Atenção: O texto do episódio 650 contém erros de grafia propositais. A explicação para isso encontra-se no final da página 10.
A Liga dos Sete Os Rebeldes de Hetossa
11º Ciclo - “O Concílio” Volume 1 Episódios 650/651
Copyright © 2001: Perry Rhodan 650, by William Voltz, “Der Bund der Sieben”, Perry Rhodan 651, by Ernst Vlcek, “Die Rebellen von Hetossa”, Verlagsunion Erich Pabel –Arthur Moewig KG (VPM KG), Rastatt, Germany, www.perry-rhodan.net PERRY RHODAN ® is a registered trademark by VPM KG, Verlagsunion Erich Pabel – Arthur Moewig KG, Rastatt, Germany
Copyright da tradução © 2001: Perry Rhodan 650/651, Star Sistemas e Projetos Gráficos Ltda., Belo Horizonte, Brasil Perry Rhodan Marca requerida – INPI Star Sistemas e Projetos Gráficos Ltda. As nossas edições reproduzem integralmente o texto original. Todos os personagens deste livro são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas ou acontecimentos da vida real é mera coincidência. Não é permitido reproduzir, por qualquer meio, o conteúdo deste volume sem a prévia autorização por escrito dos editores. Exemplares distribuídos sem a capa original em cores são ilegais e constituem uma violação aos direitos autorais das editoras.
Star Sistemas e Projetos Gráficos Ltda. 2001
Prefácio editorial da nova edição brasileira As pessoas que tiverem a oportunidade de folhear este livro poderão considerar-se testemunhas de um evento memorável. Este volume representa um marco para os apreciadores
da série Perry série Perry Rhodan no Brasil – e, pode-se arriscar a dizer, em todo o mundo. Após anos de ausência, a série de ficção científica originária da Alemanha retorna ao cenário editorial brasileiro,
para satisfação dos que um dia acostumaram-se a acompanhar suas histórias periodicamente. A série Perry Rhodan foi publicada no Brasil até o ano de 1991 e, em seus dezesseis anos de presença nas livrarias e bancas brasileiras, arrebatou milhares de dedicados e ardorosos fãs.
Em suas páginas, os leitores encontravam as sementes de imaginação que a cada episódio criavam raízes cada vez mais entranhadas e fortes em suas mentes ávidas pelas aventuras, mistérios e fascínios ímpares apresentados pela série. Raízes que certamente não foram cortadas
de todo após o abrupto cancelamento da publicação publicação no princípio da década de 1990. Afinal, com a interrupção da série no Brasil, teve início a luta dos fãs pelo seu retorno – e, após quase dez anos de persistentes ações, essa luta culminou com a iniciativa da editora SSPG em trazer
Perry Rhodan de volta ao idioma português.
Apesar do longo tempo de ausência, há que constatar que este realmente parece ser o momento certo para o retorno da série. O forte apoio dos antigos leitores que confiaram no projeto da SSPG e assinaram antecipadamente esta nova edição; as sólidas diretrizes da editora, direcionadas para a produção de uma edição que honre o nome da série e os interesses de seus
fãs; a intenção de realizar um projeto de longo prazo e sem perspectivas de interrupção – algo fundamental ao se tratar de uma coleção seqüencial seqüencial de histórias que já sofreu um revés; e a relação positiva entre todos os envolvidos na produção da edição, desde a equipe de contato da VPM – a editora alemã proprietária da série – até os revisores e diagramadores no Brasil. Todos esses fatores despertam uma forte esperança na realização de um trabalho de sucesso
para esta nova edição em português de Perry de Perry Rhodan. Rhodan. É claro que esse não será um trabalho simples. Perry simples. Perry Rhodan é uma série monumental, que há quatro décadas é publicada semanalmente semanalmente na Alemanha e conta com diversos produtos derivados e edições estrangeiras. estrangeiras. São mais de dois mil fascículos que formam uma uma seqüência narrativa contínua. Cada episódio segue naturalmente o anterior e, ao mesmo tempo, mantém a sua individualidade, permitindo sua leitura como uma obra independente. Para facilitar o acompanhamento acompanhamento por novos leitores, a série é dividida em grupos de 50 ou 100 volumes,
denominados ciclos. ciclos. Cada ciclo tem uma ação bem definida no contexto da série, com início, desdobramentos e desfecho. Essa solução interessante para a organização da série facilita a adesão de novos leitores e evita a frustração dos leitores mais antigos, que de outra forma teriam que ficar indefinidamente à espera da conclusão dos arcos de histórias mais amplos da
coleção.
Diante desses aspectos, uma das decisões mais importantes para a preparação da nova edição em particular foi selecionar qual o ponto de reinício para a edição em português dentre as centenas de opções disponíveis. A alternativa alternativa mais óbvia seria continuar diretamente a seqüência interrompida no Brasil, com o volume 537. Entretanto, Entretanto, isso criaria uma barreira contra a conquista de novos leitores – que provavelmente não teriam interesse em acompanhar uma história a partir do meio de sua ação. Publicar a série sé rie desde o volume 1 não seria interessante
para os antigos leitores, ansiosos por aventuras inéditas. O mais indicado realmente seria começar a publicar a partir de um início de ciclo ainda não disponível em português. Opções para isso não faltam na série: o grande ciclo atual do volume 2000, que – sob certos aspectos – traz a série sér ie de volta às suas origens; o ciclo da Liga Hanseática, que mostra a Humanidade em
conflito com um poderoso poder cósmico; o ciclo dos cantaros, que representou uma mudança profunda na condução dos rumos da série; ou talvez o recente ciclo Thoregon, muito apreciado
pelos leitores alemães.
Entretanto, nenhum deles parece tão adequado quanto o ciclo que começa a ser publicado
a partir deste volume especial. O ciclo do Concílio inicia um grande arco de histórias na série, aclamado pelos leitores alemães como um dos mais fascinantes de toda a coleção. Esse ciclo prepara o leitor para as grandes transformações introduzidas na série ao longo dos ciclos seguintes, que enriqueceram a sua temática e deixaram fortes for tes influências até hoje nos conceitos cósmicos em que as histórias se apoiam. Além disso, a proximidade desse ciclo com o ponto em
que a série Perry série Perry Rhodan foi interrompida no Brasil deverá tornar mais fácil para os antigos leitores acostumarem-se acostumarem-se com a nova ambientação das histórias, já que poucos volumes separam
os dois pontos. Poucos volumes, claro, considerando o total deles que compõem a série... De qualquer modo, não é primordial conhecer em detalhes as histórias anteriores da série
para acompanhar as tramas deste novo volume. Por se tratar de um início de ciclo, a ambientação
corrente e os personagens são introduzidos de forma a facilitar a adaptação dos novos leitores ou dos que não acompanharam os últimos enredos da antiga edição brasileira. Além disso, este volume traz materiais adicionais que servem como introdução a este novo ciclo: um resumo de todos os ciclos anteriores, uma apresentação da série sob o enfoque editorial e um glossário dos principais termos específicos da série que aparecem nos episódios deste volume. Enfim, com este volume inicia-se uma nova fase na história de Perry de Perry Rhodan em língua portuguesa. O ciclo do Concílio está começando, e muitas novidades e surpresas aguardam os leitores. Além disso, a brecha para a expansão da linha de publicações da série em português está se formando no rastro do aguardado sucesso desta edição inicial. Os volumes que por ora foram deixados de lado na seqüência da série poderão ser uma realidade em português no futuro – bem como os episódios originais desde o volume 1 e outras séries derivadas de Perry de Perry
Rhodan que já foram editadas na Alemanha. Mas, por enquanto, o importante é aproveitar este volume inédito e fazer o máximo para que a série consolide-se nesta sua nova edição. Esperamos que os antigos aficionados pela série e aqueles que estão descobrindo-a agora apreciem intensamente este trabalho e as novas peripécias de Perry Rhodan e seus companheiros. Este é um projeto realizado com muita dedicação e apreço pela série, e que esperamos não ter data para ser encerrado. Belo Horizonte, maio de 2001.
Rodrigo de Lélis
Editor-Chefe – Publicações Perry Rhodan
SSPG
Prefácio especial da nova edição brasileira Perry Rhodan é a série mais longeva da história da ficção científica de nossa era. Nascida para ser mais um ponto de leitura da editora Erich Pabel-Arthur Moewig, tornou-se em pouco
tempo uma febre de proporções gigantescas em seu país de origem, a Alemanha. Seus autores, Karl-Herbert Scheer e Walter Ernesting, elaboraram em 1960 uma série para
ser interligada por volumes independentes mas relacionados de aproximadamente 30 volumes. Desde seu lançamento em setembro de 1961 até hoje, quando esperamos completar quarenta anos, já foram lançados mais de 2050 volumes, e com o fôlego aumentado e a determinação de
seu corpo editorial, teremos possivelmente mais quarenta anos pela frente.
A série tem sua força na capacidade inventiva de seus autores, na organização de sua estrutura com seus ciclos de histórias e principalmente na força de seus personagens, lidera-
dos por Perry Rhodan, o homem do futuro.
A atração desses livros é contar a história da Humanidade do futuro, desde seus primórdios, com o lançamento da nave americana Stardust, no primeiro vôo tripulado a pousar na Lua.
Lá encontram a raça dos arcônidas, que num pouso forçado estabeleceram-se em solo lunar. Começam as aventuras de Rhodan e seus amigos em busca da imortalidade, das estrelas e
então, de mais de três mil anos de história desta nova Humanidade.
Em seus mais de 2000 volumes, a Humanidade cresce, expande-se pelo universo e vê
seus personagens se multiplicarem e tomarem consciência do seu existir. Esta expansão acom panhou o desenvolver da série pelo mundo. Em poucos anos, a Europa foi invadida pela rhodanmania. rhodanmania. Além da série principal, a VPM criou a série Romances Planetários, contando fatos apenas citados na série principal e outros assuntos.. Surgiram HQs contando histórias do universo rhodaniano. Surgiram LPs com histórias sendo contadas. Lançaram a série Atlan, sobre um dos personagens principais e amigo de Rhodan. Criaram-se fã-clubes, e fanzines foram editados pelos seus adeptos, revistas especializadas especializadas sobre o assunto foram lançadas, a
série passou para o Japão e para a América, aportando no Brasil em 1975.
Quando chegou ao Brasil em 1975, o mundo já havia sido invadido até mesmo com o lançamento de um filme, muito fraco para ser lembrado por todos. Mas esta edição brasileira, mais aproximada do volume norte-americano, conseguiu cativar seus leitores. Sem muito estardalhaço e com pouca visão editorial, uma editora brasileira manteve sua publicação com várias interrupções até que em outubro de 1991, desfez todos os sonhos dos fãs brasileiros, cance-
lando mais uma vez e definitivamente sua publicação.
Então, fãs brasileiros da série, sem resignar-se, iniciam uma campanha para tentar fazer com que ela retornasse a ser publicada no Brasil. Inicialmente um fã gaúcho contata a Ediouro sem sucesso. Através de fãs de ficção científica espalhados pelo Brasil, consegue ampliar o leque de informações do Brasil para a Alemanha. Lança o seu fanzine Informativo Perry Rhodan. dan. Era 1 de maio de 1991, e com esta revista amadora inicia sua campanha de conhecer os leitores brasileiros, a fim de colocar sua idéia de republicação da série por outra editora brasileira ou por suas próprias mãos. Com mais de um ano de contatos, surge o Perry Rhodan Fã o
Clube do Brasil em maio de 1992.
O PRFCB nascia da necessidade dos fãs brasileiros de Perry Rhodan tomarem maior liberdade de contato com o universo rhodaniano como um todo. As negociações com a editora brasileira da época e a Moewig resultaram em nada. E a série tornava-se cada vez mais distante.
Em cartas imensas de seus fãs, optou-se por mudar radicalmente o IPR, a publicação do clube, para dar maior estabilidade aos fãs e proporcionar conhecimento conhecimento a todos. O número de fãs foi
aumentando e seu espaço se tornando mais democrático e dinâmico.
Começou-se a produzir textos e artigos sobre a série, e, com os contatos na Alemanha, traduzir resumos de volumes da série. Nada era mais desconhecido. Iniciou-se a publicação do fantástico “Perry Rhodan – O Caminho Para As Estrelas” , uma monumental obra de referên-
cia, resumindo a série do volume 1 ao 1810, com mais de 250 páginas.
Os fãs brasileiros começam a produzir pr oduzir material para a publicação nos fanzine IPR e a era
Internet chega trazendo novos associados, com mais idéias e fôlego novo. Nesta época, o PRFCB consegue da então editora brasileira uma resposta: a editora não mais tem interesse em
publicar a série no Brasil. Retomam-se os contatos um pouco esquecidos com a Moewig e então para surpresa geral, esta responde dando informações de que se poderia encontrar uma
editora que se dispusesse a relançar Perry Rhodan em língua portuguesa.
Na Internet, sites são lançados contando o universo rhodaniano, e o PRFCB se mantém ativo. Os associados chegam ao número de 60 pelo Brasil e Alemanha. Publicações bimestrais do IPR, material na rede, informações atualizadas por troca e tradução de fanzines eletrônicos
da Alemanha e Brasil etc. Os anos se passam...
Um contato com uma editora brasileira reacende a chama do retorno. Dá em nada. Vários
contatos com empresas editoriais brasileiras apenas desestimulam os fãs. A produção literária cai e Perry Rhodan parece distante para seus fãs. Mais uma tentativa de arregimentar os fãs surge com a criação de uma lista de discussão na Internet. Aumenta o contato entre os fãs, e uma listagem de mais de 500 fãs agrega todos, mas sem que nenhuma tentativa desse retorno. Não para o PRFCB, que luta pelo retorno da série. Num contato casual, fãs do clube ousam uma idéia antiga: produzir a série s érie em parceria com uma estrutura editorial profissional. Através da Star Sistemas e Projetos Gráficos Ltda, SSPG, a Moewig na Alemanha é contatada
e aceita o projeto. A série seria relançada com direitos para a língua portuguesa. A SSPG e a editora alemã analisam a idéia e decidem relançar re lançar a série a partir do volume 650, com o ciclo c iclo “O Concílio”. O ano de 2001 é voltado para a consecução de anos de batalha, tendo a editora SSPG
contatado o clube para que q ue a auxiliasse na empreitada de produzir os primeiros volumes. Agora, está em suas mãos o trabalho de muitas pessoas. O PRFCB congratula a todos, sem exceção. Para nós do Perry Rhodan Fã Clube do Brasil a SSPG vem desempenhando um trabalho exaustivo e correto na condução de um projeto muito
bem elaborado. Depois de muitos anos, com Perry Rhodan de volta em língua portuguesa, sabemos que nossos esforços não foram em vão e que este esforço foi recompensador. A série
hoje para os brasileiros não é um mistério. Possuímos muita informação sobre ela. Mas nossa batalha agora é a de aumentar o número de fãs e fazer com que ela também seja universal e
atemporária, atravessando eras de publicação em nosso país. Também é sua esta obra. obra. E hoje, o seu esforço esforço junto com o PRFCB é o de manter manter e aumentar sua distribuição em nosso país. Participe! Estamos em maio... Dez anos de Informativo Perry Rhodan e nove de PRFCB. Sinto um orgulho muito grande do que iniciei a fazer. E saber que muitas pessoas apostaram neste sonho
e o realizaram. E que participei.
Daqui a poucos dias será dia 19 de junho. Nascimento de K.H. Scheer e trinta anos de
lançamento da Stardust. Um abraço e boa leitura.
Santa Maria (RS), maio de 2001 Alexandre Pereira dos Santos Presidente – Perry Rhodan Fã Clube do Brasil
Nº 650
A Liga dos Sete de WilliamVoltz Tradução de Francis Petra Janssen
A maior série de ficção científica do mundo! Na Terra e nos outros mundos da Humanidade registra-se o início do ano 3459. A última jogada do oponente da Humanidade, que se manifesta no conceito Anti-Aquilo, foi rechaçada
com sucesso quando, em abril do ano anterior, Perry Rhodan encerrou a sua “Odisséia Cerebral” e retornou ao seu corpo original. Contudo, parece que o período de provações ao qual a Humanidade foi submetida ainda está longe
de terminar. O ser imaterial Aquilo, que no jogo de “xadrez cósmico” estava do lado da Humanidade,
também aludira a algo semelhante.
E é assim que, cerca de oito meses após o retorno de Perry Rhodan, surge um novo e inesperado
confronto das profundezas do espaço sideral.
Inteligências estranhas de uma outra galáxia aparecem no Sistema Solar e fazem uma demonstração
de seu extraordinário poder, ao qual a Humanidade não tem nada comparável a contrapor, e exigem a incorporação da Via-Láctea à Liga dos Sete... Sete ...
Perry Rhodan
Se as provações que nos foram impos-
dos ali por suas mães. Ninguém entendia por que algumas mães xisrapes agiam de forma tão desumana — com exceção de certos políticos ignorantes de algumas províncias, que viam perigo em qualquer estranho
tas por Aquilo por Aquilo e Anti-Aquilo não tiverem sido totalmente em vão, logo vamos colher resultados diretos do fato de as termos su perado. É claro que sequer podemos ima-
ginar as conseqüências. Todavia, ainda
e acreditavam numa invasão secreta dos xis-
rapes.
não temos um quadro acabado sobre tudo o que aconteceu, como um mosaico em que várias peças estão faltando. Assim que tudo se encaixar formando
Bastava Chinnel olhar para o estranho
que pairava sobre o telhado para saber que Calloberian era completamente inofensivo. O xisrape parecia-se com um lençol branco de dois metros, para fora do qual aqui e ali despontavam braços e pernas bem fininhos.
um todo harmonioso, saberemos mais a respeito. Portanto, proponho que, no mo-
mento em que um acontecimento acontecimento imprevi sível nos revelar a razão de nossas sérias
provações, que ele seja chamado de “Caso Harmonia”. Perry Rhodan durante entrevista coletiva em 15 de dezembro de 3458, na cidade de Terrânia.
Além dos membros, cuja quantidade não era nada fácil para um observador determinar
Personagens principais deste episódio: Perry Rhodan - O Administrador-Geral
é nomeado soberano da Via-Láctea. - Um alienígena que veio de NGC 3190.
Hotrenor-Taak
(Chinnel sabia que eram dezesseis), existiam ainda inúmeras intumescências orgânicas sob a pele branca. Na extremidade su-
perior do corpo de Calloberian - Um xisrape. Calloberian existiam Como era gostoso flutrês protuberâncias viRoctin-Par - Chefe da resistência contuar sobre o telhado com o tra o “Concílio dos Sete”. suais, uma vesícula faórgão antigravitacional atilatória e um órgão auRas Tschubai e Gucky - Os teleportavado, inspirando o ar suaditivo semelhante a dores fazem um “passeio”. ve da noite e observando uma esponja. Para se o cintilar das máquinas alimentar, esse estravoadoras dos terranos. Calloberian passanho ser fazia uso de uma superfície epidérmica com poros graúdos através da qual va quase todas as noites em cima do telhado da casa de Chinnel, pois, ao contrário sugava fluídos albuminosos para dentro do dos seus anfitriões, não precisava dormir. seu corpo. Anton Chinnel, que observava o xisrape Calloberian adorava leite, mas nem por da janela do sótão, sorria s orria compreensivo. Sua isso desprezava cerveja, água, vinagre ou família adotara o xisrape degredado quanóleo, de acordo com a situação. do ele estava na sua terceira escamação (o Quando Anton Chinnel fez menção de que correspondia a seis anos terranos) e o se recolher, o xisrape desceu flutuando até acolhera em sua casa. Calloberian era um ele. — Você ada está acordado, Ton? — Callodos cerca de mil e duzentos xisrapes que, ainda bebês, haviam sido encontrados em berian não conseguia emitir os sons “an” e diversos planetas da Galáxia com atmosfera “in” com a sua vesícula falatória. — Espero de oxigênio. Eles haviam sido abandonaque não de preocupado comigo. 1.
=<
A Liga dos Sete
Mas seria prejudicial para a sua autoconsciência se você não aprendesse a tomar as suas próprias decisões e agir de acordo com elas. Você precisa se tornar completamente independente. E para isso tem muito o que aprender. — Isso eu entendo! — disse Calloberian, girando cuidadosamente sobre o seu próprio eixo. Os finíssimos apêndices externos da pele eriçaram-se obliquamente em relação ao corpo. — Sem dúvida será muito teresste!
— Sargia deixou mais uma garrafa de leite
no seu quarto — avisou Anton. — Lembre-
se, amanhã é o seu primeiro dia de aula. Em Terrânia, existia uma escola para extraterrestres. O “corpo docente” compunhase basicamente de aparelhos tradutores e positrônicas, pois esta era a única alternativa para ensinar uma infinidade de seres diferentes. Dois galatopsicólogos experientes
e alguns assistentes dirigiam a escola. — Tes fosse você meu professor, Ton! —
disse Calloberian, triste. — Não tenho experiência e sabedoria
— Interessante! — Vez por outra An-
las diferenças anatômicas, o entendimento entendimento entre Calloberian e a família Chinnel ia de
ton ainda se via corrigindo as inevitáveis violações verbais do xisrape. — Também é importante que você tenha contato com outros alienígenas. Isso vai aliviar o peso da solidão que, mais cedo ou mais tarde, você também vai sentir. O importante é que na escola você vai ter um contato mais freqüente com outros xisrapes. — Não estrho mais esta casa — considerou Calloberian. — Sabe, não consigo me imagar distte daqui por muito tempo. — Sargia, Meckton e eu também sentiremos muito a sua falta falta — admitiu Chinnel. — Mas não se trata de uma separação separação definitiva. Vamos nos ver todos os fins de semana, sem falar das férias. — Sei muito muito bem o que vocês todos fizeram por mim. — Um dos quatro bracinhos apareceu e tocou suavemente o rosto de Chinnel. Chinnel. — Por isso devo muito muito a vocês. Quando Calloberian quis entrar na casa pela janela, todas as estrelas no céu se apagaram de repente. Foi um fenômeno tão abrupto e inesperado, que nem Chinnel nem o xisrape o perceberam ou puderam entender de imediato. No começo, foi apenas uma modificação
vento em popa.
moderada na atmosfera. Uma sombra amea-
— Você sabe que não é nem nem nunca foi um peso para para nós — continuou Anton. —
çadora se projetava sobre o lugar. Anton Chinnel tinha a sensação de estar sendo
para isso — retrucou Chinnel. — Você deve aprender a agir por conta própria — mesmo num mundo estranho para você como a Ter-
ra. Além disso, não precisa se preocupar. Na escola, todos tratarão você como um amigo e o aprendizado vai parecer uma brin-
cadeira. — Estou um tto seguro seguro para o trabalho psicológico — confessou o xisrape. — Às vezes acho que eles têm a tenção de me
transformar num terro. — Você acredita acredita mesmo mesmo que os nossos
galatopsicólogos seriam capazes disso? — Não...! — A resposta soou hesitante. A voz de Calloberian não era muito alta. Por causa dos constantes movimentos pulsantes da vesícula falatória, ouvia-se sem pre um ruído como que de água fervendo. Quando dera abrigo ao xisrape, a maior dificuldade de Chinnel foi fazer Calloberian entender que era preciso inserir uma pausa entre as palavras. No começo, tudo o que aprendia custosamente Calloberian repetia aos borbotões, de forma que quase não se
podia perceber um sentido. Agora isso havia mudado. A não ser pe-
==
Perry Rhodan
Chinnel e o xisrape saíram do sótão. Sargia estava em pé no corredor, com Meckton nos braços. O menino escondera o rosto no ombro da mãe e soluçava. Do corredor, Anton podia ver a sala de estar. A janela estava aberta. Dava para ver um pedaço do céu, ainda escuro. Ou seja, o fenômeno ainda não havia passado.
estrangulado. Ele curvou o corpo para se proteger e encolheu-se dentro do sótão. Seu coração ameaçava parar de bater.
Calloberian emitiu um som de lamento. Quando Chinnel ergueu a cabeça, o céu estava escuro. Era como se alguém tivesse puxado uma gigantesca cortina negra na
frente das estrelas. — As estrelas sumiram! — exclamou Chinnel horrorizado. — O que significa
— As últimas notícias! — ordenou An-
ton.
isso?
O televisor de parede tridimensional, pro-
gramado para obedecer aos comandos de voz dos dois membros mais velhos da família, reagiu instantaneamente e iluminou-se.
— Estou vendo! — concordou Callo-
berian. — Isso está me assustdo. Ele voltou para fora e ficou flutuando ao ar livre para poder observar melhor. Anton
Anton viu o símbolo do Império Solar:
uma mão humana e uma não humana sobre o fundo da Via-Láctea. Logo abaixo, em sete idiomas distintos:
Chinnel também saltou para fora. Nas casas
as luzes iam se acendendo. As pessoas que já estavam dormindo também pareciam sentir a alteração e iam para as janelas de suas
EDIÇÃO EXTRAORDINÁRIA. — Já vamos saber o que está acontecen-
residências.
do! — disse Chinnel.
Chinnel podia ouvir os gritos de pavor
que vinham da rua.
Ele acendeu todas as luzes da casa, mas
a claridade não conseguiu espantar o seu temor. A imagem do céu escuro não saía de sua mente.
Os planadores que circulavam à noite saíam dos corredores aéreos e dirigiam-se
ao local de pouso mais próximo. — Todos estão vendo! — disse Chin-
— Será um campo de energia? — per-
nel. — Não é uma alucinação.
guntou Sargia.
— Poderiam ser nuvens? — pergun-
— Não sei — respondeu Chinnel perple-
tou Calloberian.
xo. Ele olhou para sua mulher. Ela era alta e magra, com ombros bem desenvolvidos, em proporções incomuns nas mulheres. Ela sacrificara os seus cabelos verdadeiros em favor de uma peruca biossintética em estilo escova, em moda no momento. Antes de Sargia, Chinnel já assinara contratos matrimoniais com outras quatro mulheres. Nenhum desses casamentos havia dado certo. Uma vez por ano, Chinnel encontrava-se com uma de suas ex-esposas para não perder o vínculo sexual com elas. Sargia não se opunha a isso. Ela era equilibrada, quase fria. Às vezes, Anton tinha a impressão de que ele não passava de um cálculo matemático na vida dela. Como Meckton ainda era
Chinnel apontou para a meia-lua clara-
mente visível. — O céu está completamente completamente limpo. Continuamos vendo a Lua normalmente. A barreira que se instalou entre nós e as estrelas deve estar muito além no espaço. Prova-
velmente nos limites do Sistema Solar. Ele segurou uma das perninhas de Callo-
berian. — Tenho certeza de que a qualquer momento vamos ter uma transmissão extraor-
dinária da Televisão Terra. Agora Chinnel ouvia Sargia e Meckton chamando por ele dentro de casa. Eles tam bém haviam acordado e estavam com medo. =>
A Liga dos Sete
muito novo para assumir a chefia da família,
Chinnel sabia que, com a adoção, assumira também a responsabilidade por aquele jovem alienígena. Calloberian parecia totalmente perturbado. Muitas vezes Anton já notara que o jovem estranho apresentava uma relação especial com os fenômenos naturais. Assim, toda vez que chovia, o xisrape ficava entorpecido, completamente estático. Esse comportamento se dava tanto dentro de casa como ao ar livre. — Vou comunicar minha decisão a Sargia — disse Anton. Calloberian ergueu todos os quatro bracinhos. Eles não tinham pêlos e constituíam-se de uma massa firme, sem ossos.
Sargia e Anton revezavam-se nessa tarefa. Quando era a sua vez, Anton Chinnel sem pre tinha a sensação de que não conseguia dar conta do recado muito bem. Apesar disso, estava satisfeito. O casamento parecia
estável e sem maiores problemas. Os três humanos e o xisrape reuniram-se diante do televisor de parede. Pelo jeito, também em Império Alfa estavam todos perplexos. De repente, Calloberian disse: — Amhã não poderei ir à aula! — Bobagem! — retrucou Anton energicamente. — Em algumas horas tudo estará
normalizado. — Não é por isso — retrucou Calloberi-
— Isso nem você, Ton, nem Sargia vão
decidir — disse. — Por favor, não tornem as coisas mais difíceis para mim, pois eu irei de qualquer meira. Sargia sentou Meckton numa poltrona. — Calloberian! — exclamou atônita. —
an calmamente. Desde que haviam deixado o telhado, ele dava a impressão de ser uma outra pessoa. Para Anton, ele parecia mais adulto e independente. — Tenho que ir até Império Alfa e falar com Perry Rhod.
O que você está dizendo? Você faz parte da
Anton encarou-o.
nossa família. Gostamos de você e não que-
— Acorda, Calloberian! Você não sabe o que está dizendo. Ninguém vai lhe dar atenção — muito menos na situação atual. Você
remos perdê-lo. Você está fora de si.
Antes mesmo que Calloberian pudesse responder, a imagem no televisor de parede mudou. A transmissão não vinha dos estú-
não passa de um jovem xisrape. — Acredito que possuo algumas forma-
dios da TVT, mas sim, diretamente de Impé-
rio Alfa. A abertura sinalizava aos telespectadores que o programa estava sendo transmitido para todo o sistema e poderia, portanto, ser captado nos outros planetas e luas do Sistema Solar, bem como em todas as naves e estações que se encontrassem nesse setor. Um rosto apareceu no televisor de parede. — Perry Rhodan! — gritou Anton Chinnel surpreso. Ele não esperava que o Administrador-Geral nistrador-Geral fizesse pessoalmente um pronunciamento para toda a Humanidade. Isso vinha confirmar a importância do acontecimento de alguns minutos atrás. — Muitas pessoas que vivem no lado
ções importtes — afirmou Calloberian, de-
terminado. — Vou oferecê-las aos responsáveis. Dependerá deles aceitá-las ou não. — Calloberian precisa ficar com a gente! — intrometeu-se Meckton. — Não quero
que ele vá embora. O xisrape flutuou em direção à criança e a
acariciou. Meckton tranqüilizou-se e ergueu a ca beça. — Você vai voltar, Calloberian? — Isso nguém pode responder — retrucou o xisrape. — Mas sei que devo muito à Humidade. Talvez seja essa a chce de poder
retribuir. Anton e sua mulher trocaram um olhar. =?
Perry Rhodan
se à família. — Não existe perigo imediato. As palavras seguintes foram para Callo berian.
diurno do nosso planeta ainda não sabem o que aconteceu — iniciou Rhodan o seu pronunciamento. pronunciamento. Ele parecia completamente sereno, mas isso não significava nada. Sabia-se que o Administrador-Geral raramente perdia o autocontrole. — Neste momento, através dos noticiários e deste pronunciamento, é que saberão o que está se passando. Aparentemente o Sistema Solar foi completamente desligado do resto do Universo. Não é mais possível visualizar as estrelas e galáxias. Da mesma forma, as nossas naves estacionadas na fronteira do sistema não conseguem mais localizar as estrelas. A comunicação por rádio entre as estações externas do Sistema Solar e a Terra continua funcionando sem problemas. Para além desses pontos, porém, até agora todas as tentativas de estabelecer um contato fracassaram. Já providenciei para que diversas naves saiam do Sistema Solar e tentem alcançar um sistema estelar vizinho. No momento, podemos apenas formular hipóteses a respeito do tipo de fenômeno que está ocorrendo. Nossos cientistas mais importantes acreditam que todo o Sistema Solar encontra-se envolto por um invólucro energético pentadimensional. pentadimensional. Como isso aconteceu é completamente desconhecido. desconhecido. Não existe nenhum perigo imediato no que se refere à segurança dos habitantes do Sistema Solar. Vocês serão
— Com isso também as suas incertezas
devem ter sido eliminadas. — Preciso mter a mha decisão — res-
pondeu o xisrape. — E também não adita esperar até amhã. Vou partir agora. O modo como o xisrape falava impressio-
nou Chinnel. Diante dele não estava mais um
extraterrestre infantil que precisava de sua ajuda, mas sim um alienígena adulto que sa bia exatamente o que pretendia. Para Chinnel
era uma situação embaraçosa. Ele se sentia cada vez mais constrangido. De repente, já não sabia mais como agir com Calloberian. O xisrape parecia sentir essa inseguran-
ça. — Não precisa se preocupar comigo,
Ton! Chinnel tomou sua decisão. — Não vou deixar você partir, Callobe-
rian. Amanhã cedo vou falar com o galatopsicólogo que dirige a escola. Ele vai saber nos aconselhar. O xisrape desmoronou sobre si mesmo.
Ele parecia um pedaço de pano amarfanhado no chão. — Era isso que eu temia — disse ele. —
Você não pode me deter, Ton! Ele deslizou rente ao chão em direção à
porta aberta. Com três passos, Chinnel ultrapassou-o e fechou a porta, postando-se com as costas apoiadas contra ela. Sargia e Meckton observavam a cena em silêncio.
mantidos informados por este canal. Com isso o pronunciamento foi encerrado. No lugar de Rhodan, apareceu um hi perfísico que discorria sobre as possibilidades de diversos tipos de campos energéti-
— Se for preciso, vou usar a força para
impedi-lo, Calloberian! — Isso você não pode fazer, Ton! — re-
cos. Chinnel já não prestava mais atenção.
petiu o estranho.
Era surpreendente como o pronunciamento simples e direto de Perry Rhodan, restrito a
tom de voz. O relacionamento de pai e filho que até agora unia Chinnel e o xisrape parecia haver se invertido completamente: ele, Anton Chinnel, sentia-se uma criança inde-
Pela primeira vez, havia irritação em seu
poucos detalhes, conseguira tranqüilizá-lo. — Vocês ouviram — disse ele, dirigindo=@
A Liga dos Sete
fesa perante Calloberian. A voz de Chinnel soou descontrolada: — Não vou deixar você partir! Nesse momento, uma névoa azulada qua-
nessas circunstâncias. Calloberian passava pela rua quase sem ser notado. Flutuando, foi foi até a estação transmissora mais próxima.
se imperceptível saiu de Calloberian e en-
Um homem e uma mulher aguardavam na
volveu a cabeça de Chinnel. Ele sentiu a inércia tomar conta dele. Simplesmente Simplesmente fi-
frente dele para darem um pulo no Centro.
cou ali, imóvel, olhando para Calloberian. — Não sou seu imigo — disse Callobe-
phar? — perguntou Calloberian educadamente. O homem estava nervoso. A mulher, ao contrário, parecia sonolenta e ainda não ter se dado conta do que estava acontecendo. — Você é um xisrape, não é mesmo? — perguntou o homem. — Sou — respondeu Calloberian. — O que você acha de toda essa história?
— Vocês se comodam se eu os acom-
rian. — Ada sou seu amigo, acredite em mim.
Então, ele afastou Chinnel para o lado, atravessou o corredor e saiu. Sargia emitiu um som que deixava perce ber claramente sua perplexidade. O desenrolar dos acontecimentos a surpreendera de tal forma que se sentia incapaz de tomar
qualquer atitude. Só Meckton pulou da poltrona e correu atrás de Calloberian. — Aonde você vai? — Estou do para Império Alfa — expli-
Talvez, pensou Calloberian achando a
idéia divertida, o terrano acredite que um extraterrestre extraterrestre saiba mais acerca desses fatos. Neste caso em especial, ele não estaria longe da verdade. — Sei tto quto o senhor. — Estação livre! — chamou a positrônica transmissora. transmissora. Os dois humanos e Calloberian atraves-
cou o xisrape. — Não se esqueça de mim,
Meckton. — Você vai voltar? — indagou o garoto.
— Não! Meckton pressentiu que se tratava de uma separação definitiva. — Eu vou com você vo cê — disse o garoto com sua lógica infantil. — O seu lugar é junto da sua família —
saram a antecâmara. antecâmara.
— O senhor pode pré-programar o seu desto — sugeriu Calloberian. O homem aproximou-se da coluna lateral e disse o seu destino. — Agora é a sua vez — disse, dando lugar a Calloberian. — Gostaria de ir até o mais perto possível de Império Alfa — disse Calloberian. Mas imediatamente ocorreu-lhe que talvez a pequena positrônica não tivesse condições de entender essa frase e acrescentou: — Local: Império Alfa! O mais próximo possível. — Aonde você pensa que vai? — perguntou o homem atrás de Calloberian, franzindo a testa. Agora, além de nervoso, ele também ficou desconfiado. — Você perten-
recusou Calloberian. — De qualquer forma,
é melhor você ficar com Ton e Sargia. Meckton, que ainda bem pequeno aprendera a impor suas vontades quando necessário, reconheceu a autoridade daquele que até esse momento fora seu hóspede. Então virou-se e voltou para sua mãe, que já vinha
atrás dele. Calloberian desceu a escada flutuando e abriu a porta que dava para o quintal. Ouviu o barulho que vinha da massa de pessoas que afluíra às ruas. Em todos os lugares elas
davam sinais de que estavam com medo. Certamente ninguém pensaria em dormir =A
Perry Rhodan
ce à Segurança Solar? — Não! — negou Calloberian. — Quero apenas tentar ajudar a Humidade.
tava num fenômeno natural. Por fim, chegou-se à conclusão de que só podia se tratar de uma demonstração de um poder infinitamente superior. As autoridades mantinham a calma. Não
2.
estava acontecendo nada que de alguma forma colocasse a Humanidade ou o Sistema Solar em perigo.
As estrelas desapareceram no dia 20 de
dezembro de 3458. Todo o Sistema Solar parecia ter sido re pentina e definitivamente separado do Universo. Além dos planetas e luas solares não
Em 29 de dezembro de 3458, Perry Rho-
dan, num novo pronunciamento transmitido pela TVT, TVT, proferiu a clássica sentença: sentença:
se podia mais ver, nem mesmo nos observa-
“Não temos dúvidas de que se trata do ‘Caso
tórios, nenhum outro corpo celeste. O sistema de radiocomunicação dentro dos limites do Sistema Solar continuava funcionando. Já, ao contrário, era impossível entrar em contato com os mundos coloniais e as estações repetidoras localizadas além da fronteira do sistema. As espaçonaves vindas de fora não podiam mais entrar. As naves que haviam partido ao comando de Perry Rhodan conseguiam alcançar sem problemas o espaço linear, todavia não encontravam outros sistemas solares ou naves além da fronteira do sistema. Isso parecia confirmar a teoria dos cientistas que
Harmonia’”. *
Já fazia mais de um ano que os cientis-
tas haviam devolvido o Traje da Destruição a Alaska Saedelaere. Apesar das pesquisas exaustivas, ninguém conseguira descobrir o segredo do traje. Alaska, cujo rosto fora deformado por
um transmissor, guardava o traje numa das alas residenciais de Império Alfa. Ele queria evitar a qualquer custo que o presente que lhe fora dado por um misterioso cyno chamado Schmitt caísse em mãos erradas.
afirmavam que o Sistema Solar se encontra-
Já havia se tornado um hábito para
va encerrado num envoltório energético pentadimensional. O sucesso dos vôos de longa distância das naves de reconhecimento fora apenas aparente — na verdade, as unidades da Frota Solar moviam-se numa zona supra-relativista onde os dados e números acabavam desorientando as naves. O Parlamento Solar mantinha-se em sessão permanente. Era impossível descrever a agitação generalizada.
Alaska, sempre que se encontrava em Im pério Alfa, ir até o seu quarto q uarto e abrir o armário onde guardava o traje. E desta vez não foi diferente. Devido à situação incerta, todos os
membros do Exército de Mutantes haviam sido chamados a Império Alfa. Após uma breve exposição feita pelos dirigentes do Império Solar sobre a situação atual, eles foram liberados para irem para os seus aposentos particulares.
Todos os grandes computadores eletrônicos e positrônicos do Sistema Solar, so-
bretudo Nathan, estavam ocupados com o fenômeno. Apesar de algumas especulações fantasiosas, nenhum cientista importante acredi-
O mutante mascarado, um tanto aves-
so aos encontros sociais, aproveitou a oferta mais que depressa. d epressa. Até agora o fragmento cappin que pos=B
A Liga dos Sete
suía no rosto não havia reagido às modi-
— Quem o mandou aqui? — Vim por iciativa própria. — Nenhum estranho, cujo acesso não tenha sido autorizado, consegue entrar em Império Alfa. A pele do xisrape, que se parecia com um pedaço de pano, começou a vibrar. Alaska teve a impressão que o intruso estava se divertindo. Os xisrapes, x israpes, lembrou Saedelaere, eram tidos como amistosos e inteligentes. Jamais houve incidentes envolvendo aqueles seres. Mais cedo ou mais tarde, esperava Alaska, também haveria uma explicação para a presença daquele estranho. Quase implorando, Alaska ergueu as duas mãos. — Então vamos começar do começo: como você chegou até aqui? — Pela porta! — respondeu Calloberian. — O limite externo de Império Alfa! Como você o ultrapassou sem ser notado? — Eu passei para um outro nível de energia — explicou Calloberian. Saedelaere suspirou. Sua garganta estava seca. Por um lado o visitante instigava sua curiosidade e, por outro, sabia que era sua obrigação notificar imediatamente violações como aquela. Ele deveria prender Calloberian e entregá-lo à Segurança Solar. O assunto deveria ser investigado. Mas o desconhecido não parecia nada perigoso. — O que você quer aqui? — perguntou Alaska. — Eu vim para ajudar os humos.
ficações cósmicas que estavam acontecendo. Ele se mantinha completamente completamente imóvel, de modo que Alaska de vez em quando conseguia se esquecer daquele
grumo orgânico em seu rosto. Ao abrir a porta dos seus aposentos, o mutante mascarado teve uma surpresa. Bem no meio do quarto havia um ser estranho. Um extraterrestre. extraterrestre. — Não quis assustá-lo — garantiu o jovem xisrape. — Mas há dias estou tentdo encontrar algum membro importte do
governo e não estou consegudo. — Eu não sou um membro do governo! — respondeu Alaska automaticamente. automaticamente. Ao mesmo tempo percebeu como era absurda aquela frase na atual situação. s ituação. Lá estava um desconhecido, em pleno Império Alfa, no seu no seu quarto — e ele não tinha a menor idéia se alguém havia autorizado a
entrada do xisrape. — Meu nome é Calloberi — disse o visitante. — Venho do setor Afcartz. Lá eu vivia como membro adotivo numa família
terra. Ao que tudo indicava, o invasor não estava armado. Também não parecia que estivesse ali para atacá-lo. Mesmo assim, o mutante mascarado, que tinha o costume de agir com cautela, lançou um olhar para o alarme e para o terminal de comuni-
cação ao lado da porta. — Pode chamar reforço, se quiser. — disse Calloberian. — Ada assim, eu ficaria muito contente se tes pudesse me
ouvir. — Como? — perguntou Alaska, atônito. — Oh! — exclamou o xisrape. — Es-
— Você acha mesmo que precisamos
da sua ajuda? — Acho! Nenhum humo consegue ver as estrelas. O interesse de Alaska foi aumentando. O que o xisrape sabia sobre os bastidores
queci de avisar que não consigo pronunciar dois encontros fonéticos de sua lgua.
Mas logo o senhor se acostuma. =C
Perry Rhodan
do “Caso Harmonia”? — De que forma você quer nos ajudar?
Como não recebemos notícias de fora do
Um dos quatro braços fininhos des pontou de baixo da superfície cutânea e
também não chegou nenhuma nave de fora, só podemos supor que o Sistema Solar tam bém não está visível para os observadores que estiverem fora de suas fronteiras. O fenômeno, portanto, é bilateral. — Trata-se do “Caso Harmonia” — contrapôs Julian Tifflor. — Temos que desco brir de qualquer maneira quem é o responsável por isso. — Mais importante é saber o motivo! — opinou Perry Rhodan. — Não creio que haja perigo de ataque imediato. Bell apontou para o xisrape. — Quem sabe ele possa nos ajudar a solucionar o enigma. — Podem contar comigo! — disse Callo berian, solícito. — Antes de nos aprofundarmos em nossas pesquisas, precisamos indagar se o desaparecimento das estrelas não seria apenas um primeiro passo das forças desconhecidas — Rhodan levantou-se e curvouse sobre a mesa. Ele olhou com seriedade para os seus amigos e colaboradores. — É possível que estejamos apenas no início do “Caso Harmonia”. Ele não poderia imaginar que suas palavras se confirmariam tão rapidamente. Alguns dias depois, no dia 5 de janeiro de 3459, iniciou-se a segunda fase do “Caso Harmonia”.
Sistema Solar, e desde o dia 20 de dezembro
apontou para o firmamento. — Eu consigo ver as estrelas! — de-
clarou o xisrape. *
A presença de tantos cientistas, médicos e membros do governo não incomodava Calloberian. Ele flutuava ao lado da longa mesa, bem entre os assentos de Perry Rhodan e Reginald Bell. Nesse meio tempo, já haviam sido coletadas informações a seu res-
peito. A família Chinnel do setor de Afcartz confirmara que Calloberian até agora havia sido um hóspede amistoso. Alguns dados indicavam que a capacidade visual do xisra pe se orientava energeticamente e que ele conseguia se movimentar entre diferentes níveis de energia. Essa assombrosa capacidade era inata, assim como seu órgão antigravitacional. gravitacional. Os cientistas, céticos a princí pio, aos poucos foram aceitando as informa-
ções que Calloberian fornecia. No dia 20 de dezembro de 3458, quando as estrelas sumiram, Calloberian também deixou de vê-las num primeiro momento. Mas isso foi só por alguns minutos e logo estavam visíveis novamente — pelo menos para ele e os outros mil e duzentos xisrapes
que viviam na Terra. Os órgãos sensoriais de Calloberian ha-
3.
viam se adaptado à nova situação. Às seis horas da manhã — hora oficial terrana — as estrelas voltaram a brilhar. Embora inicialmente isso pudesse ser percebido apenas pelos habitantes do hemisfério em que era noite, em poucos minutos toda a população da Terra já havia sido informada do restabelecimento da normalidade. A comunicação de hiper-rádio com as
— Segundo as palavras do nosso visitante, portanto, nada mudou — falou o pro-
fessor Waringer a todos os que se encontravam reunidos no salão de conferências. — As estrelas e o Sistema Solar permanecem inalterados no seu lugar. Quase se po-
deria dizer que somos vítimas de uma ilusão de óptica provocada deliberadamente. =D
A Liga dos Sete
espaçonaves e as colônias remotas também voltou a funcionar.
percebêssemos e só se tornou visível de pois que entrou em órbita — respondeu Reginald Bell. — Portanto, trata-se indiscutivelmente de uma segunda demonstração de poder técnico. Até a chegada desta nave misteriosa, eu teria jurado que nem mesmo
As autoridades na Terra receberam confirmações de que o Sistema Solar, do ponto de vista dos que estavam do lado de fora, também havia desaparecido nesse período.
Perry Rhodan enviou mensagens por hi-
um rato poderia entrar no Sistema Solar sem
ser percebido. Rhodan olhou para ele de esguelha.
per-rádio aos governos de todos os grandes povos da Galáxia, propondo-lhes debates sobre o que havia acontecido. Nas mensagens ele advertia que o fenômeno poderia representar um perigo para toda a Galá-
— Você e seus ratos! Na verdade, o que
importa não é o tamanho, mas sim as capacidades do objeto voador. — Essa nave parece ser bem grande — falou o arcônida. — E esférica. — É o que parece — concordou Rhodan. — Mas essa aparência esférica tam bém pode ser produzida por um u m envoltório de energia. — As naves da Frota Solar que tentaram uma abordagem também não conseguiram descobrir muito mais — lamentou Reginald Bell. — E os recém-chegados não reagem às mensagens que enviamos. Atlan olhou para os outros dois.
xia. A primeira resposta chegou algumas horas depois. Ela vinha do governo dos neoarcônidas. Os arcônidas propunham uma conferência geral com todos os povos galáticos importantes para discutir o assunto. Essa resposta praticamente equivalia a uma recusa à proposta de Rhodan, pois a preparação de uma conferência requeria muito tempo — e a questão era se de fato eles
ainda tinham algum tempo. O efeito psicológico causado pelo rea parecimento parecimento das estrelas fez com que os habitantes do Sistema Solar começassem a
— Talvez nem sequer seja uma nave es-
pacial, mas apenas uma forma desconhecida de energia. — É uma nave espacial, disso você pode ter certeza — afirmou Perry. O objeto que os perturbava desde sua aparição sumiu no horizonte.
esquecer o assunto. Porém, antes que o alívio geral pudesse se espalhar por todo canto, a espaçonave
alienígena surgiu sobre a Terra.
— Vamos aguardar os relatórios que vi-
*
rão do lado noturno do planeta — propôs Rhodan. — Talvez finalmente algo se mexa a bordo da nave alienígena. Se alguém está querendo nos visitar, não vai se dar por satisfeito em ficar voando indefinidamente ao redor do nosso planeta. Nessa altura da conversa, o alarme geral já havia soado. A Frota Solar estava pronta para entrar em ação a qualquer momento. Os tripulantes das fortificações espaciais da Terra concentravam toda a sua atenção so bre o objeto voador não identificado.
O dia já estava claro, mas mesmo assim os três homens que estavam em pé na co bertura do edifício principal de Império Alfa conseguiam ver a espaçonave descreven-
do sua órbita ao redor do planeta. — Quatro voltas — disse Atlan, objetivo. — E apesar disso ainda não conseguimos determinar tecnicamente a posição des-
se objeto voador. Apenas os nossos olhos
nos provam que ele existe. — Ele penetrou no Sistema Solar sem que
=E
Perry Rhodan
existe alguém a bordo desse objeto voador. Atlan e eu já descartamos a possibilidade de um ataque, mas não podemos correr riscos.
Apesar de todas as medidas de precaução, Perry Rhodan não contava com um ata-
que dos desconhecidos. Quem quer que estivesse naquela espaçonave não parecia ter intenções bélicas, pois do contrário teria
Os departamentos mais importantes de
aproveitado o fator surpresa.
Império Alfa possuíam tamanha mobilidade, que em curtíssimo espaço de tempo podiam ser transferidos para estações secundárias espalhadas pela Terra. Apesar disso, eles se mantinham em comunicação. — Será que estamos sendo observados? — cismou Atlan. — Ficarei muito decepcionado se não conseguirmos descobrir quem nos deu o prazer desta visita. — Nós vamos descobrir! — profetizou Bell, irritado. Pelo seu radiotransmissor de pulso, Rhodan ouvia as primeiras notícias do hemisfério noturno. Não havia novidades importantes. Aquela espaçonave que surgira de forma tão misteriosa parecia se dar por satisfeita em ficar girando ao redor do terceiro planeta. O que se escondia por trás de tudo aquilo? Sem dúvida, podia-se falar de uma demonstração de poder técnico. Quem conseguia isolar o Sistema Solar do restante do universo durante semanas e depois simplesmente entrava em órbita ao redor da Terra com uma simples espaçonave só podia ser muito superior à Humanidade. Até agora, nenhuma tentativa de entrar em contato com os alienígenas através do hiper-rádio havia dado certo. Também foram infrutíferas as tentativas com os aparelhos de rádio normais. Rhodan tinha certeza de que tudo aquilo, antes de mais nada, era apenas um motivo de ordem psicológica. — Eles querem nos deixar com a pulga atrás da orelha! — resmungou baixinho. — Talvez os desconhecidos estejam bem-
Contudo, aquelas eram apenas considerações humanas, como Rhodan tinha que admitir. Nunca se poderia ter certeza de que um extraterrestre pensaria da mesma forma.
Através de seu radiotransmissor de pulso, Rhodan foi informado de que a inquietação da população na Terra era cada vez mai-
or. Alguns administradores exigiam represálias. Há cerca de meia hora, o Parlamento
reunira-se novamente. Todavia, seus integrantes exaustos estavam por assim dizer fadados à inatividade, pois com um objeto voador impassível pairando sobre a Terra não era possível tomar nenhuma atitude política. Havia até alguns políticos que defendiam um ataque preventivo contra a nave es pacial, uma reivindicação a que Rhodan nem
sequer deu atenção. Os pensamentos de Perry Rhodan foram interrompidos com o chamado de Julian Tifflor da Central. — Aqui embaixo o pessoal não está muito satisfeito com essa reunião particular aí no telhado — disse Tifflor. — Eles querem
que você fique permanentemente na Central. — Nós subimos aqui apenas para poder ver a coisa mais de perto, Tiff — respondeu Rhodan. — Diga aos cientistas e membros do governo que não há motivo para apreensão. Mas, apenas como medida de precaução, vamos descentralizar Império Alfa. — Evacuar! — corrigiu Tifflor. Rhodan não se deixou desconcertar. — Trata-se apenas de uma medida preventiva. Não sabemos o que os alienígenas podem ter em mente — se é que de fato ><
A Liga dos Sete
intencionados — interferiu Julian Tifflor. Ele
cou ele. — Talvez eles reajam. Os especialistas em comunicação da Central entreolharam-se incrédulos. Eles sabiam que muitas vezes Rhodan escolhia caminhos insólitos, mas desta vez não acreditavam que ele pudesse ter êxito. — Aqui fala Perry Rhodan! — começou ele. — Não conseguimos determinar a sua localização, mas nós os enxergamos. Suas exibições até agora não foram nada ruins. Mas isso já está se tornando monótono. Todo bom programa precisa ter um fim, senão perde a graça. Para surpresa de Rhodan, dois alto-falantes reproduziram o som fraco de uma risada, que foi aumentando gradualmente. O riso parecia quase cordial e expressava algo de aprovação. — Eles reagiram! — exclamou Bell, sur preso. Ele postou-se atrás do assento de Rhodan, atento. De repente, ouviu-se uma voz desconhecida, grave e sonora. — Não nos enganamos a respeito de Perry Rhodan! — disse alguém num perfeito intercosmo.
podia acompanhar as mensagens pelo radi-
otransmissor de pulso de Rhodan. Atlan deu uma gargalhada. — Isso não dá para imaginar. Se alguém chega apenas com boas intenções, não precisa fazer uma demonstração de força desse
tipo. — Um momento! — exclamou Tifflor. — Está chegando uma mensagem interessante de Brasília. Os cientistas de lá conseguiram determinar o tamanho aproximado do objeto. Ele mede cerca de quinhentos me-
tros. Rhodan acenou com a cabeça para Bell e
o arcônida. — Vamos voltar à central de comunicação — sugeriu ele. — Tenho uma outra idéia para tentar fazer contato com os visitantes.
Quem sabe, dá certo. Bell coçou a nuca. — Talvez eles sejam tão diferentes que
não há possibilidades de comunicação. — Seres inteligentes sempre conseguem se comunicar uns com os outros, não im porta se as diferenças são grandes ou não
— Vocês nos presentearam com uma se-
mana de escuridão — respondeu Rhodan imediatamente. — Depois entraram sem permissão em nosso sistema estelar com o seu objeto voador e entraram em órbita ao redor do nosso planeta principal. O que diriam se tivéssemos reagido com o poder de fogo de uma grande nave de guerra terrana? Bell prendeu involuntariamente a respiração. Rhodan estava querendo provocar o alienígena? Novamente ouviu-se a voz desconhecida. — Estávamos justamente nos preparando para enviar-lhes uma proposta semelhante, Perry Rhodan. Cada um dos lados deve saber a que se ater. Faça um teste. Nós os desafiamos.
— retrucou Perry Rhodan. Juntos, entraram no pequeno transmissor instalado na cobertura e informaram o seu destino. Em tempo zero chegaram à Cen-
tral de Império Alfa, onde estavam instalados todos os tipos de equipamentos de
grande porte para radiocomunicação. Rhodan aproximou-se de um intercomunicador e ligou o vídeo. — Quero que todos os campos de d e energia ao redor de Império Alfa sejam desativa-
dos — ordenou ele. Bell deu um cutucão nas costas de Atlan.
— O que diabos ele pretende com isso? Antes que Atlan pudesse responder, Rho-
dan virou-se sorrindo para os dois amigos. — Agora vamos transmitir uma mensagem através das ondas ultracurtas — expli-
>=
Perry Rhodan
humanos, possuía quatro aberturas que
Perry Rhodan não contava com aquela resposta. Mas não deixou transparecer seu
podiam se fechar. A boca era larga e os lábios grossos tinham uma cor amarelada, o que
espanto e reagiu imediatamente.
levou Rhodan a supor que nas veias do visitante corresse sangue amarelo.
— Aceitamos o seu gentil convite. A nossa nave-capitânia é a Marco Polo. Ela vai atacar o seu objeto voador com todo o arsenal que tem a bordo. Para isso, é necessário que a sua nave recue para longe no espaço, pois tenho certeza de que já deve ter imaginado que não vamos querer colocar o nos-
pescoço abaixo, de forma que à primeira vista
so planeta em perigo.
pareciam suíças.
Além dos cabelos espessos, também as orelhas do ser chamaram a atenção de Rho-
dan. Lembravam brânquias translúcidas em forma de meia-lua que se estendiam pelo
— Que assim seja — disse o desconhe-
Quando o desconhecido falava entrevi-
cido.
am-se alguns dentes largos e arredondados.
Então aconteceu algo surpreendente.
— É hora de você saber quem eu sou —
Uma das telas se ligou. O estranho ficou visível.
disse ele cordialmente. — Meu nome é Hotrenor-Taak, e sou o emissário dos hetossanos.
Sua forma era semelhante à dos humanos. Ele tinha um pouco mais de um metro e meio de altura. De sua estrutura musculosa e do tórax em formato de barril podia-se deduzir que ele vinha de um mundo onde a gravitação era maior do que a da Terra. Todas as partes do corpo da criatura que não estavam escondidas pelas roupas iam de uma marrom escuro até um negro profundo. A pele parecia mais áspera e espessa do que a de um humano. O homem que se via na tela possuía dois braços e duas pernas. As mãos tinham cinco dedos. A cabeça, chata, apoiava-se sobre um pescoço curto e
— Não creio que eu precise lhe dizer
quem eu sou — disse Rhodan, acentuando cada sílaba. — Nós, os lares, conhecemos bem toda
a Galáxia — admitiu o alienígena sem rodeios. Seus gestos lembravam a Rhodan um tio bondoso que vinha para recompensar um sobrinho desobediente ou repreendê-lo com certa condescendência. — De onde vêm os seus conhecimen-
tos? — Rhodan quis saber. — Até agora nenhum de nós se deparou com um representante dos lares. — Realizamos observações profundas —
musculoso.
explicou Hotrenor-Taak imediatamente. — Mas isso não significa que somos habitan-
Cabelos só cresciam na cabeça do alienígena. Alguns chegavam a ter a espessura
tes desta galáxia. Viemos de uma galáxia lo-
calizada a vinte e um milhões de anos-luz, que vocês conhecem pela designação NGC 3190. Esta informação, enunciada de forma aparentemente despretensiosa, certamente tinha o objetivo de provocar um novo choque. Com toda a cordialidade, deixava-se bem claro para os terranos do que o povo que os visitava era capaz. Essa política fora talhada exatamente nos moldes da mentali-
de um dedo e lembravam espirais e spirais embaraça-
das entre si. O ser cortara os cabelos em
forma circular, de modo que ele parecia ter um ninho no alto da cabeça. Os olhos verde-esmeralda ficavam bem separados um do outro, bem no fundo das cavidades ósseas correspondentes. Eram grandes e brilhantes, e deles emanava a extraordinária inteligência do seu dono. O nariz era largo e chato e, diferentemente dos >>
Perry Rhodan está de volta! Faça a sua assinatura e comece já a sua coleção desta fantástica série de ficção científica! Para assinar: Pela Internet: www.perry-rhodan.com.br ou
www.sspg.com.br Por correio eletrônico:
[email protected] Por telefone: (0xx31) 3224-2050 Por carta: Caixa Postal 1307 – CEP 30123-970 Belo Horizonte – MG – Brasil Maiores informações nas páginas finais deste volume.
Perry Rhodan dade terrana, o que levou Rhodan a ter certeza de que os alienígenas já haviam realizado
Ele se lembrou das provações pelas quais a Humanidade passara. O aparecimento dos
estudos profundos em toda a Galáxia.
lares seria uma conseqüência daqueles fatos?
“Mas há quanto tempo?”, perguntavase o Administrador-Geral, cada vez mais
Aquilo prometera à Humanidade que um
perplexo.
dia ela poderia dominar o Universo — desde que nenhum erro decisivo d ecisivo fosse cometido.
São necessários mais do que alguns meses para reunir os conhecimentos funda-
Será que a Humanidade estava diante do
mentais sobre uma galáxia. Uma tarefa des-
próximo estágio de sua evolução? — Para começar, precisamos de um habi-
sas requer anos, mesmo que se disponha
de uma tecnologia tão formidável. Isso significava que os lares já se encon-
tante desta galáxia que a represente no Con-
travam na Galáxia há bastante tempo. Mas com que objetivo? Será que tinham planos de conquista?
cílio dos Sete — disse Hotrenor-Taak. — E você foi o escolhido por nós, Perry Rhodan. Um silêncio absoluto tomou conta da Central de Império Alfa. Humanos e alienígenas que trabalhavam nas várias subdivisões daquele amplo local e tinham ouvido as últimas palavras do lare interromperam suas atividades e olharam para Rhodan.
Se eles realmente vinham da nebulosa espiralada NGC 3190, essa hipótese deveria ser descartada. Uma invasão a uma distância de vinte e um milhões de anos-luz, mesmo que fosse possível para a tecnologia dos lares, não se mostrava como um empreendi-
mento lógico.
Todas as testemunhas daquele diálogo
— Certamente vocês não estão fazendo todo esse esforço para nos dar uma amostra de suas capacidades capacidades técnicas — ponderou Rhodan. — Deve haver mais alguma
sentiam instintivamente que vivenciavam um momento decisivo. O próprio Rhodan ficou desconcertado.
coisa por trás disso.
to como aquele. O convite, feito em tom amistoso, o surpreendeu.
Ele nunca poderia esperar um desdobramen-
— Sem dúvida — confirmou o interlocutor de Rhodan. — Eu sou o embaixador do
— Você é o Primeiro Hetran da Via-Lác-
tea, Perry Rhodan — declarou HotrenorTaak. — Você falará em nome de todos os seres inteligentes da sua galáxia no Concílio dos Sete. — Pelo visto, o seu estudo sobre a nossa galáxia não foi muito cuidadoso — disse Rhodan, recobrando rapidamente o autocontrole. — Do contrário, saberiam como são as relações dos terranos com os outros ou tros diversos povos espaciais. Não consigo imaginar que um blue ou um aconense permitiriam que eu os representasse. O alienígena abriu um sorriso largo. Pela primeira vez a sua amabilidade parecia calculada e sua voz adquiriu um tom levemen-
Concílio ou Liga das Sete Galáxias. Também
chamamos esse concílio de Hetos dos Sete. Na mente de Rhodan surgiu instantaneamente a imagem de uma conferência em sessão permanente, na qual estavam reuni-
dos os membros de sete galáxias. Existiria realmente uma potência como
aquela? — O Concílio dos Sete — prosseguiu
Hotrenor-Taak — chegou à conclusão de que os povos da Via-Láctea, sobretudo a Humanidade, já alcançaram um estágio de evolução que lhes permite ingressar nessa liga cósmica. Num átimo, Rhodan juntou alguns fatos. >@
A Liga dos Sete
— Acredito — disse Rhodan calmamente — que nos desviamos da questão princi pal deste momento. A sua proposta é muito interessante. Mas antes de passar às negociações de fato, voltemos ao teste.
te ameaçador.
— Quando o Concílio dos Sete nomeia um Primeiro Hetran, dá a ele todo o seu apoio — assegurou. — Não consigo imaginar a existência de alguém em toda a Galáxia que pudesse ignorar as decisões que esse re presentante viesse a tomar no interesse do
Hotrenor-Taak riu. Ele parecia se divertir.
— Esta é uma das suas típicas reações, terrano — disse. — Já contávamos com ela. Agora vamos recuar para bem longe no espaço e então você poderá mandar uma das suas naves atrás de nós — por mim, até toda a Frota Solar, se assim o quiser. A imagem foi desaparecendo da tela. Aquilo parecia, por ora, o fim da conversação para o lare. Rhodan recostou-se na cadeira e fechou os olhos. E assim ficou por alguns segundos. Ninguém o incomodou. Na Central im perava um silêncio profundo. — Então agora estamos sendo recom pensados — disse Rhodan finalmente. — Só que eu imaginava tudo isso de uma forma um pouco diferente. Tifflor apontou para a tela na qual há alguns instantes se via o alienígena e que agora estava novamente escura. — Achei-o bastante cordial e amistoso! — disse o Marechal Solar.
Hetos dos Sete. É claro! Rhodan reprimiu sua indignação. Aquele não era o momento mais adequado para mostrar sentimentos. Ele precisava ava-
liar friamente qual a melhor forma de agir
para não provocar uma catástrofe. As palavras do visitante davam a entender que a potência que ele representava estaria de qualquer forma por trás do Primeiro Hetran. E, ao que tudo indicava, o Concílio dos Sete estaria decidido a trazer povos re beldes de volta à razão, caso necessário. Um protesto dos blues contra a nomeação de Perry Rhodan poderia trazer graves con-
seqüências para esse povo. Rhodan, porém, não sentia nenhuma inclinação para conquistar uma posição de poder à custa de outros povos, muito menos no papel de mandatário de alienígenas.
Naquelas circunstâncias, Perry Rhodan precisava ganhar tempo. Ele tinha que descobrir qual era a verdadeira força dos de-
mais povos da liga. Apesar de toda a amabilidade do emissá-
— Você sempre foi uma pessoa bondosa
cido. Só com uma tática muito hábil ele conseguiria se desvencilhar daquela situação. Ele sabia que podia confiar nos seus co-
demais, Tiff — comentou Atlan. — Não podemos nos deixar impressionar pela ama bilidade do lare. — Os blues, os aconenses e os saltadores vão ficar muito satisfeitos quando sou berem o que os lares pretendem — disse Rhodan, sarcástico. — Por outro lado, certamente seria tolice recusar o convite do es-
laboradores. Enquanto falava, certamente a
tranho. Precisamos ganhar tempo. Isto é ex-
Segurança Solar e a USO já teriam dado iní-
tremamente importante agora. — Já estou me alegrando com o teste! — falou Bell, esfregando as mãos. — Nossos visitantes estão bastante seguros de si, mas eu acho que em poucos segundos já vão
rio dos hetossanos, como Hotrenor-Taak se intitulava, Rhodan sentiu-se encostado contra a parede pela proposta do desconhe-
cio a análises e processamentos. Contudo, não era muito provável que as duas organizações encontrassem soluções muito rapi-
damente. >A
Perry Rhodan
pedir o cessar-fogo. — Duvido — retrucou Atlan. — Eles são
mostrá-lo a você. O xisrape olhou para a peça respeitosa-
inteligentes demais para se exporem a um verdadeiro risco e já devem ter tudo calculado. Sou de opinião que foi um erro da nos-
mente. Desde a sua chegada a Império Alfa,
Calloberian era hóspede de Alaska Saedelaere. Os cientistas interrogaram o xisrape e concluíram que ele falava a verdade. Logo depois do aparecimento da nave alienígena, ele fora chamado à Central de Império Alfa, mas desta vez não pôde dar nenhuma informação.
sa parte aceitar o teste. Os lares vão se aproveitar da situação para nos mostrar mais uma
vez a sua superioridade. Rhodan ergueu os dois braços. — Não vamos brigar por causa disso! Gorducho, entre em contato com o coronel Elas Korom-Khan. Instrua-o exatamente sobre o que precisa ser feito. Os oficiais de ataque da Marco Polo devem usar as armas
Calloberian, no entanto, pedira autorização para poder continuar a viver em Império
Alfa. Rhodan, na esperança de que esse ser ainda pudesse prestar alguma ajuda com suas capacidades singulares, resolveu atender o pedido.
mais pesadas. Atlan sacudiu a cabeça. — Tudo isso me parece completamente completamente absurdo. Não deveríamos nos meter com esses lares de jeito nenhum, mas sim procurar alternativas para pôr em prática os nos-
Calloberian passou a ser o protegido de
Alaska Saedelaere. Em alguns poucos dias os dois seres, essencialmente diferentes, já eram quase amigos.
sos próprios planos. — Você tem alguma idéia? — Rhodan olhou para o velho amigo. — Além disso, no momento estou mais preocupado com outras coisas. Se a nova era da Humanidade já vai começar com um relacionamento de hostilidade, não vejo grandes perspectivas para o futuro. — Vamos até os sistemas de localização — interrompeu Julian Tifflor impaciente. — Estou ansioso para ver como será o ataque da Marco Polo.
— Posso tirar do armário? — perguntou
Calloberian. — Por favor — Alaska o incentivou. — Não se acanhe. Eu queria muito saber o que
foi que Schmitt me deu de presente. Calloberian tirou o traje do armário, flu-
tuou alguns passos para longe do móvel e deitou a peça no chão. Em seguida, desceu e acomodou-se so-
bre o traje. Alaska deixou-o à vontade. Ele mesmo já
havia realizado diversos experimentos com o traje. Parecia ser uma peça comum de ves-
tuário, confeccionada com um material desconhecido. Em um lado, o traje estava um pouco danificado e faltava um pedaço da manga.
*
Calloberian abrira a porta do armário e com duas mãos alisava a manga do Traje da
Destruição. Alaska Saedelaere observavao atentamente. — Os cientistas jamais conseguiram descobrir o significado dessa peça misteriosa — disse o mutante mascarado. — Depois que fiquei sabendo que você consegue se mover entre níveis de energia, pensei em
— É realmente uma peça sgular — disse
Calloberian. Nesse meio tempo Alaska já se acostumara à fala de Calloberian e entendia bem o visitante. — Sto uma irradiação peculiar difícil de explicar. — Dá para identificar algo especial? — Existe algo sgular — respondeu Callo>B
A Liga dos Sete
berian — mas não consigo descrever. É es-
lizadores. Mas como nesse meio tempo já fora possível calcular seu curso, um ponto de localização simulado indicava sua posição. A Marco Polo, por sua vez, estava perfeitamente visível. Ambas as naves encontravam-se fora da órbita da Lua. O comandante da Marco Polo, o coronel Elas Korom-Khan, mantinha-se em contato permanente com a Central. Como os sistemas localizadores hiper-energéticos da nave-capitänia não conseguiam determinar a posição da nave alienígena, os oficiais de localização a bordo da Marco Polo utilizaram velhos radares e aparelhos de ondas ultracurtas. Dessa forma eles conseguiram detectar o alvo. Alaska ouviu a voz do comandante. — Estamos nos aproximando sem dificuldades — informou o astronauta. — A nave alienígena é esférica e reflete um brilho amarelo-ocre. Ela me lembra um pequeno sol. — Essa força de irradiação a torna visível a longa distância — respondeu Perry Rhodan. — Já temos relatórios de Brasília. Lá estão estimando o diâmetro da nave em quinhentos metros. O que você acha? — Poderíamos confirmar com algumas reservas — relatou Elas Korom-Khan. — É claro que não sabemos se sob a redoma de energia visível se esconde um corpo menor. — Com exceção dos canhões conversores ultrapesados, que poderiam atingir os planetas solares, você deve usar todas as outras armas — ordenou Rhodan. — Os la-
trho demais. Quem sabe se eu me ocupar dele mais vezes, consiga descobrir o que é.
Saedelaere ficou um pouco desapontado, embora já tivesse imaginado que Callo berian não poderia lhe dar novas informa-
ções. — Quem sabe este traje não é para humanos — disse Alaska, pensativo. — É pos-
sível que... O intercomunicador zuniu. Na pequena tela em cima da mesa apareceu o rosto de
Bell. — O teste combinado com os lares já vai começar — começar — informou informou o Marechal Solar. — Perry gostaria de que você viesse à Central junto com o seu protegido para observar o
acontecimento. — Posso imaginar bem por quê — retrucou Alaska. — Rhodan espera que Calloberian consiga notar algum fenômeno de energia na espaçonave alienígena alienígena que eventu-
almente não seja perceptível para nós. Bell acenou com a cabeça, confirmando. — Não se demore, Alaska! O mutante mascarado pendurou o traje no armário. Em seguida, junto com Calloberian, saiu da ala residencial. Em poucos segundos, através de estações transmissoras e poços antigravitacionais, os dois estavam
na Central. Na frente dos sistemas de localização aglomeravam-se aglomeravam-se as pessoas que trabalha-
vam ali embaixo. Alaska e Calloberian logo foram conduzidos para a primeira fileira. Com um olhar de esguelha, Perry Rho-
res concordaram com isso. Podemos ter cer-
teza de que eles estão muito bem informados sobre a qualidade do armamento que temos a bordo. Pouco depois, o coronel informou: — Atingimos a posição de combate! — Não se trata de um combate — corrigiu Rhodan. — Trata-se apenas de um teste.
dan registrou a chegada de Alaska e do xis-
rape. Calloberian foi colocado bem na frente da tela panorâmica para que pudesse ob-
servar tudo muito bem. A nave alienígena, como sempre, não podia ser vista nas telas dos sistemas loca>C
Perry Rhodan
— O qu quee acont conteecer cerá se des destrui truirrmos essa essa
Atlan, Atla n, der derrotad otado. o. — Ela está se transformando! — exclamou o coronel. Seu rosto, visível em algumas das telas de comunicação, exibia sinais de grande excitação.
nave alienígena com uma carga de fogo? — perguntou Tifflor. — Vou até mesmo um pouco mais longe e pergunto se não é exatamente isso o que os estranhos desejam. Talvez eles queiram um pretexto para pode-
— O que está acontecendo? — Rhodan
rem lançar um ataque contra nós.
quis saber. Ele estava admitindo que no começo tivera esperança de que o teste alcançasse algum sucesso. — A nave está ficando cada vez maior. Está inchando, sem perder a sua forma circular, como uma bexiga — o coronel falava cada vez mais depressa. — Agora a bola começou a emitir um brilho amarelo-pálido. Todos ficaram mudos na Central.A Marco Polo continuava disparando com todas
Esse pensamento também já passara pela
cabeça de Perry Rhodan. Ele já havia avaliado as várias formas que o final desta ope-
ração poderia ter, com todas as respectivas conseqüências, e acabou concluindo que era impossível prever como isso iria terminar. Ele inclinou-se sobre o aparelho de rádio. — Abra fogo agora, coronel! Os canhões de impulso e os desintegradores abriram fogo. Ao mesmo tempo, começou o ataque com os canhões conversores mais leves. Torpedos eram disparados em direção à nave desconhecida, ao mesmo tempo em que ela era coberta por ondas paralisantes. Alguns instantes depois Rhodan ouviu o comandante da nave-capitânia suspirar. — A nave alienígena não reage! — exclamou Korom-Khan.
as armas, com exceção da artilharia conver-
sora ultrapesada. Rhodan estava convencido de que na central de ataque já haviam se esquecido há muito tempo de que se tratava apenas de um experimento proposto pelos visitantes. Os astronautas estavam levando a coisa a sério. — A bola parou de crescer — informou Korom-Khan alguns minutos mais tarde. — Agora a nave alienígena mede exatamente cinco mil metros e encontra-se completamente estável. — Cessar fogo, coronel! — disse Rhodan, desanimado. — Não tem nenhum sentido continuarmos a nos expor dessa maneira. — Waringer quer falar com você — informou Korom-Khan. O famoso cientista terrano estava a bordo da Marco Polo. A expressão de seu rosto, que surgia nas telas, refletia exatamente o que se passava na mente daquele homem genial. Waringer estava abalado e vencido. — Continua parecendo um astro luminoso — disse ele em tom indeciso. — Os cientistas que supõem a existência de um envol-
Rhodan e Reginald Bell trocaram um olhar
incrédulo. — Não reage? É impossível que com um ataque massivo como esse não haja conseqüências visíveis. — Rhodan ergueu a voz. — Observe a nave com mais atenção! — A coisa parece um engolidor de energia — disse o coronel um tempo depois. — Os cientistas do observatório de bordo aca baram de levantar a hipótese de que as paredes do casco desta nave não são de aço ou um outro metal rígido qualquer, mas sim de pura energia compactada, que se amolda segundo a vontade de seus construtores. — Se isso realmente for verdade, estamos diante de uma nave inatacável — disse >D
A Liga dos Sete
tório externo de pura energia devem estar certos. — Será que não pode ser um campo pro-
Waringer. Ele apertou os lábios e tentou esboçar um sorriso. — Com a nossa rapidez
arrogante, mas não esboçou nenhuma reação. Intimamente, tentava relacionar a ama bilidade dos lares com aquela ironia tão evidente. — Eles são gentis e amáveis — observou Bell, furioso. — Isso mostra que eles julgam que a sua superioridade não tem limites — explicou Atlan. — Provavelmente, para eles não pas-
de sempre, também já encontramos uma de-
samos de um bando de semi-selvagens. Eles
nominação para esse objeto. Nós o chamamos de nave de células energéticas de es-
nos proporcionam um pequeno espetáculo para mostrar do que são capazes e depois, generosamente, nos aceitam em sua liga — Seu olhar recaiu sobre Perry Rhodan, e a expressão do seu rosto mudou. — Pelo menos parece que eles têm algum respeito por você. Hotrenor-Taak falou de um Concílio dos Sete. Os lares são, portanto, apenas um dos povos dessa liga cósmica. Vamos torcer para que os outros membros sejam um pouco mais agradáveis. Quem sabe não en-
tetor que despertou essa impressão? — perguntou o professor Kranjohn, que estava
na Central de Império Alfa. — Isso podemos descartar — retrucou
trutura variável ou nave CEV. Atlan virou-se para Rhodan. — Está na hora de você falar outra vez com os lares. Quanto mais esperarmos, mais
eles vão achar que estamos confusos. Rhodan assentiu com a cabeça. Enquanto Bell continuava a conversa adiante com Waringer, Rhodan foi até o rádio de ondas ultracurtas. Mais uma vez, num curtíssimo espaço de tempo, ele precisava tomar deci-
viaram os lares para nos submeter a um últi-
sões da maior seriedade. Quando entrou em contato com Hotre-
mo teste. Rhodan apertou os olhos. — Se algum dia tiver que existir um verdadeiro embaixador da Galáxia, ele deve ser eleito por todos os povos da Via-Láctea. Os lares estão partindo de um outro caminho. Eles se arrogam o direito de escolher esse representante. — E eles escolheram você — falou Bell enfaticamente. — Na verdade, isso é apenas uma conseqüência da situação política na Galáxia. — Por enquanto ainda não vou recusar — assegurou Rhodan. — Com toda certeza, a atitude mais inteligente é fazer de conta que estou aceitando o convite. Mas de pois, quando soubermos mais sobre esse Concílio, algumas coisas vão mudar.
nor-Taak, nada se podia notar das suas afli-
ções. — Foi realmente um teste brilhante — disse ele calmamente. — Vocês podem se orgulhar deste objeto voador. Agora que terminamos, não vamos querer que fiquem f iquem limitados a apreciar a Terra apenas de sua órbita. Vocês
são nossos convidados. Aterrissem em nos-
so planeta e sejam bem-vindos. Convidar alguém que poderia ter forçado um pouso sem nenhuma dificuldade fazia parte do plano de Rhodan para não permitir que os recém-chegados notassem a
inquietação que se instalava na Terra. Hotrenor-Taak deu uma risada amigável.
— Já reduzimos a nossa nave ao tama-
— Existem caminhos que, uma vez escolhi-
dos, não nos permitem voltar — preveniu Ti-
nho habitual. Assim, não causaremos pro blemas ao pousar no maior espaçoporto de
Terrânia — disse ele. Perry Rhodan captou muito bem o tom
fflor. — Não acho sensato ir tão a fundo nesta aventura que não sabemos aonde vai dar. >E
Perry Rhodan
Unidades da Segurança Solar, cuidadosa-
— Vamos esperar e ver o que acontece! — Rhodan levantou-se. — Tiff, você e Atlan vêm comigo ao espaçoporto. Vamos lá receber nossos convidados. Bell fechou a cara. — Existem duas coisas que me levaram a deixar você aqui — explicou Rhodan. — O
mente camufladas, enfileiravam-se nas mar-
gens do campo de pouso. Rhodan não acreditava que pudesse enganar os lares, mas tinha certeza que esperavam dele essas medidas de precaução. Os mutantes estavam espalhados por
toda parte. Nem mesmo Rhodan sabia exatamente onde eles haviam se colocado.
seu temperamento, difícil de refrear, e a ne-
cessidade de ter alguém em Império Alfa que não perca a visão do conjunto mesmo nas situações mais críticas. — Eu não sou um ratinho que sempre quer ficar escondido na sua toca — reclamou Bell. — Um dia — profetizou Perry Rhodan, — os ratos vão descobrir que você sempre
Somente Rhodan, Atlan e Julian Tifflor se
aproximariam da nave CEV após o pouso. Pela primeira vez, Perry Rhodan via a mis-
teriosa nave de perto. O seu brilho era tão intenso que ofuscava os olhos. — Uma esfera de energia — falou Atlan.
— Exatamente como os cientistas da Marco Polo descreveram.
faz um mau uso deles em suas comparações,
e vão reclamar com seu parente maior para que ele faça algo contra você. — Seria melhor que Gucky se ocupasse dos alienígenas — opinou o gorducho. — Disso você pode ter certeza! — retrucou Rhodan. — Assim que a nave CEV pou-
A espaçonave CEV estacionou no ar ren-
te ao chão. Não se via nenhum tipo de coluna de apoio. Rhodan supôs que a nave re pousava sobre um colchão antigravitacional. O Administrador-Geral sentou-se no lu-
sar, todos os mutantes estarão reunidos no
gar do piloto de um planador energético que estava pronto na lateral do campo de pou-
espaçoporto.
so. Os três homens ainda estavam a mais de
um quilômetro do local de pouso da nave CEV propriamente dito.
4.
— É arriscado demais irmos sozinhos ao
Silenciosa como um gigantesco balão cintilante, a espaçonave dos lares pairava no céu, aproximando-se do espaçoporto de Terrânia. Milhares de curiosos aglomera-
encontro deles — disse Tifflor. — Sem dúvida, Tiff! — respondeu Rho-
dan, e apontou para o assento de trás vazio. — Mas eles precisam saber que não estamos com medo.
vam-se para vê-la. A Televisão Terra trans-
mitia o acontecimento. Desde o começo, Rhodan estava consciente de que não seria possível ocultar o pouso da nave — isso não era do interesse dos lares, que queriam atrair a atenção de todo o mundo. O fato de tudo se desenrolar oficialmente não teria outro efeito senão tranqüilizar os terranos. O campo de pouso, todavia, encontravase bloqueado e apenas os responsáveis tinham acesso a ele. Câmeras-robô teleguiadas da TVT circulavam sobre a nave CEV.
O homem magro de feições jovens esbo-
çou um sorriso. — Mas eu estou com medo! — admitiu. — Então procure escondê-lo! — instruiu-
o Atlan. — Você já teve alguns séculos para treinar essas coisas. — Mas não tantos quanto você! — de-
volveu Tifflor. Rhodan deu a partida e eles foram impul-
sionados pelo campo de repulsão que se ?<
A Liga dos Sete
te a frente com os humanos — As palavras que se seguiram dirigiam-se exclusivamente a Perry Rhodan. — Mas, principalmente, fico feliz em poder saudar Perry Rhodan. A amabilidade parecia ser sincera, mas tinha sem dúvida também algo de desdém. O lare comportava-se como se o fato de estar naquele mundo constituísse um ato de grande generosidade de sua parte.
formara embaixo da máquina, saindo em dis-
parada. Uma câmera-robô os acompanhava. O brilho da nave dos lares diminuiu. Rhodan não acreditava que isso pudesse ter alguma relação com as medidas de segurança, mas estava certo de que esse fato tinha alguma relação com os processos energéticos que aconteciam no envoltório de ener-
Hotrenor-Taak deu meia-volta em direção
gia da nave. Rhodan parou o planador a cerca de cem
ção de ameaça impossível de ser afastada. — Eles não estão com pressa — obser-
à espaçonave e fez um sinal. Logo em seguida apareceram duzentos outros lares diante da nave. Eles também vestiam trajes iguais ao de Hotrenor-Taak, todavia de uma cor amarelo-ocre. Rhodan presumiu que aquela diferenciação de cores distinguia as personalidades dirigentes. Os duzentos astronautas alienígenas não traziam qualquer tipo de equipamento visível nem armas, fato que poderia tanto signi-
vou Tifflor após alguns minutos durante os
ficar autoconfiança como uma exibição cons-
quais nada acontecera. — Isso faz parte do jogo psicológico de-
ciente da própria superioridade. — Este — bradou Hotrenor-Taak para os seus acompanhantes enquanto apontava para Perry Rhodan — é o Primeiro He-
metros da espaçonave CEV.
— Agora é a vez deles! — disse Atlan. Ficaram esperando. Nem mesmo agora Rhodan sentia diminuir a angústia que havia tomado conta dele desde que aquela nave aparecera. No ar pairava uma sensa-
les — conjeturou o arcônida. — Eles estão
nos tratando como crianças pequenas. De repente, surgiu uma mancha escura
tran da Via-Láctea.
Rhodan sabia que logo acima de suas
no envoltório brilhante da espaçonave CEV.
Um ser apareceu e, aparentemente sem
cabeças pairavam as câmeras-robô da TVT. A imagem e o som estavam sendo transmitidos para todas as regiões da Galáxia. Só isso
dificuldade, deslizou através das paredes de energia. Ele possuía o mesmo aspecto do alienígena que falara com Rhodan pelo rá-
já deixava Rhodan bastante desconfortável. Como os outros povos iriam se comportar ao assistir àquele evidente favorecimento dos terranos? Como reagiria, por exemplo, o Comando Energético dos aconenses quando tomas-
dio. — Deve ser Hotrenor-Taak — presumiu Rhodan. — Este é o seu segundo s egundo grande
ato. Sem nenhuma transição, Hotrenor-Taak havia aparecido diante de sua espaçonave,
se ciência de que um terrano também falaria
em nome de seu povo numa liga que abrange sete galáxias? As conseqüências que já se podiam prever seriam incontroláveis.
como se tivesse sido projetado por um trans-
missor invisível. Ele vestia um traje colado
ao corpo em tons vermelho-escuros. O alienígena ergueu um braço. — Eu sou Hotrenor-Taak, o emissário dos hetossanos — disse ele, saudando os três homens que estavam em pé diante do veículo e aguardavam. — É um prazer estar fren-
Mas parecia que essas reflexões não passavam pela cabeça de Hotrenor-Taak, ou ele
simplesmente as ignorava. ?=
Perry Rhodan
dan não precisava ir muito longe para ima-
— Este homem distinguiu-se várias vezes — prosseguiu o lare. A impressão era a de que ele continuava falando para os mem bros da tripulação de sua nave, mas Rhodan não tinha dúvidas de que, na verdade, aquelas palavras dirigiam-se aos humanos
ginar qual seria a reação na Via-Láctea. — Você precisa responder! — sussurrou
Atlan do seu lado. — Agora é mais importante deixar bem claro para toda a Galáxia o
que nós achamos desse tipo de convite do que propriamente dar uma resposta para o sujeito.
e a todos os povos da Via-Láctea. — Ele é digno de ser o representante dos povos desta galáxia no Concílio dos Sete. A expressão do rosto de Rhodan não se alterou. Atlan, nervoso, raspava o chão com os pés. Ele era inteligente e experiente o bastante para captar o verdadeiro sentido das palavras do alienígena. — Eu convido o Primeiro Hetran da Via-
Rhodan concordou fazendo um movi-
mento quase imperceptível com a cabeça. — Agradeço as saudações do Concílio
— disse lentamente. Ele procurava as palavras certas, pois sabia que não podia dizer nada que o comprometesse. — Mas estou admirado com o fato de que ninguém tenha pensado em pedir a nossa concordância. Naturalmente o Hetos dos Sete deve estar preparado para o fato de a nossa Galáxia não estar disposta a juntar-se à liga. E igualmente quanto à minha nomeação como Pri-
Láctea a me acompanhar até um sistema es-
telar do Concílio — disse o lare então. E abriu um largo sorriso. — Para evitar confusão, gostaria de explicar em poucas palavras o que é o Concílio dos Sete. A liga compõe-se de sete potências galáticas totalmente distintas. Uma dessas potências são os lares, um povo do qual faço parte. Assim como os outros seis povos, também nós, os lares, colocamos um planeta à dis posição especialmente para a reunião. Atualmente as sessões do Concílio realizam-se
meiro Hetran da Via-Láctea. Nunca antes ti-
vemos contato uns com os outros. Os lares e todos os povos que eles aqui representam devem ter incluído em seus planos a possibilidade de o convite não ser aceito. Qualquer outra alternativa seria considerada por nós como presunçosa e um cerceamento da nossa liberdade de escolha.
na nossa galáxia, a nebulosa espiralada NGC
3190, que se encontra a vinte e um milhões de anos-luz de distância daqui. Nós, os la-
Pela primeira vez Hotrenor-Taak pareceu
perplexo. Rhodan notou que o lare não contara absolutamente com uma resposta como aquela. Era possível que não fossem correntes no vocabulário dos lares expressões como “liberdade de escolha” e “concordância”? — Não consigo compreendê-lo — disse Hotrenor-Taak. — Você não se sente feliz pelo fato de lhe ter sido conferido o alto posto de um Hetran? Esta pergunta parecia confirmar as sus peitas de Rhodan. Diante dele surgiam no-
res, fomos encarregados de levar o Primeiro
Hetran da Via-Láctea até lá e apresentá-lo ao Concílio. Rhodan estava aturdido. O alienígena desejava que ele subisse a bordo da espaçonave CEV e voasse até uma galáxia distante mais de vinte milhões de anos-luz e, como embaixador, falasse em nome da ViaLáctea numa assembléia. Agora Rhodan lamentava ter permitido a presença das câmeras da TVT, e era tarde demais para revogar a autorização. A mensagem do “emissário” se espalharia como
vos problemas. Como ele poderia deixar cla-
ra a sua recusa para um ser que não conseguia entender tal posicionamento?
um raio por todos os cantos da Galáxia. Rho?>
A Liga dos Sete
O lare deu um passo em direção a Rhodan. — Você está nervoso — constatou. — Isso prejudica a sua capacidade de estabe-
— Eles nos aceitam em sua liga! — disse Rhodan ofegante. — Isso mesmo, eles nos aceitam. Nas condições deles! Ele freou tão bruscamente que Atlan,
lecer as correlações. Será que você não con-
que estava com o corpo curvado para a fren-
segue perceber que, a partir deste momento, passa a ser o homem mais poderoso des-
te, quase foi arremessado para fora do veículo. — Foi para isso que nós lutamos! — exclamou exasperado. — Foi para isso que agüentamos tudo, para que agora cheguem uns alienígenas e venham nos dizer o que devemos fazer. — Não vejo um perigo imediato — disse Atlan, procurando atenuar a irritação do amigo.
ta galáxia? Nós, com toda a nossa força, estaremos apoiando-o. Você poderá impor tudo
nesta galáxia. — E eu quero isso? — murmurou Rhodan tão baixo, que só Atlan e Tifflor podiam
ouvir. Ele tinha que se decidir, aqui e agora.
Evasivas não iriam adiantar. O que aconteceria se ele recusasse? Isso era uma incógnita. Porém Rhodan
— Primeiro Hetran da Via-Láctea — disse ele em tom amargo. Ele olhou para baixo.
— Após todas essas provações, finalmente poderei ser o que os meus oponentes sempre viram em mim: um ditador da ViaLáctea. Ele soltou o corpo, reclinando-se no assento. — Mas terão um outro Rhodan, bem diferente do que eles imaginam! — exclamou ele. Atlan deu um sorriso irônico.
estava convencido de que uma recusa traria consigo graves conseqüências para a
Humanidade. — Você não terá mais problemas com povos rebeldes — insistiu Hotrenor-Taak. Hotrenor-Taak. — Todos os seres inteligentes terão que acei-
tá-lo. Disso nós cuidaremos. Rhodan encarou os outros perplexo. Parecia que os lares pretendiam transformá-lo em um ditador da Via-Láctea. — Tenho as minhas próprias idéias so bre esta situação — finalmente conseguiu dizer. — Mas, principalmente, preciso refletir sobre todas essas coisas. Espero que aceite a hospitalidade do meu povo até que
5.
A primeira reação veio do planeta Kormeet, uma pequena colônia situada no sistema Apridos — e, curiosamente, tratavase de uma reação positiva. Estamos muito orgulhosos — assim começava a mensagem que o administrador de Kormeet transmitiu pelo hiper-rádio — de que um homem do nosso povo tenha sido
eu tenha tomado a minha decisão. Rhodan virou-se repentinamente e pulou para dentro do planador. Ele deu a partida tão depressa, que mal deu tempo para que Atlan e Tifflor também pulassem para
dentro. — O que deu em você? — gritou Atlan.
escolhido para ser o embaixador da Galá-
xia. Rhodan apenas lançou um olhar rápido para a versão descodificada que lhe entregaram. — Este sujeito está querendo se fazer de
Rhodan agarrava o controle da direção com tanta força que parecia querer quebrá-lo. As torres de controle ao lado do campo de pouso
iam sumindo de vista. Naquele momento ele seria capaz de pular no pescoço do lare. ??
Perry Rhodan
ses povos. Grandes inquietações e divergências não são interessantes para nós no momento atual.
importante — disse ele. — Ou então quer conseguir um empréstimo a longo prazo para
a sua economia. Rhodan, Bell, Atlan e alguns membros do Exército de Mutantes encontravam-se
— E o que vamos fazer? — perguntou
Bell, sem rodeios. — Sugiro que qu e informe-
numa ala administrativa de Império Alfa.
mos Hotrenor-Taak destas manifestações de
— Estou achando muito estranho ainda não termos recebido outras reações — disse Fellmer Lloyd. — Parece que todos estão
protesto. — Por mim, tudo bem — disse Rhodan.
— Não acredito que vá acontecer alguma coisa, mas quem sabe, assim consigamos ganhar mais tempo.
pasmos na Galáxia. — Logo isso vai mudar — conjeturou Atlan. — Suponho que os povos que não
— Devo estabelecer um canal de comu-
nicação pelo rádio?
simpatizam conosco vão reagir de forma crí-
tica, mas isso somente depois que tiverem
— Não, gorducho! Vou enviar um men-
chegado a um acordo entre eles.
sageiro. Fellmer, por favor, assuma esta tarefa. No decorrer das horas seguintes, chegaram mais mensagens de muitas outras par-
Bell aproximou-se de uma das telas. Ali
se podia ver um detalhe do espaçoporto. — Os lares ainda estão em sua nave —
verificou ele.
tes da Galáxia. Para as autoridades de Impé-
Rhodan oferecera acomodações de luxo para Hotrenor-Taak e sua tripulação, mas os visitantes recusaram e preferiram ficar a
rio Alfa era surpreendente como a maioria dos administradores das colônias se manifestava positivamente. Algumas mensagens eram verdadeiros aplausos no papel. Rhodan, nada entusiasmado, olhou a pilha de mensagens que estava sobre a sua mesa. — Parece que ninguém percebe o que está por trás disso tudo.
bordo de sua nave. — Mais notícias da central de comunica-
ção! — exclamou Balton Wyt. — Estão chegando outras manifestações. Rhodan pegou as mensagens descodificadas e virou-se para os seus colaboradores.
— Não — concordou Atlan. — Todas
essas pessoas simplesmente estão orgulhosas pelo fato de um dos seus dirigentes ter sido o escolhido para desempenhar este papel. É só isso que eles conseguem enxergar por ora. Rhodan olhou para o chão. — Isso torna ainda mais difícil recusar o convite de Hotrenor-Taak. Os cantos da boca do arcônida tremeram. — Mas por que você quer isso? — perguntou ele, sentando-se no canto da mesa. — Deve existir um outro caminho. Poderíamos mandar um aviso a todos os administradores e representantes dos grandes po-
— Tenho em mãos notas de protesto em
tom desfavorável dos aras e dos antis — disse ele. — Não vai demorar e logo as dos aconenses, blues e saltadores, e também dos
arcônidas, vão se juntar a esse protesto. Evidentemente, esses povos não concordam com a escolha de um terrano como o Primeiro Hetran da Via-Láctea. Via-Láctea.
Atlan jogou-se numa poltrona e esticou as pernas. — Não acredito que Hotrenor-Taak vá
se deixar influenciar por causa disso. — Eu também não — concordou Rhodan. — Mas nós, de qualquer forma, temos que levar em consideração a opinião des-
?@
A Liga dos Sete
vos alienígenas da nossa galáxia através da
*
USO e da Segurança Solar. Ao mesmo tem-
No envoltório brilhante da espaçonave CEV surgiu uma mancha escura, e no mesmo instante Hotrenor-Taak foi projetado na frente da espaçonave. Nesse meio tempo Rhodan já estava convencido de que esse envoltório de energia da nave também possuía uma função semelhante à de um transmissor.
po, comunicamos que vamos simular que aceitamos as condições dos lares para podermos obter melhores informações a res-
peito. Rhodan sacudiu a cabeça. — Ninguém vai acreditar nisso! — Mas ganhamos tempo — retrucou Atlan. O ânimo entre os amigos estava exalta-
Desta vez, Rhodan viera sozinho. Toda a
área ao redor da espaçonave CEV estava completamente cercada por unidades especiais da Segurança Solar. Câmeras da TVT foram proibidas naquela região. Os repórteres da televisão compreenderam a necessidade dessas medidas e se deram por satis-
do. Mas também os outros membros do gru-
po estavam nervosos. Ninguém sabia exatamente como os terranos deveriam agir
nessa situação inesperada. Cerca de meia hora mais tarde, Fellmer Lloyd chamou do espaçoporto pelo rádio. O rosto do mutante expressava preocupa-
feitos com um protesto formal. Eles teriam o
ção. — Falei com o lare — relatou ele. — Com o chefe deles? — quis saber Atlan.
direito de convocar o Parlamento e, com a maioria de votos prevista, poderiam revogar as ordens do governo. No entanto, os responsáveis da TVT não eram caçadores de notícias sensacionalistas e sabiam das suas responsabilidades como dirigentes de um meio de comunicação de massa. — Espero que sua vinda não seja para anunciar novos atrasos — assim o lare iniciou o diálogo. A parte superior do seu traje espacial estava aberta de forma que Rhodan podia ver a pele escura do alienígena. Os cabelos de Hotrenor-Taak, que lembravam arames, encontravam-se cuidadosamente trançados em forma de ninho. O emissário dos hetossanos continuava amável, mas sua impaciência já se fazia notar. — Está chegando a hora de d e regressarmos — disse ele. — Na minha pátria, ninguém compreenderia tanta demora numa viagem dessas. Rhodan olhou para ele e se perguntou quem poderiam ser os outros seres que faziam parte desse Concílio. Certamente não seriam tão parecidos com os humanos como
— Sim, com Hotrenor-Taak — confirmou o telepata. — O emissário dos hetossanos não consegue compreender as suas preocupações. Ele me perguntou, literalmente, como é que um ser inteligente do seu gabarito poderia apresentar objeções tão esquisitas. Ele mais uma vez garantiu que não precisamos nos preocupar com os outros povos. Se necessário, os lares tomarão providências para para que não haja inquietação. inquietação. — Lloyd deu um sorriso sem graça. — Já posso até imaginar como seriam essas provi-
dências. — Eu também — observou Bell, irado. Rhodan ergueu-se de um pulo. — O que você vai fazer? — perguntou Atlan, espantado. — Agora vou reunir um grupo — comunicou o Administrador-Geral. — Os lares vão ter que aceitar o fato de que não me disponho a voar até a galáxia natal deles sem le-
var meus acompanhantes. ?A
Perry Rhodan
Hotrenor-Taak. — Eu gostaria de saber mais sobre os
dos hetossanos, tenho plenos poderes. O Primeiro Hetran da Via-Láctea não deve se
outros seis povos que integram o Concílio,
apresentar perante o Concílio como um men-
Hotrenor-Taak.
digo. Sendo assim, vamos trazer essa pequena nave para dentro. — Os olhos de cor verde-esmeralda se estreitaram. — É claro que preciso de uma lista com o nome de todos os componentes da tripulação dessa corveta.
— Isso você vai saber quando chegar a hora! — O lare não estava disposto a deixar se levar para uma discussão. — Eu tinha certeza de que desta vez você tinha vindo
para me comunicar a sua decisão.
Rhodan pegou um papel no bolso e en-
Rhodan inclinou a cabeça afirmativamen-
te e apontou para o outro lado do campo de pouso. Ali, havia alguns minutos, pousara
tregou-o ao alienígena.
a MC-8. Esta era a corveta mais moderna da
relação.
Marco Polo. A nave auxiliar media sessenta
O lare inclinou a cabeça em reconhecimento. Embora desse a impressão de que se
— Eu já contava com isso e já trouxe uma
metros de diâmetro.
divertia desafiando o terrano psicologicamente, ele aceitava as reações com calma e
— Está vendo aquela nave? — pergun-
tou ao lare. Hotrenor-Taak virou-se e então olhou novamente para Rhodan. Ele estava indeciso, pois não sabia o que Rhodan pretendia. — Com esta nave — anunciou Rhodan calmamente — meus acompanhantes e eu
até com admiração. Parecia que não espera-
va que o tratassem com consideração ou muito diplomaticamente. O lare olhou para o papel. — Mentro Kosum, Alaska Saedelaere Saedelaere e
voaremos até NGC 3190.
Toronar Kasom — leu. — Icho Tolot, Lord Zwiebus, Paladino VI, Geoffry Abel Waringer, Mart Hung-Chuin, Atlan, Gucky, Ras Tschubai, Fellmer Lloyd... — Ele interrom peu a leitura e ergueu o olhar — Este Lloyd é o mutante que me foi enviado com as manifestações dos povos extraterrestres? — Ele não esperou resposta, pois provavelmente queria apenas provar a Rhodan como
A perplexidade tomou conta do lare, mas
apenas por um instante. — Nenhuma nave terrana pode cobrir uma distância dessas — disse ele, irritado.
— Você sabe muito bem que conhecemos as suas capacidades técnicas. Nessas circunstâncias, chega quase a ser ridículo tentar ganhar tempo com um truque bobo como
esse. — Não é um truque! — retrucou RhoRho dan. — Se a sua nave for tão boa quanto a impressão que ela dá, poderá levar a MC-8. A velha amabilidade do visitante espacial reapareceu imediatamente.
conhecia bem a Terra. Então leu o nome dos
demais integrantes da tripulação: — Irmina Kotschistowa, Dalaimoc Rorvic, Nerman Tulocky, Powlor Ortokur e Calloberian. Ele ergueu a cabeça. — Quem é este Calloberian? — Um xisrape — explicou Rhodan. — Não o conhecemos — o lare teve que admitir. — Mas eu sei que você não dá um
— Eu o entendo! — disse ele. — Você
deseja ter a sua própria nave quando chegar à minha pátria. O silêncio de Rhodan significava mais do que muitas palavras. — Isso eu consigo compreender — ga-
passo sem ter algum motivo. Pode ter certe-
za de que vamos descobrir por que você o está levando. Por isso sugiro que nos conte logo o segredo.
rantiu Hotrenor-Taak. — Como emissário ?B
A Liga dos Sete
— Ele chamou a nossa atenção há apenas algumas semanas — disse Rhodan contando
aguardavam seu relatório. Atlan atendeu. — Eles aceitaram tudo! — antecipou o arcônida antes que Rhodan pudesse contar alguma coisa. Rhodan arregalou os olhos. — Você é adivinho? — Neste caso — retrucou Atlan mal-humorado — eu estaria mais satisfeito se não tivesse acertado.
a verdade. Ele estava espantado com o fato de que Hotrenor-Taak não houvesse imposto
restrições contra a presença de mutantes a bordo da MC-8, mas apenas quisesse saber do xisrape. — Verificamos que os xisrapes podiam ver as estrelas apesar do escurecimen-
to que vocês provocaram. Hotrenor-Taak parecia irritado, mas não fez objeções à presença do xisrape. Sem di-
zer mais nada, enfiou a lista no bolso. — Preciso de mais doze horas para al-
*
guns preparativos finais — pediu Perry Rhodan. — Em seguida cumprirei com meus
Era uma daquelas noites silenciosas em que Anton Chinnel tinha a sensação de que fazia parte de um mundo irreal. Sua inquietação interna parecia impeli-lo a tomar certas atitudes, porém ficava sentado imóvel na cadeira, fitando o vazio. Meckton já estava dormindo e Sargia, como em toda quinta-feira, dava aula de música na escola de rua. O televisor de parede estava desligado. Os pensamentos de Chinnel vagavam por entre a névoa e se perdiam. Às vezes ele desejava ardentemente ficar sozinho, mas toda vez que se sentava naquela sala sem a família, sentia-se perdido. A janela estava entreaberta, mas quase não vinha barulho da rua. Praticamente todos os veículos e máquinas voadoras que circulavam neste horário possuíam motores silenciosos.
novos compromissos. Com um aceno, Hotrenor-Taak concordou com o pedido, muito pensativo. Antes que Rhodan pudesse continuar o diálogo, o indesejado visitante desapareceu no interior de sua nave CEV.
Rhodan ficou se perguntando o que os seus amigos iriam dizer quando soubessem que conseguira, sem maiores dificuldades, que um grupo pequeno, porém extremamente combativo, participasse do vôo plane-
jado. Os lares com certeza sabiam quem eles estavam admitindo a bordo de sua nave. Ou eles se sentiam tão superiores que não viam perigo na presença de mutantes e especialistas, especialistas, ou queriam evitar novas com-
plicações. Rhodan tinha que reconhecer que os la-
— Ton — falou neste momento uma voz
bem familiar. familiar. — Eu tha que vir vir aqui mais uma vez, mesmo que isso apenas transforme a despedida numa situação ada mais difícil. Chinnel ergueu-se com o susto e viu Calloberian flutuando para dentro através
res estavam ficando cada vez mais insondá-
veis. Quais eram os seus verdadeiros objetivos? Não se podia chamá-los de invasores no
da janela aberta. O xisrape desceu até o chão
sentido usual, pois, com todo o poder que possuíam, poderiam ter ocupado a Terra sem
na frente de Chinnel. — Nas atuais circunstcias, não foi fácil chegar até aqui — prosseguiu Calloberian. — Parece que nguém em Império Alfa con-
o menor esforço. Rhodan ligou o seu intercomunicador de pulso. Ele foi conectado à Central, onde já ?C
Perry Rhodan
segue se colocar no meu lugar. — Mas o que é que está acontecendo?
vez ao seu modo de falar, Calloberian. Estou
contente por você ter encontrado um bom amigo. Quem sabe você possa vir nos visitar de vez em quando. — Não — respondeu o xisrape. — Estou feliz por ter arrjado uma forma de vir aqui mais uma vez. Mas esta é a última visita. Ele parecia indeciso quanto ao que ainda
— perguntou Chinnel custando a acreditar no que via. — Há alguns dias recebi um comunicado do governo informando que você não voltaria mais para cá. Fui liberado
das obrigações de adoção. — Ton — disse Calloberian. — Eu vou abdonar este pleta. Chinnel levantou-se e pediu uma caneca de leite para Calloberian. Levou apenas alguns segundos para que se abrisse uma portinhola na parede da sala que a separava da máquina da cozinha. Chinnel pegou a caneca e entregou-a para Calloberian.
poderia dizer a Chinnel. Evidentemente tam-
bém Calloberian sentia como se fossem estranhos. Coisas demais haviam acontecido naquelas últimas semanas. Chinnel, que não se encontrava bem informado e via os fatos de um outro ângulo que q ue Calloberian, ficou aborrecido. Ele era suficientemente sincero para admitir que estava com ciúmes de um homem que nem sequer conhecia: Alaska Saedelaere. A sua razão, psicologicamente treinada, dizia-lhe também que a base desse sentimento era o egoísmo: uma prova segura de que não havia trazido Calloberian para o seio da sua família apenas por compaixão, mas também por motivos próprios. — No momento não estou em condições de falar sobre tudo com você — disse ele, mal-humorado. — Com certeza nem você tem muito tempo. — É, não tenho — murmurou o xisrape. — Preciso voltar, senão vão imagar que não quero participar. Chinnel fez um gesto de desamparo com os braços. — Nós... nós sempre desejamos o melhor, Calloberian. — Eu sei — confirmou o xisrape. — Fui muito feliz aqui. Ele flutuou para fora pela janela. Chinnel ficou um tempo parado e depois ativou o televisor de parede. Agora ele queria pensar em outras coisas. Durante cerca de meia hora, ficou assistindo o programa sem maior interesse, mas de repente surgiu o aviso de uma edição extraordinária que chamou a sua atenção.
— Não me pergunte nada, Ton — pediu
Calloberian. — Isso tem algo a ver com esse alienígena — presumiu Chinnel. — Sem perguntas! — disse o xisrape. Chinnel olhou para ele inseguro. O ser que estava diante dele não era mais o xisra pe que conhecera. Calloberian mudara. — Como você está se saindo? — perguntou Chinnel para esconder o seu embaraço. — Bem! Já arrjei um novo amigo. Ele se chama Alaska Saedelaere, o mutante masca-
rado. — Então ele existe mesmo? — perguntou Chinnel. — Sempre achei que ele fosse apenas um personagem inventado. É quase impossível acreditar que nos dias de hoje ainda exista alguém que tenha que andar por aí com uma máscara de plástico no rosto quando já temos o biomolplast, um material sintético com o qual se pode esconder todas as deformações. — O fragmento capp que se encontra no rosto de Alaska rejeitaria uma máscara orgi-
ca — explicou o xisrape. Chinnel suspirou. — Primeiro preciso me acostumar outra ?D
A Liga dos Sete
Um porta-voz do governo informava os habitantes da Via-Láctea de que, na manhã
Hotrenor-Taak, e o lare a havia aceitado. — Não consigo me livrar da sensação de que estou voando para dentro de uma boca gigantesca — disse Kosum pelo rádio. — Em outras palavras: ainda não sei direito o que os lares realmente querem! — Deixe isso para depois, Mentro! — censurou Rhodan. — Não se esqueça de que você foi promovido faz pouco tempo. Agora é um coronel da Frota Solar. — Coronel! — repetiu Kosum e deu uma risada amarga. — Se sairmos inteiros dessa, talvez o senhor me promova a almirante ou até general. — Não quero irritá-lo desnecessariamendesnecessariamente — tranqüilizou-o Rhodan. — Você sabe muito bem que a Frota Solar não é e nem pode ser um sistema hierárquico. A manutenção das hierarquias é apenas uma bela tradição, que também não queremos interromper no futuro. Isso não vai evitar que um cabo pise nos seus calos se ele assim achar conveniente.
seguinte, Perry Rhodan partiria com os alienígenas numa viagem espacial para ser recebido pelo Concílio dos Sete como repre-
sentante da Galáxia. Chinnel sacudiu a cabeça. Como é que um único homem queria falar
em nome de todos os povos e indivíduos? Evidentemente Perry Rhodan, sob pressão dos acontecimentos do momento, perdera toda e qualquer noção de como agir
racionalmente. *
O envoltório esférico de energia que envolvia a nave CEV começou a brilhar. A nave
dos lares se expandiu. Dentro da nave am pliada havia um convés energético. Como eles conseguiam fazer isso, por enquanto
ainda era segredo dos lares. Kosum e Kasom, os dois únicos mem bros da tripulação escolhida que neste momento já se encontravam a bordo da corveta, receberam pelo rádio instruções para levá-la para dentro da nave CEV.
A MC-8 voou em direção à nave CEV.
Alguns instantes depois ela desapareceu no interior da espaçonave dos lares. — Parece que deu certo — disse Atlan aliviado. — Até agora não temos nenhum motivo para nos queixarmos da honradez dos lares. Depois de alguns minutos, HotrenorTaak e Mentro Kosum surgiram diante da
Kosum era um emocionauta, considerado um dos melhores pilotos da Frota Solar. Conduzir a MC-8 para dentro da nave CEV certamente não era uma tarefa complicada, mas não deixava de ser algo bastante inco-
mum. Perry Rhodan, Atlan e os demais mem-
nave CEV.
— Está tudo em ordem — informou Kosum no seu comunicador de pulso. p ulso. — A
bros da tripulação destacada para irem até uma galáxia distante observavam o curto vôo da corveta instalados numa das torres
corveta encontra-se em segurança num con-
vés de energia. É espantoso, mas também no interior da nave dos lares todas as paredes e conveses intermediários são compostos de energia estabilizada. A vantagem disso é que eles podem modificar a qualquer momento os espaços de acordo com as res pectivas necessidades. A sua breve estada na nave lare havia
de controle ao lado do campo de pouso. No envoltório da nave lare abriu-se um grande vão. Rhodan queria ver primeiro como essa manobra iria terminar, antes de subir ele mesmo a bordo com seu grupo de homens. Ele fizera uma proposta nesse sentido a ?E
Perry Rhodan
— Os lares vão se manifestar — disse ele. — Provavelmente, no momento ainda estão muito ocupados com a sua nave. — Toda esta coisa cada vez se parece mais com um rapto bem organizado — agourou Atlan. — Aos poucos, começo a entender por que Hotrenor-Taak tolerou a presença de todos nós a bordo sem ressalvas. Assim, com uma só tacada ele conseguiu capturar a mais poderosa força armada da Humanidade. — Ainda é cedo demais para esse tipo de suspeita — disse Rhodan. Ele dirigiu-se a Gucky e Fellmer Lloyd: — Vejam se vocês conseguem captar pensamentos ou sentimentos dos lares. — E o que você acha que estamos fazendo esse tempo todo? — perguntou Gucky, melindrado. — Mas tudo que consigo captar são os pensamentos do nosso pequeno grupo. Em uma situação dessas até o ilt teria perdido o humor, observou Rhodan. Finalmente, Hotrenor-Taak subiu a bordo em companhia de duas mulheres lares. Ele dirigiu-se até a cabine de comando onde toda a tripulação da MC-8 se encontrava reunida. Até agora Rhodan apenas vira lares do sexo masculino. E, apesar de um pouco esquisitas, ele achou as mulheres que acom panhavam Hotrenor-Taak atraentes. — Estranhei o fato de vocês até agora ainda não terem saído de sua nave — disse Hotrenor-Taak. — Vocês são livres e podem
impressionado Kosum, o que se podia perceber nitidamente pelo seu tom de voz. — Muito bem — disse Rhodan. — Vamos embarcar. 6.
A espaçonave alienígena, levando a bordo a MC-8 com a sua tripulação, partiu em direção à órbita da Lua. Lá, com uma acele-
ração de mais de dois mil quilômetros por segundo ao quadrado, deu início à sua viagem. Com um rápido flamejar do seu envoltório energético, entrou no espaço linear. Pelo menos foi esse o quadro que os observadores do Sistema Solar puderam visualizar. O formidável desdobramento de energia na
transferência para um outro continuum não teve conseqüências para o Sistema Solar.
Os lares desapareceram da mesma maneira misteriosa com que haviam aparecido. *
Embora os instrumentos a bordo da corveta funcionassem sem problemas, era difícil para a tripulação acompanhar o vôo da nave que a transportava. A espaçonave CEV
fazia manobras cujos valores muitas vezes os equipamentos da corveta não conseguiam calcular. Desde a partida, os lares e os terranos ainda não haviam tido contato uns com os outros. Na MC-8, o nervosismo e a inquietação eram cada vez maiores.
andar em nossa esfera de energia. Com cer-
teza encontrarão várias coisas muito interessantes. Embora as palavras fossem dirigidas a todos, Rhodan tomou-as como sendo uma provocação pessoal. Ele não perdia a im pressão de que o lare tentava sistematicamente minar a sua autoconfiança. Não se
Tolot foi um dos primeiros a falar aberta-
mente das suas apreensões: — Eu acho que eles enganaram vocês, meus filhos! Está na hora de formarmos um grupo para sair da corveta e fazer um reconhecimento dentro da nave CEV. Atlan e Lord Zwiebus apoiaram esta pro-
posta, mas Rhodan não tinha dúvidas.
tratava de uma ação fulminante, mas sim, de @<
A Liga dos Sete
uma hábil tática de desgaste. Rhodan decidira não ignorar a provocação.
“Ele fala conosco como se fossemos um grupo de crianças sem a faculdade da razão!” pensou Rhodan consigo. A irritação fez o sangue subir-lhe à cabeça, mas ele conseguiu se dominar e ficou calado. — Logo estaremos a treze milhões de anos-luz da nebulosa de Andrômeda — prosseguiu o astronauta lare. — Nosso ob jetivo é um sol no nada absoluto entre as galáxias. Ele foi expelido durante a explosão de uma nebulosa espiralada e depois encontrou o seu lugar no espaço vazio. Trata-
— Nós preferimos esperar pelo seu con-
vite — redargüiu Rhodan. — Além disso, queremos saber como vai o andamento do vôo. Estamos observando tudo da nossa
cabine de comando. — Não quero deixá-lo desinformado por mais tempo — disse o lare. — Já nos encontramos na fronteira de sua galáxia e agora vamos ativar os nossos propulsores mais potentes. Com isso saímos das dimensões de Einstein e rompemos a barreira de um outro universo. Assim conseguimos ven-
se de um sol amarelo com seis planetas. Nós
o chamamos de Hartzon. O segundo mundo é o planeta da conferência e se chama Hetossa. — Ele lançou um olhar para os controles da MC-8. — Embora seja um fato sem importância, desde que partimos já percor-
cer grandes distâncias. Ele foi para o meio dos seus ouvintes, com uma mulher de cada lado, que até então
se mantinham caladas. — Nosso verdadeiro objetivo não é NGC
remos mais de doze milhões e meio de anos-
luz. Em algumas horas, segundo o tempo terrano, vocês também poderão reconhecer Hartzon e os seus seis planetas nas telas de sua nave. A voz tornara-se bem baixa, num tom quase sonolento. Rhodan forçou-se a pensar. Não podia deixar que os acontecimentos o perturbassem. Por que o Concílio dos Sete se reunia no espaço vazio? Não era absurdo o fato de que inúmeros delegados tivessem que percorrer distâncias inimagináveis para chegarem ao planeta da conferência? Talvez, analisou Rhodan, tivesse que modificar as suas antigas noções sobre o que é um concílio. — Tudo isso vocês precisavam saber antes da sua chegada! — Desta vez, Hotrenor-Taak dirigiu-se diretamente a Rhodan. — Prepare-se para uma grande recepção. A chegada de um novo Hetran é sempre um acontecimento imponente. Afinal de contas, isso não acontece todos os milênios.
3190 — prosseguiu o lare. — Por determinados motivos tivemos que transferir o local da reunião para uma região onde temos certeza de que quase não teremos perturba-
ções: o vazio intergalático! — O senhor não nos contou essas coisas antes de partirmos! — disse Atlan, irritado. — Estou até convencido de que o senhor reteve essa informação deliberadamen-
te. — É verdade — admitiu Hotrenor-Taak sem vacilar. — Mas fiz isso no interesse de vocês. Eu apenas teria despertado desconfianças desnecessárias se tivesse contado
tudo. tudo. — O que mais o senhor ainda está ocultando de nós? — perguntou Waringer. — Existem informações que só devem ser transmitidas em pequenas doses — respondeu o emissário dos hetossanos. — Como cientista, você deveria deveria saber disso. Não temos nenhum interesse em deixá-los com pletamente confusos, mas podemos lhes assegurar que não queremos esconder nada.
Hotrenor-Taak sabia muito bem que, com @=
Perry Rhodan
da sua passagem a bordo da corveta, surgiu na tela da MC-8 o brilho suave de um sol amarelo. Alguns dos seus seis planetas também podiam ser divisados.
suas palavras de encerramento, mais uma vez conseguira uma saída triunfal. Ele colocou seus braços sobre os om-
bros das duas mulheres e saiu com elas. Os membros da tripulação da MC-8 os observaram até desaparecerem no corredor
O sistema Hartzon realmente se localiza-
va no espaço vazio intergalático. Lá estava ele sozinho entre as galáxias.
da comporta. — Ele parece um mágico que em cada ato tira coelhos maiores de dentro da cartola — disse Mart Hung-Chuin. — Conheci muito poucos seres para os quais cada palavra e cada gesto fossem tão importantes como
A bordo da nave terrana realizavam-se
todos os preparativos para o pouso. Rhodan não dera instruções especiais aos seus amigos, pois ninguém poderia saber o que os esperava nesse segundo mundo do sistema desconhecido. Todos os membros da tripulação da corveta possuíam experiência suficiente para se adaptarem aos problemas mais diversos possíveis. — De qualquer forma, por ora vamos adotar um comportamento passivo — falou Perry Rhodan instantes antes do pouso. — Temos que admitir que os lares, num mundo controlado por eles, não devem ter menos recursos do que na Terra. Ninguém do nosso grupo pode perder o autocontrole. Teremos as nossas chances, pois não acredito que os estranhos saibam exatamente quais são os nossos recursos. — Quanto mais depressa obtivermos detalhes sobre este Concílio e os seus mem bros, mais facilmente poderemos nos pre parar para as exigências que os lares certamente nos farão — acrescentou Atlan. — Por isso, será de muito pouca valia se todos nós ficarmos agrupados em volta de Perry. Ele deve se destacar em primeiro plano e com o seu comportamento chamar toda a atenção dos lares para si. Isso talvez dê oportunidade para que outros membros do grupo possam dar uma olhada em Hetossa. Rhodan soltou uma gargalhada. — Pelo que vejo, você já distribuiu todos
para este lare. — Não confio nele — falou Irmina Kotschistowa. — Não quero me fiar na minha intuição feminina, mas sinto que tem algu-
ma coisa errada com esse emissário. — Eu acho que ele quer apenas nos deixar inseguros — Alaska Saedelaere entrou na conversa. — Quanto mais desamparados estivermos na atual situação, tanto mais poderemos ficar dependentes dele. Acredito até que ele não esteja desempenhando este papel por nossa causa, mas sim por puro egoísmo. Talvez ele não seja necessariamente uma liderança entre o seu povo. O fato de trazer um Primeiro Hetran provavelmente lhe dê oportunidade para se autopromover. Quem vai levar a mal se ele se apro-
veitar desta situação? Rhodan confessou para si mesmo que ainda não havia analisado o comportamento de Hotrenor-Taak sob esse ângulo. Porém, também não acreditava que Alaska es-
tivesse certo com essa suposição. De um modo geral, todas essas considerações e discussões não levavam a lugar nenhum. Eles tinham que aguardar até que
estivessem em Hetossa.
os papéis, não é, arcônida. Mas dou-lhe toda razão. Temos que descobrir quem realmente são os lares e o que pretendem na nossa galáxia e na Terra. Esse deve ser nosso princi-
*
Pelo menos quanto a um aspecto, Hotre-
nor-Taak falara a verdade: seis horas depois @>
A Liga dos Sete
pal objetivo num primeiro momento. — Mas isso também não quer dizer que alguém do nosso grupo deva correr riscos
le homem apenas traria inconvenientes. No lugar de um acompanhante oficial, eles teriam inúmeros observadores invisíveis atrás deles. — Fique conosco, pode ser que venhamos a precisar de você. Muskenor-Aart sorriu amavelmente e retirou-se para o fundo da cabine de comando. Agora já era possível ver a superfície do planeta Hetossa nas telas. Rhodan sabia a quem ele devia agradecer a correta transmissão dessas imagens. Como eles se encontravam encerrados na capa energética
— tomou a palavra Waringer. — Precisamos agir com uma certa serenidade, mesmo
que isso seja difícil nestas condições. Inesperadamente, um membro da tripulação lare surgiu a bordo neste instante. Tratava-se de um homem jovem que os terra-
nos até então não tinham visto. v isto. — Venho por ordem de Hotrenor-Taak! — Ele era tão amável quanto o próprio emissário dos hetossanos. Pelo menos neste as pecto, os lares eram todos muito parecidos. Essa amabilidade benevolente não parecia ensaiada, mas sim um traço autêntico. Ape-
da espaçonave CEV, a MC-8 jamais teria tido
condições de fornecer tais imagens. Os lares transmitiam as suas próprias observações ao sistema dos terranos. Como eles faziam isso, por enquanto ainda era um dos seus muitos enigmas. — Uma atmosfera com oxigênio, como esperávamos — disse Mart Hung-Chuin. Ele voltou-se para Muskenor-Aart. — Certamente você pode nos dar informações mais precisas. — Naturalmente — disse o lare prestativo. — A rotação deste planeta em torno do
sar disso, um mal-estar tomou conta de Rho-
dan. — O que você quer? — disse Rhodan bruscamente. Ele suspeitava que haviam en-
viado um espião para observá-los constantemente a partir de agora. Por outro lado, Perry Rhodan tinha que partir do princípio de que os lares possuíam recursos técnicos suficientes para vigiar cada passo dos seus
visitantes. — Fui enviado para ficar à disposição de
seu eixo compreende vinte e nove horas, e a
gravitação situa-se pouco acima do valor da Terra. Do ponto de vista de vocês, as temperaturas poderiam estar um pouco acima da média. — Ainda há outras coisas que nos interessam — disse Waringer. — Como é com posta a população deste planeta?
vocês no caso de terem alguma pergunta — respondeu o jovem lare. — Me chamo Muskenor-Aart. Vivi por muito tempo em Hetossa e conheço bem o lugar. Se vocês quiserem, após a nossa chegada posso
guiá-los pela cidade. — Preferimos formar nós mesmos nossa impressão deste mundo — disse Atlan. Rhodan considerou este comentário um
— Em primeiro lugar, naturalmente, são
os lares que vivem em Hetossa — respondeu Muskenor-Aart. — O sistema Hartzon foi colocado à disposição por nosso povo e deve servir aos propósitos do Concílio. Há quase vinte milhões de seres inteligentes, dos quais cinco milhões vivem na capital. A propósito, ela chama-se Mivtrav. — Muskenor-Aart fez um gesto de lamento. — Pode ser que sintam falta de uma indústria desen-
tanto precipitado, mas Atlan em várias situações era mais impulsivo do que os seus
amigos terranos. — Como preferirem — respondeu Muskenor-Aart. — Então, vou me retirar se
não precisarem mais dos meus serviços. — Isso não é preciso — disse Rhodan rapidamente. rapidamente. Ele sabia que a recusa daque@?
Perry Rhodan
que Perry Rhodan fique confuso ao ver o espaçoporto com todos os preparativos que
volvida em Hetossa, pois ela não existe lá. O planeta destina-se a outros fins. É claro que existem alguns estaleiros de reparos para as nossas espaçonaves e alguns de pósitos de abastecimento. Este mundo é mais um ponto de apoio do que propriamen-
foram realizados. O Primeiro Hetran da Via-
Láctea, logo em seguida à sua chegada, não pode ser levado a um estado igual, digamos, ao do ator antes da estréia.
te uma colônia.
Agora já não havia mais dúvidas de que
Muskenor-Aart exercia uma política de pequenas alfinetadas constantes em Perry Rhodan. Nessas condições, Rhodan não podia deixar de se perguntar se HotrenorTaak não aplicava toda aquela série de pequenas humilhações inconscientemente. Talvez fizesse parte da mentalidade dos lares tratar assim os seres estranhos a eles.
Rhodan e Atlan trocaram um rápido olhar.
Parecia que o lare realmente não escondera nada. Por outro lado, era preciso levar em conta que os dados fornecidos eram bastante genéricos. Rhodan tinha certeza de que inúmeras surpresas ainda os aguarda-
vam. — O pouso será concluído rapidamente — anunciou o lare. — Perry Rhodan deve deixar a nave como o Primeiro Hetran junto com o emissário dos hetossanos. Por favor,
Não era possível comprovar se o pouso
já fora concluído. Os homens que trabalhavam nos aparelhos sistema localização da MC-8 haviam perdido todo o contato com o mundo externo depois que os lares encerraram as transmissões de imagem.
prepare-se adequadamente para isso. Além do seu papel de guia indesejado, parecia que Muskenor-Aart também era um
tipo de mestre de cerimônias.
Mas logo Hotrenor-Taak apareceu na
corveta para buscar Perry Rhodan.
A nave de energia mergulhou na atmosfera do planeta. Por um instante, apareceu na tela a imagem de uma gigantesca cidade com ruas de energia cintilantes e constru-
— As acomodações para os seus acom-
panhantes já estão preparadas — disse o emissário dos hetossanos. — Após a recepção você também poderá retirar-se para junto deles, para descansar. Ele apontou para o jovem lare.
ções de linhas arrojadas. — Esta é Mivtrav — ouviu-se a voz de Muskenor-Aart. — O espaçoporto fica na periferia da cidade. Como as nossas naves
— Muskenor-Aart cuidará dos seus ami-
gos enquanto assistimos à recepção.
não fazem barulho nem sujeira, o nosso cam-
po de pouso também poderia ter sido insta-
Rhodan não encontrou nenhuma opor-
lado bem no centro da cidade.
tunidade para fazer uma objeção. Também, teria sido ridículo realizar uma viagem tão
Lá vinha outra vez a típica arrogância arr ogância dos
lares.
longa e depois criar atrito por causa de ques-
De repente, apagaram-se todas as telas. Os lares haviam encerrado sua transmissão.
tões protocolares. Junto com Hotrenor-Taak, ele saiu da
Irritado, Atlan dirigiu-se ao lare. — E agora, o que significa isso?
corveta. No caminho para o lado de fora, ele
atravessou pela segunda vez o interior da
— Eu também não sei s ei explicar exatamente — respondeu Muskenor-Aart gentilmente. — Mas imagino que haja razões psicoló-
espaçonave CEV. A claridade das paredes e
do convés doía nos seus olhos. Os lares pareciam já estar acostumados. Aparentemente, a bordo daquela nave não havia centrais de controle. Os elemen-
gicas que levaram Hotrenor-Taak a encerrar
a transmissão. Certamente ele quer evitar @@
A Liga dos Sete
tos de comando encontravam-se em nichos
— Isso quer dizer que não vou poder me pronunciar diante do Concílio? — perguntou Rhodan. — É claro que lá você vai poder se pronunciar, mas a conferência permanente, no presente momento, está sendo conduzida apenas por lares. Você pode imaginar como seria complicado trazer a toda hora os delegados das sete galáxias até aqui. A contradição nas afirmações do emissário dos hetossanos era evidente. E Rhodan não teve medo de expressar isso. — Algo me diz que estou sendo enganado — disse ele. Hotrenor-Taak sacudiu a cabeça energicamente. — Isso é um absurdo. Você está aqui porque passou por todas as tarefas e provações que lhe foram impostas. Você se afirmou e pode ser o Primeiro Hetran Hetran da sua galáxia.
e concavidades. Também os membros da tripulação pareciam dispersos por todos os cantos da nave. Mesmo assim, a nave fun-
cionava como uma unidade. — Uma vez dominados os métodos da estabilização e deformação da energia, a fa bricação de naves como esta é muito fácil — soou a voz de Hotrenor-Taak. — Para seres que seguem uma orientação técnica, uma nave como esta deve parecer um ver-
dadeiro milagre. Rhodan olhou-o de esguelha. — E que orientação seguem os lares e os povos a eles ligados? — Acredito que conseguimos encontrar algumas soluções ótimas — esquivou-se o emissário dos hetossanos. — Só o fato de coordenarmos sete galáxias já é uma prova
disso. Eles entraram no campo de irradiação da camada externa do envoltório da nave e foram projetados no campo de pouso. Rhodan não sentiu nenhuma dor por causa da
Dessas palavras, Rhodan depreendeu que havia certas ligações entre o Hetos dos Sete
transmissão.
e as duas entidades Aquilo entidades Aquilo e Anti-Aquilo. Anti-Aquilo.
Ele lançou um olhar rápido ao seu redor.
— Que contatos você tem com Aquilo com Aquilo e
Do outro lado do espaçoporto, havia uma
Anti-Aquilo? Anti-Aquilo? — ele quis saber. O lare sorriu. — Nós conhecemos essas provações e agimos de acordo. Isso é tudo o que posso lhe dizer. Eles flutuaram sobre o caminho de energia e passaram pelos lares exultantes. Rhodan compreendeu que Hotrenor-Taak tam bém era um líder em Hetossa — se não o mais importante de todos os lares. — O Concílio dos Sete — informava Hotrenor-Taak de passagem — sempre esteve ocupado em escolher grandes povos adiantados, para pôr um fim com a sua ajuda a todas as discórdias existentes entre as galáxias. Rhodan ouvia atentamente. — É claro que este processo também exi-
fileira de espaçonaves CEV brilhantes. Evidentemente, dentemente, elas formavam uma espécie de ala de recepção. Havia um tapete de energia
que ia diretamente da nave de HotrenorTaak até os prédios ao lado do campo de pouso. Cerca de dois a três mil lares aglomeravam-se nas laterais daquele curioso caminho. Eles estavam ricamente trajados e
erguiam o braço num gesto de saudação. — São todos representantes altamente graduados. Como nós, os lares, somos os anfitriões, por enquanto somente nós é que
vamos tratar com vocês — Hotrenor-Taak pegou Rhodan pelo braço e o levou para o caminho de energia. — Mais tarde você conhecerá os outros integrantes do Concílio. Por ora, terá que tratar apenas com os lares. @A
Perry Rhodan
ge co compreensão do do se seu la lado. Em Em br breve vo vo-
suspensos. Mivtrav fora construída por seres que queriam uma paisagem agradável ao seu redor. E isso eles conseguiram.
cês terão que desarmar a sua frota e providenciar para que os outros povos da sua
galáxia façam o mesmo — Hotrenor-Taak ergueu a cabeça. — Eu sei que o grande objetivo de vocês é a paz em sua galáxia
Hotrenor-Taak apontou para uma cúpula
que se erguia ao lado da rua de energia.
natal. Agora está em suas mãos a única chan-
— Esta é uma das inúmeras estações pro-
ce de consegui-la para sempre. Rhodan não respondeu. Os pensamentos rodopiavam em sua cabeça.
jetoras que podemos encontrar por todos os lugares na cidade — explicou ele. — Este sistema pode ser comparado às suas estações transmissoras, embora o seu funcionamento seja bem menos complicado. Você vai se entender com elas rapidamente. Rhodan sentiu-se aliviado quando o lare mudou de assunto. Mas ele também sabia que, mais cedo ou mais tarde, seria novanov a-
A paz em toda a Galáxia, sem dúvida, era
um objetivo desejável. Um objetivo a que Rhodan e todos os seres humanos também se tinham proposto. E agora vinham os lares com promessas de que tudo seria bem sim ples se as ordens deles fossem seguidas. Rhodan não contara com a possibilidade
mente confrontado com perguntas decisivas.
Rhodan lançou um olhar para trás e viu que agora outros integrantes da tripulação da MC-8 estavam do lado de fora e, acom panhados por diversos lares, deslizavam para uma outra rua de energia. Tudo aquilo era uma experiência nova para Rhodan. Os lares aparentemente conseguiam construir estradas onde bem entendessem, assim como podiam simplesmente desmanchar outras. O sistema viário de Mivtrav apresentava uma mobilidade ainda maior do que a do envoltório de energia da espaçonave CEV que havia trazido o grupo de Rhodan para Hetossa. Logo depois, Rhodan viu seus amigos desaparecerem atrás de alguns edifícios. Hotrenor-Taak interpretou corretamente o olhar do seu acompanhante. — Eles estão sendo levados às suas acomodações, exatamente como eu disse. Não precisa se preocupar. Da margem do campo de pouso, Rhodan pôde comprovar que o espaçoporto de Mivtrav não era muito grande. Claro que não se podia compará-lo com um espaçoporto como o de Terrânia. Contudo, Rhodan não deu muita importância a esse fato. Em fun-
de os lares pedirem o desarmamento da Frota Solar. Todavia, Hotrenor-Taak falara dis-
so como se fosse nada mais do que um fato corriqueiro. — Você está muito quieto — constatou o emissário dos hetossanos, descontente. — Eu contava com uma concordância entusiástica. — Tudo isso ainda é muito novo para mim
— retrucou o terrano, evasivamente. — Além disso, o visual da sua cidade me fascina. A silhueta de Mivtrav realmente era im pressionante. Entre os prédios estreitos esgueiravam-se as ruas de energia como ser pentes brilhantes. Havia pontes apoiadas sobre pilares de energia. Apenas os prédios mais baixos não apresentavam suportes energéticos. Mivtrav oferecia um quadro de cores maravilhosas. Quase não se viam aviões e veículos. Todo o trânsito fluía nessas
esteiras rolantes de energia, que muitas vezes serpenteavam entre os edifícios numa velocidade estonteante. Pelo menos era assim naquele lado da cidade. Em outras regiões, parecia que as coisas eram mais calmas. Lá existiam parques projetados com grande generosidade, com lagos e jardins
@B
A Liga dos Sete
ção das suas características, as espaçona-
ponho que nos encontremos em algumas horas no local da conferência. Nesse meio tempo, deveríamos dar oportunidade para que o nosso convidado possa descansar. Ele apontou para uma das formações sinuosas ao lado do caminho. — Vou levá-lo ao seu alojamento.
ves CEV podiam praticamente pousar e decolar em qualquer lugar. Além disso, para os lares não devia ser s er nenhum problema cri-
ar campos energéticos de pouso. Alguns lares que estavam em pé ao lado do caminho aproximaram-se de Hotrenor-
Taak e Perry Rhodan. — Estes são membros do Concílio — anunciou Hotrenor-Taak. — Todos eles desejam lhe dar as boas vindas. O primeiro lare adiantou-se. Ele era mais
*
As acomodações dos terranos situavamse bem no meio de um amplo parque. Logo em seguida à sua chegada, Rhodan ficou sabendo por intermédio de Atlan que não haveria impedimentos à saída dos membros do grupo. Eles podiam ir e vir livremente, não lhes sendo vedado sair do prédio para onde foram levados. Hotrenor-Taak retirouse novamente. — Não há guardas — informou o arcônida. — Estão nos deixando totalmente à vontade. Com o sistema de localização do Paladino, rastreamos toda a região e temos quase certeza de que também aqui não temos câmeras ou aparelhos de escuta. Ao que tudo indica, os lares estão levando a sério essa história da hospitalidade. Rhodan se questionava se talvez estivesse avaliando aquele poderoso povo de forma errônea. Por outro lado, não podia esquecer que para os lares não havia nenhuma espécie de risco em deixar os seus visitantes sem serem vigiados. Se os terranos quisessem voltar ao seu mundo natal, eles precisariam dos lares e, portanto, não podiam se permitir nenhuma ação que pudesse atrair a animosidade deste povo. — Dentro de algumas horas eles virão me buscar para a primeira conferência — informou Rhodan. — Para eles já está decidido que eu serei o Primeiro Hetran. Temo que uma recusa possa acarretar-nos conseqüências sérias e por isso estou decidido a,
largo que Hotrenor-Taak, e os seus olhos verde-esmeralda verde-esmeralda quase desapareciam atrás
das salientes protuberâncias ósseas. — É um grande prazer para nós poder saudar o Primeiro Hetran da Via-Láctea no Hetos dos Sete — disse ele, amável. O lare possuía uma voz sonora, que podia ser ou-
vida à distância. — Meu nome é Corvernor-Bran, e sou o Primeiro Orador dos ark-lares no Concílio. Ele estendeu a mão de acordo com os costumes terranos, mas Rhodan hesitou em pegá-la. Tudo indicava que em Hetossa os lares supunham que Rhodan aceitaria de imediato o papel a ele destinado. Ou eles foram falsamente informados por HotrenorTaak ou sequer podia passar pela cabeça deles que alguém poderia se opor aos seus
desejos. A situação tornou-se constrangedora. Rhodan pegou a mão estendida e apertou-a rapidamente. Todavia não disse nada.
Depois de Corvernor-Bran foram-lhe apresentados os outros lares. Rhodan logo notou que, apesar das altas posições que sem dúvida ocupavam, eles reconheciam em
Hotrenor-Taak o seu líder. O emissário dos hetossanos determinou a continuação da cerimônia. — Os terranos não são lá amigos de grandes discursos — explicou aos lares. — Eles costumam ir direto ao assunto. Por isso, pro@C
Perry Rhodan
pelo me menos ap aparentemente, ac aceitar as as pro postas dos lares. — Portanto, está na hora de tomarmos a iniciativa — continuou Perry. — Ras, você e Gucky devem partir para um reconhecimento da situação. Preciso do relatório de vocês ainda antes do início propriamente dito da conferência.
Gucky de deu um uma ri risadinha. — Perry vai explicar para eles que fomos passear no parque — afinal de contas, isso não é proibido. Assim Gucky encerrou a conversa sobre
esse assunto, pois estava mais interessado nos acontecimentos do outro lado das montanhas. — Ras, acho que devemos arriscar uma
teleportação para o topo da montanha — disse ele. — Lá do alto provavelmente teremos uma vista melhor. Tschubai agarrou-o pelo braço.
7.
Do outro lado de Mivtrav, existia um gi-
gantesco maciço rochoso. Rochas escuras, sem qualquer vegetação, emprestavam um aspecto sombrio à paisagem. Gucky e Ras Tschubai, que haviam se materializado em meio às montanhas, estavam prestes a sair dali quando viram relâmpagos atrás da encosta. — Ras, ali está acontecendo alguma coisa — observou o ilt. — Raios de energia que chegam bem alto na atmosfera. — Provavelmente no outro lado destas montanhas existe uma estação experimental
— Você consegue detectar impulsos de
pensamento? — Até agora, não — respondeu o seu
acompanhante. — Imagino que ali se encontrem grandes campos de energia que não
deixam passar nada. Os dois se teleportaram para o cume da
montanha. As rochas ali lembravam basalto negro. Algumas pedras eram tão que bradiças que desmancharam sob o peso de Tschubai.
dos lares — supôs Tschubai. — Neste momento, não é esta a minha preocupação mais
O africano foi para trás de uma rocha
pontiaguda e espiou encosta abaixo. O que viu fez com que prendesse a respiração instintivamente.
importante. Gucky olhou-o compreensivamente. — Você acha que os lares não perceberam a nossa teleportação para este local? — Mas é claro! Eles seriam loucos se não estivessem nos vigiando. — Nós nos teleportamos de dentro do nosso alojamento — lembrou o rato-castor. — Até agora não detectamos sinais de ca-
Lá embaixo desencadeava-se um comba-
te fantástico. Lares e comandos-robô lares haviam cer-
cado uma esfera brilhante amarelo-ocre e disparavam suas armas energéticas contra ela. A esfera encontrava-se num vale e media cerca de duzentos metros. Os adversários dos lares estavam dentro dessa esfera. Tschubai notou, admirado, que o fogo dos agressores podia ser respondido de dentro da formação energética. Assim, o envoltório externo preenchia duas funções: protegia contra os tiros que vinham de fora
pacidade parapsíquica entre os lares. Ao que
tudo indica, eles sabem que no nosso gru po existem mutantes com dons psíquicos, mas não acredito que tenham condições de medir os saltos de teleportação. Não era fácil convencer Tschubai. — Mesmo que eles não tenham registrado a teleportação, mais cedo ou mais tarde vão notar a falta de dois membros do grupo.
e se mostrava permeável aos tiros que parti-
am de dentro. Alguns robôs lares estavam quebrados @D
A Liga dos Sete
e incendiados. A apenas trezentos metros
O silêncio de Tschubai dava razão ao ilt. De repente, surgiram lampejos nas encostas rochosas mais adiante. Lá havia seres numa posição em que podiam disparar contra os agressores. — Está vendo! Os seres que estão dentro da esfera não estão completamente sozinhos. — Quanto mais eu reflito, mais me convenço de que em algum lugar destas montanhas existe uma estação. Imagino uma or-
de Tschubai via-se um planador cujo piloto evidentemente evidentemente perdera o controle da máquina, que acabara por se chocar contra uma
rocha. O teleportador acenou para Gucky, para
que ele se aproximasse. O ilt rastejou até o lado dele e deu um assobio. — Veja só! — exclamou ele. — Os nossos amigos lares. Eles nos asseguram uma paz eterna na nossa galáxia enquanto lutam
ganização secreta que eles conseguiram criar
e que agora foi descoberta pelas posições lares oficiais.
entre si em um dos seus próprios mundos. — Eles poderiam argumentar que se tra-
— Hum... — fez Tschubai. — Esta é uma
ta apenas de uma escaramuça local — disse
boa história, só que não sabemos se é verdade. — Vamos esperar! Naquele momento, os mutantes podiam apenas ficar observando o andamento da luta. As tropas de robôs haviam se espalhado e agora também atacavam aqueles pontos de onde os aliados dos ocupantes da esfera de energia tinham aberto fogo.
Ras. — No que você está pensando? Talvez um tipo de perseguição a criminosos? — A voz de Gucky ia ficando cada vez mais estri-
dente por causa da agitação. — Eu queria muito saber quem é que está dentro dessa cúpula de energia. Até agora os agressores
estão atacando com unhas e dentes. — Parece que a esfera de energia está sendo constantemente recarregada — observou Ras. — Por isso os agressores tam bém não conseguem abrir uma fenda na estrutura. Eu imagino que o escudo vai absorvendo energia do hiperespaço continu-
Tschubai estimava que já havia quase três
mil robôs operando nas montanhas. O número de planadores de guerra já somava de quarenta a cinqüenta. Os lares protegidos por uniformes especiais não participavam diretamente na luta, já que não se encontravam a bordo dos planadores. Parecia que isso era perigoso demais para eles.
amente. Os dois mutantes continuaram a observar a região. Eles viram que a quantidade de
agressores aumentava. Robôs voadores e planadores de combate chegavam de Mi-
— Vou me teleportar de volta ao nosso
alojamento — resolveu Gucky. — Perry precisa saber imediatamente o que está havendo por aqui. Se for possível, vou trazê-lo para cá, para que ele mesmo possa ter uma
vtrav para tomar parte no conflito. — Bem que eu queria poder fazer algo pelos desconhecidos — falou Tschubai,
oprimido. — Nós não conhecemos a situação —
idéia da luta. Tenho a impressão de que aqui
está o trunfo que nos faltava.
retrucou Gucky. — Só temos certeza de que lá embaixo há um confronto entre dois gru pos hostis. Do nosso ângulo, até agora, não é possível identificar quem está com a ra-
Tschubai fez uma careta, mas não levan-
tou nenhuma objeção. Um breve cintilar, e o local onde antes estava o ilt ficou vazio. O terrano de tez escura ficou sozinho.
zão. @E
Perry Rhodan
Ele viu como agora os ataques aos redu-
das em considerar os lares inadequados para
nos proporcionar a paz. Eles estão pensando na paz à maneira deles, que, se necessário, vão impor com força bruta. Não é de se admirar que Hotrenor-Taak logo tenha falado de um desarmamento da Frota Solar. Tschubai deu uma risada amarga. — Transformam-no no Primeiro Hetran
tos nas montanhas haviam se intensificado. De um desses esconderijos um lare saiu cambaleando e caiu ao chão. Evidentemente, fora atingido por raios que iam destruindo lentamente o sistema nervoso. Era um
quadro horrível. Para Tschubai, não restavam mais dúvidas de que havia lares brigando nos dois lados. No interior da esfera de energia, provavelmente também existiam lares. Esses seres, que haviam prometido a paz
e, como pagamento, querem embolsar a Via-
Láctea. — É isso mesmo! — confirmou Rhodan furioso. — Agora já temos uma boa idéia de onde estamos metidos. — O que você vai fazer? — quis saber o ilt. — Recusar a posição oferecida? — Vou tomar cuidado — respondeu Rhodan. — Uma atitude dessas apenas reduzi-
eterna à Galáxia, encontravam-se em guerra
contra seus irmãos num de seus mundos. Tschubai já não acreditava mais que o
confronto fosse de grupos de policiais contra uma organização criminosa. Aquilo ali era mais do que uma perseguição a bandidos. Tschubai procurou uma posição mais segura, pois era bem possível que as lutas
ria a margem de negociação. Uma recusa só
serviria de incentivo para os lares tomarem medidas mais duras. O rosto de Tschubai expressava preocu-
pação.
se ampliassem e chegassem à região em que
Gucky e Tschubai ressurgiram. Mas, por ora, o mutante ainda podia ficar no lugar em que estava. Neste instante, surgiram Gucky e Rhodan. Eles se materializaram bem ao lado de Tschubai.
— Vai ser difícil explicar para os habitan-
tes da Via-Láctea por que você se deixou eleger o Primeiro Hetran. — A coisa é muito pior — complementou Rhodan. — Nós nem ao menos podemos tentar explicar para alguém da Via-Láctea, Via-Láctea, pois
Com um rápido olhar, Rhodan captou a
os lares seriam os primeiros a saber. — É mesmo! mesmo! — concordou Gucky. —
cena. — O que você descobriu nesse meio tem po, Ras? — ele quis saber. — Há lares lutando em ambos os lados — respondeu o teleportador. — Eles em-
Na Galáxia todos os seres inteligentes precisam acreditar que Perry Rhodan está a serviço do Hetos dos Sete por convicção. — Este é o papel mais triste de todos os que já desempenhei — disse Rhodan com amargura.
pregam armas desumanas. Vi um lare morrer
com grande sofrimento. — Que motivos você supõe? Tschubai sacudiu os ombros. — Podem ser questões políticas ligadas à luta pelo poder que desencadearam este
8.
Sobre a esfera de energia lá embaixo no vale, havia se formado nos últimos minutos uma segunda estrutura de energia. Era uma
conflito. Mas também podem ser razões ide-
ológicas ou religiosas. Rhodan apertou os lábios. — Agora não precisamos mais ter dúvi-
espécie de cúpula que descia vagarosamente
sobre a esfera. A<
A Liga dos Sete
Os observadores vindos da Terra esta-
um esconderijo. O homem era, sem dúvida
e uma ferida profunda no ombro mostrava claramente o estado em que este homem se encontrava. Sangue amarelo escorria por cima da pele escura e da roupa. O homem emitia sons incompreensíveis. Ele estava completamente confuso. Rhodan deu um passo em sua direção e o apoiou. — Nós somos os representantes da Terra — disse ele. Por um acaso chegamos a esta região e testemunhamos testemunhamos a luta. O que está acontecendo por aqui? — Nós... nós queríamos aproveitar o mo-
nenhuma, um dos membros do grupo ao qual
mento da sua... chegada para fazer uma ma-
também pertenciam os ocupantes da esfera
nifestação — conseguiu o lare dizer com extrema dificuldade. Ele falava um intercosmo perfeito, um sinal que mostrava claramente que seu grupo pretendia um contato com os visitantes. — Meu nome é Peztet e sou membro de uma... organização de resistência. Ele teve um acesso de fraqueza e quase teria caído ao chão se Rhodan não o tivesse agarrado com mais firmeza. Rhodan olhou ao redor em busca de um lugar mais ade-
vam certos de que se tratava de uma arma de ataque das forças lares. A esfera de ener-
gia deveria ser partida de modo a quebrar definitivamente definitivamente a resistência dos seus de-
fensores. Mas antes de chegar a esse ponto, a atenção dos dois homens e do ilt foi desviada por um segundo fato igualmente dra-
mático. Logo abaixo deles, viram um lare ferido se arrastando entre as rochas e procurando por
de energia. Ele conseguira escapar da região
do conflito sem que fosse descoberto. Perry Rhodan rapidamente tomou uma decisão. — Vá buscá-lo, Ras! — ordenou ele. O mutante olhou Rhodan sem acreditar no que ouvia. — Nós vamos entrar na briga? — perguntou. — Tem certeza de que devemos agir
assim? — Lá embaixo está um ser em grande pe-
quado para acomodar o ferido. Tschubai aju-
rigo — redargüiu Rhodan, impaciente. — Nós vamos ajudá-lo. Contudo, não só por compaixão, mas também porque precisamos
dou-o a deitar o homem numa parte plana entre duas rochas.
de informações.
para buscar material de primeiros socorros! — exclamou Gucky. — Fique aqui! — ordenou Rhodan. — Não tenho certeza se o que temos a bordo pode ajudar este lare. Quem sabe, conseguimos descobrir onde se encontra a base deste ser. Peztet terá mais ajuda se o levarmos até lá. Um estrondo semelhante a uma explosão fez com que ele se virasse. Olhou encosta abaixo e viu que a esfera de energia havia explodido. Pouca coisa restara dos seus ocupantes. Por cima do local da explosão, circulavam robôs armados. — Logo eles estarão percorrendo toda a
— Vou me teleportar até o alojamento
Tschubai desmaterializou-se desmaterializou-se e no mesmo instante apareceu logo mais abaixo na encosta, ao lado do lare ferido. Rhodan viu que o fugitivo assumia uma postura defensiva. O surgimento repentino de uma pessoa estranha devia ter sido um verdadeiro choque para ele. O lare agarrou uma arma em forma de bastão, mas Tschubai foi mais rápido e, com um golpe, jogou-a no chão. Em seguida, tocou o ombro do ferido e o
teleportou. Rhodan viu o alienígena surgir à sua frente junto com Tschubai. O lare cambaleou.A parte superior do seu traje estava rasgada, A=
Perry Rhodan Peztet virou a cabeça para o lado. Parecia
região em busca de fugitivos — previu Gucky. — Até lá precisaremos já ter sumido daqui. O perigo de que fossem encontrados ali
que suas forças o abandonavam definitivamente. Todavia, ele continuou a falar.
crescia a cada minuto, e também Perry Rho-
dan sabia disso. Ele voltou-se novamente
— Roctin-Par é o líder do nosso grupo
para Peztet:
de resistência. Sem ele é impossível a existência desta organização. Se o pegarem, em breve não haverá mais nenhum lare que tenha coragem de falar a verdade sobre este Concílio. — Sangue amarelo escorreu pelos seus lábios. — Em qualquer circunstância é preciso que Roctin-Par... Roctin-Par...
— A resistência dos seus amigos foi totalmente destroçada — disse ele. — Se você quiser nossa ajuda, precisa nos dizer para onde podemos levá-lo para que fique em
segurança. O lare revirou os olhos. Parecia que ele
não tinha entendido Rhodan muito bem.
— Onde podemos encontrá-lo? encontrá-lo? — Rho-
dan interrompeu o lare. — Isso é importante agora. Peztet ergueu a cabeça.
— Ele está morrendo! — observou Gu-
cky, consternado. — Não vai sobreviver a estes ferimentos graves. Rhodan segurou um palavrão. Finalmente encontrara um informante do qual poderiam obter respostas para perguntas importantes, e agora este homem ameaçava morrer antes que pudesse dizer alguma coisa. Rhodan inclinou-se sobre o ferido. — Peztet! — ele chamou com insistência — Está me ouvindo? O moribundo disse algo em idioma lare e depois arregalou os olhos. Parecia então ter compreendido onde estava. — Protejam-se das bestas cruéis do Concílio dos Sete — disse ele em tom penetrante. Sua voz agora soava bem clara, como se tivesse reunido todas as suas forças uma última vez. — O Hetos dos Sete está voltado exclusivamente para subjugar outros povos. Isso vale tanto para os lares como para os outros seis membros do Concílio. — Mas você também é um lare! — exclamou Tschubai impulsivamente. Peztet parecia não tê-lo ouvido. — Para mim qualquer ajuda chegará tarde demais — disse ele, esgotado. — Deixem-me aqui. Mas peço que salvem RoctinPar. — Quem é Roctin-Par? — perguntou Rhodan.
— Existe... uma estação secreta aqui nas
montanhas. Até agora ela não foi encontrada. Espero... — Sua voz tornou-se incom preensível. Então ele ergueu um braço e apontou na direção das montanhas mais altas do maciço rochoso — As... as rochas brancas! — As rochas brancas! — repetiu Rho-
dan. — Onde elas estão? Porém não obteve mais nenhuma resposta.
O lare perdeu as forças e não se mexeu
mais. — Está morto — murmurou Gucky. Rhodan fitava o morto no chão. Este homem era a prova máxima dos ob-
jetivos ocultos do Concílio dos Sete. Em Hetossa existiam lares que não concordavam com as medidas adotadas por essa instituição. Rhodan estava convencido de que também em outros mundos havia resistências organizadas. Peztet dissera claramente que os lares ti-
nham planos de conquista. Era inadmissível que um ser que vivia em
Hetossa pudesse se enganar. Afinal de contas, Peztet não era um opositor isolado, mas pertencia a uma organização que, evidentemente, encontrava-se bem equipada. A>
A Liga dos Sete
— As rochas brancas — falou Tschubai
dan pensativo. — Não posso me esquecer de que os lares vêm me buscar para a primeira conferência. conferência. Por isso, é melhor que Ras me leve de volta à nossa base. Lá vou
que ninguém tivesse notado a ausência de alguns membros do seu grupo. Ele fez um curto relato dos acontecimentos nas montanhas. — Os lares não são, portanto, esses bons amigos que querem mostrar ser — encerrou ele. — Mas como de qualquer forma eles são superiores a nós em todos os aspectos, devemos continuar o nosso jogo. Agora nós vamos festejar um pouco por aqui enquanto Gucky, Ras e Calloberian procuram por Roctin-Par. — O risco é grande — considerou Atlan. — Apesar disso, concordo com os seus pla-
encenar uma festa bem barulhenta, para que
nos. Precisamos fazer alguma coisa para que
pensativo. — Onde será que elas podem
estar? — O braço esticado do morto nos aponta sua direção — sugeriu o ilt. — Vamos procurar rochas brancas nas montanhas
mais altas. — Podem ser rochas calcárias — presumiu Tschubai. — Não temos muito tempo — disse Rho-
não fiquemos completamente sem forças à mercê dos membros do Concílio. Waringer adiantou-se. — Apesar disso, não vejo lógica alguma nesse procedimento — explicou ele. — Se esse bem armado grupo de resistência que conhece muito bem Hetossa está fadado ao desaparecimento, não somos nós que vamos poder ajudar. — Agora trata-se apenas de Roctin-Par — respondeu Rhodan. — Ele, como líder da organização de resistência, pode nos fornecer informações valiosíssimas. — Portanto, nós é que vamos precisar da sua ajuda — constatou o cientista. — Isso é mais ou menos como se um aleijado fosse ajudar um cego a atravessar a rua. Rhodan já contara com todas essas ob jeções. Ele também as considerava justas. Só que na atual situação tinha que incluir contratempos nos seus planos. — Eu ainda não terminei — disse Waringer. — Se tivermos sorte para resgatar esse Roctin-Par antes que as tropas o encontrem no seu esconderijo, teremos um outro pro blema: onde vamos escondê-lo? — Tenho certeza de que ele mesmo sa berá o que fazer assim que estiver fora da zona de perigo — disse Perry Rhodan. —
os lares acreditem que tudo está em ordem.
E Ras volta para cá com Calloberian. — Com o xisrape? — perguntou Gucky atônito. — O que a gente vai fazer com ele
aqui? — Ele já mostrou diversas vezes que possui algumas capacidades incomuns — retrucou Rhodan. — Acho que ele pode nos ajudar a descobrir a base secreta. Precisamos encontrar esse Roctin-Par antes que
os comparsas de Hotrenor-Taak o façam. Ras Tschubai observava os acontecimentos no local da batalha. Algumas dezenas de robôs haviam pousado e agora vasculhavam os escombros da esfera de energia destroçada. Sem dúvida estavam à procura de pistas. Os soldados lares ainda se mantinham recuados. Eles não se arriscavam. Presumivelmente, temiam que ainda existissem guerreiros da resistência escon-
didos nas proximidades. — Venha, Ras! — disse Rhodan. — Te-
mos que nos apressar. O teleportador pegou a mão de Rhodan e se concentrou. Ele teleportou-se junto com o Administrador-Geral diretamente para den-
tro do alojamento da tripulação da MC-8. Nada acontecera ali nesse meio tempo. Nenhum lare fora visto. Rhodan esperava A?
Perry Rhodan
anunciou Rhodan. — Os lares devem nos ver bem alegres e animados quando vierem me buscar para a próxima reunião.
Sobre isso ainda podemos discutir assim que Ras e Calloberian tiverem saído. — Ele ace-
nou com a cabeça para o teleportador. — Ras, pode ir. Tschubai voltou-se para o xisrape. — Você está com medo? — Não — assegurou Calloberian. — Faço tudo o que for necessário para ajudar esse Roct-Par. O mutante sorriu, aprovando a resposta. — Afinal de contas, há muito tempo você já é adulto e um homem — disse ele. Calloberian ajeitou os seus lobos epidérmicos mais junto de seu corpo magro. — Acho que há um engo. Eu não sou do sexo masculo. Rhodan franziu a testa. — O que significa isso? — Posso imagar que seja muito difícil para os terros identificar as características
— Não consigo imaginar como, nestas
circunstâncias, vou conseguir representar toda essa alegria — resmungou Atlan. — Mais difícil ainda vai ser me controlar quando esse finíssimo Hotrenor-Taak aparecer por aqui novamente. 9.
Quando Tschubai e Calloberian se materializaram ao lado de Gucky, o ilt já os aguar-
dava impaciente. Abaixo, na encosta, os robôs lares espalhavam-se cada vez mais e vasculhavam os arredores do campo de batalha. — Um grupo grande também voou na direção onde imaginamos que está a base secreta do grupo de resistência — relatou Gucky. — Receio que os lares tenham obtido alguma indicação sobre onde podem encontrar Roctin-Par. — Isso dificulta nossa tarefa — disse Tschubai. — Sugiro que nos teleportemos
sexuais nos alienígenas. A família Chnel tam-
bém sempre achou que eu fosse um meno. — E isso não está certo? — presumiu Mart Hung-Chuin. — Não Não — confirmou confirmou Calloberian. Calloberian. — Ada que tenham me dado um nome masculino, eu sou uma mena. Boquiabertos, os outros encaravam-na sem acreditar no que ouviam. — Isso realmente não sabíamos — disse Rhodan. — Considerando esses fatos, você prefere ficar aqui no alojamento? — Claro que não! Vou com Ras. Rhodan fez um sinal para o teleportador. Tschubai pegou um dos bracinhos da xisra pe e desmaterializou-se. — Você esteve o tempo todo com ele... com ela — Rhodan virou-se para Alaska Saedelaere, — e nunca percebeu nada? — Não — lamentou Alaska. — Também nunca pensei a respeito. Nós conversamos muito pouco sobre o povo xisrape, pois os outros problemas me pareciam mais urgentes.
— Agora, vamos festejar um pouco —
separadamente até os cumes mais altos e de
lá procuremos as rochas brancas. Gucky concordou. Como Ras Tschubai já havia realizado vários saltos cansativos, agora ele deveria ir sozinho. Gucky levaria a
xisrape consigo. O ilt não perdeu tempo. Assim que ele e Calloberian desapareceram, Tschubai lançou um último olhar lá para baixo no vale onde agora fervilhavam comandos lares. Os homens carregavam grandes aparelhos. Pro-
vavelmente procuravam por rastros. Tschubai sabia que cada minuto a mais
naquela região era perigoso. Ele se teleportou para os picos vizinhos. A região onde foi parar quase não se diferenciava daquela onde estivera há pouco. Contudo, ali não descobriu lares ou robôs. A@
A Liga dos Sete
Após encontrar um lugar propício, pôsse a procurar por rochas brancas.
tos dela? — perguntou Ras ao rato-castor. — Ela ainda não conseguiu descobrir
Quando resolveu abandonar esse cume e saltar para o próximo, Gucky e Calloberian
nada que pudesse indicar a presença de uma
base, portanto vai descer mais para o fundo da garganta. Tschubai olhou desconfiado para o amigo. — Seria melhor ela não fazer isso! Um barulho do outro lado do maciço desviou a atenção dos dois mutantes. Horrorizado, Tschubai viu algumas centenas de robôs voadores se aproximando, flanqueados por planadores que levavam soldados lares a bordo. — Eles estão chegando! — gritou Gucky. — Espero que não saibam a localização exata da garganta. O comando lare se deslocava lentamente, o que levou Tschubai a concluir que o grupo não sabia exatamente onde deveria
surgiram ao seu lado. — Encontrei um grupo de rochas brancas — relatou o ilt, excitado. — Quer dizer, não são brancas, mas sim apenas mais cla-
ras do que as que estão à sua volta. — Você também chegou a ver lares ou ro-
bôs? O ilt sacudiu a cabeça. — Acho que conseguimos chegar a tem po. Agora temos que encontrar Roctin-Par e salvá-lo antes que os seus inimigos se
aproximem. Juntos, teleportaram-se para a região em que Gucky avistara as rochas claras. — Bem ali! — Gucky apontava na direção correspondente. — Entre essas rochas,
parece que há uma garganta profunda. — Não sei se o melhor a fazer é nos tele-
procurar. Calloberian, Calloberian, que voara mais para o
interior da garganta e não conseguia ver os robôs, ainda não se encontrava em perigo. — Eles devem ter descoberto a existência da base — disse Tschubai contrariado. — Imagino que devem ter feito prisioneiros
portarmos diretamente para essa garganta — refletiu Tschubai. — Se ali existir uma base da organização de resistência lare, cer-
tamente estará protegida pelas mais diver-
sas armas defensivas. — Você tem razão — concordou Gucky. Sem que os mutantes esperassem, Callo berian imiscuiu-se na conversa. — Eu poderia assumir o reconhecimento
e arrancado deles as informações. Com tudo
ção às rochas. Os dois mutantes seguiram-
o que vimos até agora, não creio que tratem os seus prisioneiros de uma forma muito delicada durante um interrogatório. Neste momento, Calloberian reapareceu. Gucky deu um grito de pavor. A xisrape encontrava-se agora no campo visual do comando lare. Calloberian parecia ainda não ter percebido os robôs e os planadores, pois ela acenava com dois bracinhos para chamar a atenção de Gucky e Ras para alguma coisa. Para sorte da xisrape, ela ainda não fora
na com o olhar. Tschubai admirava-se de
descoberta pelo comando de busca dos lares.
como Calloberian avançava rapidamente. rapidamente. Alguns instantes após ter partido, ela já
Gucky arriscou tudo. Ele teleportou-se até o local sobre o qual a xisrape pairava, agarrou-a e saltou de volta para o esconderijo entre as rochas. Calloberian ficou sur-
desse lugar — ofereceu-se ela. — Para mim é fácil plar por cima das monthas e vestigar
a gargta do alto. — Acho que é uma boa solução — disse Ras. — Comece imediatamente, Callo-
berian. A xisrape partiu flutuando no ar em dired ire-
pairava por cima da garganta. — Você consegue captar os pensamenAA
Perry Rhodan
presa demais para dizer qualquer coisa. — Acho que mais uma vez tivemos sorte
expectativas de Ras, eles começaram a so brevoar a abertura natural entre as rochas.
— observou Ras, que não tirava o olho dos inimigos. — A sua intervenção não despertou reação alguma do lado deles. Evidentemente, a atenção deles continua concentra-
Os planadores aceleraram e se juntaram aos
robôs. Para essa manobra existia apenas uma
explicação plausível: os lares haviam encontrado a pista que procuravam. Pelo menos, eles estavam desconfiados.
da nas encostas do outro lado. Gucky dirigiu-se a Calloberian. — Conseguiu descobrir alguma coisa?
Os três observadores ocultos tiveram
que assistir passivamente aos primeiros ro bôs descerem para dentro da garganta.
— Ada não sei ao certo — respondeu aquele ser singular. — A gargta é extremamente profunda e está na mais completa escuridão. No entto, meu órgão antigravitacional foi afetado qudo tentei ir mais fundo. Isso deve ter sido causado por máquas de
Alguns segundos depois deu-se uma forte explosão. Da garganta subiu uma imensa labareda que ultrapassou o cume da mon-
tanha. Pedaços de alguns robôs foram lançados para fora.
energia. — Então a base localiza-se no fundo da
As outras unidades dos lares recuaram imediatamente e formaram um círculo ao re-
garganta! — Tschubai balançava a cabeça, desesperado. — Chegamos tarde demais. Se tentarmos resgatar Roctin-Par agora, ele vai nos considerar agressores e reagirá de acordo. Gucky ficou calado. Ele observava o comando de busca, que lentamente, mas sem dúvida nenhuma, se aproximava da garganta. Com os seus localizadores, os lares, mais cedo ou mais tarde, fariam as mesmas descobertas que a xisrape.
dor da garganta. — Estão confabulando para ver o que
podem fazer — adivinhou Gucky. — Provavelmente, mais cedo ou mais tarde, vão começar a bombardear a base no fundo da gar-
— Podemos nos retirar — disse Ras Ts-
chubai, derrotado. — Aqui não há mais nada a fazer. — Ainda não, Ras — contradisse Gucky. — Quero ver como as coisas vão se
desenrolar. — Você está contando com um milagre! — Não, apenas com uma pequena oportunidade. Tschubai resolveu concordar, uma vez que para eles não havia perigo naquele momento. Ele não sabia o que o ilt pretendia, mas estava resolvido a impedir uma eventual intervenção suicida. Nesse meio tempo, os primeiros robôs alcançaram a garganta. De acordo com as AB
ganta. O destino da base e dos seus ocu pantes já está traçado. Tschubai conhecia o ilt há tempo suficiente para saber que aquelas palavras eram mais do que uma constatação; elas podiam ser entendidas como o anúncio de uma decisão já tomada. Ele olhou para Gucky espantado. — O que você pretende? — Vou me teleportar para o interior da estação e tentar salvar alguns dos seus ocu pantes. — Então vamos saltar juntos — exclamou Tschubai. Gucky não fez objeções. Eles seguraram Calloberian cada um por um lado e se tele portaram. O salto teve que ser às cegas, o que na atual circunstância não deixava de ser perigoso. Eles chegaram a um salão grande, clara-
A Liga dos Sete
mente iluminado. Antes que conseguissem
Onde ele está? Ele esperava que o moribundo à sua fren-
se orientar, o chão onde se encontravam tre-
te não fosse o próprio Roctin-Par. Como ele não tinha certeza se o lare conseguia entendê-lo, pronunciou repetidas vezes o nome do líder da resistência. — Sigam-me! — ele ouviu Calloberian chamando. — Eu sei onde ada tem alguém.
meu violentamente. — Deram início ao bombardeio! — gritou Gucky. Começou a cair material do teto. Uma parede de energia que estava a cerca de ses-
senta passos de Gucky desmoronou com
Tschubai lançou um olhar aflito para o
um forte rangido. Um lare, que estava em pé
do outro lado, foi atingido por uma descar-
moribundo e seguiu Calloberian e o rato-
ga elétrica e consumido pelas chamas. Pare-
castor. Uma explosão rompeu a parede late-
cia que toda a montanha vibrava. — A estação está desmoronando! — gritou Tschubai. — Precisamos sair daqui! Ele viu Calloberian sair voando. — Fique aqui! — gritou. Mas a xisrape parecia saber exatamente
ral, expondo a rocha nua. Calloberian, que planava rente ao chão, foi lançada para longe como uma folha de papel. Contudo, ela se recuperou e retomou a dianteira. Tschubai e Gucky pularam por cima de
uma fenda que se abria transversalmente transversalmente no chão. No fundo do salão, eles viram um vulto vu lto circundado por uma cobertura de energia. Um lare! O homem portava uma arma e apontava-a para os três recém-chegados. — Não atire! — gritou Tschubai, esperando que o outro o entendesse. — Somos terranos e viemos para salvar Roctin-Par. — Eu sou Roctin-Par — disse o lare. Ele se aproximou. Neste momento, o teto desabou sobre a base. Escombros caíam por todos os lados. Por alguns segundos, Tschubai perdeu Roctin-Par de vista. Mesmo assim, ele seguiu em sua direção. Gucky ia ao seu lado. Aí ouviu-se um grito de Calloberian. Ela fora atingida por uma laje e jazia no chão. — Cuide do lare! — gritou Tschubai para o ilt e curvou-se sobre Calloberian. Ela ainda vivia, mas o seu corpo frágil fora esmagado. — Ton? — perguntou ela sussurrando. Tschubai engoliu em seco. — Não — disse ele. — Sou eu, Ras Tschubai.
o que estava fazendo. Enquanto os dois mutantes eram ofuscados por raios de energia e mal conseguiam distinguir alguma coisa, o estranho ser atravessava pelo ar o cor-
redor que desmoronava. Tschubai correu atrás dela. Gucky deu um curto salto tele portador e de repente estava diante de Callo-
berian para detê-la. A xisrape esticou um dos seus finos bracinhos. — Ali! — gritou ela agitada. — Um homem! Tschubai não entendeu de imediato o que ela queria dizer, mas então viu um vulto cam balear em sua direção, saindo de uma parede de fogo. O homem caiu ao chão. Seu traje
lançava pequenas labaredas azuladas. O mutante correu até ele e tirou-o da área de
perigo. O rosto do lare estava inchado. O tele portador viu que o homem não sobreviveria
aos graves ferimentos. A expressão dos olhos verde-esmeralda revelavam perplexidade. perplexidade. Era evidente que o ataque chegara de forma completamente completamente
inesperada.
— Ton — disse ela, carinhosa. Parecia
que não sabia mais onde se encontrava e
— Roctin-Par! — gritou Tschubai. — AC
Perry Rhodan
nem quem estava junto dela. Tschubai puxou a laje para o lado, mas logo percebeu que não poderia mais ajudar a xisrape. Seguiram-se mais explosões. Agora o fogo ardia por toda parte. Fumaça e labaredas bloqueavam a visão. De dentro da fu-
e Gucky poderiam ter estabelecido um contato telepático, mas naquele momento Lloyd não podia informar Rhodan sobre os impulsos que captava.
maceira, saíram Gucky e Roctin-Par.
evasivo. Hepros-Amtor olhou ao redor.
— O senhor está ausente — afirmou
Crompanor-Fangk. — O que o preocupa? — Várias coisas — respondeu Rhodan,
— Calloberian! — gritou Gucky. — Fique quieto — disse Ras bruscamente. — Ela não nos entende. Ele lançou um último olhar para a xisrape agonizante e então fez um sinal para Gucky. Eles seguraram Roctin-Par pelas mãos e teleportaram-se para fora da base condenada à destruição.
— Fico contente em saber que estão se
sentindo em casa — disse ele. — Como posso ver, houve uma grande festa por aqui. — O senhor tem razão! — falou Rhodan. — Meus amigos e eu comemoramos a minha nomeação como Primeiro Hetran da nossa galáxia. Hepros-Amtor sorriu compreensivo. — Eu não poderia ter imaginado uma razão melhor. — Seu sorriso aprofundou-se ainda mais. — Logo o senhor vai perceber quais são as vantagens de chegar a esta posição.
*
Logo após o pôr-do-sol, dois lares entraram no alojamento dos terranos. HotrenorTaak não estava com eles. Os dois homens eram bem mais velhos do que o emissário dos hetossanos. Eles apresentaram-se como Crompanor-Fangk e Hepros-Amtor. Rhodan se perguntou se eles sabiam que três do seu grupo não estavam presentes. — Somos juízes adjuntos do Concílio dos Sete — esclareceu Crompanor-Fangk. — Hotrenor-Taak sugeriu que falássemos com o senhor antes que se encontre com os outros membros do Concílio. Ele acha que talvez o senhor tenha perguntas. Além disso, ele gostaria de que o senhor participasse desta conferência bem preparado. Afinal de contas, trata-se da incorporação de sua galáxia natal ao Concílio dos Sete. Se os dois lares haviam notado a ausência de Gucky, Tschubai e Calloberian, eles deviam tê-la considerado sem importância, pois do contrário teriam feito perguntas. Mesmo assim, Rhodan ficou inquieto. Ele não sabia o que estava acontecendo nas montanhas naquele momento. Fellmer Lloyd
— Tenho algumas perguntas — falou
Rhodan. — Com a incorporação de nossa galáxia, o Concílio mudará de nome? Os dois lares ficaram estupefatos com a pergunta. — Como assim? — quis saber por fim Hepros-Amtor. — Simples: gostaria de saber se, com a incorporação da nossa Galáxia, o Concílio se vê diante da questão de alterar o seu nome para “Hetos dos Oito”. Os dois lares trocaram um olhar. — Isso não costuma acontecer — res pondeu finalmente Hepros-Amtor. — Ao Hetos dos Sete pertencem muitas galáxias — complementou o seu acompanhante. Para Rhodan, essa declaração era uma confirmação indireta das acusações de Peztet contra o Concílio. Tinha-se, aqui, a união de alguns povos num poderoso bloco que desenvolvera um método AD
A Liga dos Sete
lavam o seu poder. Por enquanto, os terranos apenas lidavam com os lares — o que já era suficientemente ruim. — O senhor tem mais perguntas? — quis saber Crompanor-Fangk. Rhodan tinha a impressão de que os dois visitantes se entendiam perfeitamente. Hotrenor-Taak escolhera cuidadosamente os seus enviados. Rhodan acreditava entender cada vez melhor os motivos do lare. — Não tenho mais perguntas — respondeu ele. — Mesmo assim, ainda vamos lhe passar mais algumas informações importantes — explicou Hepros-Amtor. — Evidentemente o senhor não se encontrará de imediato com todos os membros do Concílio. Primeiro vamos prepará-lo. Isso quer dizer que o senhor tem muito o que aprender. Rhodan ficou desconfiado. Estariam os lares planejando submetê-lo a um tipo de lavagem cerebral para moldá-lo de acordo com as vontades deles? Até agora ele não havia pensando em tal possibilidade, contudo as palavras do lare eram ambíguas. — Estou ciente de que ainda preciso de muitas informações para fazer jus à minha tarefa — disse ele. — Gostaria de saber como pretendem passar todas as informações necessárias no prazo mais curto possível. — O senhor assistirá a alguns filmes, acompanhará palestras e realizará entrevistas — anunciou Hepros-Amtor. — Com todas as suas capacidades, não será muito difícil adaptar-se rapidamente à nova situação. Rhodan ficou aliviado. Isso não soava como se quisessem mudar a sua psique. Entretanto, ele não podia confiar nos lares. Ninguém sabia exatamente o que realmente se escondia por trás daqueles rostos amá-
especial para subjugar outras galáxias.
Os pensamentos de Rhodan evocavam por Aquilo. Aquilo. Era aquele o prêmio que receberia após
todas as sérias provações por que passara? Será que Aquilo que Aquilo fora desligado de Antide Anti-
Aquilo? Aquilo? Onde você está, Aquilo!, Aquilo!, pensou Rhodan, concentrando-se intensamente. Ele fi-
caria agradecido por qualquer sinal. Mas não houve nenhuma reação de Aqui-
lo. lo. O ser imaterial não se manifestou. — Espero, contudo — disse Rhodan para os dois juízes, — que eu, como Primeiro Hetran da Via-Láctea, tenha o direito de fa-
zer determinadas exigências. — Isso está correto — confirmou Crompanor-Fangk. Crompanor-Fangk. — O Primeiro Hetran da Via-Láctea não só pode fazer exigências, como também dar ordens. Todavia, isso ape-
nas se refere ao âmbito do seu império. Inicialmente ele terá que se afirmar perante o
Concílio dos Sete. — Entendo — respondeu Rhodan indignado. Os lares já tinham elaborado um
plano de como a Via-Láctea seria incorporada. E os povos da Via-Láctea não seriam levados em consideração nessa incorporação. Provavelmente levariam a cabo o seu
plano mesmo que Rhodan recusasse sua
nomeação. O terrano se questionava se todos os povos do Concílio possuíam a mentalidade dos lares. Ele suspeitava de que os lares eram o povo dominante no Hetos dos Sete. Todavia, era difícil para Rhodan imaginar que
sete povos, todos eles sedentos de conquista, pudessem se entender sem confli-
tos entre si. Quem sabe esse não seria seria um ponto de partida para futuras ações dos terranos. Neste momento, pensou Rhodan abatido, ele não sabia o nome dos outros seis integrantes do Concílio nem como manipuAE
Perry Rhodan
Para sua surpresa, nenhum dos dois visitantes lares sentiu-se ofendido com seu tom áspero.
veis e sorridentes. Peztet designara os seus semelhantes como “bestas cruéis”. Devia existir uma ra-
zão para tal.
Crompanor-Fangk até expressou uma
certa admiração quando disse: — Hotrenor-Taak tem razão: o senhor é o homem certo para esta difícil tarefa. Ele já nos avisou que não deveríamos d everíamos provocálo. Rhodan interrompeu. — Vamos logo ao assunto. Concordo que
— O senhor conhecerá Hetossa — prosseguiu Hepros-Amtor. — Até agora não viu muito deste mundo. Gostaríamos de que se
familiarizasse familiarizasse com os costumes dos lares. — Se entendi bem, os lares serão a nossa ligação com o Concílio dos Sete — falou
Rhodan. Crompanor-Fangk Crompanor-Fangk inclinou a cabeça lon-
gamente, em sinal de confirmação.
ainda tenho muito a aprender. Por outro lado, posso imaginar que na minha galáxia as pes-
— Os lares assumiram a responsabilidade por sua galáxia. Isso significa que, de um modo geral, o senhor trabalhará em conjunto conosco e sua ligação com o Concílio
soas estão começando a ficar inquietas. Crompanor-Fangk forçou um sorriso largo, mostrando seus dentes. — Exatamente — confirmou ele. — As
será Hotrenor-Taak.
notícias que recebemos não deixam dúvidas. Rhodan teve a impressão de que Hepros-
— O emissário dos hetossanos é o chefe governante dos lares? — quis saber Atlan.
Amtor lançara um olhar de censura para o
— Ele é um dos líderes do povo lare — foi
seu acompanhante. acompanhante. Evidentemente Crompa-
nor-Fangk falara demais. Se os lares recebiam notícias da ViaLáctea, isso significava que eles possuíam bases e homens de ligação lá. Provavelmente até existiam espiões lares na Terra. Esse pensamento era aterrador, mas Rhodan precisava se conformar com a realidade. — Os senhores vão entender que, sob estas circunstâncias, eu gostaria de retornar o mais rapidamente possível — falou Rhodan. — Quanto mais esperarmos, tanto mais difícil será ter o domínio da situação novamente. Hepros-Amtor deu uma risada arrogante. — Para um Primeiro Hetran não existem dificuldades! Ninguém na Galáxia tem condições de se voltar contra nossos interesses comuns. Para o inferno com você!, pensou Rhodan, furioso. A arrogância do lare provoca-
a resposta. — Vocês podem se dar por felizes
pelo fato de ele estar tratando pessoalmente de seu caso. Hotrenor-Taak tem noções cla-
ras sobre a incorporação de sua galáxia. — Pois esta impressão eu também tenho — disse Atlan secamente. Hepros-Amtor dirigiu-se para Rhodan. — Permanece sempre a impressão de que alguns dos seus amigos não concordam com as nossas medidas! — Desta vez desaparecera toda a amabilidade da voz de HeprosAmtor. — É sua tarefa convencê-los da utilidade de nossos acordos. — Eu sei — disse Rhodan. Os cantos da boca do lare tremeram. — Se for necessário, cuidaremos disso. — É melhor que deixem isso por minha conta — contrapôs Rhodan calmamente. — Conheço bem os meus amigos e sei exatamente como devo agir. Como Primeiro Hetran da Via-Láctea, espero que os senhores
interfiram nas minhas questões apenas se eu assim o solicitar.
va-o, mas ele precisava se controlar. Ele saB<
A Liga dos Sete
bia que, como Primeiro Hetran, poderia ser
— O nome deste homem é Roctin-Par! Nós o resgatamos da sua base. Ele é um guerrilheiro da resistência.
trocado. Os lares não hesitariam em escolher um aconense ou um anti para a posição. Nesse caso, os terranos estariam desligados por completo do centro dos aconte-
— Tem certeza de que é ele? — pergun-
tou Atlan, desconfiado. Roctin-Par esboçou um sorriso.
cimentos. Não se podia deixar chegar a isso.
Como Primeiro Hetran, apesar de tudo,
— Não posso provar nada. Vocês terão
que acreditar em mim, e então, quem sabe,
Rhodan gozava de uma certa influência. A questão era apenas por quanto tempo ele conseguiria se manter nessa posição. Cedo ou tarde, os lares iriam perceber que ele fa-
restará alguma chance de escaparem do ter-
ror do Concílio. — Onde está Calloberian? — interrom peu Alaska Saedelaere. Gucky abaixou a cabeça. — Ela morreu — respondeu ele. — Não conseguimos salvá-la. Rhodan e Atlan olharam-se consternados. — Vamos torcer para que os lares se ocu pem o menos possível conosco — falou Icho Tolot. — Se perceberem que falta um membro do nosso grupo, vão fazer perguntas desagradáveis. — Creio que não vão chegar a esse ponto — opinou Atlan. — O interesse dos lares concentra-se em Perry. Quanto a nós, estão nos deixando em paz e nem vão perceber o que aconteceu com Calloberian. E se por acaso realmente perguntarem por ela, vamos desconversar. Diremos simplesmente que ela saiu e não voltou. — Acho uma boa idéia — aprovou Roctin-Par. — Os lares vão supor que as forças de resistência foram as responsáveis pelo desaparecimento do seu amigo. Mas não creio que vão investigar o seu desa parecimento. Eles se sentem tão seguros no que fazem que nem vão dar atenção ao seu grupo.
zia um jogo duplo. Antes de chegar a esse ponto, ele já teria que ter descoberto uma alternativa para a adoção de contramedidas. Ele ainda não conseguia imaginar como deveria agir, mas
tinha certeza de que o caminho surgiria. Nos primórdios do Império Solar, a Humanidade vencera forças superiores. Naquela época, a relação entre as forças dos saltadores, de um lado, e dos terranos, do outro, apresentava exatamente as mesmas diferenças como agora entre lares e terra-
nos. Mais uma vez, Rhodan teria que voltar à política de “um passo após o outro” e lançar mão de truques similares aos de então. Só assim a Humanidade teria uma chance
contra os lares. Crompanor-Fangk e Hepros-Amtor des pediram-se e comunicaram que viriam bus-
car Perry Rhodan na manhã seguinte. — O senhor então se encontrará novamente com Hotrenor-Taak — disse Hepros-
Amtor. Os dois lares mal haviam saído quando Gucky e Ras Tschubai se materializaram materializaram no alojamento dos terranos, trazendo consigo
um lare de aspecto cansado. — Eu havia estabelecido um contato te-
Rhodan estava pasmado em ouvir um lare
falando dessa maneira. Roctin-Par citava os lares como se eles fossem estranhos. E os regentes de Hetossa pertenciam ao seu pró prio povo. — Agradeço por sua ajuda — prosse-
lepático com Fellmer — avisou Gucky. — Por isso eu sabia o momento exato para vol-
tar. Ele virou-se na direção do desconhecido. B=
Perry Rhodan
Isso eu consigo responder. Lutamos contra o Hetos dos Sete e todos os seus membros. Nós os atacamos onde quer que se mostre uma oportunidade. — Ele deu uma risada rouca. — Posso imaginar que vocês este jam desapontados, mas é só isso que temos a oferecer. Com estas palavras, ele finalmente saiu da sala.
guiu Roctin-Par. — Neste momento, não posso pagar a minha dívida, pois preciso cuidar dos meus amigos, que estão todos em perigo. — Vai nos deixar? — perguntou Rhodan, surpreso. Ele já havia refletido sobre qual seria a melhor forma de esconder o rebelde. E agora ele vinha com essa virada repentina. — Preciso concluir algumas coisas que são necessárias para a proteção da nossa organização de resistência — esclareceu Roctin-Par. — Aconselho-os a não se deixarem enganar pelos lares. O único objetivo do Concílio dos Sete é o completo domínio de sua galáxia natal. Roctin-Par falou completamente convencido do que dizia. — Voltarei a entrar em contato com vocês — ele prometeu então. — Se lhes perguntarem alguma coisa sobre os acontecimentos nas montanhas, devem negar tudo. Ele puxou um pequeno aparelho do bolso e apertou-o entre os dedos. Instantaneamente formou-se uma bolha de energia em volta do lare. — Tenho que ir! — disse ele. — Você não tem receio de que possam descobri-lo e matá-lo? — Tenho! — redargüiu ele. — Mas há coisas mais importantes do que a minha segurança pessoal. Ele virou-se para a saída, claramente decidido a ignorar as possibilidades de salvar a própria pele. — Quais são os objetivos da sua organização? — perguntou Atlan apressadamente. — Pelo que você e os seus amigos lutam? — No momento não existe um objetivo o bjetivo pelo qual pudéssemos lutar, pois a correla-
— Devo segui-lo? — perguntou Ras Ts-
chubai. — Não — opôs-se Rhodan. — Por enquanto, não vamos nos envolver mais neste confronto entre os lares e a oposição militante. — Esse rapaz parece ser um revolucionário bem consciente — afirmou Atlan. — Pensei que ele fosse falar de liberdade e jus-
tiça, mas evidentemente nem ousa pensar nesses conceitos. — Creio que, para as circunstâncias locais, ele é o tipo correto de revolucionário — disse Gucky. — Ele é o líder de uma organização revolucionária. Quem quiser conseguir algo com isso em Hetossa não pode ser um cabeça de vento. — Acredita mesmo que ele vai entrar em contato conosco novamente? — perguntou Irmina Kotschistowa. — Sim — respondeu Rhodan, hesitante. — Pelo menos, eu espero. Lá fora já havia escurecido. O dia seguinte traria a confrontação com o Concílio dos Sete. Para Rhodan, isso não era motivo para ver o futuro com esperança.
Pelo menos agora ele possuía em Hetossa algo como um aliado. 10.
Na Terra, existia uma central dos xisra pes. Tratava-se de um escritório bem sim ples no qual alguns xisrapes procuravam dar conselhos e ensinamentos aos seus seme-
ção de forças é extremamente extremamente desigual para
obter resultados decisivos. Por isso, é melhor perguntar contra o que nós lutamos. B>
A Liga dos Sete
lhantes que viviam na Terra.
membro muito querido da nossa família. — Você está me terpretdo mal — falou Koff. — Não se trata do que aconteceu com Calloberi enquto vivia com sua família. Sa bemos que durte esse período tudo estava em ordem. — Eu não sei de nada — disse Chinnel. — Entre todos os xisrapes que vivem num determado mundo existe um tipo de elo energético — explicou Koff. — Assim que esse elo se parte, sabemos que o xisrape morreu ou abdonou o planeta. — E o elo com Calloberian se rompeu! — adivinhou Chinnel. — Sim, e isso já há algumas semas. Sistimos nas buscas, mas felizmente foram frutíferas.
Esse escritório localizava-se em Terrânia.
Anton Chinnel teve um sensação estranha quando dirigiu-se para lá na manhã do dia 23 de janeiro de 3459. Ele havia sido cha-
mado para uma visita. Um xisrape telefonara para Chinnel e pedira algumas informações sobre Calloberian. Chinnel quis logo responder, mas o in-
terlocutor preferiu uma entrevista pessoal. O escritório localizava-se num dos prédios mais antigos das imediações do espaço-
porto. A decoração da sala onde entrou era tão espartana que Chinnel se perguntou se ela poderia cumprir alguma função assim. Ali havia sete xisrapes, todos eles representan-
tes adultos desse povo. Chinnel foi recebido com um cumprimen-
— Eu imagino que tenha deixado a Terra
numa espaçonave. Ela falou de uma despedida para sempre. Koff suspirou como um humano. Chinnel perguntava-se inconscientemente se o xisrape à sua frente era um macho ou uma fêmea.
to cordial por um xisrape chamado Koff, que
o levou até uma salinha localizada no fun-
do. — Perdemos o contato com Calloberi —
— Você pretende adotar um xisrape no-
começou ele sem delongas. — Onde ela
vamente? — Acho que não — respondeu Chinnel. — O desaparecimento de Calloberian nos afetou demais. Ela deixou um vazio atrás de si. Principalmente para o meu filho, que ainda não se recuperou do acontecido.
está? — Ela? — repetiu Chinnel, confuso. — Ah! — fez Koff, desculpando-se. — O problema de sempre: você não sabia que
Calloberi era uma mena. — Não — disse Chinnel. — E também
— Tes de tudo, lhe pedimos desculpas
não sei onde ele... ela está agora. Ela partiu por vontade própria, sem deixar informações precisas. Apenas disse que se sentia na obrigação de agradecer aos humanos e que surgira uma oportunidade de
— falou Koff. — Somente numa entrevista pessoal é que poderíamos constatar a sua idoneidade. — Ah, é? — disse Chinnel, confuso. — Pode ser que Calloberi tenha reencontrado a sua mãe — refletiu Koff. — Todavia isso é pouco provável. Acho que temos que nos conformar com a idéia de que ela está morta. Chinnel perguntou: — Por que as crianças xisrapes continuam sendo abandonadas por suas mães?
fazê-lo. — Você não tem formações dela? Chinnel negou, balançando a cabeça. Ele tinha a impressão de que estava sendo submetido a um tipo de interrogatório. Ele ficou irritado. O que aqueles seres queriam com
ele? — Sempre tratei Calloberian muito bem! — retrucou veementemente. — Ela era um
B?
Perry Rhodan
os inimigos dos xisrapes? — Não vou lhe dizer mais nada — retrucou Koff. — Aliás, ada tenho que lhe pedir silêncio sobre o que acabou descobrdo aqui. Tenho certeza de que não vai falar nada, pois, afal de contas, você teve uma xisrape como filha.
Koff fitou-o pensativo. Ele dava a impressão de que cogitava em confiar um segredo
a Chinnel. — Quem sabe não é uma espécie de sistema de segurça? — disse ele, como se estivesse falando consigo mesmo. — Coloquese no lugar de um povo que precisa travar uma luta terrível. Para sobreviver, ele venta
— Sou apenas um cidadão comum —
os truques mais críveis. A cabeça de Chinnel fervilhava.
falou Chinnel. — Todas essas estranhas relações cósmicas me assustam. Contudo, se algum dia precisarem de mim... — Vamos nos lembrar — prometeu Koff. Ele flutuou no ar ao lado de Chinnel até o enorme escritório e dali o acompanhou até o poço antigravitacional. — Obrigado por ter vdo — disse.
— Como, por exemplo, o degredo de crian-
ças para regiões controladas por povos com cuja ajuda eles sabem que podem contar. — Sim — disse Koff, surpreso com a ra-
pidez das conclusões de Chinnel. — E quem — perguntou Chinnel — são
FIM Em Hetossa, um mundo do “Concílio das Sete Galáxias”, Perry Rhodan, junto com seus mutantes, já pôde ter uma primeira impressão da situação que resultará para a Humanidade Humanidade e os demais povos estelares tão logo os lares tenham completado a “anexação” da Galáxia. Galáxia. Essa impressão é mais que assustadora — por isso, Rhodan, agora chamado de “Pri-
Hetossa. meiro Hetran da Via-Láctea”, Via-Láctea”, procura entrar em contato com Os Rebeldes de Hetossa. Os Rebeldes de Hetossa também é o título do próximo episódio da série. O seu autor é Ernst Vlcek.
B@