Reações à doença e à hospitalização
Profª. Simone Biangolino
ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS
ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS
RELATO DE CASO
RELATO DE CASO
“O aprofundamento no estudo das condições biológicas, sociais e psicológicas decorrentes da doença e da hospitalização, das condições de estresse e vulnerabilidade, dos traços de personalidade, dos conflito emocionais e mecanismos adaptativos, bem como das experiências prévias com doenças, médicos e hospitais devem ser consideradas pelos profissionais que trabalham com pessoas adoecidas”
A DOENÇA AGUDA
• O sentimento de uma pessoa que, de repente, se vê gravemente enferma é o de que, a partir de seu próprio corpo, deixou de ser dona de si mesma.
• Com as limitações da doença, passa a sujeitar-se a seu corpo, e a ele tem que perguntar: “posso...?”.
• A vivência é a de tornar-se
escravo do corpo e do tempo.
• A doença traz essa vivência
pungente de quebra de uma linha de continuidade da vida, das funções desempenhadas no dia a dia, de certas previsibilidades que guardamos sobre o dia de amanhã.
• O impacto da doença imobiliza e congela a existência e, em consequência, a nossa relação com o mundo.
• Há uma interrupção da continuidade existencial e da referência temporal
• É um tempo de suspensão, difícil de ligá-lo à vida passada ou conectá-lo ao futuro.
• As preocupações mais imediatas passam a girar em torno do estado corporal e da passagem das horas.
• “A enfermidade transforma o homem de sujeito de intenções em sujeito de atenções”. (Botega, 2012)
• “A internação em um hospital amplia o impacto psicossocial dessa condição de vida”. (Botega, 2012)
Strain (1978) postula oito categorias de estresse psicológico a que está submetido o paciente hospitalizado por doença aguda
1. Ameaça básica à integridade narcísica
• São atingidas as fantasias onipotentes de imortalidade, de controle sobre o próprio destino, e de um corpo indestrutível.
• Podem emergir fantasias catastróficas, com sensação de pânico, aniquilamento e impotência.
2. Ansiedade de separação
• Não só de pessoas significativas, mas de objetos, ambientes e de estilo de vida.
3. Medo de estranhos
• Ao entrar no hospital o paciente coloca sua vida e seu corpo em mãos de pessoas desconhecidas, cuja competência e intenção ele desconhece.
4. Culpa e medo de retaliação
• Ideias de que a doença veio como um castigo por pecados e omissões, fantasias de destruição de uma parte do corpo enferma, “traidora”.
5. Medo da perda do controle das funções adquiridas durante o desenvolvimento
• Como a fala, o controle esfincteriano e da marcha.
6. Perda de amor e de aprovação
• Com sentimentos de autodesvalorização gerados pela dependência, sobrecarga financeira, etc.
7. Medo de dano a partes do corpo
• Mutilações ou disfunções de membros e de órgãos alteram o esquema corporal.
8. Medo da dor e da morte
• Pacientes com doenças agudas, sobretudo quando implicam risco de morte, com frequência sentem medo e impotência
• Não receber informações adequadas sobre sua condição e não encontrar quem possa expressar sua aflição aumentam muito a ansiedade, a sensação de impotência e o desamparo.
• Se o estilo de vida ou um acontecimento do passado ligam-se à determinação da doença, sentimento de culpa e de vergonha estarão presentes. Nesses casos, os cuidados assistenciais poderão ser recebidos como humilhação por uma pessoa que se sente acusada (que se acusa, na realidade)
• Não há outra forma de se inteirar de quais temores e sentimentos mais afligem o paciente, bem como do significado e das implicações que o adoecimento traz, a não ser ouvindo-o com disponibilidade de tempo, com respeito às ideias e aos sentimentos a nós expressados, com uma postura que procure conhecer, sem crítica, a pessoa que se encontra doente.
ESCUTA ATIVA
ESCUTA ATIVA • Proporcionar ambiente físico de acolhimento (privacidade, conforto, proximidade interpessoal adequada);
• Proporcionar atitude de respeito e interesse, sem crítica; • Manter contato visual frequente;
(cont.1)
ESCUTA ATIVA • Iniciar o conversação com perguntas gerais e menos constrangedoras (identificação, razão da consulta);
• Preferir perguntas abertas (usar “como...?”. “Eu posso imaginar...”, em vez de “Por que...?”;
• Procurar compreender o conteúdo e a conotação da mensagem (posturas, gestos, tom de voz);
(cont.2)
ESCUTA ATIVA • Observar reações emocionais do paciente, pontuando-as, quando pertinente;
• Resumir o que entendeu até dado momento
e solicitar algum
esclarecimento;
• Respeitar momentos de silêncio e de choro, mas ajudar, com delicadeza, o paciente a sair dele.
REAÇÃO DE AJUSTAMENTO
• Pacientes reagem de formas diferentes às doenças e à internação hospitalar.
• Os fatores que determinam respostas individuais às condições de ajustamento não são conhecidas em sua totalidade. Entretanto, o significado pessoal e subjetivo que a doença física desperta parece ser o fator fundamental, modulado por características de personalidade, por circunstâncias sociais e pela própria natureza da patologia e de seu tratamento.
• Demora um tempo para, passada a fase de diagnóstico e de terapêutica inicial, a pessoa se acalmar, e ao longo de um tempo variável, ir se recompondo e ampliando seus interesses, voltando a ter ânimo e a planejar o futuro.
Processo de luto normal
• A doença passa a ser a marca da impotência, transformandose em uma ferida psíquica que não se cicatriza, ainda que, de fato, as coisas estejam dando sinais de melhora.
• Algumas pessoas tem seu sofrimento prolongado, pois não conseguem elaborar (“digerir”) a situação de perda (luto patológico).
• Segundo Botega (2012), as reações de ajustamento são frequentes entre pacientes internados em hospitais gerais.
• Na prática clínica, as reações de ajustamento podem ser consideradas uma síndrome parcial de um transtorno específico do humor, a meio caminho entre o normal e um transtorno psiquiátrico de maior gravidade.
• O início costuma ocorrer dentro de um mês da manifestação do evento estressante, e a duração dos sintomas não costuma exceder seis meses, exceto no caso de reações depressivas prolongadas.
• São consideradas transtornos mentais e encontram-se subdivididas de acordo com sua duração e com sintomas predominantes.
• O diagnóstico depende de uma cuidadosa avaliação entre:
Forma, conteúdo e gravidade dos sintomas; História e personalidade prévias;
• No caso de doenças agudas, como infarto do miocárdio, os sintomas se desenvolvem em três dias. A ansiedade surge primeiro, sobretudo quando não se tem certeza do diagnóstico e da evolução do quadro clínico.
Sintomas depressivos aparecem em seguida e podem durar
semanas. Em geral, os sintomas são transitórios, melhoram com o apoio
psicológico e boa comunicação Costuma ceder com a recuperação clínica e
a alta hospitalar.
• No tratamento das reações de ajustamento, psicotrópicos e psicoterapia conduzida por especialista raramente são necessárias.
• Reações de Ajustamento, exigirão mais tempo dedicado para ouvir o paciente, inteirar-se de suas dúvidas e temores, em uma atitude de respeito a suas aflições.
• Em quadros sintomatológicos mais graves e prolongados, ou em casos de dificuldade no diagnóstico e no manejo do paciente, a avaliação psiquiátrica é aconselhável. Em algumas situações, os sintomas são mais graves e persistem por mais tempo.
Normalmente, são de natureza depressiva, atingindo níveis de
gravidade compatíveis com critérios diagnósticos para episódios depressivos. Na avaliação do paciente, sintomas como perda do interesse, falta de
prazer em atividades antes prazerosas (anedonia) e desesperança devem ser pesquisadas com bastante atenção
• Sabe-se que uma parcela significativa dos pacientes detectados com episódio depressivo (depressão maior) no início de uma internação em hospital geral, continuará deprimida à época da alta e vários meses após ter deixado o hospital.
• Algumas pessoas acostumadas a manter um rígido controle de diversos aspectos de suas vidas poderão se relacionar exasperadamente com seus cuidadores. Não abrem mão de uma posição de comando, exigindo a todo momento, que suas inúmeras solicitações sejam atendida.
• Outras, tem seus traços de instabilidade e incontinência emocional exacerbados e demandarão de parte da equipe essencial mais atenção do que o normal
Não raramente, esses pacientes despertam raiva e esgotamento na equipe.
MECANISMOS DE DEFESA
• Mecanismos psicológicos de adaptação à doença e à hospitalização. Psicodinâmicos
Fisiológicos
Cognitivos
• Mecanismos de defesa • Modalidades de apego • Personalidade
• Estresse
• Locus de controle • Coping
• A ideia de mecanismos de defesa do ego ocorreu a Freud quando ele se deu conta da resistência que seus pacientes manifestavam contra representações inconciliáveis (“conteúdos penoso”) que chegavam a consciência.
• Vários mecanismos de defesa foram estudados de forma mais aprofundada por Anna Freud:
Recalcamento
Regressão
Formação reativa
Isolamento
Anulação
retroativa retroativa
Projeção
Introjeção
Retorno sobre si mesmo
Reinversão da pulsão
Sublimação
Negação
• Mecanismo de defesa com o qual o paciente passa a agir como se não estivesse sob ameaça.
• É um recurso para evitar sofrimento, medo e desespero. Pode
postergar ou abandonar o tratamento; Desacreditar dos resultados de exames; grave estivesse Agir como se nada de grave acontecendo; Tentar fazer crer que seu problema clínico é de natureza mais branda do que todos estão pensando
• De certa forma, a
, outro mecanismo de defesa bastante observado na clínica, apoia-se na negação e no isolamento de sentimentos penosos. O paciente poderá querer conversas, às vezes até com certo ânimo, sobre os aspectos técnicos de seu diagnóstico e tratamento
• Outra forma de negar conflito e sentimentos é a Dá-se a um problema sério apenas alguma importância, o assunto logo é mudado, ou segue-se uma brincadeira. O paciente, de forma estranha às expectativas da equipe de saúde, parece pouco impressionado com seu estado de saúde.
.
Essas posturas de defesa precisam ser respeitadas! Significam a impossibilidade de suportar a carga emocional advinda da situação de doença. Para muitos pacientes, certo grau de negação é um mecanismo útil para enfrentar a ansiedade despertada por doença e cirurgia iminente. Esse comportamento é considerado, por alguns autores, como um fator de proteção entre pacientes internados em uma UTI.
Entretanto, quando impedem o bom curso do tratamento, precisam ser abordadas, a fim de “enfrequecê-las”. É preciso respeitar o “tempo interno” do paciente e não forçá-lo a encarar “verdades”. arrombar-lhe portas e janelas do ego, impondo “a realidade” dos fatos, é uma atitude violenta. Tal conduta responde mais à angústia e ao despreparo dos profissionais de saúde.
• As seguintes perguntas presentes no dia a dia dos profissionais de saúde:
“Revelar ou não o diagnóstico?”; “Quando?”; “Como falar?”
• Devem ser respondidas após ouvir um pouco mais o paciente, prestando atenção a sua linguagem verbal e não verbal, até que possa perceber o que ele deseja e suporta saber.
• Instabilidade afetiva do paciente, com crises de choro, irritabilidade, insônia ou demanda exagerada e desnecessária de atenção, pode indicar a falência do mecanismo de negação, sendo este um sinal de que a pessoa já pode, e necessita, abrir mão dele.
• O impacto psicológico da doença, aliado às próprias condições de uma internação, na qual o paciente recebe cuidados básicos de higiene, alimentação e medicalização, favorece o mecanismo de .
• Este mecanismo de defesa está ligado à etapas mais precoces do desenvolvimento e, de certa forma, permite a satisfação de necessidades afetivas primitivas.
• No entanto, esse mecanismo também pode se mostrar ineficiente caso o paciente comece a adotar uma posição muito passiva, ou a não demonstrar forças para reagir, “regredindo” em seu comportamento e em suas necessidades, chegando, às vezes, a fases não verbais e não motoras.
• A regressão nada tem de anormal em uma situação grave e aguda, em que o paciente precisa se colocar nas mãos da equipe de saúde e deixar-se cuidar.
A incapacidade de entregar-se a certo grau de regressão, forçandose a uma “perfeita adaptação” à
doença, pode, com o tempo, ser prejudicial.
• No entanto, quando se prolonga no decorrer do tratamento, a regressão aumenta desnecessariamente a permanência no leito, incentiva a dependência e retarda a convalescença, podendo chegar ao Hospitalismo.
• Tal comportamento impede o paciente de usar recursos pessoais mais maduros para enfrentar as dificuldades presentes, imprimindo a ideia de que participação mais ativa no tratamento implicará maior sofrimento.
• A regressão é favorecida pela situação real de dependência na qual a pessoa se encontra e pela atitude de familiares e da equipe assistencial ao trata-lo como criança. Essa modalidade de relação, quando preponderante, poderá reforçar a regressão, passando para o paciente a impressão de que o julgam incapaz e de que não adianta se esforçar, pois não obterá sucesso
• A atitude oposta “Vamos lá! Só depende de você!” É igualmente inadequada Imagine como se sente uma pessoa acamada e deprimida, sem motivação ao ouvir alguém dizer “Só depende de você ” É provável que se sinta mais incapaz, mais só, sem apoio e sem compreensão
• É preciso tratar a pessoa adoecida com delicadeza, mas sem infantizá-la.
O paciente necessita de “gotas de otimismo”, não de
ordem
eufórica
condenatória
• Em algum momento no curso do tratamento, o paciente poderá deslocar sua raiva contra um familiar ou contra a equipe de saúde, culpa-los pela doença ou por algum acontecimento, tentando aplacar a angústia e a revolta que não consegue conter.
• A atitude do paciente enraivecido por sua condição de doença e de dependência poderá afastar as pessoas deles
A equipe assistencial passará a colocá-lo “no gelo”, ou de alguma forma agredi-lo de maneira sádica (ainda que de modo passível).
• É importante saber que, em casos como esses, costuma haver um processo de “contaminação”, no qual o sentimento do paciente, em especial suas necessidades mais primitivas podem influenciar e modificar o modo como as pessoas agem em relação a ele, inclusive a equipe de saúde.
• Em geral, essa reação é passageira, correspondendo a uma fase em que o paciente se encontra sob o impacto de um diagnóstico ou de alguma notícia adversa.
Em um estágio posterior e à medida que for aceitando sua condição, o paciente poderá mostrar-se mais triste e rememorar passagens de sua vida, tentando compreender e aceitar seu destino.
ESTRESSE E COPING
• Sendo assim, A MEDICINA relaciona o termo estresse às reações adaptativas de um organismo à agentes nocivos como:
Dor;
Frio;
Fome;
Estados
tóxicos
Estados infecciosos
• Em PSICOLOGIA o estresse é relacionado ao cumprimento de tarefas de responsabilidade, a reações a eventos inesperados, a situações de expectativa e de contato com o novo.
• O conhecimento dos fatores que contribuem para intensificar o minorar o estresse pode propiciar aos profissionais de saúde recursos para lidar com tais situações e condições.
• Além disso, permite a elaboração de estratégias a serem utilizadas em tratamentos individuais ou coletivos e de caráter preventivo.
Esses fatores depende de: • Personalidade • Forma como algo é percebido e avaliado • Desenvolvimento e evolução dos sintomas e da conduta problemática
• Magnitude, intensidade, frequência, duração e previsibilidade de um evento
• Experiência anterior do indivíduo com situações semelhantes • Fatores socioculturais (imagem da doença, rede de apoio) • Motivação para a mudança de atitude
As pessoas podem ser divididas em duas grandes categorias quanto à maneira como enfrentam as adversidade:
MECANISMO DE COPING 1.Orientadas para a solução do problema. 2.Orientadas para a emoção.
COPING orientado para a solução de problemas
• Ao lidarem com situações de doença, tenderão a buscar informações, procurarão trocar ideias com os médicos, amigos, grupos de autoajuda, a fim de alterarem suas concepções, seus hábitos e as características do ambiente em que vivem.
• Tudo isso com a finalidade de reassumirem o controle de suas vidas, tornando as consequências da doença mais toleráveis.
COPING orientado para a emoção
• Estarão mais preocupadas em lidar com suas emoções, reduzindo-lhes o impacto.
• Terão mais dificuldades para se focalizarem em alternativas cognitivas.
• Esses pacientes responderão mais “emocionalmente”, usarão mais mecanismos de defesa, sentirão mais desesperança, desamparo e depressão, necessitando de estratégias de apoio psicológico por parte da família, de amigos e da equipe assistencial
Imagem que o paciente faz da doença e de seu tratamento:
• Deve ser pesquisada em seus elementos concretos e subjetivos.
• Ideias errôneas ou distorcidas precisam ser desfeitas. • A percepção que o paciente tem de sua doença pode ser considerada como um importante determinante de seu processo de recuperação.
• O profissional de saúde, junto com o paciente, deve procurar alternativas para tornar situações ameaçadoras mais seguras e auxiliar no reconhecimento e na expressão dos sentimentos vivenciados, compreendendo-os e oferecendo apoio psicológico .
• A provisão de informações, na medida necessitada e compreendida pelo paciente, é fundamental.
• Devem ser explicadas a natureza e a razão dos diversos procedimentos, e ideias errôneas devem ser corrigidas.
• Além disso é crucial o apoio social recebido pelo paciente, mais em termos de qualidade do que de quantidade.
é um constructo teórico com muitos componentes; no entanto, uma distinção deve ser feita entre apoio de fato disponível e a percepção que a pessoa faz em relação à adequação desse apoio
• A associação com redução da mortalidade sugere que uma rede de apoio social adequada pode repercutir organicamente na redução do estresse e, em consequência, dos agravos à saúde.
Família e Rede de Apoio: Atenção à família
• É importante considerar que os familiares poderão estar angustiados com uma enfermidade surgida de forma abrupta.
• Precisam ser tranquilizados, tanto com uma dose adequada de informações quanto pela disponibilidade afetiva do profissional.
• É aconselhável identificar uma pessoa que se encontra mais tranquila e que se disponha a estabelecer um elo entre a equipe assistencial e a família, além de permanecer, se necessário, mais tempo ao lado do paciente
PERSONALIDADE
• A personalidade pode ser compreendida como resultante da combinação de propensão biológica, experiências vivenciadas ao longo da vida e contexto socioculcural.
• Ela tem relativa estabilidade ao longo da vida da pessoa, ainda que sujeita a mudanças dependentes de fortes experiências existenciais ou de alterações neurobiológicas.
• Tem caráter preditivo, uma vez que é um conjunto probabilístico de respostas cognitivas, afetivas e comportamentais a acontecimentos da vida.
• Pessoas acometidas por certas doenças tem personalidade ou certos padrões comportamentais semelhantes (Ex.: doença arterial coronariana e personalidade Tipo A.
• Fatores subjacentes a certas doenças levam a personalidade ou a padrões de respostas comportamentais semelhantes (Ex.:Hipertireoidismo e ansiedade).
• Certas doenças e condições mórbidas, são acompanhadas por fatores estressantes que confluem para um padrão de resposta comum (Ex.: dor crônica e depressão)
Tipos de Personalidade
• Foram descritos vários tipos de personalidade, sempre organizados em uma classificação ou listagem.
• Hipócrates foi um dos primeiros a sinalizar tipos diferenciados de personalidade Fáceis rosadas, porte atlético, musculatura firme. Expansivos, otimistas. Irritável, impulsivo. Submetido a instintos
Fáceis pálidas, formas arredondadas, olhar doce e vago. Sonhador, pacífico. Existência isenta de paixões
Protuberâncias musculares evidentes, olhar ardente. Ambicioso, dominador, tenaz. Reações abruptas e explosivas
Olhar triste e músculos pouco desenvolvidos. Nervoso, excitável. Tende a pessimismo, rancor e solidão
• Jung se refere a variações de introversão e de extroversão.
• Kretschmer (déc.20, séc.XX) tentou estabelecer uma relação entre o temperamento e a constituição (aparência) corporal.
• Sua classificação baseava-se em 3 tipos principais de aspectos corporais: astênico ou leptossômico (magro, pequeno, fraco); atlético (musculoso, ossos grandes), pícnico (gordo, atarracado). Cada um destes tipos estaria associado a certas características de personalidade, e, em formas extremas, de psicopatologia.
• Kretschmer acreditava que indivíduos pícnicos eram amigáveis, dependentes de relacionamentos interpessoais e gregários.
• Em uma versão extrema destes traços, significaria, por exemplo, que obesos são mais predispostos à psicose maníaco-depressiva; enquanto tipos magros seriam associados à introversão e timidez (que eram considerados como formas mais fracas dos sintomas negativos da esquizofrenia).
• Neste sentido, os vários autores desta área de estudo procuram dimensões que, combinadas, possam “localizar” ou caracterizar a personalidade (“o jeito de ser”) de uma pessoa.
• As mais conhecidas e estudadas são as dos ( ), que foi desenvolvido a partir de três dimensões propostas a princípio por Eysenk, e o dos três fatores de Cloninger. Neuroticismo
Extroversão
Tendência a afetos negativos (ansiedade, depressão), tensão, preocupação, autopiedade, impulsividade, pensamentos hostis ou raivosos
Atividade, energia, entusiasmo. Tendência a ser falante, busca companhia. Assertividade.
Abertura Curiosidade, imaginação, originalidade, tendência à arte, maior insight.
Amabilidade Gentileza, inspira congiança, generosidade, empatia, compaixão.
Conscienciosidade Organização, eficiência
Está baseado mais em “temperamentos básicos” do que em
dinâmicas interpessoais e procura integrar os principais sistemas de neurotransmissão (dopaminérgico. Serotonérgico e noradrenérgico) com uma descrição tridimensional de traços da personalidade
Procura por novidades: Excitação e exaltação por estímulos novos, que são sempre buscados e que propiciam gratificação e alívio da monotonia. Impulsividade. Inconstância nos interesses e nas amizades. Ativação da neurotransmissão dopaminérgica. Associação a abuso de substâncias psicoativas e a comportamentos sociopáticos
Evitação de danos: Resposta intensa a estímulos aversivos. Temeroso, antecipa os perigos. Pessimismo, inibição. Preferência pelo familiar e previsível. Ativação serotonérgica
Dependência de recompensa: Resposta a sinais de recompensa (principalmente de aprovação social). Busca de apoio emocional nos outros, responsivo a pressão social. Sensibilidade à rejeição. Ativação noradrenérgica
Principais Tipos de Personalidade Tipos de Personalidade
Características
Significação da doença
Manejo
Dependente
Necessidade de atenção. Demandas urgentes. Requer tratamento especial. Busca de apoio.
Risco de abandono, com sentimento de desamparo
Expressar boa vontade. Explicar limitações reais. Pequenas concessões
Obsessivo
Ordem excessiva. Detalhismo. Rigidez. Medo do imprevisto.
Ameaça devido à perda de controle.
Informar cuidadosamente. Permitir participação em tomadas de decisões.
Histrônico
Excessiva familiaridade. Sedução. Dramatização. Rejeição.
Visão catastrófica. Ataque frontal à identidade.
Apreciar qualidades reais e coragem diante da doença. Dar oportunidade para expressão de temores.
Masoquista
Sacrificado. Sofredor contínuo. Sentimentos de não ser querido. Hostilidade se o sofrimento for desvalorizado
Castigo merecido
Reconhecer e ponderar seu sofrimento. Seu tratamento é uma ajuda aos demais.
Paranóide
Desconfiado. Cauteloso. Hipersensível.
Um ataque exterior, com risco de provocar dano ou traição.
Informar minuciosamente diagnóstico e tratamento. Ouvir com atenção suas queixas.
Narcisista
Incapaz de aceitar ajuda. Aparente fortaleza. Inteirado de tudo. Orgulhoso.
Ataque à perfeição e à onipotência (“ferida narcísica”)
Reconhecer e ponderar sua resistência. Torná-lo participante. Diminuir a sensação de doente = fraco.
• Outro movimento no sentido de descrever aspectos mais gerais relacionados à personalidade pode ser encontrado em CONSTRUCTOS TEÓRICOS denominados como TIPO A, TIPO D, e da ALEXITIMIA. Personalidade Tipo A
Personalidade Tipo D
Alexitimia
Personalidade Tipo A
•A
engloba um padrão comportamental que inclui ambição, competitividade, agressividade, impaciência, tensão muscular, constante estado de alerta, modo rápido e empático de falar, falar, cinismo, hostilidade, raiva e necessidade de controlar o ambiente.
• Esse perfil é encontrado com mais frequência em pessoas exageradamente dedicadas ao trabalho (workaholic), que negam a própria vulnerabilidade física e emocional.
Personalidade Tipo A
• Esse padrão comportamental tem forte associação com doença arterial coronariana. coronariana. Um infarto agudo do miocárdio e a
consequente necessidade de internação em unidade coronária por exemplo, podem levar a pessoa pesso a a crises de raiva e de comportamento hostil;
Esta pessoa pode sentir-se derrotada pela
doença (perda da autonomia) e humilhada perante à equipe assistencial assi stencial (dificuldade de aceitar a posição de dependência.
Por isso, poderá passar a rejeitas as recomendações e
adequar às condições do serviço.
não se
Personalidade Tipo A
• Os profissionais da equipe assistencial, quando objeto de comentários mordazes ou abertamente agressivos, podem reagir de modo a evitar o paciente ou mesmo devolver-lhe a hostilidade.
Personalidade Tipo A
• Com esses pacientes torna-se importante: Facilitar a expressão de seus
sentimentos;
Reconhecer e demonstrar que existe a compreensão
de
que ele esteja preocupado; Dar-lhe informações precisas sobre
seu estado de saúde e
tratamento; Assegurar que tudo está sendo feito para apressar seu
restabelecimento; Permitir que ele tome
algumas decisões em relação às rotinas envolvidas em seu tratamento (mas informando, com camaradagem, de que ele deverá ser paciente se nem tudo ocorrer com a esperada eficiência que ele impõe em seu trabalho);
Personalidade Tipo A
• É importante não tomar, de imediato, comentários ofensivos como pessoais, responder com calma e firmeza, reconhecendo os temores do paciente em relação a perdas de função, de desempenho de autoestima e de pleno controle de sua vida.
Personalidade Tipo A
• Também se deve lembrar que as informações e prerrogativas que possam ser dadas para que o paciente adquira um senso de autonomia e cotrole reduzirão o medo e aumentarão a cooperação com a equipe assistencial.
Personalidade Tipo D
•A
reúne, basicamente, dois traços estáveis: a tendência a vivenciar emoções negativas e a inibição social, ou seja, a não expressão das emoções.
Diversos estudos demonstraram que a pertonalidadeTipo D é um preditor independente de mau prognóstico para infarto do miocárdio e de maior risco de mortalidade
Personalidade Tipo D
•A
distingue-se da Depressão, e a maioria dos pacientes cardiopatas com Personalidade Tipo D não satisfaz critérios para episódio depressivo.
• Essa
está associada a complicações cardíacas mesmo quando as análises multivariadas são ajustadas para sintomas e diagnóstico de depressão.
Personalidade Tipo D
• Esse perfil de personalidade está associado não apenas a doença cardiovascular, mas também a várias outras condições clínicas.
• Ainda não se sabe por quais mecanismos isso se daria.
Personalidade Tipo D
• Alterações no
e no eixo hipotalâmicohipofisário, bem como comportamentos que influem no estilo de vida e que impedem a adesão à tratamentos, são alguns dos mecanismos aventados
Personalidade Tipo D
• Indivíduos com esse tipo de personalidade tem dificuldades para lidar com acontecimentos estressantes, e uma psicoterapia que possa auxiliá-los emocionalmente e auxiliálos na resolução de problemas pode ser muito útil.
Alexitimia
• A noção de
está associada à incapacidade de perceber e expressar emoções. Pessoas com essa característica encontram muita dificuldade de transmitir com palavras, seus problemas psicossociais;
Na mesma medida, não conseguem associar seus sintomas às condições de suas vidas.
•A
é altamente prevalente na somatização, na dor crônica e nos distúrbios funcionais em geral