI) Com relação ao regime diferenciado de contratações e à disciplina legal sobre o pregão, julgue os itens subsequentes. Afora a Copa do Mundo de 2014 e os
Jogos Olímpicos de 2016, o regime diferenciado de contratações aplicase a obras e a serviços voltados à construção, à ampliação e à reforma de estabelecimentos penais e de unidades de atendimento socioeducativo, entre outras. Gabarito C Mais uma vez, a expressão “entre outras” contribui para que a questão não fique incompleta. Preocupações e cautelas dessa natureza evidenciam que o examinador está tentando proteger a questão e essas características são indícios de que a questão é verdadeira.
Exemplo 12 (CESPE - 2014 - Polícia Federal Administrador) Em relação à gestão de processos e de projetos, julgue os itens que se seguem. Entre as técnicas para aprimoramento de processos destaca-se o Six Sigma, por meio do qual se mapeiam as exigências dos clientes a fim de transformá-las em requisitos de qualidade adotados pela organização. Gabarito C A expressão “entre as técnicas para aprimoramento de processos” faz aqui o papel da
expressão “entre outras”. Questão muito similar ao exemplo anterior e com igual análise. Exemplo 13 (CESPE - 2013 - STF - Técnico Judiciário - Área Administrativa) Julgue os itens a seguir, relativos a noções de administração geral e pública. A implementação da gestão do conhecimento em uma organização demanda que ocorram as seguintes etapas, não necessariamente consecutivas ou mesmo ordenadas:
geração do conhecimento; codificação do conhecimento e transferência do conhecimento. Gabarito C Por que o examinador teria a preocupação de destacar que “não necessariamente consecutivas ou mesmo ordenadas”? Provavelmente porque a questão é verdadeira. Um eventual recurso poderia alegar que determinado autor, por exemplo, considera que há casos em que a ordem pode ser outra ou que haveria etapas intermediárias entre elas e, portanto, não são consecutivas.
Se a questão fosse falsa, ele não teria que se preocupar com isso, pois a questão pensada para ser falsa já contém pelo menos um erro. Não haveria, portanto, a necessidade de preocupação quanto à existência de mais um erro. Outra vez mais, quando diante de questões semelhantes no futuro, já sabemos que há elevada probabilidade de elas serem verdadeiras. ATENÇÃO!! Citar itens fora de ordem não torna a questão falsa. Ela continua verdadeira, porém,
mais uma vez, observamos a cautela do avaliador que não quer deixar margem para eventual recurso. Exemplo 14 (CESPE - 2014 - TC-DF - Auditor de Controle Externo) No que se refere ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), julgue os itens seguintes. Para o empregado doméstico, considera-se salário de contribuição a remuneração registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social, observadas as disposições
normativas pertinentes. Gabarito C A expressão “observadas as disposições normativas pertinentes” também denota uma preocupação do avaliador em manter a oração que a antecede verdadeira. Afinal de contas, sempre devem ser “observadas as disposições normativas pertinentes”, certo? Geralmente, esse tipo de expressão tem o objetivo de evitar: a) que a questão esteja incompleta, b) que ocorra dupla
interpretação; ou c) resguardar de possível exceção.
uma
Essa questão também tem relação com o Princípio da interpretação de texto (retomaremos esse assunto logo mais adiante). Exemplo 15 (CESPE - 2014 - SUFRAMA Analista Técnico - Administrativo) Acerca do sistema e do processo de orçamento federal e das inovações introduzidas pela Constituição Federal de 1988, julgue os itens que
se seguem. Entre as responsabilidades da SOF está incluída a realização de estudos e pesquisas concernentes ao desenvolvimento e ao aperfeiçoamento do processo orçamentário federal. Gabarito C A expressão “entre as responsabilidades da SOF” faz, aqui, o papel da expressão “entre outras”. A questão poderia ser descrita somente como: “A responsabilidade da SOF é a realização de estudos e pesquisas concernentes ao
desenvolvimento e ao aperfeiçoamento do processo orçamentário federal”. Por que a preocupação em deixar claro que há outras responsabilidades da SOF? Provavelmente, porque questão é verdadeira.
a
A omissão da expressão “entre as responsabilidades da SOF” manteria a questão verdadeira, porém, um possível recurso poderia alegar que: a) a questão dá a entender que a responsabilidade citada é a principal da SOF; ou
b) a questão dá a entender que não há outras responsabilidades para o órgão. O avaliador, portanto, teve a intenção de proteger a questão de um possível recurso. Preferiu ser cauteloso. Logo, em situações futuras, diante de questões com essa peculiaridade, é bem provável que a questão seja verdadeira. Exemplo 16 (CESPE - 2014 - CADE - Analista Técnico - Administrativo)
Acerca da comunicação na gestão pública e da gestão de redes organizacionais. Entre os meios de comunicação utilizados no serviço público, incluem-se as portarias, as instruções normativas, os despachos, os pareceres e as circulares. Gabarito C Exemplo anterior.
muito
similar
ao
A cautela do avaliador indica que ele quis proteger a questão. E já sabemos que esse zelo todo é evidenciado em questões pensadas para serem
verdadeiras. Exemplo 17 (CESPE - 2014 - ANATEL - Analista Administrativo - Administração) Acerca do regime diferenciado de contratações públicas (RDC) e sua regulamentação, julgue o item. O RDC norteia-se, entre outros princípios, pelo princípio da economicidade, previsto constitucionalmente no tocante à fiscalização contábil, financeira e orçamentária da administração pública. Gabarito C
Novamente, o avaliador enfatizou que há outros princípios. Ele não quis correr o risco de um eventual recurso que alegasse que: a) a questão dá a entender que não há outros princípios que norteiam o RDC; b) a questão dá a entender que a economicidade é o princípio mais importante. Exemplo 18 (CESPE - 2014 - ICMBIO - Analista Administrativo)
Acerca do regime dos servidores públicos federais, julgue os itens de 23 a 25. O servidor em exercício nomeado para cargo de provimento efetivo está sujeito a estágio probatório pelo período de três anos, durante o qual serão avaliadas sua aptidão e sua capacidade para o desempenho do cargo, observando, entre outros fatores, a assiduidade e a responsabilidade a fim de adquirir estabilidade. Gabarito C Alguma dúvida? A cautela do avaliador indica que a questão é verdadeira.
ATENÇÃO!! Apesar de não ser a regra, há algo bem frequente nessas questões. Repare que, normalmente, a expressão que indica cautela do avaliador começa com a palavra “entre”, veja: “entre outros fatores”, “entre outras causas”, “entre outras características” e outras similares. Exemplo 19 (CESPE - 2013 - ANCINE - Analista Administrativo - Área 1)
Julgue os itens a seguir, acerca de processos e da gestão de projetos. Os impactos que a adoção da gestão de processos ocasiona em uma organização incluem a quebra dos silos e feudos da gestão corporativa tradicional. Gabarito C. A palavra “incluem” é uma forma implícita de dizer “entre outros impactos”. Guarde com carinho essas dicas: uso da palavra “entre” e “incluem” evidenciam uma busca por proteger a questão de possíveis recursos.
Portanto, a presença das expressões mencionadas, bem como de outras que também demonstrem esse tipo de cautela do avaliador em “proteger” a questão, como explicamos, torna muito provável que ela seja verdadeira. 2º- Princípio do “politicamente correto” OU Princípio do “fica difícil negar” Algumas vezes, mesmo sem saber profundamente uma determinada lei ou posição doutrinária, é possível identificarmos indícios de que a questão seja verdadeira. Quando o avaliador, por exemplo, expõe uma assertiva dita politicamente correta, é muito provável que esta questão seja
verdadeira porque, dificilmente, a legislação ou a doutrina diria o oposto.
Esse princípio está fundamentado na tese de que o direito posto (legislações em geral) é criado sobre uma base lógica e um senso comum que orienta a vida em sociedade.
Esse princípio está fundamentado na tese de que o direito posto (legislações em geral) é criado sobre uma base lógica e um senso comum que orienta a vida em sociedade. Exemplo 20 (CESPE – 2014 – SUFRAMA – Analista Técnico – Administrativo) Julgue os itens subsequentes, relativos à gestão pública. Relações éticas, conformidade com suas dimensões, transparência e prestação responsáveis de contas são princípios associados à governança pública. Gabarito C
Mesmo que você não saiba quais são os princípios associados à governança pública ou o que os principais autores do tema dizem a respeito, não é difícil responder a uma questão como essa. Pense sobre apresentados:
os
princípios
- relações éticas; - conformidade dimensões;
com
suas
- transparência; - prestação de contas. Alguma dúvida de que esses
princípios seriam importantes para a administração pública? Dificilmente, o avaliador encontraria um princípio importante para a administração pública que não tivesse associado com a governança pública (nem que fosse de forma indireta). Logo, questões com essa característica provavelmente são verdadeiras. Exemplo 21 (CESPE - 2014 - SUFRAMA Analista Técnico - Administrativo)
Julgue os itens subsequentes, relativos à gestão pública. Uma forma de promover a transparência na administração pública consiste no investimento e na profissionalização dos serviços públicos. Gabarito C Mesmo sem ter lido algo sobre o que seria importante para promover a transparência, também não é difícil responder a essa questão. Reflita sobre: - investimento; -
profissionalização
dos
serviços públicos. Alguma dúvida de que ambos são importantes para administração pública? Seriam, portanto, importantes para fortalecer os princípios da administração pública, incluindo também o princípio da transparência. Ficaria muito difícil o avaliador elaborar uma questão deste tipo que fosse falsa. O que poderia ser importante para a administração pública e, ao mesmo tempo, prejudicial para os princípios que ela defende?
Logo, o mais provável é que questões deste tipo sejam verdadeiras. Exemplo 22 (CESPE - 2014 - SUFRAMA Analista Técnico - Administrativo) Julgue os itens subsecutivos, relativos às políticas públicas. Ao planejar uma política pública, devem estar claros seu objeto e seus mecanismos de planejamento e de avaliação. Gabarito C Um candidato com conhecimento superficial sobre
Políticas Públicas teria condição de responder essa questão? Com certeza. Diríamos até que aquele candidato que não conhece nada sobre o tema, caso refletisse um pouco sobre o assunto, seria capaz de marcar essa questão como verdadeira. Mais uma vez, destaco aqui a sequência lógica utilizada para chegar à conclusão de que a questão é verdadeira, analisando-se os termos chaves da assertiva: - claro o objeto (da política
pública); - mecanismos de planejamento; - mecanismos de avaliação. Em que situação alguma das ideias mencionadas não seriam importantes para a administração pública? Se for importante para administração pública, provavelmente será importante para as políticas públicas. Pelo Princípio do “politicamente correto” ou Princípio do “fica difícil negar”, concluímos que é pouco provável que o avaliador conseguisse elaborar uma questão desse tipo como
falsa. Exemplo 23 Julgue os itens a seguir, relativos à gestão da qualidade. (CESPE - 2014 - Polícia Federal Administrador) A Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), por meio do modelo de excelência da gestão (MEG), ressalta a importância do pensamento sistêmico e do aprendizado organizacional como caminhos para a obtenção de resultados qualitativos nas organizações.
Gabarito C Com base em tudo que vimos até agora, mesmo que você não saiba o que a Fundação Nacional da Qualidade diz sobre resultados nas organizações, te pergunto: você teria condição de responder a essa questão? Estou certo que sim. Você seria capaz não só de respondê-la como acertá-la. Vejamos: a) pensamento sistêmico (visão do todo, como um sistema completo); b) aprendizado
organizacional. Alguma dúvida de que essas ideias são importantes para uma organização e de que são importantes para melhoria dos resultados? De que forma um avaliador poderia elaborar uma questão deste tipo que fosse falsa? Quando “fica difícil negar a questão” ela, na maioria das vezes, será verdadeira. Exemplo 24 (CESPE - 2014 - Polícia Federal Administrador)
Em relação ao orçamento público no Brasil, julgue os próximos itens. A contextualização do programa temático no âmbito do plano plurianual deve incluir a interpretação completa e objetiva da temática tratada, as oportunidades e os desafios associados, os contornos regionais que a política pública deverá assumir e as transformações que se deseja realizar. Gabarito C A questão relaciona “contextualização do programa temático” com os seguintes pontos: a) interpretação completa e
objetiva; b) oportunidades; c) desafios; d) contornos regionais; e) transformações realizar.
a
Esses pontos seriam importantes em um programa de governo? Com certeza. Não é necessário um estudo profundo para identificar que esses pontos elencados na questão são importantes para que o Estado formule, adequadamente, os programas de governo.
Seria difícil para o avaliador identificar pontos importantes para um programa que não fossem de fato já previstos pelo legislador ou por algum doutrinador. Dessa forma, provavelmente, a questão é verdadeira. ATENÇÃO!! Outra forma de resolver essa questão é com aplicação do Princípio da prevenção ao recurso. A palavra “incluir”, que se encontra em destaque na questão, é uma forma implícita de dizer “entre outros pontos”.
O avaliador, portanto, cita pontos importantes, porém deixa claro que há, ainda, outros. Por que essa cautela? Provavelmente, porque questão seja verdadeira.
a
ATENÇÃO!! O ditado já o diz: “toda regra tem exceção”. Dessa forma, é preciso termos bastante cuidado quando o avaliador utilizar os termos “consta expressamente na Lei ou na CF (Constituição Federal)”.
Nesses casos, mesmo que a questão apresente algo politicamente correto, talvez isso não esteja expresso na legislação. Aliás, o fato do avaliador utilizar o termo “expressamente” já serve de alerta e amplia a possibilidade da questão ser falsa. Nesse caso, é preciso ter sensibilidade para identificar se a ênfase da questão está na mensagem politicamente correta ou na palavra “expressamente”. 3º- Princípio de que “toda regra tem
exceção” Quando há a presença de expressões como “em certos casos”, “em alguns casos”, “em algumas situações” ou similares, há uma grande probabilidade da questão ser verdadeira. As mencionadas expressões remetem a uma possível exceção de uma regra. Como toda regra tem exceção, é bem provável que questão seja verdadeira. Exemplo 25 (CESPE/Unb – Especialista em Regulação de Serviços Públicos de Telecomunicações – Área Engenharia Ambiental – 2009) Em algumas situações, o
incremento do transporte aquaviário resulta em externalidades positivas sobre a biodiversidade terrestre. Gabarito C O que você acha que é mais fácil afirmar? a) Em nenhuma situação, “o incremento do transporte… biodiversidade terrestre” OU b) Em algumas situações, “o incremento do transporte… biodiversidade terrestre”. A primeira opção é muito restritiva, portanto é mais provável que seja falsa.
A segunda opção remete justamente a possíveis exceções. Como toda regra tem exceção, provavelmente é verdadeira. Esse exemplo se assemelha um pouco com o Princípio do “politicamente correto” ou Princípio do “fica difícil negar” porque seria muito difícil afirmar com toda convicção que, em nenhuma situação, “o incremento do transporte aquaviário resulta em externalidades positivas sobre a biodiversidade terrestre”. Seria o mesmo que afirmar que não há nenhuma
exceção. Questões que relatam exceções provavelmente são verdadeiras. Exemplo 26 (CESPE - 2014 - TJ-SE - Analista Judiciário - Direito) A respeito da organização políticoadministrativa da República Federativa do Brasil, julgue os próximos itens. O princípio da simetria relativiza a autonomia dos estados, do Distrito Federal e dos municípios ao fixar, ainda que de maneira não absoluta,
a obrigação, para esses entes, de reprodução do modelo de organização e de relação entre poderes estabelecidos pela CF em âmbito federal. Gabarito C O ordenamento jurídico estabelece regras que, na maioria das vezes, possuem exceções. Quando você se depara com a expressão “ainda que de maneira não absoluta” ou outra equivalente, saiba que o avaliador está preocupado em manter a questão verdadeira, resguardando-se de qualquer
exceção que possa existir. Sempre que a questão apresentar essa característica, você já sabe que provavelmente a questão é verdadeira. O verbo “poder”, quando utilizado no sentido de “é possível”, remete a uma possível exceção. Como toda regra tem exceção, é bem provável que as questões que se contenham esse termo sejam verdadeiras. Exemplo 27 (CESPE - 2014 - ANATEL - Analista Administrativo - Engenharia Civil) No que diz respeito à elaboração de
orçamentos de obras e serviços de engenharia, julgue o item que se segue. No sistema de referência oficial gerido pelo DNIT — o SICRO — e no SINAPI, os coeficientes de consumo e de produtividade para uma mesma composição de serviços poderão ser distintos. Gabarito C Observe que, mesmo sem conhecer o tema, não é muito difícil responder a questão. Será que, em nenhum caso, os referidos coeficientes serão distintos? Será que não há
nenhuma exceção? O mais provável é que haja pelo menos uma exceção, pelo menos uma situação que esses coeficientes sejam distintos. Lembre-se sempre: se a questão aponta que é possível existir exceção, é provável que ela seja verdadeira. Exemplo 28 (CESPE - 2013 - TRT - 17ª Região (ES) - Analista Judiciário - Área Administrativa) Julgue os itens de 73 a 77, acerca de noções de administração pública e
geral. Um tribunal que almeje uma nova estrutura organizacional de aplicação simplificada, sentido claro nas tarefas e cargos, e decisões aceleradas poderá optar por uma estrutura linear. Gabarito C O verbo poderá traz a ideia de possibilidade, abrindo espaço para possíveis exceções. A questão foi fragilizada pelas possíveis exceções que a palavra poderá trouxe. Dificilmente, uma questão com essas características seria falsa.
Exemplo 29 (CESPE - 2013 - ANCINE - Analista Administrativo - Área 1) Em relação aos processos de planejamento estratégico, tático e operacional, julgue o item abaixo. No processo de planejamento, as etapas entrada, processamento e elaboração de planos podem envolver, respectivamente, a busca de informações, a criação de alternativas e a determinação dos objetivos. Gabarito C Mais uma vez, o verbo “poder”
em uma questão que deixa aberta a possibilidade de haver exceções. Como toda exceção…
regra
tem
Isso mesmo que você pensou! Questões deste tipo tendem a ser verdadeiras porque a probabilidade é alta de existir pelo menos uma exceção. Exemplo 30 (CESPE - 2014 - Polícia Federal Administrador) No que tange à Lei de Responsabilidade Fiscal, julgue os
itens seguintes. O montante de receita corrente líquida calculado em determinado período pode não incluir todas as receitas correntes previstas para o exercício financeiro que estiver em curso. Gabarito C Mais um exemplo parecido. Pode acontecer a situação mencionada? É possível? Existe essa possibilidade? Sim, sim e sim. Você já aprendeu que o verbo “poder” no sentido de “é possível” indica alta
probabilidade de a questão ser verdadeira. Exemplo 31 (CESPE - 2013 - Polícia Federal Escrivão da Polícia Federal) No que tange à segurança de estabelecimentos financeiros, julgue o item abaixo, com base na Lei n.º 7.102/1983. Em estabelecimentos financeiros estaduais, a polícia militar poderá exercer o serviço de vigilância ostensiva, desde que autorizada pelo governador estadual. Gabarito C
Você acha que a polícia militar poderá ou não poderá? Claro que poderá!!! Agora que você já conhece o princípio, fica fácil de responder. A probabilidade é muita alta desse tipo de questão ser verdadeira. Exemplo 32 (CESPE - 2008 - ABIN - Agente de Inteligência) Com base na legislação acerca da situação jurídica do estrangeiro no Brasil, julgue os itens que
seguem. Ao estrangeiro que tenha entrado no Brasil na condição de turista, temporário ou asilado, e aos titulares de visto de cortesia, oficial ou diplomático, poderá ser concedida a prorrogação do prazo de estada no Brasil. Gabarito C Mais um exemplo semelhante. Exemplo 33 (CESPE - 2014 - ANTAQ - Analista Administrativo - Qualquer Área de Formação) Determinado órgão da
administração indireta celebrou contrato administrativo cujo objeto era o fornecimento de serviços terceirizados de mão de obra para limpeza e conservação do seu edifício-sede. Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir, a respeito da fiscalização da execução do objeto contratual. O contratado deve manter um preposto no local dos serviços para representá-lo na execução do contrato, contudo a administração pode aceitar ou rejeitar a pessoa indicada. Gabarito C
Nesse exemplo, podemos dividir a questão em duas proposições: a) “O contratado deve manter um preposto no local dos serviços para representá-lo na execução do contrato”; b) “contudo a administração pode aceitar ou rejeitar a pessoa indicada”. Quanto à 1ª proposição, utilizando apenas o Método QB, fica difícil determinar se a questão toda é falsa ou verdadeira. Entretanto, quanto à 2ª proposição, podemos afirmar
que, provavelmente, é verdadeira porque deve existir alguma situação que justifica a rejeição ou aceitação da pessoa indicada pela administração. Se houvesse algum erro na questão, estaria, provavelmente, na 1ª proposição. Portanto, se você tivesse dúvida quanto à 2ª proposição, o Método QB o auxiliaria a respondê-la como verdadeira. Em contrapartida, se a sua dúvida fosse com relação à questão como um todo, o
Método QB te auxiliaria pouco. Você poderia aplicar o método, porém, ainda, ficaria receoso quanto à validade da 1ª proposição. Exemplo 34 (CESPE - 2014 - ANTAQ - Analista Administrativo - Qualquer Área de Formação) Considere que a administração pública federal necessite adquirir, junto ao mercado, papel A4 para impressão, para uso de determinado ente público. Nessa situação, se houver outros entes federais interessados na aquisição desse tipo
de papel e for conveniente para a administração, poderá ser realizado o registro de preços. Gabarito C Outro exemplo com uso da palavra poderá. Exemplo 35 (CESPE - 2014 - ANTAQ - Analista Administrativo - Qualquer Área de Formação) Com base na Lei n.º 8.666/1993, julgue o seguinte item, no que concerne à contratação de serviços de natureza continuada pela administração pública.
Nos casos de prestação de serviços a serem executados de forma contínua, a duração dos contratos poderá ser prorrogada ordinariamente por períodos iguais e sucessivos, até o prazo máximo de 60 meses. Gabarito C Mais uma vez o uso da expressão “poderá”, alguma dúvida? É claro que pode!!! Exemplo 36 (CESPE - 2014 - ICMBIO - Técnico Administrativo) Com relação às licitações públicas,
julgue os itens subsecutivos. Convite e tomada de preços são modalidades de licitação que podem ser adotadas pela administração pública para a contratação de obras. Gabarito C De novo!! Também pode!! ATENÇÃO!! Afirmar que algo pode acontecer é tão genérico que provavelmente é verdadeiro. Avalie a seguinte proposição: “Se você pular de um prédio, você não irá se machucar.”
Com certeza, você dirá que essa situação é um absurdo e, por consequência, a questão seria julgada como falsa. Agora, avalie proposição:
esta
outra
“Se você pular de um prédio, pode acontecer de você não se machucar.” É pouco provável, mas pode acontecer de você não se machucar por algum motivo qualquer, né verdade?? E isso poderia ocorrer por diversas situações, tais como: a) se você estiver no primeiro andar, diminui a possibilidade
de você se machucar; b) se algo amortecer a sua queda, também diminui a possibilidade de você se machucar; c) se ocorrer algum tipo de milagre. Enfim, apesar de pouco provável, há a possibilidade. Tudo é possível, mas nem tudo é provável. Logo, dificilmente, serão falsas as questões que façam usos desse tipo de generalização. ATENÇÃO!! Você notou que com muita
frequência apareceu, neste tipo de questões, a palavra provavelmente?? Isso ocorre porque os princípios indicam elevada probabilidade de que ocorra o gabarito previsto. Entretanto, em alguns casos, é possível que isso não aconteça.
Os princípios não indicam uma certeza absoluta, mas sim elevada probabilidade de acerto das questões
quando bem aplicados. A intenção do ensinamento desses princípios é aumentar a sua probabilidade de acerto e dar a você um diferencial em relação a seus concorrentes.
Os princípios não indicam uma certeza absoluta, mas sim elevada probabilidade de acerto das questões quando bem aplicados. A intenção do
ensinamento desses princípios é aumentar a sua probabilidade de acerto e dar a você um diferencial em relação a seus concorrentes. II.
Postulados Aplicáveis a Questões Falsas Assim como nas questões do tipo verdadeiras, é possível identificarmos alguns elementos que indicam que uma questão foi pensada para ser falsa ou que, pelo menos, tornam muito pouco provável que ela seja verdadeira. Os princípios que denotam que uma questão foi pensada para ser falsa estão relacionados às seguintes características:
1) não deixam margem para uma possível exceção; 2) generalizam de forma excessiva; 3) restringem de forma excessiva. 4º- Princípio da generalização excessiva O Princípio da generalização excessiva é muito similar ao Princípio de que “toda regra tem exceção” visto acima. Quando o avaliador generaliza muito, é pouco provável que não haja, ao menos, uma exceção que invalide a questão. Alguns exemplos dessas expressões que denotam generalização excessiva são: “todos”, “não existindo margem”, “sem exceção”, “basta” e outras expressões similares.
As palavras acima, quando utilizadas com objetivo de generalizar excessivamente, indicam alta probabilidade de a questão ser falsa. Você poderia se perguntar neste momento: “Por que a probabilidade é alta da questão ser falsa?”. Digamos que o avaliador elaborasse uma questão verdadeira com uma expressão de generalização excessiva. N o Capítulo 2 - Como o avaliador pensa, você aprendeu que uma das preocupações da banca é reduzir a possibilidade de recursos. Um recurso bem embasado e procedente indica que o avaliador falhou ao elaborar a questão, portanto ele busca proteger-se
dessa possibilidade. Se o avaliador elaborar uma questão com generalização excessiva com a intenção de apresentá-la como verdadeira, há alta probabilidade de alguém encontrar uma exceção. Dessa forma, a banca receberia recursos que poderiam provocar a alteração do gabarito ou mesmo a anulação da questão. Vejamos alguns exemplos práticos: Exemplo 37 (CESPE - 2014 - CADE - Analista Técnico - Administrativo) A respeito de licitação pública. Todos os casos de dispensa de
licitação devem ser formalizados pelos órgãos que a processam. Gabarito E Será que são em todos os casos mesmo? Será que não há exceção? Mesmo que você não conheça a fundo o assunto, é razoável acreditar que exista pelo menos uma exceção. E realmente existe. L o g o ,a questão considerada falsa.
foi
ATENÇÃO!! Repare que o avaliador fez questão de frisar que são todos
os casos licitação.
de
dispensa
de
Por que ele fez isso? A intenção do avaliador foi realmente destacar uma possível exceção. Veja como ficaria omitindo a palavra todos: “Os casos de dispensa de licitação devem ser formalizados pelos órgãos que a processam”. A omissão da palavra “todos” poderia levar a dupla interpretação: a) proposição verdadeira porque, em regra, todos os
casos de dispensa de licitação devem ser formalizados; OU b) proposição falsa porque há uma exceção. Temos aqui também o Princípio da prevenção ao recurso aplicado para uma questão falsa. Exemplo 38 (CESPE - 2014 - ICMBIO - Técnico Administrativo) Em gestão da qualidade e excelência gerencial, merece destaque o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização, o
GESPUBLICA. A respeito desse programa, julgue os itens seguintes. Todos os órgãos e entidades da administração pública brasileira são obrigados a participar do GESPUBLICA. Gabarito E Como no exemplo anterior, basta saber que é muito provável que haja ao menos uma exceção. Além disso, a palavra “todos” é utilizada para evitar a dupla interpretação já explicada acima. Portanto, tenha atenção quanto a questões dessa natureza no
futuro, pois é alta a probabilidade de terem sido pensadas para serem julgadas como falsas. Exemplo 39 (CESPE - 2013 - FUB Administrador) No que se refere à gestão de projetos, julgue os itens subsecutivos. O gerente de projeto inserido em uma estrutura matricial possui total controle sobre a equipe e os recursos do projeto. Gabarito E
Total controle? Alguém possui total controle sobre alguma coisa nesse mundo? Será que não há nada que não esteja sob o controle do gerente de projeto? Temos aqui mais um caso de generalização excessiva. ATENÇÃO!! Reprisando o que já fora dito em outras partes desta obra, as técnicas aqui apresentadas não dispensam o correto e adequado preparo. Além disso, a técnica aqui apresentada não pode ser generalizada pelo candidato. Não
podemos cair na nossa própria armadilha. Veja a questão abaixo e perceba a distinção entre generalização excessiva e a mera exposição de uma regra pelo examinador. Exemplo 40 (CESPE - 2014 - SUFRAMA - Nível Superior - Conhecimentos Básicos) No que concerne aos direitos e garantias fundamentais, julgue o item que se segue. Nesse sentido, considere que a sigla CF, sempre que empregada, refere-se à Constituição Federal de 1988.
Os direitos previstos na CF alcançam tanto as pessoas naturais, brasileiras ou estrangeiras, no território nacional, como as pessoas jurídicas. Gabarito C A questão é verdadeira e não se trata de uma situação de generalização excessiva. Ela foi colocada aqui para ilustrar a diferença de uma regra e de uma generalização excessiva. Vejamos a diferença entre as duas questões: a) “Os direitos previstos na CF
alcançam tanto as pessoas naturais, brasileiras ou estrangeiras, no território nacional, como as pessoas jurídicas.”; b ) “[Todos] os direitos previstos na CF alcançam tanto as pessoas naturais, brasileiras ou estrangeiras, no território nacional, como as pessoas jurídicas.” (destaque inserido). A 1ª questão é verdadeira porque, em regra, os direitos previstos na CF alcançam tanto as pessoas naturais quanto às pessoas jurídicas. Essa questão é recorrente, marque aí nas suas anotações!
A generalização inserida na 2ª questão com a palavra Todos torna a questão falsa por haver diversas situações que alcançam somente as pessoas (naturais ou jurídicas) que possuam vínculo com a República Federativa do Brasil; ou seja, há direitos que são específicos a essas pessoas, fato que torna a 2ª questão falsa. Vejamos a situação do exemplo abaixo: você irá perceber que ela é completamente diferente da 1ª questão deste exemplo.
Exemplo 41 (CESPE - 2013 - STF - Técnico Judiciário - Área Administrativa) A respeito de gestão de projetos, escritório de projetos, gestão de riscos e processo de mudança, julgue os itens que se seguem. O escritório de projetos possui um padrão comum a ser implementado nas organizações, independentemente do tipo da organização. Gabarito E Será que não há nenhuma exceção? Será mesmo que não existe nenhum tipo de organização em que possamos
implementar o escritório de projetos de uma outra forma? Provavelmente há sim! Perceba que poderiam ter sido utilizadas as expressões “qualquer que seja o tipo de organização” e “sem exceção quanto ao tipo da organização”. Tais expressões também c a r a c te r i za m generalização excessiva, fato que amplia a possibilidade das questões serem falsas. 5º- Princípio da restrição excessiva A restrição excessiva é outra situação que também gera grande probabilidade de uma questão ser falsa, pois é natural
haver ao menos uma exceção para algo que o avaliador tentou tornar tão específico. Alguns exemplos de expressões que denotam restrição excessiva: “todos”, “necessariamente”, “exclusivo”, “unicamente”, “não existindo margem”, “expressamente”, “sem exceção”, “basta”, “restringe-se” e outras similares. Perceba que algumas das expressões acima coincidem com as do Princípio da generalização excessiva. Contudo, para o caso do Princípio da restrição excessiva, o objetivo do avaliador é contrário, e restringir em demasia indica alta probabilidade da questão ser falsa.
Você poderia se perguntar neste momento: “Por que a probabilidade é alta da questão ser falsa?”. De forma similar ao Princípio da generalização excessiva, digamos que o avaliador elaborasse uma questão verdadeira com uma expressão de restrição excessiva. No Capítulo 2 Como o avaliador pensa, você aprendeu que uma das preocupações da banca é reduzir a possibilidade de recursos. Um recurso bem embasado e procedente indica que o avaliador falhou ao elaborar a questão, portanto ele busca proteger-se dessa possibilidade. Se o avaliador elaborar uma questão com restrição excessiva com a intenção
de apresentá-la como verdadeira, há alta probabilidade de alguém encontrar uma exceção. Dessa forma, a banca receberia recursos que poderiam provocar a alteração do gabarito ou a anulação da questão. Vejamos alguns exemplos: Exemplo 42 (CESPE - 2014 - ICMBIO - Analista Administrativo) Acerca do orçamento público e do papel do Estado nas finanças públicas, julgue os itens a seguir. O gerenciamento do processo orçamentário é papel exclusivo da Secretaria de Orçamento Federal.
Gabarito E Por que o avaliador fez opção por utilizar a palavra exclusivo? Porque ele queria justamente destacar que há exceções. O gerenciamento do orçamento público envolve a atuação coletiva de vários órgãos dos três poderes. Não seria natural somente a SOF, órgão do executivo, ser a responsável “exclusivo” pelo processo orçamentário da União. Conhecer a estrutura do Estado (poderes, órgãos e pessoas administrativas) e entender a
necessidade de que haja um fluxo de atividades que exige atuação coletiva deles poderá render-lhe pontos preciosos. Exemplo 43 (CESPE - 2014 - ANTAQ - Analista Administrativo - Qualquer Área de Formação) Com relação às técnicas e procedimentos para elaboração e execução do orçamento público, julgue o item subsequente. O órgão público que precisa realizar despesa não prevista na LOA deverá utilizar,
necessariamente, o crédito especial. Gabarito E Neste caso, poderia ser utilizado crédito extraordinário, dependendo da natureza da despesa. Entretanto, mesmo que o candidato não soubesse nada sobre assunto, caber-lhe-ia refletir sobre os seguintes pontos? a) Por que o avaliador fez opção por utilizar a palavra necessariamente?; b) Será que não haveria nenhuma outra forma além do crédito especial?
O nosso amigo examinador fez uso do termo “necessariamente” porque quis destacar que há outra forma. A partir de agora, sempre que encontrar questões desse tipo, mesmo que conheça o assunto e esteja optando por marcar no gabarito como verdadeira, avalie qual seria o objetivo por trás dessas palavras que restringem de forma excessiva a questão. Exemplo 44 (CESPE/Unb
–
Especialista
em
Regulação de Serv. Pub – ANATEL – 2004) No setor de telecomunicações, a regulação justifica-se, unicamente, pela existência de monopólio natural, em razão de as inovações tecnológicas que caracterizam esse setor ampliarem a importância das economias de escala de escopo na determinação de tamanhos mínimos eficientes das empresas que atuam nesse setor. Gabarito E Perceba que o avaliador afirma que “a regulação justifica-se, unicamente,…”. Será que essa é realmente a
única justificativa para a regulação no setor de telecomunicações? Seria impossível encontrar qualquer outra justificativa? Ou pelo menos uma exceção? A assimetria de informações entre os atores envolvidos nesse tipo de atividade também não seria uma justificativa plausível para a regulação no setor? Perceba que se o avaliador elaborar uma questão deste tipo com a intenção de que seja verdadeira, ele correria um grande risco de receber recursos que poderiam gerar a alteração do gabarito ou, até
mesmo, a anulação da questão. Logo, diante de questões semelhantes a esta, quando estiver com dúvida e a opção por deixar a questão em branco possa inviabilizar o alcance de seu sonho, lembre-se que é muito alta a probabilidade da questão ser falsa. Exemplo 45 (CESPE - 2014 - TC-DF - Analista de Administração Pública - Sistemas de TI) No que se refere ao controle da administração pública, julgue os
itens que se seguem. O controle judicial dos atos da administração ocorre depois que eles são produzidos e ingressam no mundo jurídico, não existindo margem, no ordenamento jurídico brasileiro, para que tal controle se dê a priori. Gabarito E E aí, o que você acha? Poderia ser verdadeira uma questão desse tipo? Com base nos argumentos dos exemplos anteriores, nós já verificamos que questões desse tipo têm alta probabilidade de serem falsas.
Exemplo 46 (CESPE - 2014 - ANTAQ Conhecimentos Básicos - Cargos 5 e 6) No que diz respeito às disposições constitucionais acerca dos servidores públicos e da organização do Estado brasileiro, julgue os itens subsequentes. Dada a condição de laicidade do Estado brasileiro, é expressamente vedada a subvenção da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios a cultos religiosos ou igrejas, assim como parceria de qualquer natureza. Gabarito E
Qual a intenção do avaliador ao utilizar a palavra expressamente? A omissão da palavra poderia levar a dupla interpretação: a) proposição verdadeira porque, em regra, é vedada subvenção; OU b) proposição falsa porque há uma exceção. Com certeza você já percebeu que nesta questão também poderia ser aplicado o Princípio da prevenção ao recurso. Além do
uso
da
palavra
“expressamente”, o examinador inseriu a expressão “assim como parceria de qualquer natureza”, tornando a questão ainda mais restritiva. Isso quer dizer que não haveria qualquer exceção e, como já aprendemos, toda regra tem exceção. Temos aqui o exemplo de uma questão com duas expressões muito restritivas. Se uma expressão restritiva já eleva muito a probabilidade da questão ser falsa, com duas temos uma probabilidade ainda maior.
Portanto, no futuro, quando deparar-se com questões dessa natureza lembre-se que elas têm possibilidade altíssima de serem falsas. ATENÇÃO!! A palavra “expressamente” pode ser utilizada de duas formas: a) dar ênfase à expressão posterior (por exemplo, “expressamente vedada”); b) está expresso, está escrito em algum lugar (por exemplo, na Lei ou na Constituição
Federal consta expressamente). Exemplo 47 (CESPE - 2014 - TJ-SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária) No que diz respeito à administração pública e aos servidores públicos, julgue os itens subsequentes. Basta a observância da legalidade estrita para que a conduta do agente público seja considerada moralmente adequada do ponto de vista da administração pública. Gabarito E A palavra basta também tem carga semântica de restrição
excessiva. Ao encontrá-la nas questões, você deverá automaticamente acender o alerta: “Será que realmente não é necessário mais nada?” Além disso, a mesma questão traz a expressão “legalidade estrita”, fato que restringe ainda mais a assertiva e que dificultaria, sobremaneira, que marcássemos a questão como verdadeira. Por tudo que vimos até aqui, muita atenção se optar por marcar como verdadeiras as questões desse tipo, pois há grande probabilidade de elas
serem falsas. Exemplo 48 (CESPE - 2014 - ANTAQ Conhecimentos Básicos - Cargos 5 e 6) Com relação à administração pública e seus princípios fundamentais, julgue os próximos itens. O princípio da publicidade está relacionado à exigência de ampla divulgação dos atos administrativos e de transparência da administração pública, condições asseguradas, sem exceção, ao cidadão.
Gabarito E Sem exceção!!?? Alguma dúvida quanto à análise que deve empreender quando encontrar esses termos nas questões?? Exemplo 49 (CESPE - 2014 - SUFRAMA Analista Técnico - Administrativo) Julgue os itens subsequentes, relativos à gestão pública. O SIASG é o sistema de gestão de compras e serviços gerais exclusivo para a administração direta no Brasil.
Gabarito E Por tudo que vimos até aqui, questões desse tipo provavelmente serão falsas. Os exemplos expostos neste capítulo evidenciaram que quando você estiver diante de palavras ou expressões que restringem de forma excessiva a questão, tais como: “exclusivo”, “sem exceção", “basta”, “expressamente”, “necessariamente”, “unicamente”, você deverá estar bem seguro quando optar por marcar a questão como verdadeira, pois são grandes as chances desse tipo de questão ter sido pensada para ser falsa. 6º- Princípio do uso da palavra
“principal” e expressões equivalentes A palavra “principal” eleva muito a probabilidade de uma questão ser falsa, pois surgem alguns questionamentos. O primeiro deles é quanto à pessoa que teria definido que aquela situação é a principal dentre tantas outras. Será que não existe nenhum outro autor que diria que a principal seria outra ou que haveria mais de uma entre as principais? De acordo com o Princípio da prevenção ao recurso, seria muito difícil elaborar uma questão verdadeira com o uso da expressão “principal” porque, se algum candidato encontrasse um autor que apontasse outra causa principal ou causas principais, ele
poderia entrar com recurso. Haveria, portanto, a possibilidade de alteração do gabarito ou mesmo anulação da questão e, como vimos, isso não é o que avaliador deseja. Além disso, podemos dizer também que, o uso da palavra “principal”, é um caso específico do Princípio da restrição excessiva porque, não dá margem para que outras situações, causas ou consequências tenham a mesma importância que a apresentada. Exemplo 50 (CESPE - 2013 - STF - Técnico Judiciário - Área Administrativa) Julgue os itens a seguir, relativos a
noções de administração geral e pública. Para ser competitiva como uma organização privada, uma organização pública deverá ter como foco principal os interesses particulares individualizados de cada cidadão. Gabarito E Mesmo que o candidato iniciante não soubesse nada sobre esse assunto, não seria difícil para ele responder a questão por dois motivos: a ) “os interesses particulares individualizados de cada cidadão” não poderia ser um
dos fatores para organização pública competitiva; OU
uma ser
b) a situação apresentada poderia não ser o foco principal, e sim secundário. Você há de concordar conosco que essas situações acima poderiam levar os candidatos a entrarem com recurso contra a questão, caso ela fosse assinalada no gabarito final como verdadeira. Portanto, diante de questões semelhantes a esta e tendo o Princípio da prevenção ao recurso como subsidiário,
opte, quando na dúvida, por marcar a questão como falsa. Exemplo 51 (CESPE - 2013 - STF - Analista Judiciário - Área Administrativa A respeito dos processos de gestão nas organizações, julgue os itens seguintes. Na elaboração de um planejamento, o objetivo principal deve ser garantir que os objetivos iniciais sejam preservados, apesar das adversidades do ambiente. Gabarito E Quem foi o doutrinador, o
jurista ou a lei que determinou esse objetivo como principal? Não existiria ninguém que considerasse outro objetivo como principal ou, pelo menos, de igual importância? Perceba, mais uma vez, que questões com esse tipo de construção semântica têm forte tendência a serem falsas. Exemplo 52 (CESPE - 2013 - ANCINE - Analista Administrativo - Área 1) A maturidade do líder é a principal característica do modelo de
liderança de Hersey & Blanchard, que demonstra as situações enfrentadas pelos subordinados. Esse modelo deve ser analisado em um conjunto de tarefas, a partir das quais é possível enquadrar os líderes em categorias universais, considerando suas competências e motivações. Gabarito E Seria essa mesma a principal característica? Não haveria outra de maior importância ou, pelo menos, de igual importância? Apesar de a questão restringir ao modelo de liderança de
Hersey e Blanchard, ainda assim, valeria a pena apostar que é falsa porque dificilmente algum autor, doutrinador ou pesquisador destaca taxativamente uma característica como principal. Logo, atenção a questões dessa natureza. Como vimos nos exemplos aplicados acima, o uso da expressão “principal” nas questões de concurso evidencia um caso específico do Princípio da restrição excessiva porque não dá margem para que outras situações, causas ou consequências tenham a mesma importância que a apresentada na
proposição. Você pode até optar por marcar como verdadeiras questões que contenham tal expressão. Contudo, certifique-se que a palavra “principal” não esteja sendo usada como forma de restrição. Vejamos alguns exemplos de questões que apesar de conterem a palavra “principal” na sua estrutura, não a utilizam com fins de provocar qualquer restrição à proposição: Exemplo 53 (ESAF/AFRFB/2003) O estudo do regime jurídico-administrativo tem em Celso Antônio Bandeira de Mello o seu principal autor e formulador.
Para o citado jurista, o regime jurídico-administrativo é construído, fundamentalmente, sobre dois princípios básicos, dos quais os demais decorrem. Para ele, estes princípios são indisponibilidade do interesse público pela Administração e supremacia do interesse público sobre o particular. Gabarito C Nesse caso, o objetivo do examinador foi de meramente enaltecer o trabalho do doutrinador e professor Celso Antônio Bandeira de Mello, sendo que a proposição que deveria ser julgada como verdadeira ou falsa pelo
candidato estava nos períodos posteriores. Muita atenção a questões dessa natureza. Exemplo 54 (CESPE/Câmara dos Deputados/2014) Com referência à organização administrativa da União, julgue os itens seguintes. É classificada como integrante dos serviços sociais autônomos uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada por autorização legislativa, cuja finalidade principal seja a de
executar serviços de utilidade pública para o benefício de grupos específicos, com custeio por contribuições compulsórias. Gabarito C Já nesta questão, a ênfase do examinador foi a de exigir do candidato, se ele sabia a razão de existir dos serviços sociais autônomos. Temos certeza que você já percebeu que ele enumerou algumas das características dessas pessoas jurídicas, sem estabelecer uma razão única para sua existência ou mesmo que existe somente uma característica principal.
Exemplo 55 (FUNDEP/TJ-MG [Juiz de Direito]/2014) Quanto à formação de vontade, os atos administrativos podem ser simples, complexos e compostos. Assinale a alternativa que revela CORRETAMENTE o ato administrativo composto: É o que resulta da manifestação de dois ou mais órgãos, em que a vontade de um é instrumental em relação ao outro que edita o ato principal. Gabarito C Reprisamos que este livro busca ajudar você, que já está bem preparado, a obter acerto
naquelas poucas questões que farão a diferença entre ser classificado ou ter de esperar um pouco mais. Neste sentido, você já percebeu que o valor semântico do termo “principal” nesta questão está completamente diferente do que consubstancia o suporte lógico do princípio que estamos a tratar. Contudo, optamos por trazer aqui mais um caso para o qual não se aplica o Princípio do uso da palavra “Principal” e expressões equivalentes só para que fique bem claro que
se faz necessária plena e correta avaliação de cada uma das questões da prova. Atos compostos são aqueles caracterizados por duas manifestações de vontades, completamente independentes, tendo um ato como acessório (secundário) e outro dito “principal”. Conceito que nem nada se correlaciona com o que estamos a tratar neste princípio. III. Postulados Aplicáveis a Questões Verdadeiras e Falsas Agora que já temos o conhecimento
necessário para identificar os elementos que indicam que uma questão foi pensada para ser falsa (ou que, pelo menos, tornam muito pouco provável que ela seja verdadeira), e também os elementos que indicam que a questão foi pensada para ser verdadeira (ou que, pelo menos, tornam muito pouco provável que ela seja falsa), passemos a conhecer os princípios que podem ser aplicados tanto às questões pensadas para serem verdadeiras quanto para aquelas pensadas para serem falsas. 7º- Princípio da mensagem ao candidato a servidor público Algumas vezes, a banca e o examinador buscam, por meio da questão, transmitir uma mensagem ao candidato. Esses tipos
de perguntas se assemelham a uma orientação de como deve ser a postura de um servidor público (DEVER-SER) ou de como funciona a administração pública e que valores são importantes e devem ser obrigatoriamente observados pelo futuro candidato. Vejamos alguns exemplos e como agir diante de questões desta natureza: Exemplo 56 (CESPE - 2014 - TC-DF - Analista de Administração Pública Microinformática e Infraestrutura de TI) Suponha que um servidor público fiscal de obras do DF, no intuito de
prejudicar o governo, tenha determinado o embargo de uma obra de canalização de águas pluviais, sem que houvesse nenhuma irregularidade. Em razão da paralisação, houve atraso na conclusão da obra, o que causou muitos prejuízos à população. Com base nessa situação hipotética, julgue os itens O ato de embargo da obra atenta contra os princípios da legalidade, da impessoalidade e da moralidade. Gabarito C Nesta questão, o avaliador envia uma espécie de recado ao futuro servidor.
Mesmo que você não saiba o que a legislação ou a doutrina diz a respeito deste tema, é possível facilmente identificar que a conduta elencada na proposição é claramente inadequada. Seria possível afirmar que essa conduta inadequada estaria de acordo com alguns dos princípios que a administração defende? Ou com qualquer princípio virtuoso? Seria bastante difícil encontrar uma situação desse tipo que tornasse a questão verdadeira. Logo, verificamos que a questão condena condutas
inadequadas do servidor público. Em sua grande maioria, questões nessa linha serão verdadeiras. Exemplo 57 (utilizando o mesmo enunciado do exemplo anterior): A autoridade competente do órgão de fiscalização tem a prerrogativa discricionária de instaurar processo administrativo para apurar a infração cometida pelo servidor Gabarito E Com o mesmo enunciado do exemplo anterior, estamos
agora diante de uma conduta inadequada do servidor e a questão possibilita a não apuração do desvio pela autoridade superior. Mesmo sem conhecimento profundo sobre o tema, tenho certeza que você não teria dificuldades em concluir que a infração deve ser apurada. A expressão “discricionária” remete a ideia de que a autoridade poderia decidir por não apurar a infração. Qual seria a melhor mensagem para enviar ao futuro servidor? a) a autoridade tem o dever de
apurar a infração; OU b) a autoridade pode decidir se apura ou não a infração (discricionária). Com certeza, a melhor mensagem para o futuro servidor é de que a autoridade tem o dever de apurar infrações administrativas, pois isso o desencorajaria a cometer qualquer ato dessa natureza. Vimos que o exemplo traz uma permissividade, uma possibilidade de ação leniente por parte da administração para com o futuro servidor público. Neste sentido,
questões dessa natureza tenderão a ser falsas. Exemplo 58 (CESPE - 2014 - ANATEL Conhecimentos Básicos - Cargos 13, 14 e 15) A respeito do direito constitucional, julgue o item que se segue considerando que a sigla CF referese à Constituição Federal de 1988. Considere que, após uma operação da Polícia Federal, determinado servidor público tenha sido preso, processado em juízo e condenado definitivamente por improbidade
administrativa. Nessa situação, um dos possíveis efeitos da pena será a suspensão dos direitos políticos do referido servidor. Gabarito C O avaliador apresenta aqui mais uma conduta inadequada por parte de um servidor (improbidade administrativa) e suas consequências (obviamente negativas). A probabilidade deste tipo de questão ser verdadeira é muito alta. Simplesmente porque ela explicita uma mensagem com o claro objetivo de desencorajar esse tipo de conduta nos
candidatos que vierem a ser aprovados. Exemplo 59 (CESPE - 2014 - MEC Conhecimentos Básicos - Todos os Cargos) Com base na CF e na jurisprudência do STF, julgue os itens subsecutivos acerca do exercício do direito de greve no serviço público. É lícito o desconto dos dias não trabalhados pelo servidor público que se ausenta do serviço para participar de movimento grevista de sua categoria.
Gabarito C Parece com uma mensagem ao futuro servidor? Seria interessante deixar claro para o futuro servidor que, caso ele entre em greve, poderá ter seus dias de ausência descontados da remuneração? Aposto que você respondeu sim para ambas as proposições. Reconhecer que o examinador está fazendo uso do Princípio da mensagem ao candidato a servidor público representa praticamente 80% de chances de você acertar a questão. Os outros
20% estão em entender a carga semântica que ele está a dar a mensagem. Se a mensagem está a dizer: “isso não pode e se você errar eu vou poder te sancionar”, é bem provável que a questão seja verdadeira. Contudo, se a mensagem está a dizer: “isso não pode e se você errar eu não vou fazer nada”, é alta a probabilidade da questão ser falsa. Muita atenção para não perder a corrida nos 20 metros finais. Vejamos mais alguns exemplos: Exemplo 60 (FCC - 2014 – TRT 19ª – Técnico
Administrativo, adaptada) Sobre os servidores públicos, conforme determina a Constituição federal, considere: O servidor público estável poderá perder o cargo mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa. Gabarito C Parece ou não como uma mensagem ao futuro servidor? Pois é, aqui o examinador quis deixar claro que, mesmo estável, o servidor poderá perder o cargo público.
Exemplo 61 (UFJF - 2014 – COPESE – Técnico em Farmácia, adaptada) Um determinado Servidor Público, em razão de um mesmo fato ocorrido, responde paralelamente a um processo Administrativo Disciplinar e a um Processo Criminal. Quanto a essa dada situação, julgue os itens a seguir, marcando a opção que corresponda ao seu julgamento, como verdadeiro ou falso. Caso o Servidor Público seja absolvido por insuficiência de prova (decorrente do princípio penal de que na dúvida, deve-se absolver o
r é u ) , permanece, ainda assim, a punição ao servidor no âmbito administrativo, com base no mesmo fato e nas mesmas provas colhidas. Gabarito C Essa questão foi até mais violenta né!? Foi como se dissessem que nem a absolvição penal livra a cara do mau servidor. Até existem duas situações que afastam a sanção da esfera administrativa: quando o fato alegado não existiu ou quando o autor do delito não foi o servidor punido administrativamente. Mas a
mensagem aqui foi em outra linha e questões assim tendem a ser verdadeiras. 8º- Princípio da interpretação de texto Se não for possível aplicar nenhum dos princípios apresentados até aqui, ainda sim é possível ganhar valiosos pontos fazendo uso do que denominamos Princípio da interpretação de texto. A base conceitual deste princípio é a de que nem sempre precisamos entender tudo sobre determinado assunto para responder a uma questão. Por vezes, a própria questão, se a observarmos com cuidado, expressa alguns pontos que tornam possível identificarmos se ela é
verdadeira ou falsa. Basta-nos, portanto, fazer a interpretação de texto adequada do item. Esse princípio, na verdade, está presente também em todos os outros princípios até aqui apresentados. Afinal de contas, é a correta interpretação de texto que te permitirá identificar qual princípio pode ser aplicado à alternativa. Exemplo 62 (CESPE - 2013 - STF - Analista Judiciário - Área Administrativa) A respeito dos processos de gestão nas organizações, julgue os itens seguintes.
As estratégias genéricas de estabilidade são recomendadas não só para organizações que se encontram em ambientes com ameaças críticas e têm competências distintivas, mas também para organizações que operam em ambientes com oportunidades abundantes e limitações críticas. Gabarito C Se as estratégias são “genéricas”, significa que poderão ser aplicadas em toda situação ou, pelo menos, em quase todas. Logo, questões desse tipo tendem a ser consideradas
verdadeiras. Exemplo 63 (CESPE - 2014 - CADE - Analista Técnico - Administrativo) A respeito de licitação pública. A licitação na modalidade concurso dispensa as formalidades específicas da concorrência. Gabarito C Se a formalidade é “específica” da concorrência, há grande chance de não se aplicar a outra modalidade. Perceba que se existe as modalidades “Convite”,
“Tomada de Preço”, “Concurso”, etc é porque cada uma delas possui suas próprias formalidades. Se fosse tudo igual, não precisariam ter nomes diferentes. Logo, questões desse tipo tendem a ser consideradas verdadeiras. Exemplo 64 (CESPE - 2014 - CADE - Analista Técnico - Administrativo) A respeito de licitação pública. Na administração pública, as contratações com terceiros serão
necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas na Lei n.º 8.666/1993. Gabarito C Vamos analisar a questão: Perceba que ela afirma que as contratações devem ser precedidas de licitação. Aqui a banca fez uso da palavra “necessariamente”, fato que restringe bastante a proposição, o que poderia levar aqueles candidatos menos preparados a pensar que a questão é falsa pela aplicação d o Princípio da restrição excessiva.
Entretanto, logo em seguida, a banca põe a ressalva sobre as possíveis exceções previstas em Lei. Resta-nos então a afirmação de uma regra que só será válida se considerarmos as exceções previstas em Lei. Em que situação uma questão desse tipo seria falsa? Seria muito difícil para o examinador torná-la falsa, não é mesmo? Logo, a questão é verdadeira. ATENÇÃO!! É alta a probabilidade de ser verdadeira a questão que
possui expressões “de acordo com a lei”, “de acordo com a Constituição”, “conforme legislação vigente” ou outras similares. Na verdade, essa premissa também tem relação com o Princípio da prevenção ao recurso. Exemplo 65 (CESPE - 2014 - TC-DF - Auditor de Controle Externo) No que se refere ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), julgue os itens seguintes. Para o empregado doméstico,
considera-se salário de contribuição a remuneração registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social, observadas as disposições normativas pertinentes. Gabarito C Como explicado no exemplo anterior, fica difícil elaborar uma questão falsa de uma situação em que são “observadas as disposições normativas pertinentes”. Afinal de contas, sempre devem ser “observadas as disposições normativas pertinentes”, certo? Esse é um dos princípios administrativos
básicos que deve ser observado por todos os órgãos e pessoas administrativas que integram a administração pública, o princípio da legalidade. Importante destacar que esse tipo de questão também tem forte relação com o Princípio da prevenção ao recurso. Exemplo 66 (CESPE - 2013 - ANCINE - Analista Administrativo - Área 1) Julgue os itens seguintes, a respeito das estratégias de marketing para
obtenção de vantagem competitiva. As estratégias genéricas pela liderança de custo e pela diferenciação, propostas por Michael Porter para criar uma posição sustentável a longo prazo, não podem ser usadas em conjunto, dado seu caráter mutuamente exclusivo. Gabarito E Será que em nenhum caso pode ocorrer tão situação? Será que não há qualquer exceção? A questão faz referência ao uso de estratégias genéricas.
Se as estratégias são genéricas, quando elas não se aplicam a todas as situações, serão aplicáveis, pelo menos, a um elevado número dessas. Dessa forma, seria muito difícil afirmar que não poderiam ser utilizadas em conjunto. Essa questão também tem forte relação com o Princípio de que “toda regra tem exceção” e com a regra de utilização do verbo poder. É importante que você mantenha a atenção quanto ao contexto da questão. No exemplo mais acima, que também continha a expressão “estratégias
genéricas”, o examinador queria saber se tais estratégias podiam ser aplicadas de uma forma mais ampla (o que lá era possível e a questão foi julgada verdadeira). Já neste exemplo, o examinador afirmou que tais “estratégias genéricas” não poderiam ser utilizadas, fato que tornou a questão falsa. 9º- Princípio do equilíbrio OU Princípio do “é tudo ou nada” “Meias medidas perdem todas as guerras.” Napoleão “Quem foge por medo, terá de combater novamente” Demóstenes
Se você não conseguiu responder a questão com base nos seus conhecimentos (nem com a utilização dos princípios até aqui explicados) e deixar a questão em branco pode prejudicá-lo a atingir o mínimo na nota de corte (ver Gráfico 1 – Evolução da média para classificação), você ainda pode fazer uso do Princípio do equilíbrio e angariar mais alguns pontos.
Se você fosse organizar uma prova para selecionar a pessoa mais capacitada a trabalhar contigo, supondo
que a prova fosse do tipo múltipla escolha com cinco opções, você colocaria todas as respostas corretas na letra "e"?
Se você fosse organizar uma prova para selecionar a pessoa mais capacitada a trabalhar contigo, supondo que a prova fosse do tipo múltipla escolha com cinco opções, você colocaria todas as respostas corretas na letra “e”? Acho que não!! E tenho certeza que você também não colocaria todas as questões
com gabarito Certo, caso confeccionasse uma prova do tipo Certo e Errado. Essa mesma precaução é reproduzida pela banca e pelo examinador. O Princípio do equilíbrio tem por base justamente essa situação e poderá ajudálo a ganhar alguns pontos, lembre-se da necessidade do examinador minimizar o fator sorte, o que detalhamos no Capítulo 2 - Como o avaliador pensa. O natural é que as bancas elaborem as provas de forma que haja um equilíbrio no gabarito. Em uma prova do tipo verdadeiro ou falso, o total de questões verdadeiras e de falsas é igual, ou bem próximo um do outro. Da mesma forma, em uma prova do tipo múltipla escolha, há um equilíbrio no total de cada uma
das opções. Caso a prova seja alvo de muitos recursos aceitos pela banca, pode acontecer de haver desequilíbrio nessas quantidades, mas veja que essa não foi a intenção inicial da banca, que sempre busca o equilíbrio nas opções de resposta (verdadeiro ou falso; ou letras para as questões do tipo múltipla escolha). Chutar nas provas do tipo múltipla escolha e, notadamente, nas que não têm fator de correção (para cada questão divergente do gabarito você perde um ponto) não é opção, é um dever. O objetivo do fator de correção é persuadir o candidato a não chutar questões, minimizando possíveis
aprovações baseadas exclusivamente no elemento sorte. Você poder estar perguntando neste momento: “Mas e quando eu não souber/lembrar ou não conseguir aplicar os princípios aqui descritos e ainda assim precisar responder a questão, o que fazer?”. Bem, se a prova for do tipo Verdadeiro ou Falso, é simples entender que a cada chute você terá 50% de chances de acertar a questão. O ponto chave desta obra é aumentar essa probabilidade. E isso é justamente o que mostraremos com a explicação desse princípio. Perceba que, além do equilíbrio na
quantidade de questões verdadeiras e falsas na prova, há também o mesmo equilíbrio por grupamentos de questões. Esse grupamento pode ser uma disciplina ou, até mesmo, um assunto dentro de cada disciplina. Vejamos um exemplo: Exemplo 67 Digamos que, em uma prova, uma disciplina possua 10 questões e, ao responder, ocorreu o seguinte: a) você acredita que 2 questões são verdadeiras; b) você acredita que 5 questões são falsas; e c) há 3 questões que você não
sabe. Resolução: Se você não conseguiu aplicar nenhum dos princípios anteriores, agora é a hora de aplicar o Princípio do Equilíbrio. Como você acredita que a maioria das questões são falsas, o mais provável é que as referidas 3 questões sejam verdadeiras para que haja um equilíbrio nas respostas do gabarito. Dessa forma, é bem provável que você acerte todas ou quase todas as questões deste grupamento.
ATENÇÃO!! O Princípio do equilíbrio também pode ser chamado de Princípio do tudo ou nada. Repare que se aquelas que você acredita saber a resposta estiverem erradas será muito provável que você também erre a questão ao aplicar esse Princípio. Logo, é tudo ou nada! Nas provas em que uma resposta errada anula uma resposta certa, a aplicação desse Princípio poderá: 1) elevar significativamente o saldo de pontos, aumentando as chances de classificação no
concurso; ou 2) diminuir drasticamente o saldo de pontos, aumentando as chances de eliminá-lo definitivamente do concurso. Mesmo havendo esse risco vale a pena aplicar o princípio devido às elevadas notas nos concursos atualmente, conforme já explicado no Capítulo 3 Como o candidato deve pensar, destacando o Gráfico 3 - Distribuição de tipos de questões por nível de prova. Um requisito importante para a eficácia do método é o conhecimento da disciplina que permita responder o maior número possível de questões do
grupamento. Vamos ver outro exemplo: Exemplo 68 Digamos que, em uma prova, uma disciplina possua 10 questões e, ao responder, ocorreu o seguinte: a) você acredita que 3 questões são verdadeiras; b) há 7 questões que você não sabe. Resolução: Aplicando o Princípio, você deverá responder as referidas 7 questões como falsas. Repare que é quase certo que você não irá gabaritar essa
disciplina porque o mais provável é que existam 5 questões verdadeiras e 5 questões falsas. Entretanto, poderá ocorrer uma das duas situações: a) se você acertar as referidas 3 questões, a aplicação do Princípio permitirá aumentar o saldo de pontos, apesar de não gabaritar a disciplina; OU b) se você errar uma ou mais das referidas 3 questões, a aplicação do Princípio, provocará, provavelmente, um saldo negativo de pontos nesta disciplina.
É tudo ou nada! Ou te levanta ou acaba de te derrubar… Como disse Napoleão: “meias medidas perdem todas as guerras”. Há alguma diferença entre o último colocado de uma prova e aquele que quase foi aprovado? Sob o ponto de vista do preparo, diríamos que o que quase passou precisa apenas estudar mais um pouco, ter um pouco mais de atenção ou quem sabe um pouco mais de sorte na próxima prova. Em contrapartida, aquele que ficou por último precisa de um maior investimento em preparo. Entretanto, sob o ponto de vista do
objetivo final, que é ocupar o cargo público, não há diferença alguma entre ambos. Nenhum dos dois conseguiu o objetivo. Portanto, a ousadia vale a pena. Ela poderá ajudá-lo a ganhar pontos preciosos que o levarão a conquista da vaga, notadamente, para os cargos mais disputados, cujas notas de corte estão cada dia maior. Mas agora surge uma questão: “Há alguma situação que o Princípio do equilíbrio não deve ser aplicado?”. Apenas uma situação. Em concursos com elevado número de vagas e que a nota necessária para aprovação não seja muito alta, não seria interessante aplicar
esse princípio. Entretanto, acho pouco provável encontrar esse tipo de concurso nos dias de hoje. Mesmo aqueles com muitas vagas, têm exigido elevadas notas dos candidatos que, a cada dia, estão mais bem preparados. Siga, portanto, o conselho de Alexandre, o Grande: “A sorte favorece os audazes”. IV. Observações aplicáveis a questões do tipo múltipla escolha No caso de provas com múltiplas alternativas (múltipla escolha), além de aplicar os princípios aqui ensinados, é importante observar algumas técnicas de
indução a erro comumente utilizado pelas bancas, notadamente quanto ao seguinte: a. Cuidado com a alternativa “A” Principalmente quando não dominamos completamente um assunto, a primeira informação que nos é apresentada tende a aparentar ser verdadeira. Há, portanto, uma tendência muito forte de assinalarmos essa alternativa no gabarito, por acreditarmos que seja a correta. Mesmo quando acreditar que a letra A está correta, habitue-se a ler as outras alternativas antes de marcá-la no gabarito final.
b. Elimine as alternativas absurdas Normalmente, em cinco alternativas, há uma ou duas que podem ser eliminadas sumariamente. Elas, normalmente, são totalmente absurdas, muito improváveis ou não tem qualquer relação com o tema. Para maximizar o seu resultado em provas dessa natureza, é muito importante adotar a estratégia de eliminar essas opções absurdas, assinalando na prova a expressão ou o termo que a invalida por completo. Pedimos especial atenção para que destaque, sublinhe ou realce somente esses termos. Na hora da revisão ficará simples confirmar o absurdo do item e
eliminar essa alternativa das possíveis respostas. c. A alternativa correta se repete Quando o examinador prepara uma prova de múltiplas escolhas, ele precisa elaborar uma proposição verdadeira e quatro falsas (lógico, né?), ou o contrário, quando ele pede a incorreta. Imagine que a proposição verdadeira seja muito diferente das demais. Aquele que estudou superficialmente a matéria conseguirá responder porque ele irá lembrar que leu/ouviu algo parecido, em algum lugar, em algum dia. Assim, em alguns casos, o avaliador, com o objetivo de confundir o
candidato, prepara duas alternativas que possuem muitos pontos em comum. Portanto, caso você não tenha a mínima noção de qual seja a resposta, procure pelas duas mais semelhantes, isso pode ajudá-lo a ganhar preciosos pontos. d. Item extenso e item pequeno Um conceito ou uma definição de autor renomado tende a ser extenso. Nesse caso, a maior das alternativas, normalmente, será a verdadeira. Entretanto, o contrário também pode ocorrer. Para elaborar as alternativas pensadas para serem falsas, o avaliador pode copiar conceitos ou definições de autores e acrescentar erros, tornando os
itens muito longos. Nesse caso, o menor item, normalmente, é a proposição verdadeira. Você deve estar pensando: “São ideias contraditórias! É a maior ou a menor?” A verdadeira provavelmente será a que mais se destacar, seja maior ou menor. Realmente, a aplicação deste princípio não é muito fácil. Exige, no mínimo, conhecimento superficial do assunto da questão e sensibilidade para fazer a leitura da intenção do avaliador. e. Reincidências de opções (mais votada) Quando a questão em cada alternativa elenca vários elementos, é importante
estar atento aos elementos que aparecem com mais frequência, porque esses provavelmente são os verdadeiros. Exemplo 69 (FUNDATEC - 2012 - Prefeitura de Cachoeirinha - RS - Procurador Municipal) De acordo com a doutrina de Pedro Lenza, na obra Direito Constitucional Esquematizado, a Constituição Federal atual pode ser classificada como: a) promulgada, escrita, analítica e formal. b) promulgada, consuetudinária, analítica e formal.
c) promulgada, escrita, analítica e material. d) outorgada, escrita, analítica e material. e) outorgada, escrita, analítica e formal. Gabarito A Repare que a palavra “promulgada” tem a maior incidência. Ela aparece nas letras “a”, “b” e “c”. É provável, portanto, que o gabarito seja uma dessas letras. Em seguida, vemos que a palavra “consuetudinária” possui uma única incidência e, em contrapartida, a palavra
“escrita” aparece quatro vezes. Nesse caso, é altíssima a probabilidade da palavra “escrita” ser a correta. Assim, ficamos entre as letras “a” e “c” porque são as alternativas que aparecem as palavras “promulgada” e “escrita”. Já a palavra “analítica” aparece em todas as opções. Logo, em nada nos ajuda para eliminar alternativas e, assim, continuamos entre as letras “a” e “c”. Continuando, a “formal” aparece alternativas.
palavra em três
A resposta mais provável, portanto, é a letra “a”. ATENÇÃO!! Lembre-se: o raciocínio apresentado indica a resposta mais provável, não é uma certeza absoluta. Exemplo 70 (FGV - 2014 - SEFAZ- MT - Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal - Prova 2) Considerando o direito fundamental à privacidade, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.
( ) A quebra do sigilo bancário ou fiscal pode ser determinada por Comissão Parlamentar de Inquérito. ( ) As provas provenientes de quebra irregular de sigilo bancário ou fiscal são nulas para fins de responsabilização administrativa e cível, mas não criminal. ( ) Não há vedação a que uma lei autorize certos órgãos do Poder Público a determinar a quebra de sigilo bancário ou fiscal, independentemente de autorização judicial. As afirmativas são, respectivamente, a) V, V e F b) V, F e F
c) F, F e V d) F, F e F e) V, F e V Gabarito B A primeira frase, provavelmente é verdadeira porque há três alternativas que, dessa forma, sinalizam: “a”, “b” e “e”. A segunda frase possui elevadíssima probabilidade de ser falsa porque há quatro alternativas que indicam isso: “b”, “c”, “d” e “e”. Combinando as duas alternativas, a resposta mais provável será “b” ou “e”.
Com o mesmo raciocínio, a terceira frase provavelmente é falsa (“a”, “b” e “d”). Como a dúvida era entre “b” e “e”, a provável resposta é a letra “b”. ATENÇÃO!! Alta probabilidade e elevadíssima probabilidade Normalmente, as questões de múltiplas escolhas possuem cinco alternativas. Quando a mais votada possuir três incidências, é alta a probabilidade de uma delas ser o gabarito da questão. Lembre-
se: não é uma certeza, mas sim alta probabilidade. Entretanto, quando a mais votada possuir quatro incidências, a probabilidade de uma das quatro ser o gabarito é elevadíssima. ATENÇÃO!! Por que a alternativa mais votada provavelmente é o gabarito? Para demonstrar o porquê, vamos pensar se o inverso seria possível. Seria interessante para o examinador
escolher a menos votada? Vamos utilizar a segunda frase do exemplo: “As provas provenientes de quebra irregular de sigilo bancário ou fiscal são nulas para fins de responsabilização administrativa e cível, mas não criminal”. Já vimos que ela é falsa. Suponha que o examinador substituísse essa frase por uma verdadeira e mantivesse as alternativas. Ficaria muito fácil responder a questão porque apenas a letra “a” aponta que a segunda frase é verdadeira. Se assim fosse, não haveria a
necessidade de demais frases.
avaliar
as
f. Não poderá haver duas corretas Em questões do tipo múltipla escolha deverá existir apenas uma alternativa correta. Se você perceber que duas alternativas dizem exatamente a mesma coisa, de forma diferente, provavelmente as duas estão erradas porque não podem existir duas respostas corretas para a mesma questão. Você pode estar se perguntando: “Mas e se eu achar que elas realmente estão corretas?”.
Ainda sim, recomendamos que avalie com bastante critério uma das outras alternativas, e escolha uma delas, vejamos o porquê: 1) você pode estar errado e o gabarito ser outra alternativa; ou 2) você pode estar certo e, nesse caso, não há com que se preocupar porque a questão deverá ser anulada, já que não poderá haver duas alternativas corretas. De qualquer forma, vale a pena procurar outra alternativa se houver duas que dizem exatamente a mesma coisa, de forma diferente.
g. Sobrando apenas duas Se você aplicou as orientações para as questões múltiplas escolhas e ainda sobraram duas alternativas, releia ambas com calma e avalie a possibilidade de aplicar os outros princípios ensinados neste livro, notadamente o Princípio do equilíbrio. Contabilize a quantidade de respostas para as quais tem certeza da opção e avalie, dentre as duas que sobraram, aquela opção com menor número de alternativas que julga estar correta. No caso de dúvidas entre a alternativa “a” e “d” e já tendo marcado quatro questões como a alternativa “a” e uma como “d”, uma boa estratégia seria assinalar a letra “d” no gabarito.
5. OBSERVAÇÃO NA APLICAÇÃO DO MÉTODO QB
I. Princípios combinados PARA CADA PRINCÍPIO APRESENTADO neste livro, apresentamos exemplos de questões de prova que poderiam ter sido resolvidas com a aplicação de um só princípio.
Destacamos que, ao aplicar um só princípio, a probabilidade é alta de acertar a resposta. Por óbvio que não se trata de certeza, mas sim uma alta probabilidade de acerto. Em alguns exemplos, mostramos que para uma mesma questão, seria possível aplicar de forma combinada dois ou mais princípios. Nesses casos, podemos dizer que a probabilidade não é alta, mas sim altíssima de acerto, porque, seguindo duas linhas de raciocínio, foi possível chegar a uma mesma resposta. Em situações desse tipo, é possível marcar a resposta com muito mais convicção.
II. Princípios conflitantes Vimos princípios que indicam a possibilidade de uma questão ser verdadeira e vimos outros que indicam a possibilidade da questão ser falsa. Talvez você se pergunte: “Se, em uma mesma questão, houver um princípio que indica que é verdadeira e outro que indique que é falsa. Qual princípio aplicar?”. Nesse caso, não é muito fácil aplicar o Método QB. Você deverá ter sensibilidade de interpretar a questão para avaliar qual princípio será o mais adequado aplicar. Para isso, em primeiro lugar, será necessário aplicar o Princípio da interpretação de texto.
Em geral, quando isso ocorre, é muito mais provável que a questão seja falsa. Isso porque não importa quantas informações verdadeiras a questão possui, basta uma falsa para que a questão seja considerada falsa. Entretanto, lembro que isso não é regra e, nesses casos, a questão deve ser analisada com muita cautela. Exemplo 71 (CESPE - 2014 - ANTAQ - Analista Administrativo - Qualquer Área de Formação) Determinado órgão da administração indireta celebrou contrato administrativo cujo objeto era o fornecimento de serviços
terceirizados de mão de obra para limpeza e conservação do seu edifício-sede. Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir, a respeito da fiscalização da execução do objeto contratual. Conforme entendimento recente do Tribunal Superior do Trabalho, a administração pública poderá ser responsabilizada subsidiariamente pelos encargos trabalhistas apenas quando evidenciada sua conduta dolosa na atividade de fiscalização contratual, especialmente no tocante ao recolhimento dos referidos encargos pelo contratado.
Gabarito E Na questão, identificamos os seguintes indícios: a) “poderá” – indica que, provavelmente, é verdadeira porque abre espaço para as exceções; b) “apenas” – indica que, provavelmente, é falsa porque restringe; c) “especialmente” – indica que, provavelmente, é falsa porque restringe ainda mais. Apesar desses indícios aparentemente conflitantes, é possível responder a questão
com auxílio do Método QB. Aplicando o Princípio da interpretação de texto, percebemos que nada impede de ocorrer o seguinte: a) “administração pública poderá ser responsabilizada” – verdadeira; e b) “apenas evidenciada sua dolosa” - falsa
quando conduta
Dessa forma, percebemos que esses indícios não se excluem e podem ocorrer simultaneamente. Guarde
com cuidado
essa
estratégia de solução de questão, ela poderá ajudá-lo a obter valiosos pontos. III. Visão do Todo – Princípios explícitos e implícitos Se não for possível para você estudar profundamente um assunto, é importante que desenvolva, ao menos, uma visão geral sobre ele. Saiba os princípios mais importantes relacionados ao tema. Os princípios podem ser explícitos pela legislação, doutrina ou algum autor renomado; ou podem ser implícitos, que você percebeu por uma leitura superficial da disciplina. Na verdade, quando você for estudar, o
mais importante é ter em mente a visão do todo: quais são as ideias principais do assunto? Quais os princípios? Essa visão geral, na maioria das vezes, isso é até mais útil do que a simples memorização pormenorizada da disciplina. Exemplo 72 (CESPE - 2014 - MDIC - Analista Técnico - Administrativo) Com referência à Lei de Responsabilidade Fiscal, julgue os seguintes itens. O impacto fiscal das atividades das agências financeiras oficiais de fomento deverá ser objeto de avaliação circunstanciada, que,
por sua vez, será incluída na prestação de contas da União. Gabarito C Mesmo que você não saiba se o conteúdo da questão está presente ou não na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), é possível respondê-la. No estudo da LRF, de outras leis ou algum tema específico, o seu foco não deve ser decorar cada artigo ou cada frase que você ler. O foco principal deve ser o de ter uma visão do todo sobre o assunto. Quais são os principais pontos relacionados ao tema?
Quais os princípios estão explícitos pelo legislador ou pelo autor? E os implícitos? (você foi capaz de inferir pela leitura) Na LRF, por exemplo, é possível identificar o seguinte: - controle dos gastos públicos; - controle do aumento da dívida; - avaliação do cumprimento de metas; - prestação de contas; - dentre outros. Dessa forma, apesar de você
não memorizar cada artigo, é provável que você seja capaz de responder todas as questões que digam respeito à LRF, pelo simples entendimento do porquê aquela lei existe. Cada vez que você encontrar algum desses pontos em uma questão sobre a LRF, é bem provável que ela esteja correta. ATENÇÃO!! Outra forma de resolver essa questão é com aplicação do Princípio do fica difícil negar. A questão relaciona “o impacto fiscal das atividades das agências financeiras oficiais de
fomento” com as seguintes ideias: - avaliação; e - prestação de contas. Fica bem difícil afirmar que pontos importantes como estes não têm relação com o tema. Portanto, provavelmente, essas ideias estão presentes na LRF. IV. Limitações na aplicação do Método QB Como já destacamos, o objetivo do método é aumentar a probabilidade de acerto de uma questão diante da incerteza. Entretanto, há situações que impedem o
uso do método, notadamente em questões diretas ou para aquelas que exijam cálculos, vejamos: a. Questões Diretas Quando uma questão vai direto ao ponto, sem fazer rodeios, fica muito difícil de aplicar o Método QB porque teremos poucos elementos para analisá-la. Exemplo 73 (CESPE - 2014 - TC-DF - Auditor de Controle Externo) No que se refere ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), julgue os itens seguintes. Não
é
considerado
salário
de
contribuição o salário-maternidade. Gabarito E Repare que o avaliador foi direto ao assunto. As opções aqui são as seguintes: “O saláriomaternidade é ou não é considerado salário de contribuição?” Em questões diretas deste tipo, o avaliador não deixa qualquer indício que aponte para um dos princípios apresentados. Nesses casos, só resta aplicar o Princípio do equilíbrio, porém é necessário que você acerte o maior número possível
de questões do bloco para que o princípio lhe seja eficaz. b. Cálculos, questões da área de exatas Da mesma forma, questões que exigem que o candidato realize algum cálculo também são difíceis de aplicar o método. Normalmente, as questões da área de exatas deixam poucas possibilidades para se utilizar os princípios deste livro. c. Princípios contraditórios na mesma questão Uma questão pode apresentar um indício relativo a um princípio que indica ser verdadeira e outro indício que indica ser
falsa. Nessa situação, fica bastante difícil decidir. É necessário ter sensibilidade para identificar onde está ênfase do avaliador: na primeira proposição (verdadeira) ou na segunda (falsa). Só reforçamos que nesses casos a probabilidade da questão estar errada ainda é maior. Releia, neste capítulo, o item II - Princípios conflitantes. d. Tempo limitado A gestão do tempo durante a prova também é fator determinante na aprovação. A análise das questões pelo Método QB demanda um tempo extra, portanto não deve ser aplicado para um número elevado de questões. Lembre-se que o objetivo do método é
reduzir a incerteza sobre algumas questões, gerando um diferencial para você em relação aos concorrentes. e. Pouco conhecimento sobre as disciplinas
Perceba que não se trata de uma fórmula para passar em provas sem estudar, mas sim de uma estratégia, calcada em nove princípios construídos a partir da experiência e dos
insucessos, para ampliar sua vantagem frente aos demais candidatos
Quanto maior conhecimento sobre as disciplinas, maior será a aplicabilidade do Método QB. Perceba que não se trata de uma fórmula para passar em provas sem estudar, mas sim de uma estratégia, calcada em nove princípios construídos a partir de experiência e de insucessos, para ampliar sua vantagem frente aos demais candidatos. A aplicação do Método QB, muitas vezes, exige que você identifique a
intenção do avaliador. Assim, quanto maior for o seu conhecimento, maior será a sua sensibilidade para fazer essa análise e aplicar o método de forma mais eficiente.
6. CONCLUSÃO
NO BRASIL DE HOJE, A CONSTÂNCIA na realização de concursos públicos, a melhoria da remuneração paga pelos governos (quando comparada com a da iniciativa privada) e a estabilidade no cargo-emprego têm contribuído para que muitas pessoas ingressem nesse universo paralelo, que é o mundo dos concursos.
Esse aumento na demanda por uma vaga no Estado tem provocado: a ampliação da relação candidato-vaga, a elevação das médias mínimas necessárias à aprovação e a proliferação de cursos preparatórios de qualidade (quer presencial, quer on-line), bem como a busca desenfreada por ferramentas que possam trazer aquelas duas ou três questões que farão a diferença entre os que conseguirão obter o sucesso e os que terão de aguardar mais algum tempo. De forma semelhante às competições olímpicas, em que os melhores atletas disputam uma medalha, nos concursos dos últimos anos, também identificamos o elevado nível dos candidatos que disputam uma vaga. Nas Olimpíadas, um
ou dois segundos podem fazer a diferença entre o medalhista que terá o seu nome lembrado por vários anos e o último colocado que terá o seu nome esquecido na história (apesar de ser um atleta de altíssimo nível e estar dentre os melhores do mundo). Da mesma forma ocorre nos concursos, quando uma ou duas questões fazem a diferença entre os que conquistarão a tão sonhada vaga e os que terão que se preparar para o próximo. Na preparação do atleta, assim como na do concurseiro, é necessário ter foco, disciplina e persistência para alcançar alto nível de rendimento. Já neste status, quando a disputa será contra outros que também possuem o mesmo nível, o atleta
precisa buscar por ferramentas que melhorem ainda mais sua performance, como por exemplo: um tênis mais adequado para a corrida ou uma roupa diferenciada para a natação. Essa nova ferramenta irá contribuir apenas pela redução de um ou dois segundos (ou até menos que isso!), no entanto, essa pequena melhora fará a diferença entre a conquista da medalha e a espera das próximas Olimpíadas. De forma similar, o concurseiro precisa conquistar esse diferencial. Os nove princípios do Método Quebrando a Banca (Método QB) são as ferramentas que levarão você a conquistar o diferencial necessário para colocar seu nome na relação dos
aprovados. Não se trata de substituir o preparo, mas municiá-lo com projéteis que trarão maior probabilidade de acertar o alvo e elevarão o impacto das suas decisões na hora da prova. Tabela 1 - Os nove princípios para a conquista do cargo público Postulados Princípios 1º- Princípio da prevenção ao recurso 2º- Princípio do “politicamente Postulados aplicáveis às correto” ou Princípio Verdadeiras do “fica difícil negar” 3º- Princípio de que
“toda regra tem exceção” 4º- Princípio da generalização excessiva Postulados 5º- Princípio da aplicáveis às restrição excessiva Falsas 6º- Princípio do uso da palavra “principal” e expressões equivalentes 7º- Princípio da mensagem ao candidato a servidor público Postulados aplicáveis às 8º- Princípio da Verdadeiras interpretação de texto
e Falsas
9º- Princípio do equilíbrio ou Princípio do é tudo ou nada
7. GLOSSÁRIO DE TERMOS “CONCURSÍSTICOS”
À
SEMÂNTICA
COMPETE
O
das palavras. O excesso de uso de termos para expressar um mesmo pensamento, ou mesmo o uso de um só termo para explicitar diversos, frequentemente ESTUDO DAS SIGNIFICAÇÕES
causa confusão no processo de comunicação da mensagem entre emissor e receptor. Este pensa que se fala sobre A, enquanto aquele imagina estar explicando sobre B. Considerando que o universo “concursístico” é repleto de neologismos ou mesmo de significações diferentes para palavras utilizadas em outros contextos e buscando minimizar o ruído entre emissor e receptor, propomos a criação deste espaço no qual, a partir desta semente, acreditamos que será possível convergirmos para a correta compreensão e comunicação nesse novo universo: a. aprovado: aquele que alcança os mínimos
exigidos no edital para não ser eliminado, quer por matéria, grupos de matérias ou prova; b. assunto: subparte de uma matéria, sendo esta, por vezes, chamada de disciplina; c. candidato: aquele que realiza provas; quando se prepara e as realiza com constância, tornam-se concurseiros; d. classificado: aquele que, além de ter sido aprovado, conseguiu constar dentro do número de vagas
disponibilizadas no edital; e. concurseiro: assemelha-se ao candidato, contudo, para este, existe a pretensão de manter-se no preparo ou mesmo já existe histórico na realização de outros concursos; f. disciplinas: também denominadas matérias, representam um conjunto de assuntos que compõem determinada área do saber prevista no edital; g. fator de correção: modelo de prova que penaliza o candidato retirando-lhe
pontos ao marcar questões divergentes do gabarito; h. proposição: sentença declarativa que pode ser expressa de forma afirmativa ou negativa, cabendo julgamento como verdadeira (“V”) ou falsa (“F”); as questões dos concursos podem possuir uma ou várias proposições, que deverão ser avaliadas individualmente e globalmente; i. questão: parte integrante das provas a qual são atribuídas pontuações ou penalidades por marcações
convergentes ou divergentes do gabarito final, para o caso de objetivas. Caso discursivas, a proposta de resposta mais adequada será confrontada com a construída pelo candidato, atribuindo-se ou retirandose pontos, de acordo com as regras constantes do edital do certame; j. tópico: subparte de um assunto. Dentro da matéria Direito Administrativo há vários assuntos, dentre eles “Agentes Públicos”. Neste assunto podemos identificar os tópicos: “Conceito de
agente público” e “Tipos de Agentes Públicos”, por exemplo.