PROJETO DANÇA NA ESCOLA Dialogando com o corpo, a arte e educação
JAVAERTON DE S. AQUINO – Graduando do Curso Superior de Licenciatura Plena em Biologia do IFRN - Campus Macau – Professor do Ensino Médio de Biologia da Escola Estadual Profª Clara Tetéu.
Cursos na área específica da dança:
Ex aluno do EDTAM – Escola de Dança do Teatro Alberto Maranhão durante 1 ano e 6 meses;
Curso de Ballet Clássico para iniciantes e nível intermediário com a Maitre do EDTAM, Vanie Rose;
Curso de Dança Moderna e contemporânea com Ana Terra;
Outros cursos básicos de inserção da dança nos planos pedagógicos
RESUMO Vivemos em uma sociedade que contribui para a formação de pessoas fragmentadas, as quais se especializam em determinadas atividades, em um tipo de raciocínio, hipertrofiam algumas funções cerebrais e partes do corpo em detrimento de outras. Pessoas condicionadas pelo bombardeio diário de informações provenientes dos meios de comunicação e da cultura de massa que impõem modelos prontos e influenciam diretamente na capacidade de percepção e atuaç atuação ão na socie socieda dade de.. Pens Pensan ando do na poss possibi ibilid lidad adee de acess acesso o à cultu cultura ra para para as pess pessoa oas, s, elaboramos o Projeto Dança na escola – Dialogando com o corpo, a arte e educação, uma parceria entre o IFRN CAMPUS MACAU, DCE e Grêmio Estudantil.
APRESENTAÇÃO A capacidade de se expressar por meio do corpo é intrínseca ao ser humano, é uma característica que se aprimora continuamente, desde as civilizações mais antigas. Nessa medida o movimento se constitui em um dos principais meios de interação entre o homem e o mundo a
sua volta, desde as ações mais simples até o conjunto de ações simbólicas e complexas que compõem a arte da dança. Vivemos em uma sociedade que contribui para a formação de pessoas fragmentadas, as quais se especializam em determinadas atividades, em um tipo de raciocínio, hipertrofiam algumas funções cerebrais e partes do corpo em detrimento de outras. Alunos condicionadas pelo bombardeio diário de informações provenientes dos meios de comunicação e da cultura de massa que impõem modelos prontos e influenciam diretamente na capacidade de percepção e atuação na sociedade. Neste sentido, a prática da dança será uma forma de resgatar e ampliar a percepção dos alunos, com a ampliação da consciência corporal, buscando favorecer a integração do corpo, mente e emoções por meio do contato com essa manifestação artística. Por isso, a importância fundamental de que o ensino da linguagem da dança realmente ocorra dentro da instituição de ensino citada a cima. Com o intuito de ampliar o repertório cultural e potencialidades criativas e expressivas dos participantes, o projeto se esforçará não só por favorecer a prática da dança, mas também por promover debates nos âmbitos da arte, estética, cultura, filosofia, realidades históricas e sociais dos participantes pela apreciação estética das manifestações artísticas presentes na sociedade. Portanto, procuraremos o envolvimento da comunidade estudantil nas atividades propostas pelo projeto. As ações a serem desenvolvidas pelo projeto, em contato com o conjunto de circunstâncias encontradas na escola, propiciarão o recolhimento de informações que, mediante um olhar atento, permitirá identificar alguns fatores que impedem o desenvolvimento de atividades artísticas, mais especificamente a dança na escola, como também apontar caminhos para o repensar as práticas artísticas no ambiente escolar como uma possibilidade de ampliação do repertório cultural dessas pessoas.
OBJETIVOS O objetivo primeiro do projeto: levar a cultura da dança para dentro do IFRN Macau, decorrerá da convicção de que o movimento constitui um dos principais meios de interação entre o homem e o mundo a sua volta, desde as ações mais simples até o conjunto de ações simbólicas e complexas que compõem esta linguagem artística. A proposta é trazer para os alunos, os conhecimentos históricos da dança em sua totalidade, além de fazê-los conhecer os mais diversos tipos de danças clássicas, que vai do balé clássico para iniciantes, a fim de
trabalhar postura, estética corporal, até as novas concepções da dança que envolve a dança moderna e contemporânea, destacando os pontos positivos para o corpo, desde uma musculatura firme e definida pela dança, até o trabalho da respiração através do diafragma. Ressaltamos a importância da formação de grupos, o senso crítico diante de situações expostas pela dança, além das técnicas de relaxamento e a importância do toque corporal para melhor entender a autenticidade da dança e perceber que isso é algo que flui, independente que saiba dançar ou não. Tendo em vista esse objetivo maior, será preciso criar condições para que a linguagem da dança possa, no ambiente escolar, ser vivenciada como fator de desenvolvimento e de ampliação da consciência corporal, por experiências diversas de expressão e comunicação do corpo. Dessa forma, procuraremos oferecer um conjunto de ações artístico-pedagógicas que desenvolvam nos estudantes uma percepção do caráter coletivo da dança, da importância desta linguagem na integração entre as pessoas, e que estabeleça o diálogo para troca de experiências, possibilitando um contato maior com o aspecto cultural e estético da dança. E também ações que promovam a relação entre a dança, o movimento em si e a educação. No decorrer do projeto procuraremos colher informações com a aplicação de um questionário aplicado no início da oficina permanente oferecida aos alunos. Essas informações possibilitarão uma primeira identificação de alguns aspectos que norteiam o universo cultural dos alunos que freqüentam a escola. Essa análise não se limitará a apontar os problemas enfrentados para trabalhar a linguagem da dança na escola, mas em apontar caminhos capazes de minimizar as chances de fracasso de um projeto de dança idealizado para uma instituição Federal, que traga os alunos para uma nova realidade, a da expressão corporal, ritmo e estética. As discussões em torno da Educação nos dias de hoje enfatizam um ensinoaprendizado que trace relações diretas com mundo contemporâneo/tecnológico. O público alvo, já pertencem a uma geração que faz parte de uma “outra cultura”, muito mais ligada ao mundo das imagens, do corpo e das sínteses (sentidos) do que à maneira “adulta” de entender o mundo: a cultura do livro, da razão, da análise (pensamento). Esta ‘outra cultura’, sugere-se, não deveria ser excluída das salas de aula. Poderíamos hoje pensar em uma proposta educacional que integre e valorize igualmente estas duas culturas de modo a viabilizar uma maior comunicação, interação e diálogo entre “novo” e “velho”, áudio-visual e livro, o sensível e a razão, alunos e professores, jovens e adultos, cidadãos e sociedade. Com isto, estaremos engajados em um processo
educacional que realmente valoriza a pluralidade cultural, a diferença e o conhecimento interdisciplinar que se realiza através do diálogo contínuo entre corpo, mente, sociedade. Nesta perspectiva, a importância do ensino de dança é ainda maior. As relações que se processam entre corpo, dança e sociedade são fundamentais para a compreensão e eventual transformação da realidade social. A dança, enquanto arte, tem o potencial de trabalhar a capacidade de criação, imaginação, sensação e percepção, integrando o conhecimento corporal ao intelectual. Em algumas cidades no Brasil, como em Salvador, a presença da dança nas escolas já faz parte da história da rede pública. Este é, no entanto, exemplo atípico do que acontece na maioria das cidades brasileiras. A tônica nacional é a de ausência ou, então, de tentativas isoladas – bem sucedidas ou não – de professores com formações distintas.
ESTRATÉGIA No intuito de proporcionar um melhor entendimento dos conteúdos propostos para conhecer a teoria da dança, optaremos por desenvolver algumas aulas teóricas e muitas práticas. Por meio das experiências com jogos de integração, exercícios individuais para aprimoramento da consciência corporal, dinâmicas que associem o movimento à música ou ao ritmo interno de cada um, os alunos terão oportunidade de contato direto com a dança. Ao mesmo tempo, terão acesso a instrumentais para análise dos exercícios (como, por exemplo, vídeos), produtos estéticos da dança; discussões, leitura de pequenos textos, jogos de palavras, para estimular a curiosidade e a capacidade de descobrir ou redescobrir conceitos. Portanto, esta abordagem teórico-prática desenvolverá diversas formas de experienciar a dança e seus fundamentos básicos, segundo as ideias de Laban. Juntamente com a valorização do processo de cada aluno, sempre considerando as dificuldades, os questionamentos e as particularidades do grupo.
ALGUMAS REFLEXÕES Essa experiência oferecerá a oportunidade de ensinar a dança de uma forma que não estávamos habituados. Transmitíamos nossos conhecimentos através de códigos de dança muito específicos, o que trazia um retorno de técnica muito bom, mas não estimulava a criatividade dos alunos. Com o projeto que desenvolveremos nessas turmas, poderemos contribuir para o florescimento do aspecto lúdico e para uma maior conscientização corporal. Nesse caso, a
técnica (que consideraremos aqui como um conjunto de normas rigidamente formatadas) não é o elemento privilegiado. O movimento é produzido a partir de um corpo que expressa sentimentos e vida. Nesse momento pensamos: será que a técnica é necessária para as pessoas que querem se servir da dança com fins não profissionais? E concluímos que não. Ela, na realidade, é mais uma opção e não a única. A sua utilização também pode ser explorada, sem que haja uma dependência, ou seja, pode-se utilizá-la sem se prender a sua rigidez.
A outra opção é não
utilizá-la e buscar um corpo expressivo por meio de atividades lúdicas. No entanto, se a escolha for a não utilização, deve-se tomar cuidado para não se "fazer de qualquer jeito". A ausência de um padrão não significa descontrolar-se, fazer qualquer coisa, realizando movimentos sem um eixo, sem um propósito. Pensamos que é possível passar aos alunos, por meio da prática, alguns dos conceitos básicos que são atribuídos à dança, como a responsabilidade com seu próprio corpo, a relação com o outro, a disciplina, a concentração. E esses fundamentos são apreendidos por necessidades que surgem durante as atividades, e não por imposição. Este tipo de trabalho também auxiliará para a quebra de alguns preconceitos como “homem que dança é homossexual” e “artista é vagabundo”. O processo se dá a longo prazo, mas com o tempo dissolvemos esses “gessos sociais”. No primeiro caso, os meninos começarão a perceber que conhecer o próprio corpo e se expressar por meio dele é algo natural e agradável e que a opção sexual de cada pessoa não está relacionada às atividades realizadas por ela. No segundo caso, todos os alunos verificarão, por exemplo, o quanto é trabalhoso realizar a pré e a pós produção de uma apresentação artística, o que faz com que eles deêm mais valor aos trabalhos artísticos que apreciam posteriormente e aos seus respectivos autores e intérpretes. Propostas democráticas de criação cênica (onde todos opinam) exigem muito mais do professor do que a imposição de um modelo pré-estabelecido. Coordenar todas as opiniões, orientar por meio de sugestões o que poderia ser melhor do nosso ponto de vista e manter disciplina e respeito, são bem mais difíceis de lidar nessa situação. O professor, dessa maneira, tem mais trabalho, mas o resultado final, bem como o processo, são extremamente produtivos e prazerosos para ambas as partes.
REFERENCIAL TEÓRICO
BARBOSA, Ana Mae (Org.). Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo. Cortez Editora, 2002.
FERRAZ, Maria Heloísa Corrêa de Toledo e FUSARI, Maria F. de Rezende e. Metodologia do ensino de arte. São Paulo. Cortez Editora, 1993.
FUX, Maria. Dança experiência de vida. São Paulo, Ed. Summus, 1983. HERNANDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre.
LABAN, Rudolf. Domínio do movimento. São Paulo. Summus, 1978. MARQUES, Isabel A. Ensino de dança hoje, textos e contextos. São Paulo. Cortez, 1999. MARTINS, Mirian Celeste Ferreira Dias. Revelações pedagógicas: ensaios, projetos e situações didáticas. São Paulo. Espaço Pedagógico, 2000.