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Este m anual foi disponibilizado disponibilizado em sua versão digitai digitai a fim de proporcion ar acesso acesso à pessoas com deficiênci deficiênciaa visual, possibilitando a leitura por meio de aplicativos TTS (Text to Speech), que convertem texto em vo z humana. Para dispositivos móveis recomendamos Voxdox (www.voxdox.net) . LE I N° 9.61 9.610, 0, DE 19 DE FE V ER E IR O D E 1998. 1998.(Le (Legi gisl slaçã ação o de Direitos Direitos Autora Autorais) is) Art. 46. Não c ons titui ofensa aos direitos autorais: autorais: I - a reprodução: reprodução: d) de ob ras literárias, literárias, artísticas artísticas ou científicas, científicas, pa ra uso exclusivo de deficientes visuais, visuais, sem pre q ue a rep rodução , sem fins comerciais, comerciais, seja seja feita feita mediante o sistema Braille Braille ou outro proced imento em qua lquer sup orte para esses esses destinatários; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9610.htm http://ww http://ww w2.cam ara.leg.br/l ara.leg.br/legin/f egin/fed/lei ed/lei/1998/lei /1998/lei-9610-19-feverei -9610-19-fevereiro-1998-365399-normaatualizada-pl ro-1998-365399-normaatualizada-pl.html .html
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OBSERVAÇÃO DIRETA E MEDIDA DO COMPORTAMENTO
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FICHA CATALOGRÁFICA (Preparada pelo Centro de Catalogação-na-fonte, Câmara Brasileira do Livro, SP)
H9780
Hutt, Sidney John. Observação Observação direta e medida do comporta mento |por| S. J. Hutt e Corinne Hutt; tradução de Carolina Caro lina Martuscelli Bori. São Paulo, EPU, 1974. ilust. Bibliografia. 1. Criança — Estudo — Metodolog Metodologia ia 2. Psicologia comparada I. Hutt, Corinne. II. Título. CDD-155.4018 -156
74-0877
índices para catálogo sistemático: 1. Animais : Comportam Com portamento ento : Psicologia compara com parada da 156 156 2. Comporta Comp ortamento mento animal : Psicologia compara com parada da 15 156 3. Metodologia : Comportamento infantil Psicolog Psicologia ia 155.4018 4. Metodologia : Psicologia Psicologia infantil 155.4018 5. Psicologia compara com parada da 156 156 INDEX BOOKS GROUPS
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S. J. HUTT E CORINNE HUTT
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S. J. HUTT E CORINNE HUTT
OBSERVAÇÃO DIRETA E MEDIDA DO COMPORTAMENTO Tradução de CAROLINA MARTUSCELLI BORI Universidade de São Paulo
E.P.U. — Editora Pedagógica e Universitária Ltda. São Paulo INDEX BOOKS GROUPS
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Tradução brasileira do original americano: Direct Observation and Measurement of Behavior, de S. J. Hutt e Corinne Hutt, publicado por Charles C. Thomas. © 1970 by Charles C. Thomas. Publisher
J.a Reimpressão
Código 6305
© E.P.U. — Editora Pedagógica e Universitária Ltda., São Paulo, 1974. Todos os direitos reservados. Interdito qualquer tipo de reprodução, mesmo de partes deste livro, sem a permissão, por escrito, dos editores. Aos infratores se aplicam as sanções previstas na Lei (artigos 122-130 da Lei 5.988, de 14 de dezembro de 1973). E.P.U. — Praça Dom José Gaspar, 106, 3? andar — caixa postal 7509 — 01.000 São Paulo, Brasil. Impresso no Brasil Printed in Brazil INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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Para K IT
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)
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INDICE
Apresentação
................................................................................
XI
Prefácio ..........................................................................................
XV
Capítulo 1
Por que medir comportamento?
..........................
1
Capítulo 2
Enfoques observacionais no estudo do comportamento ....................................................
17
Capítulo 3
Identificação dos elementos do comportamento .,
35
Capítulo 4
Métodos e técnicas I: grav ado r..........................
47
Capítulo 5
Métodos e técnicas II: listas para assinalar e registro de eventos . ..............................................
81
Capítulo 6
Métodos e técnicas III: filme e videotape . . . .
121
Capítulo 7
Comportamento social ..........................................
157
Capítulo 8
Ação da droga sobre o comportamento ...........
197
Capítulo 9
Análise de seqüências ...........................................
211
Capítulo 10 Uma visão do futuro para uma etologia do homem
231
Apêndice: Referências
Glossário dos padrões motores de crianças de quatro anos, de Escola M aternal....................... .................. ............................. ...........................
.
.
251 263
índice analítico
.......................................................... ............ ....
273
índice de nomes
................................... .......................................
277
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APRESENTAÇÃO Nossa Living Chemistry Series foi concebida pelo Organizador e pela Editora como uma colaboração ao desenvolvimento, na prática clínica, do conhecimento recentemente adquirido em medicina química. £ tão grande a interdependência entre a química e a medicina, que os médicos estão se voltando para a química c os químicos para a medi cina a fim de compreenderem as bases dos processos vitais subjacentes à saúde e à doença. Quando verdades, provas e convicções químicas se transformam em sólidos fundamentos do fenômeno clínico, pesquisadores-chave, em geral híbridos, esclarecem o panorama desnorteante do progresso bioquímico para a aplicação na prática diária, para a estimulação da pesquisa experimental e para a extensão do ensino pós-graduado. Cada uma das nossas monografias, interpretando os mecanismos químicos, auxilia a esclarecer aspectos clínicos de mui' tas doenças que permaneceram relativamente estáticas na mente dos médicos durante três mil anos. Nossa nova Série se distingue pelo nisus élan de sabedoria em química, por uma escolha rigorosa de au tores internacionais, por padrões ótimos de erudição na área da quí mica, por instigar a imaginação para a pesquisa experimental, pelo al cance das discussões de medicina científica, e por emitir opiniões auto rizadas sobre as perspectivas químicas acerca dos distúrbios humanos. Os autores S. J. Hutt e C. Hutt, de Oxford, apresentam um en foque etológico e/ou psicológico fascinante para a exploração da aten ção, da aprendizagem, e do comportamento em crianças. Esse enfoque correlaciona-se com a pesquisa experimental, visto que o comporta mento é elementar no reino animal, e abrange uma ampla variedade de espécies respeitando, porém, a unicidade do homem. A etologia en fatiza a observação direta do comportamento livre, a atividade social na natureza viva, os padrões organizados do comportamento adaptativo e a diversificação das espécies no estudo do comportamento ina to ou intuitivo. A metodologia da observação direta através do registro em fita, de listas para assinalar, de registro televisado, etc., e a mensuração do comportamento de crianças normais, com lesão cerebral e autísticas para uma interpretação significativa envolve a delineação do fenômeno que está sendo estudado, a formulação de proposições semeINDEX BOOKS GROUPS
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lhantes a leis, relacionando essas mensurações a outras variáveis selecionadas e o desenvolvimento de interrelações dessas proposições em teorias. Esse tipo de pesquisa intensiva sobre a natureza humana está modificando gradualmente o significado que damos a palavras tais como explicação ou compreensão. Originalmente essas palavras signi ficavam uma representação do estranho em termos comuns; hoje, a explicação científica tende a ser mais uma descrição daquilo que é relativamente familiar, em termos do desconhecido. Mas continuamos a considerar importante na nossa busca de compreensão, a obtenção de um quadro físico do processo suposto pelo tratamento da teoria, pois o comportamento tem uma estrutura com um número finito de elementos vitais, que podem ser identificados através de uma restri ção temporal, na observação intensiva. O comportamento tem toda a aparência de ser o resultado ma croscópico de processos microscópicos no organismo em comporta mento, e nenhuma pesquisa científica pode se restringir a qualquer conjunto de fenômenos que tem conexões causais com um outro conjunto, e tampouco deixar esse outro conjunto de lado. Desse modo, o termo comportamento, embora vise oferecer um correlato objetivo dos fenômenos mentais que constituem o material original da psicolo gia, mas condenado como subjetivo, realmente cria dificuldades me todológicas próprias. O comportamento normal se caracteriza por uma alternação entre uma atitude que envolve comportamento abstra to e uma que envolve comportamento concreto, e essa alternação é apropriada à situação e à individualidade, à tarefa para a qual o or ganismo é ajustado. Defrontamo-nos com um comportamento anômalo quando uma dessas atitudes se torna independente e passa a governar quase inteiramente o comportamento de um indivíduo normal. A ob servação sistemática de uma situação tão complexa é extremamente difícil e envolve erros insuspeitáveis. Não há falta, mas excesso de dados, daí a necessidade de um modelo a fim de filtrar os fatos an tes de a sua quantidade se tornar esmagadora. O observador agudo observa minuciosamente sem ser visto, e, notando algo, empresta-lhe um significado relacionando-o com outra coisa já relacionada ou já conhecida, envolvendo assim um elemento de percepção sensorial e um elemento de mentalidade. Ê impossível notar tudo, e assim o obser vador tem que dar maior parte da sua atenção a campos relacionados, mas sem deixar de estar atento a outras coisas, especialmente a tudo aquilo que parecer fora do comum. Não há nenhuma possibilidade de imobilizar a natureza e, quando olhamos para ela durante um certo INDEX BOOKS GROUPS
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tempo, só cristalizamos momentos fugazes enquanto que ela continua. Nisto está toda a pungência da vida, o momento que não pode ser imortalizado. A psicologia complementa a etologia, aquela amplamente res trita à experimentação do comportamento em laboratório; esta, à observação direta do comportamento no habitat natural. A mensuração do comportamento abrange várias áreas — capacidades sensoriais, habilidades perceptuais, intelectuais, aprendizagem e memória, capa cidades motoras, coordenação, motivação, emoção, temperamento, comportamento social, atitudes, interesses e valores pela aplicação quan titativa dos conceitos científicos básicos. Usa o que conhecemos, re conhece o que não conhecemos e encoraja a expansão do primeiro para reduzir o segundo. Entretanto, os conceitos científicos do comporta mento humano sempre tiveram valores a eles associados, embora muitas vezes implícitos. O observador modifica constantemente tudo o que toca em respostas que não têm fim e desse modo a inevitabili dade da mudança é a única constante. Vemos somente o que olha mos e olhamos somente para o que conhecemos, pois somos criatu ras que olham antes, depois e ocasionalmente durante, para realmente ver o que está ocorrendo diante de nossos olhos. O empirista pensa que acredita somente no que vê, mas sua habilidade em crer é maior do que em ver, e disso deriva o valor clínico desta contribuição da pesquisa. É como o tear no qual determinados fios formam a trama de um tecido particular; o tear é a estrutura teórica; os fios, os fatos empíricos sobre o comportamento; o processo de tecer, o método cien tífico; e o tecido produzido, o comportamento humano. “É no processo de vir-a-ser que a forma de vida se completa e o eidos da pessoa se realiza”. I. Newton Kugelmass, M. D., Ph.D., Sc. D. Organizador
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PREFÁCIO Há cinco ou seis anos, ao iniciar uma série de estudos sobre atenção e aprendizagem em crianças, o problema com que nos de frontamos pareceu intimidante e desanimador. Registrar, medir e in terpretar de forma significativa o comportamento de crianças com lesão cerebral e autísticas em particular parecia ser uma tarefa insu perável. O encorajamento e o apoio que recebemos, na ocasião, do Professor Niko Tinbergen foi em grande parte o que nos animou a achar que nossos esforços não seriam inteiramente inúteis e que tal vez algum conhecimento poderia resultar das nossas tentativas inci pientes. Ele continuou a nos encorajar e tranqüilizar e lhe somos de vedores de uma imensurável dívida de gratidão. Num período poste rior, porém, não menos crítico, o Professor Konrad Lorenz e sua Se nhora, muito generosa e hospitaleiramente, nos proporcionaram a opor tunidade inestimável de vários dias de renovação de conhecimentos e discussão estimulante em Seewiesen. Não podemos agradecer ade quadamente suas gentilezas. O objetivo deste livro é registrar algumas das nossas próprias ex periências na tentativa de registrar e medir comportamento e discutir alguns estudos que ilustram as técnicas ou a metodologia que estamos propondo. Ficará claro desde as anotações preliminares que nos in teressamos primariamente por crianças e por animais e, que nosso enfoque é etológico. Permitimo-nos seguir tanto nossos interesses quan to nossas preferências. Baseamo-nos extensamente em estudos de crian ças porque conhecemos agora um pouco sobre elas e porque o en foque que advogamos parece ser especialmente adequado para seu es tudo. Basearmo-nos-emos igualmente em estudos de animais porque é sobre estes que foi realizada a grande maioria de trabalhos sobre Comportamento de organismos não-limitados e nos quais a metodolo gia apropriada foi mais completamente elaborada. O fato de nos con centrarmos em estudos de animais e crianças não significa que o en foque não seja válido para estudar adultos. Temos de reconhecer o auxílio de várias pessoas e instituições na preparação deste texto: Dr. J. M. Cullen, por nos iniciar em muitos dos estudos com animais, que se utilizaram de técnicas de filmes e que INDEX BOOKS GROUPS
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de outra forma, nos passariam despercebidos; Drs. John Marshall, Sheila Zinkin e W. C. McGrew, por nos permitirem citar extensiva mente seus trabalhos inéditos; Sra. Jennifer Morcom, pelas ilustrações tiradas de filme; o bibliotecário e os funcionários da Radcliffe Science Library, da Universidade de Oxford, que atenderam nossas inúmeras solicitações com benevolência, eficiente e prontamente, e os vários editores que nos permitiram citar material com direitos reservados. Temos nossa dívida especial de gratidão para com a Senhorita Jacqueline Potter, que preparou o manuscrito e as figuras com meticulosa eficácia e que considerou nossas enormes exigências com equanimida de e paciência. Somos muito agradecidas à Nuffield Foundation e ao Oxford Re gional Hospital Board, que muito generosamente financiaram grande parte do trabalho e aos nossos respectivos Colleges, por nos permitir empregar nosso tempo para escrever este livro. Finalmente, é com prazer que registramos nosso grande reconhe cimento ao Dr. Christopher Ounsted. A origem, o desenvolvimento e a continuidade do nosso trabalho devemos à sua serenidade e pers picácia. £ com gratidão e afeição que lhe dedicamos este livro. S JH CH
Oxford
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Capítulo 1
POR QUE MEDIR COMPORTAMENTO? Este livro tem dois objetivos: um prático e outro metodológico. O primeiro dos objetivos é reexplorar o uso de métodos de observa ção direta no estudo de problemas psicológicos. O segundo é mos trar como a recente maneira de pensar em etologia, o estudo bioló gico do comportamento animal, pode contribuir de modo significativo para uma ciência do comportamento objetiva, quantitativa e descriti va. A reunião de descritiva e ciência deve sei* um anátema para mui tos psicólogos experimentalistas, mas mantemos o ponto de vista de que, para certos problemas (e para estudar determinados assuntos), a observação direta do comportamento livre do organismo é o método por excelência. Alguns profissionais, notadamente clínicos, identificaram corretamente alguns dos problemas para os quais os métodos obser vacionais são o instrumento apropriado, mas foram descuidados ao aplicá-los. O que é exigido nos estudos observacionais, mas raramente aplicado, é um grau de rigor nas mensuraçÕes, comparável ao esperado-dos estudos experimentais. As técnicas de observação sistemática não são novas: foram usa das cientificamente, pelo menos desde Darwin (1872), no estudo do comportamento do homem e de outros animais. Estudos observacio nais do comportamento foram muito freqüentes na década de 1920 e no início da de 30. Zoólogos e psicólogos, separadamente, se preo cuparam “em registrar sistematicamente, em termos objetivos, o com portamento durante o processo de sua ocorrência, de modo a fornecer escores quantitativos individuais” (Jersild e Meigs, 1939). A zoologia, embora atribuindo cada vez maior importância a experimentos contro lados, continuou a se apoiar em um núcleo de estudos de campo; prin cípios do comportamento animal, coerentes e abrangentes (ver, por exemplo, Hinde, 1966; e Marler e Hamilton, 1966), foram induzidos tanto a partir de estudos observacionais quanto de estudos experimen tais. A psicologia, por outro lado, testemunhou um declínio gradual INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 2 Observação Direta e Medida do Comportamento
INDEX BOOKS GROUPS 2 Observação Direta e Medida do Comportamento
de estudos observacionais. Muito pouco se ouve hoje sobre os pri meiros trabalhos de observação em seres humanos; até mesmo na área de desenvolvimento da criança, na qual tais estudos sempre foram até mesmo mais populares do que em outras áreas de pesquisa, estima tivas de estudos recentes que empregam exclusivamente técnicos de observação não chegam a alcançar 8 por cento (Wright, 1960). Várias razões foram apresentadas para esse declínio de interesse pela observação direta. “Pesquisadores experimentalmente orientados logo diminuíram seu interesse ao notar ate'que ponto o método (isto é, observação) permitia_ç talveza tè mesmo encorajava a ausência de controle de manipulação da situação em que ocorria o comportamen to” (Nowlis, 1960). A observação sistemática “não possui o sabor cjaro e decisivo -de. um pypmmpnto-” (Gellert, 1955). É provável que a razão preponderante desse declínio de interesse pela observa ção direta tenha sido a necessidade de respfjtahiliriadfl riitntíffra m>tida pelo psicólogo. Tinbergen (1963) faz as seguintes considerações sobre o assunto: “Afirmou-se que, na pressa de adentrar o século XX e de se tornar uma ciência respeitável, a^jpsiçolegia. saltou o estágio descritivo preliminar por que passaram as outras ciências naturais e logo_perdeu contato com os fenômenos naturais”. Por isso, em 1960, ao rever os estudos de desenvolvimento da criança, Mussen comentava que “existem proporcionalmente número muito menor de estudos pu ramente descritivos e normativos e número maior de estudos preo-? cupados com os ‘porquês’ do comportamento das crianças*’. A sen tença de Mussen, anterior a essa, mostra com clareza que ele consi derava isto como um dos “sinais de maturidade científica”. Um de créscimo de estudos descritivos e normativos n a õ é em si mesmo prova de maturidade científica. A astronomia, que é classificada como uma importante disciplina científica, báseia-se inteiramente em observação. Neste livro desejamos reabrir a discussão do uso de técnicas observa cionais como uma parte importante dos estudos do comportamento. Consideraremos, primeiramente, algumas das áreas nas quais tais téc nicas podem ser aplicadas.
REPERTÓRIO DE COMPORTAMENTO Muitos psicólogos poderiam argumentar contra a afirmação aci ma de Tinbergen (1963); consideramos a afirmação como essencial mente verdadeira. A psicologia atual é, em essência, uma ciência ana lítica, preocupada com os porquês do comportamento e, como tal, seu INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS Por que Medir Comportamento? 3
INDEX BOOKS GROUPS Por que Medir Comportamento? 3
método é experimental. Com freqüência se esquece que um animal, em um procedimento experimental, já possui um repertório de com portamento bem estabelecido e que o conhecimento desse repertório pode ser essencial para compreender os resultados de um experimento. Em outras palavras, antes de tentar modificar comportamento, preci samos conhecer que comportamento é este a ser modificado. Um conhecimento pormenorizado da história natural do comportamento é necessário por vários pontos de vista. O animal que está sendo estudado pode ter um ciclo de ativida de endógeno cujo aumento e diminuição periódicos poderiam ser erro neamente atribuídos às condições experimentais. Tais periodicidades foram descritas no comportamento de ampla variedade de animais, desde o lagarto (Hoffman, 1960), passando pelos roedores (Richter, 1965) até o homem (Thomae, 1957; e Aschoff, 1965). Os estados de sono são uma manifestação óbvia da periodicidade das atividades humanas. Vistn que rpspfmdar^t-^&tííniilns é uma função do estado, do organismo, podemos esperar que um çstímylo. .apresentado repeti damente elicie respostas periódicas. Pode ser tentador interpretar as mudanças nas respostas como prova de (digamos) habituação ou desabituação quando as periodicidades endógenas subjacentes não são adequadamente documentadas. No Capítulo 2 discutiremos um estu do no qual uma interpretação desse gênero foi apresentada e no qual pelo menos parte dos resultados poderia ser devida a periodicidades endógenas. Uma análise pormenorizada dos padrões motores apresentados por um animal pode dar uma indicação muito mais precisa de que mudanças de motivação podem estar ocorrendo no sistema nervoso central do animal do que uma única medida, tal como pressão à barra, escolhida a partir de sua facilidade de instrumentação. Um exemplo quase alegórico da importância da observação por menorizada do comportamento nos é dado por um estudo recente sobre os efeitos de interferência na memória em ratos (S. Zinkin, comunicação pessoal). Se um rato for colocado em uma plataforma acima do piso da gaiola, sua resposta normal é descer bem rapida mente. Se o piso for eletrificado, de tal modo que o rato receba um choque ao descer, é provável que o faça menos rapidamente na pró xima vez em que seja colocado no aparelho. Esta situação foi utilizada para testar os efeitos de ECS (choque eletroconvulsivo) sobre a me mória. Em geral se considerou (por exemplo, Chorover e Schiller, 1965) que os ECS, se administrados imediatamente após uma tentaINDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 4 Observação Direto e Medida do Comportamento
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tiva de aprendizagem, perturbarão a consolidação do processo que se acreditava ser necessário para estabelecer um traço de memória de longa duração. Na situação de descer da plataforma, esse efeito pa rece estar demonstrado quando animais que receberam o tratamento depois de um choque nas patas não mostram retenção de tentativa de aprendizagem sè testados 24 horas depois. Entretanto, a retenção é sempre medida em termos da latência do animal descer, não sendo estudado nenhum outro aspecto do seu comportamento. Zinkin sus peitou que outros componentes do comportamento do animal pode riam indicar retenção. Realizou por isso um experimento no qual, além de medir a latência do descer antes e depois de vários tratamen tos, ela registrou diversos outros aspectos do comportamento do ani mal depois de descer. Os resultados foram um tanto surpreendentes. Muitos animais, depois do tratamento, desciam da plataforma tão ra pidamente quanto antes do tratamento (em geral, em menos de um segundo). No entretanto, o comportamento que apresentavam depois de terem descido mudava dramaticamente comparado com o apresen tado antes do tratamento. Animais que previamente desciam e depois passavam os próximos trinta segundos explorando o aparelho, agora se imobilizavam no piso durante todo o período de trinta segundos da observação. Outros, depois de um atraso de talvez dez segundos ten taram pular para fora do aparelho. Este tipo de mudança de com portamento foi registrado nos animais que receberam o ECS meio se gundo depois da tentativa de aprendizagem tão freqüentemente quanto naqueles que receberam somente o choque punitivo nos pés. Essas mudanças não foram notadas em animais que não foram submetidos ao tratamento. Se tivesse sido registrada somente a latência (e isto poderia ter sido feito automaticamente sem mesmo olhar para o animal), a in terpretação seria a de que animais nos quais se aplicava um choque nos pés se recordavam da tentativa de aprendizagem mas os outros não. Estudando o que o animal realmente fazia verificou-se que pelo menos alguma retenção ocorria nos dois grupos experimentais. A im portância teórica deste e dos estudos subseqüentes de Zinkin é con siderável. O fato de estudos com uma interpretação aceita durante duas décadas provocarem transtornos teóricos, devido a um resultado de observação de animais e não a um dispositivo de minuteria, é uma lição salutar. A falta de conhecimento do repertório de comportamento de ani mais experimentais, com freqüência, leva a experimentos que são bem INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS Por que Medir Comportamento? 5
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inadequados para responder à questão para a qual foram concebidos. O experimento de Riess (1954) para testar quanto há de inato na construção de ninho pelos ratos é um caso desse tipo. Logo após o nascimento, ratas foram criadas isoladas em gaiolas de tela que não lhes possibilitavam qualquer oportunidade de manipular objetos. Mais tarde se permitiu que se acasalassem e foram então colocadas com seus filhotes numa gaiola-teste que continha somente tiras de papel. As ratas não construíram ninhos e nem recuperavam seus filhotes. Ao contrário, espalhavam tanto o papel quanto os filhotes pela gaiola o que resultou na morte de muitos deles por falta de cuidado. Riess con cluiu que durante a ontogênese o rato aprende a construir ninhos e a recolher filhotes através da experiência de manipular objetos. Eibl-Eibesfeldt (1961) realizou um experimento idêntico ao de Riess com a única diferença que utilizou fêmeas virgens, que tiveram experiência na construção de ninho. Quando colocadas na gaiola-teste, nenhuma delas começou a construir e somente três dos dez animais construíram ninhos cinco horas depois. A explicação para os resulta dos de Riess era, de acordo com Eibl-Eibesfeldt, que, quando, coloca dos em um ambiente novo, ratos primeiramente se imobilizam e de pois mostram comportamentos de fuga e exploratório. Esses compor tamentos inibem todos os demais e não se requer muita sofisticação biológica para reconhecer que tal hierarquia de padrões de compor tamento parece ter valor de sobrevivência. Somente quando o am biente se toma inteiramente familiar é que se inicia a construção do ninho. Se, por outro lado, ratos criados em isolamento eram testados nas suas gaiolas-viveiros, oito dentre trinta e sete animais começavam imediatamente a construir, e todos haviam construído cinco horas de pois. Contrastando com Riess, Eibl-Eibesfeldt também fez observa ções pormenorizadas dos padrões motores usados pelos animais na construção de ninhos. A seqüência comportamental poderia ser sub dividida em onze elementos discretos, isto é, coletar, apanhar e depo sitar. A morfologia desses elementos era idêntica nos animais com experiência e nos criados em isolamento; somente a seqüência era di ferente. Os animais sem experiência empregavam, com freqüência, um elemento da seqüência prematura ou tardiamente e isto não chega a ser completamente útil. Como se vê, os resultados de Eibl-Eibesfeldt não estão de acor do com a interpretação de Riess de que ratos aprendem a construir ninhos através da experiência em pegar objetos. Os padrões de comINDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 6 Observação Direta e Medida do Comportamento
INDEX BOOKS GROUPS 6 Observação Direta e Medida do Comportamento
portamento para construir ninho, dado o material apropriado, estão disponíveis sob a forma de instrumentos prontos para serem utiliza dos. O que deve ser aprendida é a ordenação adequada dos elementos. O estudo de Eibl-Eibesfeldt tem várias implicações interessantes que são ampliadas por diversos estudos complementares, não mencio nados aqui. Para os nossos propósitos, a lição a ser inferida é clara. Sem um conhecimento pormenorizado dos padrões de comportamento exibidos normalmente por animais, é possível planejar experimentos incoerentes, que por sua vez levam a conclusões errôneas. Na inves tigação de Riess a variável independente principal, ser criado em iso lamento, era de pequena relevância na compreensão do comportamen to conseqüente, isto é, de não construir ninhos, pois um fato crucial do comportamento normal cotidiano dos ratos não era conhecido pelo experimentador. Pode ser temerário considerar qualquer comportamento como biologicamente irrelevante. Algumas atividades são derivadas, isto é, elas contêm elementos de seqüências de comportamento que ocorrem em outras situações. As atividades denominadas deslocadas são desse tipo. Essas atividades são padrões de comportamento que parecem ser inadequados no contexto do meio: elas podem aparecer como uma descontinuidade inesperada em relação aos comportamentos antece dentes (por exemplo, aproximação e esquiva), ou podem ocorrer na ausência de seus antecedentes causais usuais. Inquietar-se, roer as unhas, coçar o nariz, nos seres humanos, agitar-se nos primatas supe riores, girar-se nos cães, e olhar para o chão nas gaivotas são todas desse tipo. Nos últimos anos a evidência acumulada sugere que as atividades deslocadas podem ter uma função de reduzir excitação (Stone, 1964; Delius, 1967; e Hutt e Hutt, 1968). é difícil ver como a noção de atividade deslocada poderia ter surgido sem a atividade “deslocada” ter sido vista no seu contexto funcional original. Em alguns animais, e sem dúvida em alguns humanos (como veremos a seguir), determinados padrões de comportamento registra dos em laboratório podem não ter similar no habitat natural do ani mal, e vice-versa. Lehrman (1962) adverte: “Análises de comporta mento baseadas somente no comportamento de animais cativos podem representar importantes distorções das maneiras pelas quais os ani mais se relacionam com seu meio natural.” Isto nos leva a uma se gunda importante área na qual a observação direta é exigida. INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS Por que Medir Comportamento? 7
INDEX BOOKS GROUPS Por que Medir Comportamento? 7
AJUSTAMENTO AO MEIO FÍSICO E SOCIAL Há determinadas áreas importantes do comportamento humano e animal cuja principal preocupação é como o sujeito se relaciona com seu meio natural, tanto físico quanto social. Ajustamento ao meio físico engloba o grupo de comportamentos de importância'particular para o desenvolvimento dos filhotes da espécie, isto é, a exploração e o brinquedo. A exploração foi descrita como o comportamento que “co loca o organismo em contato com determinadas partes, selecionadas do meio e não com outras qualquer comportamento, motor ou perceptual, que tem como seu estado final o contato entre o organis mo e porções selecionadas do seu meio (Dember e Earl, 1957). Apon tou-se que a maior parte da aprendizagem inicial das crianças ocorre através da exploração do seu meio: __
A aprendizagem ocorre em grande proporção através da mo bilidade, comportamento exploratório, ou curiosidade da criança. Aparece em resposta às mudanças do meio, produzida pelas pró* prias manipulações do indivíduo ou de outras pessoas. Na sua “busca de novidade”, como Piaget a denomina, a criança explora as ações das portas, gavetas, degraus e interruptores, aprende a ' produzir os efeitos que a intrigam e aprende a evitar os azares que eles impõem (Strauss e Kephart, 1955, pág. 166).
Há pouca possibilidade de se obter registros de vida reais do de senvolvimento da exploração e da aprendizagem nesse sentido, exceto nos casos em que a história de vida individual de crianças for com pletamente conhecida (ver Hutt, 1967b). O trabalho monumental de Piaget é, em grande escala o resultado de observações intensivas de comportamento de um grupo limitado de crianças; As origens da In teligência na Criança é um modelo de observações incansáveis, feitas em seus próprios filhe». O comportamento exploratório pode ser estudado, simulando-se uma situação de vida real à qual as crianças são preliminarmente fa miliarizadas e na qual são depois introduzidos objetos novos e padro nizados. Desde que parte do interesse em tais estudos está na ampli tude de comportamentos que a criança apresenta, somente a observa ção direta é suficientemente flexível e sensível para registrar as nuan ças, que em última análise poderão ser importantes. O meio social de um animal compreende os contatos entre indi víduos, que podemos denominar comunicação, cooperação, agressão e INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 8 Observação Direta e Medida do Comportamento
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territorialidade. Em animais e crianças novas tais transações são em geral realizadas por meio de sinais não-verbais e somente em virtude de análise observacional pormenorizada pode ser averiguado o voca bulário morfológico. Recente afluxo de livros sobre agressão (Carthy e Ebling, 1964; Lorenz, 1966; Morris, 1967; Storr, 1968; e Russell e Russell, 1968), que homologaram livremente de mecanismos sub-humanos para humanos, serviu para enfatizar a necessidade de uma análise adequada dos componentes e da organização do comportamen to humano agressivo. Até mesmo quando é possível um nível relativamente sofisticado de análise verbal de um problema é duvidoso que um estudo através de questionário de como sujeitos dizem que se comportam seja um substitutivo adequado para uma análise da situação real de vida de como realmente se comportam. O tipo de discrepância que pode se apresentar entre relato e fato é mostrado na série de estudos clássicos de Hartshome e colaboradores (1928, 1929). O objetivo desses estudos era “aplicar métodos objetivos de laboratório na mensuração da conduta sob condições controladas” (Hartshome e May, 1928). Crianças que haviam sido submetidas a testes escritos de julgamento ético foram observadas em situações de vida real, que envolviam comportamentos éticos, tais como cooperação e honestidade. Cooperação foi estudada observando-se as crianças nas situações reais de vida que ofereciam a oportunidade de trabalhar e dar coisas para outras crianças ou de tomar e reter coisas para si mesmas. Para testar honestidade foram organizados jogos de salão, competições atléticas, situações de sala de aula e situação cotidiana com oportunidades inerentes para defraudar e (aparentemente) pouca probabilidade de ser notado. Na realidade, os testes foram organiza dos de modó que o observador não somente pudesse anotar as frau des como também medir seu tamanho. Por exemplo, as crianças eram mandadas a fazer determinadas compras com excesso de troco, de modo que o total devido podia ser medido. As correlações entre escores de julgamento ético e escores nos testes de comportamento ético real eram aproximadamente + 0,25. (É interessante notar que correlação entre os escores nos testes de julgamento ético e inteligên cia foi -f- 0,70, sugerindo que boa inteligência confere certa fluência em contar mentiras.) Rosenzweig (1948) comenta: “o que o sujeito diz sobre seu comportamento e personalidade é um guia muito pouco seguro para predizer seu desempenho em situações reais de vida”. Isto nos faz lembrar da queixa de Gellert sobre a morosidade e o INDEX BOOKS GROUPS
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dispêndio de tempo próprios dos estudos de observação direta (ver Capítulo 4). Infelizmente, se queremos verificar como as pessoas realmente se comportam quando não estão sendo submetidas a testes por psicólogos, parece não haver substituto para a observação porme norizada e meticulosa. Com o conhecimento que não há atalhos para os postulados científicos, os etólogos aparentemente nunca sentiram necessidade de se pouparem desse trabalho penoso. Nas seções se guintes, consideraremos várias áreas nas quais os pesquisadores se mostraram particularmente determinados em encontrar esses atalhos.
SUJEITOS QUE NAO COOPERAM Os psicólogos profissionais se acostumaram tanto a encontrar um suprimento constante de voluntários dispostos, prontos para participar de qualquer jogo, que a psicologia, o estudo científico do comporta mento humano, se tornou virtualmente sinônimo de desempenho em testes mentais e trabalho em dispositivos de laboratório. Provavel mente não seria exagero dizer, na verdade, que mais de 95 por cento do total de informação sobre como seres humanos se comportam se baseia em estudos, nos quais o repertório total do sujeito é reduzido a uma ou duas respostas a uma constelação de estímulos cuidadosa mente regulada. Diante do problema de saber como um subgrupo de Homo sa piens, até então negligenciado, se comporta, a tendência natural do psicólogo é buscar seu livro de texto de testes psicométricos ou seu manual de métodos de laboratório. Portanto, sente-se um choque ao descobrir que os sujeite» em estudo não querem ou não são capazes de responder a chamadas, preencher questionários ou trabalhar com mo delos de laboratório. Há dois importantes subgrupos de Homo sapierts particularmente avessos a isso: pré-escolares e pacientes psiquiátricos. Em geral, quanto mais nova a criança menos provavelmente ela coo perará em investigações, que envolvam a tradicional parafernália psi cológica; se tem pouca idade e é psiquiatricamente incapaz, deixa de ser um objeto viável de inquérito psicológico científico. Um dos objetivos dos estudos de observação direta é trazer para o alcance da análise objetiva do comportamento sujeitos, que pode riam, de outra forma, ser excluídos devido à sua inadequação para estudo psicométrico ou de laboratório. A principal razão para buscar orientação na etologia reside no fato de os sujeitos que estudam se rem também de vida errante e livre e, portanto, relativamente pouco INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 10 Observação Direta e Medida do Comportamento
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cooperadores. O etólogo aprende a trabalhar com os dados de com portamento que o animal apresenta no seu habitat natural. Embora basicamente mais complexo, o comportamento do Homo sapiens pode ser tratado, em princípio, da mesma maneira como o de qualquer outro animal estudado em seu ambiente natural. AJUSTAMENTO CLINICO Embora questões interessantes podem ser propostas e o foram so bre as habilidades perceptivas e de aprendizagem de esquizofrênicos em situações de laboratório, as questões propostas por médicos e au xiliares sobre um paciente em geral, são sobre seu comportamento agressivo e impulsivo, seus hábitos de alimentação e higiene pessoal, suas relações sociais e de trabalho. Esses comportamentos são comumente reunidos sob o rótulo de ajustamento. Uma vez que decisões importantes (e dispendiosas) dependem da avaliação correta desse con ceito pobremente definido, não é surpreendente que os incumbidos dessas decisões estejam impacientes em saber se tudo o que os psicó logos podem oferecer são medidas de tempo de reação, suscetibilidade a ilusões, e assim por diante. Admitindo-se que tais medidas são im portantes — e não estamos argumentando pró ou contra—, sua vali dade deve ainda ser estabelecida com base em critério de ajustamento, derivado de situações de vida real fora do laboratório ou da sala de teste. Independentemente do significado que atribuímos ao termo ajus tamento, que constitui um amálgama de comportamentos, todos ne cessários, mas não suficientes para defini-lo, deve ser medido no pró prio habitat do paciente. A maior parte dos comportamentos que de veriam ser incluídos numa estimativa de ajustamento pessoal são ob serváveis; são, pois, em princípio, quantificáveis. Encontra-se aqui um fenômeno curioso. Enquanto quase todos os dados físicos e psicoló gicos sobre um paciente são medidos até, pelo menos, uma casa de cimal nas escalas paramétricas, os comportamentos do paciente, com exceção de pequena proporção, medida através de testes psicométricos, são expressos apenas através de posições em uma ordem. A classificação pode ser tão rudimentar quanto bom-pobre, melhor-pior, ou pode conter números ímpares de itens até sete, dispostos em uma escala ordenada de posições. Nessas escalas, em geral, o ponto médio é considerado como uma condição privilegiada ou neutra, do qual a variável em questão pode desviar para a esquerda ou para a direita. INDEX BOOKS GROUPS
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As classificações de comportamento adaptativo são em geral de três tipos: (1) Uma única variável facilmente observável é escolhida como representativa do comportamento como um todo. Por exemplo, uma medida de locomoção pode servir como um indicador do com portamento geral de uma criança hiperativa ou de um paciente esqui zofrênico catatônico, visto que comportamento motor aberrante é um aspecto óbvio de cada um desses distúrbios. Denominaremos este tipo de modelo representativo, (2) São feitas mensurações em escalas de posição ordenada de várias áreas diferentes de comportamento, os es cores de cada mensuração são adicionados, resultando daí uma me dida geral do ajustamento do comportamento (o modelo aditivo). (3) E feita uma única mensuração bruta visando caracterizar o compor tamento como um todo (o modelo global). Parece-nos que cada um desses enfoques tem uma limitação intima. O modelo representativo arruina-se ao ignorar o fato de o com portamento ter uma estrutura. A palavra estrutura é utilizada em relação a comportamento quase do mesmo modo como em edifi cação. Se um edifício deve ocupar um determinado espaço, temos uma restrição quanto à quantidade total de material que pode ser usada em sua construção. Se supomos que o edifício será composto de determinados elementos, digamos, cimento, tijolos, vidro, pregos, podemos nos enganar quanto às quantidades de cada um que serão utilizadas; mas para cada acréscimo em um elemento deverá haver um decréscimo correspondente em um ou mais dos outros. No com portamento, temos também um número finito de elementos que podem se apresentar com uma restrição temporal, nem todos os comporta mentos podem ser manifestados em uma unidade de tempo. Se um dos elementos do comportamento aumenta, isto ocorre à custa de ou tros. Portanto, se restringirmos nossa atenção a uma variável, não devemos supor que as demais mantenham uma relação monotônica com ela. Como veremos mais adiante neste livro (Capítulo 7), uma droga introduzida para aumentar ou diminuir o predomínio de um comportamento pode não ter efeito ou até mesmo ter um efeito ad verso sobre um comportamento igualmente indesejável. Por exemplo, uma droga como Ospolot, que produz a maior redução no comporta mento agressivo de uma criança hiperativa (Hutt e colaboradores, 1966), pode na realidade aumentar sua locomoção. As modificações podem, portanto, ser melhor medidas em termos de mudanças na es trutura do comportamento. Um exemplo particularmente infeliz do uso da adição de menINDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 12 Observação Direto e Medida do Comportamento
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surações de posição de diversas variáveis comportamentais encontrase num estudo dos efeitos das modificações do regime ocupacional sobre o comportamento de pacientes psicóticos crônicos (Hutt e co laboradores, 1964). Foram feitas mensurações dos comportamentos locomotores, de alimentação e de toalete, de atraso na fala e de ex pressões de ilusões de pacientes, em escalas de cinco pontos. Os es cores em cada escala de cinco pontos foram então somados para dar uma medida geral de ajustamento. Esta prática deve ser deplorada pelo menos por três razões. Em primeiro lugar, a maioria das vinte variáveis poderia ter sido objetivamente medida sém recorrer à crueza de suposições ordinais. Pode-se medir com facilidade graus de atraso na fala registrando-se amostras da linguagem oral e contando a taxa de apresentação (Hutt e Coxon, 1965); pode-se contar o número de expressões de ilusão por unidade de tempo (Rickard e colaboradores, 1960); pode-se contar também a quantidade de alimento ingerido e a freqüência de entomamentos (Ayllon e Michael, 1959). Quando uma variável pode ser realmente medida não se justifica a ordenação em escala. Em segundo lugar, é claramente absurdo somar escores ordi nais de ilusões, de limpeza e de cooperatividade a fim de obter um escore geral de ajustamento. Qualitativamente estes são subsistemas diferentes com suas próprias unidades adequadas de medida. Somá-las é tão absurdo quanto somar watts, decibéis e centímetros para obter uma medida de grandeza. Em terceiro lugar, a prática é ab surda por razões estatísticas. Cada escala correlaciona-se altamente com as demais pois todas são funções de um processo fisiológico doentio subjacente, denominado esquizofrenia ou depressão. Somar medidas que não se correlacionam é produzir espuriamente amplas mudanças nos escores escolares com mudanças mínimas no processo fisiológico subjacente. Se se pode utilizar legitimamente uma única medida global para caracterizar comportamento como um todo é uma questão bastante duvidosa. O quociente de inteligência é provavelmente a única me dida que quase chega a ter tal papel. As ponderações atribuídas a comportamentos diferentes na mensuração (digamos) do ajustamento social são desiguais quanto o são as atribuições dos subitens de um teste de inteligência em relação à medida de QI global. Pode-se ver isto claramente no estudo já mencionado (Hutt e colaboradores, 1966), relativo aos efeitos de drogas sobre o comportamento hiperativo de uma criança epilética. Quando as enfermeiras e os demais membros do corpo médico solicitaram que dissessem qual dentre os regimes de INDEX BOOKS GROUPS
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drogas melhorava mais seu comportamento, solicitaram unanimemen te a que havia aumentado mais a amplitude de atenção, embora fosse menos eficaz do que outras drogas na redução da atividade destrutiva. Ê claro assim que as mensurações globais emprestaram um peso maior à amplitude da atenção do que a outras variáveis. As próprias enfer meiras não se apercebiam dessa tendência. Podemos, portanto, argu mentar que a noção de uma mensuração global é ilusória. CORRELAÇÕES DE MEDIDAS COMPORTAMENTAIS E FISIOLÓGICAS Mesmo se uma mensuração fosse realmente global, ela poderia Scr alvo de uma crítica conceptual, que participa tanto do enfoque re presentativo quanto do aditivo, acima mencionados. Em uma investi gação o comportamento pode ser considerado como uma variável de pendente ou independente. No primeiro caso, as modificações no comportamento são medidas em respostas a estímulos específicos, a condições preponderantes do meio, ou a alterações no meio interno do sujeito afetado por droga, por distúrbio cerebral, por lesões epiletogênicas, etc. No segundo caso, são observadas as modificações no comportamento do sujeito enquanto se obtêm registros da atividade eletrocerebral, de mudanças metabólicas, da temperatura da pele, e assim por diante. Em quase todos os casos o comportamento está sendo correlacionado com variáveis que podem ser especificadas com grande precisão em uma escala paramétrica. Um estímulo sonoro pode ser quantificado em termos de sua freqüência, amplitude de faixa, ní vel de pressão do som, tempo de apresentação e outras características; uma droga pode ser especificada em termos de sua concentração, sua dosagem, seu nível de plasma sangüíneo. A concentração de íons de sódio e de potássio em uma amostragem de sangue pode ser estima da com precisão: o espectro da densidade de poder de um traçado de eletroencefalograma pode ser medido, e assim por diante. Correla cionar medidas de comportamento do nível de melhor-pior, mais-menos com variáveis fisiológicas medidas em microgramas conside rando-se duas casas decimais é, em termos mais leves, covardemente ridículo. Uma situação como esta, em física seria tratada com zom baria. No entanto, esta é a situação com que se depara em psicologia. Tomemos um exemplo típico de um recente estudo de correla ção de “comportamento” de pacientes psiquiátricos e excreção meta bólica de catecolaminas (Nelson e colaboradores, 1966). Seis pa INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS Observação Direta e Medida do Comportamento
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cientes psicóticos (dois esquizofrênicos, um maníaco depressivo e três depressivos) foram estudados durante períodos variando de 20 a 74 dias. Ao mesmo tempo, os pacientes eram observados e entrevistados diariamente, após o que era colhida uma amostra de urina. O traba lho envolvido na análise bioquímica da urina e a análise do compor tamento contrastam acentuadamente: A urina era refrigerada; depois de colhida, alíquotas de todas as amostras foram congeladas até serem processadas. As amostras foram analisadas quanto à presença de creatinina, metadrenalina (MA) e normetadrenalina (NMA). A análise de MA e NMA envolvem troca de íon de purificação de resina, papel bidimensio nal de separação cromatográfica e quantificação fotométrica. To das as amostras foram testadas duas vezes. O coeficiente de va riação das medidas duplicadas foi de 8 por cento para MA e 11 por cento para NMA. As recuperações médias de NMA e MA foram 71 por cento ( ± 9) e 84 por cento ( ± 9), respectivamen te (pág. 217).
A presença da metadrenalina e normetadrenalina foi determina da em nanograma por miligrama de creatinina. Além disso foi feita uma tentativa de correlacionar a excreção metabólica com o compor tamento durante as 24 horas precedentes. Sempre que possível foram registradas situações diretas do pa ciente em relação a expressões de estados emocionais e atitudes. Anotações de observação contínuas feitas por membros da enfer maria foram também obtidas dos arquivos do hospital. Os dois conjuntos de observações de comportamento foram organizados e registrados antes dos níveis de catecolaminas na urina serem de terminados e apresentados a dois psiquiatras, que desconheciam o paciente ero questão. Estes juizes foram solicitados a emitir uma avaliação, independente do desenvolvimento do paciente e, a identificarem períodos relativamente homogêneos de comportamen to. Mudanças acentuadas na atividade física, nos padrões de ali mentação e de sono, na interação social e no conteúdo emocional da linguagem oral foram utilizadas como principais indicadores do comportamento (pág. 217).
Enquanto são apresentadas três referências a artigos técnicos, mostrando com precisão como foram feitas as provas bioquímicas, nenhuma informação foi acrescentada sobre as circunstâncias e a for ma pela qual foram registradas as informações sobre comportamento ou durante quanto tempo. Exceto por inferência posterior tirada dos diagramas incluídos no artigo, não temos idéia do tipo de ínforINDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS Por que Medir Comportamento?
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mação fornecida aos dois juizes cuja tarefa foi dar uma quantifica ção superficial do material. Quais são, por exemplo, os períodos de comportamento homogêneo? Verificou-se que o curso da doença de cada paciente podia ser dividido em três estágios: um. período inicial de “perturbação psicótica”, um período de “relativo equilíbrio” e finalmente um período de “antecipação e de ansiedade reduzida du rante a parte final da hospitalização, à medida que o paciente come çava a se preparar para se ajustar fora do hospital”. A tarefa dos jui zes era decidir se as anotações do comportamento do paciente suge riam primariamente um estado de perturbação psicótica (atribuir o va lor numérico de 3), um estado de relativo equilíbrio (valor de 1) ou um estado de ansiedade reduzida e antecipação (valor de 2). Não é surpreendente que os resultados do estudo sejam um tanto equívocos. Em alguns sujeitos parece existir uma relação posi tiva entre fase da doença e excreção metabólica e em outros, uma relação negativa. A tendência geral é ligeiramente positiva. Teria sido possível aplicar aos dados um poderoso teste estatístico paramétrico se tivesse sido feita uma análise quantitativa pormenorizada do com portamento. Do modo como foi realizado o estudo uma dúvida per manece: o papel do aumento da atividade motora na determinação da excreção metabólica. Foi-nos categoricamente afirmado que os resul tados não poderiam ser explicados, por três motivos: “As modifica ções observadas são maiores do que as produzidas por excreção re duzida e nenhum dos pacientes se envolveu em quantidades de ativi dade superiores à moderada.” Que significado devemos atribuir aos termos reduzida e moderada? Somos informados pelas duas senten ças precedentes: “Exercício mesmo moderado aumenta a secreção de NA e A. O acréscimo desses hormônios é quase paralelo ao aumen to de atividade física, de modo que o exercício reduzido, como na experiência diária, é apenas suficiente para produzir elevações mode radas no NA e A.” Devemos supor que excitação e agitação psi cóticas não são quantitativamente suficientes para justificar a excreçío metabólica elevada quando se julga o comportamento como 3? A atividade física aumentada é um dos principais aspectos do que se denomina excitação psicótica. É interessante, portanto, que as únicas diferenças significantes constatadas no estudo das determina ções totais de creatinina e normetadrenalina foram aquelas entre o julgamento 3 e os demais. Presumivelmente devemos aceitar a con trovérsia dos autores de que a atividade física não era o fator ope rante, mas isso poderia ter sido verificado, sem margem a dúvida, se INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 16 Observação Direta e Medida do Comportamento
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tivesse sido feita amostragem de tempo de observações diárias, que na prática é a mais simples variável comportamentai para quantificar locomoção. Além disso, se tivesse sido realizada uma quantificação mais sistemática do comportamento, estaríamos em uma posição mui to mais segura para avaliar se estávamos lidando com uma associação estatística fidedigna, uma tendência sugestiva ou um artefato resul tante do procedimento empregado. Se parecemos muito críticos em relação a esse estudo é porque ele ilustra um aspecto geral na correlação de resultados fisiológicos e comportamentais que objetamos: a suposição oculta de que é muito difícil ou muito trabalhoso quantificar comportamento com algo da precisão do dado fisiológico. Esperamos que este livro contribua para modificar essa atitude. Uma vez que é uma atitude de que não participam os estudiosos do comportamento animal e uma vez que a maior parte do trabalho feito sobre quantificação de comportamento não classificado foi realizado por etólogos, citaremos amplamente esses estudos. Além disso, uma vez que nosso pensamento sobre esse problema foi muito influenciado pela etologia, parece-nos apropriado dedicar o próximo capítulo a uma consideração do enfoque etológico, contrastando-o com algum enfo que adotado pelos psicólogos.
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Capítulo 2
ENFOQUES OBSERVACIONAIS NO ESTUDO DO COMPORTAMENTO O enfoque de observação direta, adotado neste livro deve mais à etologia — o estudo biológico do comportamento animal — do que à psicologia. Dedicaremos este capítulo, portanto, a uma discussão dos aspectos especiais da etologia, comparando e contrastando o pen samento etológico com dois enfoques comuns em psicologia, descri tos respectivamente, como o experimental e o ecológico. Em psicolo gia experimental, a observação é quase inteiramente substituída por alguma forma de registro automático ou, quando usada, é subordina da a considerações metodológicas. A característica de maior destaque do enfoque ecológico é o seu sabor romanceado: impressionismo, inferencialismo e imprecisão. O ENFOQUE ETOLÓGICO A etologia caracteriza-se por um método —a observação direta — e por um tipo particular de enfoque biológico. A fim de ilustrar o método especial da etologia não poderíamos fazer nada melhor do que citar o conhecido etologista Carthy (1966): O primeiro objetivo do estudo do comportamento de um deter minado animal é registrá-lo em todos os seus pormenores, correla cionando cada uma das suas diferentes seções com os estímulos \ que as evocam. A esse catálogo completo do comportamento se dá o nome de etograma. £ vitalmente importante que tal etograma seja registrado com imparcialidade. Isto é, o observador não t deve ser influenciado pela sua própria avaliação do que está ocorI rendo mas deve buscar registrar tudo, não importa quão sem im| portância possa parecer no momento. Mesmo pormenores e con dições atmosféricas podem se mostrar necessários mais tarde na análise de causa do comportamento. Em primeiro lugar, quando confrontado com o comportamento de um animal desconhecido para o observador, deve ser evitado qne o antropomorfismo se INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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mescle com ele (embora seja com freqüência a mais fácil forma de estenografia!). O relato não deve ser em termos de pensamen to e desejos humanos, mas um registro direto. Mais tarde, colo cando-se na posição do animal, pode-se esclarecer os problemas que o comportamento traz à tona e sugerir hipóteses, que podem se constituir como base para experimento e análise. Mas isto deve ser feito sempre com o maior cuidado e o enfoque deve ser rapidamente descartado depois de ter fornecido a indicação ne cessária para organizar novas pesquisas (págs. 1-2).
Uma das diferenças entre o enfoque etológico e outros que se baseiam na observação (por exemplo, Anthony, 1968) é imediata mente evidente: o relato não deve ser feito em termos de pensamen tos ou desejos humanos, mas em termos de afirmações observáveis e de atividade. Pode-se argumentar que evitar o antropomorfismo quan do se registra comportamento de antropomorfos é um exercício arti ficial. O problema continua, de qualquer maneira, pois simplesmente não somos adeptos de inferências sobre motivações, intenções e emo ções, nem mesmo de outros adultos. Constantemente nos enganamos sobre os motivos dos outros, cometemos gafes sociais e interpretamos erroneamente as expressões dos outros. Em vista disso, uma análise completa dos componentes de ações e expressões parece ser uma das exigências básicas quando se quer elucidar os aspectos críticos de vários comportamentos. Nossa percepção dos sinais de adultos tende a ser falha, e será ainda mais, no caso de crianças novas e pacientes psiquiátricos. As crianças não são adultos em miniatura e a extra polação a partir de adultos raramente propicia afirmações válidas sobre o comportamento de crianças. Além disso, é preciso considerar ainda que, sendo o desajustamento de pacientes psiquiátricos, em mui tos casos, uma aberração de motivação, análises mais demoradas des sas aberrações podem ser melhor realizadas através de observação pormenorizada e cuidadosa — registros que podem ser reanalisados quantas vezes forem necessárias — do que através de inferências pre maturas sobre estados subjacentes. O enfoque etológico difere do da psicologia experimental e ou tros ramos das ciências do comportamento ao insistir num etograma como ponto de partida legítimo de qualquer estudo experimental. Antes de tentar modificar comportamento, o etólogo precisa conhecer que comportamento existe para ser modificado. Antes de concluir so bre os efeitos de estímulos físicos externos, ele procura conhecer os padrões de comportamento de origem endógena de que dispõe em um organismo. Os psicólogos parecem compelidos a estimular seus suINDEX BOOKS GROUPS
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jeitos de estudo. Os etólogos geralmente preferem deixá-los sós. En quanto não sabemos o que um animal fará na ausência de um deter minado, estímulo, não estamos em condições de elaborar conclusões sobre o efeito do estímulo. Um estudo recente sobre habituação em seres humanos recém -nascidos ilustra a maneira pela qual a interpretação de um padrão de comportamento pode mudar quando se conhece o repertório de um organismo não estimulado. Bartoshuk (1962) mostrou que a acelera ção cardíaca observada na apresentação de um estímulo auditivo decai progressivamente quando a estimulação é repetida. Quarenta estímu los foram aplicados, a intervalos de quinz£, trinta ou sessenta segun dos, durando o experimento, portanto, dez, vinte ou quarenta minu tos. Demonstrou-se que os bebês mostram muito claramente padrões de comportamentos periódicos, que foram denominados estados (Wolff, 1959; Prechtl e Beintema, 1964). Após terem sido alimentados, pou cos minutos depois de serem trazidos para uma sala de exame, mos tram em geral uma mudança de estado descendente: se estão desper tos e irrequietos, tendem a se aquietar; se estão alertas e quietos, ten dem a adormecer; e se estão dormindo, com movimento rápido do olho (RJEM)), depois de vinte minutos passam para o sono regular (sem movimentos rápidos dos olhos — NREM). Ao fim de vinte mi nutos, a maioria estará dormindo regularmente. Mostrou-se, contudo, que as reações comportamentais e automáticas dos bebês ao som estão relacionadas diretamente a estado, o sono NREM está associado a uma freqüência mais baixa da resposta do que o sono REM (Hutt e colabo radores, 1968). A habituação demonstrada por Bartoshuk e por ele atribuída à influência da repetição do estímulo pode de fato ser sim plesmente uma reflexão de mudanças de estado endógenas. Bartoshuk contrapõe-se a essa sugestão dizendo que, nos experimentos de dez e de quarenta minutos, os níveis de ativação dos bebês, medidos pelo ritmo cardíaco terminal, na ausência de estimulação, eram maiores do que nos níveis pré-experimentais. Isto, porém, não esclarece a questão. Estudos de bebês não-estimulados (Prechtl, 1968) mostraram que o ritmo cardíaco aumenta durante cerca de trinta minutos depois da alimentação apesar das mudanças de estado decrescente, que a acom panham. Portanto, um aumento no ritmo cardíaco durante o experi mento não contradiz a interpretação de que a assim denominada ha bituação possa ser primordialmente uma função de mudança de estado. Vê-se que a maneira pela qual interpretamos o efeito de um estímulo pode ser muito diversa dependendo do conhecimento que INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS 20 Observação Direto e Medida do Comportamento
temos do comportamento do organismo não-estimulado. Esta preo cupação com comportamento de origem endógena e com a elabora ção de um inventário comportamental, tão pormenorizado quando pos sível, contrasta com o enfoque de uma grande quantidade de estudos da psicologia experimental. O ENFOQUE DA PSICOLOGIA EXPERIMENTAL Comportamentos não-sociais Os estudos de comportamentos não-sociais, feitos em psicologia experimental preocuparam-se em geral com respostas singulares, fá ceis de serem medidas, e que eram respostas a constelações cuidado samente restritas de estímulo. O mérito de um estudo experimental poderia ser julgado em parte com base em quanto o experimentador conseguiu limitar o possível alcance de estímulos sem importância que poderiam distrair o animal. Foi só nos últimos anos que se reconhe ceu a importância da seleção de estímulos como uma classe de com portamentos, da qual resultou o estudo do comportamento explorató rio. A exploração pode, no entanto, envolver dois aspectos: a seleção da parte do meio para o qual o comportamento é dirigido e a seleção de uma resposta dentre um conjunto de possíveis respostas, potencial mente disponíveis para aquele estímulo. Em geral os estudos de com portamento exploratório quase não consideram o primeiro aspecto, isto é, o dos tipos de estímulos mais selecionados. Foi muito pouco reconhecida a importância da seleção de resposta, ou a variabilidade da morfologia da resposta em relação ao mesmo estímulo. Psicólogos com tendência skinneriana são especialmente relutantes em considerar a variabilidade da resposta como uma questão importante. Os resulta dos são em geral apresentados em termos de respostas, significando pressões à barra em uma câmara de Skinner, e estas, por sua vez, são medidas pelo número de cliques em um registrador cumulativo. Na maioria dos textos, não se esclarece se o animal pressiona constante mente a barra com uma das patas dianteiras, usa ambas as patas dian teiras, traseiras, focinho ou cabeça, ou se talvez senta-se sobre a barra. Autores como Russell e Ochs (1963), que relataram tais fatos, são como exceções por sua temeridade ou por reconhecerem a possível importância desses fatos. Pode-se argumentar que não é importante saber como o animal responde, se por “resposta” entende-se “pressionar a barra”. Se reINDEX BOOKS GROUPS
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gularidades constantes são obtidas nas formas de curvas de freqüên cia acumulada, que relacionam respostas com o tempo e com diferen tes contingências reforço-resposta, então a resposta é claramente uma medida de comportamento sensível. Entretanto, nem sempre este é o caso como mostram dois estudos recentes, um envolvendo macacos e o outro crianças de três a cinco anos de idade. Num estudo de Butler e Harlow (1954) é relatado que macacos continuam a abrir a porta de suas jaulas em período de nove horas ou mais, tendo como única recompensa a exploração visual do labora tório. Repetindo o experimento alguns anos depois Symmes (1959) apresentou as interessantes observações seguintes: Os Ss não exploravam visualmente durante todo o tempo de resposta. Parece que gastavam mais do que metade desse tempo manipulando a porta, mastigando a trave, e explorando com o tato o que não podiam ver através da porta aberta. Muito fre qüentemente sentavam-se perto da porta mantendo-a aberta com uma mão, movimentando-a nos ferrolhos e, só ocasionalmente viravam-se para olhar atravcs da sua abertura. Estas observações informais sugeriram que este tipo de atividade aumenta durante o período de teste e provavelmente é responsável pela maior par te do acréscimo do tempo total de resposta (pág. 186).
Verificou-se, além disso, que os animais persistiam em atividades dirigidas para a porta mesmo quando no escuro. É claro, portanto, queocorreu acentuada mudança morfológica durante o desenrolar desses experimentos. Registrando o número de vezes que os animais abriam a porta como a única medida de comportamento, pareceu que a exploração investigatória era mantida num nível alto durante muitas horas. Quando se toma conhecimento dos tipos de comportamentos que ocorreram, emerge um quadro bem diferente. Parece que se veri ficou um desaparecimento gradual da investigação do laboratório, que foi substituída por atividades mais “diversificadas” (Berlyne, 1960). Acontagem do número de vezes que a porta foi aberta é, porém, uma medida falsa se não for acompanhada por observações pormeno rizadas do comportamento, visto que é provável que os dois tipos de atividades possuem mecanismos subjacentes diversos e não são só morfologicamente diferentes. Em um estudo recente sobre comportamento exploratório em crianças pequenas (Hutt, 1966), apresentou-se um objeto novo em condições diferentes de retroação visual e auditiva. Contadores no objeto registravam cada movimento manipulativo de tal modo que a INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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simples leitura deles fornecia uma medida de quanto uma criança havia respondido ao objeto. As Figuras 1 e 2 mostram as quantias relativas das respostas apresentadas nas várias condições de incentivo e a inspeção dessas figuras sugerirá que quando a retroaçao auditiva era contingente à manipulação, a exploração aumentava em exposi ções sucessivas enquanto um decréscimo acelerado era observado na ausência de tal retroaçao.
Figura 1. Quantias médias de exploração manipulativa sob condições de (1) ausência de som ou visão, (2) somente visão, n = número de sujeitos (de Hutt, 1966).
Como se demonstrará no Capítulo 6, a observação completa do comportamento das crianças mostrou que, sob as condições de som, ocorreu uma mudança acentuada no tipo de resposta, dirigida para o objeto. Durante as primeiras exposições, as crianças preliminarmente investigavam o objeto; depois de algumas fases de atividade explora tória, cessava a investigação e, após a quinta ou a sexta exposição, as atividades de "brincar” eram as respostas mais proeminentes, isto é, o objeto era nesse momento visto como uma ponte ou cadeira, ou algo para ser montado como um cavalo. A distinção entre os dois comportamentos é bem clara, como se pode ver nas fotografias (Hutt, 1966) ou no filme (Hutt, 1967). Tais respostas não foram observadas na ausência do incentivo auditivo. Nesse caso, utilizar uma medida de resposta geral como as leituras INDEX BOOKS GROUPS
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do contador seria muito enganador, pois marcaram dois comporta mentos distintos com diferentes determinantes, diversamente motiva dos e muito provavelmente com funções diferentes. Ao invés de serem inúteis, observações pormenorizadas de com portamento em um experimento psicológico podem esclarecer direta mente os mecanismos ativados por um conjunto particular de variá veis do meio.
Figura 2. Exploração manipulativa de objeto novo em tentativas sucessivas sob condições (3) somente som, e (4) som e visão, n — número de sujeitos (de Hutt, 1966).
Comportamentos sociais Os etólogos partem de observações naturalistas; estão interessa dos em questões de por que e como os animais fazem o que fazem. Os métodos servem a essas finalidades e não constituem, portanto, objeto de considerações fundamentais. Os psicólogos se preocupam mais com metodologia, geralmente ditada por princípios teóricos ou exigências de propriedade estatística* Conseqüentemente, o que o etólogo constata é interessante e significativo, mesmo se metodologica mente discreto, enquanto o que o psicólogo constata é tecnicamente exemplar mesmo que sua validade e significância sejam às vezes obs curas. As diferenças entre os dois enfoques são exemplificadas por dois INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 24 Observação Direta e Medida do Comportamento
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estudos, ambos relativos mais ou menos ao mesmo problema: intera ções mãe-filhote, em macacos (Hinde e colaboradores, 1964; Hinde e Spencer-Booth, 1967; e Bobbitt e colaboradores, 1964). As observa ções preliminares dos dois grupos de pesquisadores são esclarecedoras: É assim pois, necessário, também, estudar o desenvolvimento em uma situação mais natural e estudos de campo recentes enriquece ram muito nosso conhecimento. No campo, porém, o reconheci mento de indivíduos é em geral muito difícil e a quantificação precisa impossível. O presente estudo quer ser uma espécie de compromisso, os animais são mantidos em pequenos grupos de modo que vivem em um meio moderadamente complexo sob con dições que permitem um grau moderado de controle experimental e registro moderadamente preciso (Hinde e Spencer-Booth, 1967, pág. 169). O desenvolvimento de métodos práticos, fidedignos e objetivos para garantir observações pormenorizadas (particularmente) dos comportamentos sociais que ocorrem — e o processo correlato de registrar e analisar tais eventos nas suas interrelações —, são há muito tempo problemas básicos em grande número de enfo ques de pesquisas. Vários pesquisadores tentaram desenvolver téc nicas de observação mais adequadas às suas necessidades. Os pro blemas continuam sem solução, mas muitos acreditam que, se téc nicas de observação mais refinadas podem ser desenvolvidas, tais técnicas forneceriam uma via importante de investigação dos pro cessos envolvidos no desenvolvimento social e na interação (Bob bitt e colaboradores, 1964, pág. 257).
Os resultados dos dois conjuntos de estudos são, em essência, similares, mas os pontos enfatizados, naturalmente, diferem. Pode-se ver claramente nas seções precedentes que' as relações mãe-filhotes sofrem modificações profundas durante os primeiros seis meses. Durante as primeiras semanas, os filhotes em geral começam a explorar o meio, de uma maneira aparentemente intré pida. Nessas circunstâncias as mães, com freqüência, recolhem os filhotes, pegando-os pelo corpo, ou quando distantes, por uma perna ou rabo. Vigiam-nos constantemente, interferem quando se encontram com outros macacos e, quando se afastam muito, bus cam-nos. Durante esse período os filhotes deixam mais as mães do que se aproximam delas. O comportamento de recolher filhotes decresce depois dos pri meiros dois meses, ao mesmo tempo que aumenta o bater e a rejeição dos filhotes. A partir dessa época o filhote passa a de sempenhar um papel cada vez maior por manter-se próximo à sua mSe (Hinde e Spencer-Booth, 1967, pág. 178). Num rápido resumo, as análises seguintes e similares de outras dimensões indicam os seguintes desenvolvimentos principais na elaINDEX BOOKS GROUPS
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boração do comportamento: (a) o filhote mostra uma atividade geral crescente incluindo as que apresenta durante os períodos de contato físico com sua mãe; (b) o filhote entra em contato físico e visual com sua mãe, relativamente com menos freqüência; (c) a mãe tende a responder ao crescente comportamento de contato ativo com uma grande proporção de comportamento rejeitante; (d) cada vez mais a locomoção da mãe envolve afastar-se do fi lhote; (e) cada vez menos a locomoção da mãe envolve levar o filhote consigo (Bobbit e colaboradores, 1964, pág. 269).
Apesar da maior atenção dispensada ao método de registro pelos segundos pesquisadores, os resultados de Hinde e Spencer-Booth são mais informativos. O ENFOQUE ECOLÓGICO O enfoque ecológico é exemplificado de modo mais claro pelo trabalho desenvolvido na Midwest Psychological Field Station da Uni versidade de Kansas (Wright e Barker, 1950; Barker e Wright, 1951, 1955; Barker e colaboradores, 1961; Barker, 1963; e Barker e Gump, 1964). Uma recente reedição de parte de um trabalho inicial (Bar ker e Wright, 1955) constitui uma introdução útil à maneira de pen sar do Grupo de Kansas (Wright, 1967). Os objetivos do grupo de Midwest são comparáveis aos esque matizados no primeiro capítulo: “descrever as situações de vida de indivíduos” . . . a fim de (i) estudar comportamentos que dificilmente podem ser reproduzidos em laboratório (por exemplo, agressão extre ma, afeição); (ii) mostrar as dependências seqüenciais entre itens di versos do comportamento; e (iü) corroborar resultados de laborató rio (por exemplo, estudos de personalidade) através da observação direta de incidentes críticos determinados (Wright, 1967, págs. 1, 64-65). As crianças são observadas em “seus habitats naturais”, típicos das situações cotidianas, por exemplo, a escola, o lar, a piscina. Como no nosso e em outros sistemas de registro descritos, são feitos comen tários pormenorizados de todas as atividades e estímulos com que a criança entra em contato. Depois de trinta minutos de observação, um relato retrospectivo é ditado com auxílio de notas manuscritas, toma das na ocasião. A datilografia desse relato é revista e as ambigüida des eliminadas, depois do exame e perguntas apresentadas por um colega que não presenciou os eventos. A ordem das diferentes ativiINDEX BOOKS GROUPS
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dades pode ser corretamente registrada, mas a medida de duração não chega a ser precisa. As unidades de comportamento no sistema de Wright são longas seqüências de comportamentos, que ele denomina ações, que duram vários minutos (algumas até 210 minutos) e têm a mesma direção. "O comportamento molar ocorre em geral no campo cognitivo da pessoa e é dirigido para o objetivo. . . . Uma atividade é sempre ‘aproximar-se’, ou ‘afastar-se’ de uma parte do meio.” De acordo com o esquema de Wright as ações são, portanto, eventos molares tais como ir à escola, passear com amigo, ou brincar de esconde-esconde. Os eventos Moleculares — gestos, posturas e fixações visuais — que formam um padrão, são denominados aciones. Os actones não são desempenhados por pessoas, mas por grupos de músculos: os actones não “se organizam em coisas e eventos significativos por meios de processos cognitivos. . . . As unidades molares são molares no senti do de que ocorrem no contexto da pessoa como um todo e um meio molar”. A primeira diferença entre os enfoques etológico e ecológico é imediatamente visível. A escala de unidades, que seria denomi nada uma ação é diferente; as unidades etológicas são aquelas que Wright denominou actones. Na nossa opinião as expressões faciais, gestos, posturas e fixa ção visuais constituem o material bruto do comportamento. Desem penham papéis sutis e vitais em todas as interações sociais; a distri buição no tempo desses aspectos fornece informação básica acerca dos efeitos do meio sobre comportamento e dos mecanismos funcionais subjacentes. Além disso, a medida desses aspectos pode ser correla cionada a mudanças fisiológicas. O ritmo cardíaco, por exemplo, pode mostrar dramáticas mudanças entre alguns batimentos; o possível sig nificado de tais mudanças só poderá ser apreciado se, no mesmo tipo de contínuo de tempo, forem medidas mudanças comportamentais. A segunda diferença importante entre os enfoques etológico e ecológico refere-se à questão de objetivos e pontos finais. A fim de dividir o protocolo de comportamento em episódios, é necessário in ferir “o objetivo ou o ponto final que o autor pretende alcançar... Ao se estimarem os episódios é essencial realizar-se rediagnósticos contínuos da posição terminal intencional”. Em nosso próprio traba lho, o diagnóstico de objetivos não é tão crucial visto que as unidades do comportamento são determinadas pelos padrões motores, emprega dos pelo sujeito. Além disso, muitos dos comportamentos nos quais estamos interessados e que existem tanto em crianças e pacientes psiINDEX BOOKS GROUPS
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quiátricos, pertencem à classe de atividades de deslocamento ou estereotipias. Tais comportamentos são notáveis em grande parte devido à aparente ausência de qualquer busca de objetivo. Podem, no entan to, auxiliar mecanismos funcionais importantes. A questão mais importante, relativa aos pontos finais é a de que a identificação dos objetivos das ações envolve não somente referên cias retrospectivas a partir dos protocolos de comportamento, mas também uma descrição do “habitat psicológico”, isto é, uma reestrutu ração do meio do ponto de vista do ator. Isto envolve “um ângulo da questão: o que uma pessoa vê e como ela o vê?” Isto significa iden tificar “como os outros olham para, sentem em relação, ou ‘conside ram’ coisas, reconhecendo com freqüência que o ponto de vista do outro difere do seu”. É devido precisamente ao fato de concordar mos com esta afirmação de Wright que consideramos o exercício de nos colocarmos no lugar do ator para ver coisas do seu ponto de vista, como além do escopo da descrição científica. Isto nos conduz ao terceiro e mais crucial modo pelo qual dife rem os enfoques etológico e sociológico. Enquanto Carthy (1966) exi ge que os relatos de comportamento sejam apresentados em termos de registro puro e nSo de pensamentos e desejos humanos, os ecologistas se permitem maior liberdade de fazer inferência sobre atitudes, moti vos e intenções. Wright pergunta francamente se a descrição inferencial talvez não devesse ser abandonada. Assim argumentou: o registro não deveria oferecer para o estudo o que deveria ser preservado. . . . Um filme pode mostrar João atirando uma bóia para José. Mas não pode mostrar se João está tentando ferir José ou envolvê-lo num jogo de b ola.. . Somente a observação envol vendo inferência implícita ou explícita pode habilitar uma pessoa a dizer realmente o que João está fazendo (pág. 40).
Um quarto ponto de diferença correlato entre os enfoques etoló gico e ecológico refere-se ao uso dos rótulos descritivos. Ao apre sentar regras básicas de procedimento para registrar comportamento, Wright diz: Dê o “como” de tudo o que o sujeito faz. Supõe-se que tudo o que uma criança faz ela o faz de algum modo. Por exemplo, ne nhuma criança somente anda. A primeira vez que o sujeito andou ele o fez lenta, vacilante, desajeitada e irregularmente. Vários anos depois, quando se dirigiu para arrancar um dente, andou com re lutância (pág. 50). INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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Embora se possa conceber que lenta, vacilante, desajeitada e ir regularmente sejam rótulos descritivos de segunda ordem, com relu tância é uma inferência sobre motivação. Mas isto não preocupa Wright: “No ‘como’ do comportamento da criança estão incluídos a sua construtividade, intensidade, nível de maturidade social, eficácia e o efeito que o acompanha. Será instrutivo dar um exemplo mais amplo dos protocolos con tidos no livro de Wright. Estes poderão dar, mais adequadamente do que nosso sumário, o sabor do enfoque ecológico. Parecendo esclarecida, a gentil Olívia fez de conta que lia a carta (pág. 170). A relutância de Wally pareceu tornar Ben mais insistente, (pág. 174) Margaret pareceu muito surpresa e aborrecida. A expressão de sua face mostrava definitivamente que ela queria revidar, (pág. 175), Roy fixou Geoffrey com um olhar magoado e hostil, (pág. 175) Brandley parecia esperar que isso ocorresse. Quando ela se apro ximou dele, este sabia o que iria se seguir. Ele agachou-se como se fosse uma ocorrência muito regular ela lhe bater. (pág. 176) Sarah era incapaz de falar. Era óbvio que ela não se mostrava muito entusiasmada sobre isso, mas nada disse. (pág. 177) Mary ignorou a desaprovação de Sarah. Ela estava se divertindo, (pág. 177) Mary parecia satisfeita, mas encarou o caso com naturalidade. (Pág. 184) Celeste sorriu amigavelmente, (pág. 186) Ben tirou vantagem e sentou-se sobre Morris, (pág. 197) Morris quase começou a chorar, (pág. 197)
A maioria das categorias de comportamento são vagas; toda uma seqüência de interação complexa pode ser reduzida em uma frase como “tirou vantagem”, infere que sentimento e motivação são atri buídos à mesma natureza de uma descrição comportamental. Está claro nesse nosso resumo que os ecologistas abandonaram qualquer tentativa de descrição objetiva. A vivacidade aparente dos protoco los dos ecologistas deriva da qualidade novelesca da maior parte dos seus relatos. Tanto no aspecto de escala quanto no de precisão o enfoque do ecologista é inadequado para os tipos de problemas, deli neados nos dois primeiros capítulos. O ESTUDO BIOLÓGICO DO COMPORTAMENTO Além de ser um método particular a etologia pode ser caracteri zada pela sua preocupação com quatro problemas biológicos inter-relaINDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS Enfoques Observacionais no Estudo do Comportamento
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cionados: os de causalidade, função, evolução e ontogênese. Este últi mo não é exclusivo da etologia; é a preocupação primordial dos psi cólogos do desenvolvimento. A preocupação com qualquer padrão de comportamento conduz invariavelmente à questão: Como começar? Nas palavras de Aristóteles, “Aquele que consegue ver as coisas cres cerem desde o início terá o mais completo conhecimento sobre elas”. O problema da causalidade é considerado de uma maneira um tanto diferente principalmente porque os fenômenos que estão sendo estudados pelas duas ciências são diversos. A psicologia está primor dialmente interessada em respostas a estímulos apresentados pelo ex perimentador. Conseqüentemente, estas são vistas em uma relação causal com o estímulo. Nas suas pesquisas iniciais, os etologistas, com freqüência, não aplicam nenhum estímulo, apenas registram os elementos do comportamento como ocorrem na seqüência. O elemen to antecedente ou os conseqüentes são considerados como a causa de um determinado elemento. Na prática, muito raramente são conside radas relações entre mais que dois elementos do comportamento, isto é, as interações entre elementos são essencialmente didáticas. Por quanto alguns padrões de comportamento possam ser considerados como sendo geralmente motivados, outros são claramente iniciados por eventos que ocorrem no habitat do animal. Um caso especial é o constituído por eventos que são itens de comportamento produzidos por outro animal. Neste caso, os elementos do comportamento são anotados na ordem em que ocorrem; cada elemento de comportamen to de um animal pode então ser tratado como estímulo ou como res posta a elementos adjacentes do outro. Retomaremos esse problema no Capítulo 8. Um método especificamente etológico é o de identifi car estímulos denotadores. Um exemplo típico desse método é for necido no estudo de Tinbergen e Perdeck (1950). Estes autores es tavam interessados no comportamento de gaivotas do arenque (Larus argentatus argentatus), apenas saídas da casca, que obtinham alimen to regorgitado de um dos pais bicando o seu bico. Apresentando aos filhotes modelos parecidos com o bico do pai e variando sua forma, côr, tamanho e padrão, os autores foram capazes de mostrar que exis tem determinados aspectos do bico que são críticos (tinha que ser de côr amarela com um ponto vermelho na superfície) e determinavam a resposta de bicar do filhote. Modelos foram utilizados com seres hu manos a fim de se identificar as características essenciais da face que provoca sorriso em bebês de quatro a seis semanas de idade (Ahrens, 1954). Hutt e Ounsted (1966) usaram modelos em um estado de INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 30 Observação Direta e Medida do Comportamento
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constelações faciais que produzem, em crianças autísticas, aproxima ção e esquiva. Muito raramente os psicólogos estudam problemas de função no sentido biológico. Isto se deve principalmente ao fato de, por razões de conveniência experimental, os psicólogos estudarem comportamen tos relativamente circunscritos, fazendo abstração do contexto bioló gico. Até mesmo quando estudam um mamífero mais inferior como o rato, o padrão de comportamento é escolhido por ser mais facilmen te “modelado” e não por ser um aspecto importante da vida do rato. É, portanto, difícil indagar: “qual é a função desse comportamento”? Nos seres humanos uma segunda limitação se adiciona a esta primeira. Em etologia, o termo função é usado como sinônimo de valor de so brevivência, isto é, adaptação outorgada. O primeiro termo significa maior facilidade de procriação da espécie. Embora estejamos interes sados em atividades autogeradas do organismo, nos seres humanos a extensão do repertório comportamental, mais a especialização da ati vidade intelectual, tornam a definição limitada de função insustentável. Existe, porém, uma segunda e mais interessante maneira dc usar o termo função. O comportamento tem efeitos e os etologistas que estudam seres humanos tentam verificar que- efeitos tem o desempe nho de uma ação sobre as próprias condições fisiológicas do ator e sobre o meio, incluindo semelhantes do ator. Algumas ações podem promover funções biológicas evidentes, tais como comer, acasalar-se, cuidar da prole, e assim por diante; outros podem ter a função de re mover estimulação desagradável, de expor novas propriedades ou re lações no meio, aproximar mais ou menos determinadas pessoas entre si, e aumentar ou diminuir a moral de um grupo. Tais ações podem ajudar o indivíduo a sobreviver aumentando a fusão de conhecimen tos do indivíduo e/ou do grupo através do aumento de coesão no grupo social, diversificando seu trabalho, e assim por diante. Alguns comportamentos podem parecer como tendo sentido limitado no re pertório humano até que se proponha a questão de função. Um bom exemplo é o do persistente olhar de aversão menciona do mais adiante (ver Capítulo 7). Um dos aspectos mais flagrantes e desafiadores apresentados por crianças portadoras do síndrome de Kanner — e muito provavelmente sua característica definidora mais importante — é o fato de essas crianças não apresentarem contato vi sual. Evidência fisiológica sugere que essas crianças foram altamente ativadas (Hutt e colaboradores, 1964). Visto que aparentemente o olhar de aversão tem o efeito de evitar a estimulação visual de seus INDEX BOOKS GROUPS
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semelhantes, especialmente da face, postulou-se que o olhar de aver são tem o efeito de limitar mais a estimulação sensorial e poderia ter nessas crianças, portanto, a função de regular o nível de excitação. Funções similares foram sugeridas para comportamentos estereotipa dos dessas crianças (ver Capítulo 10). Além dos freudianos, poucos foram os pesquisadores que até re centemente em psiquiatria sugeriram que anormalidades comportamentais podem subordinar-se a funções essencialmente biológicas, nos pa cientes psiquiátricos. Tais comportamentos foram descritos meramen te como presentes ou ausentes em determinados grupos de diagnóstico. O valor da colocação de questões sobre função é admiravelmente bem ilustrado pelos recentes progressos em terapia do comportamento, era que padrões de comportamento, aparentemente irracionais, têm sido mostrados subservindo aos mecanismos redutores de ansiedade. Muito relacionadas com essas questões de valor de sobrevivência estão as de filogênese. Os caracteres biológicos têm valor de sobrevi vência quando conferem aos membros de uma espécie, vantagens em lidar com um meio hostil. Às vezes com mudanças do meio, os ca racteres são gradualmente selecionadas. Um exemplo óbvio é a cé lula da anemia. Determinados caracteres, que conferiram certa vanta gem em membros de uma espécie que possuem aquele caráter podem, porém, continuar na espécie embora já não sirvam uma função bioló gica importante, pois, sua presença não é prejudicial. É, portanto, às vezes, útil quando se procura compreender a função de um dado pa drão de comportamento perguntar também, além de Qual é a função desse padrão agora?,. A que função esse padrão de comportamento poderia ter sido útil na história da espécie? A fim de mostrar que esta não é uma questão muito difícil nem tola, descrevemos um estudo realizado por Prechtl (1965) do deno minado reflexo de Moro dos bebês. Que função pode esse padrão de comportamento ter ou teve para o organismo humano? O pediatra alemão Moro, em 1918, descreveu o que acontecia se batesse o tra vesseiro em um dos lados do bebê com suas mãos. Os braços do bebê se abriam simetricamente e retornavam novamente juntos compondo um movimento de arco. As condições necessárias para conseguir essa resposta no bebê deitado sobre as costas parece ser um balanço, uma sacudida ou um sopro súbito. Se, por outro lado, o bebê é carregado ou suspenso, a retroflexão rápida da cabeça (ou cabeça caída) é um modo muito eficaz de aliciar a mesma resposta. Este reflexo é, na verdade, um padrão muito complexo formado INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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por vários componentes: abdução dos braços na altura dos ombros, extensão do antebraço na altura do cotovelo e distensão dos dedos. Um padrão de atividade muito coerente é constatado também eletromiograficamente. Na resposta típica de Moro a principal atividade ocorre nos músculos deltóide, tricípite e extensor. Subseqüentemente, ocorre a abdução do braço na altura do ombro, trazendo as mãos no vamente para perto do peito. Quando, porém, se seguram os pulsos ou mãos do bebê, ocorre um reflexo palmar de agarrar, e uma ligeira tração é exercida nos braços, verifica-se uma mudança drástica no padrão de respostas quando o bebê é estimulado exatamente da mes ma maneira. Os músculos externos dos braços não mais se contraem fortemente, mas os músculos bíceps e o de flexão carpal. Em outras palavras, depois que a tração do reflexo extensor é substituída por um reflexo de flexão, fortalece o encolher-se consideravelmente. Prechtl argumenta que a resposta provocada pelo assoprar, mais o agarrar, no verdadeiro reflexo de Moro, e o reflexo provocado quan do os braços do bebê estão livres, é o padrão estranho obtido em uma condição biologicamente inadequada. O cair da cabeça é muito eficaz quando o bebê está desperto e ativo, mas nada acrescenta quando o bebê está dormindo, enquanto que o assoprão é eficaz quando o bebê está dormindo, mas muito menos quando ele está desperto. Prechtl trata isto como prova suficientemente conclusiva para considerar a resposta primariamente de flexão de Moro como um padrão filogeneticamente antigo de comportamento presente em todos os primatas, cuja função biológica manifesta-se no filhote de primata desperto e ativamente encolhido, mas não no que dorme nos braços da mãe. Outras comparações filogenéticas propiciam novas alternativas de explicações. Dr. R. Martin* descreveu uma postura de tupaias muito similar na sua forma à resposta de Moro. Este padrão ocorre quan do o ninho da tupaia é perturbado e tem o efeito de eliciar o afasta mento ou fuga do predador. Presenciamos um fenômeno semelhante num encontro entre um recém-nascido e uma criança com mais idade. Esta bateu na superfície na qual o bebê se encontrava, produzindo uma resposta Moro. A criança com mais idade afastou-se correndo e chorando, é , assim, possível que a resposta Moro incompleta te nha ainda a função de afugentar os predadores embora o padrão completo de comportamento não seja mais necessário na interação * Comunicação pessoal. INDEX BOOKS GROUPS
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mãe-filho. A resposta de encolher-se quando a tração é aplicada nos braços do bebê é provavelmente um dentre os vários comportamentos que não mais desempenham qualquer função importante, mas devido ao fato de não causarem dano, deixam de ser eliminados por seleção. Vê-se, portanto, que questões de filogênese em evolução podem con duzir a explicações e até a experimentos que dão significado a com portamentos, até então curiosos ou negligenciados. Resumindo, o enfoque etológico supõe um determinado modo de olhar para o comportamento; exige que abandonemos nossas pré-concepções e suposições de conhecimento interno especial sobre o comportamento. Sugere também determinadas questões sobre compor tamento, que são biológicas e não psicológicas. Embora freqüentemen te interessado em longas seqüências de comportamento, o etólogo está preocupado em analisar essas seqüências em seus comportamentos. Seu enfoque é, assim, tanto molar quanto molecular. O ponto de vista deste livro deve muito a este último enfoque etológico e oferece a sondagem inicial, do que esperamos se torne uma completa e vigorosa etologia da ação humana. Embora grande parte do livro se refira a sugestões e caprichos práticos, a filosofia implí cita no livro será a de que a observação e a análise do comporta mento, que ocorre naturalmente, deveriam ser empreendidas de um ponto de vista comparativo. Os exemplos serão escolhidos mormente de estudos com crianças, principalmente porque os autores trabalha ram durante muito tempo com crianças de pouca idade, mas também porque a criança nova é um sujeito particularmente adequado para o enfoque comparativo que advogamos. Embora não muito entusiastas em aceitar a lei de Haeckel de que a ontogênese recapitula a filogêne se, parece bem claro que os processos inibitórios associados com o de senvolvimento cortical do homem levam muito tempo para se desen volver na história da vida do indivíduo. Portanto, apesar do desenvol vimento da linguagem, o parentesco biológico do animal homem com outros primatas é muito mais evidente no pré-escolar do que no ser humano adulto. No entretanto, a maioria do comportamento dos adul tos não está exposta a uma análise e controle cuidadosos, introspecti vos, racionais e as considerações que se aplicam ao comportamento da criança se aplicam também à grande parte do comportamento, gestos, posturas, expressões faciais e enunciações não-verbais do adulto como se verificam em todas as situações e de modo particular nas interações sociais. O problema de como tais comportamentos são reconhecidos INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 34 Observação Direta e Medida do Comportamento
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como unidades morfológicas, medidos e analisados, constitui o assunto deste livro. Mencionamos em vários pontos o comportamento de pacientes psiquiátricos. O comportamento de tais pacientes em geral desafia as tentativas de medi-lo por meios indiretos (psicometria) e de su jeitá-lo à análise experimental e controle. Visto que muitos compor tamentos são completamente inesperados e que há uma pequena pro babilidade de ocorrência de seqüências particulares, as inferências sobre o significado do comportamento, baseadas na reunião de ha bilidades sociais, imaginadas por Wright (1967), tendem a não ser bem sucedidas. Isto é acentuado pela ausência de fidedignidade do re lato verbal, quando existe, em pacientes psiquiátricos. Parece, pois, valioso ter um método objetivo para quantificar o comportamento de pacientes psiquiátricos que não depende da psicometria e de técnicas experimentais. O enfoque etologico, esquematizado nas páginas prece dentes tem vantagens claras em relação a esses dois rivais. Comparado com a abordagem psicológica, ele se empenha em considerar o reper tório total de comportamento do paciente. Isto é naturalmente de gran de importância quando o seu ajustamento geral está sendo considera do. Além disso, como o enfoque é molecular, procura obter uma me dida do comportamento compatível com o grau de análise, empregado nos campos com os quais se relaciona. Já discutimos, no Capítulo 1, as dificuldades metodológicas das correlações entre medidas cardinais refinadas e ordinais grosseiras. Será suficiente acrescentar aqui que poderá ser mais informativo mostrar que comportamentos estereoti pados, particulares, aumentam ou diminuem em duração ou freqüên cia em relação a dosagens especificas de uma droga do que o com portamento do paciente como pior ou melhor. A questão se torna ainda mais importante quando o problema envolve a correlação con temporânea entre comportamento e eventos no sistema nervoso do paciente. Isto torna-se cada vez mais realizável por meio do desenvol vimento de técnicas telemétricas. Ê naturalmente importante que a firmeza com que se pode ler modificações de comportamento em fil mes ou videotape se desenvolva no mesmo ritmo na área de modifi cações, que acompanham eventos fisiológicos. Supondo, portanto, que estamos interessados em uma moleeularização do comportamento, pergunta-se quantas são as unidades de comportamento que podem ser reconhecidas e quantificadas. Tratare mos destas questões no capítulo seguinte.
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Capítulo 3
IDENTIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS DO COMPORTAMENTO No seu livro sobre o comportamento de veados vermelhos ( cervus elaphus) na Escócia, Fraser Darling (1937) mostra a atitude que o naturalista bem sucedido deve adquirir: Leva um certo tempo para o olho se acostumar a reconhecer di ferenças e, quando isso ocorre, a natureza das diferenças tem que ser definida na mente através de cuidadoso auto-interrogatório a fim de se decidir se o assunto deve ser anotado. . . Permanece o fato de o observador dever passar por um período de condi cionamento do tipo mais sutil... O observador deve esvaziar sua mente e ser receptivo somente ao veado e aos sinais do campo. Ê uma disciplina muito rígida, que requer tempo e prática... É necessário mergulhar intelectualmente no ambiente complexo do animal a ser estudado até que você se familiarize com ele no sentido de manter-se como se estivesse um passo adiante do ani mal. Você deve se tomar íntimo do animai. . . . Nesse estado o observador aprende mais do que pode supor (págs. 24-26).
Esse trecho que é citado sob essa forma por Marler e Ha milton (1966) pode ser considerado como critério para a disciplina etológica. Antes de poder estudar como o comportamento é modifi cado pelas mudanças no ambiente ou no meio fisiológico, devemos saber que comportamento será modificado, e isto só pode ser des coberto através de um contato íntimo e continuado com o animal. So mente através de amostras repetidas do comportamento da criança, em várias situações diferentes, é que aflora a estabilidade do com portamento. Enquanto no contato inicial o comportamento da criança parece ser infinitamente variável, após observação repetida torna-se claro que determinados padrões tendem a se apresentar em circuns tâncias similares, que os padrões se mantêm numa relação temporal entre si, e que alguns deles ocorrem com maior freqüência do que outros. E, o que é mais importante, começamos a perceber que, ao INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 36 Observação Direta e Medida do Comportamento
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invés de ser infinitamente variável, o repertório de comportamento da criança é finito. Insistimos, repetindo esse ponto, porque este aspecto do estudo é muito superficialmente mencionado em grande parte das pesquisas sobre o comportamento. Muito comumente o pesquisador tem idéias preconcebidas sobre que comportamento deveria ocorrer, e não pro priamente conhecimento do que realmente ocorre, e impõe uma re gularidade espúria aos seus dados, quer justapondo classes de com portamento que são morfologicamente distintas, quer ignorando amplos segmentos do repertório de comportamento do animal. MORFOLOGIA E FUNÇÃO COMO CRITÉRIOS DE DEFINIÇÃO DE ELEMENTOS DO COMPORTAMENTO A noção de que determinados comportamentos nos parecem como padrões, que são facilmente lembrados e reconhecidos quando reapa recem, foi considerada por Lorenz (1960), que os denominou de Ges talten comportamentais. O etólogo experiente não tem muita dificul dade em aceitar que os comportamentos podem parecer como Ges talten, mas é de pequena utilidade para aquele que se inicia em ob servação do comportamento, pois este não tem grande segurança se a sua Gestalt corresponde à de alguém. Na realidade, pode até achar que sua Gestalt comportamental se parece mais à percepção de um cubo de Necker: Primeiro a vê de uma forma e depois de outra. Dado que a noção de Gestalt comportamental está intimamente li gada a toda a questão de definição de elementos do comportamento, pode ser útil examinar este problema em pormenores. Podemos identificar um elemento do comportamento de dois mo dos: em termos da sua morfologia ou dos seus efeitos. Attneave (1954) mostrou que grande parte da estimulação recebida pelo sistema visual é altamente redundante, isto é, é altamente previsível, homogênea e regular. As assim chamadas Gestalten são figuras que possuem altos graus de redundância no sentido de que, se desejamos codificá-las para transmitir como um quadro de televisão, precisaríamos ter somente alguns itens do nosso código. Se, por exemplo, olhamos para uma cruz negra num fundo branco, não necessitaríamos de itens para transmitir cada ponto estimulado da superfície branca. Seria suficiente ter sím bolos para preto e branco, por exemplo 1 e 0, e especificar os lugares onde ocorreram mudanças abruptas de branco para preto e, novamen te, de preto para branco. Estas mudanças são os contornos. Além dis INDEX BOOKS GROUPS
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so, também não é necessário indicar cada ponto possível de um con torno para se obter uma representação precisa da cruz, quando nosso código é recebido e decifrado. Serão suficientes as informações sobre a posição dos doze pontos críticos, correspondentes aos ângulos da cruz. Poderíamos, portanto, especificar nossa cruz, de forma bastante econômica, em termos de contornos, e estes por sua vez, supondo-se que o contorno continuasse na mesma direção, poderiam ser reduzidos a uma série de itens sobre mudanças bruscas na direção dos contor nos. Nos termos de Attneave, a informação se concentra ao longo de contornos e sobre locais nos quais os contornos mudam de direção. Trabalho fisiológico recente (por exemplo, Hubel, 1962) sugere que o sistema visual é organizado de maneira a utilizar as redundâncias encontradas no mundo visual. Quando os receptores estão expostos a estimulação homogênea, a atividade neural dos condutores visuais e do córtex é baixa, mas quando expostos a contornos e descontinuidades, a freqüência de estimulação aumenta. Um tipo de análise similar pode ser aplicada à observação tempo ral do contorno. Quando um ângulo está se movendo numa direção constante, a uma velocidade uniforme, o seu movimento regular é es sencialmente previsível. Vemos seu movimento não como uma série de posições diretas, mas como um todo uniforme, até que sua direção ou velocidade mude em uma proporção crítica. A partir daí o vemos em um novo movimento até que ocorra uma nova mudança na dire ção. Aqui também pode ser visto que, se estamos codificando movi mento de uma forma no espaço para transmissão a um sistema de comunicação, necessitamos somente a posição no início e no fim e a direção e velocidade do movimento a fim de que ele possa ser cor retamente interpretado quando for decifrado pelo receptor. Às vezes ocorre de, depois de uma interrupção, a direção do movimento inver te-se e depois ser outra vez invertida para produzir o movimento ori ginal, e assim repetidamente. Como- se pode ver, há aqui também redundância. Se a seqüência se repete várias vezes, necessitaremos de um código para o primeiro movimento, o mesmo item com o sinal invertido para o segundo e um número para indicar quantas vezes o par se repetiu. Precisaríamos de um outro item de código somente para indicar quando ocorre uma nova direção no movimento ou na orientação do contorno. Se considerarmos o corpo como uma série de contornos no es paço tridimensional e atividade como mudanças na orientação e di reção desses contornos, pode-se ver que o que o sistema visual disINDEX BOOKS GROUPS
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crimina como Gestalten são as regularidades que ocorrem quando o corpo se movimenta, a uma velocidade uniforme, numa direção cons tante. Os pontos a que precisamos recodificar nosso sistema de co municação (e os pontos nos quais o próprio sistema visual pode mos trar uma explosão de informação a ser codificada) são aqueles onde ocorrem mudanças na direção do movimento e onde muda a orienta ção dos contornos do corpo. Estes são os pontos finais dos movi mentos, as mudanças de postura, que são consideradas como elemen tos do comportamento. Não precisamos registrar cada ocorrência como um elemento separado quando ocorre redundância, no sentido de o mesmo movimento repetir-se continuadamente, mas registrar simples mente um elemento comportamental, justamente com um rótulo da freqüência ou tempo. É interessante notar que na linguagem diária usamos, na descri ção de comportamento que reconhecemos, tanto as descontinuidades quanto as redundâncias. Existem vários milhares de palavras que des crevem atividades motoras, tais como correr, pular, bater com a ca beça, chorar. Descontinu idade, ou o fato de a transição de uma ativi dade para a próxima ser percebida como uma etapa, aparece em fra ses tais como “Ele começou a correr”, “Ele começou a chorar”. Quan do não percebemos mudanças de um comportamento para outro como etapas, mas como transições lentas temos, em geral, uma outra palavra para descrever a própria transição. A redundância é reconhecida pelo uso de palavras como “correndo”, onde temos apenas uma palavra para o que pode ser várias centenas de passos discretos; mas é somente quando a freqüência ou o contorno do corpo mudam durante a ativi dade que abandonamos a palavra “correndo” e a substituímos por “galopando” ou “trotando”. Um meio complementar de dissecar o comportamento em uni dades naturais é definir as suas regularidades funcionais. Determinados padrões de comportamento produzem um efeito particular sobre o meio, um resultado que é claro e decisivo. Pode-se, portanto, dizer que o objetivo do comportamento era a consecução de um determi nado resultado final, e um padrão singular de comportamento termina quando esse resultado é alcançado. Por exemplo, pode-se delinear um determinado padrão de comportamento, dirigido para blocos de cons trução indicando-se que estrutura é obtida com os blocos; “construir torre”, “juntar dois blocos”, “colocá-los em círculo”, e assim por diante. Este tipo de análise diz, porém, somente o que foi obtido e não como o foi. A observação corriqueira de que fins similares podem INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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ser alcançados por meios muito diversos, deveria nos alertar no sen tido de considerar que muitos dados que poderiam ser significantes são perdidos desse modo. Verificamos, por exemplo, que crianças com grave lesão cerebral e crianças normais diferem acentuadamente entre si, em termos do número de padrões motores diferentes, exibidos numa unidade de tempo, mesmo quando esses padrões motores produzem efeitos similares no meio (Hutt e colaboradores, 1965a). Os efeitos de um padrão de comportamento não se limitam ao meio físico. Alguns comportamentos são, primariamente, orientados socialmente, por exemplo, a “exibição” dos animais diante do com panheiro, inimigos e filhotes. Seus objetivos parecem ser o de pro vocar uma mudança no animal que observa o comportamento. Pode mos, nesse sentido, tomar como ponto terminal de uma seqüência de comportamento no animal um, uma mudança subseqüente no compor tamento do animal dois, por exemplo, voar, atacar, ou vocalizar. Este tipo de análise, em termos de unidades funcionais, foi utili zado com muita eficácia por AItmann (1965) na área de comunica ção social com macacos rhesus: O primeiro passo no estudo da comunicação em rhesus foi ela borar um catálogo dos padrões de comportamento socialmente sig nificantes dos membros da sociedade. Tal catálogo é essencial mente o que a literatura menciona como um “etograma”, porém, com dois desideratos específicos. Primeiro, o catálogo deveria especificar completa e exclusivamente o repertório de comporta mento da espécie, isto é, somente um dos padrões de comporta mento deveria ocorrer em cada tentativa em todas as interações sociais. Segundo, todos os padrões de comportamento incluídos no catálogo deveriam ser comunicativos, isto é, sua ocorrência deve ria afetar o comportamento dos outros membros do grupo social... Como em outros. problemas de classificação, a categorização das unidades do comportamento social envolve dois problemas prin cipais: quando separar e quando juntar. Se o objetivo é elaborar uma classificação exclusiva e exaustiva de padrões de comporta mento, socialmente significativos do repertório do animal, então essas unidades de comportamento não são arbitrariamente esco lhidas. Ao contrário, podem ser determinadas empiricamente. Se para-se o contínuo da ação sempre que o animal o faz. Se as unidades de recombinação são comunicativas, isto é, se afetam o comportamento de outros membros do grupo social, então elas são mensagens sociais. Assim, as separações e as junções feitas refletem, idealmente, as separações e junções que o animal faz. Nesse sentido existem unidades naturais do comportamento social (pág. 492). INDEX BOOKS GROUPS
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Pode-se ver, portanto, que existem unidades naturais do compor tamento quer sejam especificadas em termos de características morfo lógicas quer em termos de características funcionais. As primeiras des crevem os padrões de comportamento escolhidos pelo animal e as se gundas, os efeitos que os comportamentos têm sobre o meio. Não existem dificuldades intransponíveis no registro simultâneo das uni dades morfológicas e funcionais. Na prática, ambas são necessárias para uma análise completa do comportamento. Além disso, algumas anormalidades do comportamento se manifestam primariamente nas características morfológicas do comportamento e, outras, através da especificidade das mudanças realizadas no meio. QUANTIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS DE COMPORTAMENTO Os problemas de definição e mensuração dos elementos de com portamento se entrelaçam. É óbvio que não podemos medir o que não se pode definir. É igualmente verdadeiro que a maneira pela qual definimos e registramos elementos de comportamento será afetada pe los tipos de mensurações que queremos aplicar neles subseqüentemen te. é , portanto, apropriado fazermos, neste ponto, uma digressão a fim de considerar o problema da mensuração. A divisão dos elementos de comportamento, em termos de mor fologia e função, fornece um quadro de referência útil para se clas sificar a mensuração do comportamento. O comportamento pode ser medido em relação a um ou mais de quatro parâmetros: freqüência de ocorrência, duração total, extensão média do turno e razão, Se fo calizarmos primeiramente a morfologia do comportamento, podemos contar a freqüência com que diferentes padrões motores são escolhi dos, medir o período total de tempo, gasto numa determinada postura ou do fazer determinados movimentos, computar a duração média de tais movimentos e calcular as suas velocidades. Se focalizarmos o as pecto funcional do comportamento (isto é, quais são seus efeitos so bre o meio), podemos contar o número de amestras de estímulos di ferentes, medir o total de tempo, gasto em contato com um determi nado estímulo, computar a duração média dos contatos com cada es tímulo, e calcular a freqüência de mudança, ocorrida num determinado estímulo. Um sumário das diferentes medidas é apresentado na Tabela I. Na prática, uma análise completa do comportamento consistirá de uma conjugação das duas classes de medida, sendo uma determinada ação relacionada às suas conseqüências ambientais. INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS Identificação dos Elemento do Compo
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TABELA I Sumário das medidas usadas em estudos dc comportamento (De Hutt e colaboradores, 1965) Medida
Variáveis do organismo
(1) Freqüência
(2) Duração média (amplitude)
Variáveis do meio
Número de padrões dife rentes de comportamento recrutados por unidade de tempo
Número de estímulos en volvidos em cada unidade de tempo
= DESDOBRAMENTO
= FINALIDADE
Duração da atividade p. ex., correr saltar bater olhar para
Duração de envolvimento contínuo com o mesmo es tímulo p. ex., blocos interruptores pia radiador
= AMPLITUDE DA ATIVIDADE
= AMPLITUDE DA ATENÇÃO
(3) Tempo total
Gasto em cada atividade por sessão
Gasto com cada estímulo por sessão
(4) Brilho
Velocidade da atividade
Freqüência de mudança no estímulo
A CONSTRUÇÃO DE UM REPERTÓRIO DE COMPORTAMENTO Provavelmente, está claro que a maior fonte de dificuldade se encontra na elaboração de uma descrição acurada do comportamento. A linguagem comum consiste de vários milhares de palavras que des crevem atividades motoras. Algumas delas serão verbos transitivos, como bater, puxar, juntar, tagarelar e estes claramente exigem um objeto-estímulo; outros são intransitivos, tais como correr, chorar, fa lar e acenar. Essas palavras, em geral, serão usadas com apreciável coerência por dois ou mais observadores ao descreverem o comporta mento da mesma pessoa. Infelizmente, as palavras são conceitos cria dos pelas circunstâncias, aprendidos pelo uso e não por definição. No entretanto, em princípio, podem ser definidas e o Oxford English Dic tionary realmente oferece um ponto inicial excelente para afirmações INDEX BOOKS GROUPS
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descritivas simples. Outras fontes de definições podem ser encontra das na literatura sobre primatas (Schaller, 1963; e de Vore, 1965, são livros úteis para consulta). O dicionário mais completo de padrões motores de crianças é o de W. C. McGrew, que no presente é com posto de 111 itens. Temos o privilégio de reproduzi-lo na íntegra no Apêndice deste livro. Em geral, a primeira ordem de terminologia do comportamento é formada por termos descritivos da linguagem comum. Quando exis tem vários termos quase sinônimos é selecionado o composto por me nor número de fonemas. São necessários termos para cinco principais categorias de movimento: 1. Fixações visuais, isto é, direções das fixações que duram 1Vz de segundos ou mais. 2. Posturas, isto é, orientação do tronco e membros enquanto estáticos em relação ao horizonte. 3. Locomoção, isto é, maneira e direção de mudança de locus em relação a pontos fixos no chão. 4. Manipulação, isto é, que objetos são manipulados e como; isto inclui mover os objetos com as mãos ou os pés. 5. Gestos, isto é, movimentos do corpo que não colocam a crian ça em contato com partes selecionadas do meio. Olhando um turno de atividade ou imediatamente depois, regis tra-se uma lista de palavras breves, relativas a atividade. Esta lista é aumentada cada vez que um outro turno é observado. Na prática, ve rifica-se que é útil escrever cada palavra atividade na extremidade su perior de um cartão. É então feita uma tentativa para escrever uma definição concisa e elegante da palavra atividade. À medida que ou tros termos são observados verifica-se, com freqüência, que algumas definições são extremamente abrangentes e que englobam padrões de comportamento para os quais a linguagem comum tem dois ou mais termos. O fato de a linguagem comum ter palavras para duas ações que são similares, geralmente significa que em uma estão presentes com ponentes, que estão ausentes na outra, e que é, em princípio, possível especificar essas diferenças. Duas definições precisas e mutuamente exclusivas são então construídas, rotuladas pelos seus termos descriti vos apropriados. Por outro lado, é legítimo usar um termo para des INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS Identificação dos Elementos do Comportamento 43
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crever duas ou mais formas, ligeiramente diversas, de comportamento pouco freqüente, tal como coçar a cabeça, desde que a ficha de coçar a cabeça contenha as duas definições. Referindo-se ao mesmo pro blema num contexto social, AItmann (1965) afirma: Às vezes se observam duas ou mais variações que eram inicialmen te consideradas como um único padrão. . . . O sistema primitivo, então, é o de dividir quando em dúvida. Mais tarde, se a dife rença entre as categorias não parecer significativa, as categorias poder ser juntadas. Mas, se durante a observação se juntou o que, de fato, eram padrões distintos, nada pode ser feito para recuperar os dados perdidos.
Neste estágio são introduzidas as avaliações da fidedignidade do vocabulário de atividade. Quando se dispõe de um registro perma nente de algumas seqüências de comportamento pode-se avaliar a fi dedignidade entre observadores. O registro filmado ou o videotape são passados repetidas vezes. Em cada uma delas é construído um proto colo separado de seqüências de palavras atividade, cada uma identifi cada por seu rótulo de tempo correspondente à parte apropriada do registro permanente (no caso do registro fílmico, os números das ce nas; no caso do registro em videotape, os dados do contador de tem po). Comparando os protocolos, é possível verificar em cada ocasião que registro permanente foi analisado, se foram escolhidos os mes mos pontos de interrupção entre os itens de comportamentos e se as mesmas palavras atividade foram utilizadas para descrever o com portamento. Sem registros visuais permanentes do comportamento, o problema de verificar o vocabulário comportamental se torna mais difícil. Isto é especialmente verdadeiro no caso do pesquisador que trabalha iso lado e que usa gravador ou registra manu?lmente. A tal pessoa só podemos indicar novamente a citação de Darling (1937), incluída no início deste capítulo. Somente através de um contato íntimo e con tinuado com seus sujeitos pode o pesquisador isolado esperar desen volver um vocabulário de atividade coerente e fidedigno. Quando dois ou mais pesquisadores estão envolvidos no mesmo estudo, a avalia ção do vocabulário é muito mais fácil, mesmo sem registros perma nentes. Dois pesquisadores observando juntos o mesmo sujeito podem rapidamente constatar para que comportamento estão usando as mes mas ou diferentes palavras e quando ocorre discordância podem ana lisar a natureza dela. Esta pode decorrer simplesmente do esqueci mento de um termo ou definição; ou pode ser o resultado de obserINDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 44 Observação Direta e Medida do Comportamento
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vação diferencial. Um observador vê, mais prontamente do que o ou tro, determinados componentes em uma seqüência comportamental. Em tal caso, é bem fácil concordar em relação ao componente que um dos observadores está vendo e o outro não. Isto pode acarretar uma modificação no vocabulário de atividade; uma nova palavra é cons truída ou uma definição extra é acrescentada a uma palavra atividade já existente. Estes problemas estão intimamente relacionados com a fidedignidade interobservadores que será discutida no próximo capítulo. O problema de ura catálogo de elementos de comportamento ser ou não exaustivo foi discutido por Altmann (1965). “A solução óbvia é utilizar um catálogo aberto, isto é, um catálogo ao qual podem ser acrescentadas novas categorias ad libitum, Altmann menciona que seu catálogo inicial dos elementos de comportamento de macaco rhesus ôontinha somente 36 itens. À medida que padrões não incluídos no catálogo, mas que pareciam comunicativos, eram vistos, passavam a ser registrados e a constar do catálogo. No fim do estudo, haviam sido observados 123 padrões”. O catálogo de McGrew, como se afir mou, consta de 111 itens morfológicos distintos. Foi elaborado com base na suposição de que todos os elementos diferentes e identificá veis do comportamento são igualmente importantes. Se, porém, cons truirmos uma curva da percentagem acumulada de tempo total (Y) em relação ao número de elementos no catálogo (X ) emerge uma inter-relação interessante (Figura 3); aproximadamente 60 por cento do tem po total é ocupado por somente dez movimentos; 75 por cento por vinte movimentos e 95 por cento por sessenta movimentos, ou menos do que a metade do repertório comportamental. Assim, embora o ca tálogo de elementos motores seja, em princípio, infinitamente ampliável, na prática efetivamente toda atividade motora da criança pode ser resumida em sessenta categorias. Seria contra-indicado supor que itens de comportamento, com bai xa freqüência de ocorrência, não tem importância. Em termos de seus efeitos sociais, tais itens envolvem consideravelmente mais informação do que os que ocorrem com maior freqüência: as assim chamadas exi bições Protean (Chance e Russell, 1959) são desse tipo e têm efeitos dramáticos sobre predatores e membros da mesma espécie. No entan to, para muitos fins, por exemplo, exame dos efeitos de drogas, é de maior utilidade aquela parte do repertório comportamental que é mais comumente apresentada pela maioria dos sujeitos do que os comportamente idiossincráticos. Uma curva acumulada de porcentagem de tempo possibilita tomar uma decisão sobre quando um repertório comINDEX BOOKS GROUPS
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portamental deve ser declarado completo com base na proporção de tempo ocupada. Desse modo, um catálogo pode ser mantido dentro de limites manipuláveis.
Ordem de classificação de ocorrência de padrões de comportamento Figura 3. Percentagem de tempo acumulado gasto em padrões de co m' portamento diferente em relação à ordem de classificação da freqüência de ocorrência dos mesmos padrões.
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Capítulo 4
MÉTODOS E TÉCNICAS I: GRAVADOR O cientista do comportamento, ao começar o estudo de uma es pécie, precisa de um período preparatório para familiarizar-se com seu animal de estudo. Isto é também verdadeiro para o observador de baratas e o de crianças. Visto que o processo de interpretação de re gistro e análise do comportamento é essencialmente o mesmo e inde pende da espécie, não existe nenhuma alegação especial que justifique dispensar o treino em procedimento para observadores que estudam membros de sua própria espécie. Além disso, é necessário desenvolver ou usar um método de registro, que seja sistemático e fidedigno, o que se torna particularmente importante quando o objeto de estudo é um membro da classe de primatas, visto que variabilidade e não-estereotipia é sua verdadeira característica. No início de tais estudos, o uso de filme seria prematuro e anti econômico. O uso tanto da lista para assinalar quanto de registro de eventos pressupõe a formulação de categorias de comportamento bem definidas e claramente delineadas o que, por sua vez, pressupõe uma familiaridade mais do que superficial com os dados. Um regis tro verbal contendo a descrição da ocorrência de eventos, feita atra vés de gravador de fita evita tais pressuposições; além dissò, o próprio uso dessa técnica levará o pesquisador a se familiarizar mais com os dados comportamentais. O método de registrar um comentário verbal em uma fita magné tica é recomendado por vários motivos. Já descrevemos em alguma ocasião as ações de outra pessoa; a quantidade de pormenores apre sentada por indivíduos diversos pode variar, mas o processo é conheci do e muito natural para a maioria das pessoas. Além disso, os meios de comunicação oral demonstraram que até >nesmo eventos muito complexos e que ocorrem em certo período de tempo podem ser co bertos simultaneamente e com precisão por um comentador hábil. É necessário ter-se muita experiência antes de se poder apresentar um de sempenho comparável ao desses comentadores, mas o processo se mosINDEX BOOKS GROUPS
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trou realizável. A natureza e o grau de seletividade, impostos ao re gistro depende da finalidade do estudo. Em geral, a gravação parece o meio mais adequado de registrar o comportamento em uma situação natural. O método consiste essencialmente em fazer um comentário breve à medida que os atos estão ocorrendo. Abrevia-se omitindo as pala vras e as frases desnecessárias. As elocuções definitivas referem-se a predicados e objetos; é facultativa qualquer descrição adicional. Ao ser analisada a fita gravada é transcrita pois é útil ter um re gistro escrito ao se calcular a duração dos vários atos, posturas e se qüências. Visto que a fita é repassada na velocidade original do gra vador é razoável supor que o tempo decorrido desde o início da elo cução relativa ao ato A e o inicio da elocução seguinte referente ao ato B seja a duração de A. Nem sempre, porém, é necessário transcrever o registro todo, particularmente se se dispõe de número suficiente de fitas. Nesses ca sos, a fita pode ser analisada da mesma maneira que se analisa um filme, extraindo-se uma categoria específica em cada repassada da fita. As proporções relativas de tempo gasto em formas diferentes de locomoção (isto é, correr, andar ou engatinhar) e a duração média de qualquer um desses atos motores individuais, ou o tempo total dispendido na locomoção, podem ser obtidos numa única passada de fita anotando-se o tipo de cada ato de locomoção e sua duração. Com freqüência uma análise como esta pode economizar tempo e esforço, particularmente se muitos pormenores qualitativos não são necessários.
RESULTADOS ILUSTRATIVOS Estudos com nimais Muitos dos estudos com animais, que utilizaram observação di reta na acumulação dos dados de comportamento, não especificam pormenores das técnicas de registro. Na maioria das vezes, informam onde e quando foram feitas as observações (por exemplo Rowell, 1967; Brown e colaboradores, 1967), mas nSo como. Os autores podem se referir a entradas no livro de notas, registro em diário ou observações escritas, mas os pormenores sobre os critérios de escolha das popula ções, dos métodos de amostragem, ou da forma de gravação, são omitidos. Tais omissões em geral derivam do fato de o comportamento de muitos animais ser relativamente estereotipado e por isso facilmente INDEX BOOKS GROUPS
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reconhecível e identificável. São assim reduzidos os problemas de fidedignidade embora vários pesquisadores, principalmente da área de primatas, se preocupem muito com essas questões. Nas pesquisas do comportamento social são apresentados com mais freqüência pormenores sobre a gravação e a análise. Dois estudos sobre comportamento social serão discutidos a seguir embora o assun to —- comportamento social — seja objeto específico de um outro capítulo. Um dos estudos refere-se a questões metodológicas pertinen tes ao estudo do comportamento humano c, o outro, envolve alguns movimentos expressivos e posturas interessantes.
O comportamento de Macacos Kaufman e Rosenblum (1966) se interessaram em elaborar um catálogo dos elementos comportamentais ou etograma para duas es pécies de macacos (especificamente, pigtails, Macaca nemestrina e bonnets, Macaca raãiatà). Muito corretamente preferiram obter esse inventário normativo de comportamento em situações naturalísticas, antes de tentar avaliar os efeitos de manipulações experimentais sobre categorias de comportamento. Aparentemente um raciocínio muito semelhante ao nosso deter minou o método de observação que utilizaram: Visto que os eventos comportamentais ocorrem com uma certa repetição, permanecem por períodos variados a cada ocorrência, parecem ser ordenados numa sequência e são dirigidos ao próprio organismo e a outros objetos do meio físico e social e, uma vez que nossos procedimentos experimentais podem produzir efeitos que se refletem em mais de uma dessas medidas, selecionamos um sistema que pode fornecer a freqüência, duração e o objeto de cada comportamento, bem como a s seqüências de comportamento para um determinado animal e, até um certo limite, a interação entre animais (pág. 207).
O sistema consistiu de observação direta, com um comentário contínuo ditado a um gravador. Esses autores tiveram sua tarefa fa cilitada, usando os sistemas taxonômicos desenvolvidos para outras es pécies relacionadas e sempre que isto se mostrou adequado utilizaram-se da terminologia e das descrições existentes. Em outros sentidos, tentaram elaborar uma “descrição exata de cada comportamento e um título que englobaria a descrição”. Ditavam começo, fim, natureza e objeto de um comportamento. As unidades do sistema de observação INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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eram padrões discretos tais como morder, encarar e autolimpeza. Cada animal tinha um número c cada comportamento um número de có digo; assim 2-1 exsoc — animal 2 fez exploração social no animal 1. A fita girava paralelamente a um relógio elétrico de modo que as durações exatas das atividades eram obtidas quando a fita era repassada. As unidades de comportamento do indivíduo foram classificadas juntamente com os demais comportamentos, que levavam a fins si milares, por exemplo, ameaça, encaramcnto, e movimento da testa fariam parte da categoria intimidação. Esta, por sua vez, aliada a Ataque e Perseguição, fornecia uma categoria mais ampla de Com portamentos Hierárquicos, isto é, comportamentos orientados no sen tido de estabelecer ou manter a posição do indivíduo na hierarquia social pela intimidação ou submissão de outros indivíduos. Essas ca tegorias genéricas foram definidas por critérios diferentes: no caso de Comportamentos Hierárquicos, pelas características funcionais, en quanto que no caso de comportamentos maternais, pela identidade do ator. Heuristicamente este procedimento parece ser legítimo enquanto toma explícitos os critérios heterogêneos de classificação de que se utiliza. Esses autores sabem, porém, quão desejável seria ter grupos taxonômicos comparáveis, cada um deles baseado, por exemplo, num único sistema motivacional. Uma tentativa admirável foi feita no sen tido de apresentar definições operacionais da maioria dos comporta mentos, por exemplo, ataque — “qualquer ato que causa insulto físico a outro animal”; movimento da testa = “retração lenta e rápida do couro cabeludo e testa, freqüentemente acompanhada de movimentos da orelha”. As distinções definitivas são, porém, menos adequadas nos casos em que existem diferenças nos graus de expressão de um comportamento. Por exemplo, Ameaça é assim definida: Uma variedade de padrões de comunicação, que pode incluir abrir a boca com exposição dos dentes, jogar a cabeça para a frente, achatamento das orelhas sobre a cabeça e retração da testa; o corpo em geral é mantido rígido, a pramo e para a frente.
Os autores deixam, entretanto, de mencionar qual desses elemen tos é (ou são) necessário e suficiente para reconhecer essa manifesta ção. Além disso, como mostram as ilustrações (Figuras 4 e 5), a amea ça pode ser de alta ou baixa intensidade, pode-se diferenciar claramen te uma da outra. Os autores poderiam ter talvez especificado os extre mos dessa expressão com maiores detalhes: com referência a abrir a boca, o grau de retração das orelhas e do lábio superior, posição do INDEX BOOKS GROUPS
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rabo, etc. Mas esta é uma pequena deficiência comparada com o traba lho informativo que realizaram. Essa taxionomia foi utilizada pelos autores (Rosenblum e cola boradores, 1966) num estudo quantitativo e comparativo sobre lim peza nas duas espécies já mencionadas. Limpeza é um comportamen to social importante mas pode também ser dirigido ao próprio corpo
Figura 4. Uma ameaça de intensidade relativamente alta de um macaco macho (de acordo com Kaufman e Rosenblum, 1966).
do animal. Foram estudados dois grupos de bonnet e dois de pigtail de cada grupo formado por um macho e quatro fêmeas adultas. A técnica de observação utilizada foi a descrita e cada animal foi ob servado durante dois períodos de 90 segundos diariamente. As ativi dades de limpeza foram definidas como se segue: Limpeza social: busca cuidadosa e/ou lento escovar para o lado do pelo de um companheiro com uma das, ou ambas patas dian teiras. O material que foi recolhido, tal como pequenos pelos e escamas da pele, pode ser levado à boca. Autolimpeza. O mesmo comportamento citado acima, mas agora dirigido ao próprio corpo do sujeito.
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Os resultados foram apresentados em termos de durações médias diárias de limpeza em cada grupo. Diferenças muito grandes entre os grupos de uma mesma espécie impediam que as diferenças entre espé cies fossem demonstradas, sugerindo que a composição e estrutura do grupo é mais importante do que as diferenças entre espécies na determinação da incidência destes comportamentos.
Ameaça hesitante, de baixo nívei, pelo mesmo animal (de acordo com Kaufman e Rosenblum, 1166) Figura 5.
Verificou-se que os turnos de limpeza social eram mais longos do que os de autolimpeza (durações médias de 36,4 segundos e 16,7 segundos, respectivamente). Animais fêmeas, independentemente da espécie, mostraram muito mais limpeza social do que machos. Os au tores não conseguiram encontrar uma relação clara entre o início ou recepção da limpeza social e dominância e submissão dos participantes. Este dado é surpreendente diante do ponto de vista tradicional que supõe existir uma correlação entre posição de baixa dominância e iniciativa de limpeza na maioria das espécies de primatas. Muitos dos outros estudos, especialmente os realizados por Brockway (1964) sobre a etologia do budgerigar, Grant (1963) e Grant e INDEX BOOKS GROUPS
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Mackintosh (1963) sobre o rato de laboratório, Rosenblum e cola boradores (1964) sobre macacos, que utilizaram gravador para suas observações, concentraram-se ampla ou exclusivamente em comporta mentos sociais. Alguns deles serão mencionados no Capítulo 7. Estudos com seres humanos Progressos em métodos são determinados em grande proporção por inovações tecnológicas. O advento dos gravadores de fita é uma dessas inovações, deveria ter revolucionado o campo de estudo do comportamento. Parece ao contrário que, devido principalmente a lon gas desilusões com estudos observacionais dos primeiros psicólogos que estudaram desenvolvimento, teve um impacto relativamente pe queno. Os trabalhos de Olson (1929), Thomas (1929) e de Arrington (1932) foram pioneiros na inclusão de métodos e técnicas de obser vação direta. Muitos dos primeiros estudos sobre comportamento de crianças usaram uma forma de comentário escrito ou registro obtidos enquanto as atividades ocorriam. Infelizmente, esses pesquisadores operavam, conceptualmente, num nível molar, seus dados de comporta mento, em geral eram subjetivos, inferenciais e interpretativos. Esca lona e seus colaboradores (1952) chegaram a considerar esse elemen to subjetivo como numa virtude e até a utilizar as predileções de um determinado observador como parte dos dados. Nesse seu estudo afir mações claramente inferenciais como, por exemplo, “o nenê focalizou, com seu modo impassível usual, a face de sua mãe”, tinham a mesma posição que um fato objetivo, por exemplo, “o nenê toma mamadeira”. Parece também que se esperava do método um dividendo injus to. Ao fazer sua resenha, Gellert (1955) supõe que a popularidade do sistema declinou devido ao fato de consumir muito tempo e não ser adequado para medir “alguns dos aspectos mais artificiosos, mas com freqüência mais interessantes da personalidade como o da pre sença de sentimentos de culpa”. Na mesma ocasião também lamentou que “à observação sistemática falta aquela característica clara e deci siva de um experimento”. Conseqüentemente, e ao contrário da expec tativa, o advento do gravador de fita não concorreu para aumentar o número e a variedade dos estudos de observação. Os métodos que poderiam fadlitar já eram alvo de descrédito. A série de estudos de observação realizados na década de 30 tem somente um interesse histórico e embora os problemas técnicos de comentário falado ou escrito não sejam os mesmos, a orientação ge ral, bem como as análises conceptual e de conteúdo, guardam muita INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 54 Observação Direta e Medida do Comportamento
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afinidade com estudos mais recentes. For essa razão, são incluídos neste capítulo dois estudos que usaram observações escritas. Medida da emodonalidade em crianças Ao estudar a emodonalidade de crianças, em ambiente natural, Bridges (1934) usou o método de observação sistemática. Durante dez períodos de uma hora de observação, distribuídos em mais de trinta dias, ela registrou as descrições da natureza, duração e freqüên cia das reações emocionais de crianças e das situações que as provo cavam. O registro do tempo foi feito com o auxílio de um cronômetro manual. “Choros de curta duração ou sorrisos fugazes muito rápidos para serem cronometrados foram contados, arbitrariamente, como ten do dois segundos de duração. Muitos choros e sorrisos que puderam ser medidos tiveram essa duração.” As respostas foram registradas em duas colunas, uma para todas as formas de desassossego e a outra para todas as formas de prazer e bem-estar. Dentre as primeiras registrou respostas de choro com lá grimas, tensão rígida e parada de atividade, choramingos impertinen tes ou resmungos, esperneios furiosos. A freqüência e a duração total dessas reações de desassossego e de bem-estar foram calculadas sepa radamente para cada criança e estas comparadas com as medianas do grupo. Bridges distinguiu emoções direta e indiretamente expressas: para desassossego foram respectivamente (1) choro com lágrimas e face contraída e (2) parada de atividade, rigidez do corpo, birra, resmungo, zanga; para as prazeirosas foram (1) sorriso e riso, e (2) gritos, chu par o dedo, pular para cima e para baixo, batidas de leve, etc. Os resultados mostraram, em primeiro lugar, diferenças indivi duais quantitativas na expressão emocional; muito poucas crianças mostraram pouca emoção dos dois tipos enquanto que outras mos traram explosões freqüentes e breves em excitamento prolongado. Embora se possa contestar a validade da categorização (por exem plo, o chupar de dedo associado regularmente com prazer, não pode ria ocorrer freqüentemente como uma atividade de deslocamento?), o próprio autor rinha ciência da arbitrariedade da sua classificação. Diante desse fato seria mais legítimo considerar a freqüência e dura ção da resposta individual. No entanto, é digno de nota essa preocu pação com um problema dessa natureza bem como a tentativa da execução sistemática de tal estudo quando se considera que foi feito há 25 anos atrás. INDEX BOOKS GROUPS
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Brinquedo de pré-escolares Cockrell (1935) também se limitou a séries de observações es critas, mas sua ênfase em registro e análise eram muito semelhantes aos nossos. A pesquisa preocupou-se com questões relativas aos efeitos que mudanças no meio de brinquedo das crianças tinham sobre o compor tamento dessas crianças. Envolvia também um interesse pelas reações que estas apresentavam a materiais de brinquedo diferentes. Foram observadas seis crianças com idade entre dois anos e meio e três; cada uma delas em relação às demais e individualmente, em seis si tuações de brinquedo. Em cada uma das situações eram fornecidos os seguintes materiais diferentes: 1. Sala despojada contendo só mesa e duas cadeiras. 2. Coisas de casa: dois bebês, cada um com cobertor e carrinho, louça de cerâmica e caixas contendo vestidos de boneca. 3. Blocos: três diferentes tipos disponíveis. 4. Livros de histórias e figuras recortadas de revistas. 5. Dois montes de massa de modelagem, dois quadros, duas cai xas de lápis de cor e dois blocos de papel. 6. Todo o material acima combinado. As crianças tinham liberdade de interromper a sessão quando quisessem. Registros do tipo de diário, preliminares, foram substituídos por registros um pouco mais formalizados depois. As observações de crian ças, duas a duas, foram feitas através de um vidro de visão unilateral e registradas em coluna paralela. Uma certa seletividade foi obede cida no registro sendo dada especial ênfase a: (1) material ao qual a criança se aproximava ou dava atenção, (2) tempo de aproximação, (3) mudanças em atividade quando com o material, e, (4) tempo de mudança de atividade. Por exemplo, as atividades de duas crianças brincando juntas e suas durações foram assim registradas: André André continua com sua massa de modelagem. Achata um pedaço Enrola com as mãos Continua a enrolar a massa Ainda enrola Pressiona-a no seu monte “Acabei”
2,45 2,50 3,10 3,30
Bárbara Apresenta um pedaço a André “Estou fazendo um coelho” Também achata Continua batendo na massa Apresenta um pedaço a André “Cu ainda não” (p. 405)
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2,25 2,50 3,00 3,20
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Depois de computados os resultados foram apresentados em um gráfico que mostra como a criança usou seu tempo nos vários minutos naquele ambiente preparado, estático, bem como os objetos de brin quedo individual? As definições de amplitude de interesse e atividade apresentadas por Cockrell se assemelham às nossas definições de am plitude de atenção e de atividade (apresentadas mais adiante neste capítulo): “considerou-se que a criança mudava de interesse quando se voltava de um brinquedo para o outro,” a atividade é claramente definida em termos de padrões motores, embora isto nunca tenha sido explicitamente afirmado. ... a observação de André entre 1,50 e 3,30 é assim tabulada: Mesa de modelagem 2 peças juntas belisca molda bate enrola pressiona Nos registros, vê-se que “enrola” foi registrado três vezes, mas é considerada como uma “atividade” sob o rótulo de" “massa de modelagem” na tabela, visto que, embora fosse uma atividade de longa duração para ser mencionada três vezes, não havia ocorrido uma mudança de atividade (pág. 415).
A autora contou, assim, bater como uma atividade, enrolar com outra, pressionar uma outra, e assim por diante. Vários resultados interessantes emergiram desse estudo. A maior variedade, em termos de atividades (isto é, número de atividades di ferentes) foi verificada nas situações de massa-e-lápis de côr e a me nor na sala despojada. Massa-e-lápis de côr também ocasionaram a mais longa amplitude média de interesse ou atenção enquanto que a mais curta foi observada na sala despojada (veja também Hutt e colaboradores, 1965). O tempo gasto com objetos estranhos foi menor na situação de massa-e-lápis de côr e maior na de sala despojada. Este é um resultado particularmente importante não só por ser ines perado. Considerando-se que esse estudo deve ter sido realizado há cerca de 25 anos, a concordância verificada entre muitos dos dados e os nossos bem como a afinidade metodológica é algp notável. INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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Análise dos padrões de brinquedo Em contraste flagrante com a objetividade e concisão do estudo anterior, existe um que parece se caracterizar pela ausência de clare za e de precisão. O estudo de Loomis e colaboradores (1957) é um exemplo que, de acordo com o nosso ponto de vista sobre estudo de comportamento, ilustra de uma maneira negativa muitos pontos que procuramos enfatizar. Esses pesquisadores estavam interessados em obter “métodos ve rificáveis de registrar comportamento não-verbal, que fossem adequa dos para comparações periódicas, confrontação de uma criança com outra, e de um observador com outro”. A hipótese desses pesquisado res era a de que determinados defeitos e distorções no brinquedo se associavam a distúrbios de comportamento na infância. Observaram três grupos de crianças brincando: psicóticas, deficientes e normais. Um examinador adulto, desempenhando um papel suficientemente pas sivo permanecia na sala de brinquedo com as crianças durante as ob servações, que eram colhidas através de um espelho de visão unilateral. A sala continha uma mesa, duas cadeiras e uma caixa de brinquedos. (Mais tarde, os brinquedos foram agrupados em três cantos da sala.) Uma descrição cursiva do comportamento da criança era ditada (pre sumivelmente a um gravador) e os registros depois eram transcritos. Foram usados três métodos de avaliação. No primeiro, os dados dos protocolos datilografados foram transferidos para tabelas, “na verti cal da página listram-se exemplos concretos de comportamento, arbi trariamente selecionados, que por previsão demonstravam cada uma das seguintes funções do ego: percepção, controle da mobilidade, me mória, comunicação, teste da realidade e contato e a função executiva do ego”. O segundo método de avaliação aparentemente consistiu em condensar sete páginas do sistema anterior em uma, “para facilitar a avaliação cruzada das interações e das relações”. Não se esclarece como isto foi feito, mas foram acrescentadas e retiradas categorias de pendendo do poder discriminativo das mesmas. O terceiro método consistiu em usar uma escala de avaliação de cinco pontos para julgar dez aspectos do comportamento, ou na linguagem um tanto preten siosa dos autores, “acrescentar elementos verdadeiramente holistas e criteriosos” aos dois primeiros métodos. Algumas das dez escalas são apresentadas a seguir: I. Escalas relacionadas ao inanimado A. Construção — Transporte. Nessa escala avaliamos ativida des da criança nas quait ela demonstra INDEX BOOKS GROUPS
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1) construção, combinação e contenção; e/ou 2) transporte e posição. B. Criação — Representação do corpo. Comportamento B é humanizar ou personificar o inanimado, dar forma humana, forma ou função ao não-humano. C. Fraturação ■— Não-animação. Esta escala mede o quanto a criança está envolvida em fragmentação, fraturação, e quan to usa equipamento com um potencial de animação óbvio evi tando percebê-lo ou sem se dar conta dele. II. Escalas relacionadas ao animado E. Proximidade do corpo do examinador. Esta escala é, pre liminarmente, avaliada com base em topografia, isto é, quanto menor a distância entre o corpo da criança e o do examinador maior o escore. S. Auto-eràtico ou envolvimento do corpo. Esta escala mede quanto a criança se envolve em prazer físico evidente e em estimulação do corpo. RS. Relação social com o examinador. Esta escala procura identificar tentativas que a criança faz para se envolver com, se comunicar com e/ou como ela se torna manifestamente ciente do examinador como um ser animado, personalizado capaz de responder física e/ou verbalmente às tentativas da criança na situação em que se encontra, (págs. 696/697)
Em cada escala um escore foi atribuído a cada período de três minutos e registrado num gráfico (tempo na abscissa e avaliação na ordenada), as interações animadas foram registradas abaixo da linha zero e as inanimadas acima dessa linha. Perfis ilustrativos, caracterís ticos de cada tipo de sujeito, foram apresentadas pelos autores. Esses perfis são, porém, difíceis de serem interpretados pois não foram ex plicitados os critérios de classificação das escalas. Uma coisa parece, entretanto, clara e é de que criança psicótica mostra comportamentos auto-eróticos mais freqüentes, mais intensos e mais prolongados. Na ausência de informação mais específica, qualquer interpretação é plau sível e igualmente permissível. Os autores concluem que “este método de estudo conduzirá a um discriminador novo e eficaz entre esquizo frenia e deficiência mental em crianças que, de outra forma, seriam di fíceis de serem testadas”, mas o difícil é compartilhar desse otimismo. Este estudo dificilmente se distinguiu pela sua perspicácia. A confusão dos autores quanto aos conceitos é lamentável. Níveis abso lutamente separados de discurso foram tratados como um sistema uni forme, distinções críticas entre fenômenos observáveis e demonstrá veis por um lado e categorizações abstratas, construtos hipotéticos ou inferências permaneceram indiferenciados de outro lado. O poder INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS Método Técnicas: Gravador 59
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discriminador das suas técnicas de registro era desproporcional em relação às categorias heterogêneas e interpretativas usadas na análise. Além disso, os preconceitos dos autores os forçaram até a encontrar certos tipos de diferenças entre os grupos, impedindo assim o apareci mento de dados significativos extrínsecos ao seu sistema conceptual. É difícil concordar com as afirmações: admitindo-se que se pudesse compreendê-las: “Através do brinquedo, a realidade pode Set enfren tada oblíqua e não sobranceiramente, e assim a criança pode passar da realidade passada à futura, à fantasia e irrealidade e voltar para a situação presente sem muito desgaste das engrenagens”.
Estados do comportamento de crianças, em situação livre Gr a v a ç ã o
Nos nossos estudos a criança foi observada de uma sala cola teral através de um espelho de visão unilateral e um comentário sobre comportamento foi feito em um gravador de fita de dois canais. A finalidade era fazer coincidir o mais possível o comentário sobre a atividade com a ocorrência do comportamento. Uma atividade foi de finida em termos dos padrões motores envolvidos. Assim, rotação do pulso com os dedos apreendendo um objeto foi definido como girar, quer fosse feito num plano horizontal com um bloco ou no plano ver tical (como uma maçaneta); semi-extensão alternada e flexão palmar dos dedos contra uma superfície foi definida como arranhar, quer em relação à cabeça, perna, chão ou bloco. Após algumas semanas de re gistro foi possível estilizar o ditado, omitir todas as palavras redun dantes, de modo que os comentários passaram a ser principalmente palavras atividade, tais como, correr, arranhar, jogar. Outros termos qualifícadores e específicos incluíram nomes de membros, esquerda/ /direita, objetos-estímulos (por exemplo, porta, torneira, bloco) e números referentes a localização. Foi também possível usar determinados termos estenografados, que auxiliaram a abreviar ainda mais o comentário. Isto ocorreu par ticularmente em relação a posturas. Por exemplo, uma postura fre qüentemente adotada era a descrita inicialmente como sentado sobre a perna esquerda curvada sob o peso do corpo, perna direita esticada mantendo o tronco com o braço esquerdo esticado; isto mais tarde foi abreviado como sentado do lado esquerdo. Antes de desenvolver essas abreviações, foram necessárias muitas sessões de observação preparatórias. INDEX BOOKS GROUPS
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Só foi registrado o comportamento diretamente observado sem qualquer referência a supostos sentimentos ou motivações da criança. Termos, tais como ansiosa, feliz, zangada, nunca foram utilizados, pois contêm inferências não-observáveis sobre as emoções da criança. Tam bém não o foram conceitos intencionais de retirada ou esquiva. Em alguns casos, é mais fácil e talvez mais natural usar tais termos, mas o observador deve simplesmente referir-se ao comportamento obser vado, por exemplo, permanece parado, faces pálidas, lábios trêmulos, punhos cerrados, ombros elevados. Embora possa parecer um tanto pedante este procedimento, fazer de outro modo seria negar a questão, desde que uma das questões investigadas é a de verificar se de fato todos esses elementos ocorrem juntos quando pensamos que a criança está com medo ou se encontra em um contexto situacional específico. Co n v e n ç õ e s
O propósito dos pesquisadores ao desenvolver o comentário tão estilizado é da maior relevância na determinação das convenções a se rem utilizadas. Nos estudos de comportamento em situação aberta, quantidade e rapidez do movimento, duração das amplitudes de aten ção, natureza e duração de atividades especificas são, em geral, mais informativos do que aspectos mais estáticos, como posturas. Portanto, uma seleção deve ser feita quando o comportamento se torna muito complexo ou quando ocorre muito rapidamente, como é usual com crianças. A validade do registro não diminui necessariamente desde que esta seletividade se baseie em determinadas convenções e não é arbitrária. No nosso estudo decidimos nos concentrar primordial mente nas categorias enumeradas no Capítulo 3. No caso de vários movimentos ou ativitade ocorrerem simultaneamente deu-se menor prioridade a posturas. Está claro que a natureza da seletividade será determinada pelo propósito do estudo. Num estudo de comportamen to expressivo, por exemplo, movimentos dos olhos, da fronte e da boca, posturas e movimentos da cabeça teriam prioridade em relação à locomoção. Desde que era essencial registrar sincronicamente com a ativida de a ocorrência do comportamento, foi necessário omitir toda a ter minologia disponível. Assim considerou-se a direção da fixação visual sincrônica ao objeto de manipulação e, portanto, só foi registrada quando a situação diferia desse caso. Por exemplo, ao registro de “abre a porta” ou “bate no aquecedor” seria acrescentada uma afir INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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mação relativa à fixação somente se a direção da fixação não fosse a da porta ou do aquecedor. F id e d i g n i d a d e e v a l id a d e
E importante que esse método possa ser usado com mais facili dade por um observador e ser mais fidedigno. Com um gravador de dois canais, dois observadores podem, independentemente, mas com simultaneidade, registrar o comportamento de uma criança e o grau de concordância pode ser avaliado, subseqüentemente, a partir das transcrições. O nível de concordância alcançado por dois observado res é ilustrado com a análise de um protocolo típico: N.° de observações em conteúdo feitas a intervalos de ura segundo entre si N.° de observações diferentes em conteúdo feitas a intervalos de um segundo entre si N.° de observações idênticas em conteúdo, mas separadas por mais de um segundo N.° de observações registradas por um observa dor, mas não pelo outro
78 (86%) 2 (2%) 9 (10%) 2 (2%)
Como se vê, verificou-se uma concordância excepcionalmente boa no que se refere ao conteúdo, isto é, a natureza do comportamento. No estudo todo, essa concordância foi de 95 por cento. As discrepâncias ocorreram principalmente em relação ao registro do tempo, mas como estas eram da ordem de dois segundos, com a prática terminaram por ser minimizadas. A n á l is e
Foi feita uma transcrição escrita do registro da fita. O término das atividades (definido de acordo com o Capítulo 3) foi indicado na transcrição por riscos verticais duplos; término de amplitudes de aten ção foi indicado por um risco vermelho. O que foi esquematizado sucintamente no Capítulo 3 talvez de vesse ser ampliado agora. Uma atividade foi definida em termos de sua morfologia: sua aparência ou características relevantes, sua inten sidade e/ou amplitude. Uma amplitude de atenção, por outro lado, foi inteiramente delineada pelo estímulo envolvido. A distinção é me lhor ilustrada por um exemplo. Uma criança pode jogar um bloco no outro canto da sala, olhar para os outros blocos durante alguns se INDEX BOOKS GROUPS
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gundos e depois construir uma torre colocando um bloco sobre o ou tro, Neste caso, jogar, olhar e construir foram três atividades, mas desde que todas se dirigiam ao mesmo estímulo, isto é, os blocos, fo ram englobados em uma mesma amplitude de atenção. Terminada a marcação da transcrição, a fita foi repassada, re gistrando-se, nesta oportunidade, com o auxílio de um cronômetro manual, a duração de cada atividade. As durações foram indicadas ao longo dos riscos apropriados; as amplitudes de atividade relevantes podem ser somadas e se obtém a amplitude de atenção. A transcrição TABELA II Transcrição dos comentários gravados feitos durante uma sessão de três minu tos (riscos indicam o término das amplitudes da atividade, as durações ano tadas ao lado de cada intervalo) 91
21
21
Em pé 4 olhando bloco, segurando fio anda 7/8 gira ^ olha bloco ^ 4 . 31 anda até o espelho 15 vira-se à chamada de 0, anda 10/11 gira, olha blo7 2 2 co, gira 11 ^ anda 10/11 até 2 ^ bate na parede olha bloco, gira 5/6 4 2 anda 7 pega bloco ^ corre espelho 15, coloca bloco na boca e bate no 6 3 21 espelho esfrega superfície do espelho 13 a 9 ^ coloca bloco janela ^ em 2 4 pé 5 bate bloco na janela volta-se joga bloco 15 e vai atrás dele pega 4 6 bloco 15 joga cm O / anda 8, sobe cadeira senta-se cadeira, olha espe3* Si 2i lho para 0 e para janela olha bloco ^ deixa cadeira 7 ^ pega bloco 41 3 joga para o espelho ^ bate no espelho e caminha 13/14 ^ joga bloco em 0
2
41
8
volta-se, corre 8, sobe cadeira sobe braço cadeira segura porta J 1 31 9 salta no assento, gira ^ bate janela mantendo-se na cadeira ^ volta-se ao 31 sinal de 0, pega bloco dado 0 senta cadeira olha por sobre o braço para 13 2 o chão olha janela ^ olha forro, apoiando-se encosto cadeira, mão na 5 2 4 3 boca ^ olha porta ^ sai da cadeira olhando 12 anda 13 em pé 13 8
mordendo camisa olha lado ^ volta-se, anda 13 a 9 a 5, mordendo camisa 10 3 31 41 caminha de 6 a 7 ^ atira bloco a 16 ^ g ira anda 16 a 15 ^ pega 21 5 bloco joga para 1 anda para 8 sobe na cadeira INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS Métodos e Técnicas: Gravador 63 TABELA III
Folha de análise da transcrição apresentada na Tabela II Visuai
blocos não-específico blocos espelho O blocos não-específico parede blocos blocos espelho bloco bloco bloco cadeira esquadrinha bloco blocó espelho espelho O cadeira porta porta janela O
chão janela forro porta porta 13 canto não-específico bloco não-específico não-específico bloco cadeira
Tempo Manipulação
91 21 21 4 31 7 2 2 4] 6 2 '
segura fio gira
gira bate parede
pega b b na boca, S ) 9 bate espelho esfrega espelho na janela 2M 81 b bate b na janela 2 4 J joga b 6 31 511 * 21J 41 joga b no espelho bate no espelho 3J 2 joga b para O 41
81
31 jl n l 9 bate na janela 31 b de O 13 2 5 mão na boca
Tempo Mobilidade
Tempo
91 21
7 2
anda anda
4 31
anda
2
gira
4
2 2 corre 3 21 2 corre 2 anda e sobe anda 41 anda 3 2 corre e sobe sobe pula na cadeira 9 31 (sentada)
5 (encosta para trás) 2 ] 6 4 j 6 desce da cadeira 3 anda 3 mordendo camisa 8 ] 10 mordendo camisa 10 J 18 anda 3 3 joga b 311 41J>9 gira 21 joga b 21 anda 5 anda e sobe
N. B. b = bloco; O =2 observador INDEX BOOKS GROUPS
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4
2 6 21 3 4 8 31
4 3 10 31 41 5
INDEX BOOKS GROUPS 64 Observação Direto e Medida do Comportamento
de um protocolo de tempo de toda uma sessão é apresentada na Ta bela II. Na prática verificou-se que quaisquer atividades em fixação vi suais de duração inferior a 1,5 segundos não podem ser computadas com fidedignidade; foram incorporadas na atividade subseqüente. Tal atividade consistiu de olhares passageiros, talvez enquanto outras prosseguiam, ou movimentos transitórios, como voltar-se, o que eram sempre um prelúdio de outras subseqüentes. Além disso, quan do uma criança olhava em direção contrária à tarefa que tinha em mãos durante dois segundos ou mais (por exemplo, olhar para o observador ou para a luz), julgava-se que ela havia desviado sua aten ção, ainda que retomasse à atividade original. Essa definição opera cional de desvio de atenção está de acordo com as convenções usadas por pesquisadores da área de vigilância e em experimentos como os sobre divagações da mente de Cohen e colaboradores (1956). Os dados foram depois transferidos para uma folha de análise (Tabela III): fixações visuais (em termos de objeto fixado e suas durações) anotadas na coluna à esquerda; manipulações (natureza, duração e objeto), na coluna central; locomoção ocupava a coluna à
Figura 6. Gráfico da mobilidade de uma menina de cinco anos de idade hipercinética durante um período de trôs minutos em uma sala, com móveis fixos e uma caixa de blocos de construção.
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direita. (Uma coluna separada registraria amplitudes de atenção ou estas poderiam ser computadas diretamente da transcrição.) Todas as entradas na mesma linha horizontal ocorriam simultaneamente. Loco moção ou mobilidade podiam também ser anotadas numa planta do chão da sala; as linhas dos movimentos podiam então ser medidas e fornecer assim a freqüência do movimento (Figura 6). Si t u a ç ã o e p r o c e d im e n t o
Decidimos primeiro simplificar tanto quanto possível o ambiente no qual as crianças seriam estudadas e depois ver que efeitos seriam produzidos sobre o comportamento, pela complexidade crescente. Fo ram usadas quatro condições ambientais A , B, C &D. A era uma sala de espera bem iluminada da qual se haviam retirado os móveis, mas na qual ainda continuavam a existir vários móveis fixos, como se po de ver pela Figura 7. O chão era recoberto por um material dividido em quadrados, cada um deles (914 milímetros x 914 milímetros) iden tificados por um número. Na B estava presente uma caixa de blocos coloridos. Na C, além dos blocos, um observador conhecido da crian ça sentava-se no quadrado 8 mas permanecia passivo e relativamente estático durante a sessão. Na D o observador tentou envolver a crian ça na construção de um padrão com os blocos. Cada criança foi es tudada individualmente em todas as quatro condições, embora a or dem dessas condições tenha variado com todos os sujeitos. Cada con dição durava três minutos; esta duração foi determinada empiricamen te, é um período razoável para deixar a criança consigo própria sem provocar ansiedade. As instruções dadas às crianças foram: “Pode esperar alguns minutos aqui enquanto eu arranjo alguns blocos? (em A se A era a primeira condição); “Fique aqui por mim enquanto eu guardo isto (bloco)?” (Nas outras condições A); “Você gostaria de brincar com estes (blocos) enquanto eu guar do algumas coisas?” (no B). No D a criança era livre para percor rer a sala e a porta permanecia destrancada de maneira que poderia sair da sala se o desejasse. R e s u l t a d o s
O comportamento de crianças com lesões no sistema nervoso cen tral superior e crianças normais. Verificou-se que este método de registro e análise é especialmente apropriado para estudar crianças com lesões cerebrais generalizadas, usualmente resultantes de traumaINDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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tismo de nascimento, sarampo, encefalite, meningite, etc. (Hutt e co laboradores, 1965). Na prática, as crianças foram diagnosticadas como portadoras de lesão cerebral somente quando eram satisfeitos pelo menos dois dos três critérios seguintes: interruptor 15 amp
1. Sinais neurológicos clássicos. 2. História de insulto cerebral grande. 3. Anormalidades eletroencefalográficas específicas.
Já se havia verificado que os métodos psicométricos tradicionais eTam inadequados para muitas dessas crianças. Doze crianças portadoras de lesão cerebral, com idade variando entre três c oito anos foram comparadas a doze crianças sem nenhu ma patologia cerebral (aqui denominamos normais, por conveniência), comparáveis quanto a idade e sexo. Cada grupo foi ainda dividido em subgrupos mais novo e mais veiho, considerando-se como ponto divisório cinco anos e meio de idade. Serão aqui apresentados os INDEX BOOKS GROUPS
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resultados de duas categorias de comportamento; mais adiante se rão acrescentados também os resultados similares de outras categorias. Gestos foram definidos como movimentos de corpo, que não co locam a criança em côntato com partes selecionadas do meio físico, por exemplo, balançar-se, pôr o dedo no nariz e acenar. Ao serem examinados os gestos verificou-se que são de três tipos: (1) manipu lações de partes do corpo, (2) padrões complexos de movimento en volvendo coordenação de vários grupos de músculos, por exemplo, boxear e dançar, e (3) movimentos simples como flexionar uma perna ou balançar a cabeça. Somente na situação A, as crianças normais gesticularam com alguma freqüência. As freqüências relativas dos três tipos de gestos manifestados pelas diferentes crianças estão apresenta das na Figura 8. Os padrões de manipulações do corpo e mais com plexos apareceram mais freqüentemente e durante períodos mais lon gos em crianças normais, mais velhas, do que nos outros grupos; as diferenças entre as normais mais novas e mais velhas foram significa tivas para as duas categorias. As crianças normais mais novas não diferiram das do grupo com lesão cerebral. A diferença não foi sig nificativa entre qualquer um dos quatro subgrupos em relação aos movimentos simples. Algumas crianças normais mostraram rituais longos e complica dos, envolvendo manipulação do corpo, olhar para os membros sepa rados, e movimentos repetitivos, prolongados, dos membros. Um me nino novo passou quase toda a sessão na condição A, explorando sistematicamente seu corpo, parte por parte: primeiro os pés, que fo ram manipulados com as mãos, cruzados, movimentados para a frente e para trás e olhados; depois as nádegas, sobre as quais girou várias vezes; depois o tronco, que era girado de um lado para outro. Partes do ritual eram repetidas com o tronco em diferentes posições. É importante notar que em algumas ocasiões os tipos de gestos mais freqüentemente apresentados pelas crianças normais mais velhas foram considerados como diagnosticadores de psicose infantil, “com portamento anormal em relação a si mesmo, tal como . . . explora ção e escrutínio de partes do seu corpo” é um dos nove pontos arro lados no síndrome esquizofrênico infantil (Creak e colaboradores, 1961). O comportamento de nossas crianças na sala despojada se assemelha mais ao dos adultos, submetidos a condições de privação sensorial (Solomon e colaboradores, 1961); esses adultos usaram de todos os subterfúgios para aumentar o input sensorial, tal como falar consigo mesmo, assobiar e gesticular. O mesmo ocorreu na situação INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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68 Observação Direto e Medida do Comportamento
A, com os móveis fixos oferecendo pouco interesse ou não consti tuindo novidade para das, as crianças mais velhas tenderam a au mentar o input sensorial explorando de vários modos o seu corpo. Assim o comportamento denominado psicótico pareceu existir no re pertório da criança bem normal, mas devido à influência seletiva da maturação tomou-se uma função de situação. Além disso, o reper tório mais amplo e de maiores recursos das normais de mais idade reflete-se na complexidade aumentada dos seus gestos, enquanto que os sujeitos normais de menos idade e os lesionados envolviam-se em movimentos simples dos membros ou em um tipo bastante primitivo de manipulação do corpo.
NORMAL
L C.
Normal L C.
Normal L C.
s e s s A o a
Figura 8. Proporção do tempo gasto em três tipos de gestos por crianças normais e portadoras de lesão cerebral, durante uma sessão de trôs minutos em uma sala vazia (O = mais idade; Y = menos idade) (de Hutt e colaboradores, 1965).
BRINCAR COM BLOCOS. As crianças com lesão cerebral mani pularam mais os móveis fixos, mas brincaram menos com os blocos do que as normais. A Figura 9 mostra as proporções totais de tempo gasto com os blocos pelos quatro subgrupos, e como esse tempo foi dividido entre três atividades: olhar para os blocos, brinquedo consINDEX BOOKS GROUPS
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trutivo e brinquedo não-construtivo. O padrão de comportamento de nominado brinquedo construtivo tinha que satisfazer a um critério operacional de resultar num esquema ou estrutura; isto ocorreu em períodos mais longos com as crianças normais de mais idade. As % de tempo gasto em brincar com blocoa HB olhar para os blocos
100
■
brinquedo construtivo
m
brinquedo nãoconstrulivo
O
90 60 70
60 50 40 30 20 10
Normal L C.
ft
Normal L C.
Normal l_ C.
c
D
Figura 9. Proporção de tempo gasto em atividades diferentes, envolvendo brincar com bfocos, por crianças normais e crianças com lesão cerebral nas situações B, C e D, ver texto (de Hutt e colaboradores, 1965).
crianças mais velhas com lesão cerebral, mostraram limitado brinque do construtivo, exceto em resposta a estímulo social ativo, na Situa ção D. O padrão de comportamento, denominado brinquedo não-consINDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS 70 Observação Direta e Medida do Comportamento
trutivo consistiu em dispor blocos isoladamente, bater com eles ou atirá-los, e assim por diante. As crianças mais velhas com lesão cere bral tenderam a dispor os blocos isoladamente. Observou-se que as mais novas, portadoras de lesão cerebral, de preferência chutavam os blocos, arrastavam-nos pelo chão ou os atiravam e dificilmente mostravam qualquer brinquedo construtivo. Na condição B estas crianças prestaram bem pouca atenção aos blocos. Na I) os perío dos relativamente mais longos de tempo, gastos pelas normais olhan do para os blocos era uma manifestação do seu brinquedo cooperativo, como se lhes agradasse olhar o observador enquanto este construía. O total de brinquedo com blocos não-construtivos variou conforme as idades bem como conforme os grupos, em cada situação, enquanto que o mesmo não sucedeu com a inspeção visual. Por outro lado, a inspeção visual foi a categoria que mais refletiu diferenças situacionais e estas foram maiores na situação social ativa. Parece, portanto, claro que aspectos diferentes da categoria denominada brincar com blocos foram seletivamente modificados pelas diversas variáveis que ope ravam na situação. O comportamento de crianças hipercinéticas e não-hipercinéticas, com lesão cerebral. Dezesseis crianças com lesão cerebral foram os sujeitos deste estudo, sendo que metade havia sido diagnosticada como mostrando o síndrome clássico de hipercinesia. O termo hipercinético foi usado por Ounsted (1955) para indicar um síndrome caracteri zado pela hiperatividade global e continuada, por distração, reduzida amplitude de atenção, flutuações de humor, agressão, ausência de comportamento afetivo, ausência de timidez, e de medo, ampla dis persão em testes intelectuais quando se conseguia aplicá-los. O sono dessas crianças 6 particularmente profundo. Definições similares fo ram apresentadas por Ingram (1956), Laufer e colaboradores (1957) e Knobel e colaboradores (1959). As comparações deste estudo envolveram oito crianças, que apre sentavam evidência de lesão cerebral generalizada acompanhada de síndrome hipercinético e oito crianças da mesma idade com evidência semelhante de lesão cerebral, mas sem a hipercinesia. Quando apro priado, dados comparáveis do grupo de doze crianças normais (de idade semelhante), descritas acima, serão apresentados. SELEÇÃO DO TEMPO. A quantidade de informação que uma crian ça obtém do seu meio será, em parte, uma função do que denomi namos seleção do tempo, isto é, o intervalo de tempo durante o qual um estímulo específico está envolvido por um sistema receptor. Nas INDEX BOOKS GROUPS
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situações particulares nas quais as crianças foram estudadas, os prin cipais sistemas receptores de obtenção de informações foram a visão e o tato. Duração de fixação visual: observamos que o comportamento visual das crianças pode ser classificado de, pelo menos dois modos: como fixações visuais e esquadrinhamento. Neste último, os olhos e/ou a cabeça da criança movem-se aproximadamente 45 graus do campo visual, em um segundo. Na fixação visual, a cabeça permanece pa rada e os olhos são focalizados no estímulo durante, pelo menos, dois segundos. A Figura 10 mostra a duração média de tais fixações.
Figura 10. Duração médía de fixação visual em diferentes situações (de Hutt e Hutt, 1964).
Figura 11. Duração média de atividades manipulatórias nas diferentes situações (de Hutt e Hutt, 1964).
Na condição A, as crianças gastaram aproximadamente dez se gundos olhando para uma parte do ambiente, antes de passar para a próxima. O maior efeito da introdução dos blocos em B foi o de aumentar a duração da fixação visual nas crianças normais, a visão antes não focalizava, de modo especial, os blocos. Na condição C, as crianças normais dividiam suas fixações visuais entre os blocos e o estímulo social passivo. Na D, agora com o esti mulo social ativo, a fixação visual retornou a dar preferência aos INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS 72 Observaçao Direta e Medida do Comportamento
blocos. A variabilidade na duração da fixação visual apresentada pelas crianças normais era, portanto, apropriada às condições ambien tais predominantes. Ambos os grupos de crianças lesionadas eram menos variáveis que as normais, tinham fixações visuais mais breves, particularmente o grupo hipercinético, não variando em nenhum dos ambientes muito além de uma média de dez segundos de tempo de fixação. Duração de atividades manipulatórias: a duração média de con tatos, feitos com diversas partes do ambiente através de maneiras di ferentes de manipulação do estímulo social, dos blocos ou dos vários móveis fixos da sala é apresentada na Figura 11. Em A, B e C a duração da atividade manipulatória das crianças normais reproduziu a de seu comportamento visual. Na D a menor duração dessa atividade decorreu da intervenção do estímulo social. Ao invés de trabalhar continuamente, a criança participava da cons trução de um padrão com o adulto e continuava também a fixar, com os olhos, os blocos enquanto se ocupava com sua parte do padrão. As crianças com lesão mostraram atividades manipulatórias de me nor duração do que as normais, em todas as situações. As nãohipercinéticas mostraram alguma variabilidade de resposta enquanto que a inflexibilidade das hipercinéticas era notável. Sua variação não foi maior, em média, do que dez segundos. Amplitude de atenção: como se poderia esperar dos dois resul tados anteriores, as crianças clinicamente hipercinéticas mostraram li mitada variabilidade na duração de suas respostas, envolvendo-se em contato contínuo com objetos do seu meio somente durante breves períodos de dez a quinze segundos de cada vez (Figura 12). Todos os três grupos se assemelharam na sala vazia. À medida que o am biente se tornava mais complexo, as crianças normais exibiam mais variabilidade no seu comportamento de atenção; o mesmo fizeram as não-hipercinéticas, porém, em menor proporção. O comportamento das hipercinéticas, por outro lado, foi muito pouco modificado. Numa tentativa para verificar se a idade teve algum efeito no aumento das amplitudes de atenção das hipercinéticas calcularam-se os coeficientes de correlação de postos de Spearman entre idade e am plitude de atenção para os três grupos (Tabela IV ). A correlação entre idade e amplitudes de atenção foi significante no grupo hiper cinético em todas as situações. Na C, por exemplo, a amplitude mé dia de atenção foi de 10,0 segundos para as hipercinéticas de menor idade e 36,0 segundos para as de mais idade. INDEX BOOKS GROUPS
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TEMPO GASTO NAS ATIVIDADES. Locomoção: dever-se-ia es perar que uma mobilidade acentuada fosse um dos aspectos distinti vos das crianças hipercinéticas em relação às outras, visto que é um sintoma utilizado com freqüência, se bem que de uma maneira im-
AMBIENTAL Figura 12. Amplitude média de atenção em crianças normais, nãohípercinéticas e crianças hipercinéticas (de Hutt e Hutt, 1964). TABELA IV
Correlações de postos de Speannan entre idade e amplitude de atenção nos três grupos (de Hutt e Hutt, 1964) Sujeitos
Normais Não-hipercinéticos Hipercinéticos
B 0,46 0,26 0,71*
Condições ambientais C 0,43 0,20 0,76*
* P < 0,05 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
D 0,17 0,50 0,63*
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precisa e um tanto subjetiva, na formulação do diagnóstico. Nossa preocupação foi medir exatamente quanto mais e quão mais rapida mente a criança hipercinética se movimentava em relação às outras crianças. Calculamos, para esse fim, a quantidade de tempo que cada grupo gastou em cada situação movimentando-se na sala (Figura 13). Os três grupos não diferiram significativamente entre si na sala vazia, A. Quando o ambiente foi estruturado, especialmente com a presen ça do estímulo social, condições C e D, a locomoção desapareceu quase completamente no repertório das crianças normais. O mesmo efeito, embora menos pronunciado, foi observado nas crianças não30-, ■
U □
NORMAIS NÃO HIPERCINETICftS HIPERCINETICAS
20
10-
0J
áJ JL B
CONDCAO AMBIENTAL Figura 13. Proporção de tempo gasto tais diferentes (de Hutt e Hutt, 1964).
ení
locomoção em condições ambien-
-hipercinéticas com lesão cerebral. Por outro lado, as hipercinéticas gastaram a mesma quantidade de tempo movimentando-se, em cada situação; nem mesmo a presença do estímulo social reduziu significa tivamente sua locomoção. Parece necessário enfatizar novamente o aspecto de invariância, isto é, a locomoção ocorre com a mesma ex tensão e intensidade em todas as situações. Pode-se comentar, alter nativamente, que as crianças normais são hipercinéticas numa situa ção particular! Freqüência de movimento, isto é, razao da distância percorrida em relação ao tempo gasto em movimento, foi também calculada para os três grupos (Tabela V ). Como somente uma criança normal e duas não-hipercinéticas se movimentaram em D e duas normais em INDEX BOOKS GROUPS
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C, as medidas de velocidade não foram calculadas para as células res pectivas. As não-hipercinéticas não diferiram das normais quanto à razão das locomoçõcs. As hipercinéticas não somente se movimen tam significativamente mais rápido do que as outras (P = 0,05 em A) como também mantêm esta freqüência coerentemente alta em cada situação. TABELA V Freqüência de movimento nos três grupos estudados (de Hutt e Hutt, 1964) Razão distância/tempo/em (m/seg) Sujeitos B C D A Normais 0,77 0,68 0,62 0,46 Não-hipercinéticos 0,73 Hipercinétieos 0,87 0,85 0,96 1,02
Manipulação: o tempo gasto manipulando aspectos da sala (in terruptores, torneiras, porta, etc.) foi apreciavelmente reduzido quan do estava presente o estímulo social, tanto no grupo normal quanto no não-hipercinético (Figura 14). As hipercinéticas gastaram mais tempo em manipular essas coisas do que as outras crianças, em todas 50
H
Normais
HIT] Náohipercinéticas □
Hipercinéticas
40
30-
20 -
10
I!
B
C
.
Condição ambiental
Figura 14. Proporção de tempo gasto em manipu lação de aspectos nas diferentes condições experimentais.
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as situações, e o decréscimo foi mais gradual com as modificações no ambiente. Somente uma criança normal e uma não-hipercinética mos traram manipulações dessa natureza nas condições C ou D. O total de tempo gasto em brincar com blocos aumentou de B para D em todos os grupos (Figura 15), sendo este incremento a recíproca do decrescimento de manipulação.
Condição ambiental
Figura 15. Proporção de tempo gasto em brincar com blocos (de Hutt e Hutt, 1964).
SELEÇÃO DE ESTRATÉGIAS. Ambos os grupos de crianças lesionadas mostraram bem menos flexibilidade na seleção de tempo do que o grupo normal, o que se reflete muito bem na medida de amplitude de atenção. O fato surpreendente que apareceu, portanto, foi a grande proximidade entre crianças com lesão cerebral não-hipercinéticas e as normais, em termos do tempo total gasto em manipula ção de aspectos da sala e em brincar com blocos. O total de tempo gasto brincando com os blocos, naturalmente, não poderia ser uma função simples de seleção de tempo, visto que INDEX BOOKS GROUPS
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esta seleção das crianças não-hipercinéticas foi somente um pouco maior do que a das hipercinéticas. No entanto, os dois grupos diferiram acentuadamente nas medidas de total de tempo. tempo. Estas diferenças diferenças podem ser observadas em termos de estratégias diversas, nas quais os dois grupos de crianças com lesão cerebral subdividiram seu ambiente. A Figura 16 mostra o número de seleção ou encontros apresen tados pelas crianças hipercinéticas e não-hipercinéticas, em cada con-
Figura Figur a 16. 16. Freqüênci Freqü ência a de diferentes dif erentes estímulos seletivos seletivos para p ara crianç cr ianças as hiper* cinéticas e nãohipercinéticas, em quatro situações diferentes (De Hutt/Hutt, 1964).
dição, dição, em relação com com cada ca da estímul estímulo. o. Na condição A o número de escolhas de aspectos foi alto em ambos os grupos; nos hipercinéticos permaneceu alto, em todas as condições. Estas crianças mostraram mostrara m preferências bem acentuadas acentua das por po r estímulos imóve imóveis. is. N a C e D, o nú nú mero de escolhas dos aspectos decresceu a quase zero nas crianças não-hipercinéticas, enquanto que a freqüência de escolha dos blocos e do estímulo estímulo social foi significativamente significativamente aumentada. Em Embor boraa a fre qüência de escolha desses dois últimos estímulos tivesse também au mentado para as hipercinéticas, esse aumento não foi tão marcante; INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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78 Observação Direta e Medida do Comportamento
o decréscimo da freqüência de escolha de aspectos da situação tam bém foí muito menos evidente evidente.. A figura mostra também também que a am plitude de estímulo estímuloss aos quais as crianças não-hipercinéticas não-hipercinéticas respon dem foi muito reduzida red uzida nos ambientes sociais. sociais. O mesmo não nã o se ve rificou no caso das hipercinéticas que continuaram a escolher os mes mos estímulos nas situações sociais que escolhiam em que estavam sozinh sozinhas. as. Novamente, nota-se que o comportamento das crianças hi percinéticas percinéticas estava menos sujeito à modificação do que o das outras crianças. A análise seqüencial da ordem dos estímulos preferidos confir ma que as estratégias de seleção empregadas eram caracteristicamente diferentes nos três grupos de crianças. Estas Esta s podem ser representada repres entadass em um diagrama simples e identificadas como escolha serial e esco lha repetitiva (Figura (Figur a 17). 17 ). N a primeira, as as aproxima aproximações ções aos aos estí mulos eram feitas uma após outra em uma ordem, mas alguns es tímulos podiam de-ixar de ser abordados no circuito; todas as crian ças empregaram empregaram esta estratégia na situação A. Na escolha repetitiva eram escolhidos dois estímulos, os blocos e o estímulo social, e alter nados, mas as crianças com lesão cerebral passavam de um dos dois estímulos críticos críticos para par a outros outr os estímulos estímulos.. Assim, o efeito efeito geral da presença de um adulto causou uma modificação de escolha escolha serial en tre muitos estímulos para escolha repetitiva de dois estímulos críticos. Nas crianças não-hipercinéticas, não-hipercinéticas, a ordem de preferência de estímulo, estímulo, ou hierarquia de estímulo, aparente na condição A, foi mantida em B, C e D (Figura 16). 16 ). Ent Entre re as hipercinéticas hipercinéticas a hierarquia hierarq uia de estí mulo foi muito menos definida. definida. Além disso, nas crianças não-hip não -hiper er cinéticas, a amplitude de e-stímulos abordados progressivamente dimi nuiu com o aumento da complexidade da situação enquanto que a amplitude das hipercinéticas foi tão grande em D como em A. Em resumo, podemos dizer que a modalidade de atenção das crianças normais foi a visual (visto que as curvas de amplitude de atenção e fixação visual foram similares, as manipulações tinham du rações mais mais curtas e seguia seguiam m um padrão diferente). difere nte). Nas crianças com lesão cerebral, não-hipercinéticas, foi a tátil (visto que a semelhança ocorreu entre amplitude de atenção e duração da manipulação, esta com valores valores mais mais altos altos do que a fixação visual). visua l). No caso das hípercinéticas não se observou uma modalidade dominante (visto que a fixação visual, manipulação e a amplitude da atenção foram quase idênticas). idêntic as). Ou, Ou, em termos cibernéticos, cibernéticos, não se constatou constatou um canal dominante. INDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Métodos Méto dos e Técnicas: Técnicas: Gravador 79
A resistência à modificação diante de mudanças ambientais foi talvez talvez a característica mais distinta das crianças hipercinéticas hipercinéticas.. Até certo ponto essa ausência de variabilidade era participada pelas crian ças com lesão cerebral, mas não-hipercinéticas. A amplitude dos estí mulos abordados pelas hipercinéticas, mesmo na presevnça do adulto, foi tão grande quanto a apresentada na condição B, na qual estavam sozinh sozinhas. as. Podemos, portanto, portan to, concluir co ncluir que a mudança freqüente de atenção é um aspecto próprio de todas as crianças com lesão cerebral, mas que nas hipercinéticas existe uma alteração de outra função ou funções que afeta a habilidade de inibir respostas a alguns sinais, mas, não a outros. O uso de registrador de fita nestes estudos forneceu mais infor mação do que havíamos esperado no início. início. Doze minutos de obser vação, registro e análise, pormenorizados, produziram dados suficien tes, qualitativos e quantitativos, que possibilitaram a formulação de hipótese sobre os processos de aprendizagem e os de alteração de atenção, em crianças com lesão cerebral e resultaram em algumas in formações sobre o repertório de comportamento de crianças com pou ca idade. Nãosocial
Social \
> ..............
/ (BJ
..
Normais
(C) Nãohipercin Nãohipercin éticas com lesão cerebral
(A) Todas as crianças
Figura Figur a 17. Diagrama representando as estratégias estratégi as de escolha nas condições nãosociais e sociais (de Hutt e Hutt, 1964).
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Capítulo 5
MÉTODOS E TÉCNICAS II: LISTAS PARA ASSINALAR ASSINALAR £ REGIS REGISTR TRO O DE EVENTOS EVENTOS As técnicas de observação direta têm uma longa e respeitável história. Elas foram for am desenvol desenvolvida vidass e usadas por pesquisadores que tinham um interesse entusiástico e genuíno em conhecer de que ma neira crianças e adultos se comportam e interagem em seus ambientes normais, ou, pelo menos, em versões ligeiramente modificadas daque les. les. Eles se se preocupavam preocup avam também com o refinamento contínuo das técnicas usadas na obtenção dos seus dados e com a maximização da fídedignidade e validade dos seus métodos, segundo as palavras de um pioneiro na área "aplicar os princípios gerais da mensuração cien tífica, derivados do trabalho biométrico para as observações do com portamen porta mento” to” (Olson (O lson e Cunningham, Cunningham, 1934 19 34). ). Estes princípios exigiram exigiram primeiro primeir o a definição de uma unidade, unidade, segundo, segundo, a delimitação do cam po de observação e, terceiro, terceiro, amostras repetidas. Arrington (1939, 1943) escreveu duas revisões admiráveis das ra zões, construção e uso das técnicas de amostras de tempo nos estudos do comportamento comportamento.. Sua definição definição do termo não pode pode ser melhor: Amostra de tempo, como aqui está sendo discutido, é um método de observação do comportamento de indivíduos ou grupos em con dições ordinárias da vida diária, nas quais as observações são fei tas em uma série de períodos breves de tempo, distribuídos de tal maneira a garantir uma amostragem representativa do comporta mento sob observação. Em outras palavras, é um método de amos tragem cuja validade é função, primariamente, do total e da dis tribuição de tempo gasto na observação ou do número, extensão e distribuição das observações separada« ou das amostras de tempo. Em contraste com o método experimental, é uma forma de obser vação controlada na qual o comportamento, o método de regis tro, e a maneira de selecionar o comportamento a ser observado foram controlados e não propriamente, a situação na qual as observações são feitas. Finalmente, Finalmen te, é um método cuja função essencial é a de obter mensurações acuradas da incidência de atos INDEX BOOKS GROUPS
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82 Observação Direta e Medida do Comportamento em padrões de comportamento específicos em condições especifi cadas (pág. 82).
Olson foi também um dos criadores das técnicas de amostragem de tempo. Na sua revisão do assunto, Olson e Cunningham afirmaram: Um exame dos vários estudos relatados sugere que a técnica for mal de amostra de tempo inclui os seguintes aspectos: (1) Observação por uma testemunha visual. (2) Comportamento a ser observado, definido em termos de ação exteriorizada. (3) Comportamento de um indivíduo ou grupo observado durante uma determinada unidade de tempo, em geral, pequena. (4) Um número determinado de repetição da unidade de tempo empregada. (5) Um escore individual baseado no número de unidades de tempo nas quais ocorre o comportamento definido, ou a fre qüência total de ocorrência do comportamento definido no tempo total de observação, ou a freqüência média de compor tamento definido por unidade de tempo. Itens 3, 4 e 5 são característicos e combinados, suficientes para diferenciar os estudos de amostra de tempo dos estudos de obser vação em geral (pág. 43).
Diante desta exposição suficientemente clara do que as técnicas de amostra de tempo envolvem, é surpreendente verificar que esses mes mos autores incluam, numa seção sobre métodos de registro, uma denominada registro contínuo, cuja característica é “o observador re gistrar uma entrada cada vez que o comportamento definido ocorrer. Isto, porém, é claramente uma amostra de evento. Talvez devido ao fato de essa última técnica não existir na época, não era evidente a necessidade de fazer uma distinção entre as duas. No entanto, como a ênfase dos dois métodos de amostragem de dados do comportamen to são inequivocamente diferentes, parece necessário fazer uma dis tinção e podemos formalizá-la da seguinte maneira: os métodos que fazem uma amostra de categorias pré-selecionadas do comportamento, em intervalos de tempo regulares (e em geral breves), durante um pe ríodo específico de observação são coletivamente denominados de pro cedimentos de amostras de tempo. Nesses procedimentos, todas as ca tegorias de comportamento que ocorrem em cada intervalo de tempo são registradas e as medidas de freqüência e duração são computadas como aproximadas c relativas. Os métodos que registram cada ocor rência de categorias pré-selecionadas de resposta durante um período de observação específico são denominados procedimentos de amostra INDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Métodos e Técnicas II: Listas e Registros 83
de evento. Nestes, as medidas de freqüência e a duração são precisas e absolutas. As listas para assinalar e os registros de eventos são os instrumentos respectivos desses métodos. Cada um desses procedimen tos será discutido com mais pormenores.
LISTAS PARA ASSINALAR A base lógica das técnicas de amostragem de tempo é mais cla ramente expressa por Arrington (1939): A suposição principal implícita do uso dos procedimentos de amos tra de tempo nos estudos do comportamento de criança normal, em situações naturais, é que medidas quantitativas e fidedignas da freqüência, com a qual um indivíduo normalmente apresenta um determinado comportamento em uma certa situação, podem ser obtidas de registros da ocorrência do comportamento em uma série de intervalos breves de tempo de igual duração, randomícamente distribuídos, e que podem ser derivadas medidas descritivas similares da incidência normal de um determinado comportamen to, num grupo de indivíduos, combinando-se tais registros dos membros do grupo (pág. 28).
Em uma publicação anterior Arrington (1932) traça, de uma maneira especialmente interessante e esclarecedora, a evolução da téc nica de amostra de tempo, começando do registro tipo diário de Barker (1930). Os problemas e as prioridades colocados pelos critérios classificatórios usados são bem ilustrados. A lista final derivada deste estudo é descrita mais adiante. É tomada com antecedência uma decisão sobre que comporta mento será amostrado em intervalos regulares e constantes indepen dentemente de em que freqüência ocorrem realmente as atividades. A freqüência das amostras, em geral, depende, em parte, da rapidez com que ocorrem mudanças no comportamento estudado. Arrington (1943) enfatiza que é necessário que o observador tenha uma estima tiva da freqüência da ação em questão a fim de decidir sobre o in tervalo de tempo apropriado. Narrando a história do desenvolvimen to da técnica, Arrington (1939) mostra como os pioneiros, começan do com grandes intervalos de tempo, progressivamente os reduziram, à medida que os objetos de estudo o exigiram. Olson (1929), por exem plo, usou categorias bem específicas na mensuração da incidência de hábitos nervosos ou tiques em crianças novas e registrou a sua ocor rência em várias amostras de cinco minutos de duração. Desde que qualquer comportamento só foi anotado uma vez em cada período de INDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS 84 Observação Direta e Medida do Comportamento
cinco minutos, independentemente da freqüência de sua ocorrência, não deve causar surpresa o fato de o método não ter revelado quais quer diferenças individuais. Alguns anos mais tarde, Parten (1932) usou intervalos de um minuto em um estudo de brinquedo social com crianças de escola maternal. Quase na mesma época Goodenough (1930) subdividiu observações de um minuto em intervalos de quinze segundos, ao estudar seis aspectos específicos do comportamento de crianças de três a cinco anos de idade. Arrington comenta (1939): Ocorrência na amostra de um minuto, a medida de freqüência usada por Parten, foi mais discriminativa de diferenças individuais do que ocorrência dentro de período de cinco minutos. Goode nough aumentou mais o valor discriminativo da técnica subdivi dindo a amostra de minuto, em intervalos de cinco segundos e di ferenciando graus de manifestação de cada traço-comportamento.
Embora o intervalo de tempo a ser utilizado deva ser determina do principalmente de maneira empírica, a regra é a de que, quanto me nor o intervalo, mais representativa é a amostragem. Em princípio, quanto mais freqüente for a amostra, mais compreensivo e fidedigno será o registro. Ê o mesmo que ocorre na filmagem quando se tiram 24 quadros por segundo para se ter um registro polido e mais com pleto do que quando se tiram oito quadros por segundo. Um núme ro maior de categorias irá, porém, reduzir a freqüência da amostra. Nas listas para assinalar em geral se utilizam de intervalos de tempo entre dez segundos e um minuto. Embora alguns estudos te nham usado intervalos de tempo de cinco segundos, não é realmente possível registrar observações tão freqüentemente quando são obser vadas mais do que três categorias. São preferidos, por facilitarem a computação, os intervalos que são frações comuns de um minuto (10, 15, 20 ou 30 segundos). Quanto maior o intervalo temporal entre os registros sucessivos mais longo precisa ser o período total de obser vação, pois, a lógica da amostra de tempo exige que um a, amostra, pelo menos adequada, se não freqüente, do comportamento seja feita antes de poder ser estatisticamente avaliada. “O número de amostras necessário para medidas representativas de comportamento individual variará com a extensão da amostra, a freqüência do comportamento, a variabilidade do indivíduo e a constância relativa do ambiente” (Arrington, 1939). O uso de uma lista para assinalar pressupõe que o observador está interessado em registrar um certo número de categorias específi INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS Métodos e Técnicas II: Listas e Registros 85
cas, ocorram ou não simultaneamente. Um pré-requisito para obter dados fidedignos e válidos a partir dessas listas é ter um conjunto de categorias bem definidas. Por esta razão uma lista para assinalar seria inadequada para registrar comportamento com o qual o obser vador não está completamente familiarizado ou para registrar uma amplitude completa de atividade numa situação de campo livre. Em bora em princípio seja possível utilizar um grande número de catego rias, na prática um observador é incapaz de fazê-lo de modo fidedigno quando estas são mais de quinze. À medida que aumenta o número das categorias, o problema de examiná-las cuidadosamente e decidir qual anotar aumenta como uma função positivamente acelerada. De um ponto de vista puramente prático é preciso ter listas o mais pos sível compactas, posto que elas são mais comumente usadas em si tuações nas quais o observador está tentando registrar sem ser notado e sem distrair o(s) sujeito(s). Convenções Como no método do gravador de fita, cada pesquisador, ao usar uma lista para assinalar, desenvolve suas próprias convenções. Em primeiro lugar, partiu-se da suposição de que a lista é planejada para pesquisar aspectos do comportamento suficientemente bem delineado e que as categorias de resposta são especificadas com clareza. O cri tério de inclusão de uma categoria particular pode ser, a princípio, im plícito sem que isto envolva problemas especiais, desde, porém, que possa ser explicitado quando necessário. A convenção mais importante a ser utilizada imediatamente após o alcance de uma conclusão sobre sua operação, refere-se ao ponto exato do tempo obedecido nas amostras. Por exemplo, ao se usar in tervalo de trinta segundos, se registra o comportamento que está ocor rendo quando o ponteiro do cronômetro ultrapassa o ponto dos trinta segundos, ou o comportamento que termina imediatamente antes de o ponteiro alcançar esse ponto, ou ainda o comportamento que ocupou a maior parte do intervalo de trinta segundos que acaba de passar? Com toda probabilidade os resultados das três táticas serão muito di ferentes. O uso da primeira pode acusar uma super-interpretação de eventos pouco freqüentes ou que ocorrem com muita rapidez; supor que uma criança tussa em duas oportunidades que o ponteiro do re lógio passe um ponto de trinta segundos. Isto daria um escore de 3,3 por cento de tempo gasto em tossir numa sessão de trinta minutos INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS 86 Observação Direta e Medida do Comportamento
INDEX BOOKS GROUPS 86 Observação Direta e Medida do Comportamento
de observação, o que é claramente um dado espúrio e extremamente desproporcionado. Objeções similares se aplicam à segunda tática. Além disso, como foi notado por Cockrell (1935) nas mensurações de fidedignidade entre observadores, resultaram discrepâncias signifi cativas pelo fato de um observador adotar a primeira tática e o outro, a segunda. A terceira tática é a menos objetável, e com intervalos de dez ou quinze segundos é inteiramente praticável e deveria ser a conven ção aceita. Os problemas surgem, porém, a intervalos de tempos maiores, pois com a passagem de tempo se torna cada vez mais difícil notar os itens de comportamento, que ocorreram e ainda mais decidir que item ocupou a maior parte do intervalo de tempo. A convenção conciliadora para esses casos seria prever várias entradas (supondo-se que diferentes categorias de comportamento ocorram) no mesmo intervalo de tempo. Se isto for feito, porém, parece que há pequena vantagem em se usar intervalos maiores ao invés de menores. Outras convenções são muito semelhantes às usadas no registro com gravador de fita. Por exemplo, em geral supõe-se que se um objeto está sendo manipulado ou deslocado para outro lugar, a fixa ção visual está dirigida ao objeto e só precisa ser considerada separa damente quando se dirige para outro ponto. Ou, ainda, existem prio ridades predeterminadas e, nesses casos, certos comportamentos deixam de ser registrados. Não é possível apresentar regras rigorosas e rápi das sobre essas convenções menores visto que dependem inteiramente do problema que está sendo pesquisado e da natureza das hipóteses do observador.
Fidedignidade e Validade Uma porcentagem de 93 por cento de concordância foi verifi cada em testes de fidedignidade entre observadores com uma lista de assinalar em uma situação não-social (Hutt, 1966). As discrepâncias relacionaram-se quase sempre com omissões. O observador mais ex periente foi capaz de registrar mais compreensivelmente se mais de uma atividade ocorria simultaneamente. Não houve discordância quan to à atividade primária, embora muito ocasionalmente um observador pudesse registrá-la como ocorrendo no período imediatamente pre cedente de dez segundos à outra. Entretanto, mesmo em tais casos, quando feita a computação final, os resultados foram idênticos. Isto significa que um observador às vezes amostrou em períodos ligeira INDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Métodos e Técnicas II: Listas e Registros 87
mente diversos de tempo em relação ao outro, mas de maneira tão constante que as discrepâncias foram anuladas quando se considera ram todos os registros. Tais discrepâncias podem ser acentuadas em procedimento que envolve um grande número de categorias de com portamento. Como adverte Arrington: “A fidedignidade dos resulta dos tende a variar universalmente com o total de comportamento observado, isto é, quanto menor o número de itens de comportamen to observados por uma pessoa num determinado tempo, mais fidedig nas serão as observações” (1939). Ela comenta também que: uma das causas mais freqüentes de discordâncias foi a falta de clareza nas definições do comportamento a ser observado, que exigia julgamentos freqüentes e levava o observador a ser incoe rente consigo mesmo em momentos diferentes, e observadores di ferentes a serem incoerentes entre si (1932).
No tocante à validade, a observação de Arrington (1943) é novamente muito apropriada: A validade das medidas derivadas de amostragem de tempo e téc nicas correlatas é, em termos amplos, uma função de três fatores: a naturalidade do comportamento, a precisão com que ele foi re gistrado, e a adequacidade com que foi amostrado. Se os índices obtidos são interpretados como medidas dè freqüência observada do comportamento em condições de observação, a validade é sinô nimo de fidedignidade. Se, porém, como em geral ocorre, são interpretados como representantes do comportamento normal dos indivíduos observados em uma determinada situação ou em todas as situações de um dado tipo, sua validade depende, obviamente, não só da precisão dos registros, mas também da representativi dade da amostra (pág. 93).
Análise A maior vantagem das listas de assinalar é a facilidade e rapidez com que podem ser analisadas e os seus dados computados. Na lógi ca da amostragem de tempo, supõe-se que com amostras freqüentes (como nos intervalos de tempo curtos) ou amostras que se estendem por um longo período (por exemplo, com intervalos de tempo mais longos) se eliminam as irregularidades, e a cada intervalo de tempo po deria corresponder um escore unitário. Desse modo, os intervalos po dem ser somados em um escore em determinados pontos da sessão de observação, por exemplo a cada quartil, ou em um escore total INDEX BOOKS GROUPS
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88 Observação Direta e Medida do Comportamento
para toda a sessão. A medida mais comum é a da porcentagem de tempo gasto em uma atividade, calculada da forma seguinte: n.° de amostras onde A ocorre % de tempo na atividade A = ------------------------------------------ X 100 n.° total de amostras
Ou, em outra alternativa, o número de amostras onde ocorre A, pode ser usado como um valor absoluto. Outras medidas que pode riam também ser facilmente calculadas são as seguintes: 1. 2. 3. 4. 5.
Freqüência de ocorrência de uma mudança na atividade. Número de atividades diferentes. Número de estímulos encontrados. Duração de uma atividade específica. Mudanças na natureza e duração das atividades com o tem po (por exemplo, em quartis sucessivos).
Todas essas medidas podem ser computadas rapidamente em al guns minutos no fim da sessão; a análise se reduz assim a um míni mo. (Deve-se enfatizar que essa facilidade na análise e computação depende de uma seleção e definição cuidadosa, antecipada, das cate gorias. Quanto menos precisas são as categorias de comportamento, menos significativos serão os resultados.) Podemos agora considerar algumas das maneiras como as listas de assinalar foram usadas na coleta de dados sobre comportamento animal e humano.
RESULTADOS ILUSTRATIVOS Estudos com animais Desenvolvimento compoitamental em ratos Baenninger (1967) preocupou-se em obter alguns dados quanti tativos sobre o desenvolvimento de comportamento normal em ratos e estudou os animais vivendo em condições normais de laboratório bem como outros vivendo socialmente isolados. Os sujeitos eram filhotes de vinte ninhadas, cada uma das quais foi reduzida, no terceiro dia, a seis filhotes: o grupo normal foi formado de dez ninhadas de seis filho tes; as outras dez ninhadas foram reduzidas em um filhote de dois em INDEX BOOKS GROUPS
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dois dias de modo que, ao fim de trinta dias, só restava um filhote em cada ninhada. Cada filhote foi mantido em gaiola separada. Todos os animais foram desmamados com 21 dias de idade. Os dados comportamentais foram obtidos através do método de amostra de tempo: os registros foram feitos de acordo com catego rias pré-determinadas cada dez segundos durante um período de qui nhentos segundos de observação diária. Os ratos foram observados a partir de idade de três dias até a de 92 dias. Depois do vigésimo-terceiro dia as observações foram feitas cinco dias por semana. Em bora o autor tenha estudado tanto comportamentos sociais quanto não-sociais, somente os dados referentes aos primeiros serão conside rados aqui. As observações foram feitas de acordo com as categorias arrola das na Tabela VI. Os autores afirmam que as categorias principais “foram separadas somente depois de os dados terem sido coletados a fim de evitar que o conhecimento das categorias influenciasse no jul gamento do experimentador durante a observação”. Os escores porcentuais foram obtidos a partir do cálculo seguinte: registro de x de seis sujeitos
% da categoria não-social x = ------------------------------------------ X 100 registro de todas as categorias
Os resultados mostraram que o sono e descanso diminuíram pro gressivamente até o desmame e mantiveram baixa freqüência daí por diante, os filhotes isolados tenderam a dormir menos do que os ou tros. Embora exploração e locomoção aumentem de freqüência com a idade de um mês e depois decresçam, uma diferença importante foi constatada entre os dois grupos: filhotes isolados exploravam mais, antes do desmame, os outros, depois. Tocar com as patas apareceu mais cedo e se manifestou mais freqüentemente em animais isolados do que em normais. A limpeza mostrou um incremento constante com a idade, em ambos os grupos. Embora a manipulação do rabo tenha aparecido ao mesmo tempo em todos os animais, mostrou maior au mento com a idade nos filhotes isolados. Discutindo os seus resultados, diz o autor: A ausência de estímulos sociais não constitui obstáculo para o desenvolvimento de qualquer comportamento não-social no sujei to isolado. A contrário, a presença de estímulos sociais impediu o desenvolvimento de dois comportamentos não-sociais, comporta mento de tocar com as patas e manipulação do rabo, em alguns sujeitos agrupados.
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INDEX BOOKS GROUPS 90 Observação Direta e Medida do Comportamento TABELA VI
Comportamentos Não-Sociais do Rato (de Acordo com Baenningcr, 1967) Sono e descanso de lado de costas com outros filhotes mudanças de po*içSo durante sono e descanso descanso com olhos abertos
(
Imobilidade atenta parado com a cabe ça erguida parado sentado / parado cm pé Limpem limpa cara patas
lambe
P&
pcma genitais tronco
rói pelo coça-se Manipulação do rabo cheira/ lambe/ mastiga/ coça rabo
Comportamentos
convulsivos
tremores durante sono e descanso desperto joga a cabeça corpo para cima cambaleia Comportamento de endireitaras* de lado rolar de costas endireitar-se Comportamentos reflexos adultos estirar« e/ou bocejar sacudir-se espirrar Exploração para esquerda para move direita cabeça para frente e trás parado com cabeça erguida
parado com cabeça cheira - erguida erguido nas patas . traseiras com patas cheira - na parede o teto cheira subindo na parede parede cheira teto ninho material Locomoção exploratória em circulo em círculo rasteja asando
pata rasteja com cabeça erguida anda cm círculos anda e cheira cheira parede volta-se andando
Corre e salta Comportamento com as patas parede tubo de água
(
Comportamento consumatórío oral come pelotas isoladamente ou com ou tros filhotes
(
Outros comportamentos orais cheira carrega alimento cheira tubo de
cheira / lambe / roe tigela barras paredes material do ninho movimento* de roer
(
A ausência de estimulação social pode não ter, realmente, im pedido o desenvolvimento de quaisquer comportamentos nao-sociais, mas afetou sua incidência relativa. Por exemplo, animais isolados apresentaram mais exploração, locomoção, manipulação do rabo e tocar com as patas e menos sono e descanso do que os animais cria dos normalmente. A maior incidência de tocar com as patas e ma nipulação do rabo em animais isolados pode ser análoga a alguns padrões motores estereotipados e repetitivos observados em seres hu manos, que têm uma privação sensorial, por exemplo, crianças cegas. INDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Métodos e Técnicas II: Listas e Registros 91
Neste estudo se conseguiu obter amostras adequadas de apreciá vel parte do repertório de comportamento de um rato novo. O autor tentou fornecer definições adicionais nos casos em que as categorias poderiam ser ambíguas. Como sua tabela mostra, as categorias indivi duais são quase inteiramente definidas em termos de padrões moto res, o que realmente é muito desejável. É difícil ver a necessidade das suas quantificações iniciais em relação às categorias principais visto que qualquer observador familiarizado com o animal teria ciên cia dos agrupamentos naturais das atividades individuais. O uso de um período de observação de quinhentos segundos é um ponto um tanto curioso no procedimento e, independentemente da conveniência maior para os cálculos no sentido de ter cinqüenta registros por ses são, não há nada que o recomende. Seria útil saber se foi feito so mente um registro em todos os intervalos de tempo ou se as próprias atividades foram definidas de modo a serem mutuamente exclusivas.
Movimentação Livre e Exploração em Chimpanzés Numa série de três experimentos relacionados, Welker (1956 a, b, c) pesquisou os efeitos de diferentes fatores sobre a movimentação livre de chimpanzés. O primeiro estudo preocupou-se com os efeitos de certas características de estímulo que provocam exploração. Usou quinze situações-teste, a maioria delas consistindo de um par de obje tos, que diferiam entre si em uma única modalidade, tal como côr, forma, textura, etc. Cada situação (um par de objetos numa plata forma) era apresentada a cada um dos seis chimpanzés durante seis minutos em cada exposição. Cada situação era repetida até que a responsividade se tomasse assintótica, e então, era introduzido um novo par de objetos. O observador, sentado fora da jaula, regis trava o comportamento com alguns símbolos numa folha de dados com controle de tempo. Welker foi capaz de usar intervalos de tem po de cinco segundos pois estava interessado somente em duas cate gorias específicas de comportamento, dirigido a objetos novos. Seu procedimento ilustra tanto a aplicação de convenções quanto dos tipos de medida, que podem ser obtidos com este método de registro: Foram registradas manipulações (M) e orientações (O), dirigidas para os objetos-estímulo. . . . Com o auxílio de um cronômetro com um ponteiro extra e uma folha de registro de dados com controle de tempo, foi registrado cada período de cinco segundos INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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92 Observação Direta e Medida do Comportamento durante os quais o animal se orientava para, ou manipulava, um ou outro dos objetos-estímulo. Uma manipulação era registrada se o animal entrava em contato com um objeto (isto é, com a boca, morder, cheirar, arra nhar, bater com a pata, esfregar, pegar, etc.) durante um período de cinco segundos. Se o S continuava a tocar o objeto, registravam-se todos os períodos de cinco segundos durante os quais o contato era mantido. Se ocorria a manipulação de dois objetos durante o mesmo período de cinco segundos, ambas eram registradas. Uma orientação era registrada se o animal olhava para os objetos-estímulo durante um período de cinco segundos sem manipulá-los. ... Uma medida de responsívidade total (2R) durante um minu to ou sessão foi calculada somando-se o número de períodos de cinco segundos durante os quais um animal respondia (soma de M & O) a situação experimental. (1956 a, pág. 84.)
Welker usou na sua computação o número médio de intervalos de cinco segundos registrados para qualquer uma das categorias. Os resultados mostraram que SR decresceu durante exposições repetidas da mesma situação-estímulo; este declínio foi mais acentuado nos su jeitos mais velhos do que nos mais novos. Se depois da saciação uma nova situação-estímulo era apresentada, SR aumentava notadamente. A saciedade também era aparente quando se considerou o SR, minuto por minuto, de qualquer sessão de seis minutos. Quando a situação era, porém, novamente apresentada, ocorria uma recuperação da ex ploração, indicada pelo fato de o SR do primeiro minuto da sessão seguinte ser maior do que o SR do sexto minuto da sessão precedente. O segundo estudo relacionava-se com a variabilidade da explo ração e movimentação livre: “Como diferentes medidas de comporta mento mudam com o tempo e o efeito de determinadas condições de^ estímulo muda em tais mudanças de comportamento”. Em cada uma das três situações experimentais foram usados dez blocos de madeira: na situação 1 eram homogêneos quanto à côr, na 2 eram da mesma forma e, na 3, diferiam em côr e/ou forma. Cada situação foi apre sentada durante três sessões, cada uma durando dez minutos. Os re gistros foram feitos de acofdo com o acima descrito. Foram as se guintes as medidas obtidas: (a) responsívidade total (SR) ou número total de períodos de cinco segundos durante os quais um animal tocava qualquer objeto na situação experimental; INDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Métodos e Técnicas II: Listas e Registros 93
(b) contatos (C), ou o número de vezes que um animal tocava qualquer objeto durante um ou mais períodos de cinco segundos. Um contato era anotado toda vez que o animal tocava em um objeto depois de haver tocado um outro objeto experimental ou outro qualquer estímulo não-experimental. Registrou-se um “C" independentemente de quanto tempo (em termos de número de períodos de cinco segundos) o animal mantinha contato com o objeto; (c) mudanças (S), ou o número de mudanças de contato de um objeto para o outro durante períodos sucessivos de cinco segundos; (d) retiradas (W), ou o número de vezes que o animal se apar tava de contato estabelecido na situação experimental; (e) objetos tocados (0), número de objetos diferentes tocados; e (f) duração do contato (L), duração média dos contatos (SR/c) (1956b, pág. 181).
Os resultados mostraram outra vez um declínio no SR com ex posições repetidas à mesma situação e um aumento no SR com a introdução de uma nova situação. A variabilidade do comportamen to (C e S) aumentou com a maior heterogeneidade dos objetos-estímulos, mas as categorias W e O não se alteraram. No terceiro estudo Welker pesquisou os efeitos de duas variáveis particulares — idade e experiência — sobre a atividade exploratória dos chimpanzés. (Somente a primeira será discutida aqui.) Foram apresentadas aos animais dez diferentes situações-estímulo enquanto estes permaneciam em suas gaiolas. Cada sessão tinha cinco minutos de duração; os registros foram feitos da maneira descrita. Oito chimpanzés com idade variando entre 10 e 57 meses fo ram os sujeitos. Os quatro mais velhos compunham um grupo e os quatro mais novos, outro grupo. Os resultados mostraram que enquan to os animais mais velhos manipularam mais os objetos novos do que se orientavam para eles, o inverso ocorreu com os animais mais novos. Entretanto, manipulando a variável experiência, Welker foi capaz de mostrar que não era a idade per se, mas a experiência (que os animais mais velhos tinham mais) que reduzia o grau de cautela mostrado em relação a objetos novos. Embora as definições das categorias de comportamento de Wel ker sejam admiravelmente claras e evidentes, é de se lamentar que ele não tenha tentado subdividi-las um pouco mais. O seu estudo realmente se referia à amplitude da atenção, como descrita e definida no capítulo anterior. Em outras palavras, considerou a responsividade total em relação aos estímulos-objetos, independentemente da na INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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94 Observação Direta e Medida do Comportamento
tureza das respostas. A incidência de tipos diversos de manipulação, manejar, esfregar, bater, etc., poderia ser mais interessante como in formação. Isto é particularmente importante já que Welker aplica ao comportamento que está estudando, simultaneamente, dois termos, ex ploração e movimentação livre. Mesmo na semântica coloquial duas palavras dificilmente têm exatamente o mesmo significado. Isto é ainda menos provável de ocorrer com os termos usados por Welker, desde que seus referentes contextuais são com freqüência muito dife rentes (cf. Hutt, 1966; 1967 a, b). Por outro lado, se ele estivesse primariamente preocupado com respostas à novidade de qualquer tipo, então seu estudo foi extremamente econômico e informativo, embo ra pareça importante diferenciar respostas visuais estritas das que envolvem uma forma de manipulação. Estudos com seres humanos Inter-relações no comportamento de crianças A técnica de amostra de tempo desenvolvida por Arrington (1932), e mencionada no início deste capítulo, utilizou uma sessão de observação de cinco minutos, e registros feitos a cada cinco se gundos. Cento e vinte crianças de idades variadas foram observadas utilizando-se para cada um dos três grupos uma folha de dados dife rentes, dependendo da situação e atividade de cada um: escola ma ternal, jardim da infância, e primeira série. Somente os dados refe rentes ao primeiro grupo serão aqui apresentados. Estas crianças foram observadas durante o período de brinquedo, das 9 às 11 horas. A escolha de situações livres e não de situação experimentalmente controlada foi predeterminada pelos objetivos da pesquisa que eram: estudar os padrões normais de resposta em um ambiente sociomaterial e refinar métodos de observar e registrar com portamento em situação natural. Sob as condições informais que pre valecem no pátio recoberto da escola maternal, a intervenção do pro fessor era mínima e as crianças tinham libeTdade para se envolver com os materiais ou a atividade social que desejassem. Dois observadores registraram aspectos diferentes do comporta mento das crianças em duas listas de assinalar (Figura 18). A Forma A referia-se ao total de tempo gasto em três categorias mutuamente exclusivas: uso de materiais (M), atividade física (P) e ausência de atividade manifesta (No). A Forma B referia-se ao falar (T), con INDEX BOOKS GROUPS
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tato físico (PC), rir (L ) e chorar (C ). O código para os símbolos usados, bem como as definições das categorias, apresentadas por Ar rington (1939) constam da Tabela VH. Materiais — todos os aparelhos de brincar e outro equipamento da escola maternal, roupas e partes do edifício (paredes, pilares, grades, portas, parapeitos, etc.). Uso de material — manipulação ativa de objetos móveis com as mãos, pés, ou outras partes do corpo, a exploração de, ou ativi dade física evocada por, material de escritório. Atividade física (exclusivamente em relação ao uso do material) — andar, correr, pular, rolar, engatinhar, levantar e abaixar, ace nar com as mãos, bater palmas, cair, etc. e contatos físicos ativos que não envolviam materiais. Atividade não manifesta — estar em pé, sentar ou permanecer parado, não fazer qualquer reação observável no ambiente além de olhar para os lados ou olhar para pessoas ou coisas. Falar com pessoas — usar o nome da pessoa ao se dirigir a ela, falar enquanto está usando o mesmo material que outras crianças ou materiais diferentes quando próximas uma da outra. Vocalizar — emitir sons audíveis, que não têm significado para o observador. Contato físico ■— qualquer contato, com o corpo, com outra pes soa, como empurrar, bater, golpear, abraçar, acariciar, lutar, ou qualquer contato com uma pessoa através de material, como em confiscar ou trocar brinquedos, o professor assoa o seu nariz ou arruma a sua roupa, tirar o chapéu de outra criança, etc. Não se distinguiram contatos físicos “amigáveis” dos “inamistosos”. Supôs-se que a criança que puxava ou empurrava outra criança numa ocasião também manifestaria amistosidade através de con tato físico em outra, isto é, que existiria uma correlação entre os doís tipos de contato no mesmo indivíduo (1939, pág. 52).
Arrington faz um comentário para esclarecer os protocolos ilus trados na Figura 18: Interpretando o registro da criança B, no período de cinco minutos, começando às 9,42 horas do dia 25 de fevereiro de 1930, vemos, primeiro, pelas iniciais circuladas na parte superior do registro, que quando o registro foi iniciado, dezenove das vinte crianças do grupo estavam presentes no pátio recoberto. A Forma A indica que a criança B estava fisicamente inativa, embora em contato com material, durante breves períodos no início e fim do registro de cinco minutòs (1939, pág. 53).
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INDEX BOOKS GROUPS Forma A
criança B ______ tempo 9« - 9^ data
2125/30
observ.
m s f _____________
cri. p re s e n te s © © © © - ® © © - © - © © © - © - © • © • © © - © © - * -0 T
M
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15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 5 10
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T 30 35 40 45 50 55 60 5 10 15 20 25 30 35 40
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NO
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NO
45
50 55 60 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Mat
Truck
Mat
Sho *e r w, Board Tr am
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Forma B
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2/25/30
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5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 5 10
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T 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 5 10 15 20 25
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Figura 18. Amostra de registro de cinco minutos das atividades de uma criança de escola maternal durante o período do brinquedo livre (de Arrington, 1939).
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INDEX BOOKS GROUPS Métodos e Técnicas II: Listas e Registros 97
TABELA VII Código dos Símbolos Usados no Registro de Interações de Crianças (de Arrington, 1939) Contato físico
Linguagem
Social
nSo-sodal
i = Professor r — Grupo O = Observador V = Visitante Iniciais para crianças
falar para d mesmo vocalizando
sujeito-tnlciado pela criança observada
Objeto-iniciado por outra pessoa com criança observada
Sujeito-objeto — contato no qual ambas, a criança observada e outra pessoa, s5o participantes ativos
Inicial ou glm- Inicial, bolo da pes circulada ou soa contatada símbolo do F x — MH Inidador do contato. Ex. — MB
Os resultados de Arrington, que relacionam atividades sociais e não-sociais da criança não podem ser devidamente resumidos no es paço do presente capítulo, mas podemos destacar alguns resultados ilustrativos. O intercâmbio verbal predominou como contatos sociais das crianças de todos os grupos de idade (amplitude total de idade 20-85 meses). A fala fox assim dividida em três categorias: (1) não-social; (2) dirigida para criança; (3) dirigida para adulto. A quanti dade da fala não-social foi maior do que a social nas crianças de es cola maternal, mas decresceu consideravelmente no grupo de jardim de infância (idade média, 66 meses). A fala dirigida para adultos au mentou com a idade, enquanto que a dirigida aos companheiros mos trou um incremento recíproco. Verificou-se em todas as idades que as crianças conversavam primariamente com membros do seu próprio sexo! Contatos físicos ocorreram, para nossa surpresa, muito raramen te em todos os grupos de idade, e teve relativamente pequeno valor discriminativo quanto ao sexo, idade ou indivíduo. A correlação entre freqüência de contatos verbais e freqüência de contatos físicos encon trada foi pequena. Nas medidas de freqüência e variabilidade, Arrington delineou três padrões de interação social: o socialmente promíscuo, o social mente seletivo e o não-sociaL Para as crianças socialmente promíscuas, por exemplo, “a mera presença de pessoas nas proximidades, indepen INDEX BOOKS GROUPS
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98 Observação Direta e Medida do Comportamento
dentemente de quem eram, parecia ser um estímulo adequado para a iniciação de contatos sociais” (1939). Os resultados relativos a atividades orientadas para o material foram menos satisfatórios, particularmente no grupo da escola mater nal. A própria Arrington admite que isso se deve provavelmente ao fato de ter usado categorias de comportamento excessivamente abran gentes (por exemplo, manipulação de materiais, independentemente de como era manipulado). Ela demonstrou que o uso de definições mais restritas com grupos de crianças mais velhas melhorou a sensibilidade e valor discriminativo das medidas. Os estudos de Arrington são exemplares pela consideração me ticulosa de todas as fontes potenciais de vieses, por incluir considera ções e avaliação de questões metodológicas, e pela sua exploração cri teriosa do potencial de uma situação. O estado embrionário dos estu dos de observação há 35 anos atrás, naturalmente exigia que Arring ton enfatizasse dados quantitativos e não qualificativos. Apesar disso, seu trabalho deve ser considerado como uma contribuição decisiva e clássica para o desenvolvimento dos estudos de amostra de tempo. Suas exposições e revisão (1937, 1939, 1943) deveriam constituir bi bliografia obrigatória para o cientista do comportamento, que se aven tura na área do ser humano.
Reações das crianças diante do insucesso Procurando verificar como as crianças se comportam quando confrontadas com uma situação difícil ou de tensão, Zunich (1964) observou quarenta pré-escolares, individualmente, através de um espe lho de visão unilateral. Pediu-se a cada criança que resolvesse um quebra-cabeças. Este consistia de uma pequena caixa de madeira co lorida que tinha um fundo falso, um pouco afastado, abaixo da tampa. No fundo falso estavam dez pequenas figuras coloridas e de contor nos irregulares, que tinham quase a mesma espessura que a altura da caixa, de modo que as figuras tinham que se ajustar bem próximas umas das outras para a tampa fechar. Depois de uma sessão prelimi nar para familiarizar a criança com a situação, ela recebia a caixa com as peças retiradas e instruções para recolocá-las na caixa de modo a fechar a tampa. Durante esta sessão experimental de dez minutos, um assistente permanecia na sala com a criança. INDEX BOOKS GROUPS
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As respostas dos sujeitos foram registradas cada cinco segundos, de acordo com as seguintes categorias: a. Tenta resolver sozinha . Por exemplo, a criança tenta resolver o problema por si mesma. b. Comportamento destrutivo. Por exemplo, a criança tenciona causar dano ao objeto ou pessoas relacionadas com a dificul dade. c. Orienta. Por exemplo, a criança expõe especialmente o curso da ação que quer que o adulto siga. d. Resposta emocional. Por exemplo, a criança chora, grita, fica de mau humor, ri e queixa-se. e. Expressão facial. Por exemplo, a criança fecha os olhos, aper ta os lábios, fica vermelha na face, mostra a língua, morde os lábios e range os dentes f. Manifestação motora. Por exemlo, a criança bate o pé, movi menta o corpo, cena os punhos, chupa o dedo com as mãos, puxa a orelha. g. Ausência de tentativa. Por exemplo, a criança não faz ne nhuma tentativa no sentido de resolver o quebra-cabeças, de siste muito prontamente ou sem explorar muitas das possibili dades de solução. h. Racionaliza. Por exemplo, a criança recusa continuar buscan do a solução. Exemplo: “Eu não quero fazer isto”, “É um quebra-cabeças bobo”. i. Busca atenção. Por exemplo, a criança chama atenção para si ou para uma atividade. Exemplo: “Veja o que fiz”, j. Busca contato. Por exemplo, a criança pede para o adulto entrar em contato físico com ela. Exemplo: “Sente-se perto de mim”, k, Busca ajuda. Por exemplo, física: a criança pede ao adulto para ajudá-la em alguma dificuldade relacionada com a ativi dade. Exemplo: “Não posso colocar esta peça dentro — faça você”. Mental: A criança pede idéia ao tentar resolver o problema. Exemplo: “O que faço agora?”, ou “Como coloco isto lá dentro?”. 1. Busca informação. Por exemplo, a criança indaga buscando um conhecimento fatual. Exemplo: “Que tipo de quebra-cabeça é este?” “Para que serve?” (pág. 20/21).
Os dados de todas as crianças foram analisados juntos e depois separaram-se dois subgrupos — das crianças de três anos e de quaINDEX BOOKS GROUPS
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tro anos. A categoria predominante foi a de tentar resolver sozinha. Ao fazer isso as crianças, com freqüência, manifestaram expressões fa ciais e emocionais, buscaram informação. Incidente de comportamen to destrutivo foi relativamente raro. Quando separadas em grupos de idade, as crianças com mais idade mostraram uma freqüência maior de expressões faciais e racionalizações, enquanto que as mais novas mostraram uma maior tendência para não tentar resolver o quebra-cabeças, buscar informação ou ajuda. Todas essas diferenças entre . os grupos foram estatisticamente significativas. Quando separados por sexo (o número de meninas e meninos era igual) verificou-se que os meninos mostraram uma freqüência maior de respostas destrutivas, emocionais e faciais, e expressavam mais racionalizações e buscaram mais ajuda, enquanto as meninas mostraram maior incidência de informação e busca de contato bem como tentativas de resolver o quebra-cabeças sozinhas. Em outras palavras, os meninos mostraram mais comportamentos negativos do que as meninas. Este estudo, como muitos outros, se utilizaram mais do que nós havíamos usado até então, do conteúdo das emissões verbais na delineação das categorias de comportamento. Esta mescla de diferentes variáveis respostas, cada uma das quais se estrutura bem diversamen te da outra, cria novos problemas na mensuração de comportamento não-verbal. O recurso a dados estranhos parece legítimo quando uma categoria de comportamento é primariamente definida por padrões motores e só adicionalmente elucidada por referências a material ver bal. Não parece porém permissível atribuir peso igual aos aspectos verbais e não-verbais no delineamento de uma categoria de resposta. Por exemplo, na situação presente, se a criança atirasse o quebra-cabeças no chão, dizendo, “Estou cansada”, a resposta seria catego rizada como destruição, racionalização, ou ambas? Existe também uma interpretação peculiar de dados, nesse estu do que pode confundir. Após calcular a freqüência total e a porcen tagem de todas as categorias de respostas, o autor afirma que os “dados indicam que a maioria das crianças tentaram resolver o quebracabeças sozinhas”; e depois de obter o número médio de respostas dos meninos e meninas respectivamente, “um número significativamen te maior de meninos mostraram. . . . ” No primeiro caso, a freqüên cia total de resolver sozinho foi 1,728. Cada sujeito poderia ter um escore máximo de 120 (amostras de cinco segundos em dez minutos) em qualquer categoria. Portanto, supondo que algumas crianças se INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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concentrassem exclusivamente em tentar resolver o problema, quinze sujeitos (dentre os quarenta seriam teoricamente suficientes para obter o escore total de freqüência). Mas estes dificilmente poderiam ser considerados maioria. Talvez realmente a maioria das crianças resol veu sozinha, mas os dados de freqüência não evidenciam necessaria mente o fato. Objeções similares se aplicam à segunda interpretação. No entanto, uma tentativa foi feita no sentido de definir de maneira clara, embora um tanto grosseiramente, as categorias. A concordân cia entre observadores de 0,80 é tranqüilizadora e é admirável que o autor tenha sido capaz de usar uma amostra de tempo de cinco se gundos com o número pretendido de categorias.
Exploração de novidade em crianças Uma lista um pouco mais complexa para assinalar, com interva los de dez segundos e uma sessão de observação de dez minutos, foi usada no estudo do comportamento exploratório de criança (Hutt, 1966). Os sujeitos desse estudo eram crianças de escola maternal de três a cinco anos de idade. O estudo foi realizado na escola e comõ não se dispunha de uma sala experimental especialmente planejada, o observador teve que sentar-se no pátio com o sujeito, embora te nha feito tudo para tornar-se o mais discreto possível. Foi assim o procedimento adotado: as crianças eram individual mente introduzidas no pátio, que já conheciam e que continha cinco brinquedos familiares bem como um inteiramente novo. Podiam brin car no pátio durante dez minutos. Procedimento idêntico foi repeti do nos seis dias subseqüentes. O novo brinquedo era uma caixa de metal vermelha (aproxima damente 30cm X 20cm X 20cm) montada em quatro pernas. Na parte superior da caixa existia uma alavanca que podia ser movimen tada em quatro direções. Cada um desses movimentos era registrado por um contador separado (cf. Figura 34). Incentivos diversos (por exemplo, sons ou luzes) foram apresentados contingentemente a ma nipulações específicas. SeTão descritas e discutidas aqui apenas duas das condições mais simples. Uma, denominada ausência de sorri ou visão onde existia somente o feedback tátil da manipulação da alavan ca; a outra, só visão, na qual a criança via os contadores assinalando mais um número a cada movimento que faziam. Cada uma das crianças foi exposta somente a uma condição de incentivo. Quando a lista para assinalar foi construída, observações por INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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menorizadas já haviam sido obtidas em uma pesquisa-piloto. Assim as categorias de comportamento a serem registradas puderam ser cla ramente especificadas. Estávamos primariamente interessados nas res postas ao objeto novo, como Welker (1956). Mas, como ao mesmo tempo queríamos saber quais os tipos de respostas que eram apresen tadas, estas foram registradas com pormenores. A Figura 19 mostra a primeira metade de um protocolo completo de um sujeito deste esN0ME Onde íoí observada: ESCOLA MATERNAL DATA DE NASCIMENTO: 28/3/1963 (5) CONDIÇÃO: S — V •DATA: 29/9/1966 SESSÃO III | ' I OBJETO ~~l , | ! a r u g e S
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Figura 19. Protocolo de registro usado no estudo do compor tamento exploratório de crianças de escola maternal. Outras explicações no texto.
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tudo; os cinco minutos seguintes foram registrados no verso da folha. A primeira coluna indica os intervalos de tempo e as sete seguintes, respostas dirigidas ao objeto novo. O código para essas e as colunas subseqüentes é o seguinte: Olha: orientação visual no sentido do objeto, sem nenhuma ou tra atividade conjunta. Segura: mãos na alavanca sem manipular; esta e outras respos tas ao objeto supõem orientação visual sincrônica a não ser nos casos onde se especifica a condição. Manipula (convencional): manipulação da alavanca com ambas as mãos em quatro direções, sentada ou em pé diante do objeto. Manipula (informal): opera a alavanca sem ser com a mão, por exemplo, joelho, cotovelo, cabeça, etc., ou em uma posição in formal, por exemplo, sentado em cima dele, deitado no chão. Outras partes — visual: inspeção visual de partes do objeto não incluindo a alavanca, por exemplo, embaixo da caixa, parafusos, pés, etc. Outras partes — manipulação: manipulação das partes acima. Contadores: inspeção visual dos contadores, tocar, pôr os dedos ou roçar neles. Gestos: como foi definido no capítulo anterior; além disso, es pecificou-se o tipo de gesto pela letra inicial, por exemplo, A para arranhar, B para bocejar. Locomoção: como foi definida no capítulo anterior; além disso, foi indicado por uma letra o método de locomoção, por exemplo, C para correr. Brinquedo — não construtivo: atividades que envolveram outros brinquèdos consistindo de bater, atirar, dedilhar, quebrar, etc., ou aquelas atividades preparatórias para outra, por exemplo, pegar. Brinquedo — construtivo: atividades que envolveram juntar dois ou mais brinquedos, que incluíam invenção ou eram completa mente apropriadas ao brinquedo, por exemplo, empurrar cami nhão com um cachorro em cima, abraçar o ursinho, etc. Os brinquedos envolvidos eram anotados na coluna Observações. Exploração visual: olhar ao redor na sala ou orientar-se na di reção de objetos específicos como janela. INDEX BOOKS GROUPS
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Observador : todas as respostas dirigidas ao observador, a maio ria orientação visual (indicada por V) mas, às vezes também tocar, falar, etc. Sala: manipulação de qualquer aspecto ou móvel da sala.
Notas suplementares ou outras características informativas do comportamento ou dos objetos-estímulo encontradas foram registra das tão freqüentemente quanto possível. As setas acima das categorias no protocolo se referem às quatro direções dos movimentos da alavanca: os contadores eram lidos antes e depois de cada sessão, dando assim uma medida das respostas de manipulação. As categorias de respostas podiam ser somadas no fim de qualquer intervalo que fosse necessário, os totais, no fim de cada minuto e no fim da metade da sessão (cinco minutos) são mostrados na Figura 19. A porcentagem de tempo dedicado a atender o novo objeto foi calculada, para cada sujeito, da seguinte forma: N.° de intervalos-objeto ------------- ------------------ X 100 60 Se mais de. uma categoria de objeto era registrada em um inter valo de tempo, este sempre obtinha somente um escore de 1. Visto que ao todo eram sessenta intervalos de dez segundos em uma sessão de dez minutos, as respostas ao objeto novo foram calculadas como uma proporção desse total. Um dos objetivos deste estudo foi medir o decréscimo de respos tas a novidade após exposições repetidas a elas. Esta responsividade mostrou um decréscimo bem sistemático durante as seis sessões nas duas condições de incentivo (Figura 20). Quando as leituras dos contadores foram utilizadas como me dida da manipulação exploratória, foram obtidos resultados impres sionantemente similares (veja Figura 1). (Incidentalmente esta con cordância pode ser considerada como uma medida de coerência in terna ou validade do método.) Esses decréscimos, quer no tempo ou em atividade de manipulação, eram uma função exponencial do tem po. Quando o escore de manipulação foi transformado usando-se os logaritmos naperianos, as regressões das manipulações com o tempo,
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nas duas condições, ausência de som ou visão e somente visão, foram significativas. Portanto, nessas duas condições de incentivos simples, as crianças conheceram bem rapidamente o objeto novo, e depois da quarta exposição mostraram um interesse muito pequeno por ele.
Figura 20. Proporçfio de tempo explorando um objeto novo em tentativas sucessivas nas condições (1) ausência de som ou visão, (2) somente vlsfio (de Hutt, 1966).
Como a Figura 21 mostra, foi possível obter uma distribuição geral das várias atividades que ocorriam em cada uma das seis ses sões. O decréscimo na atividade exploratória foi complementado por um aumento de gestos. Isto provavelmente refletiu o aborrecimento do sujeito, particularmente o bocejar e espreguiçar-se apareceram em grande parte nas últimas sessões. É interessante notar que as respos tas, dirigidas ao adulto, foram mais freqüentes na primeira e última sessões, isto é, na apresentação do objetp novo quando, presumivel mente, a criança desejava assegurar-se e quando a criança já estava mais ou menos cansada da situação e nessas ocasiões buscava outra estimulação procurando o adulto. No próximo capítulo se verá que os dados, derivados de tais pro tocolos podem ser combinados de modo adequado com dados, obti dos de registro de filme. Neste estudo, foi possível obter dados bastante pormenorizados INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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em relação a várias categorias de comportamento. No entanto, ape sar de que as categorias relativas ao objeto novo estavam definidas de forma bastante clara, lamenta-se que o mesmo não ocorria quanto ao grau de precisão das duas categorias de brinquedo. Conseqüente-
Sessões Figura 21. Proproção de tempo gasto com gesto, explor ando a sala, olhando para o observador, locomovendose, de sessão para sessão, condição (1) e (2) combinadas (de Hutt, 1966).
mente e a fim de determinar a natureza e objeto das respostas nestas categorias, baseamo-nos quase que inteiramente no que foi registrado na coluna das Notas. As duas categorias de brinquedo poderiam ter sido mais adequadamente subdivididas em quatro ou mais categorias de maior especificidade. Embora isto tivesse aumentado apreciavel mente o número geral de categorias a serem registradas, teria siste matizado a maioria das informações das Notas. REGISTRADOR DE EVENTOS Excluindo-se os modelos sofisticados e de linha esguia do pre sente, os registradores de eventos não constituem, de modo algum, uma invenção recente. Todos os estudantes de biologia estão familiariza INDEX BOOKS GROUPS
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dos com o tambor continuamente esfumaçado ou quimógrafo usado para registrar as contrações convulsivas e tetânicas do músculo gás trico do sapo através da estimulação elétrica, em um dos experimen tos clássicos de fisiologia elementar. Um registrador de evento é um dispositivo automático (embora primitivo) que registra a ocorrência de um evento selecionado. A maioria dos registradores são também capazes de registrar a duração do evento. No de tipo quimógrafo, o tambor gira numa velocidade constante conhecida, enquanto um braço de metal, com um dos seus terminais via um circuito elétrico, ou mecanicamente, ligado ao agen te que se desloca, faz uma marca no tambor com o outro. Um mo delo móvel e um tanto primitivo pode ser construído, usando-se um rolo de papel cujo eixo central é rodado a uma velocidade constante; uma abertura ou janela na caixa, que o contém, permite marcar regis trando a ocorrência de um evento, quando o papel passa pela abertura. Embora a atividade de um crocodilo pareça um fenômeno pouco provável e até mesmo casual de ser medido, Cloudsley-Thompson (1964) com alguma engenhosidade foi bem sucedido nessa tarefa. Usando um aparelho actográfico, extremamente simples, mediu o ritmo diurno de atividade do crocodilo do Nilo. Visto que a atividade desse animal é rara e com freqüência lenta, qualquer padrão rítmico se ma nifestaria somente depois de calcular a medida de várias observações, feitas durante um longo período de tempo. A fim de evitar o gasto anti-econômico do tempo envolvido em fazer essas observações à mão, era essencial ter alguma forma de registro automático. O aparelho de Cloudsley-Thompson compõe-se de um tubo arrolhado, contendo par te de água, que atuava como uma bóia; esta ligava-se por um fio a uma pena que escrevia no tambor, que girava no sentido do ponteiro de relógio. O tambor completava um giro uma vez por semana. Os movimentos do crocodilo eram registrados por um traço vertical no registro. Reunindo os resultados de vários dias o autor foi capaz de demonstrar uma periodicidade clara na atividade do crocodilo, um pico que ocorre no início da noite. Como porém o observador é dispensável para este tipo de re gistro automático de um evento, tais estudos não se enquadram estri tamente na finalidade deste livro. No entanto, visto que a maioria dos registradores de pena atuais podem ser usados para registrar ati vidade fisiológica (autônoma, eletromiografia, eletroencefalografia) ou comportamental (locomotora, manipulatória) com ou sem a media ção de um observador, mencionamos o potencial destes últimos. INDEX BOOKS GROUPS
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Na última década e meia, os registradores de eventos se torna ram cada vez mais sofisticados e os aparelhos disponíveis no merca do são capazes de registrar grande número de eventos independentes, simultaneamente. Em vários países, companhias comerciais fabricam modelos que são naturalmente mais apropriados às necessidades de seus próprios pesquisadores. Três desses modelos serão brevemente descritos a seguir.
O Registrador de Evento EMREC Este aparelho é construído pela firma Elliot Brothers (London) Ltd. O modelo de vinte e quatro penas é ilustrado na Figura 22. Cada pena traça uma linha contínua num papel até que um evento é registrado ao fechar-se um interruptor externo (o mesmo ocorre quan do é pressionada uma chave de evento) ou pela passagem de uma voltagem externa apropriada (como no registro inteiramente automa-
Figura 22. O Registrador de Evento EMREC (Elliot Brothers, London, Ltd.).
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tizado). Tal registro energiza um selenóide do tipo relê que faz com que a pena se desloque cerca de 3 mm. A pena continua deslocada até que o fim do evento seja sinalizado pela abertura do interruptor (isto é, quando a chave for liberada). Quando o aparelho se utiliza de penas com tinta, estas escrevem diretamente em papel branco, e quando se utiliza do sistema de pena aquecida e papel termo sensí vel, a ponta da pena queimando parte do composto do papel deixa um traço preto. O registrador possui um mecanismo padrão para acionar o papel constituído por um motor síncrono com velocidades variando de 1.3 cm por hora (para eventos lentos e raros) a 102 cm por minuto (para eventos rápidos). Embora esta seja a amplitude de velocidade teoricamente possível, qualquer um dos modelos de re gistrador funciona a uma amplitude de velocidade mais restrita. O papel para registro pode também ser acionado por um sistema de corda manual nas velocidades de 2,5 cm por hora a 7,6 cm por hora. A firma assegura que uma bobina de papel de 19,8 m a uma veloci dade de 2,5 cm por hora permite registro contínuo durante um mês. Os registradores com penas a tinta parecem ser mais limitados. Possuem, no máximo, cinco penas. Com penas de ponta aquecidas existem modelos de seis, doze e 24 penas; os modelos de 36, 48, 60 e 62 estão planejados.
0 Registrador de Evento ESTELINE-ANGUS Este aparelho opera com um princípio muito similar ao do re gistrador Elliot já descrito. Dois são os modelos Esterline-Angus, com dez e vinte penas (Figura 23). Uma vantagem adicional deste aparelho é que os selenóides podem ser ajustados para operarem com diversas voltagens e as conexões são feitas de tal modo que cada pena permaneça eletricamente isolada das demais. Este método de opera ção permite deslocamentos mais claros do estilete do que o contato aberto/fechado. O papel de 15 cm de largura, que pode ser coman dado por um dos três mecanismos, um motor síncrono Sdsyn ou por um circuito-extra em velocidades que variam de aproximadamente 1 cm por hora, a 7,8 cm por segundo. O circuito-extra envolve o uso de uma fonte externa como fonte de força quando o movimento do papel não é proporcional ao tempo, mas ao movimento externo. Outra vantagem adicional é um reostato, que pode ajustar o calor do estilete, resultando um traçado mais fino ou mais grosso do registro. Não se dispunha de pormenores sobre as dimensões e peso do aparelho quanINDEX BOOKS GROUPS
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Figura 23.
O Registrador de Evento EsterlineAngus (modelo com pena).
do preparávamos esta descrição. Independentemente de considerações sobre a compacticidade não é possível avaliar a preferência por um desses dois aparelhos. Outros pormenores operacionais do modelo Esterline são incluídos no estudo descrito abaixo. INDEX BOOKS GROUPS
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O Registrador de Seis Canais de PEISSLER Este aparelho (Figura 24) é fabricado pela firma Peissler, da Alemanha Ocidental. O protótipo foi planejado primeiramente para ser usado em estudos de comportamento de macacos esquilo (Saimiri sciureus) no Instituto de Psiquiatria Max-Planck de Munique, (veja, por exemplo, Ploog, 1967). Não é, portanto, um registrador tão fle xível quanto se poderia desejar, mas é sem dúvida a máquina mais completa no gênero, disponível atualmente.
Figura 24. O Registrador de Evento Peissler de 60 canais.
O painel de controle é uma parte integral desse aparelho, enquan to que nos dois anteriores o painel de controle é um componente se parado e optativo. O painel de controle de teclas a serem pressio nadas do aparelho Peissler ativa estiletes de'cristal que registram em
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112 Observação Direta e Medida do Comportamento
um papel parafinado. Os canais 1, 2 e 3 são em geral usados para registros especiais. O grande número de canais possibilita especificar o ator, a atividade e o receptor. Os canais 4 a 15 (três fileiras supe riores à esquerda no painel) foram planejados para indicar doze indi víduos diferentes, isto é, os atores; os canais 49 a 60 (à direita, no painel) podem também especificar doze receptores passivos. Os ca nais 16 a 48 (a porção mediana do painel) podem registrar 33 dife rentes eventos comportamentais. Hste aparelho pode, portanto, registrar em circunstancias ordiná rias, quase todas as contingências comportamentais com um grupo de doze ou menos animais. Uma limitação grande deste aparelho reside na forma do seu registro: a pressão aos botões ator-atividade-receptor somente programa o aparelho, o registro começa somente quando é pressionada a tecla Começo. A fim de se interromper o registro de um evento comportamental particular, também é necessário pressio nar as teclas ator-atividade-receptor apropriadas, seguido da pressão ao botão Fim. Este procedimento, como se vê, introduz um atraso apreciável no sistema de registro e este aparelho, portanto, é contra-indicado nos estudo nos quais é essencial a precisão temporal. Outra desvantagem deste registro reside na sua própria comple xidade: um observador tem grande dificuldade em lidar com toda a informação gerada por um sistema como este. Embora, com a prática essa dificuldade possa ser ultrapassada, muitos dos estudos realizados até agora exigiram a presença de dois observadores, um para anun ciar o evento e o outro para pressionar a tecla (Castell, comunicação pessoal). Se, a despeito da prática, um único observador for incapaz de memorizar a maior parte do painel e registrar os eventos, a utili dade do aparelho é nula. Este registrador pode também perfurar diretamente os resultados em fita para análise de computador.
Aplicações Comportamento de peixes Clark e colaboradores (1954) usaram uma versão antiga do re gistrador Esterline-Angus no estudo do comportamento de peixes, e embora os resultados não sejam imediatamente relevantes, as razões dos autores para usá-lo se aplicam em geral para outro qualquer reINDEX BOOKS GROUPS
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gistrador. Mas, por serem informativos, os pormenores do seu uso serão citados aqui: As atividades observadas nas primeiras várias centenas de perío dos de dez minutos foram registradas em papel, através de um sistema de fazer um traço na folha. O observador registrava com uma marca específica cada vez que ocorria um ato comportamental particular e mantinha um registro do minuto em que era apre sentado. Este método não era inteiramente satisfatório porque o observador era compelido a deixar de observar o peixe muito fre qüentemente ao olhar para o cronômetro ou quando registrava o item de comportamento na folha de registro. Este método manual de registrar foi substituído, mais tarde, por um polígrafo operado eletricamente, montado especialmente para o fim de registrar bem rápido as observações de comportamento e sem perder algumas delas. Este aparelho é composto de dois registradores e um painel de controle, que se assemelha a uma máquina de escrever. Pode ser mantido no regaço do operador, que pode usar uma técnica similar ao sistema de tocar teclas datilográficas. O painel contém quarenta miciointerruptores que podem ser ativados separada ou simultaneamente ao se registrar cada item do comportamento. Cada registrador contém um rolo de papel quadriculado, ligado a um motor elétrico sincronizado por arruelas de raios variáveis. Em cada um dos dois registradores uma série de vinte penas é ligada no painel independentemente dos quarenta interruptores. Também constam do painel interruptores para controlar independente ou si* multaneamente o início e o fim desses registros. Um aparelho, manipulado com a mão esquerda, foi operado lentamente. O re gistro durante um período de dez minutos de observação produziu notas, preenchendo 375 mm de papel quadriculado. Os registros indicavam a duração, seqüência e tempos exatos da ocorrência de cada item comportamental. Um segundo registrador mais rápido, no qual durante 1,25 minutos de observação passavam 375 mm de papel, era ligado um pouco antes das cópulas (ou sempre que se esperava que ocorressem) a fim de se obter uma medida acurada da duração da cópula (pág. 153).
Os autores usaram dois registradores de vinte penas cada em conjunto com um painel de quarenta teclas e descreveram seu modo de usá-los, de uma maneira bem sucinta. Comportamento oral de recém-nascidos Uma forma bastante simples de um registrador de evento Esterline-Angus foi usada em um estudo de recém-nascidos. Como ao .comportamento oral se atribuiu um significado especial, tanto por teó ricos da aprendizagem como por psicanalistas, Hendry e Kessen INDEX BOOKS GROUPS
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114 Observação Direto e Medida do Comportamento
(1964) estudaram esse comportamento, usando observação sistemáti ca numa tentativa de avaliar suas propriedades para redução de im pulso. Noventa bebês recém-nascidos foram observados quando mama ram pela primeira vez e novamente 48 horas depois. Tinham por ocasião da primeira observação, em média, 23 horas de idade e da segunda, 72 horas. Em cada dia, os sujeitos eram vistos entre duas mamadas sucessivas e as observações eram feitas durante os primei ros cinco minutos de cada meia hora do período de quatro horas. Os autores usaram um registrador de evento Esterline-Angus, com duas chaves telegráficas manualmente operadas. Duas respostas foram registradas, um botão era pressionado para cada comportamento. As respostas foram definidas como (1) contato da mão com a boca (C M B), qualquer contato entre mão e boca, e (2) boca (B), qual quer movimento parecido a sugar. Desse registro foram obtidas vá rias medidas: 1. Duração total de C M B, isto é, número total de segundos amostrados em um dia. 2. Extensão média de C M B, isto é, duração dividida pelo número de contatos. 3. Duração total de B. 4. Duração total de C M B acompanhado de M, isto é, chupar a mão (C M). A fidedignidade entre observadores para todas as medidas variou de 0,96 a 0,99. Os oito escores obtidos nos oito períodos de meia hora entre as mamadas foram combinados em pares, do que resultaram quatro es cores, um para cada hora. Os resultados mostraram que tanto a du ração total quanto a extensão média de C M B foram maiores na primeira hora depois da mamada, mas decresceram apreciavelmente na segunda hora. Ambas as medidas aumentaram novamente na ter ceira e quarta- horas, e a duração total mais do que a extensão média. O movimento na última é, na aparência, estatisticamente insignifican te. A maior duração da sucção ocorreu na primeira hora depois da mamada, seguida de um decréscimo significante na segunda hora. Esta tendência foi verificada nos recém-nascidos de ambas as idades embora os de mais idade tenham mostrado uma redução geral na du ração de chupar. Na medida do chupar a mão, diferenças individuais se mostraram as únicas variáveis significantes. INDEX BOOKS GROUPS
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Os resultados certamente não concordam com a hipótese de re dução de impulso visto que o comportamento oral é mais proemi nente quando o nível do impulso está no seu nível mais baixo (ime diatamente após a mamada). Há um aspecto dos resultados que os autores, surpreendentemente, pouco enfatizam: visto que a extensão média e a freqüência de C M B estão reciprocamente relacionados com a duração total de C M B, é possível deduzir dos gráficos apre sentados que a freqüência média de C M B foi 10+1 em cada uma das quatro horas entre as mamadas. Esta constância parece ex traordinária e visto que os autores comentam que, nesta medida foram encontradas diferenças individuais fidedignas, podemos inferir que cada sujeito tendeu no sentido de uma freqüência característica de C M B? Em outras palavras, as diferenças individuais foram também estáveis com o tempo? Este estudo ilustra o uso muito simples e direto de um registra dor de evento: foram registradas somente duas categorias independen tes, e quando ambas as chaves eram simultaneamente pressionadas isto indicava uma terceira categoria. Portanto, não se pode discutir grau e extensão de sobreposição. Em estudos como este, onde é ne cessário registrar durações breves com precisão, o registrador de even tos parece ser o instrumento de registro mais apropriado. Teria sido útil para as pessoas, que pretendem usar esses instrumentos, que os autores tivessem dado alguma idéia de que velocidade deve ter o papel para medir satisfatoriamente duração de um quarto e metade de segundo.
Comportamento de crianças em uma nova situação Pode ser citado aqui, de modo breve um estudo que usou pro cedimento de amostra de evento papel e lápis, posto que não é essen cial que a técnica dependa de dispositivo automático de registro. Cox e Campbell (1968) queriam saber como crianças reagiam a uma si tuação nova, na presença e na ausência de suas mães. No primeiro momento, estudaram dez meninas e dez meninos com treze e quinze meses de idade. Cada criança era acompanhada à sala de observa ção pela mãe. Esta sentava-se em um canto da sala, ocupada com um questionário; no canto oposto estavam, à disposição da criança, qua tro brinquedos. Metade das mães permaneceu com as crianças du rante todos os doze minutos da sessão, a outra metade ficou com as crianças durante os primeiros quatro minutos, saiu da sala durante quatro minutos e voltou para os últimos quatro minutos. INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS 116 Observação Direta e Medida do Comportamento
As observações foram feitas através de um espelho de visão uni lateral, e foi registrada a incidência dos seguintes comportamentos: 1. A criança toca a mãe (a criança colocou sua mão, ou parte dela, em alguma parte de sua mãe durante menos do que cin co segundos consecutivos). 2. A criança segura sua mãe (5 segura alguma parte da sua mãe pelo menos durante cinco segundos consecutivos). 3. A fala da criança (cada som ou palavra que S apresentou). 4. O movimento da criança (o chão da sala de observação foi diretamente dividido em nove partes, do mesmo tamanho, e foi registrada a passagem de S em cada quadrado). 5. A criança brinca (cada brinquedo que S manipula). 6. A criança toca outras coisas (cada objeto tocado, por exemplo, janela, porta, maçaneta, persiana). 7. A criança coloca brinquedos na boca (cada objeto colocado). 8. A criança chora.
As observações foram registradas numa folha dividida em pe ríodos de 1 minuto; foi anotada, presumivelmente, a ocorrência das categorias em cada um desses períodos. Os resultados mostraram que houve um decréscimo na verbalização, movimento e brinquedo durante a ausência da mãe, usando-se os primeiros quatro minutos como um índice de desempenho de linha de base. O grupo de con trole, por outro lado, mostrou um aumento reduzido, mas progressi vo, em todos esses comportamentos durante o período de doze mi nutos. Visto que o método de registro não possibilitou anotar a dura ção dos comportamentos, os autores não puderam dar qualquer me dida de quantidade de uma categoria de respostas. Isto é particular mente desapontador no caso do choro, visto que somente duas das crianças do grupo experimental não choraram; as outras mostraram períodos variados de choro contínuo. O propósito deste estudo seria melhor atingido se tivesse sido utilizado um procedimento de amostra de tempo ou um registrador de evento que permitisse registrar as durações de atividade. As me didas de freqüência são inadequadas isoladamente para indicar quan to foi manifestado de qualquer atividade com os tipos de categorias complexas de comportamento usados por esses autores. Por exem plo, uma criança que se distraiu e passou de um brinquedo para o outro teria um escore mais alto do que uma que concentrou sua aten ção em um ou dois objetos. Pode-se interpretar, portanto, o decrés cimo em movimento durante a ausência da mãe como resultante da INDEX BOOKS GROUPS
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absorção com um brinquedo ou por puro terror? Este estudo ajuda a ilustrar que a amostragem de evento, quando se assinala somente a incidência em um determinado período de tempo, sem um índice de freqüência geral, é insatisfatória para registrar comportamentos com plexos. As duas exceções dessa generalização seriam casos nos quais o objeto de estudo é um comportamento breve e/ou estereotipado (por exemplo, espirro) ou ordem seqüencial de atos (independente mente de sua duração).
Estenografia Alguns pesquisadores usaram muito engenhosamente um apare lho, mais comumente utilizado em tribunais para registrar processos legais. Essas máquinas de estenografia, têm um número limitado de teclas, mas são bastante compactas e portáteis. Heimstra e Davis (1962) descreveram o seu uso no registro simultâneo do comporta mento dos membros de um par de ratos. Uma máquina estenográfica imprimirá as várias letras do alfabeto bem como os números de 0 a 9. Diversamente de uma máquina de escrever, qualquer uma das teclas pode ser pressionada junta com outras e registrará numa tira de papel com 6,25 cm de lar gura. A fita é automaticamente movimentada uma linha adiante, depois de uma tecla (ou teclas) ser pressionada. Uma tecla ou combinação de teclas é usada para representar uma determinada categoria de comportamento de um dos animais do par que está sendo observado. Quando o animal está apresen tando aquela categoria particular de comportamento, a tecla cor respondente é pressionada em intervalos regulares. Um dispositi vo para marcar o tempo como um metrônomo elétrico que apre senta sinais audíveis a intervalos desejados pode ser usado para manter os intervalos adequados entre as pressões da chave. Numa situação experimental onde pares de animais juntos estão colocados em uma série relativamente limitada, verificou-se que as observa ções podiam ser feitas e registradas a intervalos de um segundo em dois animais simultaneamente por meio desse sistema. Obvia mente, para trabalhar com esse ritmo o observador deve ter muita familiaridade com as categorias comportamentais utilizadas bem como com o teclado da máquina. À medida que a tecla é repetidamente pressionada, registra a letra ou o número numa coluna vertical na fita de papel. Assim, se a tecla da letra H na máquina foi pressionada dez vezes, resul taria em dez Hs numa coluna da fita. Se outra tecla, a da letra F, foi simultaneamente pressionada, o resultado seriam colunas ver ticais na fita — uma de Hs e uma de Rs. Se cada uma dessas le tras representava uma categoria do comportamento para um dos INDEX BOOKS GROUPS
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118 Observação Direta e Medida do Comportamento animais no par, c se as teclas fossem pressionadas em intervalos de um segundo, as colunas de Hs e Fs resultantes poderiam ser tra duzidas como representando dez segundos de uma determinada ca tegoria para cada animal (pág. 209).
Outros pesquisadores (Carter e colaboradores, 1951) a usaram registrando interações sociais humanas de maneira semelhante à pla nejada por Bales (1951). Esta máquina tem, é claro, algumas vantagens em certas situa ções, especialmente aquelas em que o observador deve necessariamen te permanecer na mesma sala de observação com seu sujeito. Considerando-se que a máquina estenográfica imprime eventos, ela pode ser vista como uma forma primitiva de registrador de eventos, mas mais precisamente ela emprega um procedimento de amostra de tem po pois que as observações são registradas a intervalos regulares e não se obtém uma medida adequada da duração do evento. No en tanto, pode ser considerada como um compromisso feliz entre os dois procedimentos. ATSL Um sistema de processamento de dados observador-para-computador, completamente automatizado foi projetado e descrito por Tobach e colaboradores (1962). Este sistema é denominado ATSL, o nome dos projetistas. Consiste de um painel contendo vinte teclas de má quina de escrever, cada uma delas ligada a um interruptor que por sua vez ativa um transformador Laupheimer (Figura 25). O conversor Laupheimer registra, acumula e transmite pulsações do painel, ou de interruptores ativados por um animal, a uma fita de perfurar. O pulso produz um único inpu*, denominado “ò(V\ Trinta e seis bits são iguais a uma palavra dada. Os 36 bits de cada palavra são acumulados num registro binário apropriado, transferidos a um registro de distribuição (seriação) e transmitidos ao perfurador na freqüência de uma, duas ou três palavras por segundo, produzindo desse modo uma fita com palavras perfura das seriadamente. 1-36 perfurações aparecem em cada palavra. Uma coluna de bits é denominada um “caráter”. Para torná-lo computável com o computador IBM 1620, o conversor insere au tomaticamente uma perfuração “par” quando necessária de modo que cada caráter contém um número ímpar de perfurações, mas perfura automaticamente os 36 bits de cada palavra para indicar o fim daquela palavra (pág. 258).
A fita de papel é então processada por um computador digital IBM 1620. INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS Método
Técnicas II: Listas
Regis
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INDEX BOOKS GROUPS Métodos e Técnicas II: Listas e Registros
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Este sistema pode prover todos os tipos de dados, usualmente obtidos através de um registrador de evento — durações, freqüências, latências, seqüências e outras inter-relações de várias atividades — através de sua análise automatizada e é capaz de economizar muitotédio e tempo.
Figura 25. Três componentes do ATSL, dos quais o registrador de operações é optativo (de Tobach e colaboradores, 1960).
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Capítulo 6
MÉTODOS E TÉCNICAS III: FILME E VIDEOTAPE É um equívoco popular considerar o filme como a técnica mais desejável para registrar comportamento. Quando existe a possibili dade financeira, o sonho de muitos cientistas do comportamento, é se equipar com o aparelho necessário a fim de obter um registro documentado, completo, dos seus sujeitos. Como registradores o fil me e o videotape são realmente meios ideais de armazenar informa ção. Como Delgado (1964) enfatizou, os registros cinematográficos são permanentes e objetivos e não são afetados por problemas de fadiga do observador, embora esta última vantagem se aplique so mente a procedimentos inteiramente automatizados. Um fator crítico que é entretanto com freqüência desconsiderado é o de que, usando tais registros, o observador apenas transferiu uma réplica bidimensional do comportamento a um celulóide. Ao se pro ceder à análise, portanto, se começa do mesmo ponto que se come çaria com o comportamento original. Ou outros métodos de regis trar comportamentos discutidos incorporam algumas medidas prelimi nares de análise. Ao se indicar comportamentos por termos de ativi dade como no registro com gravador de fita, e ao se usarem catego rias de comportamento pré-selecionadas como nas listas de assinalar, o pesquisador já deu os primeiros passos da categorízação, a análise posterior a ser feita consiste em reagrupar ou recombinar as catego rias. No registro com filme ou videotape, entretanto, o problema da análise quando o registro foi completo, dado que a atividade pode ser vista em câmara mais lenta no caso do filme cinematográfico, ou passado e repassado no caso do videotape, a tentação é muito grande no sentido de aumentar demasiadamente os pormenores da análise. Os procedimentos sintéticos, envolvidos nos outros métodos de regis tro são apreciavelmente menos árduos do que o procedimento analí tico com que o pesquisador se confronta com o filme. É imperativo que antes de decidir-se pelo uso do filme cinema tográfico sejam, portanto, esclarecidos com toda a especificidade os INDEX BOOKS GROUPS
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122 Observaçao Direto e Medida do Comportamento
objetivos do estudo. Poderíamos considerar para que tipos de pesqui sa tais registros são mais úteis e desde que os dados necessários pos sam ser obtidos também por outros meios estes devem se constituir na primeira escolha. Economia apreciável de tempo e esforço seria feita se o observador for capaz de realizar estudos-pilotos de modo que saiba o que está buscando. As pesquisas para as quais o filme cinematográfico e o videotape são particularmente adequados se reú nem em cinco grupos: (1) quando a ação ocorre tão rapidamente que é impossível registrar todos os elementos necessários por qualquer ou tro meio (a morte da presa pelo gato), (2) quando a ação é tão complexa que a atenção se fixa em determinados componentes a ex pensas dos demais (respostas dos recém-nascidos ao som), (3) quan do as mudanças no comportamento são tão sutis que se torna difícil uma delineação morfológica satisfatória entre um ato e outro (com portamento de atender, Capítulo 7), (4) quando mudanças seqüen ciais em comportamentos bem complexos estão sendo consideradas (transição de exploração para brincar), e (5) quando é necessário medir com precisão parâmetros específicos de certos eventos comportamentais breves ou . complexos (gesto). Estas categorias não são mutuamente exclusivas e, freqüentemente, uma pesquisa pode ter mais do que um desses objetivos. Supõe-se que, em geral, os registros através de filme sejam usados somente quando se exige uma análise muito pormenorizada e sistemática do comportamento. Os filmes fei tos puramente com o propósito de ilustrar este ou aquele ponto não serão aqui considerados. O tipo de filme ou videotape usado é determinado obviamente pelo objetivo do estudo. Em geral, para uma análise pormenorizada que exige projeção lenta, o filme é preferível ao videotape, e se não existirem limitações de verbas, o filme de 16 mm deverá ser o esco lhido, pois este dará melhor resolução e definição e seus registros serão mais duráveis do que o de 8 mm. Nos nossos estudos devido a limitações financeiras, usamos geralmente filme de 8 mm, parti cularmente quando a sessão experimental ou observacional estendia-se além de dois q u três minutos. O videotape é, por outro lado, provavelmente mais adequado para registrar situações sociais, quando câmaras ou operadores obstrutivos devem ser evitados. Câmaras de TV bem localizadas, equipadas com lentes grandes angulares, podem ser operadas à distância e o operador ainda é capaz de acompanhar os eventos em uma tela monitora. Isto torna desnecessário que o operador da câmara (ou observador) entre na cena da ação. O reINDEX BOOKS GROUPS
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gistro pela TV é, por isso, um meio excelente para obter registros contínuos, longos, de seqüências de comportamentos quando não é exigida a manipulação externa de eventos.
Esíudos com animais Ontogenese de comportamento em galo selvagem O filme cinematográfico é usado, na maioria dos estudos etológicos, para se obter uma descrição pormenorizada e uma análise qua litativa mais do que quantitativa. Um exemplo claro desse tipo de análise, em confronto com a conceptualização etológica clássica, é dado por Kruijt no seu estudo de aves selvagens da Birmânia (1964). Um padrão de movimentos que aparece já no primeiro dia de vida do pintinho é sacudir a cabeça; é evidente em duas situações de alimentaçã alimentação: o: ( 1 ) quando há um pedaço de alim aliment entoo muito grande grande para ser ingerido no seu bico, bico, e (2) (2 ) quando quand o algo algo se prende nos nos lados lados do seu seu bico bico.. O padrão pad rão consiste consiste de um movimen movimento to rápido rápid o da cabeça, cabeça, de um lado para pa ra outro ou tro e volta ao primeiro. primeiro. Quando Quan do filmado a uma velocidade grande (64 quadros por segundo) e subseqüentemente ana lisado quadro por quadro, verificou-se que cada sacudida da cabeça ocupava ocupav a de cinco a seis seis quadros, isto é, cerca de 0,08 segundos. Sua função é remover o material do bico ou pulveriz pulverizá-lo á-lo.. Este padrão padrã o também aparece como um movimento irrelevante durante ou no fim de brigas. Kruijt diz: “são denominados ‘irrelevantes’ porque são si milares aos padrões padr ões de conforto confo rto e alimentação” alimentaçã o”.. Movimentos irrele vantes parecem ser os mesmos que Tinbergen denomina de atividades deslocadas (1951), isto é, movimentos deslocados do seu contexto original. Outro movimento irrelevante é o ciscar intencional quando o movimento de bicar alimento é desempenhado, mas o bico não toca o chão. Um movimento movimen to irrelevante, mas complexo, o ziguezaguear da cabeça, parece ser a combinação desses dois movimentos mais sim ples, ples, o sacudir da cabeça e o ciscar intencional. intencional. Esta mescla mescla é clara mente mente percebida na análise de filme filme.. Uma Um a reconstrução do que ocor re é mostrada na Figura Fig ura 26. 26. Os componentes componentes vertical vertical e horizontal horizontal deste comportamento composto tendem a ser mais lentos e sua am plitude tende a ser menor do que quando qua ndo desempenhados individual individual mente como o ciscar intencional e o sacudir a cabeça, respectiva mente. A análise do filme mostrou que os movimentos para os lados e o retorno demorou quase três vezes mais do que o sacudir a caINDEX BOOKS GROUPS
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124 Observação Direta e Medida do Comportamento
beça. Enquanto Enqu anto os movimentos simples simples de alimentar-se alimentar-se apareceram, primeiro, como movimentos movimentos irrelevantes, irrelevantes, ao redor red or de três semanas semanas de idade, a combinação mais complexa das duas não apareceu antes de cerca de seis semanas de idade.
Figura 26. 26. Posições extremas da cabeça para a esquerda e direita dir eita durante o ziguezaguear de um macho adulto, desenhado a partir de filme (24 quadros por segundo); mostrase também a primeira e última posição do colar natural de penas erguido (de Kruijt, 1964).
Com base em dedução convincente e confronto de prova cir cunstancial, Kruijt concluiu que o ziguezaguear da cabeça estava as sociado a uma tendência agressiva muito forte (sempre ocorria du rante as brigas e nunca depois), que era contrabalançada por uma tendência de força equivalente para fugir (manifestada de modo igual nas brigas, por vencedores e vencidos). Visto que a ativação forte e simultânea das duas tendências conflitantes, como fugir e agredir, ocor reram tarde na ontogênese da ave, o padrão de comportamento que representa essa condição motivacional aparece mais tarde que os que representam graus diferentes de conflito ou estados motivacionais diferentes. INDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Métodos Métod os e Técnicas Técnicas III: Filme e Videotape
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Ontogênese da resposta de bicar em gaivotas Hailman (1967) usou amplamente o filme cinematográfico no estudo de um padrão motor "instintivo”, claro, mas razoavelmente complexo em filhotes de gaivotas, a resposta de bicar. A análise que fez do filme foi de natureza mais exata e quantitativa do que a de Kruijt. Hailman Hailman estava interessado interessa do em alguns aspectos dessa dess a resposta, respost a, principalmente principalmente sua forma, seu desenvolvimento desenvolvimento e o efeito de vários vários fatores do ambiente. ambiente. Uma de suas suas primeiras tarefas foi descrever e quantificar cada cad a componente motor do bicar. bicar. A resposta era provo pro vo cada apresentando-se ao filhote uma cabeça empalhada de uma ave adulta. adulta. As respostas respostas foram filmadas em 24 quadros por po r segundo e subseqüentemente analisadas através de um perceptoscópio (Perceptual Dcvelopment Co. St. Louis), um aparelho que possibilitava uma pro jeção a velocidades velocidades variadas, ou passar pass ar quadro quad ro por quadro, além além de possibilitar possibilitar passar a fita no sentido normal e de trás para adiante. adiante. A análise mostrou que o bicar envolve três componentes moto res primários da cabeça. Três estágios foram diferenciados na fase de aproximação aproximação do bicar: bicar: (1) (1 ) parado, (2) (2 ) bico aberto, cabeça mo mo vimenta-se ligeiramente para cima, e (3) movimento da cabeça para cima na direção do estímulo (modelo), girando-a e bicando simultanea mente (Figura 27A). Na fase de recuperação também foram delinea dos três estágios: estágios: ( 1 ) bico fechado, fechado, cabeça abaixada mas não apro apr o ximada ao corpo, com ligeira rotação no sentido veTtical; (2) rotação completa, cabeça pendendo abaixo da posição original e corpo volta do à posição parado; e (3) cabeça erguida deixando a posição parado (Figura 27B). Os componentes motores do movimento da cabeça são, portanto, basicamente basicamente verticais, horizontais horizontais e rotativos aos aos quais o abrir do bico se sobrepõe. Estes elementos motores foram quantificados da seguinte maneira: (1) (1 ) Os movimentos horizontais e verticais verticais da cabeça foram medi* edi* dos pelas posições posições suce sucessiv ssivas as da ponta pon ta da mandíbula mandíbu la inferior. Visto que somente a superior se movimenta quando o bico é aberto e visto que o eixo de rotação da cabeça passa aproximadamente atra* vés da ponta da mandíbula inferior, a posição dessa mandíbula é relativamente pouco afetada pelos outros movimentos. (2) O abrir do bico foi medido pela distância entre as pontas das mandíbulas superior super ior e inferior. Devido à rotação da cabeça, cabeça, a distância distância abso luta medida na tela de projeção é reduzida (a zero quando a ca beça é girada gira da 90°). 90 °). Toma-se Tom a-se assim necessário converter convert er trigo trigono no>> INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS 126 Observação Direta e Medida do Comportamento
metricamente a distância medida, utilizando informação sobre a extensão da rotação. (3) A rotação da cabeça é o componente mais difícil de quantificar a partir da visão lateral do filhote. Medi a extensão vertical do olho, e observei a redução dessa dis tância na rotação. O ângulo da rotação foi então então calculado calc ulado tritrigonometrícamente. O tamanho do olho é uma medida conveniente, mas é tão pequeno que se introduz um erro de leitura apreciável ao usá-la. Este erro err o é inerente ao cálculo do grau grau de rotação, rotaç ão, que por sua vez contamina o total de abertura do bico calculado (pág. 15).
Figura Figur a 27 A e B. Desenho Desenho de um um único únic o movimento mov imento de bicar bic ar (a partir part ir de filme cinematográfico) mostrando as fases de aproximação e recuperação (de Hail Hailman, man, 1967) 1967).. Ver o texto para uma desc rição ri ção comp leta.
Hailman foi assim capaz de demonstrar o grau relativo de coor denação desses componentes tanto entre as bicadas de uma ave como de uma ave para outra. INDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Métodos Méto dos e Técnicas Técnicas III: Filme e Videotape 127
Como se poderia prever, esse tipo de análise envolve uma árdua tarefa, que exige aproximadamente duas horas para medir os compo nentes nentes de de cada bicada. bicada. Hailman abreviou sua forma de análise, análise, man tendo ainda a informação essencial que demonstra a coordenação e estereotipia. Usando Usan do o mesmo material material de filme, filme, registrou em cada quadro somente o aparecimento de cada componente, seu ponto alto e recuperação. Os parâmetros de quatro bicadas sucessivas de um filhote selvagem são ilustrados na Figura 28. Hailman diz: “Os pontos altos dos outros componentes motores nunca diferem do ponto alto do movimento horizontal (isto é, inter seção do bico do modelo) mais do que um só quadro (cerca de 0,04 seg.)”. Isto indica um notável grau de coordenação motora. SELVAGEM ______ ____ ____ __ z. _ ____
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QUADROS Figura 28. 28. Duração e sincro sin cronia nia dos elementos elementos motores em quatro quatro bicadas de um fil hote. (Comprim (Comprimento ento da linha linha = duração; • • = pico pi co do moviment mov imento; o; ▼ — pontos mais baixos no movimento movi mento de abaixar a cabeça. Notar variações vari ações entre as as bicada bic adass (de Hailman, Hailman, 1967).
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INDEX BOOKS GROUPS 128 Observação Direta e Medida do Comportamento
Embora varie mais a duração dos componentes nos indivíduos, a coerência ainda é maior do que se poderia esperar e em termos de tempo a resposta total alcança alto nível de invariância ou estereotipia. Este estudo é um exemplo claro do uso de filme cinematográfico para uma análise quantitativa e qualitativa de um padrão de compor tamento superficialmente simples. Essa análise de ontogênese de pa drões motores ou habilidades de seres humanos, por exemplo, alcan çar, andar, comer, ainda não foi feita, apesar da grande significância que tais resultados teriam.
Comportamento durante estimulação cerebral Alonso de Florida e Delgado (1958) usaram fotografia com in tervalo de tempo para registrar o comportamento de gatos durante estimulação elétrica das amídalas. Os animais eram mantidos em uma caixa com a parede frontal de vidro — um animal com elétrodos implantados em um grupo de animais normais. Uma câmara de in tervalo de tempo tirava uma fotografia cada nove segundos durante dez horas por dia. Depois de um estudo preliminar, selecionaram quatro categorias de comportamentos: (1) andar ou manter-se nas quatro patas; (2) “agressividade evidenciada por ameaçar, rosnar, abaixamento das orelhas, ereção do pelo, posições de luta e luta”; (3) atividade de brinquedo, isto é, simular uma briga e bater ligei ramente com as patas; (4) atividade de contato (cheirar, lamber, fungar e esfregar). Os autores comentam que embora essas categorias fossem em geral facilmente discrimináveis, padrões limítrofes eram difíceis de ser reconhecidos e, nesses casos, pareceu necessário que a filmagem fosse mais freqüente ou que se introduzisse observação direta adicional mais freqüente. Verificou-se que os movimentos laterais dos músculos faciais ocor reram comumente de modo sincrônico à estimulação. Fechar os olhos, abaixar as orelhas, retrair a boca, e movimentos rítmicos do lábio superior e narinas como no fungar, lamber as pelotas de alimento, cheirar chão e paredes foram outros padrões integrados observados. Obteve-se para cada animal o número total de fotografias nas quais apareceram as quatro categorias acima, e as médias dessas freqüên cias foram calculadas para os períodos de estimulação e controle. Incrementos e decrementos foram obtidos subtraindo-se o valor do pe ríodo de controle do valor do período de estimulação. Os resultados mostraram que um aumento no brincar estava associado com a esti mulação das amídalas, o mesmo ocorrendo com a atividade de contato. INDEX BOOKS GROUPS
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Embora essa forma de registro seja adequada e provavelmente até apropriada para aspectos estáticos de padrões posturais e faciais, parece um tanto duvidoso se é realmente adequada para uma ca tegoria complexa como é a de brincar. Uma fotografia cada nove segundos é suficiente para se decidir que o bater com as patas foi leve ou que a briga foi simulada? O nível de análise interpretativa alcançado parece ser mais refinado do que se esperaria que os dados registrados possibilitassem. Além disso, duvida-se que os dois padrões de atividades mencionados realmente esgotem a categoria do compor tamento de brincar. No entanto, dado que procedimentos idênticos foram adotados durante os períodos de estimulação e de controle, os diferentes resultados devem refletir o efeito do procedimento ex perimental. Muitos outros pesquisadores, que trabalharam com animais, usa ram dados de filme cinematográfico a fim de ilustrarem um ponto crítico ou substanciarem um argumento controvertido. Tinbergen (1959), por exemplo, usou a análise de filme para ilustrar a descon tinuidade relativa entre posturas e poses de gaivota que condividem muitas similaridades entre si: mostrou que a transição entre as poses oblíquas e para frente levava somente cerca de um quinto de se gundo, enquanto que cada postura era mantida durante um a dois segundos. Leyhausen (1965) usou ilustrações de filmes numa análise e discussões comparativas do comportamento, que antecede a áção de agarrar, de várias espécies de gatos: foi capaz de demonstrar simi laridades e diferenças entre espécies na morfologia dos componentes motores e avaliá-los de um ponto de vista filogenético. Wickler (1964), por outro lado, argumenta a favor de um maior emprego de registros fümicos tanto para propósitos analíticos quanto para documentações permanentes no estudo comparativo do comportamento. Usando sua análise de vários padrões de comportamento das espécies de Labriães e Blenniides (peixe limpador de boca), de ilustra determinadas rela ções filogenéticas, discute as funções de movimentos diferentes e de monstra o valor da sobrevivência envolvido no mimetismo de alguns deles. Análises comparativas pormenorizadas podem mostrar, entre tanto, que as similaridades são relativamente superficiais, produtos de evolução convergente. Wickler argumenta que espécime fixos de comportamento são tão essenciais para o cientista do comportamento quanto os espécimes conservados o são para o anatomista comparati vo: “Natunvissenschaft setzx voraus, dass die Ergebmsse für moglickft viele nachprüfbar und wiederholbar sind, auch für den, der sie selbsi INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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130 Observação Direta e Medida do Comportamento
zuerst fand”. (A ciência exige que os resultados sejam replicados tan to pelo pesquisador original quanto por um número maior possível de outros pesquisadores.) Há pouco tempo foi desenvolvido um sistema para interpretar filmes automaticamente, pela National Biomedical Research Founda tion, que foi descrito por Ledley (1965) e por Watt (1966). Este dis cutiu também suas aplicações a um problema ecológico. O sistema é conhecido por FIDAC (Film Input to a Digital Automatic Computer). O sistema funciona, essencialmente, da seguinte maneira. Cada quadro do filme é colocado diante de um tubo em descarga de raios catódicos que pode produzir muito rapidamente um conjunto ordenado de linhas e colunas de pontos luminosos. Do outro lado do filme, uma célula fotoelétrica mede a intensidade da luz trans mitida pelo tubo de raios catódicos através de cada pequeno seg mento do filme. A intensidade é medida em sete diferentes níveis de cinza e essa informação é transmitida diretamente a um compu tador digital por meio 'de um registrador especial. (Vários dispo sitivos para esquadrinhar filmes comerciais existentes podem ser acoplados a computadores classificando até 63 graus diferentes de intensidade luminosa.) O que torna esse sistema notável é que o computador não somente ânalisa os dados, mas controla a opera ção do tubo de raios catódicos. Assim, à medida que cada qua dro do filme é analisado, o computador pode controlar onde se localiza o conjunto dos pontos luminosos, a densidade dos pontos no conjunto, e a área abrangida pelo conjunto de pontos. Por tanto, o sistema pode operar de modo a proceder uma inspeção inicial em cada quadro do filme a fim de descobrir onde ocorrem os aspectos particularmente significantes no quadro, e depois numa segunda inspeção examinar as áreas de interesse especial mais por menorizadamente. Esse sistema opera com uma análise muito alta (mil linhas ao longo de cada eixo X e Y) e a uma alta velocidade (input ao computador à razão de 200 mil 36-6*7 palavras por se gundo). Quando uma representação de cada quadro do £ arma zenada na memória centrai CGmputador, o próximo passo é apresentar o programa da análise de dados em termos de um mo delo matemático preconcebido (Watt, 1966, pá£. 256/257).
Watt descreveu com alguns posnnenores como um modelo desse tipo pode ser desenvolvido em ecologia. A maioria dos cientistas do comportamento provavelmente exigiria pouco esse grau de sofisticação matemática e ficaria contente com um modelo muito mais sim$tie&. Con tudo, atécnica analítica é em si mesmo uma valiosa vantagem, mesmo se o preço do FIDAC tende a torná-lo um sistema um tanto ítasâtto para a maioria dos pesquisadores. INDEX BOOKS GROUPS
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Estudos com seres humanos Um dos primeiros pesquisadores a usar filme cinematográfico na análise do comportamento foi, talvez, Arnold Gesell. Discutindo a técnica de análise cinematográfica em um artigo (1935), ele a con siderou especialmente útil na análise do comportamento em três ní veis diversos: (1) estudo em câmara lenta; (2) fase de análise do padrão seletivo, (3) fase de análise do padrão diminuto. Embora não apresente definições, padrão seletivo parece se referir a um episódio específico do comportamento ou atividade (por exemplo, mãos se paradas, erguer o antebraço verticalmente na área lateral do tórax; abrir a mão direita, deixar o chocalho cair entre os joelhos; braço es querdo semi-estendido medianamente sobre o abdome, mão no joelho esquerdo) enquanto a fase de padrão diminuto se refere a movimen tos dos membros e da face do indivíduo. Visto que para as duas úl timas análises é necessária a filmagem em câmara lenta, é difícil ver porque a análise em câmara lenta foi considerada como um nível di ferente de análise. Gesell acentuou ainda o poder analítico da técnica mostrando como fases de padrão de comportamento podem ser ainda subdivididas em três categorias: *(a) uma fase critica, na qual o membro está em posição de des canso pu passa por uma mudança completa ou uma reversão do movimento; (b) uma fase cinética, quando o movimento está ocor rendo; (c) uma fase de conclusão em culminação, quando esse determinado movimento é completado ou concluído.
A isto ele denominou uma análise de padrão diminuto. Através dela obteve 360 dados de comportamento em uma seqüência de vinte segundos; dispôs esses dados numa matriz com os segmentos do corpo (olhos, braço direito, dedos do pé esquerdo, etc) na linha vertical e os segundos consecutivamente na horizontal. É difícil apreciar a lógica deste tipo de análise em termos de morfologia do comportamento ou de economia de esforço. Se interpretações segundo-por-segundo são suficientes, a análise de quadro-por-quadro é desnecessária; além disso, embora esta forma de análise possa interessar aqueles preocupados com a dinâmica do movimento, não é realmente apropriada ao estu dante do comportamento visto que a ação é fragmentada não em seg mentos funcionais, mas em unidades dinâmicas que não têm neces sariamente uma coesão funcional ou morfológica. Ê preciso conside rar, entretanto, que Gesell só estava apresentando um modelo de anáINDEX BOOKS GROUPS
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líse comportamental, e somente será possível avaliar esse método quan do ele for aplicado a um problema em particular.
Maturação das atividades motoras na Infância A fé de Gesell no poder da análise cinematográfica se justi ficou, inteiramente, no estudo subseqüente que realizou com Halverson (1942). Esses autores realizaram um laborioso estudo fílmico do desenvolvimento motor de uma criança, durante os primeiros sete me ses de vida. Foram feitos 220 registros fümicos diários, o primeiro quando a criança tinha 15 dias de idade e o último quando tinha 235 dias. Os registros foram feitos diariamente numa situação padroniza da às 17,30 horas: a criança era despida e colocada na posição su pina no chão do cubículo de cerca de 90 x 90 cm e 120 cm de altura. As lentes ou a câmara era acomodada em um buraco no teto. O acol choado do chão era recoberto com um tecido onde eram demarcados quadrados de 50 mm. Três situações de dez segundos foram filmadas pelos autores: (1) completamente estendido — a mãe mantinha a cabeça do bebê e seus joelhos numa postura inteiramente estendida; (2) anel em movimento — três anéis de plástico vermelho, branco e azul interligados (de 4 cm de diâmetro) eram movimentados horizontalmente no campo de visão da esquerda da criança e depois para a direita; cada excursão demorava cinco segundos, isto é, dez segundos completos; (3) anel parado — os mesmos anéis eram suspensos de modo que balanças sem acima do peito do bebê. Os resultados foram descritos em três categorias: (1) comporta mentos da cabeça e olhos; (2) comportamentos dos braços, e (3) comportamentos das pernas. Cada categoria foi subdividida em pos turas e movimentos. Será possível descrever aqui apenas alguns dos resultados obtidos por Gesell mas recomenda-se ao leitor consultar diretamente esse artigo fascinante e um tanto esquecido. A maioria dos padrões de comportamento foi analisada quadro por quadro, e em muitos casos foi necessário repassar o filme várias vezes a fim de observar tendências coerentes. As categorias A e B pareceram ser as mais importantes, e são discutidas a seguir. A. A princípio o bebê adotou espontaneamente uma posi rejlexa, tônica, do pescoço, isto é, cabeça girada para o lado, extensão lateral de ambos os membros e flexão dos membros contra lateral INDEX BOOKS GROUPS
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mente, mas de modo particular os membros superiores. A cabeça é girada, em geral, para a direita, e neste estudo Gesell e Halverson ob servaram um dia um reflexo tônico do pescoço para a esquerda du rante 1 por cento do tempo. Na situação 1 o fato de a mãe manter a cabeça na posição mediana produziu desconforto e choro que so mente cessou depois de dois meses de idade. Do 7.° ao 82.° dia o bebê mantinha uma postura reflexa, tônica, do pescoço em média em 44 por cento do tempo de observação (em alguns dias até 100 por cento). Até a situação 2 teve efeitos mínimos: Mesmo sob a pressão do estímulo de anéis se movimentando no campo de visão, a postura da cabeça permaneceu persistentemente virada para a direita. Não havia estímulo externo que pudesse provocar esta orientação. O fator estimulante intrínseco determi nante era tão forte que a cabeça mantinha essa orientação para a direita mesmo depois de breves acompanhamentos oculares de o anel ter reorientado a cabeça através de um pequeno arco para a esquerda.
Otempo gasto na postura tônica reflexa do pescoço somente decresceu apreciavelmente depois do 7.° dia, e é a partir dessa idade que o estímulo visual em movimento passa a determinar a posição da cabeça. Os registros fflmicos mostraram uma crescente habilidade em girar a cabeça e mantê-la numa posição mediana, mas os autores indicaram que essa habilidade melhorada era gradual e devia ser atri buída à maturação e não ao condicionamento específico ou à apren dizagem acidental. Como um corolário à predominância do reflexo tônico do pes coço na primeira infância ocorriam movimentos espontâneos da ca beça de um lado para o outro, provocados pela situação 3, embora a fixação visual de atenção dispensasse tais movimentos. Nas palavras do autor: A tendência é no sentido de facilidade bilateral balanceada dos movimentos dos olhos, mas verifica-se uma acentuada dominância para a direita, correlacionada com a direção para a direita, subja cente ao padrão reflexo tônico do pescoço. Esta preferência neuromotora para os setores da direita é um sintoma da base profunda da lateralidade que se manifesta tam bém na situação dos anéis em movimento. Aqui também ocorre um puxar morfológico para a direita tanto dos movimentos da cabeça quanto dos olhos, favorecendo o quadrante direito. Mas à medida que a maturidade aumenta (depois do 112.° dia) a criança apresenta cada vez mais amplas incursões nos quadrantes
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da esquerda. Devido à emancipação mais precoce dos olhos, estes suplantam a cabeça nessas incursões. A cabeça pode movimentar* -se da extrema direita em 120° para a esquerda, mas os olhos, ao perseguirem os anéis, completam 180°. A sincronização e coorde nação dos movimentos dos olhos e cabeça mudam com a matura ção dos sistemas neuromotores controladores, mas os olhos man têm um comando ontogênico (pág, 9).
B. Quanto às posturas do braço, a análise do filme mostrou que a postura tônica reflexa do pescoço predomina, nas primeiras sete ou oito semanas. Nas duas semanas seguintes, esta assimetria é substi tuída por uma extensão simétrica bilateral dos braços até o nível dos ombros, determinada em grande parte pela adoção da posição me diana da cabeça. Nas duas semanas seguintes, os braços foram esten didos para baixo, movimentando-se obliquamente no sentido das per nas. Em um estágio ainda posterior (23.a-26.a semanas), ocorreu fle xão bilateral do cotovelo que algumas semanas mais tarde foi substi tuída por uma combinação de flexão unilateral e extensão unilateral (“Obedecendo à preferência pela direita do reflexo tônico do pesco ço anterior, a extensão é mais distinta no membro direito”). Depois de um estágio de extensão bilateral, a flexão da esquerda e a extensão da direita tornam-se postura representativa (35.a-39.a semanas). Fi nalmente (43.a-45.a semanas), apareceu uma postura basicamente extensora bilateral interrompida por alternações de movimentos de pro pulsão que resultavam no bater os anéis na posição supina e que seria o precursor do engatinhar quando na posição prona. Uma análise pormenorizada também foi feita para os movimen tos dos braços, bem como das pernas, é , entretanto, interessante notar que este estudo não utilizou o método de análise, esquematizado por Gesell no seu primeiro trabalho (1935). Foi, antes, orientado pelos contornos e pela dinâmica inerente nas próprias posturas e atividades. Este estudo demonstrou com simplicidade e alguma gratificação estética que existe uma tendência discernível e sistemática na ontogênese do comportamento, motor da criança, e que há um padrão or denado no fenômeno comportamental que a princípio parece casual, descoordenado c imprevisível. A análise fílmica permitiu elucidar as pectos moleculares, tais como fixação visual em relação à posição da cabeça e, também, aspectos motores, como tendências nos movimentos e posturas dos braços e pernas. Repassando o filme repetidas vezes, bem como traçando as posturas representativas em intervalos de sema na, os autores foram capazes de discernir a Gestalten dessas tendênINDEX BOOKS GROUPS
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cias que de outro modo se mesclaria com a enorme quantidade de por menores fortuitos. Através da análise particularizada que o filme pos sibilitou, os autores conseguiram delinear com certa precisão fases na coordenação neuromotora da criança. Este estudo também enfatiza a extensão, geralmente minimizada pelos empiristas, da predominância dos fatos endógenos na primeira infância, mesmo na espécie humana, e as limitações colocadas por esses fatores sobre os efeitos da estimulação exógena. Com o advento do apogeu dos técnicos da aprendizagem, é lamentável que as infor mações valiosas contidas em tal trabalho devam ser relegadas aos ar quivos dos estudos de comportamento.
Correlatos motores do choro Sendo colega muito próxima de Gesell, Ames (1941) seguiu uma orientação simples no estudo do comportamento da criança. Embora elogiasse os pormenores e a precisão com que Darwin descreveu as expressões faciais no choro, em seu livro The expression of the Emotions in Man and Animais, ela deplorou a escassez de descrições por menorizadas de reações emocionais posteriores. Procurou superar a apresentação de Darwin com uma análise de outras atividades motoras envolvidas no chorar. Treze crianças, variando entre 8 e 48 semanas de idade, foram os sujeitos que filmou (16 quadros por segundo), deitadas na posição supina no chão ou na mesma posição na mesa do banho. Não intro duziu nenhum estímulo para evocar reações desagradáveis e só estudou o choro espontâneo. A incidência relativa dos vários padrões associa dos a estados de choro e de ausência de choro é mostrada na Figura 29. Em geral, o choro parece se caracterizar por movimentos vigo rosos dos membros, maior atividade das pernas do que dos braços, atividades mais unilaterais que bilaterais e movimentos de flexão fortes. Não chorar, por outro lado, se caracteriza por movimentos bilateral e não unilaterais, maior atividade dos braços do que das pernas e extensão dos membros. Ames verificou que, após o início do choro, nenhuma seqüência temporal ou espacial de elementos motores parece caracterizar uma idade ou um indivíduo. “Parece que chorar”, disse ela, “mais propria mente desorganiza os padrões que prevalecem quando se inicia o cho ro do que produz um padrão constante”. A Tabela VIII apresenta um exemplo de como o choro se desenvolve. Por outro lado foi possível ver um padrão característico no início do choro. “A fronte franze até INDEX BOOKS GROUPS
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os cantos internos dos olhos, a boca se abre, as linhas ao lado da boca se acentuam, a língua se achata e depois se enrijece, as narinas se achatam e os olhos entortam e se fecham, as pernas se ativam unilateralmente”. Ames considerou que os movimentos de flexão no choro têm um significado de proteção.
qwHWwU
Figura 29. Freqüôncia de ocorrôncia de padrões diferentes de comportamento nos estadod de choro e ausência de choro (de acordo com Ames,
TABELA VIII
Um Exemplo de Padrão Inicial do Choro (de Acordo com Ames, 1941) Tempo nos quadros * 0:00
0:04 1:00 3:04
Comportamento
Supina, sem chorar, braços e pernas estendidos, boca fechada, olhos abertos. Ruga vertical aparece na fronte entre os olhos; a boca se abre, as linhas ao lado da boca se aprofundam. A boca se abre bastante, a língua se achata, uma perna se flexiona. A$ pernas se estendem, a língua se enrijece e os olhos entor nam e se fecham. A criança agora chora muito, mas os braços não participam.
4 * São dezesseis quadros por segundo. Assim, 3:04 igual a 3 — segundos. 16
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É lamentável que Ames não tenha explorado todo o potencial analítico do seu material. Por exemplo, se tivesse sido capaz de abs trair um padrão generalizado de início do choro teria também sido capaz de obter uma medida das probabilidades seqüenciais dos vários componentes, vistos como pares. É também lamentável que ela não tenha feito uma análise pormenorizada dos padrões em idades dife rentes a fim de ver que componentes persistiram e quais os que desa pareceram ou foram modificados, visto que uma das suas suposições era que .tais respostas inatas, que existem no organismo ao nascer, logo são alteradas pela aprendizagem”. Duvidamos muito que isto seja verdadeiro para a maioria dos comportamentos expressivos. A análise comparativa do comportamento expressivo feita por Andrews (1963) em várias espécies de primatas justifica essas dúvidas.
Movimentos no recém-nascido Kessen e colaboradores (1961) se preocuparam era obter uma medida fidedigna e quantitativa dos movimentos do bebê no seu pri meiro dia de vida. Procuravam melhorar em dois sentidos os dispositi vos de medida estável existentes: (a) prover um escore inteiramente comparável, isto é, um índice de movimento que poderia ser usado cm situações diferentes de pesquisa sem introduzir problemas de comparabilidade mecânica dos instrumentos; e (b) manter um registro das mudanças de com portamento do bebê de momento para momento. Para esses pro pósitos, a filmagem parece ser apropriada (pág. 96).
O bebê foi colocado sobre um colchão na posição supina; uma câmara Bell e Howell de 16 mm (modelo DL-70) com lentes de gran de abertura (10 mm) foi ajustada a uma canópia cerca de 90 cm aci ma do bebê. O filme foi rodado com 16 quadros por segundo e 10 bebês foram filmados durante cinco períodos de 30 segundos cada um nos seus primeiros cinco dias. Eventos comportamentais tais como chorar, vocalizar, contato mão-boca, foram registrados, por meio de chaves telegráficas, num registrador Esterline-Angus; a depressão de determinadas chaves operava sinais luminosos que foram subseqüente mente usados para sincronizar o filme com dados registrados. Foram escolhidos para análise seis quadros de cada período de 30 segundos, isto é, um quadro cada cinco segundos ou um cada 80 quadros (o 1.°, 81.°, 161.° e assim por diante). Esses quadros foram identificados de maneira especial. O filme era passado diante de uma lâmpada de projetor, a imagem era projetada primeiro em um espelho INDEX BOOKS GROUPS
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colocado na frente e ligeiramente inclinado para trás e do espelho para uma superfície de vidro plano localizada aproximadamente 60 cm aci ma do espelho. A bobina do filme era acionada por um dispositivo de controle de velocidade operado por um pedal. Cada vez que um qua dro assinalado era projetado, parava-se esse dispositvo e fazia-se um esquema dos pormenores específicos da imagem projetada na tela de vidro. Foram usados somente sete pontos de referência (indicados por sete pontos) da imagem para medir o movimento. Estes foram: ore lha visível, palma direita, palma esquerda, joelho direito, joelho es querdo, tornozelo direito, tornozelo esquerdo. Outros pontos de refe rência estáticos (por exemplo, caixa de luz) foram também assinala dos a fim de permitir a superposição precisa dos traçados. Uma cali bração da imagem projetada foi feita filmando-se uma fita de papel preto de 50 cm. Esta produziu uma imagem de 18,30 cm e, assim, os dados do protocolo foram multiplicados por 50/18,3 para se obter a medida real do deslocamento. Finalmente, foi feita uma folha, re sumo de todos os pontos de referência dos seis quadros, contendo um código de côr, obtendo-se assim distâncias lineares entre representa ções sucessivas de cada ponto de referência. Obteve-se assim um índice de destacamento de várias partes do corpo do bebê. Os autores res saltam que “esta não é uma medida de movimento total, mas uma medida de deslocamento durante um intervalo predeterminado’*. Os resultados indicaram que existem diferenças individuais está veis no índice de movimento medido nos primeiros cinco dias e que isto também mostrou incrementos sistemáticos e significativos durante este período. Não foram observados efeitos evidentes na lateralidade dos movimentos dos membros, apesar de uma freqüente preferência da cabeça pela direita. Este estudo apresentou uma relevante contribuição metodoló gica à bibliografia sobre comportamento, pois, é um dos raros traba lhos, que oferece uma descrição pormenorizada dos passos do procedi mento e da análise no uso da técnica. Outros pesquisadores não deve riam ter dificuldade em replicar tal estudo. Ele ainda provê um mé todo razoavelmente preciso para medir movimentos que até a época eram registrados e medidos, na melhor das hipóteses indiretamente, por meio de um estabilímetro. Visto que esta técnica será provavelmente valiosa em outras si tuações e com outros sujeitos, determinadas questões relativas a mé todo poderiam ser consideradas aqui. Se a amostra será formada por períodos de cinco segundos, parece ser exagerado e dispendioso usar INDEX BOOKS GROUPS
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um filme de 16 mm; fotografia a intervalo de tempo (embora prova velmente envolva certo gasto inicial de equipamento) seria mais apro priado e é interessante notar que em estudo mais recente os autores fizeram exatamente isso ao preferirem uma câmara Automax G-2 de 35 mm (Kessen e colaboradores, 1967). Neste último trabalho aper feiçoaram também o método de análise, usando um analisador de mo vimento Vanguard e um programa IBM 1620 que computa hipotenu sas para determinar deslocamentos. Medidas equivalentes poderiam, porém, ser obtidas, talvez com menos sofisticação, através de vários dos filmes de 16 mm disponíveis. É difícil saber, tendo em vista a precisão alcançada em outros aspectos, por que esses autores se satisfizeram com pontos individuais para índices de referências de partes do corpo. Embora os pontos se lecionados provavelmente prescrevam adequadamente um movimento do membro Ou de parte dele, um esquema do membro forneceria mais informação com muito pouco esforço extra. Estas críticas e pormeno res não diminuem em nada o valor das técnicas. Uma crítica mais sé ria, porém, se relaciona com a avaliação final do autor em termos de índice de movimento que parece viciar inteiramente a precisão dos procedimentos analíticos adotados. Uma medida tão grosseira poderia ser igualmente obtida, usando-se um estabilímetro, uma técnica que esses autores estavam tentando melhorar. Tal técnica de filmagem, no entanto, pode ser usada com grande proveito no estudo do desenvolvimento e da aquisição de habilidades, mesmo nas mais simples como comer, e na pesquisa de desempenhos motores em crianças com limitações físicas, tais como naquelas, que são portadores de mutilações congênitas de membros substituídos por próteses. Nessas análises, porém, o sujeito pode ser filmado sobre um fundo ou cortina quadriculado; isto facilitaria a mensuração e evitaria o tédio das conversões matemáticas necessárias, num procedimento de calibração. Esta técnica de registro e análise através de filme cinematográfico foi usada subseqüentemente por Kessen e seus colaboradores em ou tros estudos com pequenas modificações de instrumentação ou proce dimento. (Williams e Kessen, 1961; Kessen e Leutzendorff, 1963).
Comportamento exploratório em crianças Um dos principais estudos nos quais decidimos filmar o com portamento da criança foi sobre comportamento exploratório. EstáINDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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vamos interessados em conhecer os tipos de reações que a criança mostra quando confrontada com uma novidade, que tipos de padrões se modificam com a familiaridade com o objeto e com a idade do su jeito. Considerações sobre a continuidade, portanto, determinaram que usássemos uma câmara com um motor mecânico para introduzir várias interpretações no registro. A câmara Kodak Electric 8 Zoom foi con siderada um instrumento satisfatório pois usa cassetes precarregados, com carretéis de 25 pés padronizados. Com vários cassetes disponí veis, apenas são perdidos segundos em uma sessão de dez minutos. Outros aspectos vantajosos desta câmara eram uma lente Zoom Ektanar 10 a 30 mm f/l.6 focalizando a 4 pés, um medidor de exposição inteiramente automático e um visor reflexo. As lentes Zoom também possibilitam, quando necessário, dar atenção especial a movimentos sutis tais como expressões faciais. Em geral usamos filmes Kodachrome II (25-40 ASA). Sob condições de iluminação reduzida, verificamos que o filme Adok U27 (400 ASA) fornece registros adequados em bora um tanto granulados. Em muitos dos estudos anteriores as observações foram feitas atrás de um espelho unidirecional. Tal tela pode transmitir somente 10 por cento da iluminação impedindo desse modo a filmagem, excetcu com iluminação artificial intensa. Já que era necessário evitar que a câmara fosse vista pelos sujei tos, decidimos simular um espelho unidirecional. Uma sala ampla de cerca de 7 por 3 metros e meio foi dividida em uma pequena sala de espera, uma sala de brinquedo/observação de 3,5 por 3,5 metros e um cubículo para filmagem (Figura 30). Uma placa de vidro espe lhado medindo 3 metros por 60 cm foi inserida na separação entre o cubículo e a sala de brinquedo, 60 cm acima do chão. A partir dessa divisão de vidro foi construído com madeira sólida um túnel projetan do-se no cubículo de filmagem. Em um dos cantos do vidro os lados do túnel estendiam-se num ângulo de 90 graus e no outro de 30 graus (Figura 30); o teto do túnel era horizontal. O piso do túnel inclinava-se para cima (num ângulo de aproximadamente 45° com a hori zontal) até a abertura de trás, que media 25 mm por 200 mm. A forma do túnel era, portanto, a de um pentaedro, apoiado em seu lado, tendo a tela de vidro e o ápice da abertura do visor como base. O interior do túnel foi pintado de preto e recoberto com uma cama da de lã de modo que a luz no túnel fosse absorvida. A placa de vidro atuava, assim, como uma superfície altamente refletora (Figura 31). Esta construção possibilitou colocar a câmara (dotada de uma lente INDEX BOOKS GROUPS
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Figura 30. Um plano em escala da sala de brinquedo e o cubículo adjacente, desenhados para filmar crianças (de Lee e Hutt, 1964).
Figura 31. Vista da sala de brinquedos tomada da entrada.
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142 Observação Direta c Medida do Comportamento
de grande abertura) na abertura e cobrir toda a sala. Cortinas pretas nas janelas do cubículo controlavam a entrada da luz no túnel atrás da câmara, e permitia que o cubículo fosse utilizado como um quarto escuro para revelar e analisar o filme (Lee e Hutt, 1964). O procedimento adotado neste estudo foi o mesmo descrito no Capítulo 5, exceto que o observador permanecia no cubículo e não na mesma sala que a criança. Isto era feito, afirmando-se à criança: “Vou terminar meu trabalho aqui durante alguns minutos. Você gostaria de brincar com esses brinquedos enquanto isso?” O comportamento da criança era filmado durante os dez minutos seguintes. O registro ob tido era quase contínuo. Por economia, foi utilizada uma convenção: Visto que o principal interesse era focalizar respostas a objeto novo, depois de filmar 10 a 25 segundos de uma atividade que envolvia ou tro brinquedo, o resto da seqüência de atividade era registrado em uma folha de dados e sua duração medida com um cronômetro. A análise desses dados infelizmente foi uma tarefa um tanto ifediosa. O filme foi passado num visor dotado de um contador e ana lisado em termos de atividades, por exemplo, manipula alavanca en quanto olha para a janela, ou anda em círculo chutando bola. Para a finalidade do estudo, exigia-se uma análise pormenorizada do com portamento dirigido para o objeto novo. Eram registrados separada mente diferentes modos de manipular objeto. Na folha de análise (Ta bela IX ) as três colunas da esquerda continham a seguinte informa ção: (1) leitura do contador no fim de cada atividade, (2) o número de quadros ocupados por aquela atividade (obtido subtraindo-se da leitura anterior), e (3) conversão do número de quadros a número de segundos (por exemplo, 240 quadros filmados a 16 quadros por se gundo ocupariam 15 segundos). Para conveniência aritmética, as en tradas eram registradas de baixo para cima no papel. Quando a sessão experimental havia sido inteiramente registrada dessa maneira e obtida a duração de cada atividade, podia ser calcula do o tempo gasto em cada classe de atividade (por exemplo, locomo ção, investigação do objeto, etc.), somando-se as durações, individual mente, das atividades consideradas como pertencentes à classe. Os resultados quantitativos obtidos dos sujeitos filmados se mostraram muito similares àqueles, obtidos através do registro de lista para as sinalar. Esta medida de fidedignidade foi tranquilizadora. Consideramos o Acmade Miniviewer extremamente satisfatório para a análise de filme de 16 mm (Figura 32). Esse visor projeta uma figura suficientemente grande (162 mm por 112 mm), possibilitando INDEX BOOKS GROUPS
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TABELA IX Folha de Análise para Dados Filmados N.° do quadro
Quadros
Segs.
4226 4112 4037 3760 3701 3522 3434 3236
114 75 277 59 179 88 198 70
3166 3080 2963 2836 2673
86 117 127 163 103
2570 2521
49 177
2344
228
2116 2033 1913 1844 1745 1302 1295 1147
83 120 69 99 443 7 148
7 5 17 3* 11 5» 121 41 30 51 7 8 10 61 35 3 11 15 14 40 20 5 8 4 6 28 1 9
Atividade
enrosca-o novamente coloca lâmpada na boca desenrosca lâmpada arrasta objeto retira-o — examina, experimenta parafusos e lados manipula alavanca sobe e senta-se sobre o objeto experimenta contadores, toca objeto desmonta caminhão — pára em pé desmonta caminhão empurra caminhão senta — mostra caminhão anda ao redor, segurando caminhão em pé toca a janela coloca barris no caminhão senta no chão com caminhão e barris anda até a porta e depois até o espelho quebra o caminhão desmonta caminhão segura boneco desfaz o laço do boneco toca botões do boneco engatinha ao redor toca a alavanca manipula alavanca LH aponta lâmpadas e monologa coloca lâmpadas na bcca desenrosca lâmpada Princípio
assim uma análise bem pormenorizada, bem como o uso de uma tela superposta, se necessário. Parada imediata, recomeço e reversão são controlados por um botão. Um transformador rotativo possibilitou o controle manual para projetar a diferentes velocidades desde quadro por quadro até 75 quadros por segundo. Uma minuteria (para filmar a velocidade padrão de 24 quadros por segundo) pode ser substituída por contadores de metragem de película cinematográfica normalmente INDEX BOOKS GROUPS
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Figura 32. O Acmade Miniviewer: monitor de filme cinematográfico de 16 mm.
disponível. Este aparelho é extremamente fácil de ser operado e é portátil. Os resultados de uma análise fílmica do comportamento de um grupo de crianças com acentuada lesão cerebral são comparados com os de crianças normais (Figura 33). Em termos do tempo dispendido na investigação do objeto, as crianças lesionadas mostraram relativa mente pequena habituação, durante seis sessões, quando contrastadas com as crianças normais. Em outras palavras, parecia que os sujeitos com lesão terebral retinham pouca informação sobre as propriedades do objeto de uma sessão para a outra. Cronologicamente, os estudos, que usaram filme cinematográfico, são anteriores aos mesmos estudos, que usaram listas de assinalar, e foi durante a análise de filmes que se tornou clara a distinção entre comportamentos superficialmente similares, ou pelo menos entre com portamentos que aparentemente tinham efeitos similares. Embora o observador tivesse conhecimento de que estavam ocorrendo mudanças qualitativas do início ao fim do experimento, mesmo nas respostas dirigidas ao objeto, somente era possível especificar a natureza dessas mudanças depois da análise de filme. Essa análise mostrou que nas
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INDEX BOOKS GROUPS Métodos e Técnicas III: Filme e Videotape 145 Somente som
SOM E VISÀO
Figura 33. Proporções de tempo gasto por crianças normais e por portadoras de iesâo cerebral, de idades comparáveis, na investigação de um objeto Inteiramente novo, na primeira exposição e nas cinco subseqüentes (de Hutt, 1968).
primeiras duas sessões a fixação visual era sincrônica à manipulação do estímulo novo e a expressão facial era de concentração: sobrance lhas ligeiramente franzidas e boca numa linha firme (Figura 34 A, B). Num estágio posterior, usualmente durante a terceira ou quarta sessão, a manipulação tornava-se mais ativa; ocorria às vezes com exploração visual simultânea de outros estímulos e a expressão facial tomava-se mais relaxada (Figura 34 C, D). Finalmente, nas últimas duas sessões as respostas ao objeto adquiriram quase um ar displicente, a visão e a manipulação deixaram de ser simultâneas e dirigidas para o objeto e a expressão facial se relaxou em geral com um sorriso (Figura 34 E, F). Outros objetos podiam ser agora incorporados nas atividades de brin quedo. Um menino com mais idade usava a alavanca da maneira mais engenhosa, como um microfone de um cantor (Figura 35). Este tipo de análise qualitativa, propiciando a distinção traçada entre investigação e brinquedo (a primeira resposta descrita acima), foi facilitada pela possibilidade de passar o filme, repetida e lenta mente. Foi também possível especificar quais os componentes altera dos do padrão total e a maneira pela qual foram alterados. Embora INDEX BOOKS GROUPS
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A Inspeção
C intenção de Investigar
B Tentativa de Investigação
D Investigação ativa (expressão facial relaxada indicando uma fase de transição do investigar ao brincar.
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E Manipulação nãoconvencional
F Brincando de cavalgar, enquanto incorpora ou tros objetos.
Figura 34. Seis quadros filmados em seqüência com um filme cinematográfico de 16 mm ilustrando a transição da investigação ao brinquedo, de uma criança de três anos de idade.
Figura 35. Resposta de brincar de um menino de seis anos de idade usando a alavanca como um microfone de cantor.
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a atenção de um observador seja atraída para a metamorfose gradual da atividade exploratória com a passagem do tempo, é difícil enume rar suas características através do registro com papel e lápis ou mes mo através do registro com gravador de fita, visto que o observador não tem conhecimento da transição até que a mesma seja completada.
A cinética do comportamento Durante a última década e meia muito se ouviu sobre o estudo da cinética. Em especial, Birdwhistell reafirmou seu valor para a análise do comportamento no nível molecular (1963, 1965). Embora os aspectos distintivos do método tenham sido descritos e enfatizadas as suas implicações para o estudo do comportamento, pouco, parece ter sido publicado sobre seus aspectos técnicos: como o registro é feito, que forma de análise é adotada, ou qual a forma de apresentar os resultados obtidos. Entretanto, recentemente esta lacuna foi par cialmente preenchida por uma contribuição que pelo menos tenta de monstrar como se procede a uma análise cinética (Condon e Ogston, 1966). Foi produzido um filme cinematográfico (48 quadros por se gundo), sonoro, de duas pessoas conversando. O filme foi depois pas sado através de um projetor de análise. Um segmento do filme (14 quadros), ocupando o tempo gasto pelo sujeito B pronunciando a pa lavra “Eu” (sujeito A ouvindo) é mostrado como um material ilustra tivo e inteiramente reproduzido (Figura 36). As anotações dos autores foram: Passando manualmente o projetor de filme do quadro 11043 até 11045, a cabeça do sujeito B que se movia para baixo e ligeira mente à direita durante o período de um quadro, simbolizado por “lig (B, E)” na Figura 1, agora vira para baixo e inclina-se para a direita. Durante os mesmos três quadros a boca se fecha, o lábio superior move-se ligeiramente para trás, enquanto o inferior mo vimenta-se para cima; o tronco é ligeiramente inclinado para a direita, o ombro direito movimenta-se para a frente e gira para fora ligeiramente; o cotovelo direito flexiona com o pulso direito fechado. Os dedos e o polegar da mão direita movem-se em dire ções específicas durante os mesmos três quadros. Nenhum outro movimento foi detectado em outras partes do corpo. A direção de mudança dos movimentos descrita acima é assim mantida durante esse período de tempo (3/48 de um segundo). Passando rapidamente do quadro 11043 através do 11046 e notando mudança na direção no quadro 11046, a próxima “unidade de intervalo” parece começar e o seu limite terminal precisa ser INDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Métodos e Técnicas III: Filme e Videotape 149 SUJEITO B
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Figura 36. Seqüônca do registro do sujeito B pronunciando EU (I), enquanto o sujeitoi A ouve. (De Cond oji e Ogston, 1966)
detectado. Um movimento rápido se inicia a partir de 11045 (o último quadro antes do começo de um novo intervalo) através de 11046 e 11047 para ver se a mudança ocorre na cabeça, no 11047. No presente caso, a mudança ocorre, indicando que esta pode sei uma unidade de um quadro. Se nenhuma mudança tivesse sido detectada, o próximo movimento teria sido através de 11046, 11047 e 11048. O procedimento acima é repetido com cada uma das partes do coipo. O fato de verificar que quase todas as mudanças de direção percebidas das outras partes do corpo em movimento ocorriam também no quadro 11047 foi considerado como um dado a mais para tratar o 11046 como uma unidade de um quadro. (Este fator de redundância na mudança de padrão é um elemento INDEX BOOKS GROUPS
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importante no critério de decisão para determinar “unidades” no movimento do corpo.) Assim, durante o quadro 11046, a cabeça do sujeito B se move primeiramente para baixo, mas também continua a girar li geiramente para a esquerda; a boca continua fechada, mas o lábio superior está agora relativamente parado e o inferior se move li geiramente para cima; o tronco move-se agora um pouco para trás; o cotovelo flexiona e coloca-se para cima; enquanto isso os movi mentos da mão direita continuam os mesmos. As partes do corpo mantiveram-se juntas na direção da mudança. Usando o mesmo procedimento, os dois próximos quadros, 11047 e 11048, revelam ainda outras mudanças na direção man tida por quase todas as partes do corpo, até o próximo corijunto de mudanças que são mantidas nos quadros 11049 e 11050 e 11051, terminando precisamente no fim da palavra “Eu” (pág. 340).
Ê notável como os padrões e constelações das mudanças comportamentais se revelam: até mesmo o menor movimento de um dedo raramente ocorre isolado, as configurações de movimento são clara mente evidentes. Estes movimentos por sua vez mantêm uma relação distinta com os elementos da fala. O que é ainda mais notável na ins peção da figura são. os movimentos sincronizados e também configuracionais do sujeito que apenas está ouvindo. Tais sutilezas de pormenores certamente não seriam discemíveis por qualquer outro meio além da análise do filme. Entretanto, é desapontadora a ausência de progresso na análise cinética do compor tamento. O procedimento ainda aguarda melhoria no sentido de per mitir uma quantificação e expressão do movimento em termos mais sistemáticos e gerais. Embora Condon e Ogston enfatizem seu poten cial de uso na análise do comportamento patológico, seu material ilus trativo é uma descrição simples em nível específico e concreto. Dizer que a característica distintiva do comportamento de um esquizofrênico crônico em relação a um sujeito normal “é o movimento ‘semi-enregelado’ do seu corpo, acompanhado de uma qualidade monótona na sua fala”, pouco acrescenta à descrição clínica, e não exige as cinematográ ficas sofisticadas usadas neste estudo. Além disso, ainda precisa ser provado que o grau da micro-análise envolvida neste tipo de proce dimento justifica, em termos dos dados obtidos, o enorme gasto de tempo e esforço. Por exemplo, filmar com 48 quadros por segundo, realmente fornece duas vezes mais informação ou até mesmo mais informação do que filmar com 24 ou mesmo 16 quadros por segundo? Qualquer método ou técnica é tão boa quanto o uso que se faz dela. Em princípio esta técnica parece um instrumento promissor para o es INDEX BOOKS GROUPS
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tudante do comportamento, mas é preciso aguardar uma aplicação mais ampla antes de avaliá-la.
Análise do andar no ser humano Uma micro-análise mais pormenorizada de uma atividade sim ples, o andar, foi realizada de maneira elegante por Murray e seus colegas (1964, 1966, 1967). Seus resultados se basearam em uma análise de padrões de movimentos de 60 homens de 20 a 75 anos de idade. O método de registro permitiu analisar os componentes tempo rais e estruturais do padrão e inter-relações sutis dos vários compo nentes puderam então ser mapeadas. A técnica de registro consistiu em uma fotografia clara interrom pida, feita com uma câmara com velocidade controlada. Foram colo cadas nos sujeitos fitas refletidas em vários pontos determinados. Ca minhavam na semi-obscuridade, e a filmagem foi feita com uma ASCOR Speedlight com um flash à razão de vinte por segundo. Desse modo, eram registradas no filme em série, as posições escolhidas, nos momentos de iluminação. Esses pesquisadores usaram filme Royal X Pan. De acordo com Murray (1967) a locomoção tem três proprie dades funcionais: (1 ) manter o corpo ereto; (2) manter o equilíbrio na posição ereta, e (3) execução do movimento de andar. A maneira pela qual essas três funções se subordinam é ilustrada por uma aná lise pormenorizada do ciclo de andar: Um ciclo de andar é o intervalo de tempo entre instantes sucessi vos do primeiro contato do pé no chão para o mesmo pé (direito para direito ou esquerdo para esquerdo). Para os sujeitos normais o apoiar o calcanhar marca o início do contato pé-chão. A fase parada é o período quando o péestá emcontato com o chão; e a fase de oscilar ,quando o pé está no ar, movendo-se para a frente no sentido de criar o próximo passo. Como os pe ríodos parado e oscilando ocorrem alternadamente para os dois membros, um deles deve prover suporte e balança a fim de liberar o membro oposto para oscilar para a frente e criar o novo passo. Portanto, as habilidades pré-requeridas para produzir os mecanis mos de suporte, balança e passo interdependem na sua função e devem operar simultânea e continuamente na locomoção efetiva e independente. A evidência de um dos pré-requisitos funcionar efetivamente sem os demais é óbvia (pág. 292).
Aanálise deu condições sem dúvida de propor definições de uma natureza muito precisa, e estas por sua vezderam origem a uma INDEX BOOKS GROUPS
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definição operacional de andar em termos dos componentes lineares e estruturais e não temporal: “A definição do andar com as duas per nas, comparada ao correr exige que a extremidade do pé-suporte per maneça em contato com o chão até que o pé oposto entrou em contato com o chão.” A análise dos movimentos de andar livre de 30 homens normais mostrou uma velocidade média de 151 cm por segundo com um des vio padrão de 20. Quando se pediu aos sujeitos para andar mais de pressa, a velocidade média aumentou para 218 cm por segundo (des vio padrão 25). Esses números indicam um bom grau de homogenei dade nas velocidades do andar, embora, em geral, a extensão dos pas sos de sujeitos altos seja maior do que a dos baixos. Verificou-se que homens normais aumentaram sua velocidade do andar com passadas mais longas em menos períodos de tempo, um passo medido como a distância linear uentre pontos sucessivos do contato com o chão do mesmo pé”. Outro resultado de alguma relevância foi a independência relativa de várias dimensões dos passos e a idade cronológica de 20 a 60 anos, mas depois dos 60 anos os homens tendiam a dar passos mais curtos. Além disso, “a duração dos componentes temporais su cessivos e a extensão dos passos sucessivos são rítmicos” — no andar livre ou apressado no modo de andar normal. “Esses componentes tem poral e livre são arrítmicos em muitos modos de andar patológicos.” Murray analisou também os padrões de rotação dos membros su periores e inferiores, o sentido vertical do calcanhar e dedos, a rotação transversal da pélvis e tórax, e os sentidos vertical, lateral, e para a frente da cabeça e pescoço durante o ciclo do andar. Ilustrando este tipo de dados derivados dessa análise, a Figura 37 mostra padrões de rotação simultânea do quadril, joelho e tornozelo de um homem nor mal. Ê surpreendente a freqüência de ocorrência de uma reversão na direção da rotação. Como comenta Murray: A fase parada nunca se caracteriza pela extensão total das três juntas principais, somente um instante breve no início da fase de balanço se caracteriza por flexão total. Uma análise cuidadosa de todos os três padrões durante o ciclo revela que embora as dire ções da rotação estejam mudando constantemente, as três juntas principais raramente giram simultaneamente na mesma direção. Assim, os padrões dc movimento complexo do andar normal im pedem uma junta de flexionar quando as adjacentes estão esten didas e vice-versa. É difícil deixar de impressionar-se com o con-
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Homem normal
pacientes hemiplégicos
perna perna perna perna normal Parética Parética normal
B paciente com dor no quadril
pacientes com paralisia agitada
perna perna perna perna direita esquerda esquerda direita
Figura 37. Padrões de rotação dos quadris, joelhos e tornozelos, para três velocidades no andar, de um homem normal (as deflexões para cima, em traço = excursões de flexionar; as defTexões para baixo, em linhas ponti lhadas = excursões de extender (De Murr ay, 1967).
trole sensório-motor exigido para produzir esse movimento coor denado. É também interessante e clinicamente significativo notar para treinamento do andar a seqüência normal de flexão preparatória inicial para a fase de balanço do quadril, joelho e tornozelo. Ve rifica-se novamente que, embora cada uma das três juntas partici pem com alguma flexão que produz o encurtamento relativo da perna para a remoção de impedimento entre pé e chão, a inicia ção do movimento de flexão nunca é simultânea. O andar normal caracteriza-se por uma discreta seqüência de flexão preparatória, a fase de balança, com o joelho flexionando em primeiro lugar, aos 0,40 seg do ciclo, o quadril em segundo, aos 0,50 seg, e o ângulo perdura até 0,65 seg. Na verdade, quando o tornozelo inicia a flexão, no início da fase de balanço, o joelho quase completou sua flexão principal (pág. 302).
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Murray também comparou o modo de andar normal com pa drões anormais em três pacientes, um com artropatia unilateral, que causava dor no quadril, outro com hemiplegia, e o terceiro com bilate ral de paralisia agitada. Como seria de se esperar, as velocidades do andar dos três pacientes era muito menor do que a dos normais, mas os primeiros mostraram também maior irregularidade nos seus padrões de deslocar-se para a frente bem como nas durações dos componentes temporais sucessivos do ciclo de andar. As posições das pernas, no momento inicial de contato com o chão, são mais verticais e menos oblíquas do que a dos sujeitos normais (Figura 38). A técnica de registro e o método de análise neste estudo não têm somente interesse
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Figura 38. Diagrama de linhas traçadas de registros fotog ráficos mostrando posições dos membros e tronco no instante inicial do contato do pé com o chão em ambas as extremidades de um homem normal com 1,73 m de altura e três pacientes inválidos (altura 8: 1,78 m; C: 1,76 m e D: 1,70 m). A largura dos passos de cada sujeito d mostrada abaixo de cada figura.
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teórico e técnico, pois, os dados que fornecem têm importância clínica e prática. Tal informação é de relevância particular para os que su pervisionam programas de reabilitação e treinamento para inválidos. Embora a técnica de registro use filme fotográfico e não cinematográ fico, com certas modificações pode ser útil na análise de outras habi lidades, por exemplo, em crianças espásticas.
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Capítulo 7
COMPORTAMENTO SOCIAL Os problemas de um registro preciso de interações sociais entre vários indivíduos são os que mais desafios apresentam à engenhosidade do cientista do comportamento. Não somente são os comportamen tos sociais inerentemente sutis e complexos, mas o fato de em qualquer situação natural geral vários indivíduos interagirem e se movimentarem, amplia enormemente a tarefa de acompanhar um determinado indiví duo ou de registrar com precisão encontros particulares. Foram feitas tentativas para contornar o mais possível os problemas reduzindo o número no grupo, marcando os animais e seguindo-os individualmen te, ou só registrando certas atividades pré-selecionadas. Apesar destes cuidados, o comportamento humano e a comunicação social, em parti cular, parecem tão complexos e sofisticados que o seu registro e aná lise envolve uma tarefa formidável. Nessa área, talvez mais do que em qualquer outra, muito teríamos que aprender e nos beneficiaríamos grandemente do trabalho pioneiro dos etólogos cujo principal interesse é realmente o comportamento so cial. Na verdade, muito aprendemos com eles sobre a identificação de posturas e poses bem estereotipadas, sobre a elucidação dos mecanis mos causal e funcional, e sobre interpretações biologicamente relevan tes. Mas pouco aprendemos sobre as técnicas essenciais empregadas na coleta de dados — as técnicas de sua disciplina. Um número surpreendente de estudos potencialmente valiosos não apresentam pormenores sobre as técnicas de registro empregadas. Estamos nos referindo aqui principalmente aos aspectos como - e que aspectos dos métodos e só secundariamente aos aspectos por que - e - quando dos fenômenos. Por essa razão, o número de estudos que podem ser citados é bastante limitado. Embora sejam interessan tes os resultados ou original a conceptualização, é difícil justificar a inclusão de estudos, que omitem pormenores de procedimento. A aplicação das técnicas já discutidas ao comportamento social será considerada, neste capítulo, levando-se em conta os estudos reaINDEX BOOKS GROUPS
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lizados com animais e sujeitos humanos, nos quais elas foram utili zadas. REGISTRO COM GRAVADOR DE FITA Distância individual em macacos Numa pesquisa sobre a separação espacial característica entre semelhantes, que animais gregários mantêm, Rosenblum e colaborado res (1964) usaram dez macacos pigtails (macaca nemestriná) e dez bonneth (macaca radiata). Os vinte animais foram divididos em qua tro grupos, cada um com um macho adulto e quatro fêmeas adultas. Foi observado um grupo de cada vez em uma ordem diária randomizada entre 9.30 às 13.30 horas, pelo menos três dias por sema na, durante oito semanas. As observações foram realizadas da se guinte maneira: Utilizando uma série randômica, cada S do grupo foi o foco da observação durante um período de 90 segundos, repetindo-se uma vez a seqüência de todos os sujeitos do grupo, totalizando assim 180 segundos de observação diária focalizada em cada S. O E ditava os comportamentos observados sob a forma de padrões de comportamento predefinidos, e altamente codificados, num gravador de ftia Dejur Stenorette que funcionava continua mente. O E registrava o início e o fim de cada comportamento social no qual se envolvia o S focalizado, incluindo aqueles que iniciava e aqueles dos quais era um receptor, além de indicar o(s) companheiro(s) envolvidos(s). Dessa maneira podia-se acompanhar o comportamento social do S durante o período em que este era focalizado e também sempre que cie interagia com outro ani mal durante o período que este outro era focalizado. Assim, o es core teórico máximo para os compoitamentos sociais de cada S, observando-se cinco Ss, era de 900 segundos. A fita, que corria continuamente no gravador, forneceu o re gistro do tempo entre cada comportamento observado. Uma mínuteria eletrônica padronizada estava ligada em paralelo com a fita do gravador, registrando as durações a intervalos de um segundo (pág. 339).
Embora muitas categorias tenham sido registradas, os autores con sideram que duas delas são particularmente pertinentes à medida da distância entre indivíduos: (1) proximidade (isto é, “posição passiva em pé ou sentado a não mais do que 3 cm de outro animai sem man ter qualquer contato ou envolver o outro em comportamento social adicional”) e (2) contato passivo (isto é, “permanecer em contato INDEX BOOKS GROUPS
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físico com outro sem envolver este em outro qualquer comportamen to social”). A concordância entre observadores quanto às durações desses comportamentos foi de 90 por cento, embora isto seja esperado quando se observam dois padrões claramente definidos. Os resultados mostraram que os macacos bonneth gastam significamente mais tempo em contato passivo do que os macacos pigtails. Embora uma tendência similar ocorresse quanto ao comporta mento proximidade, a diferença entre as espécies não foi significativa. Os autores concluíram que “proximidade e contato passivo podem ser manifestações de sintomas subjacentes diversos e que a tendência a contato passivo pode ser uma característica específica da espécie.” Talvez algumas observações preliminares tivessem economizado tem po e esforço dos autores ao registrarem uma quantidade substancial de dados que, subseqüentemente, foi considerada periférica ao objeto do estudo.
Comportamento social em roedores Ao estudar os comportamentos sociais de roedores, Grant (1963) fez em primeiro lugar uma análise dessas atividades no rato macho dc laboratório e, subseqüentemente, Grant c Mackintosh (1963) fi zeram uma análise comparativa das posturas observadas nas interações sociais de várias espécies de roedores comuns. Nesses estudos, um ani mal era introduzido na caixa viveiro de outro e um comentário sobre o comportamento de ambos era ditado num gravador de fita de dois canais. O comentário era feito por dois observadores, cada um deles descrevia um animal. Palavras-código foram usadas para registrar atos e posturas. Visto que um dos 'Étoectos que interessava a esses autores era o padrão seqüencial desse? elementos, um problema que tiveram de enfrentar foi o de como decidir quando uma seqüência não era uma seqüência. Em outras palavras, que códigos sucessivos de uma trilha da fita do gravador pertencia a uma seqüência e qual a outra. Grant adotou a convenção de que um intervalo acima de três segundos se parava um ato de uma seqüência precedente. Algumas das posturas descritas por esses autores são apresenta das na Figura 39. A análise que Grant faz das seqüências de compor tamento exemplifica o procedimento analítico, etológico, tradicional. Grant Üustra seu tratamento dos dados, com referência a quatro atos: ameaça, ataque, postura agressiva e aparência agressiva. Ele os INDEX BOOKS GROUPS
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dispôs em uma matriz como a apresentada na Tabela X. Cada célula indica quão freqüentemente um certo ato precedente é acompanhado pelos demais. Uma análise de que atos de um animal são seguidos por atos do outro resultou numa “seqüência de correlação cruzada”. Através de processos dedutivos e indutivos de raciocínio, Grant orga-
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c Figura 39. Posturas sociais no rato (de Grant, 1963). A. Aparênci a agressiva (animal à esquerda), agachado {animal à direita). B. Postura ereta ofensiva (esquerda), e postura ereta defensiva (direita). C. Postura ereta (esquerda), postura inclinada defensiva (direita). D. Postura ereta defensiva (esquerda), postura inclinada ofensiva (direita).
TABELA X Freqüência Com Que Certos Atos Dos Ratos São Acompanhados Por Outros; Os Atos Precedentes Estão Colocados Na Vertical E Os Conseqüentes Na Horizontal (de Grani, 1963). Postura Aparência Ameaça Ataque Total agressiva agressiva 44 131 12 75 Ameaça 66 — 14 52 Ataque 0 19 — 0 19 Postura agressiva 0 30 15 Aparência agressiva 1 14 —■ __
Total
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246
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nizou as várias posturas e atos em sistemas motivacionais e estes por sua vez em seus componentes. Em outras palavras ele construiu um etograma do comportamento social do rato. Para uma pessoa que não conhece etologia, grande parte dos ar gumentos e da nomenclatura usada pode parecer irrelevante. Vamos portanto considerar como Grant chegou a uma das suas conclusões: “Postura Agressiva e Postura Submissa são expressões de agres são e fuga nos pontos terminais da seqüência”. Que evidência, por exemplo, existe de que a postura submissa é um caminho para a fuga, ou que a postura agressiva seja agressiva? Grant começa com uma premissa: “Reconhece-se que o com portamento social combativo é motivado por dois impulsos principais, agressão e fuga”. Em um artigo anterior, Grant e Chance (1958), a Postura Submis sa foi considerada como indicando que o rato ao mostrar essa postura se submetia e perdia para o adversário. Esta postura foi usada porque era facilmente reconhecível e havia um forte senti mento subjetivo de que os animais que a mostravam haviam se submetido. Os seguintes pontos indicavam que esta suposição era correta. Se a ocorrência da Postura Submissa nas seqüências é compa' rada com a forma mais direta de fuga, Recuo, verifica-se que elas parecem ocorrer na mesma posição. As Posturas Ereta Defensiva e Inclinada Defensiva conduzem ambas, num nível mais alto do que se esperaria, à Postura Submissa e ao Recuo. Postura ereta defensiva submissa 102 (esperado 24) Recuo ereto defensivo 96 (esperado 43) Postura inclinada defensiva submissa 105 (esperada 19) Recuo inclinado defensivo 41 (esperado 33) (pág. 264).
Num simples relance, estas posturas Defensivas parecem condu zir claramente ao recuo, muito mais freqüentemente do que se poderia esperar por acaso, mas testes estatísticos teriam fortalecido o argu mento de Gfant. Outras linhas de evidência corroboram a natureza de fuga dessa postura. Grant afirma: “Essa postura é uma das poucas que ocorrem nos pontos terminais do comportamento social, a razão dos atos que a precedem e dos que a acompanham é 454: 195” e ainda: As sequência de correlação cruzada mostram que a postura ocorre, muito mais freqüentemente, como uma resposta do que é acompa nhada por resposta; o outro rato, usualmente, deixa de atuar social mente e se afasta. Também pode-se observar nessa correlação cruINDEX BOOKS GROUPS
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162 Observação Direta e Medida do Comportamento zada que ela ocorre em resposta à forma exteriorizada de Agressão, o Ataque. A resposta ao Ataque é a Postura Submissa 27 (espe rada 4).
O primeiro argumento não identifica necessariamente a motivação subjacente a essa postura, mas o segundo é muito mais convincente. Grant continua argumentando: Esses fatos parecem mostrar que a Postura Submissa é uma expressão de submissão motivada por um impulso de recuar. Se isto for aceito, a Postura Agressiva, equivalente à postura do ani mal agressivo na qual ele se coloca no ângulo direito sobre o corpo de um animal em Postura Submissa, pode então ser considerada como uma expressão de dominância motivada por um impulso agressivo. Outra evidência desse fato é a relação positiva que mantém com formas de agressão mais manifestas, Ataque e Mor dida. Ataque Mordida
Postura Agressiva 52 (esperada 5) Postura Agressiva 10 (esperada 2)
Verifica-se também uma ausência acentuada de correlação entre as posturas de recuar. Postura Ereta Defensiva e Postura Inclinada Defensiva levam à Postura Agressiva somente uma vez cada, com parando com os valores esperados de 23 e 17 (pág. 265).
Esse pesquisador acrescenta novamente três linhas de evidência sobre natureza agressiva da postura agressiva, parecendo a segunda mais convincente e pertinente do que as outras duas. Embora não seja tão rigorosa quanto poderia ser, acreditamos na importância desse tipo de análise. A originalidade de Grant na elucidação dos caminhos motivacionais distintos merece aplausos. Gos taríamos que algumas destas estatísticas de significância fossem apli cadas, particularmente onde os números não indicam muito claramen te o argumento, pois esse pequeno refinamento aceleraria considera velmente a reaproximação entre as disciplinas psicologia e etologia.
Atividades de brinquedo em crianças de escola maternal Neste estudo realizado há 40 anos atrás, Bott (1928), com mui tos outros, limitou-se a observações escritas. Dado que alguns aspec tos da análise são extremamente originais e pertinentes ao retrato de determinadas relações que operam no comportamento de interação, e permanecem até hoje, descreveremos a seguir partes relevantes do estudo. INDEX BOOKS GROUPS
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Bott estava particularmente preocupada em desenvolver um mé todo para registrar e analisar satisfatoriamente o comportamento de brincar de crianças com idades de dois a cinco anos. Antes de uma formulação mais sistemática, ela fez várias observações não dirigidas do tipo diário. Durante essa fase cronometrou as durações de cada incidente registrado com um cronômetro manual. Esses registros pre liminares mostraram que parecem existir três categorias principais de comportamento dirigido para: (1) materiais usados no brinquedo, (2) adultos supervisores, e (3) companheiros. De acordo com essas cons telações, as observações subseqüentes foram registradas em três colunas, uma para cada categoria, com as durações de cada atividade anotada ao lado. Várias abreviações e símbolos foram usados a fim de facilitar o registro. As crianças foram observadas em uma situação de brinquedo li vre, durante aproximadamente uma hora. O observador sentava-se, sem interferir, em um dos cantos da sala. Eram três os observadores, cada um registrava o comportamento de uma criança diferente. Somente uma categoria, relações com outras crianças, será aqui descrita em pormenores, visto que nela foi empregado um método de análise que devia ser extremamente original quando Bott o usou pela primeira vez. Foram selecionadas cinco atividades para investigação nesta categoria: falar (F), olhar (O), interferência (Int.), limitação (Lm), cooperação (Co). Embora se possa questionar sobre a adequabilidade dessas atividades é claro que a própria autora tinha al gumas reservas em relação à seleção. A seleção de categorias para a classificação de comportamento é, naturalmente, uma parte fundamental do método. ... Ao esco lher tentamos evitar categorias predeterminadas e derivar nossos ti pos empiricamente de observações preliminares imparciais. . . . O elemento de julgamento do observador foi minimizado ao máximo baseando a discriminação num ato observável. Assim, quando uma criança interfer«, ela desempenha algum ato específico que pode ser registrado na coluna de registros descritivos. A variedade de atos como estes pode (e na realidade o faz) indicar a necessidade de estudo posterior dos tipos de interferência a fim de definir o significado dessa categoria, mas tal refinamento de definição pres supõe a coleta do material de um modo grosseiro e rápido como o fizemos. ... Consideramos que o fato de um método como esse possibilitar que a análise seja continuada em outros níveis de refi namento desejado, é uma vantagem e uma marca de força. Quan do isso ocorre as próprias circunstâncias delimitam o número de novos problemas que podem ser formulados para estudo. Ê dese jável, portanto, que, independentemente do nível de análises a ser
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164 Observação Direta e Medida do Comportamento perseguido em um estudo, os termos empregados para caracterizar os fenômenos observáveis sejam o menos ambíguos possível. O fato de os nossos observadores encontrarem comparativamente pe quena dificuldade no reconhecimento e classificação do comporta mento dessas crianças segundo o critério escolhido é talvez uma evidência de que os conceitos usados eram, até certo ponto, ade quados, mas a comparabilidade dos registros só foi alcançada de pois de conferência cuidadosa e crítica sobre o uso desses termos descritivos (pág. 51).
A freqüência com que cada criança mostrou essas cinco catego rias de respostas a cada outra criança é apresentada na Tabela XI. As crianças, que iniciavam a ação, foram aglomeradas por idade na ordeRespostas sociais entre onze crianças, em cinco categorias Falar, interferir, olhar, incitar, cooperar A s o r i e h n a p m o c s u e s a e t n e r f a ç n a i r c a d a c e d
todas as respostas Totais
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TABELA XI (De Bott, 1928). INDEX BOOKS GROUPS
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nada, e as crianças para as quais a atividade se dirigia na abscissa. Portanto, os totais da direita indicam freqüências gerais de respostas para pa ra cada cad a criança em direção a todas as outras crianças e, inversa inversa mente, os totais na base indicam a freqüência com que o comporta mento foi dirigido para cada criança. Os quadrados com traçado mais forte indicam os pares que tiveram mais interação, em termos de fre qüências de respostas. Falar foi claramente a categoria de resposta mais comum, e au mentava de freqüência com a idade. A criança com mais idade, O (54 meses), obteve o escore mais alto, a maioria (80%) das suas intera ções foram verbais. N, somente um mês mais nova que O, mostrou ser conside considerave ravelme lmente nte menos menos voca vocal,l, e quatro crianças crianças (A, E, F e M ) que mostraram freqüências similares de comportamento verbal diferiram muito quanto à idade, pois tinham, respectivamente, 26, 31, 36 e 52 meses de idade. Apesar de sua idade, E era extremamente ativa. Mais de metade das suas interações contudo eram perturbadoras (interferência, 157); não é de surpreender, portanto, que todas as outras crianças respon diam a ela de alguma maneira mas, a maioria das vezes, verbalmente (36). M e O tinham claramente uma relação recíproca. O adotava um papel dominante e M um de aquiescência (imitação (imita ção 18). 18 ). Inspecio nando a matriz pode-se ver que M ocupa uma posição peculiar na hierarquia social. Uma boa quantidade de comportamento, principal mente verbal, foi dirigido para ele, mas ele próprio iniciou um número muito pequeno de interações, a maioria das quais de tipo imhativo e quase sempre dirigidas a O. Não foi suficientemente suficientemente esclarecido esclarecido se todos os encontros sociais sociais entre as crianças foram registrados sob uma ou outra dessas cinco categorias ou se determinados tipos de atividades foram omitidas. Seja qual for o caso, a resultante perda de uma categoria significante, como brigar brig ar ou discutir, é surpreendente e lamentável. lamentável. Nesse grupo de idade, em geral, agressão e destrutividade destrut ividade são fre qüentemente manifestas física e verbalmente, em ocasiões com efei tos imprevisíveis. Seria interessante ao leitor saber se este era um grupo de crianças particularmente bem comportadas, se o comporta mento desordenado era impedido pela intervenção do adulto, ou se foi incluído numa categoria mais geral tal como “interferência”. As categorias usadas nesse estudo são, sob vários aspectos, in satisfatórias. Primeiro, evidencia-se grande disparidade no poder de definição das categorias. Algumas como “olhar” e “imitação” são deINDEX BOOKS GROUPS
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finidas pelos próprios termos; outras, como “falar”, são mais gerais e talvez menos significativas — tanto um apelo quanto um expletivo seriam incluídos nessa categoria. Apesar das várias reservas que se poderia ter em relação a dev terminadas particularidades deste estudo, em geral constituiu uma tentativa exemplar de registrar e analisar alguns aspectos do compor tamento de crianças novas em uma situação livre. A própria autora tinha conhecimento dos problemas de amostragem sistemática e repre sentativa e dos azares da categorização e seleção de comportamento. No entanto, ela procurou procuro u definir especificam especificamente ente a resposta a ser in cluída em cada categoria, e mesmo quando alguma classificação pare ce ter sido feita retrospectivamente, foi feito um esforço para alcançar homogeneidade e concordância no processo. Colegas de Bott também utilizaram esse método de registro (com algumas pequenas modificações) e análise, no estudo de hábitos de sono e alimentação de crianças (Chant e Blatz, 1928, Blatz, 1928) e sua investigação dos efeitos do dormir durante o dia no sono da noite e o critério que opera no desenvolvimento, por exemplo, dos hábitos de alimentação, são protótipos de estudos posteriores talvez mais so fisticados. Afirmou-se que os resultados desses estudos bem como as quesíões metodológicas propostas por esses autores foram subvalo rizadas por estudantes contemporâneos do comportamento. Finalmente, o método de Bott de analisar e representar os dados de interação das crianças é altamente eficaz. Apresentadas dessa ma neira, relações que podem ser sutis e submersas em diferentes níveis são reveladas com alguma clareza. As tendências também se tornam mais evidentes, por exemplo, a partir dos dados de Bott fica claro que as crianças não interagiam exclusivamente, e nem mesmo prima riamente, com crianças da sua mesma idade, um fato que surpreende a muitos. Considerando que esta contribuição foi apresentada há 40 anos atrás parece ser particularmente original nesse campo. LISTAS PARA ASSINALAR E REGISTROS DE EVENTOS Comportamento de Macacos em Grupos Num estudo para pa ra determinar determin ar os padrões de respostas de maca cos rhesus jovens, na ausência de animais adultos, Bernstein e Draper (1964) usaram listas para assinalar atividades tanto individuais quan to de grupo. Como a lista de categorias e definições que utilizaram é abrangente abrang ente e explícita, foi foi reproduzida reprod uzida na Tabela Tabel a VII. Essas são são as as INDEX BOOKS GROUPS
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XII Definições das Categorias de Comportamento de Macacos Rhesus Jovens (de Bemstein e Draper, 1964). Tabela
Termos
Definições
Beber Comer
Lamber ou sugar líquido. Qualquer objeto ou porção desaparecendo inteiramente nu boca. Nenhum movimento movimento durante toda a unidade de tempo com olhos fechados ou parcialmente fechados. Atividade dirigida para si mesmo, incluindo coçar-se, limpar-se, etc. Carregar, empurrar ou puxar objetos com as mãos, boca ou pés. Qualquer vocalização.
Descansar Auto Manipular Vocal Limpar Limpar
Exame do cabelo ou pele de outro animal, usando as mãos com alguns movimentos da boca. Investigação social Exame dos orifícios do corpo ou feridas de outro usando primariamente a boca. boca. Agressão Morder, bater ou esmurrar vigorosamente outro. Briga Boca aberta, olhar fixo no outro — às vezes com a ca Ameaça beça para par a a frente e abaixada, acompanhada de ataque e grunhidos. Aproximação rápida de outro usualmente seguida de Ataque ameaça. Perseguição rápida de outro. Caça Afastamento rápido dé outro. Fuga Dentes cerrados, lábios apertados — às vezes iom gritos. Careta de medo Em pé, com pernas e braços estendidos ao longo do cor Posição servil po e mantendo esta postura passivament passivamentee — às vezes vezes com careta de medo e gritos. Sexo Vira os quadris elevados para o outro, afasta a cauda e Sexo preseníe pode pode olhar para par a trás. Membros superiores nos quadris de outro, pés seguram Montar os tornozelos do outro. Inclui brincar de lutar e caçar e se caracteriza por inter Brincar rupções freqüentes, poses deliberadas, comportamento incompleto e silêncio. Amplo contato do corpo com o peso de um, parcialmente Amontoar suportado pelo outro. Um deles ou ambos podem se gurar o outro e a cabeça de um animal pode repousar no dorso do pescoço do outro animal. Qualquer mudança na locomoção do corpo maior ou Movimentar pelo pelo menos igual igual ao tamanho taman ho do corpo. Cerca de 90 cm de outro. Proximidade Qualquer contato além dos mencionados. Contato Permanecer em um local durante o período de uma uni Passivo dade de tempo sem envolver-se em qualquer outra atividade e com os olhos abertos. Movimentos rápidos do lábio e língua produzindo um Apertar os lábios som não-vocal, e dirigido a outro quando não envol vido em limpeza. Localizado a um quarto de altura do conjunto. Localização alta
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INDEX BOOKS GROUPS 168 Observação Direta e Medida do Comportamento
categorias incluídas na lista individual, a lista do grupo continha so mente 12 das principais categorias. Nesta lista somente foi registrado o número total de animais que participavam em cada uma das ati vidades. Três machos e oito fêmeas foram abrigados em um complexo ao ar livre. As observações individuais foram realizadas cinco vezes por dia num período de 20 dias e durante cinco minutos de cada vez. A lista para assinalar era dividida em intervalos de 30 segundos; “um si nal indicava a ocorrência de uma atividade pelo menos uma vez du rante a unidade de 30 segundos de tempo/’ Foram assinaladas listas individuais e de grupo completas de cem sessões de observação. Os resultados quantitativos foram computados em termos de per centagem de intervalos, nos quais uma determinada atividade ocorria. Os autores afirmam: A característica distintiva do grupo jovem era o fato de os mem bros do grupo, em média, despenderem 85% do seu tempo pró pró ximos entre ent re si. si. Quando Qua ndo próximos os indivíduos indivíduos estavam estavam em con tato não especificado durante cerca de um quarto do tempo, amon toavam-se no outro quarto dó tempo e limpavam-se cerca de um quinto do tempo. . . . Beber, Beber, agressão, agressão, sexo sexo e brincar ocorria, cada um, durante 5% ou menos das unidades de tempo registra das e os Ss Ss permaneciam passivos, passivos, aproximadamente 8% do tempo.
Visto que se tirava uma amostra do comportamento, cada 30 se gundos durante somente cinco minutos cada vez, pode parecer ina dequado indicar percentagem de tempo gasto na atividade A ou B. Mas, os autores compensaram seus intervalos relativamente longos de tempo e sessões curtas com o registro de um maior número de obser vações realizadas. No entanto, o problema colocado pelo fato de um evento evento de breve breve duração (por (p or exemplo exemplo,, um grunhido) e um outro outr o de maior duração (isto é, limpeza) terem ambos o mesmo escore, se acentua. Embora isto seja uma limitação inerente a qualquer lista de assinalar, seu significado diminui em proporção inversa à extensão do intervalo de tempo. Além disso, os autores deste estudo deixaram de mencionar se anotavam todos os animais simultaneamente — fazer isto com onze animais seria uma tarefa formidável para um observador — ou se animais específicos eram acompanhados em cada sessão. Pelos pormenores fornecidos fornecidos,, a primeira alternativa parece ser a mais mais pro pro vável, e sendo este o caso é difícil ver como todos os animais poderiam ser assinalados nas 25 categorias. INDEX BOOKS GROUPS
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Comportamento Maternal e Infantil em Macacos Um dos melhores estudos, que utilizou uma lista de assinalar com uma forma pouco comum é o de Hansen (1966), no qual ele investi ga o desenvolvimento do comportamento maternal em macacos rhesus. Dois foram os grupos principais de sujeitos neste estudo: estu do: 1) o grupo da mãe real observado no recreio, composto de quatro crias machos que eram mantidos com suas mães do nascimento até o 15.° mês do idade, e 2) o grupo de mãe substituta observado no recreio formado por duas crias machos e* duas fêmeas fêmeas separadas de suas mães no nas cimento e criados com mães substitutas (Harlow e Zimmerman, 1959). Os dois grupos foram mantidos em lugares separados. De cada grupo, uma cria e sua mãe ocupavam uma das quatro gaiolas viveiro locali zadas ao redor de uma área central de brinquedo (Figura 40). Esta unidades do recinto de recreio
Situação do recinto de recreio
Figura igura 40. 40. Plano do piso da situa situação ção de recreio recreio (de Hansen Hansen,, 1966)
área era dividida em quatro células de brinquedo. A entrada de uma gaiola viveiro para a área de brinquedo era construída de tal forma que somente a cria, devido ao seu tamanho, poderia passar por ela. Foram feitas observações de dois animais (mãe-cria e cria-cria) e de interações entre quatro animais, mas somente as primeiras serão men cionadas aqui. A lista de assinalar de Hansen é ligeiramente fora do comum no sentido de que qu e embora em bora ele ele registrasse uma amostra de compor tamenINDEX BOOKS GROUPS
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170 Observação Direta e Medida do Comportamento
to cada quinze segundos, as categorias eram indicadas por meio de símbolos e não figuravam nos títulos das colunas. Em outras palavras sua lista de assinalar era extremamente simples: duas colunas com dez linhas cada. Cada quinze segundos um sinal luminoso indicava um novo período de tempo e observações consecutivas eram anotadas em linhas sucessivas. A subdivisão de cada linha em duas partes permitia registrar os comportamentos da mãe e da cria separadamente mais acima e mais abaixo, respectivamente. As unidades de comportamento foram defi nidas em termos de padrões motores. Um símbolo geral foi usado para uma categoria ampla de comportamento (por exemplo, um círculo para brincar), e uma variação nesse símbolo indicava subcategorias. Algumas das definições das principais categorias de Hansen e suas subdivisões são apresentadas a seguir: I Comportamentos mãe-filho. A. Embalar. Prover suporte através de contato ativo para a cria, por meio dos braços e/ou das pernas. B. Limpar. Abrir e retirar do pelo com ou sem a mão para movimentos da boca. C. Punir. Morder, bater, puxar o pelo ou rejeitar a cria, o último definido como evitar as tentativas da cria de alcan çar, manter ou retomar contato. D. Reter ou agarrar. Reter ou agarrar a cria, o primeiro referindo-se a uma interferência ativa às tentativas do filho de afastar-se da presença da mãe; o segundo, à restauração do contato por parte da mãe. E. Sinais de volta (1) “Careta tola.” Uma expressão facial exibida pela mãe constituída de uma retração dos cantos da boca e apertar dos lábios simultaneamente acompanhada ou não de vocalização. (2) “Apresentação afetiva.” Assumir a posição sexual fe minina envolvendo uma postura rígida, exposição dos genitais e orientação visual para a cria, sendo esta geralmente evidenciada pelo olhar por sobre os om bros ou através das pernas. III Comportamentos filhote-filhote A. Ameaçar (1) Face ameaçadora. Um padrão facial envolvendo abai xamento do pelo da cabeça e retração das orelhas. (2) Frangir o frontal. Um padrão facial similar ao da face humana, envolvendo o franzir das sobrancelhas e expressão de desprazer.
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B. Padrões de brincar (1) Brinquedo bruto e tombo. Brinquedo com contato con sistindo em morder, empurrar e luta. Mudanças fre qüentes de local da mordida, acompanhadas de balan çar da cabeça eram registradas nessa categoria. Sub seqüentemente a categoria foi subdividida em partici pação mútua e unilateral. Nesta última o animal não participante, em geral, permanecia passivo ou submisso. (2) Brinquedo de aproximação — afastamento. Manobras de ataque orientadas pela visão que envolviam pelo menos dois ou mais ataques e retração. O último era subentendido se o componente de orientação e o vigor da atividade envolvida indicava definitivamente com ponentes similares a ataque nos comportamentos exi bidos. Esta categoria foi depois subdividida em parti cipação mútua e unilateral; neste último caso o animal não participante em geral permanecia passivo. (3) Brinquedo misto. Oscilação rápida entre padrões de brinquedo de contato e não-contato com predominâncias dos últimos. C. Contato não-especíjico. Contatos difusos do corpo tais como os envolvidos em esfregar-se, cair sobre ou dar um encon trão no outro animal. Esta categoria era registrada tam bém como contatos breves, mas claros que, devido à bre vidade em que ocorriam, constituíam um desafio para a análise (pág. 113).
Em sessões de fidedignidade foram obtidos coeficientes de cor relação de fidedignidade entre observadores variando de 0,83 a 0,99 exceto para a exploração visual da mãe pela cria, cujo coeficiente de correlação foi de apenas 0,64. Nenhuma explicação foi apresentada para a baixa fidedignidade encontrada no registro desta categoria, mas pode ter ocorrido que o contato físico inicial muito próximo do filhote com a mãe tenha dificultado a avaliação da simples inspeção visual da mãe isoladamente. Nas interações entre dois animais, dois observadores trabalhando simultaneamente registraram comportamento do filhote e mãe ou ou tro filhote, respectivamente, durante trinta minutos. Os resultados mais relevantes deste estudo talvez sejam os rela cionados ao declínio geral do comportamento protetor positivo da mãe para com o filhote, e o aumento do comportamento rejeitador nega tivo, com o avançar da idade do filhote. A quantidade de embalar a cria pela mãe, por exemplo, reduziu drasticamente do primeiro ao terceiro mês, enquanto que o comportamento da mãe, de punir o fi INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS 172 Observação Direta e Medida do Comportamento
lhote, aumentou do primeiro ao quinto mês para depois decrescer à medida que este aumentava de idade (Figuras 41 e 42). O contato intimo entre mãe e filhote era, no início, muito grande. Decresceu com a progressão da fase positiva, rapidamente no primei ro, segundo e terceiro meses e depois disso mais lentamente. O au mento de respostas punitivas e negativas por parte da mãe coincidia com maior interação entre filhotes e exploração por parte do filhote. No comentário de Hansen, “uma das funções primárias que a macaca mãe desempenha é vista na contribuição que dá à emancipação gra dual e definitiva do seu filhote*’. EMBALAR DO FILHOTE PELA MÃE
BLOCOS DE TRINTA DIAS DE IDADE Figure 41.
Tempo gasto pela mãe embalando fi lhote (de Hansen, 1966)
Uma das categorias que distinguiu o grupo da mãe real do gru po da mãe substituta foi a grande incidência de contato não-específico nas interações entre pares no último grupo (Figura 43). Esta catego ria incluía “contatos físicos não descritíveis difusos resultantes de com portamentos sociais desajeitados e inadequados e refletia organização e orientação inapropriadas entre filhotes”. Em outras palavras, o gru
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po de mãe substituta apresentava comportamento social inadequado. A discrepância entre os dois grupos era bem maior inicialmente e se reduzia, com o aumento da idade, à medida que os filhotes desse grupo se beneficiavam com a experiência. Esses dados ilustram os tipos de informação fornecidos por tal estudo. Este é um estudo modelo no que concerne às tentativas feitas para apresentar definições claras e explícitas de categorias de respos tas. Algumas dessas categorias não estão talvez tão adequadamente definidas quanto outras, e pode-se argumentar, por exemplo, que conPUNICÃO MATERNAL
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BLOCOS DE TRINTA DIAS DE IDADE Figura 42. Tempo gasto em punição pela máe (Hansen, 1966)
tatos físicos específicos não podem ser legitimamente incluídos em uma categoria onde constem também contatos não específicos, mas em ge ral, a delineaçâo e definições são significativas e satisfatórias. As definições ou descrições classificam comportamento social com base em complexos motores, suplementados por elementos contex tuais. Portanto, a interpretação era uma parte importante da técINDEX BOOKS GROUPS
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174 Observação Direta e Medida do Comportamento nica de observação desta investigação como o é na maioria dos estudos de comportamento social.
A maior limitação do método de registro, usado neste estudo, re side no fato de ser necessário um período de experiência apreciável antes que qualquer observador possa esperar ser capaz de reg.strar com fidedignidade a maior parte das categorias, particularmente por que os símbolos individuais do código colocam um desafio de memó ria a qualquer indivíduo. Entretanto, os altos coeficientes de fidedigni dade entre observadores demonstram ser possível ultrapassar essas dificuldades com a prática. CONTATO.NAOESPECÍFICO
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§< CL V ) UI CO o: £ o oUJ 2 £ O O íü BLOCOS DETRINTADIAS DE IDADE Figura 43. Tempo gasto em contatos não-específicos (de Hansen, 1966)
Eleito de restrição na nfância sobre o comportamento social de macacos Macacos separados de suas mães, no início da infância, e criados em condições socialmente restritas mostram muitos aspectos de res postas aberrantes e inadequadas, em seu comportamento social subse-
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qUente. A fim de investigar alguns desses efeitos, Mason (1960) com parou seis macacos rhesus, nascidos em cativeiros e separados de suas mães no primeiro mês e alojados subseqüentemente em gaiolas indivi duais, onde podiam ouvir e ver outros filhotes de macacos sem ter con tato físico, com outros seis apreendidos no campo c mantidos com vinte macacos da mesma idade. Quando estudados, o primeiro grupo tinha 28 a 29 meses de idade e o segundo 20 meses. Cada macaco foi observado com outro do mesmo grupo duran te 16 sessões de três minutos. As observações foram registradas “num painel de chaves com múltiplas categorias, que operava as penas de um registrador Esterline-Angus, compondo um registro contínuo de freqüência, duração e padrões temporais das interações sociais”. Mason usou onze categorias de respostas e suas definições são apreicntadas abaixo, com a percentagem de fidedignidade obtida, entre parêntesis: 1. Aproximação: movimentar-se até a distância de um metro e oitenta em do outro macaco (75%). 2. Agressão: inclui vocalização intensa (gritos, grunhidos), mor der, empurrar. 3. Limpar: apanhar sistematicamente no pelo de outro animal com as mãos (95%). 4. Montar: agarrar de modo característico as cadeiras do par ceiro com as mãos e prender suas pernas com os pés (96%). 5. Brincar: acrobacias, bater, lutar e morder. Menos vigoroso e intenso do que a agressão, não é acompanhado por vocaliza ção intensa e raramente elicia gritos ou outra evidência de dor no parceiro (79%). 6 . Apresentação sexual: assumir a posição feminina do acasa lamento. Os traseiros são elevados e virados para o parceiro (60%). 7. Facilitação social de exploração: atividade de um animal com relação a um aspecto inanimado da sala elicia aproximação, observação ou apresentação de comportamentos similares em outro (59%). 8 . Investigação social: investigação visual, manual e/ou oral próxima do parceiro. Interesse particular por aberturas. 9. Confiança: movimentos de aproximação e recuo geralmente seguidos de montar (95%). 10. Orientação visual: observação passiva do outro (66%). 11. Afastamento: movimento abrupto afastando-se do outro. Não registrado durante o brincar ou agressão, a não ser que ele termine a interrelaçâo (65%) (pág. 583).
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O comportamento de cada animal foi registrado separadamente, e enquanto o comportamento ocorria, a chave correspondente à res posta era pressionada indicando desse modo sua duração. Verificou-se que brincar ocorria mais freqüentemente no grupo restrito do que no outro; a média de aumento foi, respectivamente, de 342,0 a 179,8 incidentes. Não ficou claro se esses escores refe rem-se à freqüência de ocorrência do brincar ou referem-se à dura ção total das atividades de brincar. Visto que essas medidas são, em geral, inversas e não diretamente relacionadas entre si, a interpretação do comportamento depende basicamente de que escore está sendo usado. Parece provável que os números citados acima referem-se à medida de freqüência. Tanto no grupo restrito quanto no natural os machos envolviam-se mais em brincar do que as fêmeas; na rea lidade, brincar deixava de ocorrer se um par de fêmeas era isolado. Limpar ocorria por períodos mais longos de tempo em pares naturais do que em pares restritos, a duração média foi de, respectivamente, 25,3 e 1,6 segundos. A freqüência de episódios agressivos foi significantemente maior e a duração mais longa em animais restritos. Por outro lado, episódios de comportamento sexual eram mais freqüen tes no grupo natural. Não se constatou diferença significativa entre grupos, na freqüência de aproximações, afastamentos ou investigação social, o que confirma a opinião dos interessados nas influências que o meio tem, na infância, sobre o desenvolvimento social. A reduzida concordância alcançada entre observadores em algu mas categorias desse estudo é muito provavelmente um reflexo da im precisão de definição. Alguns dos termos descritivos, utilizados na es pecificação de determinadas características parecem necessitar de me lhor definição. Por exemplo, a categoria 7, como definida, incluiria muitos outros comportamentos além dos que são verdadeiramente ex ploratórios. Ademais, a primeira parte da descrição da categoria 6 pouco diz sobre o tipo de padrão de comportamento apresentado e parece claro que a segunda parte é insuficientemente precisa para permitir uma categorização fidedigna. A apresentação sexual e na realidade muitos outros atos e posturas em primatas infra-humanos são comum e implicitamente considerados como comportamentos mui to estereotipados. Mais recentemente já se chegou a afirmar de modo explícito: “Somente três observadores foram empregados e as catego rias eram tão claras que não foi necessário testar a concordância en tre os observadores” (Hinde e colaboradores, 1964). A reduzida fidedignidade alcançada por Mason e seus colaboradores é, portanto, INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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uma advertência muito salutar contra a complacência que muito fa cilmente pode se apresentar em pessoas que trabalham na área de comportamento. Muito freqüentemente, pesquisadores confiam, inde vidamente, que todos os demais pesquisadores estão familiarizados com as espécies, que estudam, quanto eles próprios. Finalmente, no que concerne à facilidade de contagem e de aná lise, o registrador de evento tem uma vantagem sobre outros métodos mais pormenorizados, mas mais trabalhosos, e muitas das suas limita ções podem ser ultrapassadas pela utilização de categorias, adequada mente definidas. Além disso, medidas de duração existentes, suficien temente precisas e mensurações de inter-relações temporais, tais como sincronia, podem ser extremamente precisas. FILME E VÍDEO-TAPE Exibição do pato Goldeneye (Bucephala clangula) Estudar o comportamento de animais individualmente, como membros, que interagem num grupo grande, é uma tarefa extrema mente difícil. Os indivíduos não somente atuam, mas reagem aos outros membros e a identificação dos comportamentos estímulo-res posta, de um lado, e os comportamentos desencadeados espontânea ou endogenamente, por outro, exigem técnicas ou instrumentos de observação sensíveis. O estudo do comportamento de cortejar do pato Goldeneye, feito por Dane e Van der Kloot (1964), é por várias razões importante, em especial porque, segundo as palavras dos autores: “(ele) pode ser um passo para compreender. . . outras seqüências complexas de com portamento desempenhadas por animais que vivem livremente”. O principal objetivo do estudo foi o de ver se o comportamento de cor tejar nc.ssa espécie formava “uma seqüência predizível”, em condições naturais. Ao fazer esse estudo pormenorizado, Dan e Van der Kloot usaram filme cinematográfico, pois eram de opinião que “o único dis positivo capaz de registrar interações comportamentais complexas no campo é a câmara de filmagem”. Expuseram 22 mil pés de filme, usando uma câmara Arriflex de 16 mm com lentes de 400 mm ou 600 mm com um carretel de 400 pés. Este último aspecto significa que as interrupções para recarregar filme foram consideravelmente reduzidas (visto que a câmara era eletricamente acionada), 400 pés permitiam registrar quase quinze minutos de comportamento contiINDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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178 Observação Direta e Medida do Comportamento
nuamente. A filmagem foi feita com 24 quadros por segundo. Os pássaros foram filmados nos lugares em que nasciam bem como na queles em que passavam o inverno. A análise dos registros cinematográficos foi pormenorizada e ri gorosa. Com o auxílio de uma minuteria Bell e Howell e de um pro jetor Motion Study, o filme foi projetado em uma tela perfurada; cada furo, correspondente a um pássaro, era numerado e anotado a cada cinco pés do filme. À medida que o filme era projetado, os dados iam sendo transferidos para folhas de papel, pautado com linhas verticais, espaçadas a intervalos regulares (cada espaço = 1,6 segundos) ao longo de um eixo horizontal de tempo. Pássaros diferentes foram re gistrados em linhas horizontais separadas. Foi possível, assim, regis trar todas as ações apresentadas por um grupo, em função do tempo. A partir dessas folhas podiam ser determinadas também as seqüências exatas de eventos. Os autores usaram a convenção seguinte: se até cinco segundos depois da ação de um pássaro não se registrava ação de outro, então a primeira ação não servia como um estímulo para eliciar comportamento de outros indivíduos. (Esta convenção é seme lhante à utilizada por Grant e descrita em páginas anteriores.) Em bora a análise tenha se restringido a registros de grupos de menos de quinze pássaros, parece questionável que todos os atos de outros pás saros, que ocorriam no período dos cinco segundos após o ato A apre sentado pelo pássaro B sejam de fato respostas a A. As descrições e análises das várias posturas e padrões apresentados são extremamente pormenorizados e, num primeiro artigo (Dane e colaboradores, 1959), define descritivamente cada um deles. Essas definições acompanham uma análise minuciosa de “uma figura de números a ser vista através de um visor Bell e Howell Filmotion Viewer.” O filme original foi tomado em negativo. O número de quadros, usados em todas as apre sentações foram contados. Apesar da rapidez dessas apresentações — multas duravam apenas um pouco mais de um segundo —■os autores foram capazes de diferenciar versões lentes e rápidas, breves e longas de cada uma delas indicando as médias e os desvios padrão das dura ções pois não ocorria superposição. Em outras palavras, como no exemplo da gaivota de Tinbergen (citado no Capítulo 6), ocorreu uma descontinuidade temporal entre uma apresentação e outra. A cla reza dessa descontinuidade é impressionante, como mostra o exemplo de Dane e colaboradores: O movimento como o de gurupés durou 0,78 ± 0,16 segundos com o jogar da cabeça mais curtd e 1,25 ± 0,12 com o mais
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longo. Este é um exemplo de dois movimentos cuja forma é apa rentemente idêntica mas que pode ser facilmente separada com base em duração. Isto também ocorre com o jogar da cabeça e elevá-la. Em ambos os casos não se observaram formas interme diárias (pág. 270).
Em seu artigo, Dane e Van der Kloot estavam preocupados, entre outras coisas, com a questão da variabilidade inter- e intra-indivíduos na duração de determinadas exibições estereotipadas, quatro das quais estão ilustradas na Figura 44. Um padrão simples de movimento, co mo o de jogar a cabeça, tem claramente pequena variabilidade intra-individual mas mais interindividual; em padrões mais complexos, co mo jogar a cabeça com o movimento de gurupés, o inverso é verdaJOGAH A CABEÇA
' i — $ S S---duração dos quadros ----
média = 31,8 desvio-padrào = 0,08 n°de ações — 138 n° de individuos = ?4
JOGAR A CABEÇA COMO O MOVIMENTO DE GURUPÉS média — 47.5 desvio-padrào — 3,5 n” de ações — 76 n° de indivíduos = 18
-------
duração dos quadros
MOVIMENTO LENTO DE JOGAR A CABEÇA
MOVIMENTO RÁPIDO DE JOGAR A CABEÇA média = 29,6 desviopadráo — 0.08 n ” d e aç õ e s = 4 9 n° de indivíduos = 18
média = 5.16 desvio padrão = 11 n° dc ações _ 12 n° de indivíduos = 5
duração dos quadros
dyraçáo dos quadros
Figura 44. Duração da exibição de quatro ações. Cada linha horizontal mais forte representa a amplitude de duração das ações de um indivíduo; a abscíssa registra a duração nos quadros do filme. A amplitude de variação total do indivíduo é igual à amplitud e do grupo. A referência é fornecida quanto à duração média de cada ação, o desvio padrão das variações individuais, o número de ações analisadas e o número de indivíduos que desempenham as ações (de Dane e Van der Ktoot, 1964).
deiro. Em geral, constatou-se que um pássaro era constantemente len to ou rápido no desempenho de vários padrões, mas o que ressalta é o grau de homogeneidade indicado, pelos desvios muito pequenos da média. E surpreendente que, por exemplo, no “jogar a cabeça, alguns pássaros não variam o tempo em mais do que 0,04 segundos, de um caso para outro”. O desvio foi usado como uma medida de estereoti pia ou rigidez; quanto menor o desvio, mais estereotipado o pássaro. Tal grau de precisão não seria alcançado com nenhum outro método de registro.
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180 Observação Direta e Medida do Comportamento
Os autores usaram também os registros em furos para avaliar distâncias entre pássaros, e mostraram que padrões diferentes foram apresentados a diferentes distâncias de outros pássaros. Tais resulta dos são de importância evidente na avaliação do significado motivacional dos vários padrões. Somente 8.300 pés dos 22 mil pés de filme rodado durante o estudo foram analisados da maneira descrita. O resto foi rejeitado com base em tamanho variado ou complexidade dos grupos. Parece desperdício descartar quase dois terços de dados de filme, tão laborio samente coletado. Parece que esse gasto injustificável poderia ter sido evitado visto que os autores se mostraram cientes das exigências. Por outro lado, os pormenores do registro e análise, sistematicamente de senvolvidos, merecem ser destacados.
Comportamento em uüna colônia de macacos Em um capítulo sobre “Comportamento livre e estimulação do cérebro”, Delgado (1964) discutiu métodos diferentes de registrar comportamento, problemas de definição de categorias de atividade, e como os dados podem ser avaliados. A preferência inequívoca de Delgado era por filme cinematográfico, mas como ele estava interes sado em registrar o comportamento dos seus macacos durante dias e noites, esta era não somente a técnica mais apropriada, mas a púnica possível. Os animais foram alojados em gaiolas de cerca de 2ml0 x 90 cms x 90 cm em uma sala com ar condicionado e à prova de som. A gaiola era iluminada com tubos de néon; foi mantido um ciclo constante de doze horas claro-escuro. Os registros foram feitos com filme branco e preto Tri-X (adequado para iluminação moderada), usando-se uma câmara Bell e Howell de 16 mm ativada por um so lenóide. Delgado constatou que a filmagem durante a noite poderia ser feita usando filme infra-vermelho de alta velocidade e com fil tros infra-vermelhos. Na análise, utilizou um projetor para estudo de tempo e movimento projetando o filme em blocos de dez quadros. Em termos mais precisos, a técnica envolveu fotografar com intervalo de tempo na razão de um quadro por segundo e não propriamente filmagem com as velocidades convencionais. As categorias de comportamento foram identificadas por símbolos-letras (por exemplo, G = limpeza O = limpo Y = brincar; X = atacar, E — comer, etc) e os animais por meio de números (Figura INDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Comportamento Social 181
média variabilidade
comportamento
ESTÁTICO a) individual Ldeitar B enrodilhar S sentar I em pé Hdependurar-so b) social N aninhar dinâmico a) individual P limpar E comer Dbeber J mover o corpo Wandar U bocejar F limpar-se b) social G limpeza O limpado Y brincar R correr V esquivar-se Q ameáçar C agachar-se X atacar x ser atacado Z apresentar-se Mmontar Ksei montado
53
0Î10
12
o »
7790 38
30401440Í 0255
«97
2342340
5634
22406330
*9 76
16216830
2086
5605300
160
50458
304
57589
1539
8152315
15
538
29'* 1
10005780
23U
3683490
1845
6882630
0 19
6 3 2
0 .8
0 3
0 ,5
0 3
0
0 0
2 .2
■08
27
• 1.800 segundos (30 min.)
0 0
270
É .2
214
0<1
01
0 .1
01
Figura 45. Categorias de comportamento com suas letras-código e suas incidências relativas (de acordo com Delgado, 1964).
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INDEX BOOKS GROUPS 182 Observação Direta e Medida do Comportamento
45). Assim o registro 1 de 05 significa macaco número 1 sendo limpo por macaco número 5; ou D P J 2 significava macaco número 2 be bendo, beliscando e movimentando o corpo. Depois de examinado cada bloco de dez quadros, os símbolos do comportamento eram “datilo grafados com uma máquina IBM.de datilografia elétrica ligada a um painel de contadores elétricos”, os contadores somavam as entradas em cada categoria a cada mil quadros, isto é, 33 minutos. Muitas me didas podiam, subseqüentemente, ser extraídas desses protocolos e algumas delas, com os resultados apresentados por Delgado, são ar roladas a seguir: 1. Distribuição espacial. O macaco que mandava, freqüentemen te ocupava mais de 50 por cento da gaiola, amontoando os demais em um espaço relativamente pequeno; ou locais físi cos específicos eram preferidos para apresentar determinados comportamentos. 2. Padrões de comportamento relativo à mesma atividade. O mesmo resultado final pode ser alcançado por meios diversos, por exemplo, “beber pode ser feito tomando água com a mão, com a língua, lambendo ou chupando”. 3. Distribuição no tempo. Algumas categorias de comportamen to ocorreram predominantemente em períodos específicos do dia (por exemplo, o cuidado com os filhotes se concentrava na metade da manhã e metade da tarde), enquanto outras, como andar, ocorriam uniformemente durante todo o dia. 4. Contato social. Quantidade de contato, ou esquiva, aparente mente indicava gostar ou não gostar; determinadas combina ções de pares de animais nem foram observadas, outras o fo ram raramente, enquanto que outras o foram freqüentemente. Fotografar com exposição longa a intervalos curtos de tempo como os empregados por Delgado é um método excdente para se obterem registros durante um período longo de estudo. Os puristas viram nesse modo de fotografar um método de amostra de tempo. E o é estritamente falando, entretanto, quanto mais freqüente a expo sição, mais contínuo será o registro. Argumentar que filmar 16 qua dros por segundo não diferia, em princípio, de filmar um quadro por segundo, seria uma crítica igualmente legítima. Em termos de tempo de análise, este procedimento é relativamen te econômico. Delgado sustentava que a análise de uma categoria iso-
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lada tal como montar, que ocorria em todos os animais durante o de correr de um dia, ocupava no máximo uma hora. A análise pormeno rizada de todas as categorias de comportamento, que ocorriam em um dia, levava um més. No tocante à análise, este procedimento é real mente rápido. Visto, porém, que a análise foi feita em blocos de dez (cada um deles de 20 segundos), pergunta-se que Vantagem particular resultou de filmar à velocidade de um quadro, cada dois segundos.
Encontros sociais de autistas A maior parte da literatura sobre autismo infantil, ou mais gene ricamente, o síndrome esquizofrênico da infância, concorda que o principal aspecto do diagnóstico desse quadro clínico é o descrito por Creak e colaboradores (1961) como “inter-relações pessoais constan temente reduzidas” e por Eisenberg e Kanner (1958) como uma ina bilidade para relacionar-se com outras pessoas. Embora a literatura apresente numerosas descrições clínicas pormenorizadas de tais casos, são reduzidas as tentativas para especificar ou investigar sistematica mente quais são os determinados aspectos da interação social defi citários. Através de observação sistemática da natureza dos contatos so ciais, apresentados por essas crianças em um ambiente suficientemente natural, tentamos delinear mais claramente os componentes desses en contros. A análise de registros fílmicos constituiu um valioso comple mento para essas observações. Oito crianças autistas, do sexo masculino, com idade variando de três a seis anos, foram observadas em seu comportamento social no recreio de um hospital e ocasionalmente no jardim. Essas crian ças quase sempre brincavam sós. Ocasionalmente, porém, corriam para uma enfermeira e subiam no seu colo, ou levantavam as mãos como que para serem pegas; mas a face era mantida abaixada de modo a evitar o contato visual direto com a face de adulto. Quan do machucadas, invariavelmente corriam para um adulto. Esses ges tos de aproximação tinham uma forma normal, isto é, não se distin guiam das de crianças normais exceto em um aspecto — aversão pela face. Mesmo quando uma criança está nos braços de um adulto mantém sua face em direção oposta à da face do adulto, e qualquer tentativa para fixá-la faz com que a criança cubra seus olhos com as mãos (veja Figura 47). A fim de levar o adulto a apresentar certas
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184 Observação Direía e Medida do Comportamento
ações, .a criança movimentará as pernas do adulto de maneira apro priada, mas continuará a evitar olhar para sua face. A Figura 48, por exemplo, mostra essa criança que deseja que a enfermeira a acompanhe em uma determinada direção; a criança puxa mantendo sua face voltada para outro lado. Essas observações e análise dos registros filmados indicam, por tanto, que com exceção da aversão pela face, todos os demais com ponentes dos encontros dessas crianças autistas são os mostrados por crianças normais. \
Figura 46. Resposta típica de uma criança autista às mãos estendidas de um adulto (desenhado de um filme cinematográfico de 8 mm) (de Hutt e Ounsted, 1966).
Um experimento com autistas, utilizando-se modelos de faces humanas e animais já havia sugerido que, apesar da baixa freqüência observada de fixações visuais em faces humanas, essas crianças obti veram suficiente informação para serem capazes de evitar esses estí mulos particulares. Essa informação pode ser adquirida por meio da visão periférica, ou olhadas rápidas, ou ambas. Olhadas rápidas se riam fixações muito breves para serem cronometradas ou até mesmo
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Figura 47. Resposta de uma crian ça autista a tentativas repetidas de um adulto para fazer contato visual (desenhado de um filme cinemato gráfico de 8 mm) (de Hutt e Ouns ted, 1966).
Figura 48. Criança autista procuran do puxar adulto, mantendo a face virada (desenhada de um filme cl nematográfico de 8 mm) (de Hutt e Ounsted, 1966).
observadas com precisão. Portanto, dado que, neste tipo de paranóide, olhadas furtivas ocorrem muito freqüentemente nesses sujeitos, o registro através de filme cinematográfico pareceu essencial para sua análise. Além disso, não está devidamente esclarecido quanta infor mação se obtém através de visão periférica; também nesse sentido a análise através de filme mostrou-se insubstituível. A Figura 49 mos tra três estágios sucessivos no comportamento de olhar de duas crian ças, ambas querendo ocupar a cadeira. A criança a observa b (Fi
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gura 49A) mas b está olhando para seus brinquedos no chão; b olha então para a com o canto dos seus olhos (figura 49B); a olha para o brinquedo no chão, e b olha diretamente para ela (Figura 49C); finalmente a olha para b novamente e b desvia o olhar. O número de quadros e o tempo equivalente ocupado por cada parte da seqüência é indicado. As fixações das duas crianças são tão intima mente sincronizadas e mudam tão rapidamente que cada criança deve
1D F a 0 , 4 2 SEC
Figura 49. A, B e C: Três estágios sucessivos no comportamento de fixar de duas crianças autistas, indicando insucesso completo de contato visu al. O número de quadros e o tempo equivalente ocupado por cada um dos estágios são indicados (desenhado de um filme cinematográfico de 8 mm) (de Hutt e Ounsted, 1966).
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estar recebendo mais do que uma informação mínima sobre a natureza da situação, embora de modo periférico. É surpreendente que nem por uma fração de segundos as duas crianças tiveram um contato olho a olho. Tal seqüência teria sido muito rápida para ser registrada ou analisada por meio de quaisquer métodos de observação. Esta e outras seqüências do filme, entretanto, fornecem evidências do insu cesso persistente dessas crianças em manter contato visual. Evidências substanciais desse tipo nos capacitam a sugerir que a perda de contato visual significou a ausência de um desencadeador apropriado para o que é específico nesse comportamento: em adul tos isto evoca uma sensação de rejeição ou desligamento, entre pares inibe agressão impedindo, porém, interações normais e, mais especifi camente na mãe, deixa de provocar outros comportamentos além de respostas de cuidar do filho (Wolff, 1963).
USO DE TODAS ESSAS TÉCNICAS COMO COMPLEMENTARES Tamanho do grupo e o comportamento social de crianças Num estudo que investigou os efeitos da densidade do grupo sobre o comportamento social, foram usadas todas as três técnicas descritas nos capítulos anteriores: (1) lista para assinalar, (2) grava dor de fita e (3) filme cinematográfico de 8 mm (Hutt e Vaizey, 1966). Dado que esses aspectos foram usados para se obter dados, relativos a diferentes aspectos de interações sociais de crianças, um relato desses dados pode ilustrar os objetivos particulares, previstos para serem al cançados pelas várias técnicas. Preliminarmente, levantou-se a hipótese de que com base na prova fornecida por estudo com animais, o aumento da densidade do grupo afetaria adversamente os encontros sociais das crianças. Considerando a importância das diferenças individuais na nossa espé cie, a hipótese foi suplementada por um adendo afirmando que deter minados efeitos da densidade do grupo variariam de acordo com o indivíduo. Diante das hipóteses anteriores desses autores, em relação a crianças autistas (Hutt e colaboradores, 1964) e àquelas com dis função cerebral (Hutt e Hutt, 1964), pareceu que esses dois grupos de crianças poderiam, talvez, manifestar de forma exagerada, as rea ções de indivíduos introvertidos e extrovertidos da população normal. Os sujeitos tinham de três a oito anos de idade e os grupos foram pareados por idade. INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS 188 Observação Direta e Medida do Comportamento
A situação observada foi um lugar de brinquedo de cerca de 8 m por 5 m e meio no qual em geral as crianças se reuniam para brincar livremente. Três foram os tamanhos dos grupos: 1) pequeno (n < 6), 2) médio (n = 7 — 11) e 3) grande (n > 12). As outras crianças do hospital formavam o resto do grupo (somente dois ou três dos sujeitos estavam presentes em cada uma das sessões). Grupos e densidades foram dispostos em um esquema 3 por 3 do quadrado latino e foram usadas quatro replicações desse esquema. Estamos aqui principalmente interessados nas alterações na inci dência ou freqüência das diferentes categorias de comportamento. A lista de assinalar pareceu ser um método de registro adequado e apro priado. As categorias registradas foram assim definidas: 1. Brinquedo repetitivo = padrão(ões) invariante de mani pulação do brinquedo ou objeto, por exemplo, empurrar um caminhão para frente e para trás. 2. Brinquedo construtivo = juntar, construir ou incorporar mais do que um brinquedo na atividade. 3. Brinquedo destrutivo = jogar, bater, quebrar, chutar brin quedos. . 4. Estereotipia = balançar, balançar a cabeça, encolher os om bros, fazer careta, lamber os lábios, girar sobre si mesmo. 5. Chorar = qualquer vocalização de desagrado. 6. Locomoção. 7. Interação com adultos = aproximação, contato ou conver sa; se o encontro era iniciado pelo adulto, um P era marca do significando que o papel da criança foi passivo. 8. Interação com outra criança = semelhante à anterior. *9. Embalada = criança balançada, acariciada ou nos braços de um adulto, geralmente no colo do adulto. 10. Só = nenhum outro indivíduo ao raio de 60 cm. 11. Ataque = bater, empurrar, beliscar ou chutar adulto (A) ou criança. 12. Evitar = dar as costas à aproximação ou contato de outro. 13. Limite = na faixa de um metro da periferia da sala. 14. Olhar = exploração visual ou inspeção acompanhada de outra atividade qualquer. * Observações preliminares indicaram que algumas crianças, em particular as autistas, passavam grande parte do seu tempo no colo de um adulto.
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O período de observação para cada uma das crianças foi de 15 minutos de duração. Cada uma delas foi observada em três dias dis tintos sob as três condições. Obteve-se a média de três sessões de cada sujeito nas três condições. Comportamentos efetivamente simila res foram então agrupados: 1) categorias três e onze como comporta mento agressivo/destrutivo e 2) categorias sete, oito e nove como interações sociais. Essas duas categorias agrupadas e a categoria treze mostraram os efeitos mais marcantes das diferentes condições de densidade (Fi gura 50). Enquanto as autistas quase não mostraram agressão em nenhuma das condições, as crianças com disfunção cerebral se tomaCOMPORTAMENTO AGR./DESr
Pequeno
A
Médio
Grande.
B
Figura 50. A. Proporções de tempo gasto por crianças normais, crianças com disfunção cerebral e crianças autistas em comportamento agressivo e destrutiva. B. Proporções de tempo gasto por cri anças normais, crianças com disfunção cerebral e cri anças autistas em outros tipos de encontros sociais. C. Proporções de tempo gasto por crianças normais, crianças com disfunção cerebral e crianças autistas no limite, isto é, na faixa de um metro de periferia da sala, nas três condições de densidade do grupo.
ram cada vez mais agressivas com maior densidade. As crianças nor mais, por outro lado, mostraram um aumento significante na agressão somente quando ocorria um aumento apreciável no tamanho do grupo. Com relação aos encontros sociais, que não envolviam agressão, o resultado mais relevante foi o de que, apesar de maior oportunidade INDEX BOOKS GROUPS
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190 Observação Direta e Medida do Comportamento
para interação, a criança normal reduziu seus encontros com o au mento do tamanho do grupo. Era como se essas crianças procurassem regular sua sociabilida de. De modo semelhante, mas mais extremo, as autistas também fize ram o mesmo. Com o aumento da densidade, elas se retraíram cada vez mais para a periferia da sala e, freqüentemente, eram encontradas sentadas com a face para a parede. Além disso, os encontros sociais que ocorreram no grupo grande, com freqüência ligeiramente superior, consistiram, neste caso, quase que inteiramente de aproximações a adultos, com o fim aparente de fugir do tumulto geral, já que a ca tegoria “embalada” foi acentuadamente aumentada. É claro que o método de amostragem foi perfeitamente satisfa tório para dar alguma idéia das mudanças relativas nos totais de ca tegorias diferentes de comportamento sob as condições especificadas. Nossa expectativa original das diferenças individuais no reagir às con dições de densidade foi confirmada. É de particular interesse que as reações extremas de ratos, sujeitos a condições de alta densidade (CaIhoun, 1962), atividade frenética e afastamento patológico, eram se melhantes àquelas apresentadas, respectivamente, pelas crianças com disfunção cerebral e autistas. O procedimento foi essencialmente o mesmo na parte registrada em fita do estudo. O observador sentava-se, nesse caso, sem chamar muita atenção num canto usando um microfone que tinha um longo cabo que deixava a sala através de uma janela próxima que o ligava a um gravador na sala vizinha. Era, então, possível obter descrições mais completas da natureza das interações. Os protocolos transcritos foram analisados da mesma maneira descrita no Capítulo 4. As medidas quantitativas brutas revelaram os mesmos resultados das listas para assinalar, e seria maçante descrevê-los novamente. Somente alguns dados adicionais importantes serão descritos. Um dos resultados mais surpreendentes relaciona-se com os as pectos físicos do meio. Depois de o estudo ter sido iniciado, uma nova extensão, incluindo recreio, escola e áreas ocupacionais passou a exis tir. As crianças foram então removidas para a nova sala de brinque do que tinha a forma reproduzida na Figura 51: três áreas de recreio de, aproximadamente, três metros quadrados cada, que se prolonga vam de uma área de passagem central de cerca de dois metros qua drados. Deve ser notado que a área era marcadamente diferente da ampla, retangular, anterior. INDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Comportamento Social 191
Não havíamos observado previamente o comportamento que po deria ser denominado territorial, isto é, comportamento que serve para manter a posse de uma área ou espaço físico. Observáramos, porém, uma boa proporção de comportamento possessivo, isto é, comporta mento, que consistiu de tentativas para obter ou reter objetos, em ge ral brinquedos. Na nova sala de brinquedo o total de comportamento possessivo manteve-se inalterado, mas observamos subitamente o apa recimento de comportamento territorial. As crianças normais gasta vam de modo particular entre 14 a 17 por cento do seu tempo ten tando evitar qualquer travessia ou intrusão na área que lhes perten cia. Somente em pequeno grupo este comportamento estava ausente
Figura 51. Nova sala de recreio, semiestruturada e subdividida na qual o comportamento territorial se manifestou.
(Hutt, 1966). As crianças com disfunção cerebral mostraram uma quantidade de comportamento territorial negligenciável, mas uma apre ciável quantidade de comportamento possessivo. Elas eram as que mais tendiam a brigar por ou a pegar brinquedos das outras crianças. Parece aqui que até os rudimentos físicos do território (parede e cantos) eram necessários antes de o território poder ser demarcado psicologicamente. INDEX BOOKS GROUPS
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192 Observação Direto e Medida do Comportamento
As observações registradas sugeriram também que os padrões motores envolvidos na expressão desses dois comportamentos eram diferentes, a distribuição mais notável reside na posição do cotovelo. No comportamento possessivo, os braços tendiam a se moverem a partir dos ombros com os cotovelos flexionados (isto é, cotovelos ele vados para os lados); no comportamento territorial os braços, ou mais provavelmente um braço, tendia a ser estendido e os cotovelos, fle xionados. Entretanto, uma distinção definitiva entre esses padrões aguarda uma análise através de filme cinematográfico. As crianças autistas, raramente, ou duvida-se se alguma vez lu taram por posses. Quando uma outra criança buscava obter um brin quedo que estava com uma autista, esta deixava que o tomassem ou afastava-se com ele. As crianças autistas que queriam brinquedos de outras crianças foram observadas e continuaram a olhar para os brin quedos e depois pegá-los assim que eram abandonados. Algumas for mas de comportamento possessivo pareceram mais simbólicas do que reais. Por exemplo, em várias ocasiões as crianças tomavam um brin quedo e sentavam perto dele, o conservavam sob suas pernas ou no colo; se qualquer outra criança tentasse tomá-lo seria batida ou em purrada, e o possuidor continuaria sentado guardando o brinquedo, mas não necessariamente brincava com ele. Dois meninos com disfunção cerebral (K e P) eram particular mente agressivos, pois eram facilmente provocados para bater, empur rar, chutar ou morder outras crianças. No entanto, eram um tanto inibidos por um menino mais velho e fisicamente maior (R ). Seus encontros revestiam-se de interesse particular. Em uma ocasião R brincava com ura novo caminhão de carga; P tentou sem êxito obter o caminhão de R, daí por diante manteve-se no chão chorando. Ou tro menino então colocou-se entre os dois e P imediatamente alcan çou e bateu na cabeça de R com um grande bloco, de madeira. Um incidente muito similar ocorreu com K como atacante. Na linguagem etológica isto pode ser interpretado da seguinte maneira: a motivação de P era ambivalente pois ele era tanto agressivo em relação a K quanto temia R (ou fuga ataque inibido); a interposição de outro da mesma espécie (que não eliciava nenhuma dessas necessidades) re duziu a tendência de fugir (bloqueando o acesso de P a R) e por tanto desinibindo o ataque. Agressão redirigida foi também obser vada com freqüência. Se uma criança mais velha e maior pegava um brinquedo de uma menos assertiva, a última chutava a cadeira ou INDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Comportamento Social 193
batia em outro brinquedo na vizinhança; também comumente apelava para o auxílio de um adulto. O espaço pessoal de uma criança autista era claramente maior do que o de outras crianças. Na sala retangular, as autistas tendiam a buscar os cantos ou a colocarem-se sob uma das armações para subir ou dentro de um esconderijo onde era inconveniente alcançá-las (veja Figura 52). Na outra sala foram capazes de se separarem mui to mais eficazmente. Com a introdução de outras crianças afastavam-se ou muito ocasionalmente as empurravam.
Figura 52. Postura e posição características, adotadas por outra criança autista (à direita no primeiro plano), em relação a outras crianças que brincam na mesma sala (desenhado a partir de um filme cinematográfico de 8 mm).
Um dos últimos incidentes será descrito pormenorizadamente adiante. Pode-se ver que além de prover o mesmo tipo de dados quanti tativos, os registros através de fita forneceram uma boa quantidade de material qualitativo. Com o auxílio desse material, as respostas in terativas puderam ser descritas mais completamente. INDEX BOOKS GROUPS
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194 Observação Direta c Medida do Comportamento
Filmes cinematográficos foram usados nas oportunidades em que se fazia necessária uma análise mais pormenorizada. Dois casos serão descritos aqui. Os dois meninos, P e K, já mencionados, que apresentavam dis função cerebral, brigavam frequentemente entre si. Quisemos analisar os padrões motores envolvidos nesses encontros antagônicos em por menor e por isso filmamos esses encontros. Uma análise de quadro para quadro indicou os passos salientes desse encontro (Figura 53), e o mais relevante deles foi o próprio momento do ataque. Quando
Figura 53. Um encontro antagonista entre dois meninos com disfunç ão cerebral, de cinco anos de Idade. Aproximação para atacar (vinte quadros antes do contato). Notar a expressão facial e a pos tura ameaçadora do atacante (esquerda) e a postura de protegerse adotada pelo outro menino.
o atacante arremetia seu soco observou-se que seus olhos estavam fechados. Observou-se que isso era característico dessa criança, mas não somos capazes de dizer qual a generalidade disso. Este aspecto parece ser um exemplo excelente do que Chance (1962) denominou um ato de “separar-se”; uma resposta que, alterando o estímulo senINDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Comportamento Social 195
sorial, regula a instigação específica, modificando assim o humor e possibilitando ao animal a ação decisiva. Supondo-se que o humor do atacante é inicialmente ambivalente, isto é, envolve componentes tanto agressivos quanto de medo, esperamos que o componente medo au mente à medida que se aproxima da vítima. Fechando os olhos, e reduzindo assim a estimulação de medo evocada, impede que seu medo alcance um nível capaz de inibir seu ataque. Sem câmera lenta e análise cuidadosa do filme cinematográfico, o registro de uma obser vação desse gênero seria extremamente difícil se não impossível.
B. Momento de ataque. Notar os oíhos fechados do atacante. (Ambos desenhados de um filme cinematográfico de 8 mm, 18 quadros por segundo.)
Mencionou-se que algumas crianças autistas ocasionalmente em purrariam outra criança. Isto acontecia mais comumente quando a criança ocupava a única cadeira confortável na primeira sala e a ou tra criança desejava ocupá-la. Fomos capazes de filmar dois desses encontros. Em ambos as crianças autistas envolveram-se de modo INDEX BOOKS GROUPS
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196 Observação Direta e Medida do Comportamento
característico em cstereotipias: uma (A) balançava-se enquanto bran dia uma pequena vara em sua mão e a outra (M) girava o tronco. A análise de quadro por quadro resultou nos seguintes dados: Antes Ant es do encontro Depois do encontro
Velocidade do balançar-se A Amplitude Velocidade do brandir M Velocidade Velocidade da rotação
1/seg. 4,5 ins 2,3/seg. 2,Ò/seg.
3,2 seg. 11 ins 5,0/seg. 5,0/seg.
Podemos, portanto, dizer que a intensidade da estereotipia foi aumentada nessas crianças após um encontro de tipo quase antagônico. Isto, com toda a probabilidade, indica um aumento no nível de insti gação ou excitação. Esses poucos exemplos parecem suficientes para demonstrar como diferentes técnicas podem ser aplicadas a problemas ligeiramente di ferentes na mesma mesma área. O poder de resolução, resoluçã o, por po r assim dizer, des sas técnicas varia em grau, a informação que cada uma delas é capaz de dar difere difere quanto ao grau de precisão. Usando Usand o todas as as três téc nicas fomos capazes de obter um quadro compreensivo das interações sociais dessas crianças integrando dados de três níveis diferentes.
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Capítulo 8
AÇÃO DA DROGA SOBRE O COMPORTAMENTO As avaliações clínicas dos efeitos da droga em seres humanos, em geral, baseiam-se em medida global ou classificação do comportamen to. to. Uma classif classificação icação de três pontos: melhora, não modificado, modificado, pior, muito comuraente é considerada inadequada. inadequa da. Tais medidas relativa mente cruas e subjetivas do comportamento ou a quantificação arbi trária de sintomas contrastam estranhamente com o delineamento ex perimental e análise estatística sofisticad sofisticados os freqüentemente emprega dos. dos. O racional desse procedimento parece ser o uso de grande nú mero de sujeitos, independentemente da heterogeneidade do grupo, e um delineamento experimental complexo que reduz a necessidade de medidas medidas comportamentais comportam entais adequadas ade quadas ou signifi significat cativa ivas. s. Tais avalia ções fáceis e inúteis de mudanças de comportamento parecem se com parar com os ensaios bioquími bioquímicos cos refinados e meticuloso meticulososs realizados para estimar estimar (digamos (diga mos)) o nível nível do sódio, sódio, epinefrina, epinefrina, 17-hidroxycor17-hidroxycorticosterona ou outras substâncias metabólicas no sangue. A desconsideração por uma análise comportamental adequada é apresentada explicitamente e de modo alarmante nos comentários de Pollard e Bakker (1960) quando se referem às críticas feitas à pes quisa sobre droga psicoativa por Skinner (1958): Ele sugeriu que a maioria delas não ultrapassou a descrição adje tiva das mudanças no comportamento e acentuou a necessidade de se subdividir o comportamento em partes convenientes, definir ri gidamente as variáveis em termos operacionais, e estudar essas partes separadamente. Este é um objetivo objetivo altamente desejado. desejado. En En tretanto, o Dr. Skinner deixa de nomear as partes convenientes nas quais o comportament comporta mentoo deve se subdivír. subdivír. Às veze vezess parece impos sível chegar a encontrar tais partes do comportamento, exceto tal vez nos pombos de Skinner (pág. 202).
Parece que esses autores desconheciam o trabalho dos etóíogos. Por outro lado, os experimentalistas tentaram demonstrar efeitos mui to específicos de drogas sobre animais e homem: sobre condicionaINDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS 198 Observação DireW e Medida do Comportamento
mento operante (Cook, 1964); discriminação e reações atrasadas (Gross e Weiskrantz, 1961), atividade exploratória em animais (Rushton e Steinberg, 1964) e condicionamento do piscar (Franks e Trouton, 1958), habilidade em acompanhar rotação (Fleishman, 1956; Eysenck e colaboradores, 1957), destreza manual e tempos de reação (ver Fleishman, Fleishman, 1960 19 60), ), em seres seres humanos. O leitor leigo leigo pode con jetur jet urar ar sobre quanto quant o os resultados de tais testes testes atomizad atomizados os nos dizem dizem sobre o comportamento livre e natural de organismos bem como aqueles aspectos aspectos que buscamos modificar. modificar. Mas a justificação parece ser que: o comportamento psicomotor parece ser uma medida menos “con taminada” e menos ambígua e ao mesmo tempo mais direta do desempenho do que, ... o comportamento verbal, conceptual ou até mesmo perceptual. Mais freqüentemente freqüentem ente o experimentador pode observar relógios ou contadores contado res ou pode obter registros em algum tipo da fita móvel. móvel. Tudo isto inspira confiança no expe rimentador e ele sabe o que está medindo (Fleishman, 1960).
A autoconfiança do experimentador parece ser uma consideração pobre pob re quando se trata tra ta de uma coleção coleção de dados, embora espúria. Mas é claro que o campo de pesquisa sobre droga consolidou-se ao redor dessas duas posições um tanto intransigentes e extremistas. É um alívio salutar encontrar pesquisadores, nessa área, que es tão preocupados com a medida de efeitos da droga sobre comporta mento livre, social ou não, no seu contexto natural. Atenção ao contexto biológico do comportamento de um animal estudado em laboratório que não tem sido um aspecto conspícuo dos estudos psicofarmacológicos até agora realizados. Isto talvez talv ez não deva surpreender visto que os métodos da psicofarmacologia são até o presente amplamente modelados à semelhança dos da fisio logia e da bioquímica. Farmacologia Farma cologia,, entretanto, é o estudo estudo da ação de produto pro dutoss químicos químicos no organismo organ ismo vivo, vivo, em em parte ou no todo, e por isso deverá dar mais atenção aos fatos biológicos rele vantes para no futuro se desincumbir adequadamente de sua tarefa (Chance e Silverman, 1964, pág. 66).
Guiado por sua própria advertência, Silverman realizou um es tudo que pode ser considerado exemplar exemplar.. Por Po r isso, isso, será descrito aqui com alguns alguns pormenores. pormenores. Outros estudos se referirão à mensuração dos efeitos da droga sobre comportamentos de seres humanos em si tuação relativamente livre.
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INDEX BOOKS GROUPS Ação da Droga sobre o Comporta Com portamento mento 199
AÇÃO DA DROGA E COMPORTAMENTO SOCIAL Silverman (1966) fez uma análise pormenorizada do efeito de drogas sobre o comportamento social de ratos, considerando postu ras, orientações e estrutura já trabalhados por Grant (1963) e Grant e Mackintosh Mackintosh (19 (1 9 6 3 ). Comparou o comportamento de anima animais is inje tados com droga e salina, com os mesmos parceiros (veja Figura 54). Os observadores estavam familiarizados com os quarenta elemen tos ou posturas já identificados; um observador observava os ratos ex perimentais e, outro, os parceiros, pronunciand pronu nciandoo o código de cada elemento assim que este ocorria e registrava em um gravador de fita de dois dois canais canais.. Cada Ca da sessão durava dez minutos, minutos, e nela se registra vam, em média, aproximadamente trezentos elementos. c l o r o p r o ma c i n a 4 mg/ kg 1 mg/ kg a nf n f e t a mi n a ' 5 mg/ kg 1 mg/ kg
x 2
120 100 80 60 40
20 0
20 40 60 80 1 00
exploração
investigação e coilo
agressão
submissão
fuga
manutenção.
Figura 54. 54. Efeitos de d e duas duas doses de cloro cl oropro promazina mazina e anfetamlna sobre sobr e vários comp ortamentos ort amentos do rato. Na escala esc ala da ordenada ord enada são usados usados valores de X2, representando os blocos a extensão das diferenças nos totais das categorias para seis ratos drogados daqueles de controle com salina. Blocos acima da linha zero indicam aumenta e os abaixo indicam decréscimo nas categorias (de acordo com Silverman, 1966).
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200 Observação Direta e Medida do Comportamento
Efeitos da doropromanna Silverman verificou que doses de 4 mg por quilo reduziam aque les comportamentos que envolviam aproximação dos animais, isto é, agressão, investigação e coito; e, ao contrário, diminuía comporta mento envolvend envolvendoo afastamento afastamento (fuga (fu ga). ). Permaneciam os mesmos mesmos os os comportamentos, que consistiam de elementos de aproximação e afas tamento, isto é, submissão, assim como o comportamento dirigido para pa ra o par, isto é, exploração. O exame exame dos elementos dentro de cada categoria mostrou que os efeito efeitoss da droga d roga são selet seletivo ivos. s. Por Po r exemplo, elementos indicativos da mais intensa agressão (orientação ofensiva e ataque) foram reduzidos mais do que os menos intensos (por (p or exemplo, exemplo, cuidados cuidados agressivos). agressivos). O mesmo mesmo verificou verificou-se -se na cate goria fuga na qual o aumento foi registrado nas posturas rígidas, como estar em pé defensivo e enrodilhar-se e, muito pouco, na reti rada rad a veloz. veloz. Essa ação diferencial da droga, drog a, reduzindo reduzind o as atividades rápidas e aumentando as posturas estáticas, pode dar a impressão que a cloropromazina reduziu primariamente a locomoção e produ ziu os outros outr os efeitos efeitos acidentalmente. En Entre tretan tanto to,, Silverman Silverman verificou que alguns elementos lentos (como cuidados agressivos) eram reduzi dos e outros rápidos, aumentados. Ele comenta: O efeito locomotor não explica, portanto, todos os resultados motivacionais que que devem ser controlados controlad os de modo independente. independente. Isto é, em qualquer caso, é difícil ver como uma redução em locomo ção poderia, simultaneamente, conduzir a uma redução em agres são, ausência de mudança em exploração (até mesmo seus elemen tos móveis) e um aumento em submissão e fuga.
Parceiros dos ratos injetados com cloropromazina dirigiram mais elementos agressivos e de acasalamento para eles e mostraram maior submissão e fuga; atividades de deslocamento também aumentaram sugerindo que “cloropromazina leva ratos a apresentarem estímulos que provocam a agressão de parceiro, mas não a liberá-los”. Efeitos da anfetamina Esta droga foi ministrada a partir da consideração de que um es timulante central deveria aumentar igualmente todos os comportamen tos. Os resultad resu ltados os específicos específicos foram os seguintes: seguin tes: um aumento de fuga e, às vezes, de submissão e exploração, uma redução de agressão par INDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Ação da Droga sobre o Comportamento 201
ticularmente nos elementos mais intensos, e os parceiros dos animais experimentais mostraram mais exploração e menos fuga. “Agressão e submissão são truncadas enquanto posturas de menos intensidade po dem ser aumentadas, as posturas de maior intensidade e as consumatórias são grandemente reduzidas” (Chance e Silverman, 1964). Sil verman (1966) acrescenta que “ratos injetados com anfetamina dão a impressão de explorar ininterruptamente, sem alcançar uma situação consumatória”. Portanto, embora se observassem efeitos contrários na cloro promazina e anfetamina em geral, a primeira deprimiu a atividade e a última a estimulou; no entanto, as drogas tiveram efeitos qualitati vos similares sobre as categorias específicas de agressão e fuga. Este estudo ilustrou assim a importância de mensurações pormenorizadas do comportamento e um conhecimento da significância e da incidên cia dessas medidas no repertório normal do animal antes de poder se efetuar uma avaliação válida e significativa dos efeitos das drogas. Caso contrário os resultados podem, na pior das hipóteses, ser espú rios ou enganosos e, na melhor, de relevância dúbia, como é ilustra do pela pesquisa de Irwin (1964). O objetivo de Irwin era o de in vestigar a existência de uma correlação entre o estado de impulso locomotor em ratos (medido numa roda de atividade) e a tendência a envolver-se em comportamento social de interação. Constatou uma correlação negativa entre “contagem na roda de atividade e o tempo devotado a comportamento de interação”, em animais injetados com salina. Constatou que metanfetamina aumenta o impulso locomotor e reduz a interação social, enquanto que o tranqüilizante fenotiazina (perfemazina) diminui a locomoção e aumenta o tempo gasto em atividade social. Para ser justo com Irwin, esses resultados foram apresentados em uma discussão; no entanto, seus conceitos e medidas de comportamento indicam uma orientação árida que há muito tem po caracteriza os experimentalistas. A atividade na roda em um re cinto limitado, por exemplo, pode ser considerada realmente como uma medida do impulso de locomoção se for comprovada a existên cia desse impulso? Pode-se considerar como índices de interação so cial equivalentes o cheirar exploratório, o agarrar-se, o morder e o montar o parceiro? Tal supersimplificação pode fornecer resultados quantitativos respeitáveis, mas sua relevância é tênue para a questão de como realmente o animal se comporta, se não até mesmo negligenciável.
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INDEX BOOKS GROUPS 202 Observação Direta e Medida do Comportamento
TRATAMENTO, COM DROGAS, DE CRIANÇAS HIPERATIVAS E AGRESSIVAS Alderton e Hoddinott (1964) realizaram um estudo para inves tigar os efeitos da tioridazina sobre o comportamento diário de crian ças, que foram clinicamente indicadas pela sua hiperatividade e agres são. Em outras palavras, esses autores estavam preocupados com uma área mais ampla de comportamento do que a prescrita pelos sintomas. Os sujeitos eram nove meninos com idade variando entre seis e onze anos, três deles apresentavam pequena disfunção cerebral e seis ou-* tros, primariamente, distúrbios de comportamento. Foram planejadas três condições experimentais, cada uma delas de três semanas: ausência de droga, placebo e droga (25 mg qid). Cada sujeito serviu como seu próprio controle. Foram investigadas cinco categorias principais de comportamento: agressivo, afetivo, com portamento construtivo e destrutivo e nível de atividade. A primeira das duas variáveis foi ainda subdividida em verbal e física, dirigida para subgrupos de adultos ou para a mesma idade. Os sujeitos fo ram observados diariamente durante sete períodos de 3 minutos, cinco dias por semana durante nove semanas. Os dados de comportamento foram registrados em uma folha de observação em termos de presen ça ou ausência das categorias (ou subcategorias) durante o período de três minutos. O nível da atividade foi registrado em termos de se era mais, a mesma ou menos do que a usual. A análise foi feita com base no número de períodos de três minutos (num total de 315) nos quais foi registrada qualquer uma das categorias de comportamento. Os resultados mostraram que a tioridazina reduz significativamente o comportamento agressivo e destrutivo bem como o nível de atividade. Não teve efeito apreciável, porém, sobre o comportamento afetivo ou construtivo. Apesar da louvável tentativa desses autores no sentido de pesqui sar os efeitos das drogas fora da área de sintomas, por assim dizer, o estudo é menos informativo do que deveria ser. Isto se deve ao fato de as categorias de comportamento (embora definidas objetiva mente de forma adequada) serem registradas somente como presente ou ausente; mudanças quantitativas mais sutis eram, assim, perdidas. Visto que era possível somente um escore para cada categoria, um sujeito que mostrava comportamento destrutivo somente durante dez segundos e um que mostrava esse comportamento por dois minutos
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obteriam ambos escores equivalentes. Assim também, não está claro que parâmetros particulares do nível de atividades estavam sendo me didos: era locomoção, movimentos dos membros ou distratabilidade? Ainda, um fenômeno interessante evidente nos seus gráficos, mas não comentado pelos autores é o de que nos escores de agressivo e des trutivo os sujeitos pareceram ser melhores sob o efeito da droga do que do placebo! Uma análise mais pormenorizada das mudanças com portamentais, neste caso, teria interesse tanto teórico quanto prático. PADRÓES DE ATIVIDADES EM ESQUIZOFRÊNICOS Chapple e colaboradores (1963) usaram padrões de atividade idiossincrática de pacientes esquizofrênicos como variável dependente na mensuração de efeitos de drogas. Esses padrões podem ser mais prontamente reconhecidos se relacionados como padrões motores psi cóticos. Consistem de posturas, padrões locomotores repetitivos e ritualistas, estereotipias envolvendo membros superiores ou inferiores, alucinações exteriorizadas e manifestadas através de movimentos da boca, inclinações da cabeça ou tronco, etc. Os autores tentaram es pecificar critérios rigorosos para a identificação desses padrões: Os tipos de padrões de comportamento nos quais estamos interes sados são aqueles para os quais os critérios de identificação con sistem de contração observável de sistemas idiossincráticos mutua mente dependentes que os compõem . . . persistindo por períodos mensuráveis de tempo, sem uma mudança imediata e “normal” para relaxamento em uma nova postura.
Esses padrões idiossincráticos foram estabelecidos para cada pa ciente e foi feita a suposição de que a duração e freqüência eram as medidas mais importantes e possivelmente mais sensíveis que pode riam se aplicar a eles. As observações foram feitas através de um espelho unidirecional enquanto os pacientes desenvolviam suas atividades de rotina no seu meio habitual. Essas observações foram feitas durante pelo menos quatro sessões de cinco minutos distribuídas durante o dia. A dura ção d?satividades foi registrada por meio de um registrador a pena, e o tipo particular de atividade era registrado sob a forma de uma anotação numa folha logarítmica. Duas drogas, Thorazina e GE-35 (um derivado da imipramina) foram testadas. Cada droga, bem como o placebo, foi administrada INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS 204 Observação Direta e Medida do Comportamento
aproximadamente durante três meses. Este estudo teve a natureza de um estudo piloto e, portanto, os resultados não têm muito longo al cance. Mas os registros certamente mostram que GE-35 aumentou a porcentagem de atividade em relação à Thorazina. Deve-se lamentar a não apresentação dos valores para as condições de ausência de dro gas, o que impede uma comparação mais completa. Os efeitos de Nardil, Tinlafon, Serpasil e Stelazina, em relação ao placebo, também não foram apresentados. Os autores concluíram que “os resultados obtidos por esse método... sugerem que podem ser estabelecidas indicações úteis de modificações na condição de um paciente”. Isto realmente ocorreu, mas esta medida simples restringe muito as conclusões que podem ser tiradas e pode até mesmo tornar difícil especificar com precisão o tipo de mudança que ocorreu. Por exem plo, se fenotiazina deprimiu igualmente todo o comportamento motor, quer idiossincrático ou nâo (por exemplo, comer, locomoção, movi mentos intencionais, estereotipias, padrões de atividade), seria muito menos significativo do que se deprimisse seletivamente os dois últimos. PARÂMETROS COMPORTAMENTAIS E EFEITOS DE DROGAS O síndrome supercinético caracteriza-se por hiperatividade e agi tação, distratabilidade, curta amplitude de atenção e explosões de com portamento agressivo (Ounsted, 1955; Ingram, 1956). Nesse estudo envolveu uma menina epilética hiperativa de oito anos de idade, o sujeito foi usado como seu próprio controle (Hutt e colaboradores, 1966). Ela havia sido mantida no hospital como um problema do méstico e intratável socialmente. Logo após sua admissão, seus aces sos foram efetivamente controlados por um regime de ethotoin 500 mg b.d. e primidone 250 mg td.s, Sua hipercinestesia, porém, não foi melhorada e nossa tarefa foi a de avaliar os efeitos comportamentais de vários agentes quimioterápicos. Este sujeito mostrou a reação paradoxal à anfetamina descrita por Ounsted (1955); ela era distraída, chorona, não mostrava qual quer iniciativa e rolava pelo chão, inconsolável. As fenotiazinas, por outro lado, pareceram ter um efeito benéfico, e ao ser admitida ela estava tomando Stelazina. Vários autores (Alderton e Hoddinott, 1964; Badham e colaboradores, 1963; Oettinger e Simonds, 1962) verificaram que Mellaril é eficaz na manipulação de crianças hiperativas e agressivas, e outros verificaram que Ospolot controla satisfa toriamente tanto acessos (Fenton e colaboradores, 1964; Garland e INDEX BOOKS GROUPS
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Summer, 1964; Gordon, 1964) quanto comportamento hipercinético (Ingram e Ratcliffe, 1963). Assim o regime de drogas pesquisado neste estudo, na ordem temporal, foi: 1) 2) 3) 4) 5) 6)
Stelazina Ausência de droga Mellaril Ospolot Ospolot Ausência de droga
3 mg b.d. (na admissão) (exceto anticonvulsivos) 25 mg t.d.s. 50 mg t.d.s. 100 mg t.d.s. (exceto anticonvulsivos)
Considerou-se que não existia justificativa ética para suspender a medicação anticonvulsiva, e assim esta foi mantida durante todo o período de estudo; argumentou-sc que as tentativas para controlar acessos deveriam ser mantidas constantemente enquanto a variável dependente, a hiperatividade, estava sendo investigada. Observações comportamentais foram feitas numa situação padrão aproximadamente à mesma hora cada dia. A situação era uma sala familiar, onde a criança brincava só, com cinco brinquedos mais um objeto novo em cada ocasião. Cada sessão tinha doze minutos de duração: durante os dez primeiros minutos as observações foram re gistradas em um lista de assinalar, dividida em intervalos de dez se gundos, e os últimos dois minutos foram filmados. As categorias de comportamento importantes registradas incluíram exploração visual, locomoção, respostas dirigidas ao brinquedo, respostas dirigidas para a sala, gestos, e respostas de investigação. De cada lista foi, por tanto, possível calcular que proporção dos dez minutos foram gastos em atividades específicas. Qualquer pormenor adicional foi registra do em uma coluna separada. Em determinadas ocasiões, a sessão foi toda filmada. A filmagem foi feita num cubículo especialmente cons truído atrás do espelho unidirecional. A pessoa que fazia as observa ções não era informada sobre o esquema da droga. A criança era vista pelo menos três vezes sob cada condição de droga e não antes de estar sendo submetida a droga' por três dias. Medidas da amplitude de atenção (isto é, duração dos encon tros seriais com mesmo estímulo independentemente de como esses contatos eram feitos) foram obtidos de uma análise dè quadro para quadro dos registros fílmicos. Passando o filme através de um con tador quadriculado durante a análise foram obtidos os totais de tem INDEX BOOKS GROUPS
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206 Observação Direta e Medida do Comportamento
po, gastos nas diferentes atividades. Toda a filmagem foi feita com 16 quadros por segundo. No que tange aos outros comportamentos foram calculadas as médias dos dados do filme e da lista de assinalar. As amplitudes médias da atenção da criança e seus desvios pa drão sob as diferentes condições de drogas são apresentadas na figura 55. Esses resultados são também comparados com medidas obtidas no estudo de 1963. Pode-se ver que em geral as amplitudes de sua atenção eram curtas e relativamente invariáveis; ela mostrava-se mais distraída em uma situação social. No decorrer de um período de dois
1963
(3)
(3)
(! )
Figura 55. Médias e desviospadrão de amplit udes de atençfio sob as diferentes condiçOes de droga. Números entre parôntesís indicam o número de sessões nas quais se baseiam os dados.
anos o efeito maturacional foi negligenciável e insignificante. Parece que a Stelazina tem pequeno efeito, se é que tem algum, sobre a me dida desse comportamento. Durante a administração de Mellaril, po rém, a amplitude média de sua atenção foi aumentada consideravel mente, bem como a sua variabilidade. Tanto as doses de Ospolot quanto a de Mellaril foram menos eficazes nesse particular, mas da mostrava-se menos distraída quando recebia essa droga do que quan do não tomava nenhuma. Mellaril diferiu significativamente tanto da condição ausência de droga quanto a de maior dose de Ospolot; am bas as condições de Ospolot foram melhores do que a de ausência de droga, mas não diferiram entre si. INDEX BOOKS GROUPS
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Visto que as amplitudes de atenção dessas crianças hipercinéticas obedecem a uma distribuição de Poisson, é interessante examinar como a moda difere sob as várias condições de droga. As modas foram as seguintes: 1) ausência de droga, 10,2 segundos; 2) Stelazina, 10,5 segundos; 3) MeUaril 12,6 segundos e 4) Ospolot, 11,8 segundos. Em outras palavras, a moda não foi modificada, de ma neira apreciável, por qualquer uma das condições de droga. Os efeitos das drogas sobre as demais medidas são apresentadas na Figura 56. Atividades destrutivas eram aquelas envolvidas em atirar ou quebrar brinquedos, atingir o espelho ou instalações; ativi dades apropriadas cpnsistiram em usar brinquedos ou instalações apro priadamente, mas não inventiva ou construtivamente, por exemplo, dis por blocos; atividades construtivas eram aquelas que envolviam juntar brinquedos, construir algo com blocos, etc.
Figura 56. Proporção de tempo gasto em dif erentes atividades sob diferentes condições de droga (de acordo com Hutt e colaboradores, 1966).
A locomoção que ocupava 25 por cento do tempo da criança sob condições de ausência de droga foi reduzida significativamente pela ação de Mellaril; esta droga aumentou também o total de tempo gasto em atividades construtivas ou genuinamente exploratórias. O nível de atividades apropriadas, em geral, desempenhadas irregular mente não foi afetado de modo apreciável por quaisquer condições de droga. O total de atividade destrutiva e de oraUdade foram reduzidos INDEX BOOKS GROUPS
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mais por Ospolot do que por Mellaril. Os níveis relativamente baixos de atividades de bater e atirar sob condição de dose mais elevada de Ospolot e da última de ausência de droga foram em parte uma fun ção do maior total de tempo gasto em locomoção. Novamente, a Stelazina não teve efeito apreciável sobre nenhuma dessas medidas, quan do comparada à condição de ausência de droga. Socialmente, verificou-se que era mais dócil enquanto tomava Mellaril: enfermeiras e terapeutas ocupacionais relataram que ela era mais quieta e mais acessível. Registros de observação indicaram que a freqüência de encontros sociais agressivos foi só ligeiramente dimi nuída enquanto sua atividade locomotora e de brinquedo não cons trutivo foi consideravelmente reduzida. Parece que Ospolot evoca alguns efeitos colaterais indesejáveis: a criança estava freqüentemen te irritada e ocasionalmente mordia-se. Dado que a freqüência de acesso não foi alterada de maneira notável por qualquer uma das condições de droga, parece que o limiar de acesso não foi diferencialmente afetado por qualquer uma dessas drogas. Muitos dados já existiam sobre o desempenho de linha de base dessa criança hipercinética, Uma mensuração geral, por exemplo de melhora, neste caso dependeria do parâmetro comportamental esco lhido como principal indicador, visto que as drogas afetaram seletiva mente os diferentes parâmetros. Ospolot, por exemplo, aumentou a amplitude de atenção da criança e sua variabilidade, e reduziu suas atividades destrutivas e orais. Ingram e Ratcliffe (1963) relataram que metade das suas crianças hipercinéticas foram consideradas “muito melhoradas’’ ou “curadas” depois de tratamento com Ospolot com doses comparáveis com a nossa maior dose, enquanto constatamos que a locomoção aumentou consideravelmente sob essa condição. Pergunte-se então em que parâmetros em particular se baseou a medida da melhora. Além disso, embora não se demonstrem diferenças significantes entre Ospolot (pequenas doses), e Mellaril, em qualquer uma das medidas comportamentais, a apreciação clínica mostrou que a criança melhorou enquanto recebia essa última droga sugerindo, dessa forma, que os efeitos totais da tiridazina sobre diferentes comporta mentos foram, pelo menos, de significância prática embora não esta tística. Os dados sociais, porém, sugeriram que a redução da ativi dade locomotora errática e as atividades manipulatórias irregulares contribuíram muito para essa apreciação, pois o total de comporta mento agressivo não se reduziu até esse ponto. Alguns dos efeitos co laterais, por exemplo, irritabüidade, observados com as doses granINDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS Ação da Droga sobre o Comportamento 209
des de Ospolot poderiam ser atribuídas à medicação concorrente com primidone, como foi sugerido por Garland e Summer (1964). Os registros fílmicos mostraram-se de grande valor ao permitir uma análise pormenorizada dos comportamentos que foram modifi cados ligeiramente por diferentes regimes farmacológicos. Ainda mais importante, os filmes ofereceram um registro documentado completa mente insuspeito que poderia ser estudado retrospectivamente por qual quer indivíduo interessado. A vantagem deste último ponto foi ilus trada de modo específico pela apreciação do comportamento geral dessa criança feita pelo pessoal do hospital; em duas ocasiões foram feitas reclamações por diferentes membros do pessoal hospitalar quan to aos efeitos adversos das drogas sobre o comportamento da criança em situação social. Em ambas as ocasiões, a criança não estava re cebendo droga, mas sim anticonvulsivos. Reynolds e colaboradores (1965) demonstraram como as atitudes do clínico podem influenciar as respostas dos pacientes a drogas, e McDonald e Heimstra (1965) mostraram como ratos drogados podem afetar o comportamento de animais não drogados. O reconhecimento da parte desempenhada por. tais influências sociais torna o filme cinematográfico valiosíssimo nos estudos de efeitos de drogas, tanto como um registro objetivo dos efeitos como um instrumento de análise das suas interações com fa tores ambientais. O fato de nenhuma droga ter um efeito significativo sobre a moda da amplitude de atenção sugere que drogas, nesse tipo de criança com acentuada disfunção cerebral, podem aumentar as influências de fato res do meio, mas não são capazes de modificar de modo apreciável as qualidades estruturais do comportamento. Em outras palavras as drogas capacitam um estímulo poderoso do meio para manter a aten ção da criança durante um período razoável de tempo, mas a tendên cia básica para mudar a atenção cada dez a quinze segundos perma nece relativamente inibida. Com uma criança dessas talvez isto seja o máximo que se pode esperar fazer. Ainda, visto que a estrutura nor mal do seu comportamento a tomava um perigo social, qualquer agen te quimioterápico que torna isto menos provável será considerado como bem sucedido.
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Capítulo 9
ANÁLISE DE SEQÜÊNCIAS Até agora nos preocupamos com os problemas de identificar e registrar elementos do comportamento, e de medi-los em termos de freqüência de ocorrência, duração e intensidade. Tal análise, como mostramos, não deixa de ser aproveitável. O fato de o comportamen to ter uma estrutura, e de certos elementos ocorrerem significativa mente com maior freqüência do que outros, em relação a determina das mudanças de meio, capacita-nos a predizer, com apreciável grau de confiança, que comportamentos ocorrerão em um meio especifi cado. Um problema com o qual não lidamos até agora é o da seqüên cia. Elementos de comportamento não se justapõem casualmente: alguns ocorrem mais freqüentemente em justaposição temporal en tre si do que com outros. Portanto, com base em alguns elementos, somos, em geral, capazes de prever qual será o resultado de uma se qüência particular. Determinados cursos de ação terminarão em riso, choro ou acesso de cólera. Quando fazemos um tal julgamento, esta mos utilizando nossa experiência passada sobre dependência estatís tica entre eventos. Qualquer seqüência de eventos que envolve probabilidades con dicionais, pode ser denominada um processo estático. Nesse sentido, a afirmação de que o evento A é seguido pelo evento B, em 90 por cento das ocasiões, pode ser representada como um processo estocástico. Os processos estocásticos mais comuns são as cadeias Markov. Em tal cadeia, supõe-se que a ocorrência de cada evento exerça um tipo de constrangimento sobre o evento seguinte; ou, inversamente, que cada evento seja contingente ao seu predecessor. Neste capítulo, faremos uma revisão de quatro modelos desenvolvidos para lidar com dependências estatísticas entre eventos comportamentais. INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS 212 Observação Direta e Medula do Comportamento
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O MODELO CHI-QUADRADO Os estudos etológicos que, em sua maioria, tentaram analisar as contingências entre eventos, restringiram-se a analisar díades. O pro cedimento adotado é descrito nos parágrafos seguintes. Contrói-se primeiro uma tabela baseada no modelo de uma ma triz de correlação. Todos os elementos comportamentais separados do repertório do animal são listados verticalmente; eles formam os atos precedentes. Os mesmos elementos são dispostos, novamente, na ho rizontal; eles formam, então, os atos seguintes. Desenha-se uma linha diagonal através da tabela, a partir do lado superior esquerdo até a célula inferior à direita. Conta-se a freqüência do número de vezes em que cada evento comportamental da coluna da esquerda precede cada itera no cabeça lho da tabela. Essas freqüências são anotadas no segmento inferior da matriz. Conta-se, então, a freqüência de cada ocasião em que um item no cabeçalho da tabela segue um item à esquerda da tabela. Esses números são registrados no segmento superior da matriz. Um exemplo simplificado, tomado do estudo de Grant (1963), é apre sentado na Tabela X. São considerados apenas quatro elementos de comportamento: os designados como Ameaça, Ataque, Postura Agressiva e Cuidar Agressivo. O tipo de relação que emerge desse tipo de tabela é ilus trado pelos números referentes a Ameaça e Postura Agressiva. En quanto a Postura Agressiva segue quarenta e quatro vezes a Amea ça, a Ameaça nunca segue a Postura Agressiva. Novamente, Ataque segue Ameaça em doze ocasiões, mas Ameaça nunca segue Ataque. Os totais das linhas dão o número de vezes em que um determinado ato precede todos os demais; os totais das colunas, o número de vezes em que um ato particular segue todos os outros. Assim, Ameaça precede Ataque em doze ocasiões, Postura Agressiva em quarenta e quatro ocasiões e Cuidar Agressivo, em setenta e cinco ocasiões. Grant indica que atos que possuem um grande número de atos con seqüentes de todos os tipos, isto é, aqueles cujos totais de linha são maiores, como Ameaça no presente exemplo, são atos que marcam o início de uma seqüência de comportamento. Inversamente, atos que têm um grande número de atos precedentes, mas alguns conseqüen tes, são geralmente pontos finais das seqüências de comportamento. O tratamento estatístico dos dados, a partir de matrizes desse tipo, varia de escritor para escritor. Grant emprega a técnica de calINDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Análise de Seqüências 213
cular a freqüência esperada para cada célula na hipótese de que um ato segue ou precede cada um dos demais em proporção à sua fre qüência geral de ocorrência. O valor esperado para cada célula é obtido da razão: total de linhas X total de coluna total geral Comparando o valor esperado com o valor observado em cada célula, somos capazes de ver se dois atos seqüenciais ocorrem em associação entre si mais ou menos freqüentemente do que se espe raria por acaso. “Qualquer discrepância relevante entre esperada e observada dará indicações de afinidade ou não entre os atos” (Grant, 1963). Isto, porém, é, na melhor das hipóteses, uma técnica rústica e pronta. Resta o problema de decidir o que constitui uma “discre pância relevante” entre valores observados e esperados. Grant não aplica testes estatísticos aos seus dados; apresenta somente as fre qüências observadas e esperadas com que os atos seguem cada um dos demais. Aplicando um teste simples de X2 aos dados, verifica mos que a maioria das suas diferenças publicadas, mas não todas, apresentam valores significativos ao nível de confiança de cinco por cento ou menos. Quarenta e dois atos ou posturas compõem a matriz de Grant o que dá 422 — 1764 células. Somente por acaso se po deria esperar que oitenta e oito das comparações entre freqüência esperada/observada produzisse valores de X2, significativos ao nível de confiança de 5 por cento e dezessete a dezoito ao nível de 1 por cento. Assim, embora esse tipo de análise constitua um passo inicial valioso, exige tratamento estatístico cuidadoso. A fidedignidade esta tística do teste de X2 poderia, por exemplo, ser aumentada converten do esses dados em coeficientes de contingência. O MODELO DE ANÁLISE FATORIAL Uma maneira de ampliar o tratamento estatístico desse tipo de matriz antecedente-conseqüente é ilustrada pelo estudo de Wiepkema (1961) sobre “bitterling” (peixe — Rhodens amarus). Wiepkema calculou, primeiramente, o p de Spearman e depois aplicou a análise fatorial às correlações obtidas. A análise fatorial pode ser um ins trumento especialmente poderoso em estudos etológiçps nos quais sisINDEX BOOKS GROUPS
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214 Observação Direta e Medida do Comportamento
temas motivacionais subjacentes a determinadas seqüências de com portamento constituem uma questão básica. A análise fatorial nos diz se as correlações entre elementos particulares podem ser atribuídos a uma única fonte de variância ou se devem ser postuladas duas ou mais fontes de variação (fatores). Em comportamento auto-gerado, cada fonte independente de variação (fator) pode ser tratada como evidência para um sistema motivacional diverso. O “bitterling” é uma espécie de peixe pequeno. No início da primavera, os machos da espécie defendem um território junto de um mexilhão de água doce, afastando outros machos ou fêmeas imaturas, mas admitindo fêmeas maduras. Tais fêmeas são conduzidas aos me xilhões, em cujas guelras depositam seus ovos. Roçando o sifão dos mexilhões, os machos ejetam espermas que podem alcançar os ovos depositados. Wiepkema registrou doze movimentos claramente iden tificáveis dos machos no território, em relação, respectivamente, a outros machos e fêmeas maturas e imaturas. O número de vezes que cada movimento precedeu ou seguiu a si mesmo ou a cada um dos demais movimentos foi tabulado, como descrito acima. Foram computadas para cada célula as razões da freqüência obtida em relação à esperada (na suposição de seqüência puramente casual). Essas razões foram dispostas em colunas e linhas em ordem decrescente. Correlações de postos foram então computadas entre pares de colunas (para correlações entre itens de comporta mento e itens precedentes) e entre pares de linhas (para correlações itens e itens seguintes). A significância das correlações foi testada por meio de testes t . Desse modo foi possível distinguir que itens de comportamento foram associados significativamente (positiva ou ne gativamente) a outros itens precedentes e conseqüentes. Uma tabela mostrando a significância das correlações de postos é, em si mesma, freqüentemente informativa. Uma maneira mais dra mática de dispor dados de correlação foi delineada pelo Dr. J. A. R. A. M. van Hooff (comunicação pessoal), da Universidade de Utrecht. As magnitudes das correlações de cada item de comporta mento com todos os outros itens podem ser representadas grafica mente. Na Figura 57, registramos dois conjuntos dos coeficientes de correlação do próprio Wiepkema, na maneira sugerida por van Hooff. Apesar de claramente visível, pode-se verificar prontamente que o método pouco faz para reduzir o dado, sendo necessário um gráfico para cada item comportamental. No caso do “bitterling”, o método é INDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Análise de Seqüências 215
possível, pois somente doze itens deveriam ser considerados; mas, com repertórios comportamentais maiores — van Hooff tinha mais do que sessenta categorias para o chimpanzé e McGrew 111 catego rias para as crianças de escola maternal — necessita-se de um mé todo mais drástico para reduzir os dados. O próprio van Hooff pro pôs usar análise de conjuntos. No tratamento de dados feito por Wiepkema, as correlações das matrizes precedentes e conseqüentes
Figura 57. Distribuição das correlações (Spearman) entre 1) saltar e comportamentos precedentes e 2) sattar e comportamentos conseqüentes (de acordo com Wiepkema, 1961).
foram submetidas à análise fatorial, e computadas as cargas para três fatores, usando-se o método de eixo principal (Fruchter, 1954). De pois da rotação, esses fatores mostraram responder por 90 por cento, e 89 por cento, respectivamente, do total de variância comum das correlações precedente e conseqüente. As relações entre os vários ele mentos de comportamento puderam ser especificadas em termos de um modelo tridimensional no qual cada item era representado como um vetor (Figura 58). INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS 216 Observação Direta e Medida do Comportamento
Nesse modelo, o coeficiente de correlação entre quaisquer dessas variáveis é representado como o co-seno do ângulo entre dois vetores. Portanto, quanto maior a correlação existente entre dois itens tanto menor o ângulo entre seus vetores. As cargas fatoriais de cada item são representadas pela projeção do seu vetor, em relação a cada eixo ortogonal. O comprimento de cada vetor representa o total de va riância comum daquele item pelo qual respondem os fatores propostos. 3
Figura 58. Modelo vertical da análise fatorial das correlações entre padrões sucessivos de comportamento (de acordo com Wiepkema, 1961).
É imediatamente perceptível que os doze vetores caem em três conjuntos, sendo cada um deles composto de quatro. Os vetores de quatro movimentos têm uma função agressiva (projetar a cabeça, caçar, rotação para golpear e expulsar), agrupam-se ao redor do fator um que Wiepkema denominou fator agressivo. Vetores para outros quatro movimentos (bater nadadeira, bater, fricionar e fugir) são agrupados no fator dois, rotulado simplesmente de fator não-reproduINDEX BOOKS GROUPS
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tivo; e quatro movimentos usados no cortejamento (roçar, postura ca beça-para-baixo, estremecimento e dominar) são agrupados no fator três denominado, portanto, fator sexual. Caçar e bater nadadeira são medidas quase puras do fator agressivo, visto que as cargas em ou tros fatores são quase zero. Assim, também fugir é uma medida quase pura do fator dois enquanto as posturas de roçar e cabeça-para-baixo são quase que fator três puro. Vários vetores têm clara mente alta carga em dois fatores, por exemplo, expulsar e bater. A implicação disso é a de que alguns comportamentos sociais podem resultar da ativação simultânea de dois sistemas motivacionais. A análise de Wiepkema distingue-se pelo menos por quatro di ferentes modos. Primeiro, oferece um método rigoroso para testar a força da associação entre eventos comportamentais contíguos. Se gundo, é altamente econômica, possibilitando expressar intercorrelações entre grande número de eventos como função de um pequeno número de variáveis. Terceiro, o agrupamento de eventos particula res em um único eixo ortogonal pode sugerir um sistema motivacional comum a eventos, cujo relacionamento não havia sido percebido antes. Quatro cargas de fator de um vetor particular podem auxiliar a resolver aspectos desconcertantes do padrão de comportamento, mostrando que mantêm interrelações estatísticas significantes com dois ou mais fatores simultaneamente: a motivação denominada ambiva lente seria desse tipo. O MODELO INFORMACIONAL Os estudos até agora discutidos preocuparam-se com seqüências diádicas de comportamento desempenhado por um animal. Podemos porém esperar que um determinado evento comportamental não seja inteiramente o efeito de um único evento antecedente, mas que seja determinado por vários eventos antecedentes. Além disso, em ambos os casos considerados acima, e, na verdade, na maioria dos estudos que empregam tabelas de contingência, o comportamento considerado é social. Parece, portanto, estranho considerar o aspecto estocástico do comportamento de um animal aparentemente isolado do seu par ceiro . Altmann (1965) desenvolveu um sistema para estudar depen dência estatística entre elementos comportamentais gerados por par ceiros, e que se estende a quadrado. Seu estudo do comportamento dos macacos rhesus merece a posição de clássico entre os estudos INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS 218 Observação Direta e Medida do Comportamento
etológicos. Muito freqüentemente, etólogos pintam um quadro vívido dos elementos comportamentais de um animal sem dar um único número. Sobre a probabilidade de ocorrência e duração desses ele mentos, psicólogos apresentam resultados quantitativos meticulosos submetidos a análise de variância, fornecendo, porém, ümitadas indi cações de como o animal se comporta. Altmann oferece um inventá rio comportamental pormenorizado do rhesus (1962), como também um dos tratamentos matemáticos mais sofisticados, jamais utilizados por um etologista (1965). Ele postula uma série de modelos estocásticos que especificam as probabilidades de todos os eventos comportamentais e seqüências de eventos até incluir quatro eventos sucessivos. O objetivo de cada modelo é permitir a previsão de que comportamento ocorrerá, num determinado momento, em relação aos seus eventos antecedentes. Pode-se dizer, assim, que o modelo especifica a estrutura estocástica do processo de interação. Altmann considera cinco modelos desse tipo. Uma ordem zero de aproximação da estrutura estocástica supõe que todos os eventos sejam equiprováveis e independentes entre si; nessas circunstâncias, a predição seria uma questão de chance. Obtém-se uma aproximação de primeira ordem supondo-se que padrões de comportamento sucessivos são independentes, mas têm a mesma pro babilidade encontrada na natureza; assim, a probabUidade de qual quer evento pode ser empiricamente determinada, dada uma amostra adequada do repertório do animal. As análises usadas por Grant (1963) e Wiepkema (1961) baseiam-se em aproximações de segun da ordem à estrutura estocástica: isto é, eventos sucessivos não são independentes, mas seguem uma probabüidade de ocorrência, que é determinada pelo evento imediatamente precedente. Altmann adianta-se ainda mais: ele considera a possibüidade de qualquer evento ser o resultado de dois ou três eventos imediatamente precedentes (apro ximações, respectivamente, de terceira e quarta ordem). Ademais, à medida que maior número de eventos forem sendo considerados, di minui nossa incerteza sobre que padrão de comportamento se segue. Por que, então, poderíamos perguntar, parar em aproximações de quarta ordem? Altmann oferece uma resposta engenhosa e quanti tativa . Cada modelo reduz, por um certo total, nossa incerteza sobre que comportamento ocorrerá a seguir. Dadas as dependências seqüen ciais entre eventos sucessivos e um repertório comportamental finito de 120 elementos, a redução na nossa incerteza em aplicar cada moINDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Análise de Seqüências 219
delo pode ser medida usando-se a teoria estatística de informação (Shannon e Weaver, 1948; Miller e Frick, 1949; e Quastler, 1955). Se todos os eventos comportamentais são independentes entre si, a incerteza (I) associada com qualquer evento comportamental é dada pela expressão: / O) =
— 5* P (k) log2 p (k)
na qual k é o número de itens no repertório comportamental e p(k) as probabilidades associadas com cada item. Do mesmo modo, se considerarmos dois eventos (díade), a incerteza associada a y, quan do x, seu antecedente, é conhecido, é dada pela expressão: I*(y) =
— Sm p(j,k) Ioga p}(k)
na qual P)(k) é a probabilidade de que y = k quando x = /. Nas tríades ocorre o mesmo: h,x{y) = p(Ü ,k ) log2 piAk)
e nos quadrados: Ixwx(y) = —
p{h,i,j,k ) log2
Ph,ij(/c)
Vejamos, agora, se o comportamento de um animal depende, em parte, do evento imediatamente precedente, /*(y) será menos do que I(y) e /««(y) menos do que h ( y ) etc. Assim, a diferença entre as medidas de incerteza fornecidas por modelos sucessivos dará uma medida do decréscimo da incerteza (ou, ao contrário, uma quan tidade extra de informação) fornecida por aquele modelo. É possí vel, porém, que à medida que aumentarmos o número de elementos considerados na seqüência, entraremos logo em conflito com a lei do retorno diminuído, cada nova computação fornecendo somente uma fração mais do que sua predecessora. Este problema pode ser resol vido comparando-se cada incerteza condicional com o seu valor má ximo possível. O máximo possível de incerteza é simplesmente log2(k), supondo-se que em cada evento o animal tem todo o seu repertório comportamental para escolher. Poderíamos esperar que à medida que se considerarem mais e mais comportamentos antecedentes, o compor tamento do animal tornar-se-á mais determinado. INDEX BOOKS GROUPS
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220 Observação Direta e Medida do Comportamento
Isto é realmente o que ocorre. Usando a medida de redundância de Shannon, Altmann calculou um “índice de estereotipia” para cada ordem de aproximação. Esta varia de 0 para o grau de aproximação ordem zero (todos os padrões de comportamento eqüiprováveis) até 0,9 para a aproximação de quarta ordem. Em outras palavras, quan do nossas predições se baseiam em três eventos antecedentes, pelo menos no comportamento social do macaco rhesus, o comportamento é quase comportamento determinado. Assim, o último estágio de análise de Altmann possibilita responder a questão: Por que parar nos quadrados? Paramos no ponto compatível com a quantidade de dados disponíveis, onde a redução da incerteza deixou de ser significante. Ê claro, porém, que o tamanho da população de seqüência dimi nui, à medida que um maior número de elementos for incluído na se qüência. Dados poderiam ser preservados em análises dessa natureza se fosse possível demonstrar que seqüências como ABCEDOFGIHJKLLLM e ACBEFGWHIJKLMLN pertencem à mesma população. O próprio Altmann afirmou que não encontrou evidências da “cadeia simples de eventos” freqüentemente usada para descrever o compor tamento, particularmente o comportamento sexual, de animais. Essa invariância seria, sem dúvida, biologicamente não-adaptativa se apre sentada pelos animais, particularmente nas suas transações sociais com outros animais. No entanto, supondo-se que ocorrerá entre os animais considerável variabilidade (e acima de tudo entre seres humanos) na ordenação dos elementos componentes de uma cadeia, quanto a perio dicidade e intensidade, prima facie poderia se esperar que existirão determinadas classes de cadeias de comportamento nas quais a maio ria dos elementos estariam em posições temporais similares e que di feririam de outras classes nas quais grupos de elementos bem diferen tes ocorram em justaposição temporal. Por exemplo, as seqüências: ZYXWWVTSRABUQPON ZXYWVUTTSRBQPOON
embora contenham alguns elementos em comum com as seqüências acima, quase certamente pertencem a uma diferente classe de com portamentos. Certamente, é maior a semelhança entre pares do que inter pares. As seqüências mais simples são, naturalmente, aquelas que con têm somente dois itens. Wiepkema (1961) mostrou que as correiaINDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Análise de Seqüências 221
ções entre pares de itens podem ser classificadas por meio de análise fatorial. Poder-se-ia esperar que um sistema para classificar seqüên cias mais longas também se utilizasse da análise fatorial. Um trata mento matemático (Análise Multi-Escolar) através do qual se pode classificar seqüências contendo até quarenta elementos foi desenvol vido recentemente pelo Professor Louis Guttman do Israel Institute of Applied Research, Jerusalém (comunicação pessoal). O método foi recentemente aplicado a um estudo de genética do comportamento de camundongo (Guttman e Liebig, 1968), mas até agora não foi pu blicada uma exposição pormenorizada do tratamento estatístico. Pelas razões expostas, ele deverá mostrar-se um instrumento importante. O MODELO DA ESTRUTURA GRAMATICAL DA FRASE Vários autores, entre eles Altmann (1965), pesquisaram se o processo de Markov constituiria o modelo mais apropriado para uma descrição abrangente do comportamento, e propuseram que seria par ticularmente útil estudar modelos derivados da psicolingüística. Este ponto de vista foi expresso em vários lugares. No seu artigo sobre “O problema da ordem serial no comportamento”, Lashley (1951) afir mou: Devotei tanto tempo à discussão do problema de sintaxe não so mente porque a linguagem é um dos mais importantes produtos da ação cerebral humana, mas também porque os problemas coloca dos pela organização da linguagem parecem-me que são caracte rísticos de quase todas as demais atividades cerebrais. .. . Não somente a linguagem falada, mas todas as habilidades parecem en volver os mesmos problemas de ordem social, até mesmo ao nível da coordenação temporal das contrações musculares, em movimen tos tais como alcançar e agarrar (pág. 221).
Mais recentemente, numa monografia estimulante e inpiradora, Millcr e colaboradores (1960) acentuaram a importância de planos na orientação do comportamento. “Um plano é qualquer processo hie rárquico no organismo, que pode controlar a ordem na qual deve ser desempenhada uma seqüência de operações”. O fato de as pessoas, ao falarem “serem capazes de construir e executar Planos muito com plicados e num ritmo relativamente rápido” sugere que o estudo das regras de organização, por meio das quais os seres humanos geram sua verbalização, poderia também esclarecer como elas controlam ou tras seqüências de comportamentos. Como disse Miller e seus colaINDEX BOOKS GROUPS
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222 Observação Direta e Medida do Comportamento
boradores: “Esta habilidade humana (construir planos) pode ser ca racterística da linguagem humana, mas isto parece pouco provável”. Não existem, a princípio, razões para não supor a aplicabilidade de modelos derivados da psicolingüística a qualquer comportamento, além da linguagem. No entanto, é tentador traçar analogias entre linguagem e comportamento não-verbal. Assim como a linguagem consiste em um vocabulário finito de palavras, o comportamento não-verbal tem um repertório finito de elementos. Na fala, as palavras, e no compor tamento não-verbal, os elementos estão justapostos em fios com um começo e um ponto terminal definidos; probabilidades de transição entre palavras adjacentes ou elementos comportamentais podem ser determinadas empiricamente; e o que é mais importante, tanto a lin guagem quanto o comportamento não-verbal têm uma estrutura. Es trutura significa que palavras e elementos do comportamento parecem estar hierarquicamente organizados em grupos de complexidade cres cente ou decrescente. Dentro de cada grupo, as palavras ou elementos mantêm relações estatísticas próximas entre si, o que não ocorre com relação aos membros de outros grupos. Parece ser informativo fazer uma breve excursão exploratória em psicolingüística em busca de um modelo de comportamento se qüencial descritivamente adequado. Numa introdução bastante clara à determinação da estrutura sintática, Miller (1962) dá a seguinte ilustração do que constitui a análise de uma sentença. Tome a senlonç.i Bill bateu na bola. Ê intuitivamente óbvio que a bola forma uma unidade mais natural do que bateu na. Um teste da organização da sentença é substituir uma única palavra por subseqüências e ver se isso altera toda a estrutura da sentença. Podemos, por exemplo, substituir nela por na bola em agiu por bateu na bola e manter a es trutura da sentença. Não poderíamos fazer uma substituição similar para bateu na ou Bill bateu na sem alterar radicalmente a estrutura. Podemòs representar as interrelações entre os vários constituintes por meio de uma gramática generativa. Não se pretende fazer uma expo sição pormenorizada da gramática generativa. Restringir-nos-emos àqueles pormenores que são necessários para seguir a discussão abaixo.* * O artigo de Miller (1962) em conjunto com o pequeno livro Syntactic) Structures de N. Chomsky (The Hague. Mouton, 1957) fornecem uma intro dução adequada ao assunto. Uma introdução mais ampla pode ser encontrada em J. J. Katz e P. M. Postal: An Integrated Theory of Linguistic Descriptions (Cambridge, Mass., M. I. T. Press, 1964). INDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Análise de Seqüências 223
A idéia central é a de que, “começando com um axioma bási co, aplicamos regras de formação que nos permitem reescrever o axio ma de certas maneiras aceitáveis até que tenhamos, finalmente, deri vado a sentença desejada” (Miller, 1962). O conjunto de regras de reescrever é designado gramática. Por exemplo, podemos ilustrar uma gramática generativa referindo-nos à sentença original Bill bateu na bola, fraseada em termos das regras de reescrever (Figura 59). A representação desse tipo é designada de diagrama em forma de árvore. Cada ramo de árvore termina com um símbolo terminal, isto é, símbolos que não podem ser reescritos. Pode-se ver que os sím bolos terminais a e bola estão relacionados por meio de um único nódulo, NP; os mesmos símbolos terminais se relacionam com bateu, S F1
S
F2
NP
T♦ N
F 3‘
VP
V ♦ NP
F4
NP
Bill, João
F5
T
uma, a
F6:
N
menino, menina, bola
F7
v
bateu
NP ♦ VP VP
NP
Bill
NP
bateu
T
bola
Figura 59. Conjunto de regras de reescrever, aplicado a uma sentença sim ples, acompanhado do diagrama resultante (de Miller, 1962).
através de dois nódulos NP e VP; e com Bill, via três nódulos. Po deríamos antecipar que os símbolos terminais que condividem um nódulo comum mantêm uma relação estatística mais próxima do que símbolos entre os quais ocorrem dois ou mais nódulos. Isto parece ocorrer: a probabilidade transacional associada com o subseqüente a bola é maior do que a associada (digamos) com Bill na ou Bill bola. Poderia uma gramática generativa, possível de ser representada INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS 224 Observação Direta e Medida do Comportamento
por meio de um gráfico como esse, ser aplicada à análise formal de seqüências comportamentais, estruturadas, não verbais? De acordo com a informação que disponho, somente Marshall (1965) tentou essa aplicação. Seu artigo, embora pouco conhecido, é altamente es timulante e contém, pelo menos, as indicações para uma estrutura sin tática de comportamento não-verbal. Marshall utiliza os dados de observações de Fabricius e Jansson (1963) sobre comportamento re produtivo de pombo macho. Os autores apresentam seus dados sob a forma de uma tabela de contingências, mostrando a percentagem de ocasiões em que cada padrão de comportamento é percebido ou se guido de cada um dos demais. Como símbolos terminais, Marshall escolheu sete dos dezesseis padrões de comportamento. Na Tabela Xin são reproduzidas as células apropriadas de uma matriz sete por sete. TABELA Xni Freqüência Relativa com a Qual cada um dos Sete Padrões de Comportamento de Pombos Machos Precede ou Segue os Demais (de Acordo com Fabricius e Jansson, 1963) Ic I A Cp Bi M Co
Ic
/
A
Cp
Bi
M
Co
—
40.4
92.4 73.0 5.9 2.7 0 51.9
—
7.5 4.4
23.5 1.0 4.9
0.3 0 0 43.6
0 0.3 0 7.5 9.8
0 0 0 0 0 98.1 —
11.5 0 0 0 0
—
0.3 0.9 0 0
—
66.2 1.9 3.9
—
0 0
—
0
São consideradas três seqüências representativas desses compor tamentos: 1. Inclinar o corpo (/c) -f Compor as penas (Cp) -\- Montar (M) + Copulação (Co). 2. A mesma seqüência de 1 com opção do item Unir os bicos (Bi) interposto entre Cp e M. 3. A mesma seqüência descrita em 2 com um ou ambos os itens optativos, Impelir (/) seguido de Atacar (A), interpostos en tre Ic e Cp. INDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Análise de Seqüências 225
Constrói-se, a seguir, a estrutura gramatical da frase, capaz de gerar tanto os padrões de comportamento exigidos quanto representar a organização hierárquica desses padrões. A gramática, acompanhada das convenções e abreviações usadas, aparece na Figura 60. 1. SeqCS ------> Prep' 2. Prep ------ > Int
Con Aq
3. Int ------> Ic *“ ■ (Ag)
5. Aq ----- > Cp 6. Con ------> M
Bi Co
LEGENDA Seq CS: Prep: Con: Int: Aq: Ag:
Seqüência do comportamento sexual Ic: I: Comportamento preparatório A: Comportamento consumatório Introduz Cp: Bi: Aquecimento Comportamento agressivo M: Co:
Inclinar o corpo Impelir Atacar Compor as penas Unir os bicos Montar Copulação
Figura 60. Gramática generativa utilizada por Marshall (1965) em sua análise
dos dados de Fabricius e Jansson (1963) sobre o comportamento de repro dução do pombo macho.
Considerando-se cada uma das seqüências, 1, 2, 3, separada mente, gramaticalmente pode-se afirmar que se organizam sob a for ma representada pelos três diagramas ilustrados na Figura 61. Vimos que existe uma maior dependência estatística entre símbo los terminais separados por um único nódulo do que entre os separaINDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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226 Observação Direta e Medida do Comportamento ScqCS. Con
/
M
\
Co
Cd
Figura 61. Três diagramas mostrando os estágios sucessivos na aplicação da gramática generativa ao comportamento de reprodução do pombo macho (de Marshall, 1965).
dos por dois ou mais. Assim, a partir do diagrama 1, poderíamos pre ver que: p* (l c/Cp ) e p (M/Co) > p (Cp/M)
que, como se pode ver na Tabela XIII, ocorre. Do mesmo modo, no diagrama 2 poder-se-ia prever que: P
(Cp/Bi) e p (M/Co) > p (Ic/Gp) >
p
(Bi/M)
visto que Cp, Bi e M, Co são separadas entre si por um módulp, en quanto que Ic, Cp são separados por dois nódulos e Bi e M são se*
p {A/B)
são definidos como a probabilidade de B seguir-se a A INDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Análise de Seqüências 227
parados por quatro nódulos, Essas previsões também foram confir madas. Pelo mesmo princípio, no diagrama 3, poder-se-ia prever que: p ( I / A) e p ( Cp/Bi) e p (M/Co) > p (lc/I) > p (A/Cp) e p (Bi/M)
Conferindo com as probabilidades observadas, as previsões são corretas, exceto em um caso, p (I/A) que é somente 0,044. A razão disto está no fato de a seqüência definida pelo diagrama 3 não ser a única possível: observando-se as probabilidades da Tabela XIII, ve rifica-se que: o animal pode retroceder na seqüência antes de iniciar a seqüência consumatória, por exemplo, p ( I/Ic ) é 0,924. Assim, a gramática exige que o diagrama seja refeito para levar em consideração esse retrocesso. Isto é feito reescrevendo-se as regras dois a cinco a fim de que operem recorrentemente. (Figura 62). Isto permite estruturar 1. 2. 3.
SeqCS-»PrepCon Prep-»Int Aq (Prep) Int->Ic (Ag) (Int)
Mir*
*■
5. 6.
Aq-»Cp Bi ~ (Aq) Con-»M"~ Co
Figura 62. A versão recorrente da gramática generativa pode ser como esta (Marshall, 1969, comunicação pessoal).
o diagrama 3 de uma nova maneira (Figura 63). Esta ampliação da gramática permite-nos agora fazer as seguintes previsões: p ( Bi/C p ), p (Bi/Ic)> p (Cp/Ic) e p ( AH) , p (A/lc), p (I/Ic) > P (Bi/I), p (Bi/ A ), p (iCp/l ), p (Cp/A)
Pode-se ver, então, que a gramática, na sua forma recorrente, ofe rece um modelo adequado para descrever seqüências de comportamen to, que se repetem e que terminam com a copulação. INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS 228 Observação Direta e Medida do Comportamento SeqCS Con
/ M
_L
Ag
\ Co
Jc
Figura 63. Diagrama mostrando a aplicação da gramática generativa, na sua forma recorrente, ao comportamento de reprodução do pombo macho (Marshall, 1969, comunicação pessoal).
O modelo chi-quadrado é o mais simples e amplamente utiliza do drntre todos os considerados; é também o menos informativo. De terminadas regularidades que não são aparentes nos dados brutos po dem serem manifestadas através de medidas de associação e correla ção, mas a demonstração da sua coerência matemática ainda resta a ser demonstrada. O tratamento dado por Wiepkema (1961) usando análise fatorial é mais adequado, pois tenta considerar todas as cor relações em termos de um número limitado de fontes de variabilidade. Sua limitação reside no fato de considerar somente elementos adja centes. Por outro lado, Altmann (1965) mostrou que a ocorrência de qualquer elemento comportamental pode ser tratada como uma função de pelo menos três eventos antecedentes. A série de modelos de Altmann para calcular a redução média de incerteza derivada das seqüências de comportamento antecedentes de extensão crescente é uma aventura particularmente interessante, no sentido de relacionar etologia com a teoria matemática de comunicação. Quando conside rada isoladamente, a quantidade de incerteza associada com a ocor rência de um único item do comportamento é, infelizmente, uma fun ção do tamanho do repertório de comportamento. Portanto, seqüências INDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Análise de Seqüências 229
de elementos de comportamento, que excedem os quadrados, devem ser consideradas na análise do comportamento humano para alcançar níveis de redução de incerteza, comparáveis àquelas encontradas para rhesus. O próprio Altmann apresentou a sugestão de que “restrições ine rentes” como as que ocorrem na comunicação humana e que não po dem ser geradas pelos processos de estado finito de Markov, poderiam ser aplicadas a comportamento não-verbal, não-humano. É de opinião também de que extrapolações de estrutura gramatical de frase à aná lise de comportamento não-verbal possam não se demonstrar úteis. Ainda deve ser confirmada a ocorrência dessas restrições nos pro cessos de comunicação de não-humanos. De qualquer modo, a extrapolação da análise de Chomsky a seqüências de comunicação em outros animais não será direta. Além do fato de unidades-palavra na análise lingüística de Chomsky não serem estritamente comparáveis às unidades de comportamento do nosso estudo, deve-se revelar um problema ainda mais difícil que é o de a análise de Chomsky depender de ser capaz de distinguir que classe de cadeias de palavras constitui afirmações gramaticalmente corretas na lin guagem. (O que corresponde a isto na comunicação de primatas não-humanas? É o conjunto da seqüência que, de fato, ocorre?). Ademais, Chomsky está lidando com restrições do comportamento de um indivíduo sobre seu próprio comportamento, enquanto esta mos lidando com as restrições sociais sobre o comportamento den tro de ura grupo intercomunicante de indivíduos. Isto é, Chomsky lida com cursos de ação enquanto lidamos com cursos de intera ção (pág. 518).
Diante desta objeção final, a análise de Marshall dos dados de Fabricius e Jansson (1963) é de interesse particular; fornece uma descrição completa do comportamento com grande economia, consi derado somente um animal de um par. A força de um modelo reside na sua habilidade de lidar com um repertório consideravelmente am plo de comportamento e com seqüências muito mais longas do que as que poderiam ser tratadas somente com os processos markovianos. Ainda não foi feita uma avaliação dos vários modelos, apresentados neste capítulo, na qual os três tipos seriam aplicados aos mesmos da dos comportamentais.
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Capítulo 10
UMA VISÃO DO FUTURO PARA UMA ETOLOGIA DO HOMEM Se existirem historiadores de ciência daqui a mil anos, e se forem conservados documentos adequados, os anos da metade do século 20 serão reverenciados. O progresso na compreensão biológica, que tinha aumentado tão lentamente nos anos subseqüentes ao século XVI, tornou-se subitamente exponencial.
Assim escreve o editor de um recente simpósio sobre Ideas in Modern Biology (Moore, 1965, p. vii). As três últimas décadas teste munharam algo que se aproxima de uma revolução no nosso pensa mento sobre a estrutura e o crescimento das coisas vivas. Progressos relevantes foram feitos na citogenética, biologia molecular, fisiologia celular, embriologia experimental e fisiologia da reprodução, para só mencionar algumas áreas. É, portanto, significativo que, além de ca pítulos sobre desenvolvimentos recentes nessas áreas, a coleção de Moore contém três capítulos sobre etologia, o estudo biológico do comportamento. Pois, como Medawar (1967) afirmou, foi necessária uma “revolução do pensamento” para produzir uma ciência do com portamento animal no estilo dos seus dois pioneiros, Lorenz e Tin bergen. Enquanto a investigação científica, na sua forma clássica, pro curava isolar um fenômeno, sujeitando-o a intervenções experimentais simples e registrando que mudanças ocorriam, os etólogos mostraram que proposições semelhantes a leis (Ryle, 1949) poderiam ser feitas sobre o comportamento de animais ocorrendo na situação natural, em seus próprios habitais. Mostraram que o comportamento pode ser analisado em unidades naturais (veja Capítulo 3) e, que essas uni dades tinham entre si uma certa coerência estrutural e que ocorriam em seqüências regulares e altamente previsíveis, quando consideradas juntamente com eventos naturais do mundo animal. A etologia foi também caracterizada por um tipo de enfoque particular. Tinbergen INDEX BOOKS GROUPS
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(1963) descreveu seu enfoque como um esforço para olhar o fenô meno do comportamento através dos olhos do biólogo treinado; pro por as questões: Como se desenvolveu esse padrão de comportamen to? Quais as suas causas? Quais as suas funções? e Qual o seu signi ficado evolutivo? Estas perguntas podem ser rotuladas, respectiva mente, de problemas de ontogenia, causalidade, valor de sobrevivência e evolução. O que o etólogo fez foi lembrar aos cientistas que o com portamento de animais é um assunto legítimo tanto do estudo bioló gico quanto de sua estrutura e de que questões biológicas importan tes podem ser estudadas através de laboriosa observação, descrição e registro do comportamento ocorrente naturalmente. Como Medawar (1967) também nos relembra, somente quando um catálogo básico dos padrões de comportamento, que ocorrem naturalmente for com pletado é que será possível começar a obter informação significante do estudo do com portamento em restrição — aplicando-se ou removendo-se estímu los — pois não é informativo estudar variações de comportamento a não ser que se conheça antes a norma da qual discrepam as variantes.
É essa volta ao enfoque natural da etologia que a distingue de outra disciplina, a psicologia, que se apresenta como a ciência do comportamento: O trabalho experimental na etologia caracteriza-se pelo fato de que os problemas selecionados para análise experimental são, em geral, aqueles sugeridos pela observação do padrão de comportatamento natural do animal. ... Em contraste, a maior parte do trabalho de psicologia animal, neste país (América do Norte), não se baseia no interesse do pesquisador pelo animal como um objeto de pesquisa, mas no uso do animal, tal como o rato de laborató rio, como um instrumento para investigar um problema que o pesquisador considera ser um problema de psicologia “geral” e não um aspecto da vida do rato. Na realidade, existe uma pres suposição nSo explicitada, em grande parte, da “psicologia do rato” de que a justificativa para o trabalho e nossa concepção do seu significado, depende de quanto consideramos que o comportamento do animal que está sendo usado no experimento é representativo do comportamento dos animais em geral, incluindo os seres hu manos (Lehrman, 1962, pág. 89).
Portanto, a psicologia e a etologia, embora complementares (Tin bergen, 1955), diferem com respeito aos seus métodos de estudo e ênfase, e na maneira de colocarem suas questões. A psicologia res INDEX BOOKS GROUPS
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tringe-se muito à experimentação bem controlada em laboratório, que, por sua vez, pode ter apenas uma tênue conexão com comportamento, que ocorre em situação natural. A etologia começou com comporta mento em situação natural e só subseqüentemente aprendeu a subme ter seus dados à experimentação de laboratório. Enquanto a psicolo gia vem se preocupando com experimentação com seres humanos tan to quanto com animais, os etólogos restringiram, até agora, suas ob servações às espécies subhumanas e, em particular, aos subprimatas. É interessante notar que naquelas disciplinas que são, em geral, partes da biologia, o estudo dos processos vivos, assim como o estudo dos processos humanos, foi amplamente excluído. Este padrão foi se guido pela etologia. Não existe uma disciplina que poderia ser deno minada etologia humana, embora os próprios etólogos há muito re conheceram o valor dos seus métodos e do enfoque biológico para o estudo do comportamento humano. Tinbergen finaliza seu livro clás sico O estudo do instinto (1951) com um capítulo intitulado “O es tudo etológico do homem”: O homem é um animal. É, em muitos aspectos, uma espécie sin gular e distinta, mas não deixa de ser um animal. Na estrutura e funções do coração, sangue, intestino, rins, e outros, o homem se assemelha muito aos outros animais, especialmente aos outros ver tebrados. A paleontologia bem como a anatomia comparativa e a embriologia não deixam nenhum dúvida de que essa semelhança se baseia em verdadeiras relações evolutivas. O homem e os primatas atuais, só muito recentemente, divergiram de um tronco pri mata comum. ... É, portanto, bastante natural, que o zoólogo de veria inclinar-se para estender seus estudos etológicos além dos animais até o próprio homem. Contudo, o estudo etológico do homem ainda não progrediu muito. Enquanto a neurofisiologia animal e a etologia animal estão se reaproximando, uma grande lacuna permanece nesses campos, no estudo do comportamento do homem (pp. 209-210).
Duas décadas depois passa a existir uma situação de perplexi dade. Temos os inícios do que se propõe como uma etologia do Ho mem, baseada porém, não em análises intensivas do comportamento humano, mas em extrapolações dos resultados e noções teóricas de estudo com animais inferiores. Os etólogos não se mostram entusias mados em se envolverem com estudos de observação pormenorizada e sistemática, necessários para a construção de um etograma humano. Os dados são mais freqüentemente coletados no laboratório do que no campo. Esta situação é particularmente surpreendente visto que os INDEX BOOKS GROUPS
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etólogos continuamente reafirmam que a análise dos mecanismos cau sais subjacentes ao comportamento pressupõe uma análise pormenori zada do repertório de comportamento do animal. Além disso, naque les estudos nos quais o homem não foi uma das espécies consideradas, eles mostraram uma cautela recomendável ao inferir mecanismos ho mólogos das similaridades ínter-específicas de comportamento. Quan do uma das espécies é o homem, saltos inter-específicos são conside rados bem legítimos, desde que sejam em uma única direção. As ex trapolações para mecanismos comportamentais em animais, baseadas em estudos do homem seriam rejeitadas como antropomórficas. Os psicólogos, por outro lado, raramente colocaram seus resulta dos no tipo de quadro de referência biológica que pudesse excitar o interesse dos etólogos, e nem se preocuparam, em geral, com as ques tões teóricas que preocupam os etólogos. Em conseqüência, os etólo gos tenderam a ignorar resultados de estudos relevantes com seres hu manos para suas especulações sobre o comportamento humano, pro duzindo, freqüentemente, artigos que se destacam mais por seus títu los epigramáticos do que pela perspicácia. Por exemplo, fascismo, cri minalidade, delinqüência são alguns dos fenômenos atribuídos à aglo meração humana por escritores como Leyhausen (1965), Keywitz (1966), e Russell (1966). Na prática, sabe-se que o estrangulamento-de-bebês provém tanto de famílias de profissionais e artesãos quanto de residentes em cidade e em zona rural (Helfer e Kempe, 1968; C. Ounsted, comunicação pessoal). Embora Russell (1966) afirme, en faticamente, que “os estudos com animais, particularmente com ma cacos, sugerem que a aglomeração é uma causa patente de agressão”, ignoramos estudo de primatas infra humanos no qual se tenha mani pulado a densidade como uma variável independente e controlado ou tros fatores contribuintes. Não se tomaram em consideração diferen ças individuais nem o fato de que muitos hümanos escolhem viver em áreas densamente populadas buscando ativamente as vantagens da vida urbana. Esses autores, persistentemente, ignoram estudos humanos pu blicados, que poderiam relatar resultados contrários às suas teses. Por exemplo, a Unidade de Pesquisa Médica Neuropsiquiátrica da Mari nha Norte Americana (Gunderson, 1963; Gunderson e Nelson, 1963) realizou um estudo geral do efeito do tamanho do grupo sobre adultos normais; verificaram que quando números diferentes de homens eram confinados em uma área física limitada, o tamanho do grupo (o grupo maior era composto de 80 a 100 homens) não teve efeito sobre a inci dência de queixas emocionais ou somáticas (sendo este um índice senINDEX BOOKS GROUPS
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sível de perturbação). No estudo mencionado no Capítulo 7 (Hutt e Vaizey, 1966), verificaram não somente que as diferenças individuais eram importantes nos efeitos da aglomeração, mas que o mesmo ocor ria com a estrutura do meio físico. Numa sala que era parcialmente dividida por meias paredes, bancos, cantos, etc. a densidade aumen tada provocou comportamento territorial; este comportamento não se apresentava numa sala aberta, retangular, que não tinha nem mesmo os rudimentos de demarcação do território físico. E, no entretanto, em um volume exaustivo sobre o comportamento de primatas, edi tado por de Vore (1965), não se menciona comportamento territorial como ocorrendo em qualquer uma das espécies infra-humanas de pri matas. Pode-se, porém, dizer em defesa desses comportamentistas dos animais que eles estão interessados em estimular a especulação, ou em popularizar os resultados científicos para o leigo interessado. Mas há uma distinção entre, por um lado, especulação limitada e as analogias e homologias consideradas e afirmações melodramáticas, distrações e omissões seletivas, por outro. Tendo advogado ura enfoque etológico através do livro, pode causar surpresa esta nota crítica para terminar. Nossa preocupação é a de que a própria consideração que os etólogos têm pela impor tância dos seus resultados e pela aplicabilidade da sua metodologia ao estudo do homem não deveria ser destruída por uma pressa incon veniente em inferir homologias e nem por uma relutância em querer encobrir o que já se conhece ou a envolver-se em novas tentativas de busca de fatos. Neuroetologia Em última análise, o progresso nas ciências comportamentais quase seguramente ocorrerá quando os registros de comportamento se fizerem simultaneamente com registros fisiológicos. Poderia ser apro priado, portanto, ao final deste capítulo, considerar três estudos-piloto nos quais tentativas foram feitas para realizar essa simultaneidade. Embora relativo a gatos, o primeiro estudo, feito por van den Hoofdakker (1966), apresenta um paradigma metodológico, particularmen te com referência a sua análise comportamental. Este estudo será des crito, portanto, com maiores detalhes. Os outros dois estudos são consideravelmente menos completos do que o de van den Hoofdakker, mas interessam porque seus sujeitos foram seres humanos. INDEX BOOKS GROUPS
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Comportamento e EEG em gatos Gatos domésticos foram observados em uma gaiola quadrada, cujas grades eram feitas de vidro. Os registros do EEG foram obtidos de elétrodos implantados na caixa craniana. Os elétrodos estavam li gados a um cabo leve conectado a um contato no pescoço do animal e preso no teto de sua gaiola; a extensão do cabo era suficiente para dar completa liberdade de movimento ao animal. O EEG era regis trado em fita magnética junto com observações pormenorizadas do comportamento. As observações eram registradas a intervalos de dez segundos em uma forma padronizada. Um exemplo dessa forma é mostrado na Figura 64. .Três grupos de comportamento foram registrados: 1. Postura do corpo: sentado, enrodilhado, como esfinge, ou deitado. 2. Posição da cabeça: elevada, abaixada, ou caída. 3. Olhos: abertos, metade abertos, um quarto abertos, ou fe chados. 1 minuto TEMPO
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Figura 64. Exemplo de um protocolo preenchido (de van den Hoofdakker. 1966).
Cada elemento comportamental foi clara e completamente defi nido. Um registro foi feito em cada uma das três categorias de com portamento, cada dez segundos, durante um período total de cinco minutos. Depois de um intervalo de descanso de um minuto, o comINDEX BOOKS GROUPS
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portamento voltou a ser registrado durante cinco minutos e o pro cesso repetiu-se até uma hora de registro. Pode-se ver que com três categorias de comportamento que pudessem estar em uma categoria de quatro, três ou quatro estados, respectivamente, existem, teorica mente, quarenta e oito possíveis combinações dos elementos de com portamento. Na prática, porém, ocorreu só um número limitado de combinações, indicando que os elementos de comportamento se intercorrelacionam de uma maneira específica. Por exemplo, as posições elevada e abaixada da cabeça podiam ocorrer em associação com as posições sentada, enrodilhado, deitado e posição de esfinge, enquanto que a posição cabeça caída ocorreu somente associada com a posi ção do corpo deitado. Assim também, enquanto as combinações sen tado/cabeça elevada e enrodilhado/cabeça elevada ocorreram com olhos abertos, não ocorreram com olhos fechados. A Figura 65 mos tra a amplitude da abertura das pálpebras em cada combinação de postura. Constelações estáveis dos três tipos de categorias comportamentais foram denominadas de estados comportamentais. Cabeça Elev. Abaix. C aid Sentado Enrodilhado Esfinge Deitado
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Figura 65. Percentagem de vezes das várias combin ações de postura do corpo, posição da cabeça e amplitude de abertura das pálpebras, n indicando o número de períodos (de van den Hoofdakker, 1966).
O relógio que o observador usava para registrar o tempo foi uti lizado como um temporizador no EEG, possibilitando assim correla cionar posteriormente EEG e comportamento. O EEG correspondente a cada estado comportamental foi então automaticamente analisado, usando-se um analisador de freqüência Ediswan. A questão proposta por van den Hoofdakker era o de verificar se diferentes estados com portamentais se caracterizavam por diferentes relações entre voltagem do EEG e espectro de freqüência. INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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Foi feita uma análise das amplitudes dos componentes do espec tro de freqüência para cada estado comportamental. Foram descober tos dois tipos principais de variabilidade do EEG. No tipo A, verifi cou-se uma relação inversa entre a freqüência e a amplitude do EEG. No tipo B, a voltagem média era variável, mas o espectro de freqüên cia sempre mostrou uma predominância de freqüência baixa. Em ou tras palavras, no tipo B o espectro de freqüência permaneceu inaltera do apesar das mudanças na voltagem média. O tipo C era um grupo de EEGs que mostravam uma mistura de características de A e B. Este último tipo não é, como se poderia pensar, uma categoria inde cisa, mas poderia ser considerada como uma intermediária no sentido matemático estrito. As relações matemáticas entre os três estados são apresentadas claramente na monografia de van den Hoofdakker. Relações estatísticas constantes foram demonstradas entre os di ferentes estados comportamentais e os três tipos dé EEGs. Os dados são sumarizados na Figura 66. Os tipos B e C do EEG nunca ocor reram na posição enrodilhado. A probabilidade de o Tipo B ocorrer aumentava à medida que a postura do animal passava de sentado para deitado, a posição da sua cabeça de elevada para caída, e de seus olhos abertos para fechados. Os comportamentos com os quais van den Hoofdakker se ocupou eram relativamente circunscritos, envolviam somente mudanças de pos tura, no gato, cabeça e olhos entre acordado e dormindo. Poderíamos, entretanto, supor que com quarenta e oito combinações possíveis de elementos comportamentais e com três tipos de categorias de EEG para serem considerados os dados de um estudo modesto como esse seriam completamente não-manejáveis. O autor mostra que isto não ocorre. Somente cerca de metade das combinações, teoricamente possíveis, ocorreram realmente, e, em qualquer um dos animais, as correlações entre estado comportamental e atividade EEG são sur preendentemente estáveis. Mostrando-se destemido diante da aparente complexidade do seu problema, o autor mostra que quanto mais me ticulosa for a análise, maior será a regularidade subjacente que emer ge; e quanto maior for a regularidade, maior será a redução possível dos dados. O presente estudo serve, portanto, como um protótipo va lioso dos estudos nos quais são feitas correlações diretas entre com portamento e atividade bioelétrica. Nesse estudo o intervalo de dez segundos de observação era ade quado, pois os comportamentos mudavam lentamente; em caso de mu danças mais rápidas de comportamento, poder-se-ia alcançar um maior INDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Vma Visão do Futuro para Uma Etologia do Homem 239 Cabeça lev Atja'^. Caiá.
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Figura 66. Sumário das corr elações verificadas em quatro gatos entre estado comportamental e tipos diferentes de atividade EEG (De van de Hoofdakker, 1966).
grau de discriminação usando-se gravador de fita, filme ou registro através de videotape, métodos que já discutimos. Do mesmo modo, utilizando outros métodos de análise automática de EEG, seria des necessário recorrer a intervalos de dez segundos de EEG, e correla ções temporais mais precisas poderiam então ser obtidas. Desenvolvi mentos futuros na correlação de comportamento e variáveis fisiológi cas dependerão de desenvolvimentos técnicos. Uma outra virtude do INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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estudo de van den Hoofdakker, é o fato de o método de registro ser, em princípio, muito simples e poder ser utilizado em estudos com hu manos, com apenas um pouco mais de dificuldade do que com os gatos. No estudo seguinte (Lee e colaboradores, 1964) o mesmo prin cípio foi basicamente usado no estudo do comportamento de crianças, enquanto o EEG era registrado por meio de longos cordões ligados ao aparelho usual de registro do EEG.
Exploração e EEG Mn crianças As crianças foram observadas na mesma sala utilizada nos es tudos descritos no Capítulo 4. A sala estava vazia, ocupada apenas com um divã médico. As crianças foram instruídas que iriam tomar parte em um jogo de astronautas, o que lhes obrigava a usar capace tes espaciais com fios ligados a eles. Quatro brinquedos foram intro duzidos na sala em pontos pré-determinados no registro. As crianças já se haviam familiarizado com a sala e várias medidas do EEG ha viam sido tomadas enquanto em descanso. Tinham a possibilidade de se locomoverem à vontade. Cada criança usava um capacete de bor racha convencional com elétrodos no crânio. Os cabos usuais e des canso de cabeça foram retirados e conectados com um novo cabo. Este consistia de trinta e seis pés de comprimento de um cabo múl tiplo. A ligação com o sujeito foi feita furando-se a tela por aproxi madamente 300 mm, mas deixando um pedaço de 25 mm da tela aparecendo, no qual foi soldado um forte pino de segurança. Este pino foi usado para ligar o cabo à roupa do sujeito. Clips-crocodilos comuns foram usados nas extremidades do cabo. Poderia ser obtido um registro completo de oito canais em qualquer montagem. O cabo bem leve foi preso ao teto no centro da sala, com suficiente extensão para permitir o acesso livre da criança a qualquer parte da sala. Se o cabo as atrapalhava de alguma maneira, as crianças o balançavam para o lado. Do teto o cabo passava para a sala de observação adja cente. Os registros de EEG foram feitos em um aparelho de oito ca nais Offner Tipo T, portátil, com filtros modificados para atenuar fre qüências acima de 15 a 18 ciclos por segundo. As crianças foram observadas através de espelho unidirecional, e um registro era tomado em fita de comentários sobre comportamento. Mudanças de ativida de foram marcadas com um sinal da pena no EEG, de modo que os comentários sobre o comportamento e o registro do EEG pudessem ser sincronizados mais tarde. INDEX BOOKS GROUPS
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Cada criança permanecia na sala durante aproximadamente dez minutos. Durante os primeiros quatro minutos ficavam sozinhas. Um observador trazia os brinquedos para a sala e brincava com a crian ça durante dois minutos. Depois ela era deixada só com os brinquedos no restante do tempo. Os registros não eram influenciados por movi mentos musculares nem mesmo quando a criança se movia. O brincar diretamente com o cabo, como rodá-lo sucessivamente, não afetou o registro. Várias interferências foram encontradas somente quando a criança fazia careta para si mesma no espelho unidirecional, ou tocava diretamente os elétrodos. O presente estudo-piloto de três meninos (dois de quatro anos e um de seis anos) foi feito após uma série de registros preliminares de adultos e crianças que visavam estabelecer as dificuldades técnicas mais prováveis de serem encontradas e as modificações necessárias. Na prática, somente a atenuação de freqüências altas e procedimentos cuidadosos de ligação com a terra mostraram-se necessários. Os registros obtidos eram de suficiente qualidade técnica para possibilitar as associações seguintes entre EEG e comportamento: 1. Dessincronização inicial do EEG acompanhava o esquadrinhar da sala durante os dois primeiros minutos. Aproximadamente no ter ceiro minuto se estabelecia a freqüência dominante de cada EEG; esta foi de 7 a l lA ciclos por segundos em dois sujeitos (idade 4 a 6) e 4 Vi ciclos no outro (idade 4). 2. Ocorreu supressão do EEG quando o observador entrou com os brinquedos, e as crianças fixaram visualmente os vários brinque dos oferecidos. 3. A supressão do EEG continuou depois de o observador deixar a sala enquanto as crianças estavam envolvidas com o brinquedo es colhido. Em cada caso, este era um forte com soldados. Em um dos casos, a supressão continuou até o fim da sessão. Esta criança (4 anos de idade) brincou com o forte continuadamente. 4. Nos outros dois casos ocorreu uma recuperação gradual do ritmo dominante. Na criança com mais idade (6 anos de idade), isto ocorreu mais rapidamente do que na mais nova (4 anos de ida de). (Presumivelmente, o forte era uma novidade maior para a criança mais nova). 5. Estas duas crianças exploraram, então, várias partes da sala, re tomando cada vez ao forte. As fixações visuais em cada estímulo (espelho, pia, porta) eram visualmente seguidas de supressão do INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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ritmo dominante acompanhado por recuperação rápida. Interes sante é que o retomo ao forte era também acompanhado por su pressão inicial no caso da criança mais nova. O método foi exploratório, mas demonstrou claramente que se pode obter registros de EEG úteis em circunstâncias menos artifi ciais do que as existentes durante o registro da EEG em repouso. Um padrão com suficiente coerência aparece nos dados obtidos: ausência de sincronização (reação inibitória) inicial; estabelecimento de um ritmo dominante que era substituído com o aparecimento de novos estímulos; emergência gradual do ritmo dominante em dois sujeitos, possivelmente com aumento da familiaridade com o brinquedo (isto ocorreu mais rapidamente na criança com mais idade); e bloqueio quando estímulos novos eram apresentados.
Esfereotipias e EEG em crianças autistas A telemetria oferece claramente muitas vantagens, quando com parada ao método de registro descrito acima. Os movimentos do su jeito são menos restritos; tende a se distrair menos com as ligações; é capaz de atravessar uma área muito maior e os registros são me nos sujeitos a interferência e artefato. Uma ampla variedade de va riáveis foi medida através da telemetria tanto no homem quanto em animais (Slater, 1963), mas também neste caso o grau de precisão com que o comportamento foi registrado, freqüentemente foi inteira mente incompatível com o dos registros fisiológicos. Um exemplo de tentativa para registrar com precisão tanto EEG quanto comporta mento é oferecido por um estudo de comportamentos estereotipados em crianças autistas (Hutt e colaboradores, 1965). Foram telemetrados registros bipolares do occipital direito e esquerdo em duas crian ças por meio de uma conexão de rádio Alvar Televar. Cada unidade Televar permite registrar-se um canal de EEG (ou outra variável fisiológica). A unidade é composta de uma caixa plástica de 3 cm de diâmetro, achatada e cilíndrica, contendo um pré-amplificador, um transmissor e baterias. As unidades eram colocadas em um pequeno saco que era preso atrás do pescoço do paciente. Desse conjunto pen diam dois fios curtos que eram conectados a elétrodos de sução. No teto da sala de observação, existia uma antena circular que captava os sinais para um receptor FM na sala contígua à de observação. As crianças foram estudadas na mesma sala em três conjuntos de condi INDEX BOOKS GROUPS
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ções: A , a sala vazia; By com uma caixa de blocos coloridos presente; C, um observador presente que tentava levar a criança a brincar com os blocos. A ordem das situações foi invertida para uma das crianças. Os registros de comportamento foram feitos usando a técnica de re gistro de fita: essas fitas foram subseqüentemente transcritas, crono metradas e combinadas com o traço correspondente no EEG. Os registros de EEG foram depois divididos em períodos, de acor do com a duração do comportamento, que o acompanhavam. Um pe ríodo foi definido como uma parte do traçado do EEG, cujos pontos iniciais e terminais coincidiam com o respectivo início e término de uma categoria de comportamento motor. Cada período foi avaliado por dois observadores independentes, que desconheciam o comporta mento que o acompanhava. Foi medida a duração da atividade nas faixas delta, theta, alpha e beta, bem como o total de atividade ir regular de baixa voltagem. Foi então possível determinar a atividade bioelétrica que acompanhava cada atividade motora bem como o to tal de atividade bioelétrica de cada tipo. Os períodos que apresentavam dúvidas técnicas foram cronometrados, mas não avaliados. Não se demonstrou associação precisa entre atividades particula res e padrões específicos de atividade EEG. Poucos foram os casos nos quais uma atividade era acompanhada por um único ritmo de EEG. O EEG mostrava primeiro um ritmo e depois outro, especialmente durante os comportamentos mais prolongados ou um ritmo iniciava-se durante uma atividade e continuava em outra. Aparece uma tendência interessante se for considerada a duração total da atividade em cada categoria de EEG. Consideraremos, na presente análise, um tipo de padrão de comportamento, as estereoti pias. A Tabela XIV mostra a freqüência e duração de seqüências de TABELA XIV Freqüência e Duração de Seqüências de Estereotipia em Relação à Atividade Não Sincronizada no EEG (de Hutt e Colaboradores, 1965) Caso
Freqüência de seqüência de estereotipia Percentagem de tempo de estereotipia Dessincronia em percentagem de regis tros juntos
S3 S7 S3 S7 S3 S7
Situações A B
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13 14 54.1 29.5 38.0 74.6
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estereotipia em relação à duração total de atividade não sincronizada no EEG em cada situação. Definimos não sincronizada como ativida de irregular de baixa voltagem ou atividade beta de baixa voltagem. Devido a uma idiossincrasia do caso 7, não foi possível completar a condição D: Toda a sessão foi gasta removendo os sapatos do adulto. A última estereotipia ocorreu em uma situação relativamente não estruturada; houve um aumento significativo no tempo gasto em este reotipia na situação B. As duas. crianças mostraram um aumento cor respondente na freqüência com que as estereotipias foram iniciadas na situação B. O ligeiro decréscimo no total de estereotipias mostrado pelo caso 3 na situação D sugere que o adulto é capaz de romper o padrão de estereotipia levando a criança a brincar com os blocos, confirmando, assim, resultados anteriores (Hutt e Hutt, 1965). O total de não sincronização no EEG foi também relacionado com a complexidade da situação. Ambas as crianças mostraram me nos não-sincronização no EEG na sala vazia comparada com as situa ções mais estruturadas. O caso 3 mostrou maior não-sincronização no EEG na situação social D, e é interessante constatar que, nessa situa ção, o EEG telemedido foi similar ao obtido no laboratório. Parece, portanto, que a estereotipia tende a ocorrer naquelas si tuações, nas quais é maior a ativação eletrocortical. A presente aná lise, porém, baseou-se em inspeção visual de EEG; por isso a associa ção deveria ser considerada apenas uma sugestão. Uma formulação mais precisa deve aguardar a utilização de análise automática do EEG e técnicas adequadas para tratar os dados. O STATUS CIENTIFICO DOS ESTUDOS DE OBSERVAÇÃO DO COMPORTAMENTO Barker (1967) caracterizou o método do naturalista como aque le no qual: “um pesquisador em psicologia não introduz a si mesmo, suas técnicas ou seus instrumentos, nos circuitos de coleta de dados da sua pesquisa, isto é, no qual ele não é uma fonte de inputs ou de restrição nos arranjos que produzem os dados”. Contrastando com os dados experimentais, que são “centralizados no problema e guiados pela teoria... os dados naturalísticos são centralizados nos fenôme nos e .. . ateóricos”. Se acrescentarmos a essas propriedades mais os três fatos (Willems, 1967): que os dados naturalísticos não são re plicáveis no sentido experimental restrito, que têm uma pequena con sideração pelo tempo e esforço gastos neles e que não são passíveis INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS Uma Visão do Futuro para Uma Etologia do Homem
245
de um çoDtrole experimental rígido, não deve surpreender se tais dados freqüentemente são relegados como meramente anedóticos. Na realidade, Siever (1968) ressaltou que o observacional é, freqüen temente, usado como um termo pejorativo de diplomacia científica, quando o que se quer dar a entender é pouco exato, irregular ou sim plesmente ruim. Visto que a experimentação é, com muito acerto, considerada o instrumento mais poderoso da ciência — ciência aqui significando física e química — rejeitamos estudos de obervação, con siderando-os não científicos. Podemos, assim, lembrar a fria afirma ção de Mussen (Capítulo 2) de que a redução no número de estudos descritivos e normativos é um sinal de maturidade científica. Mas esta é, porém, uma concepção muito estreita, tanto da na tureza da ciência quanto da natureza de um experimento. Siever ar gumenta que há apenas uma ciência, seu método é experimental, ob servacional ou histórico, dependendo da natureza do fenômeno em estudo. Fenômenos como os da formação de depósitos de rocha ocor reram em milênios de anos, não sendo passíveis nem de observação e nem de experimentação; as estrelas transitórias são passíveis de obser vação, mas não da restrição experimental; a expansão de gases com aumento da temperatura é mais propriamente uma questão de expe rimento. Entretanto, as fronteiras entre os diferentes métodos de obter dados não são claras. As teses opostas de que a equação da difusão do calor de Newton foi derivada simplesmente da observação ou da experimentação podem ser igualmente defendidas. Os dados da ocea nografia e meteorologia (que Siever chama de dados históricos) seriam tediosos, se não impossíveis, de serem obtidos por observação direta, mas podem ser trazidos para os confins da observação direta através de técnicas de registro apropriadas, por exemplo, fotografia a inter valos de tempo. O observador pode, então, no espaço de minutos, testemunhar a seqüência de eventos que, originalmente, duram dias, semanas ou meses. Opor experimento e observação naturalística como ciência e não-ciência é conceptualmente inútil; o importante é saber que dados são mais apropriados para um e outro método. Nas ciências do compor tamento, poderíamos postular que a observação é o mais apropriado, e talvez o único instrumento quando os sujeitos estudados não podem ser programados para participarem de um experimento, por exemplo, pacientes psiquiátricos e crianças de pouca idade ou quando existem razões sociais ou éticas para não o fazer. Ademais, a observação é o instrumento mais apropriado quando desejamos conhecer o que os INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS 246 Observação Direta e Medida do Comportamento
animais fazem no seu habitat físico e social, natural. A escolha de método pode ser uma simples questão de escala do fenômeno estuda do e não de sua natureza. Como Menzel (1967) argumentou, pode mos, diante de um fenômeno, arremeter para cima ou para baixo (‘zoom up’ ou ‘zoom down'). As mais precisas análises da constân cia perceptual foram feitas em experimentos de laboratório, mas é somente passando para as situações reais de vida que podemos esta belecer a generalidade dos efeitos da constância (Brunswik, 1955). Podemos ainda observar que nas selvas os macacos rhesus sempre se movimentam dentro de limites naturais e não se servem das menores distâncias do espaço aberto (Menzel, 1967). Passando agora para uma área de observação de segmentos menores, podemos analisar os determinantes do nosso fenômeno, colocando objetos em várias orien tações e observando as mudanças efetuadas no comportamento dos animais por esses limites arbitrariamente fixados. Menzel mostrou que nesse experimento relativamente simples, o aspecto crítico dos objetos para atrair os animais parece ser a verticalidade. Passando para um plano mais amplo, ele foi capaz de confirmar que na situação livre dos animais os principais caminhos para o a n i m a l eram árvores, ro chas e outras estruturas verticais. O artigo de Menzel tem um inte resse particular porque foi escrito por um psicólogo experimental que não se envergonha de ser naturalista e também porque mostra muito claramente a interrelação observação naturalística e experimento. A ciência, quer experimental ou observacional, exige três opera ções: primeira, medida rigorosa do fenômeno estudado; segunda, ge rar proposições semelhantes a leis, relacionando essas medidas a ou tras variáveis selecionadas; terceira, a interrelação dessas proposições, semelhantes a leis nas teorias. Este livro referiu-se principalmente à primeira operação. Espe ra-se que a possibilidade dessa medida, mesmo no caso do comporta mento livre, tenha sido demonstrada. No Capítulo 3 nos empenhamos em mostrar que unidades comportamentais podem ser identificadas, e nos três capítulos subseqüentes discutimos vários métodos através dos quais poderiam ser medidas. Tanto no que se refere aos resultados quanto aos métodos, ten tamos demonstrar que podem ser feitas proposições semelhantes à lei sobre comportamento livre em ampla variedade de espécies, desde os níveis mais baixos da filogenia até o homem. Este tema foi depois desenvolvido mais amplamente no Capítulo 7, abordando o compor tamento social instigado em grande parte pelo meio, e no Capítulo 8, INDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Uma Visão do Futuro para Uma Etologia do Homem 247
abordando o comportamento induzido por droga e instigado preponderadamente de forma endógena. Um caso especial da segunda ope ração foi discutido no Capítulo 9, quando se consideraram as rela ções estatísticas entre elementos do comportamento e não entre com portamento e variáveis do meio ou fisiológicas. Dado que a nossa preocupação é metodológica e não teórica, não consideramos de todo especial, em pormenores, a terceira ope ração. Deve ter ficado claro, entretanto, nos vários estudos discuti dos, que os estudos observacionais são capazes de originar questões teóricas assim como experimentos. Isto foi mostrado de uma maneira elegante pelo estudo de Wiepkema (1961) sobre o “bitterling”. De monstrando com base matemática que todas as correlações observa das poderiam ser explicadas somente por três fontes de variância, ele foi capaz de sugerir as prováveis determinantes motivacionais de todos os padrões de comportamento observados. Um dos aspectos marcan tes do seu estudo é o de que, exercendo extremo rigor num nível ob servacional, foi possível indicar um grupo de mecanismos que, de outro modo, provavelmente só poderia ser isolado em experimentos de estimulação cerebral. Na verdade, os mecanismos funcionais pro postos por etologistas com base em estudos observacionais concordam com aqueles derivados dos resultados neurofisiológicos. Existe, pelo menos, um exemplo na literatura de psicopatoíogia humana no qual a análise comportamental explicou um fenômeno psicológico até então inexplicável. Em um estudo de crianças autistas (Hutt e Hutt, 1965), verificou-se que comportamentos estereotipados aumentavam em rela ção à estrutura do meio; menor número de estereotipias ocorriam em uma sala vazia, mais ocorriam, quando eram introduzidos brinquedos na sala; o maior número de estereotipias ocorreu em uma situação so cial. Numa analogia com estudos em primatas, e outros animais, os autores postularam que a ocorrência de estereotipias se relacionava diretamente com o potencial de investigação (Berlyne, 1960) do meio, isto é, o grau em que se espera que o meio aumente o nível de inves tigação fisiológica. Formulou-se a hipótese de que essas crianças au tistas estavam em um estado crônico de instigação cerebral alta e que as estereotipias subvertiam alguns mecanismos para reduzir a instiga ção (veja Hutt e Hutt, 1968, para um tratamento da série de estu dos que conduziu a essa hipótese). Os EEGs das crianças foram en tão examinados e, para surpresa, verificou-se que consistiam predo minantemente de atividade irregular de baixa voltagem, sem o esta belecimento de ritmos. Pareceu possível que essa atividade, que haINDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS 248 Observação Direta e Medida do Comportamento
via deixado perplexos os colegas do autor que trabalham em eletroencefalografia, representava um estado eletrocortical altamente instiga do. Um outro resultado puramente comportamental, que também in dicou a possibilidade de as crianças autistas serem cronicamente su perinstigadas, já foi mencionado (Capítulo 6): isto é, as interações so ciais dos autistas são morfologicamente idênticas às das crianças nor mais, exceto no que se relaciona com o insucesso em manter contato visual. A hipótese nascente provou ser heuristicamente útil, possibi litando integrar um corpo de dados clínicos, experimentais e neurofisiológicos (Hutt e Hutt, em elaboração). O que interessa ao pre sente contexto é a própria hipótese e o fato de que ela se derivou inteiramente de observações comportamentais, num campo livre. Em resumo, a derivação de mecanismos funcionais não é prerrogativa do experimentalista. Seria realmente lamentável se, na infância das ciências comportamentais, o espírito de duas culturas, freqüentemente permeando os discursos dos cientistas de diferentes disciplinas, viesse se impor à força. Enfatizamos o enfoque observacional neste livro, não porque o çpnsideramos superior ao experimental, mas porque, para determi nados problemas, é o enfoque mais apropriado; para o estudo de certos organismos, é o único enfoque; e é cada vez mais desvalori zado pelos cientistas do comportamento. Mas, assim como a etologia e a psicologia se complementam, o mesmo ocorre com a observação e a experimentação. A relação entre elas foi bem expressa na paráfrase de Kelly (1967) do artigo de Schaller (1965), sobre o gorila da mon tanha. Embora se refira especificamente ao comportamento social, o enfoque do seu inquérito é de generalidade maior, visto que também é uma afirmação com a qual concordam os presentes autores, ela é um fecho adequado para o livro. Primeiro Schaller propõe um levantamento, o mais amplo possí vel, sobre o primata, pondo ênfase na diversidade de habitat, dis tribuição e abundância de espécies, similaridades e diferenças no tamanho do grupo, composição e hábitos de alimentação entre populações da espécie. Para mim, o significado desse princípio é o de que, estudando a diversidade de situações, é possível deduzir funções básicas a partir dos meios específicos e definir os limites para adaptação. O segundo enfoque advogado por Schaller é uma série de observações pormenorizadas da vida social de grupos se lecionados da população total, concentrando-se no repertório com portamental de cada espécie. Esta orientação também tem relevân cia para o estudo de sujeitos humanos, pois que auxilia a documenINDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
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249
tar a estrutura e a organização social de situações, sem aumen tar e confundir erros de medida. Com métodos divergentes, é possível dar uma explicação mais representativa, relativa a que tipos de comportamentos são normativos para aquela situação, O terceiro princípio advoga um estudo intensivo de aspectos especí ficos do comportamento, reunindo experimentos no campo e no laboratório para clarificar interrelações mais complexas. Esse es quema propõe métodos, mutuamente complementares, tanto para o desenvolvimento quanto para a confirmação de hipóteses. Também propõe a base para um ciclo de pesquisa que permite ao pesqui sador começar com uma situação natural e terminar com uma série de novas questões sobre o comportamento no mesmo habitat (pág. 214).
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Apêndice GLOSSÁRIO DOS PADRÕES MOTORES DE CRIANÇAS DE QUATRO ANOS, DE ESCOLA MATERNAL 1 W. C. Mc G r e w
A freqüência de ocorrências de cada padrão é indicada após a de finição; o número de padrões observados foi 10.789. Os números entre parênteses indicam a duração média de cada padrão.
I. CABEÇA 1) Morde Manter um objeto entre os dentes. 2) Assopra Forçar o ar através da boca. 3) Assopra o nariz Forçar o ar, através do nariz, em um objeto. 4) Tosse Expelir o ar súbita e ruidosamente através da glote. 5) Chora Segregar lágrimas acompanhado de vocaliza ções altas e rubor na face. 6) Inclina Mover a cabeça para baixo e para cima na ar ticulação occipital, emgeral, freqüentemente. 7) Olha Girar a cabeça ligeiramente com um movimen to curto e rápido das articulações occipital e axial
5 (3,4) 14 (3,5) 1 (2,0) 3 (1,6) 3 (4,7) 11 (1,6)
13 (1,7)
1. Este glossário é um protótipo. Uma versão mais atualizada do glossá rio pode ser obtida com o autor, Dr. W. C. McGrew, Department of Psichology, 60, The Pleasance, Edinburgh 8, Scotland. INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS 252 Observação Direta e Medida do Comportamento
8) Boca Mover os lábios em relação a um objeto dentro da/ou contra a boca. 9) Meneia a cabeça Mover a cabeça de um lado para outro em sen tido axial, rápida e repetidamente. 10) Espirra Expelir ar pelo nariz e pela boca com ação sú bita involuntária, explosiva. 11) Cospe Forçar um objeto (em geral saliva) explosiva mente da boca parcialmente fechada, asso prando. 12) Vira a cabeça Move a cabeça dc um lado para o outro na articulação axial. . 13) Boceja Move o maxilar enquanto simultaneamente abre bem a boca, em geral, com uma inalação pro funda.
2 ( 2 ,6 ) 8 (7.5) 2 ( 1.6 )
1 ( 1,6 ) 21 (1.7)
2 (1,9)
II. MÃO 1) Abre a mão Deixar um objelo cair livremente largando-o por extensão dos dedos sem, porém, empregar força. 53 (1.4) 2) Dedo Manipular somente com o(s) dcdo(s). 23 (3.8) 3) Pega Segurar um objeto com a flexão da mão e dedo 28 ( 2 ,0 ) 4) Manipula Mover as mãos com flexão e extensão contínuas enquanto em contato com um objeto. 1541 (5,2) 5) Apalpar Experimentar um objeto com os dedos ou com um instrumento pontiagudo, usando flexão e extensão alternadamente. 23 (2.4) 6) Fazer girar Mover um objeto entre os dedos opostos giranINDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS Glossário dos Padrões Motores de Crianças de Quatro Anos 253
do sobre si mesmo, em geral, repetidamente, e ao redor de seu eixo principal. 7) Manipulação Especializada Manipular um objeto de maneira apropriada e específica àquele objeto, isto é, tal como de finida pela função do objeto, por exemplo, te soura, alicate. 8) Apertar Aplicar força a um objeto flexionando os de dos ao redor dele.
18 (6,0)
129 ( 8,6 ) 8 (4.9)
III. MEMBRO (M.S. = membro superior; M.I. = mem bro inferior) 1) Mergulha Coloca um objeto num fluido rapidamente e depois o eleva rapidamente por meio de ex tensão e flexão do braço. 2) Mão na Cabeça Movimentar os braços rápida e continuamente de um ponto distai até contactar com ou estar bem próximo da cabeça,com flexão do cotovelo. 3) Atira Mover um objeto subitamente e com força em contato com outro objeto através de extensão do braço. 4) Oferece Estender o braço, em geral horizontalmente, e em direção aoutra pessoa. 5) Chuta Estender uma perna subitamente, em geral, forçando contato com um objeto e o dedo enquanto a outra pernamantêm-se no solo. 15 6) Suspende M.I. Levantar uma perna flexionando o joelho en quanto a outra permanece, imóvel, em geral, no solo. 7) Suspende — M.S. Elevar um objeto somente com a flexão do cotovelo. INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
14 ( 2,0 )
62 ( 1, 8 )
99 (2.9) 44 ( 2, 1)
(2.3)
57 (2.3) 84 ( 2 ,0 )
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254 Observação Direto e Medida do Comportamento
8) Abaixa — M.I. Abaixar a perna estendendo quadril e joelho. 9) Abaixa — M.S. Abaixar um objeto estendendo somente o co tovelo. 10) Move — M.I. Mover as pernas de uma maneira amorfa, não estruturada. 1 1 ) Move — M.S. Mover os braços de uma maneira amorfa, nãoestruturada. 12) Afaga Bater rapidamente e, em geral, levemente usan do a palma da mão ou a superfície plana de um instrumento. 13) M.I. Coloca Mover a perna até um lugar determinado com um movimento contínuo único, em geral, um movimento de extensão. 14) Aponta Mover um objeto estendendo a mão, cm geral, horizontalmente 15) M.S. Estende Mover o braço em direção a um objeto, em geral, com abdução e extensão do braço, com a mão aberta e dedosseparados 16) Remove Tirar o braço de um recipiente com flexão do cotovelo. 17) M.S. Agita Mover o braço rápida, violenta e, em geral, repetidamente, dentro de um pequeno espaço movendo pulso ecotovelo. 18) Alça Mover rapidamente o(s) ombro(s) para cima e depois imediatamente para baixo, na posição original. 19) Bate com pé Estender o joelho e tocar com a sola do pé rapidamente ecomforça, no solo. INDEX BOOKS GROUPS
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12 (1.5) 56 ( 1.6 ) 86 (4.4) 126 (2.5)
49 (3.2)
70 (2.3) 92 (1,7)
169 (1.4) 116 (1,9)
55 (3.4)
3 (2.5) 1 (3,2)
INDEX BOOKS GROUPS Glvssári ) dos Padrões Motores de Crianças de Quatro Anos 255
20) Aponta Mover o braço, primeiro os dedos, flexionan do o cotovelo. 21) Pancadinha Mover um objeto leve e rapidamente contra outro objeto com repetidas flexões e extensões do cotovelo. 22) M.S. Jogar Mover um objeto para o ar soltando-o da mão depois de uma extensão explosiva do antebraço com movimento simultâneo do tronco. 23) Toca Mover o braço, ligeira e momentaneamente, em contato com um objeto com extensão e fle xão rápidas. 24) M.S. Gira Girar o braço no cotovelo. 25) Vira para cima Mover o braço, primeiro os dedos, girando e flexionando o pulso.
47 (2,4)
78 (4,1)
6 (1,4)
20 (1,6) 25 (5,4) 45 (1,7)
IV. MEMBRO — OBJETO 1) M.S. Ajusta Manipular um objeto com movimentos dos bra ços ligeira e aparentemente restritivos. 2) M.S. Larga Deixar cair livremente um objeto, largando-o ao afastar os braços mas sem empregar força. 3) M.S. Pega Elevar um objeto estendendo só o braço de pois de agarrá-lo, num movimento contínuo. 4) M.S. Coloca Mover um objeto até um lugar determinado com um único movimento contínuo do braço, usualmente na direção horizontal e depois para baixo. 5) M.S. Versa Inclinar um objeto com ligeiros movimentos do braço e em geral com rotação do pulso. INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
23 (2,0) 28 (1,9) 981 (1,8)
893 (1,9) 222 (3,2)
INDEX BOOKS GROUPS 256 Observação Direto e Medida do Comportamento
6) M.S. Puxa Aplicar força a um objeto que resiste pela fle xão de braço e tronco, levando-o a se mover em direção ao corpo. 7) M.S. Empurra Aplicar força a um objeto que resiste estenden do o braço para fora ou tirando-o da sua po sição original. 8) M.S. Abaixa Mover um objeto para um local abaixo do ní vel do ombro usualmente com uma única e contínua extensãodo braço para baixo. 9) M.S. Enrola Mover um objeto pela extensão do braço (em geral) girando-o sobre si mesmo, freqüente mente de maneira repetida e ao redor do seu eixo- principal. 10) Esfrega Mover o bfaço com pressão sobre um objeto, usualmente com uma alternação rápida de ex tensão e flexão do cotovelo, em geral um mo vimento único e vacilante. 11) Esvazia Mover o braço (guiado pela mão) para baixo, horizontalmente e novamente para cima em um movimento leve com a forma de U; durante a parte horizontal a mão está imersa em um ma terial solto. 12) Arranha Roçar as pontas dos dedos sobre um objeto, os dedos parcialmente flexionados. 13) Aplaina Mover um objeto, geralmente na palma da mão, leve e horizontalmente ao longo da superfície de um material, flexionando ou estendendo o cotovelo. 14) Transfere Mover um objeto de uma mão para a outra. INDEX BOOKS GROUPS
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130 (3,2)
115 (3,6)
37 (2,5)
23 (9,3)
122 (4,5)
210 (3,0) 29 (1,9)
15 (3,2) 38 (2,0)
INDEX BOOKS GROUPS Glossário dos Padrões Motores de Crianças de Quatro Anos 257
15) Torce Mover um objeto, alternando abdução e adu ção do ombro e pulso.
12 (7.4)
V. VOLUME 1) Salta Mover subitamente para cima e para o ar por meio de extensão da perna ou pé, retomando sob um pé, com um movimento horizontal. 5 ( 1,8 ) 2) Pula Mover subitamente para cima e para o ar por meio da extensão de uma perna ou pé, retor nando nos dois pés no mesmo lugar sem mo vimento horizontal. 36 (2,1) 3) Inclina Aplicar força a um objeto usando o peso do corpo contra ele e movendo membro e tronco juntos, de modo coordenado. 107 ( 1,6 ) 4) Move Mover membros e tronco de uma maneira amorfa, não estruturada. 86 (4.4) 5) Balança Mover tronco e quadris ritmicamente para fren te e trás, de um lado para o outro. 24 (9,8) 6) Cambalhota Mover o corpo em uma revolução completa para a frente, primeiro a cabeça, com os joe lhos e quadris flexionados ao máximo, calca nhares sobre a cabeça, ao redor de um objeto. 1 (1,2 ) 7) Suspenso Mover os membros e tronco irregularmente, enquanto suspenso pelas mãos. 62 (4.1) 8) Bamboleia Mover o corpo para trás e para frente com movimento regalar enquanto livremente suspen sos pelas mãos, alternando flexão e extensão dos quadris. 19 ( 6.2 ) 9) Gira Rodar o tronco, primeiro a face, ao redor do eixo longitudinal do corpo. 480 (1.4) INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS 258 Observação Direta e Medida do Comportamento
10) Luta Mover o corpo violentamente enquanto agar rado a outra pessoa; parece ser uma tentativa no sentido de mover o outro corpo à força, em geral alternando o puxá-lo e o empurrá-lo.
11 (2 ,1)
VI. OBJETO-VOLUME 1) Ajusta Manipular um objeto com movimentos ligei ros, aparentemente restritos de mãos e tronco. 2) Ergue Elevar um objeto pela extensão de quadril e perna* 3) Pega Erguer um objeto pela extensão do braço e tronco imediatamente depois de agarrá-lo, num movimento contínuo. 4) Coloca Mover um objeto para um lugar particular com um movimento único, contínuo, de mãos e tronco, em geral, numa direção horizontal e depois para baixo. 5) Versa Inclinar um objeto com movimentos ligeiros de braço e tronco. 6) Puxa Aplicar força a um objeto que resiste, pela flexão de braço e tronco, fazendo com que ele se mova em direção aocorpo. 7) Empurra Aplicar força a um objeto que resiste, pela extensão de membro e tronco, fazendo com que ele se afaste do corpo ou de sua posição ori ginal. 8) Abaixa Mover um objeto para um local abaixo do ní vel do ombro com um movimento contínuo, único, de ombros etronco para baixo. 9) Estende Mover um braço em direção contrária ao corINDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
10 ( 6,6 ) 29 ( 2 ,6 )
181 ( 1,8 )
51 (2,7) 15 (2.9)
130 (3,2)
130 (3.9)
37 (2,5)
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po e em sentido do objeto, em geral com ab dução e extensão do braço, com a mão aberta e dedos separados, com flexão simultânea do tronco. 157 (1,3) 10) Enrola Mover um objeto pela extensão de mão e tron co girando sobre si mesmo, em geral repetida mente e ao redor do seu eixo. 19 (2,4) 11) Atira Mover um objeto através do ar largando-o da mão e depois de uma extensão explosiva do antebraço com movimento simultâneo do tronco. 6 (1,4) VII. FOSTURAL 1) Curvar-se Flexionar o corpo nos quadris quando em uma postura apoiada, ereta, sentada ou ajoelhada. 236 (1,3) 2) Agachada Abaixar bem com flexão extrema de joelhos e quadril, as pernas juntadas ao corpo e so mente os pés em contato com o solo. 41 (2,0) 3) Agachar-se Mover para uma posição agachada de uma po sição mais baixa (por exemplo, sentado) pela flexão de joelho e quadril. 7 (1,4) 4) Cair Mover subitamente para baixo, de uma postu ra ereta, de modo que o peso não repouse mais nos pés, quer intencional ou não intencional mente. 48 (1,7) 5) Ajoelhar-se Mover para uma postura na qual o corpo re pousa primariamente no(s) joelho(s) de uma posição mais elevada pela flexão do joelho e quadril. 48 (1,9) 6) Ajoelhado ereto Ajoelhar ereto, isto é, a coluna vertebral torna sse mais reta e vertical, combinando com moINDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS 260 Observação Direta e Medida do Comportamento
7)
8)
9)
10) 11)
12)
13)
14)
15)
vimentò do tronco para cima pela extensão do quadril. Ajoelhar-se Mover para uma posição na qual o peso do corpo repousa primariamente no(s) joelhos(s), de uma posição mais baixa, com movimentos bruscos de tronco e membro. Deitado Mover para uma posição reclinada abaixando o corpo de uma posição mais elevada, pelo movimento de tronco e membro. Sentado Mover o corpo pela flexão do quadril e joe lho numa posição na qual ele repousa prima riamente nas nádegas, abaixando-o de uma postura mais elevada. Sentar ereto Sentar ereto, isto é, manter a coluna vertebral mais reta e vertical. Sentar-se Mover o corpo pela flexão do quadril e joe lho para a posição na qual ele repousa prima riamente nas nádegas, elevando-se de uma po sição mais baixa. Ereto Mover o corpo enquanto um pé está apoiado a outro, colocando a coluna vertebral em po sição mais vertical. Em pé Mover o corpo pela extensão dos joelhos, qua dris e juntas intravertebrais para uma posição ereta, cora os pés afastados a uma distância aproximadamente da dos ombros. Ponta dos pés no solo Flexionar os pés enquanto de pé, com os pés estendidos, abaixando o corpo em uma posi ção de pé. Ponta de pés Estender os pés enquanto de pé de modo que INDEX BOOKS GROUPS
11 (2,2)
32 (1,9)
26 (2,7)
161 (2,1) 5 (1,3)
11 (2,2)
9 (2,6)
377 (1,7)
3 (1,3)
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o corpo seja erguido e suportado somente pe los dedos dos pés.
12 ( 1,6 )
VIII. LOCOMOTOR 1) Sobe Mover para cima sobre um objeto, em geral alternando, levantar o braço e perna de um lado, depois o braço e perna do outro lado. A cabeça usualmente olha para a frente. 2) Desce Mover para baixo sobre um objeto, em geral alternando, abaixar o braço e perna de um lado, depois o braço e perna do outro lado. A cabeça ususalmente olha para baixo. 3) Engatinha Mover para frente com mãos e joelhos impe lidos pelos membros. 4) Galopa Mover para a frente sobre o pé, em passos rápidos, alternando membros, de modo que du rante cada passada ambos os pés fiquem mo mentaneamente fora do solo. Caracteriza-se por uma qualidade rítmica irregular, resultante dos intervalos diferentes de tempo entre con tacto do pé com o solo. 5) Salta Mover subitamente para cima e para o ar pela extensão de perna ou pé, retornando sobre um pé em um local diferente, com movimento horizontal. 6) Pula Mover subitamente para cima e para o ar pela extensão de perna e pé, retornando so bre dois pés num local diferente, com movi mento horizontal. 7) Marcha Andar de uma maneira estereotipada, animada com movimentos exagerados em passos irre gulares. INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
129 (4,2)
29 (4,4) 24 (2.7)
4 (3,9)
5 ( 1.8 )
36 (2 , 1)
2 (2 ,1 )
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8) Corre Mover o corpo para a frente em ritmo ligei ro, alternando pernas durante cada passo com ambos os pés fora do solo, momentanea mente, durante cada passo. 287 9) Patinar Mover um objeto sobre uma superfície plana empurrando-o contra o solo com as pernas através da flexão de joelho. 40 10) Corre saltando Mover o corpo para a frente, alternando per nas, colocando um pé no solo e amparando-se ligeiramente nele antes de transferir o peso para o outro pé e repetir o mesmo movimento. 65 11) Escorregar Mover o corpo em constante contato e fric ção sobre uma superfície inclinada, para baixo, com quadris ligeiramente flexionados. 34 12) Passo Mover a perna para a frente uma vez, colocá-la no solo enquanto move parte do peso do corpo para ela. 173 13) Tropeça Perda súbita de um passo (interrupção do passo) quando em locomoção do membro in ferior. 6 •14) Anda Mover o corpo para frente, num ritmo mode rado, alternando pernas e colocando um pé firmemente no solo antes de elevar o outro. 1114
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ÍNDICE ANALÍTICO A Acmade Miniviewer, 142, 144 Ações, unidades do comportamento, 26 Aetones, 42 Adequacidade, Agressão, 8 Ambivalente, motivação, 228 Análise de peixes, 112 Andar, análise do modo de, 153, 154 Animais em cativeiro, interpretação de experimentos sobre, 6s Atenção, mudança de, 62 Atenção, amplitude de, 61, 62 desvio de, 64 Atividade, vocabulário de, verificação da precisão de, 59 Atividades, definidas, 59s. duração de, 102s., 155 freqüência de mudança de, 102 número de, 70s, 102 periodicidade das, 3s. término das, 76 ATSL, 132 Autísticas, crianças, 29, 188, 192 E E G de, 242 encontros sociais em, 183 esteriotipias de, 242, 243, 247 nível de instigação de, 247 olhos, contatos com os, em 187
B Bebês, estrangulamento de, 234 Brinquedo, 55 atividades de brincar 162 com blocos, 68, 69, 76 construtivo, 68, 69, 103 em macacos 174 não-construtivo, 68, 69, 103 padrões de, 57
C Causação do comportamento, 28, 29 Chimpanzés, exploração em, 91 Cinesis 148 Clínico, ajustamento, medida do, 10 Comentários sobre comportamento, 47, 48, 49 Comportamental, medida, e fisiologia, correlações entre, 13 Comportamento, estrutura do 11 enfoque ecológico do, 17, 25 enfoque etológico do, 17, 18 enfoque observacional no estudo do, 17 enfoque psicológico experimental do, 20 material bruto do, 26 o estudo biológico do, 28 perfis de, 58 perturbações do, 202, 203 protocolos de, 57, 96 unidades naturais do, 39 Contingências, uso de tabelas de, 211, 212
Contorno, percepção do, 36, 37 Convenções adotadas no uso de lista para assinalar, 85 Crocodilo, ritmo diurno do, 107 Cumulativa, curvas de freqüência, 21 D Deformados, bebês, 234 Descritos, uso de rótulos, 27, 28 Deslocamento, atividade de, instigação reduzindo função das, 7, 8 Diário, registro do tipo, 55, 56 Distúrbio do comportamento, 202, 203 Dormir e comer, hábitos de, 166 Drogas, efeitos de, 197 amfetamina 200
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INDEX BOOKS GROUPS 274 Observação Direta e Medida do Comportamento
Chloropromazine 200 GE — 35, 209 Nardil, 204 Scrparsil, 204 Stelaziona, 205 thioridazine, 202 thorazine, 203 Tinlafon, 204
Estímulo, seleção de, 19, 20 Estocástico, processo, 211, 212 Evento, amostra de 82 Eventos, registradores de, 84, 106 Aktografo, 107 EMREC, 108 Esterling Angus, 109, 112 Peissler, 111 Evolução, 30, 31 Experimentos, dificuldade na interpre tação sem o conhecimento do reper Ecologia, e etologia comparada, 25-28 tório comportamental, 3, 4, 5, 6, 19, Ecológico, enfoque, a observação dire 20, 21, 22, 23. ta, 17, 25 Exploração 7, 8, 9 E E G, e esteriotipias, 242s em cães 90, 91 em crianças autísticas 242, 243 em crianças 22, 23, 101, 139ss, em gatos, 236, 237 240, 241 em pré-escolares, 240, 241 em macacos 20, 21 Elementos do comportamento, quando o catálogo está completo, 44, 45 F e linguagem comum, 41, 42 correlação entre, 213, 214, 215 FIDAC 130 identificação de, 35 Fidedignidade da observação do com por função, 36, 37 portamento, 43, 61, 86 por morfologia 35, 36, 37 Filmes cinematográficos, 193 quantificação do, 40 Filme, registro através de, 121 Eletroconvulsivo, choque, 3 16 mm, 122, 123, 177, 182 Emocionalidade em crianças, 54 8 mm, 122, 123 Epilepsia e efeitos de drogas, 209, 204 quadro por quadro, análise de, do Episódio, 26 205, 206 Etograma 18, 19 Filogenia 31, 32 Etologia, 1, 15, 16, 28, 29, 32, 51, 52, Função 30 232, 237 e psicologia experimental compa G rada, 18, 23, 24, 232 Escalas de avaliação, crítica às, 10, 11, Gaivotas, respostas de bicar em, 29, 30 Galo selvagem, desenvolvimento do 12, 13-16 comportamento em 123 Esquizofrênicos, padrão de atividade, Gatos, agressividade em, 128 203 E E G e comportamento em ga Estado, importância do, no recém-nas tos, 236 cido, 18, 19 Generativa, gramática, 222 Estenografia 117 Gestaltcn comportamental, 36, 38 Esteriotipo, 196, 220 Gestos, 42, 68, 103, 104, 105 e E E G 117 Goldeneye, pato, comportamento dc em crianças autísticas, 242, 243 Estímulo, seleção de tempo, 70 cortejamento do, 177 Gorila da montanha, vida social do, estratégias do, 76 repetidas 78, 79 248 serial 78, 79 Grupo, densidade do, 187, 234, 235 INDEX BOOKS GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS índice Analítico 275
H Habitat psicológico, 26, 27 natural 25 observação no, 25, 26 Homem, estudo etológico do, 231, 232, 233, 234, 235 I Inferencial, observação 27, 28 Informação, teoria da, 218, 219 Injuntivos, conceitos, 42
Medidas usadas no estudo do compor tamento, 40, 41 Modelos, uso de, no estudo de crian ças, 29, 30 Moro, reflexo de, função no recém-nascido, 31, 32 Morfologia e função, para uma clas sificação da medida comportamental 40, 41 Motores, padrões, nas crianças, 42 Multi-escolar, análise, 221, 222 Multidão, efeitos da, no homem, 232, 233
L Lenta, projeção em câmara lenta, 194, 195 Lista de assinalar, 166 Livre, comportamento em campo, 59 Locomoção, em crianças, 42, 64, 74 em ratos, 90 M Mãe-filho, comportamento em maca cos, 23, 24, 25 Macacos, 48-52 brincar em, 175 comunicação em, 40, 41 em grupos, 166 exploração em, 21 distância individual em, 158 filhote, comportamento do, 43 maternal, comportamento em 169 mãe-filho, reações, em 25, 26 social, comportamento em 174, 175 Magnética, fita, registro em fita 47 Manipulação em crianças, 42, 63, 64, 74, 75, 101, 102 Markov, processo de, 211, 227, 228 Matemáticos, modelos, qui-quadrado, 222, 223, 225, 228 análise fatorial, 213, 214, 215, 216, 217 informativo, 217, 218, 219, 220 sintético, 221, 222, 223, 224, 225-230 Vetor, 216
N Não-cooperativos, sujeitos, 9 Natural, habitat, observação no, 25, 26 Naturalista, atitudes do, 35 Naturalística, observação, 244, 245 Ninho, limitações do comportamento no, 228 Neuroetologia 235
O Observação, importância da, em estu dos experimentais, 21, 22, 23 Observacionais, estudos, status cientí ficos dos, 244, 245, 246, 247 Olhos, contato com os 185 Ontogênese, 29, 231 P Padrões de comportamento, ordem hie rárquica de ocorrência dos, 45 Peixe, registro de comportamento de 112
comportamento reprodutivo de, 213, 214, 215, 216 Perceptoscopia, 125 Pombo, comportamento reprodutivo do, 223, 224, 225 Proposições semelhantes a leis, 231, 246 Proteica, amostra, 44, 45 Psicolingüística, 221, 222, 228, 229
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INDEX BOOKS GROUPS 276 Observação Direta e Medida do Comportamento
S Seletividade no registrar o comporta mento, 55, 56, 61 Seqüencial, análise, 159, 160, 211ss Serial, ordem em comportamento, 221 Sobrevivência, valor de, 28, 29, 231 Social, comportamento, 157ss Social e físico, ambiente, ajustamento no, 7 Sono em seres humanos, 2, 3, 18, 19, R 165 em ratos 90 Ratos, desenvolvimento de comporta mento em, 88 T construção do ninho em, 56 interferência, efeitos de, na me Tempo, fotografia a intervalos de, 128, 138, 182 mória, 3, 4 Tempo, amostra de, 81, 90 posturas do, 158, 159 Tempo e projetor de estudar filme, comportamento social de, 213 177, 178, 182 Recém-nascidos, crianças, 53 comportamento oral, 113 comportamento em nova situação, V 115 Validade das observações de compor movimento, em, 137 tamento, 61, 86, 87 posturas em, 132 Variabilidade, medidas de, 93 Redundância, 220 Videotape, 121, 177 e boa Gestalten 36, 37, 38 Vetorial, modelo, da análise fatorial, em informação visual, 36, 37, 38 216 Registro de fita, 47, 158, 189 Visão do futuro, 231 Resposta, seleção de 20, 21 Visual, fixação 42, 61, 62, 63 Psicométricos, testes, incapacidade dos, em sujeitos que não cooperam, 9 Psiquiátricos, pacientes, ajustamento em, 10 catecolamiais, metabolismo, excre ção em, 13, 14 classificação de 14 medida de comportamento de, 11, 34
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ÍNDICE DE NOMES Ahrens, R., 29 Chance, M. R. A., 45, 161, 199, 201 Chant, N., 166 Alderton, H. R., 202, 204 Chappie, E. D., 203 Alonson de Florida, F., 128 Chomsky, N., 222, 229 Altmann, S.A., 39, 43, 44, 217, 228 Chorover, S. L., 3 Ames, L. B„ 135, 136 Andrew, R. J., 136 Clark, E., 112 Clarkson, B. H., 151 Anthony, E. J., 18 Cloudsley-Thompson, J. L., 107 Aronson, L. R., 118 Arrington, R. E., 53, 81, 83, 87, 94, Cockrell, D. L., 55, 56, 86 Cohen, J., 64 96 Condon, W. S., 148, 150 Aschoff, J., 3 Attneave, F., 36, 37 Cook, L., 198 Cox, F. N., 115 Ayllon, T., 12 Badham, J. N., 204 Coxon, M., 12 Baenninger, L. P. 88, 90 Creak, M., 67, 183 Bakker, C., 83, 197 Crookes, T. G., 11 Cunningham, M., 81, 82 Bales, R. F., 118 Bardon, L, M. 204 Dane, B„ 177, 178 Barker, L. S., 25 Darling, F. F., 35, 43 Darwin, C., 1 Barker, M., 244 Davis, R. T., 117 Barker, R. G., 25 Bartoshuk, A. K., 19 Delgado, J. M. R., 121, 180, 182 Beintema, J. D., 19 Delius, J. D., 6 Berlyne, D. E., 21, 247 Dember, W. N., 7 Denhoff, E., 70 Bernstein, I. S., 166 Bernuth, H, von, 19 Dignam, P. J., 12 Draper, W. A., 166 Birdwhistell, R, L., 148 Drury, W. H., 178 Blatz, W. E., 166 Bobbitt, R. A., 24,25, Earl, R. W., 7 Ebling, F. J.p 8 Bott, H., 162, 163, 166 Eibl-Eibesfeldt, I-, 5, 6 Bridges, K. M. B., 54 Brockway, B. F., 52 Eisenberg, L., 183 Escalona, S., 53 Brown, R. G. B., 48 Esser, A. H., 203 Brunswick, E. F., 246 Eysenck, H. J., 198 Burton-Jones, N. G., 48 Fabricius, E., 224, 229 Butler, R. A., 21 Fenton, G., 204 Calhoun, J. B., t90 Fleishman, E. A., 198 Campbell, D., 115 Forrest, S., 240 Carter, L., 118 Franks, C. M., 198 Carthy, J. D., 8, 17,‘ 27 Frick, F. C., 219 Castell, R., 112 Frachter, B., 215 Chamberlain, A., 203 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS 278 Observaçâo Direta e Meilida do Coniportamento
Galanter, E., 221 Garland, H. G., 204, 209 Geliert, E., 2, 8, 53 Gesell, A., 131, 132, 133, 135 Glancy, L. J., 11 Goodenough, F. L., 84 Gordon, N., 205 Grant, E. C., 52, 159, 160, 178, 198, Gross, C. G., 198 Gump, P. V., 25 Gunderson, E. K., 234 Guttman, L., 221 Guttman, R., 221 Hailman, J. P., 125, 126 Halverson, H. M., 132, 133 Hamilton, W. J., 1, 35 Hansel, C. E. M., 64 Hansen, E. W., 169, 172 Harlow, H. F., 21, 169 Hartshome, H., 8 Haythom, W., 118 Heimstra, N. W., 117, 209 Helfer, R. E., 234 Hendrey, L. S., 113 Hilgemam, L. M., 57 Hinde, R. A., 1, 24, 25, 176 Hoddinott, B. A., 202, 204 Hoffman, K., 3 Holmes, T. H., 13 Hoofdakker, R. H. van den, 235, 237 Hoof, J. A. R. A. M. van, 214, 215 Hopf, S., 111 Horner, R. F, 12 Hubel, D. H., 37 Hussel, D. J. T., 48 Hutt, C., 6, 7, 11, 12, 19, 21, 22, 23, 29, 30, 39, 41, 71, 88, 94, 141, 187, 244. Hutt, S. J., 6, 19, 30, 39, 41, 56, 66, 71, 145, 187, 244 Ingram, T. T. S., 70, 204, 205, 208 Irwin, S., 201 Jackson, P., 11, 12, 207 Jansson, A. M., 224, 229 Jensen, G. D., 24, 25 Jersild, A. T., 1, Joyce, C. R. B., 209 Kanner, L., 30, 183 Katz, J. J., 222
Kaufman, I. C., 49, 51, 52, 53 Kelly, J. G., 248 Kempe, C. H., 234 Kephart, N. C., 7 Kessen, W., 113, 139 Keywitz, N., 234 Kline, N. S., 203 Kloot, W. G. van den, 177, 178 Knobel, M., 70 Kory, R. C., 151 Kruijt, J. P., 123, 124 Kubzansky, P. E., 67, Kuehn, R. E., 24, 25 Lanzetta, J., 118 Lashley, K. S., 221 Läufer, M. W., 70 Laupheimer, R„ 118 Ledley, R. S., 130 Lee, D., 30, 141, 240 Lehrman, D. S., 6, 231 Leiderman, P. H., 67 Lenard, H. G., 19 Leutzendorff, A-M., 139 Level, M., 11, 12, 207 Leyhausen, P., 129, 234 Liebig, I., 221 Loomis E. A., 57 Lorenz, K. Z., 8, 36, 231 Maller, J. B., 8 Mackintosh, 53, 159, 198 Marler, P., 1, 35 Marshall, J. C., 224, 225 Martin, R., 32 Masada, M., 13 Mason, E., 70 Mason, W. A., 175 May, M. A., 8, McDonald, A. L., 209 McGrew, W. C., 42, 44, 215, 251 Medawar, P. B., 231, 232 Meigs, M. F., 1, Meirowitz, B., 118 Mendelson, J. H., 67 Menzel, E. W., Jr., 246 Meyer, L. R., 57 Michael, J., 12 Miller, G. A., 219 Moore, J. A., 231 Morris, D., 8
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INDEX BOOKS GROUPS Indice de nomes 279
Muntjewerff, W. J., 19 Murray, M. P., 151, 152, 154 Müssen, P. H., 2, 245 Nelson, G. N., 13 Nelson, P. D„ 234 Nowlis, V., 2 Ochs, S., 20 Oettinger, L., 204 Ogston, W. D., 148, 150 Olson, W. C., 53, 81, 82, 83 Ounsted, C., 29, 30, 39, 41, 70, 184, 204, 234 Parten, M. B„ 84 Perdeck, A. C., 29, Piaget, J., 7 Ploog, D., Ill Pollard, J. C., 197 Pond, D. A., 204 Postal, P. M., 222 Prechtl, H. F. R., 19, 31, 32, Pribram, K., 221 Quastler, H., 219 Ratcliffe, S. G., 205, 208 Reeves, P. O., 204 Reynolds, E., 209 Richter, C. P., 3 Rickard, H. C., 12 Riess, B. F., 5, 6 Rosenblum, L. A., 49, 51, 52, 53 Rosenzweig, S., 8 Rowell, T. E., 24, 48, 176 Rushton, R., 198 Russell, C., 8 Russell, I. S., 20 Russell, W. M. S., 8, 45, 239 Ryle, G., 231 Schalter, G. B., 42, 248 Schiller, P. H., 3 Schneirla, T. C. 118 Schoggen, M., 25 Sepie, S. B., 151 Serafetinides, E. A., 204 Shannon, C. E., 219 Siever, R., 245 Silverman, A. P., 199, 200
Simonds, R., 204 Skinner, B. F., 197 Slater, L. E., 242 Solomon, P., 67 Spencer-Booth, Y., 24, 25, 176 Steinberg, H., 198 Stone, A. A., 6 Storr, A., 8 Stoutsenberger, K., 139 Strauss, A. A., 7 Stynes, A.rJ., 51, 53 Sumner, D. W., 205, 209 Swift, J. L., 209 Sylvester, J. D., 64 Symmes, D., 21 Thomae, H., 3 Thomas, D. S., 53 Tinbergen, N., 2, 29, 129, 178, 231 Tobach, E., 118 Tooley, P. H., 209 Trouton, D. S., 198 Trumbull, R., 67 Vaizey, J., 187, 235 Vore, De, I., 42, 235 Walcott, C., 177 Watt, K. E. F., 130 Weatherall, M., 209 Weaver, W., 219 Weiskrantz, L., 198 Welker, W. I., 91, 92, 94, 102 Wexler, D., 67 Wickler, W., 129 Wiepkema, P. R., 213, 214, 217, 228, 247 Willems, E. P., 244 Williams, J. P., 139 Winter, P., 112 Wolff, P. H., 19, 187 Wolman, M. B., 70 Wright, H. F., 2, 25, 26, 27, 28, 34 Young, A. M., 205 Zimmerman, R. R., 169 Zinkin, S., 3, 4 Zunich, M., 98
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