ÁLCOOL E ÁLCO OUTRAS OU TRAS DROGAS DA COERÇÃO À COESÃO
Módulo Atenção Psicossocial e Cuidado
GOVERNO FEDERAL Presidência da República Ministério da Saúde Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) Diretoria do Departamento de Gestão a Educação na Saúde Secretaria Executiva da Universidade Aberto do SUS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Reitora Roselane Neckel Vice-Reitora Vice-Reitora Lúcia Helena Pacheco Pró-Reitor Pró-Reitor de Extensão Edison da Rosa
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE Diretor Sérgio Fernando Torres Torres de Freias Vice-Diretora Vice-Diretora Isabela de Carlos Back Giuliano Chefe do Departamento de Saúde Pública Alcides Milon da Silva Coordenadora do Curso Fáima Büchele
GRUPO GESTOR Anonio Fernando Boing Elza Berger Salema Coelho Kenya Kenya Schmid Reibniz Sheila Rubia Lindner Rosangela Goular
EQUIPE TÉCNICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE Alexandre Medeiros de Figueiredo Ana Carolina da Conceição Daniel Márcio Pinheiro de Lima Felipe Farias da Silva Graziella Barbosa Barreiros Jaqueline Tavares de Assis Mauro Pioli Rehbein Mônica Diniz Durães Parícia Sanana Sanos Pollyanna Fausa Pimenel de Medeiros Robero Tykanori Kinoshia
GOVERNO FEDERAL Presidência da República Ministério da Saúde Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) Diretoria do Departamento de Gestão a Educação na Saúde Secretaria Executiva da Universidade Aberto do SUS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Reitora Roselane Neckel Vice-Reitora Vice-Reitora Lúcia Helena Pacheco Pró-Reitor Pró-Reitor de Extensão Edison da Rosa
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE Diretor Sérgio Fernando Torres Torres de Freias Vice-Diretora Vice-Diretora Isabela de Carlos Back Giuliano Chefe do Departamento de Saúde Pública Alcides Milon da Silva Coordenadora do Curso Fáima Büchele
GRUPO GESTOR Anonio Fernando Boing Elza Berger Salema Coelho Kenya Kenya Schmid Reibniz Sheila Rubia Lindner Rosangela Goular
EQUIPE TÉCNICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE Alexandre Medeiros de Figueiredo Ana Carolina da Conceição Daniel Márcio Pinheiro de Lima Felipe Farias da Silva Graziella Barbosa Barreiros Jaqueline Tavares de Assis Mauro Pioli Rehbein Mônica Diniz Durães Parícia Sanana Sanos Pollyanna Fausa Pimenel de Medeiros Robero Tykanori Kinoshia
EQUIPE TÉCNICA DA UFSC Douglas Kovaleski Kovaleski Faima Büchele Mara Verdi Rodrigo Oávio Moreti Pires Waler Waler Ferreira de Oliveira Oliveira
ORGANIZAÇÃO DO MÓDULO Túlio Franco Magda do Cano Zurba
AUTORIA Fernando Kinker (unidade 1) Claudio Barreiros (unidade 2)
REVISORA INTERNA Sonia Augusa Leião Saraiva
REVISORAS FINAIS Graziella Barbosa Barreiros Jaqueline Tavares de Assis Marcia Aparecida Ferreira de Oliveira
COORDENAÇÃO DE TUTORIA Larissa de Abreu Queiroz
GESTÃO DE MÍDIAS Marcelo Capillé
EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAL Coordenação Geral da Equipe Marialice de Moraes Coordenação de Produção de Material Andreia Mara Fiala Design Instrucional Master Jimena de Mello Heredia Design Instrucional Instrucional Agnes Sanfelici Design Gráfico Fabrício Sawczen Volkmann Paschoal Design de Capa Rafaella Volkmann S awczen Projeto Editorial Fabrício Sawczen
REVISÃO Revisão Ortográfica Flávia Goular Revisão ABNT Jéssica Naália de Souza dos Sanos
UNIVE I A E FE E AL E ANTA ATA INA UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS – UNASUS
M A P P C
FLORIAN FLO RIAN POL POLIS IS
FS 2014
Caalogação elaborada na fone B271a
Universidade Federal de Sana Caarina. Cenro de Ciências da Saúde. Curso de Aualização em Álcool e Ouras Drogas, da Coerção à Coesão. Aenção psicossocial e cuidado [Recurso elerônico]/ Universidade Federal de Sana Caarina; Túlio Baisa Franco, Magda do Cano Zurba [orgs.]. - Florianópolis : Deparameno de Saúde Pública/UFSC, 2014. 88 p.: il.,grafs. Modo de acesso: hps://unasus.ufsc.br/alcooleourasdrogas/ Coneúdo do módulo: Ferramenas poenes da Aenção Psicossocial: As Redes de Apoio à auonomia e o rabalho no erriório. – Organização, compeências, responsabilidades e Singularidades de cada pono da Rede de Aenção Psicossocial - RAPS. Inclui bibliografia ISBN: 978-85-8267-057-6 1. Saúde menal. 2. Políica de saúde. 3. Sisema Único de Saúde. 4. Educação a disância. I. UFSC. II. Franco, Túlio Baisa. III. Zurba, Magda do Cano. IV. Kinker, Fernando. V. Barreiros, Claudio. VI. Tíulo. CDU 616.89
A������� �� M����� Caro aluno, Seja bem-vindo ao módulo “Aenção Psicossocial e Cuidado”. Nese módulo, compreenderemos em dealhe cada pono da Rede de Aenção Psicossocial (RAPS), suas aribuições, as normas que os insiuem e, principalmene, a singularidade no seu funcionameno. Desacaremos que a RAPS não se forma apenas com base nos equipamenos de saúde: ela pode se esender aé a comunidade na medida em que vários grupos comuniários dispõem de recursos que podem ser úeis ao cuidado às pessoas usuárias dos serviços de saúde menal. É absoluamene imporane compreender que a rede deve aender às necessidades de saúde do usuário e, porano, o seu funcionameno depende sempre da capacidade dos rabalhadores se conecarem aos ouros que esão inseridos nos diversos serviços e às pessoas que ra balham em enidades na comunidade. Você perceberá o quano as redes são maleáveis e flexíveis, desde que enendidas como pare inegrane do processo de rabalho e do cuidado em saúde. Nenhum rabalhador é auossuficiene e, ao lidar com problemas de saúde menal, esamos sempre diane de problemas complexos. Por isso, são necessários vários saberes e práicas diferenes, que em inersecção uns com os ouros formam uma grande poência, uma possibilidade de produzir o cuidado de forma saisfaória no senido da reabiliação psicossocial. As redes que exisem no coidiano do rabalho são imporanes insrumenos de ação das equipes de saúde. Imagine que, ao invés de conar apenas com seu rabalho ou de sua equipe, você possa dispor de oda uma rede de cuidados, auando de forma solidária, em fluxos consanes por onde os usuários possam ransiar. A ideia de que na rede são “um por odos, e odos por um” com o objeivo de cuidar, quebra o isolameno, e orna muio mais fácil e eficaz o rabalho e cuidado em saúde menal.
Os exos foram composos razendo - juno ao coneúdo - exemplos, casos, sugesões de vídeos e problemaizações. Assim, buscamos ornar o aprendizado um exercício ambém lúdico e relacionado direamene ao rabalho em saúde menal. Esperamos que esse processo de educação não eseja separado ou esranho ao rabalho coidiano, mas jusamene vá ao enconro do dia-a-dia de cada um, faciliando o rabalho e razendo quesões dele para reflexão e análise. À menor dificuldade, busque conao, divida as discussões com colegas de rabalho. Torne a aividade de aprendizagem pare consane de sua vida profissional. Desejamos sucesso!
Túlio Franco Magda do Canto Zurba
O������� �� M����� Apresenar conceios de rede e erriório e esabelecer esraégias para a ariculação dessas redes, além de descrever os fundamenos da Rede de Aenção Psicossocial.
C���� H������ 15 horas.
S������ U������ � – F���������� �������� �� A������ P�����������: A� R���� �� A���� � ��������� � � �������� �� ����������......�� �.�. Introdução ....................................................................................................�� �.�. Redes e Território ......................................................................................��
�.�.�. A Produção de Redes e de Auonomia .........................................................�� �.�.�. O rabalho no Terriório ..................................................................................�� �.�. Resumo da unidade .................................................................................�� �.�. Leituras complementares.......................................................................��
U������ � – O����������, ������������, ����������������� � S������������� �� ���� ����� �� R��� �� A������ P����������� - RAPS .................................................. �� �.�. Introdução .................................................................................................. �� �.�. Constituição da RAPS ............................................................................�� �.�. Objetivos da RAPS....................................................................................�� �.�. Componentes da RAPS e seus Pontos de Atenção .......................�� �.�. Atenção Básica em Saúde .....................................................................�� �.�. Atenção Psicossocial...............................................................................��
�.�.�. CAPS I .....................................................................................................................�� �.�.�. CAPS II ..................................................................................................................�� �.�.�. CAPS III .................................................................................................................�� �.�.�. CAPS AD ...............................................................................................................�� �.�.�. CAPS AD III .........................................................................................................�� �.�.�. CAPS i ....................................................................................................................��
�.�. Atenção de Urgência e Emergência ....................................................�� �.�. Serviço Hospitalar de Referência .......................................................�� �.�. Serviço Hospitalar de Referência .......................................................�� �.��. Estratégias de desinstitucionalização .................................................��
�.��.�. Programa de Vola para Casa (PVC) ...........................................................�� �.��.�. Serviço Residencial Terapêuico (SRT) ....................................................�� �.��. Reabilitação Psicossocial......................................................................��
�.��.�. Geração de Trabalho e Renda, Empreendimenos Solidários e Cooperaivas Sociais ........................................................................................�� �.��.�. Incenivo ao Proagonismo de Usuários da RAPS ...............................�� �.��. Resumo da unidade ............................................................................... �� �.��. Leituras complementares ....................................................................� �
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Ferramentas Potentes da Atenção Psicossocial: As Redes de apoio à autonomia e o trabalho no território
Ferramentas Potentes da Atenção Psicossocial: As Redes de apoio à autonomia e o trabalho no território
U������ � – F���������� P������� �� A������ P�����������: A� R���� �� ����� � ��������� � � �������� �� ���������� Ao final desa unidade, você será capaz de: •
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compreender Redes e Terriórios - seu conceio, sua organização, sua dinâmica e seus aspecos essenciais. As redes ambém como produção dos próprios rabalhadores e usuários; enender a imporância do rabalho em rede e no erriório; refleir sobre as ariculações inra e inerseorial; criar esraégias para o rabalho em rede e descobrir os recursos exisenes nos erriórios de vida dos usuários dos serviços de saúde.
�.�. I��������� Nesa unidade, você esá convidado a refleir sobre aspecos da práica coidiana da aenção psicossocial que esão sempre presenes nas relações que os profissionais de saúde esabelecem com os usuários dos serviços: o rabalho em rede e as ações no erriório. Esão sempre presenes porque o uso de drogas e suas consequências são quesões que não remeem apenas às pessoas que as uilizam, mas a deerminadas relações enre pessoas, deerminadas condições de vida, modos de viver, valores e crenças e a diferenes formas das insiuições responderem às necessidades das pessoas, que acabam por conribuir para a consrução e a produção de senido para essas siuações. Enão, a exisência de uma pessoa que em uma relação de fore dependência com a droga expressa muio de nossa vida social, represenando deerminado desenho das relações sociais. Módulo Atenção Psicossocial e Cuidado
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Unidade 1
Mas o que seriam as redes de cuidado e qual sua relação com o ra balho no erriório? Convidamos você a dialogar conosco sobre essas quesões com base em algumas cenas.
�.�. R���� � T��������� Você alvez já enha vivenciado algumas dessas siuações: �.
“João chega sempre alcoolizado ao CAPS (Cenro de Aenção Psicossocial), e desrespeia a odos os presenes. É difícil saber o que fazer nessas siuações: ele deve permanecer no serviço ou devemos barrar sua enrada, como forma de colocar limies?”
�.
“Numa cera manhã, inesperadamene, chega ao CAPS uma família que vem soliciar inernação para Carolina. Suas irmãs, expressando desespero, dizem que ela em passado as noies fora de casa, uilizando drogas com pessoas desconhecidas. Ameaçam que, se não for inernada, ela será expulsa de casa, já que não suporam vê-la se prejudicando. Carolina não sabe o que dizer, demonsrando-se ambígua, ora reclamando das irmãs, dizendo que quer er sua liberdade, ora dizendo que concorda com elas e que a única solução é ela ser punida com a resrição de liberdade”;
�.
Seu Honório aparece odos os dias na Unidade Básica de Saúde (UBS) com um fore hálio de álcool e quase ninguém da unidade consegue conversar com ele. Geralmene, dizem que se ele arrumar confusão a polícia será acionada. Tudo indica que ele vem buscar algo nessas visias à unidade, como um conao, uma conversa, e que enha muios problemas clínicos associados ao alcoolismo. Mas, ninguém em paciência de ouvi-lo;
�.
A mãe de Pedro, usuário do CAPS, comparece à unidade para pedir ajuda, pois diz que o filho se drogou e esá ransornado denro de casa, quebrando os objeos, ameaçando as pessoas. A equipe do CAPS fica em dúvida se deve ir imediaamene à casa de Pedro gerir a siuação, se deve soliciar à mãe que chame a polícia e o
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SAMU, ou se deve apenas escuar e ranquilizar a mãe, pedindo poseriormene que ela reorne para a casa e enha paciência, ou que coloque Pedro para fora da casa; �.
Uma moradora da região do CAPS denuncia que muias pessoas êm se concenrado sob o viaduo para consumir crack e exige que o CAPS chame a polícia ou encaminhe para a inernação involunária do grupo, pois o viaduo fica próximo às casas e os moradores senem-se inseguros e ameaçados. Reflexão As siuações apresenadas acima não são simples. O que você faria diane delas, caso rabalhasse naqueles serviços? Provavelmene cada profissional e cada equipe eria uma forma de abordar cada uma dessas siuações, e essa forma diz muio sobre o esilo da equipe, as condições de rabalho, o lugar que o serviço ocupa no erriório, na rede de insiuições e dos profissionais que nelas rabalham. Esses são os operadores das redes. Pense sobre o que faria ou proporia para cada siuação, anoe suas considerações e “reserve esse ingrediene” para que, ao final desa unidade, você “revisie” suas anoações e veja o que mudou nas suas reflexões iniciais.
É difícil er uma regra para odas as siuações, embora seja uma endência das insiuições e de seus operadores consruírem seus proocolos e formas de agir, sua relação com as demais insiuições responsáveis pelo cuidado à saúde, pela segurança, pela habiação, pela educação e ouros. E muias vezes esses proocolos, diferenes em cada insiuição, dificulam que se rabalhe com as singularidades das siuações, pensando em esraégias flexíveis e poenes que as ransformem no senido de produzir vida.
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Unidade 1
Se é difícil definir uma solução “correa” para cada uma dessas siuações, pelo menos elas expressam uma caracerísica comum: odas apresenam cera ensão enre a necessidade da pessoa que sofre e a necessidade de se maner a harmonia da ordem social; ou seja, sempre há uma ensão enre o que é melhor para a pessoa que sofre e o que a sociedade espera do serviço. Os exemplos que caracerizam alguma rupura da ordem, como aquele das pessoas em episódio de agressividade ou aquele em que surgem uilizando drogas nas ruas, represenam mais claramene a ensão que as insiuições de cuidado, como os CAPS, as UBS e os serviços de urgência ou emergência vivem: uma expecaiva social que a odo empo circula enre o cuidar das pessoas e o conrolar as pessoas, enre o aumenar a auonomia dos sujeios e o de zelar pela manuenção da ordem social, exercendo um papel de delegado que deve coner udo aquilo que puder razer desordem e quesionar nossos padrões de vida e sociabilidade. Na área da saúde menal isso é muio presene, compondo o que alguns auores chamaram de conradição psiquiárica, ou da saúde menal (BASAGLIA, 1985; CASTEL, 1977). É um desafio dos profissionais dos serviços da rede de aenção psicossocial fazer a odo o momeno uma escua e uma análise qualificada de cada siuação. Consruir esraégias que considerem odos os elemenos em jogo, de forma a eviar a reprodução do conrole, dialogando com as necessidades dos usuários nos conexos complexos de relações que produzem o próprio senido do sofrimeno. Esse diálogo com o campo relacional e exisencial dos usuários dos serviços se dá nos erriórios social e exisencial dos mesmos, e para ser ransformador implica a ariculação, o agenciameno de novos recursos e novos aores, no senido de modificar as cenas que produzem o sofrimeno, a ausência de valor, a exclusão. 16
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Link A respeio de sofrimeno e exclusão, bem como so bre “ordem” ou “desordem” social, sugerimos que você assisa a dois filmes. O primeiro vídeo é um cura-meragem: “Ilha das Flores” (JORGE FURTADO, 1989) Disponível em: htp://www.youube.com/ wach?v=bVjhNaX57iA . O ouro vídeo é um longa-meragem: “Esamira” (MARCOS PRADO, 2005). Disponível em: htp:// www.youube.com/wach?v=KFyYE9Cssuo .
1.2.1. A Produção de Redes e de Autonomia O uso de drogas esá associado a múliplos faores, mas gosaríamos de enfaizar aqui um deles: a experimenação do corpo ou a amplificação dos fenômenos (ROTELLI,1992). Ela se dá pela possibilidade de se er as sensações inensificadas, ais como as de prazer, aceleração, urvameno da consciência, relaxameno, poência, impoência, fuga, desligameno, desprendimeno, coninência, udo isso no conexo das experiências sociais e das relações enre as pessoas. Esse conexo de experimenação, que assumiu no decorrer da hisória lugares sociais diferenes, conforme os diversos valores relacionados ao uso de drogas, ganha um significado singular dependendo das relações que os sujeios esabelecem no mundo.
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Unidade 1
Saiba Mais Esudiosos da psicossomáica êm aponado que as experiências emocionais implicam regisros no corpo, mesmo que muias vezes esses regisros não sejam percebidos. Perceba que um ao muio simples do seu corpo, como por exemplo, a respiração, pode ficar compleamene alerado dependendo de seu esado emocional. Respiramos profundamene ou rancamos a respiração... A procura por subsâncias químicas – drogas lícias ou ilícias – bem como a dependência ou não, em relação direa com essas necessidades. Saiba mais sobre psicossomáica lendo a referência: ZURBA, Magda do Cano. Psicossomáica: gênese e inervenção em psicologia da saúde. In: Enconro Paranaense, Congresso Brasileiro de Psicoerapias Corporais, XVI, XI, 2011. Anais: Curiiba, Cenro Reichiano, 2011 [ISBN -978-85-87691-21-7]. Disponível em: htp://www.cenroreichiano.com.br/ arigos/Anais%202011/ZURBA,%20Magda%20do%20 Cano.%20Psico.pdf
Um dos desafios do cuidado ampliado de pessoas com problemas decorrenes do consumo de drogas, especialmene aquelas com quadro de dependência química, é muliplicar a rede de dependências. Isso pode parecer paradoxal a você, mas é isso mesmo. Podemos enender a auonomia dos sujeios, sua forma auo-organizada de se produzir e reproduzir como pessoas no mundo como um processo que envolve uma rede múlipla e rica de dependências. Alguns auores (SPINOZA, 2009; KINOSHITA, 1996; MORIN, 1996; MATURANA e VARELA, 2001) discuiram que a auonomia de uma pessoa depende de suas múliplas relações com o meio ambiene e o meio social. Dessa forma, para a pessoa exercer sua auonomia e auo-definir seu caminho na vida, ela dependerá de uma quanidade diferenciada de elemenos. O exercício da auonomia fica resrio quando dependemos muio foremene de alguns desses elemenos, como pode ser o caso da dependência de drogas. 18
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A ampliação da auonomia, assim, raz como desafio a muliplicação e o enriquecimeno das redes de dependência. Ou seja, o enriquecimeno da vida das pessoas que são dependenes de drogas exige o agenciameno de novas experiências, e a relação com novos recursos, novos aores sociais, novas possibilidades de vida que ampliem as redes de dependência, produzindo auonomia e aumenando a poência de agir no mundo (SPINOZA, 2009). Nesse senido, aumenar a auonomia significa produzir ransformações nos conexos sociais e não apenas nos indivíduos. Significa ransformar as cenas que reproduzem e foralecem quase que exclusivamene a dependência das drogas. Para ficar mais claro, podemos pensar em nosso coidiano como ra balhadores da saúde. Nosso coidiano implica uma rede de dependências que pode se ornar mais rica ou mais pobre, dependendo das circunsâncias da vida. Podemos er uma vida muio resria a apenas algumas dimensões, sendo a do rabalho uma delas. Mas podemos er redes de dependência mais amplas, como aquelas ligadas a grupos de afinidade, siuações de lazer, espiriualidade, projeos comuniários, políicos e ouros. Em nossa rede de dependências, podemos experimenar siuações de maior ou menor liberdade, em que nos senimos poenes ou despoencializados. Podemos pensar no próprio conexo do rabalho. Se pudermos vivenciar siuações de rabalho coleivo em que somos valorizados, emos voz, poderemos exercer a criaividade, descobrir novas poencialidades no rabalho conjuno com ouros profissionais, endo a sensação de que a vida vai se enriquecendo e que vamos a cada dia produzindo novos conexos, e nos produzindo de forma diferene. Se, ao conrário, vivemos siuações de rabalho esanques, monóonas, isoladas, onde cada profissional faz o seu rabalho sem se misurar aos demais, eremos grande possibilidade de nos senirmos resrios à burocracia, à hierarquia, e provavelmene veremos essas resrições ainda mais amplas se pensarmos nas relações que esabelecemos com
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Unidade 1
os usuários dos serviços. Quando a paricipação e o enriquecimeno da vida do próprio profissional de saúde ficam limiados e resrios, os usuários acabam sendo aqueles cuja voz é a menos ouvida, sendo despoencializados. Isso, enão, nos leva a pensar: Reflexão Quais são suas redes de dependência? Elas esão muio areladas ao rabalho, ou em ambém ouras dimensões? Como se dá sua inserção no rabalho em equipe?
A imporância de pensar na quesão da auonomia esá ambém no fao de que o grande desafio do rabalho com a quesão das drogas esá para além da mudança de comporameno, da absinência, da eliminação de sinomas; esá na forma como cada pessoa pode enriquecer sua exisência, ampliando suas relações sociais e modificando suas redes de dependências.
Dessa forma, as pessoas que são consideradas dependenes de drogas podem ressignificar suas relações com as drogas, enriquecendo suas redes de dependências e sua forma de esar no mundo. Ou seja, não é necessário eliminar as drogas do mundo para produzir vida, mas modificar a relação com elas, por meio do enriquecimeno do arco de relações e de experiências sociais, da produção de auonomia e da ressignificação dos projeos de vida.
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Colocar a droga como o único problema da exisência, como se ela fosse um monsro a dominar as pessoas, significa simplificar o problema e caminhar por um percurso que pode maner o usuário dos serviços sempre subalerno e submisso ao que os ouros desejam para ele. Porque o grande problema não é exaamene a droga, mas a fala de valor, de lugar perane o grupo social, a ausência de ricas experiências de vida. Porque eliminar o uso da droga não levará auomaicamene ao enriquecimeno da exisência da pessoa, a um lugar socialmene valorizado, onde ela enha voz e vez. Muias vezes, a forma de enconrar um lugar social e de ser escuado é assumindo o papel marginal de usuário de drogas, que é percebido socialmene, mesmo que seja sob uma forma negaiva, que gera medo e se relaciona com o mundo da ilegalidade. Mudar as personagens envolvidas no uso de drogas remee, mais uma vez, à necessidade de modificar as cenas que geram a exclusão e a invalidação, e não apenas mudar o usuário de drogas, que é apenas expressão dessa cena de opressão e exclusão. E, para mudar as cenas, é necessário desconsruir e reconsruir as redes de relações; esse é um imporane papel dos serviços da rede de aenção psicossocial: modificar as cenas que produzem e reproduzem a invalidação e a exclusão. Mesmo considerando que são múliplos os faores que deerminam essa exclusão e invalidação, inclusive os de ordem macro-econômica, que produzem formas de sociabilidade e que esão sob a influência de ouras insâncias sociais, muias são as possibilidades de ransformação que as equipes dos serviços podem poencializar, já que a elas é delegado pela organização social o papel de cuidar e conrolar daqueles que desviam dos padrões de normalidade.
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Unidade 1
As redes formais e informais de cuidado e as redes de apoio à autonomia Reflexão O que são, para você, as redes de cuidado?
Podemos pensar as redes como um conjuno de aores (insiuições, profissionais, usuários de serviços, grupos comuniários) que se comunicam, agem ariculadamene e funcionam em sinergia para desenvolver alguns objeivos e responder a deerminadas necessidades. Essas redes ano podem ser auo-consruivas, exercendo múliplas formas e ariculações, de forma maleável e flexível, dependendo da singularidade das siuações, como podem ser rígidas e hierarquizadas, com a endência a se burocraizar e a dialogar de forma muio frágil com as necessidades sempre imprevisíveis dos usuários dos serviços. As redes rígidas endem a responder mais às necessidades de sua auo-reprodução do que às necessidades dos usuários. De qualquer forma, elas esão sempre presenes no rabalho em saúde e a forma e a função que desempenham dependerão sempre dos múliplos faores que compõem as cenas. Como diz Franco (2006, p.5): Observamos que odo processo de rabalho em saúde opera em redes, mesmo que ese venha a sofrer inerdições e capuras de modelos aylorisas1, ragicamene normaivos na organização do rabalho. A quesão cenral é pensar o perfil que assumem as redes consiuídas no cenário de produção da saúde. Há aquelas que se organizam nesses cenários, com práicas de reprodução da realidade, repeindo velhos méodos de gesão do cuidado. Essas redes são modelares, capuradas por sisemas nor-
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Fernando Kinker
1 Taylorismo é uma concepção de produção baseada em um método científico de organização do trabalho, desenvolvida pelo engenheiro americano Frederick W. Taylor (1856-1915), caracterizada pela fragmentação do trabalho, pois cada tra balhador exerce uma atividade específica no sistema, a organização passa a ser hierarquizada e sistematizada e o tempo de produção passa a ser cronometrado.
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maivos de significação da realidade, serializam as práicas de cuidado quebrando a lógica das singularidades exisenes ano no rabalhador quano no usuário. Há ouras que se organizam em conexões e fluxos conínuos de cuidado, onde são produo e ao mesmo empo produoras da ação dos sujeios singulares que se colocam como proagonisas em um deerminado serviço de saúde. Essas redes compõem um mapa que se vai formando como se as suas linhas navegassem sobre a realidade, em ala inensidade de fluxos. Têm ala poência de consiuição do novo, um devir para os serviços de saúde, associados ao cuidado e cenrado nos campos de necessidades dos usuários.
Saiba Mais Para aprofundar a reflexão sobre a imporância das redes de cuidado, as formas e concepções que ela pode assumir, uma leiura ineressane é: FRANCO, T.B. As Redes na Micropolíica do Processo de Trabalho em Saúde, in Pinheiro R. e Matos R.A. (Orgs.), Gestão em Redes: práicas de avaliação, formação e paricipação na saúde; Rio de Janeiro, CEPESC-IMS/UERJ-ABRASCO, 2006.
Ou seja, as redes podem ano se auo-formar e se ransformar com o inuio de responder às necessidades dos usuários, como se fossem essiuras maleáveis que vão se modificando conforme se modificam as necessidades e os projeos de vida dos usuários, ou podem se crisalizar e enrijecer, exercendo assim, sem críica, o papel de conrole dos usuários ao invés do papel de apoio a sua auonomia e consane ransformação. Nessa perspeciva, as redes podem ser ano redes de conenção, reforçando a invalidação, a coerção, a disciplina, assim se assemelhando mais a grades, como podem ser redes flexíveis de apoio e susenação para a descobera de novos modos de vida e novas possibilidades aos usuários dos serviços, conribuindo para que ocupem novos lugares nas cenas que reproduzem a ausência de lugar e de senido. Nesse senido, elas podem er um caráer mais emancipador e de apoio à auonomia, lidando de oura forma com a expecaiva social de que exerçam apenas o conrole sobre o comporameno dos usuários dos serviços. Módulo Atenção Psicossocial e Cuidado
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Algumas caracerísicas das redes de conenção podem ser: •
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a pora fechada do manicômio ou da “comunidade erapêuica”; a conenção física no leio; a conenção química do excesso de psicofármacos; a fala de flexibilidade dos serviços comuniários; a “grade” rígida de aividades dos CAPS; a exigência única da absinência como condição para o raameno; a exigência de obediência ao invés da consrução coleiva; o olhar exclusivo sobre o sinoma e não sobre a pessoa e suas relações sociais; a cegueira e a desconsideração para com o saber e a capacidade dos usuários dos serviços. Reflexão Tene recordar siuações de sua práica profissional em que você conribuiu para a consrução de redes maleáveis e flexíveis, apas a responder com consisência as necessidades dos usuários do serviço em que rabalha. Quais foram os percursos e as ações que você desenvolveu para ajudar a ecer essa rede?
Algumas caracerísicas das redes de apoio à auonomia são: •
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comunicação direa e rabalho conjuno e em sinergia enre os profissionais das insiuições de saúde, dos ponos que compõem a Rede de Aenção Psicossocial, as insiuições de educação, habiação, jusiça, assisência social, organizações nãogovernamenais, grupos comuniários, grupos religiosos, grupos políicos, movimenos culurais, movimenos sociais, espaços públicos, grupos de economia solidária, universidades;
Fernando Kinker
Ferramentas Potentes da Atenção Psicossocial: As Redes de apoio à autonomia e o trabalho no território •
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a criaividade e a poência da ransformação; a flexibilidade e a pronidão nas resposas; o assumir riscos e desafios que podem enriquecer as pessoas; o preocupar-se mais com os projeos de vida das pessoas do que focar apenas no problema do uso de drogas; ec.
O rabalho dos serviços da RAPS depende dos ouros componenes da rede, e a ampliação dessa rede represena um aumeno de auonomia do próprio serviço, consruída pela ação dos rabalhadores na busca por esabelecer um diálogo ransformador com seus usuários. Os componenes dessa rede se comunicam enre si sem burocracias e hierarquias, odos os ponos esão em conexão uns com os ouros, como se represenassem ou consiuíssem o que em boânica se chama de rizoma (DELEUZE e GUATTARI, 2004; FRANCO, 2006). O rizoma (DELEUZE, GUATTARI, 2004) é um ubérculo que se diferencia da raiz porque em sua composição não há limies e hierarquias esa belecidas, cada pono pode se unir a qualquer pono, odos os ponos êm conexão enre si. Hoje em dia, no campo da saúde menal, e foremene no campo da aenção aos usuários de álcool e drogas, se faz necessário superar as anigas e sempre renovadas redes de conenção, que rabalham apenas para maner os usuários sob conrole, proegendo a sociedade, seus valores morais e suas formas de dominação. O anigo circuio psiquiárico que anes era caracerizado pelo abandono dos usuários e pelo recurso à inernação nos momenos em que os conflios se ornavam insuporáveis, vem renovado com a exigência e o clamor público e da mídia pelas inernações involunárias, pelo foralecimeno do isolameno em comunidades erapêuicas como único recurso para a possível mudança dos usuários.
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Ainda não se discue a necessidade de modificar as cenas que deerminam e co-produzem o fenômeno do uso de drogas, ainda não se pensa que os dependenes de drogas só deixarão de sê-lo quando a vida se modificar e as drogas puderem ocupar um lugar diferene do aual. Ou seja, ainda não se pensa que o que é preciso modificar são as cenas, e não apenas os dependenes de drogas, pois a sua dependência é resulado de uma série de relações que deerminam o lugar que ocupam no mundo. Uma das formas de conceber o uso de drogas, que escapa da negaividade convencional, é percebê-lo ambém como um esforço de quesionar, denunciar e reagir às formas empobrecidas de exisência, a que odos nós nos submeemos, de cero modo, nos momenos e nos am bienes em que emos que viver sem criaividade, senindo-nos oprimidos e assujeiados. É como se usuários de drogas se recusassem a ser obedienes, disciplinados, limpos, assépicos em odos os níveis. É o mesmo que ocorre quando as crianças mais alenosas são visas como problemáicas nas salas de aulas, quando se raduz em dificuldade de aprendizagem uma possível denúncia do empobrecimeno dos conexos de aprendizagem. Ceramene que, ao chamarmos aenção para essa perspeciva, não preendemos menosprezar a imporância de algumas siuações de sofrimeno e vulnerabilidades que alguns usuários de drogas vivenciam, em decorrência de seu uso. É claro que essa “roupa” vesida pelos usuários de drogas, que se associa a siuações de marginalidade e ilegalidade, não parece ser a melhor opção para quem quer quesionar a ordem e os hábios de nosso mundo. Mas é uma forma, que pode ser ransformada em ouras formas de quesionameno e subversão, caso haja desvios e bifurcações nesse rajeo.
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E os serviços de saúde, como aores imporanes nesse diálogo com essas pessoas, podem conribuir muio para esse processo, ajudando a modificar as cenas no erriório de vida exisencial e concreo dos usuários, ou podem apenas reforçar os valores e ser surdos às mensagens expressas pelos mesmos. Os serviços podem fugir à armadilha da normalização e adapação das pessoas; normalmene, essas visões disciplinadoras definem como projeo de inervenção fazer com que o usuário do serviço seja mais “normal” do que os normais, ou seja, se ornem exemplo de comporameno social. Essa perspeciva de rabalho nega o próprio fao de que a vida das pessoas comuns, e dos profissionais de saúde, não é ão “normal” assim, que nenhuma família é sempre harmoniosa, que os conflios fazem pare da vida, que ambém não gosamos de nos submeer ao que não vemos senido e reagimos de forma às vezes suberrânea ao que nos oprime. Nega ambém que, de cero pono de visa, odos somos um pouco adicos, uma vez que dependemos mais ou menos de um sem número de subsâncias, sem dizer de pessoas, insiuições e ouros. Às vezes dependemos em demasia de poucas coisas, e nem por isso somos chamados de dependenes. A possibilidade de produzir desvios e bifurcações na vida dos usuários dos serviços depende do nível de inserção do serviço no erriório, onde ano se enconram os proagonisas da rede a ser ecida aresanalmene, como as demais personagens da cena que compõem a vida das pessoas que dependem de drogas.
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Unidade 1
Desvios e bifurcações enriquecedores que a rede pode produzir
Há alguns exemplos posiivos de mudanças que se deram por meio de profundos desvios. Boa Prática
A seguir, apresenamos exemplos cujas personagens, envolvidas numa rede, êm aberas novas possibilidades de vida por meio da muliplicação das relações , que produzem novos senidos. Acompanhe!
1) Lanceti (2011) e Feneric, Pereira e Zeoula (2004) relaam o caso de uma agene comuniária de saúde (ACS) que, endo enconrado nu ma visia a mãe e seus filhos pequenos preses a omar veneno de rao, por fala absolua de alernaivas de vida (desemprego, fala de comida, ordem de despejo), conseguiu que alguém acompanhasse a família naquele insane aé que ela agenciasse alernaivas que produzissem um desvio na siuação. Buscando ajuda na unidade de saúde e enconrando poucos profissionais que pudessem ajudar, começou sua rajeória de agenciameno de recursos, no senido de eviar que o Conselho Tuelar, cumprindo sua função, abrigasse as crianças e separasse os membros da família. Conseguiu negociar, por um período, alimenação no mercado da área, negociou a suspensão do despejo juno ao dono do imóvel e conseguiu viabilizar um emprego. Tal siuação provocou um desvio no caminho que a família esava omando e possibiliou a aberura de novas possibilidades, modificando ambém o olhar das ouras personagens que compunham a cena. Cada lugar onde esa ACS buscou recursos para resolver o problema da família se consiuiu em um novo fluxo em conexão, que ao final compôs uma rede aivada por ela mesma. Ese é um exemplo de uma rede “informal” ou “rizomáica” que é consruída conforme a necessidade singular, nese caso, da usuária e sua família, que eve como principal pro28
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agonisa o próprio rabalhador. É óbvio que isso não resolveu odos os problemas da família, mas permiiu abrir novas perspecivas, e fazer com que as equipes da rede de serviços percebessem a necessidade de acompanhar a família e consruir juno dela um projeo de vida que enriquecesse a exisência. 2) Uma profissional que rabalha em um CAPS ad conou-me a seguine hisória: cera vez o CAPS ad recebeu a visia da mãe de um usuário do serviço, pedindo ajuda pois há alguns dias o mesmo permanecia na “biqueira”, uilizando crack com um grupo, sem reornar para casa. O CAPS percebera a ausência de seu usuário durane alguns dias, mas não inha noção do que esava aconecendo. A equipe enão decidiu que deveria ir ao enconro do usuário do serviço oferecer ajuda e manifesar sua preocupação. Era a primeira vez que esse CAPS vivia uma siuação parecida, e os profissionais ficaram muio inseguros, se pergunando se era papel do CAPS ir aé aquele erriório. Após o diálogo dos profissionais do CAPS com o usuário na “biqueira”, ese concordou em ir ao CAPS e cuidar-se um pouco. Em repouso no CAPS, o usuário começou a senir-se mal, e a equipe percebeu que alguns agravos clínicos esavam surgindo, exigindo o aendimeno clínico e a observação no serviço de urgência e emergência. Acompanharam o usuário e a mãe aé o local e, depois de horas, o rapaz recebeu ala. Como havia um imporane conflio enre o usuário e pare de sua família, observou-se que esraegicamene não seria adequado que o usuário reornasse para sua casa. Como o CAPS ad não funcionava 24h, e como não havia uma Unidade de Acolhimeno (UA) da Rede de Aenção Psicossocial, negociou-se com um abrigo da assisência social o pernoie durane alguns dias. Conudo, havia uma soliciação do abrigo de que algum profissional do CAPS desse uma reaguarda no abrigo, durane pare da noie, pois eles não se seniam seguros, já que, além da dependência, o usuário do CAPS experimenava um sofrimeno psíquico grave, com hisórico de er vivido suros psicóicos. Ele dormiria no abrigo e passaria o dia no CAPS. O CAPS maneve esse esquema, e a equipe se dividiu para acompanhar aquele usuário Módulo Atenção Psicossocial e Cuidado
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durane pare da noie, o que permiiu foralecer o vínculo com ele e descobrir novos desejos para a consrução de seu projeo de vida, além de possibiliar longas negociações e aendimenos ao núcleo familiar, reorienando o rabalho de acompanhameno do serviço à família. 3) João, um senhor de 45 anos que há 10 anos vivia nas ruas, uilizando múliplas drogas, foi conhecido pela equipe do consulório de rua, que esabeleceu um diálogo com ele durane vários meses. Inicialmene o diálogo inha a inenção conhecer mais sobre sua hisória, sobre sua forma de enender o mundo, e para oferecer alguns cuidados clínicos básicos. Em algumas das vezes, a equipe do consulório de rua rouxe consigo um profissional do CAPS ad III, no senido de que ese conhecesse João, e pudesse ambém oferar o serviço como possibilidade de apoio. João foi num desses dias ao CAPS acompanhado pelos profissionais. Ficou um empo, alimenou-se, assisiu um pouco de elevisão, conheceu vários usuários e profissionais, e depois começou a se vincular mais ao profissional do CAPS que ia visiá-lo nas ruas. Ese foi escrevendo a narraiva de vida de João, e lendo para ele, como se fosse um livro de sua vida. Em alguns dias em que João esava com uma inoxicação leve, que não exigia a reaguarda do hospial geral, ese aceiou dormir no CAPS, como forma de er alguém ao lado e recorrer menos às drogas. Com o empo, houve o recomeço de uma aproximação com a família de João. Não se configurou nenhuma possibilidade de reorno de João à sua aniga casa, nem ele nem a família queriam isso; queriam apenas aproximar-se e maner conao. Conudo, João em algum momeno opou por procurar meios de sair da rua e de er um lugar seu para morar. A equipe do CAPS lhe ofereceu a possibilidade de ser acolhido numa Unidade de Acolhimeno (UA) durane alguns meses, e João aceiou a proposa. Durane o dia, João passou a paricipar de alguns projeos do CAPS em pareceria com ouras insiuições. Passou a frequenar o EJA (Educação de Jovens e Adulos), e a paricipar de um projeo de economia solidária que o CAPS agenciou. Traava-se de uma lanchonee abera numa parceria enre o CAPS, a secrearia de rabalho do município e uma ONG que desenvolvia 30
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a função de incubadora de cooperaivas. Além disso, com o recurso que ganhava no rabalho, João reomou o hábio de assisir a jogos de fuebol no esádio, e reomou o conao com a igreja (esa oferecia ao CAPS a quadra de espores que possuía, para que os usuários do CAPS jogassem fuebol com os adolescenes da região). A paricipação na igreja lhe rendeu várias amizades, e uma projeção imporane nessa comunidade. Recebeu enão a proposa de rabalhar na igreja, realizando o papel de zelador durane a madrugada e, para isso, ambém receberia um salário. Trabalharia na lanchonee durane o dia e na igreja à noie, como zelador. Foi quando deixou a UA. Poseriormene, preferiu alugar um quaro apenas seu e desenvolver o rabalho de zeladoria apenas aé as 23h. O convívio com os parceiros de rabalho da lanchonee e com os usuários do CAPS abriu-lhe ambém a possibilidade de paricipar de muios evenos de mobilização políica em orno da lua animanicomial. Com o apoio do pessoal da lanchonee, da igreja, do CAPS, passou a ser um dos represenanes da associação de usuários, e a viajar para muios evenos, quando enão foi descobrindo que o mundo era muio maior do que parecia. João ainda uilizava drogas, mas elas passavam a ocupar ouro lugar em sua vida: siuações de desconração, fora do horário de rabalho, longe dos holofoes. A paricipação no movimeno animanicomial, que quesionava o novo movimeno de inernação compulsória, lhe possibiliou ressignificar seu lugar no mundo. Já não era apenas um usuário de drogas, já não era apenas um usuário do CAPS e da RAPS, era concomianemene uma pessoa que descobria novos prazeres, novos desafios, enando superar novos medos que surgiam. Os exemplos demonsram que é possível produzir desvios e bifurcações em hisórias de vida muio duras. A muliplicação das relações, das personagens envolvidas numa rede que deixa de ser exclusivamene de cuidado em saúde promove a aberura de possibilidades de vida, que produzem novos senidos.
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Unidade 1
Reflexão Que lições podem ser iradas dos casos relaados? Descreva um caso que foi significaivo para você e o que você enende que aprendeu com ele.
Os profissionais da RAPS desenvolvem um papel de mediação e de apoio à experiência singular dos usuários dos serviços. A descobera e o agenciameno de novos recursos possibilia ao usuário ecer seu próprio projeo de vida, com o apoio dos serviços e de uma ampla rede de proeção, que é ano proeora como desafiadora, já que exige dele ser proagonisa do próprio processo de mudança. O desvio, enão, pode ser enendido ambém num senido de ransformação, de produção de vida e de novas experiências enriquecedoras. E para promover desvios e novos caminhos, não basa er uma inenção e aplicá-la sobre os usuários. As experiências de inernação forçada em comunidades erapêuicas ou clínicas em demonsrado que não há mágica para ransformar o lugar das drogas na vida das pessoas; não há como arrancar simplesmene, à força, a necessidade de usar drogas e as relações esabelecidas com ela. Não pode ser promoora da pessoa uma proposa que busca apenas submeê-la a deerminada ordem e orná-la obediene a formas de ser que nunca são quesionadas, mesmo que sejam opressoras e pobres. Os usuários geralmene saem das inernações e pouco modificam de sua relação com as drogas, porque as cenas coninuam as mesmas em seu erriório de exisência. A produção de senido para o usuário parece ser o principal faor de mudança. Mudanças cujos aores principais são eles mesmos. Reflexão Como profissional de saúde você poderia ser agene mediador para produção de senidos no erriório do usuário? Como? O que é ser “mediador” nese caso? O que é “produção de senido” na exisência de uma pessoa?
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�.�.�. O �������� �� T��������� Não há como falar de consiuição de rede sem pensar em erriório. Reflexão O que é um erriório para você? Qual o seu erriório? Quais são os erriórios dos usuários do serviço em que você rabalha?
Podemos rabalhar com uma concepção de erriório que ulrapasse a ideia de espaço geográfico. Nesse senido, o erriório pode ser considerado um fluxo vivo e inenso de relações enre pessoas, insiuições, espaços físicos, objeos, movimenados por relações de saber e de poder (SANTOS, 2000). As relações de saber e poder são aquelas que produzem as verdades (FOUCAULT, 2003, 2008), ou seja, aquele conjuno de mensagens e de significados que se ornam socialmene válidos, circulando e sendo comparilhados pelas subjeividades. Nesse senido, o erriório é o lugar onde se produz novas subjeividades, novas formas de esar no mundo, e novas verdades; é onde as cenas se compõem, desenhando arquieuras que podem variar enre a manuenção e a mudança (ou enre o insiuído – o que esá colocado; e o insiuine – aquele processo que vai insiuindo novas formas e novas mensagens (CASTORIADIS, 2007). Imporane lembrar que os rabalhadores ambém exisem em erriórios, ambém razem suas verdades. Dessa forma, é no erriório que podemos invenar novas insiuições, novas culuras, novos saberes, e novas práicas de cuidado (ROTELLI, 1990). O movimeno de reforma psiquiárica ialiana conribuiu muio para a compreensão de uma nova ideia de erriório, ao discuir que o fenômeno da loucura e das ouras formas de desvio do padrão remeem a relações de poder e visões de mundo que a própria ciência foi consruindo, ao simplificar os fenômenos para que eles fossem facilmene explicados de forma mecânica (ROTELLI, 1994).
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Nessa perspeciva, o rabalho no erriório se configura como um diálogo permanene com os valores que reproduzem a invalidação, no senido de ransformá-los. Se o fenômeno do uso de drogas puder passar da condição de doença para uma condição exisencial relacionada à vida no erriório, novas perspecivas de ransformação se abrem. Como diz Roelli, se considerarmos a complexidade dos fenômenos que habiualmene simplificamos e chamamos de doença menal, o objeo da psiquiaria pode deixar de ser a doença, para ser a “exisência-sofrimeno em sua relação com o corpo social” (ROTELLI, 1990). Sendo assim, para dialogar com essa experiência complexa, é necessário ampliar os recursos, rever valores, modificar o papel das insiuições e dos profissionais, caso conrário corremos o risco de dar resposas ão inadequadas como seria medir um líquido com um mero, ou uilizar uma lene para enxergar oda a galáxia, ou usar uma caixa para coner um rio (ROTELLI, 1994).
Saiba Mais Para um aprofundameno da noção de enconro erapêuico e de diálogo com a experiência complexa do sofrimeno, a parir de uma perspeciva que considere a ‘exisência-sofrimeno’ (ROTELLI, 1990), sugerimos a leiura do exo: KINKER, F.S. Enconro erapêuico ou processo-meamorfose: desafio dos serviços errioriais e comuniários. Saúde em Debae. Revisa do Cenro Brasileiro de Esudos de Saúde. Rio de Janeiro.v.36.n.95. Ou/Dez 2012.
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O rabalho no erriório, esse lugar vivo cujo fluxo inenso de relações às vezes rodopia veriginosamene, é um recurso poene e necessário para a ransformação das condições dos usuários. O erriório é aquele lugar onde enconramos o coidiano de vida concreo dos usuários dos serviços, onde podemos enender melhor os elemenos em jogo implicados na relação deles com as drogas e com a vida. Embora os erriórios muias vezes pareçam aos profissionais dos serviços lugares pobres de recursos, onde relações de violência e de ilegalidade imperam, eles ambém podem ser lugares onde os recursos se muliplicam. Muias vezes esses recursos esão escondidos (SARACENO, 1996), e embora seja difícil visualizá-los, eles esão lá. Enconrar os recursos exige olhar o erriório com ouros olhos, modificar nosso olhar sobre seus fluxos. Para isso é necessário que respeiemos a singularidade dos erriórios, mas que consigamos perder o medo deles, principalmene quando eles parecem ser lugares onde apenas imperam o ráfico de drogas e a ameaça à vida. É claro que o ráfico exise e em muia imporância em alguns erriórios, e por isso mesmo é que se orna necessário pensar em como circular e dialogar com os aores do erriório sem ameaçarmos o ráfico. Pois nossa função não é a mesma da polícia, nem somos aqueles que veem udo com olhos de moralidade. A preocupação dos serviços é com a qualidade de vida de seus usuários e daqueles de sua área que necessiam de apoio, e parece que quando os aores do ráfico enendem isso, mudam muio sua visão sobre o rabalho das equipes, e deixam de se senir ameaçados por elas.
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O erriório comparilhado é composo ambém por percursos e erriórios singulares que cada pessoa consrói, produzindo senido para cada faia dele. Podemos enender o erriório não apenas como a área de abrangência de deerminada unidade de saúde, mas como os percursos significaivos percorridos e apropriados pelos usuários. Acompanhar os usuários nos erriórios, assim, é ambém acompanhá-los em seus percursos singulares (NICÁCIO, 2003), onde eles produzem singularmene seus próprios mundos em permanenes rocas e comparilhamenos com ouras pessoas. Como vimos no caso relaado aneriormene, quando o usuário foi apoiado ou acompanhado em seu erriório e, por consequência, foi diversificando suas “cenas”, foi ampliando seu erriório. Ao discuir a quesão da reabiliação psicossocial, Saraceno (1999) coloca a imporância de diferenciar o simples esar do habiar, principalmene quando discue a quesão do morar para as pessoas com longa hisória de insiucionalização. A insiucionalização vea ao indivíduo o domínio do espaço e do empo, ficando o mesmo assujeiado aos mecanismos que respondem à engrenagem de funcionameno insiucional: horas demarcadas para as ações do coidiano, como a das refeições e da higiene corporal, da medicação, espaços demarcados para se ficar (ora na enfermaria, ora no páio, ora na cela fore, ora nas faixas de conenção), nenhum domínio nem singularização sobre as ações, nenhuma voz ou vez, nenhuma expressão dos desejos e necessidades, nenhum projeo de vida. Esar num lugar não significa necessariamene se apropriar dele, produzir significado nos elemenos que o compõem. E ese é um desafio para a rede de serviços, para as residências erapêuicas, para a inserção dos usuários inernados há longo empo nos novos erriórios de vida. E esse desafio não esá apenas presene nas residências e-
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rapêuicas, que são casas voladas às pessoas que esão morando em hospiais psiquiáricos, mas ambém esão presenes nas Unidades de Acolhimeno voladas às pessoas que fazem uso de drogas: a apropriação coleiva e pacuada da casa, dos empos e espaços, e o senido de poro acolhedor para a consrução de novos projeos de vida não esá dado de anemão, mas depende do proagonismo e do diálogo dos rabalhadores e dos usuários da casa. O mesmo se pode pensar com relação ao erriório: a ransformação dos usuários depende de ouras formas de apropriação dos espaços, do desenvolvimeno de novos papeis, da ocupação de novos lugares onde se possa exerciar a vida.
A apropriação e a produção de novos erriórios para os usuários dos serviços de saúde menal exige inensa imersão dos serviços nos espaços reais e concreos de vida. Mediações nas relações dos usuários com os aores do erriório, diálogo inenso com os diversos aores e recursos, descobera de novos recursos e esabelecimeno de novas alianças, no senido de se desenvolver projeos comuniários que enriqueçam a vida de odas as pessoas que vivem no erriório, é um dos desafios e das poências que guardam os serviços errioriais.
Assim como os agenes comuniários de saúde o fazem, em sua dupla condição de moradores da região e agenes de produção de saúde, as equipes dos serviços errioriais (CAPS, Unidade de Acolhimeno, reduores de danos, equipes da assisência social) podem conhecer as minúcias de seus erriórios de abrangência, e dos erriórios dos usuários, cujos percursos ulrapassam aqueles das áreas de abrangência dos serviços. O conhecimeno se dá aravés da presença e do desenvolvimeno de projeos e ações concreas; ou seja, é diferene de Módulo Atenção Psicossocial e Cuidado
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um conhecimeno formal e absrao, que pode se dar aravés de números, dados epidemiológicos, pesquisas as mais diversas. Movimenar-se pelos erriórios de vida dos usuários faz muliplicar as possibilidades de consruir novos erriórios. Pois os erriórios, além de não se reduzirem ao espaço geográfico nem a um conjuno de relações fixas enre pessoas e insiuições, são algo consanemene consruídos. Ou seja, exise um processo de produção de erriórios, que se dá num fluxo conínuo e complexo de relações e de aores. Volamos assim à imporância das cenas que podem gerar vida ou more, enriquecimeno exisencial ou simplificação, fragmenação e insuficiência, e que são consiuídas no dia a dia sempre inusiado dos erriórios. Muias vezes nos pegamos ariculando em nosso discurso as falas das mais variadas pessoas, e processamos discursos singulares que são com binações modificadas de discursos que circularam por nós em nossas relações. Ou seja, as relações no erriório nos consiuem; não só nossa auonomia esá oalmene relacionada às nossas redes de dependência, como aquilo que somos a cada momeno, e que se ransforma sem cessar, é muio mais que uma individualidade: é uma singularidade consiuída pela muliplicidade de experiências, vozes, pessoas, das quais somos consiuídos. Somos várias pessoas, e somos vários erriórios. Mas, odas esas possibilidades só ganham concreude quando a riqueza da rede é acionada. Os poenciais locais de supore e cuidado precisam esar ariculados em rede para possibiliar acesso aos erriórios e ampliação dos mesmos.
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Link Leia o arigo de Zurba (2011), que ece conribuições da Psicologia à saúde coleiva, relacionando os modos de subjeivação com a produção de sinomas. Acesse: htp://bi.ly/1hJ1dTY e leia o arigo de Magda do Cano Zurba “Conribuições da psicologia social para o psicólogo na saúde coleiva”.
O matriciamento como estratégia de articulação da rede e do trabalho no território
O convívio enre os aores e as insiuições que compõem as redes nos erriórios é consiuído por relações de poder e de saber. A consiuição de uma rede formal de serviços pode se dar numa perspeciva normaiva, que define a função de cada serviço, as formas convencionais de encaminhameno e de comunicação enre unidades (referência e conra-referência, por exemplo), cera hierarquização na formulação de resposas, que vão das aparenemene mais simples às mais complexas. Essa linearidade, que se propõe a criar cera lógica e sincronia enre os serviços na consiuição de um sisema de cuidado, embora seja imporane, não garane a sinergia necessária para lidar com as complexidades, as necessidades, as expecaivas, o empo das resposas aguardadas pelos usuários da rede. A discussão sobre a complexidade dos problemas que a rede de aenção enfrena vem sofrendo modificações no decorrer do empo. Anes se acrediava que a complexidade esava apenas nas siuações mais ou menos graves da sinomaologia clínica das doenças. Dessa forma, as divisões dos serviços por níveis de complexidade (primária, secundária, erciária) pareciam suficienes, e sublinhavam o caráer de maior complexidade dos serviços hospialares, onde se enconrava os recursos ecnologicamene mais avançados, como os equipamenos de diagnósico, as unidades de erapia inensiva, os cenros cirúrgicos e ouros.
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Aualmene já se considera que exisem várias formas de conceber a complexidade, e que as inervenções nos conexos de vida que produzem o sofrimeno e o empobrecimeno exisencial são muio significaivas. Assim, nos próprios serviços da Aenção Básica, a quesão da vida dos usuários dos serviços no erriório se apresenou como algo cuja complexidade exigiria ferramenas e inervenções iner-relacionadas. Merhy (2002) apona que o rabalho vivo em ao realizado pelos profissionais de saúde é composo por vários ipos diferenes de ecnologia, que se apresenam em graus diferenes a depender das funções e das caracerísicas de cada insiuição que compõe a rede. Tais ecnologias podem ser divididas em: •
•
•
Tecnologia dura (aquela que compreende os insumos e equipamenos de diagnósico e de inervenção), muio presenes nos âmbios hospialares e em menor nível nos ambulaoriais; Tecnologia leve-dura (aquela represenada pelos conhecimenos écnicos, os reperórios uilizados ano no diagnósico como no raameno); Tecnologias leves (aquelas que se referem ao âmbio das relações profissional-cliene).
Ou seja, os níveis de complexidade deixam de ser represenados por uma esruura linear hierarquizada, para se fazer presenes, simulaneamene, em vários momenos e âmbios do processo de cuidado. Em saúde menal, o âmbio das relações profissional-cliene sempre represenou o recurso mais fundamenal; mas ele ambém nos remee ao âmbio das relações dos profissionais enre si, dos vários serviços enre si, deses com as insiuições que compõem a rede e o erriório. Na área da saúde menal, há muio os movimenos reformadores sa bem que a complexidade esá localizada nos conexos de vida dos usuários nos erriórios, e que as resposas mais simples são aquelas 40
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que a hospialização oferece, pois esas não lidam com as siuações que geram os conflios e que geram a necessidade de inernação. Ao invés de lidar com a complexidade da vida dos usuários, o hospial psiquiárico sempre apresenou as resposas mais simples, menos complexas, que necessiavam de pouca ecnologia: a conenção física, a conenção química, o rabalho exclusivo sobre o sinoma e o comporameno. Ou seja, o hospial psiquiárico sempre foi o recurso mais simples e pobre, e durane muio empo o único recurso, produzindo exclusivamene a insiucionalização, a fala de domínio das pessoas sobre seu próprio corpo, a fala de projeos, a obediência anuladora que fez com que muios moradores de hospial perdessem aé o senido de uilizar a fala, esquecessem a própria hisória, de onde vieram ec. As pessoas que usavam drogas sempre iveram um lugar garanido nessas insiuições: elas exerciam o papel que caberia aos funcionários, na limpeza, produção das refeições, vigilância dos pacienes mais graves, ec. Eles se afasavam cada vez mais da difícil siuação de vida que os levava ao hospial, enconrando nele um lugar de valorização que não enconravam fora. Como pacienes ‘mais preservados’ e com funções especiais, mas explorados economicamene (já que apenas ganhavam algumas regalias em roca de seu rabalho), acabavam por er uma relação parasiária com a insiuição, resisindo a sair dela e a enfrenar a vida, já que não inham apoio de nenhuma oura insiuição (KINOSHITA,1996; KINKER, 2011). Hoje a siuação é oura, e enendemos a complexidade que é lidar com os sujeios e suas relações nos erriórios. E a forma como se dá o diálogo enre os componenes da rede de cuidado é deerminane nesse processo. As relações enre as insiuições e suas equipes, como já vimos, podem se dar ano de forma burocraizada, pobre e auomáica, como pode ser ecida aresanalmene, considerando as singularidades dos casos, e exigindo a flexibilidade das insiuições e a descobera de formas inédias de auar.
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Corroborando essa necessidade de enriquecimeno das práicas de cuidado, a ideia do apoio maricial (CAMPOS, 1999; CAMPOS, DOMITTI, 2007) vem reorienar uma práica burocraizada e fragmenada que, anes de responder às necessidades singulares dos usuários dos serviços, reproduziam as necessidades das insiuições e dos profissionais de delimiarem a propriedade sobre deerminados conhecimenos e práicas. Ou seja, a fragmenação que a ideia de mariciameno vem superar represena deerminadas relações de poder enre as insiuições, que se legiimavam como únicas deenoras de deerminados saberes.
O apoio maricial, fundamenal enquano concepção e esraégia de rabalho para os serviços de saúde menal, propõe novas formas de comunicação e de rabalho conjuno enre equipes de diferenes serviços.
2 Carografia: a cartografia
Esse rabalho conjuno depende essencialmené tanto uma perspectiva e dos mecanismos de comunicação, e da disteórica como um modo de posição para cera horizonalidade nas relações ação, que considera a necessidade de acompanhar enre as equipes. Ele pode subsiuir o radicioos percursos dos fenômenal e descompromissado encaminhameno pela nos pesquisados, de forma consrução conjuna de uma carografia2 das a dialogar com sua complexidade e seus intensos e siuações a serem aendidas, implicando novas maleáveis fluxos de moviações e esraégias. O rabalho conjuno pode mentação. Ela substitui os se dar por meio da discussão de siuações commodos de pesquisa lineares que aprisionam os fenôparilhadas por várias insiuições, proposas de menos estudados, e que os aendimeno conjuno, co-responsabilização moldam conforme as explienre equipes, espaços de formação permanencações previamente estabelecidas antes da pesquisa. e em ao, consrução de um projeo erapêuico singular que se consiua num projeo de vida, e que enha sobreudo os usuários dos serviços, além das equipes, como principais aores. 42
Fernando Kinker
Ferramentas Potentes da Atenção Psicossocial: As Redes de apoio à autonomia e o trabalho no território
Reflexão Quais os maiores desafios que você enfrena para consruir uma boa comunicação com seus colegas de rabalho? Você percebe a exisência de práicas profissionais comparilhadas em seu município? Quais as esraégias para desenvolver um rabalho mais cooperaivo?
O envolvimeno das várias insiuições e pessoas que compõem a RAPS e as redes múliplas do erriório num projeo comum, que considere as diferenças e as singularidades, é ambém condição para a modificação das cenas sociais. Pode-se enender enão a ideia do apoio maricial como a própria consiuição de redes numa ação conjuna, onde os saberes vão circulando, novos saberes são produzidos coleivamene, oalmene ariculados à práica. Esse nível de consrução coleiva exige que os profissionais, as insiuições e seus componenes se mulipliquem e enriqueçam coidianamene o seu papel. É possível consiuir redes denro dos próprios serviços, nas relações enre os profissionais e deses com os usuários, e é essa própria consiuição de rede que se caraceriza como o disposiivo erapêuico mais poene, produor de novas subjeividades e novos lugares sociais. Ou seja, as redes podem se muliplicar de denro para fora e de fora para denro, e o apoio maricial represena uma esraégia imporane de consiuição de rede. Reflexão Como se dá a paricipação dos usuários na consrução das redes?
No campo da saúde menal, a inensificação das relações enre os serviços é algo de fundamenal, e em havido um enriquecimeno das relações enre os CAPS e as UBS/ Esraégia Saúde da Família (ESF), incluindo ambém as equipes de Núcleo de Apoio à Saúde da Famí-
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lia (NASF), por exemplo. Essa muliplicidade de aores, que comparilham discussões sobre projeos erapêuicos, realizam inervenções domiciliares conjunas, ações comuniárias no erriório, em possibiliado o foralecimeno das formas de apoio à auonomia de odos os aores envolvidos, e principalmene dos usuários dos serviços. É necessário exercer o comparilhameno de saberes, considerando que odos aprendem junos, profissionais e usuários. Pois odos êm algo a ensinar. A consiuição das redes e do rabalho no erriório diz respeio à produção de muliplicidades, subjeividades que circulam e que produzem vida. Ese alvez seja o efeio mais imporane do enriquecimeno do rabalho, e que sugere a modificação de odos os aores envolvidos (usuários, profissionais, familiares, parceiros dos erriórios): a passagem do simples raameno para a produção e o enriquecimeno da vida.
Nese processo, os usuários vêm, cada vez mais, proagonizando o cuidado. Nos erriórios, o usuário não “fica de fora”. Afinal, a principal vida a ser enriquecida é a dele.
�.�. R����� �� ������� Agora que discuimos o conceio de redes e erriório, abordando especialmene a imporância do invesimeno na produção e ampliação das redes (sejam formais ou informais), dos rajeos sociais e das “dependências” dos usuários, em busca de ampliar sua auonomia, vamos, na próxima unidade, abordar a concreude e funcionameno desa rede.
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Ferramentas Potentes da Atenção Psicossocial: As Redes de apoio à autonomia e o trabalho no território
�.�. L������� �������������� SARACENO, B. Libertando identidades: Da reabiliação psicossocial à cidadania possível. Trad. Lúcia Helena Zaneta, Maria do Carmo Rodrigues Zaneta, Willians Valenini. Revisão écnica: Ana Maria Fernandes Pita. Belo Horizone: Te Corá – Insiuo Franco Basaglia, 1999. 176p.
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Organização, competências, responsabilidades e singularidades de cada ponto da Rede de Atenção Psicossocial - RAPS
Organização, competências, responsabilidades e singularidades de cada ponto da Rede de Atenção Psicossocial - RAPS
U������ � – O����������, ������������, ����������������� � �������������� �� ���� ����� �� R��� �� A������ P����������� - RAPS Ao final desa unidade você será capaz de: •
compreender o propósio e a função dos Ponos de Aenção da RAPS, no conexo da singularidade de cada equipameno.
�.�. I��������� Por udo que vimos aé aqui, já é possível dimensionar o amanho do desafio que é consruir uma esraégia pública de Aenção em Saúde Menal para subsiuir o modelo de raameno manicomial, culuralmene arraigado e vigene no Brasil desde a meade do século XIX. É imporane que se perceba o papel que a saúde menal assume para a promoção da saúde, à medida que pronuncia a vinculação da doença e do processo de adoecer com a sociedade e a coleividade. Ações em saúde menal implicam, sobremaneira, práicas múliplas que ariculem o raameno às dimensões sociais, legislaivas, econômicas, culurais e políicas (SARACENO, 2001). Nessa perspeciva, a Rede de Aenção Psicossocial - RAPS é a esraégia adoada pelo SUS para operacionalizar as mudanças no modelo de aenção para pessoas em sofrimeno psíquico ou ransorno menal, - e inclui-se, aquelas em sofrimeno por uso de drogas. Foi uma esraégia consruída a parir de múliplas referências mundiais e amplamene debaida nas conferências de saúde menal. Traa-se Módulo Atenção Psicossocial e Cuidado
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de uma esraégia em desenvolvimeno que procura raduzir a longa e complexa rajeória da aenção da saúde menal no âmbio de saúde pública (SUS/CNS, 2010). Insiuída em 23 de dezembro de 2011 pela Poraria n. 3.088, a RAPS em o propósio de maerializar os ideais de inserção e reabiliação social da pessoa com ransorno menal, de maneira inegrada à família, à comunidade e rabalho, com efeiva paricipação da sociedade. Para isso, não basa propor a implanação de serviços que componham uma rede de aenção em saúde. É preciso que o papel e as aribuições de cada serviço seja criicada, compreendida e conexualizada, ano por profissionais da saúde e seores correlacionados, como por gesores públicos e a população, a fim de que seja implemenada de modo eficiene em seus objeivos. Em oposição ao modelo manicomial de insiuição oal, a RAPS visa oferecer à população serviços diferenes para as diferenes necessidades em saúde menal.
ATENÇÃO: a Poraria n. 3.088, foi republicada em Diário Oficial da União – DOU, do dia 21 de maio de 2013; seção 1; págs. 37;38;39. Esa republicação, enre ouras alerações, modifica os criérios populacionais para implanação de serviços, passando a ser considerados os criérios, conforme segue: CAPS I: 15 mil habianes (anes, 20 mil hab.); CAPS II: 70 mil habianes (não sofreu modificações); CAPS III; 150 mil habianes (anes 200 mil hab.); CAPS AD: 70 mil habianes (não sofreu modificações); CAPS AD III; 150 mil habianes (anes 200 mil hab.) CAPS i; 70 mil habianes (anes 150 mil hab.).
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Claudio Antonio Barreiros
Organização, competências, responsabilidades e singularidades de cada ponto da Rede de Atenção Psicossocial - RAPS
�.�. C����������� �� RAPS A consiuição da RAPS se oriena por direrizes definidas na políica de saúde menal (BRASIL, 2004) incorporando alguns conceios fundamenais para compreensão de sua abrangência e propósios. Reflexão Anes mesmo que você prossiga na leiura, é imporane que você reflia mais deidamene sobre alguns ermos e ou conceios conidos nas direrizes da RAPS. Iso é imporane para que se enha um bom enendimeno delas. Por exemplo: cidadania; auonomia; cuidado inegral; aenção humanizada; redução de danos; conrole social; projeo erapêuico individual. Ceramene você já ouviu e comenou muias vezes sobre esses conceios. Por isso mesmo, uma revisão cuidadosa é demasiadamene necessária para que não se ornem clichês. Ou seja, palavras que são repeidas anas vezes que passam a ser uilizadas mecanicamene, e assim, acabam perdendo seu senido. Enão vejamos: Qual seu enendimeno sobre: cidadania; auonomia; cuidado inegral; aenção humanizada; redução de danos; conrole social; projeo erapêuico individual? Como o rabalho na sua equipe de saúde aplica esses conceios? Localize no exo abaixo ouros ermos que ambém se ornaram clichês.
Uma vez apreendidos ceros conceios fundamenais, vejamos como esão disposos nas direrizes da RAPS, abaixo lisados: •
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Respeio aos direios humanos, garanindo a autonomia e a liberdade das pessoas; Promoção da equidade, reconhecendo os deerminanes sociais da saúde; Combae a estigmas e preconceios;
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Garantia do acesso e da qualidade dos serviços, ofertando cuidado integral e assisência muliprofissional, sob a lógica inerdisciplinar; Aenção humanizada e cenrada nas necessidades das pessoas;
Diversificação das esraégias de cuidado; Desenvolvimeno de aividades no território, que favoreçam a inclusão social com visas à promoção de autonomia e ao exercício da cidadania; Desenvolvimeno de esraégias de Redução de Danos; Paricipação dos usuários e de seus familiares no controle social; Organização dos serviços em rede de aenção à saúde, com esabelecimeno de ações intersetoriais para garanir a inegralidade do cuidado; Promoção de esraégias de educação permanene; Desenvolvimeno da lógica do cuidado para pessoas com ransornos menais e com necessidades decorrenes do uso de drogas (incluindo álcool, crack e ouras drogas), endo como eixo cenral a consrução do projeto terapêutico singular. Reflexão Como você percebe o esigma em pessoas usuárias de drogas? Você reconhece a inclusão de esraégias diversificadas e inerseoriais nos projeos erapêuicos de que em paricipado? Você percebe, em seu coidiano de rabalho, ações de saúde no erriório que em foralecido a cidadania dos usuários? Por que é difícil implemenar esse ipo de práica? Quais os desafios da sua região?
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Claudio Antonio Barreiros
Organização, competências, responsabilidades e singularidades de cada ponto da Rede de Atenção Psicossocial - RAPS
�.�. O�������� �� RAPS Considerando as direrizes da políica de saúde menal a RAPS apresena os seguines objeivos: •
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Ampliar o acesso à aenção psicossocial da população em geral; Promover a vinculação das pessoas em sofrimeno psíquico (ransornos menais e com necessidades decorrenes do uso de drogas) e suas famílias aos ponos de aenção das redes de saúde no erriório; Garanir a ariculação e inegração desses ponos de aenção, qualificando o cuidado por meio do acolhimeno, do acompanhameno conínuo e da aenção às urgências; Reflexão Como o serviço que você desempenha cumpre esses primeiros objeivos? De qual modo o usuário é inegrado à rede? Há acompanhameno do usuário ou ariculação com ouros serviços da rede?
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Reduzir danos provocados pelo consumo de drogas e desenvolver ações inerseoriais de prevenção e redução de danos em parceria com organizações governamenais e da sociedade civil; Reflexão Você reconhece ou idenifica práicas de redução de danos em seu município ou serviço em que rabalha?
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Promover cuidados em saúde especialmene para grupos mais vulneráveis (criança, adolescene, jovens, pessoas em siuação de rua e populações indígenas);
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Prevenir o consumo e a dependência de drogas (álcool, crack e ouras drogas); Produzir e oferar informações sobre direios das pessoas, medidas de prevenção e cuidado e os serviços disponíveis na rede. Reflexão O serviço que você desenvolve paricipa ou promove algum projeo específico para grupos vulneráveis?
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Promover a reabiliação e a reinserção das pessoas com ransorno menal e com necessidades decorrenes do uso de drogas na sociedade, por meio do acesso ao rabalho, renda e moradia; Reflexão A proposa de inclusão pelo rabalho da políica nacional de saúde menal enende que as Iniciaivas de rabalho devem promover a mobilização do usuário e familiares com processos produivos que objeivem a comercialização do produo ou serviço realizado. Você enende que esse objeivo é possível? Quais passos devem ser percorrido para alcançá-lo?
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Promover mecanismos de formação permanene aos profissionais de saúde; Regular e organizar as demandas e os fluxos assisenciais da Rede de Aenção Psicossocial; Moniorar e avaliar a qualidade dos serviços por meio de indicadores de efeividade e resoluividade da aenção.
Claudio Antonio Barreiros
Organização, competências, responsabilidades e singularidades de cada ponto da Rede de Atenção Psicossocial - RAPS
Reflexão Sobre eses 2 úlimos objeivos, especificamene: há no serviço de saúde em que você rabalha insrumenos claros de organização da demanda (denro do serviço e no vínculo com ouros ponos de aenção da rede)? Como é moniorada a qualidade da aenção?
É imporane lembrar que:
A Poraria n. 3.088, de 23 de dezembro de 2011, insiui a Rede de Aenção Psicossocial para pessoas com sofrimeno ou ransorno menal e com necessidades decorrenes do uso de crack, álcool e ouras drogas no âmbio do Sisema Único de Saúde (SUS).
�.�. C���������� �� RAPS � ���� P����� �� A������ Vejamos um panorama de como a RAPS esá consiuída; quais são as áreas da saúde que a compõem - Componentes da RAPS - e os serviços de saúde vinculados a esses serviços - Pontos de Atenção, conforme descria na Poraria n. 3.088, de 23 de dezembro de 2011:
Componente da Atenção Básica em Saúde Ponos de Aenção: •
Unidade Básica de Saúde: Equipes de Aenção Básica; Equipes de Aenção Básica para Populações Específicas (equipe de consultório na rua e equipe de apoio às residências de caráer ransiório);
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Cenros de Convivência e Culura; Núcleo de Apoio à Saúde da Família- NASF.
Componente da Atenção Psicossocial Pono de Aenção: •
Cenros de Aenção Psicossocial, nas suas diferenes modalidades.
Componente da Atenção de Urgência e Emergência Ponos de Aenção: •
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Serviço de Aendimeno Móvel de Urgência (SAMU) 192; Sala de Esabilização; Unidade de Prono Aendimeno (UPA) 24h; Poras hospialares de aenção à urgência/prono socorro em Hospiais Geral.
Componente da Atenção Residencial de Caráter Transitório Ponos de Aenção: •
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Unidade de Acolhimeno; Serviço de Aenção em Regime Residencial.
Componente da Atenção Hospitalar de Referência Ponos de Aenção: •
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Leios ou enfermarias especializadas disponibilizadas em Hospial Geral para Aenção às pessoas com sofrimeno ou ransorno menal e com necessidades decorrenes do uso de crack, álcool e ouras drogas.
Claudio Antonio Barreiros
Organização, competências, responsabilidades e singularidades de cada ponto da Rede de Atenção Psicossocial - RAPS
Estratégias de Desinstitucionalização Ponos de Aenção: •
Serviços Residenciais Terapêuicos;
Estratégias de Reabilitação Psicossocial. •
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Iniciaivas de Geração de Trabalho e Renda; Empreendimenos Solidários e Cooperaivas Sociais; Proagonismo Social. Reflexão Em sua região você em noado a ampliação da RAPS com a implanação de algum dos serviços que a compõe? Quais serviços são necessários e possíveis para que se alcance uma rede de serviços diversificados para aender às necessidades da população?
Vamos ver agora, alguns dealhes imporanes acerca dos Ponos de Aenção da RAPS.
�.�. A������ B����� �� S���� Unidade Básica de Saúde
Exise um faor de subjeividade no sofrimeno provocado por qualquer doença ou problema pessoal, que é vivido de um modo muio paricular. Esá associado a como o indivíduo enende a si mesmo e seu problema diane de udo o que o cerca. Diz respeio aos valores consiuídos, aos vínculos que esabelece com sua comunidade, com seus vizinhos, com familiares, com seu rabalho, com as insiuições sociais e de saúde. ec. Isso inerfere, direamene, na escolha por aiudes prevenivas ou de vida mais saudável. A orienação de um profissional de saúde nesse conexo é fundamenal para promo-
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ver qualidade de vida. Por isso a Aenção Básica, que aua de maneira privilegiada nesse cenário, é um campo de auação indissociável da Saúde Menal e imprescindível na RAPS. A organização das ações de saúde menal na Aenção Básica deve conar com o “apoio maricial” que, em linhas gerais, é um arranjo organizacional para supore écnico e comparilhameno de inervenções em áreas especificas de saúde. Saiba Mais Para saber mais sobre mariciameno em saúde menal, ver “Guia práico de Mariciameno em Saúde Menal” Disponível em: htp://www.unisie.ms.gov. br/unisie/conrole/ShowFile.php?id=101002
Os municípios com menos de 15 mil habianes não em previsão para implanar CAPS segundo a lógica e organização proposa pelo Minisério da Saúde. Nessas circunsâncias, a Aenção Básica em poencializado seu papel primordial de orienar o usuário para a rede de cuidados disponível na região de saúde. Equipe de Saúde da Família (ESF)
A Saúde da Família é enendida como uma esraégia de reorienação do modelo assisencial, operacionalizada mediane a implanação de equipes muliprofissionais em unidades básicas de saúde. Esas equipes são responsáveis pelo acompanhameno de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimiada. As equipes auam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabiliação de doenças e agravos mais frequenes, e na manuenção da saúde desa comunidade. O rabalho de equipes da Saúde da Família é o elemeno-chave para a busca permanene de comunicação e roca de experiências e conheci-
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menos enre os inegranes da equipe e desses com o saber popular do Agene Comuniário de Saúde. As equipes são composas, no mínimo, por um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e seis agenes comuniários de saúde. Quando ampliada, cona ainda com: um denisa, um auxiliar de consulório denário e um écnico em higiene denal. Cada equipe se responsabiliza pelo acompanhameno de, no máximo, 4 mil habianes, sendo a média recomendada de 3 mil habianes de uma deerminada área, e esas passam a er co-responsabilidade no cuidado à saúde. A auação das equipes ocorre, principalmene, nas unidades básicas de saúde, nas residências e na mobilização da comunidade, caracerizando-se, ambém, como pora de enrada de um sisema de saúde, Marco legal: Poraria n. 2.488/GM/MS, de 21 de ouubro de 2011. Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e Equipes de Saúde da Família
Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) foram criados com o objeivo de ampliar a resoluividade, abrangência e o campo das ações da Aenção Básica. Os NASF são consiuídos por equipes composas por profissionais de diferenes áreas de conhecimeno, que devem auar de maneira inegrada e apoiando os profissionais das equipes de Saúde da Família, das equipes de Aenção Básica para populações específicas (consulórios na rua, equipes ribeirinhas e fluviais ec.) e Academia da Saúde, comparilhando as práicas e saberes em saúde nos erriórios, auando direamene no apoio maricial às equipes. Os NASF não se consiuem como serviços com unidades físicas independenes. Devem, a parir das demandas idenificadas no rabalho com as equipes, auar de forma inegrada à Rede de Aenção à Saúde e seus serviços (exemplos: CAPS, CEREST, ambulaórios especializados, e ouros) além de ouras redes como SUAS, redes sociais e comuniárias.
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A responsabilização comparilhada enre a equipe do NASF e as equipes de Saúde da Família é conribuir para a inegralidade do cuidado aos usuários do SUS, auxiliando no aumeno da capacidade de análise e de inervenção aos problemas e necessidades de saúde, ano em ermos clínicos quano saniários. São exemplos de ações de apoio desenvolvidas pelos profissionais dos NASF: discussão de casos, aendimeno conjuno ou não, inerconsula, consrução conjuna de projeos erapêuicos, educação permanene, inervenções no erriório e na saúde de grupos populacionais e da coleividade, ações inerseoriais, ações de prevenção e promoção da Saúde e discussão do processo de rabalho das equipes. As aividades podem ser desenvolvidas nas unidades básicas de Saúde ou em ouros Ponos de Aenção do erriório. Conforme previso no Ar. 6º da Poraria n. 3.088/2011, compee am bém às equipes, apoiar os serviços Residenciais de Caráer Transiório, que será raado mais a frene, oferendo supore clínico a esses ponos de aenção, coordenando o cuidado e presando serviços de aenção à saúde de forma longiudinal e ariculada com os ouros ponos de aenção da rede Marco legal: Poraria n. 256, de 11 de março de 2013; Poraria n. 2.488/ GM de 21 de ouubro de 2011; Poraria n. 3.124/GM de 28 de dezembro de 2012; Reflexão Muias vezes, não se esabelece uma relação imediaa enre as práicas já realizadas pelas equipes da aenção básica e a saúde menal. Como você percebe a rede de aenção básica em sua região? É possível perceber ações voladas ao campo da saúde menal? O que mais pode ser feio?
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Equipes de Consultório na Rua – Equipes de Atenção Básica para Populações Específicas (eCR)
O Consulório na Rua - eCR é um serviço iinerane com profissionais de saúde que realizam aendimeno básico in loco às pessoas em siuação de rua, incluindo crianças e adolescenes. Também fazem Idenificação de riscos e avaliação das condições clínicas das pessoas e encaminham para ouras unidades de saúde dependendo da necessidade (Unidade Básica de Saúde, Enfermaria Especializada de Álcool e Drogas, CAPS, Unidade de Acolhimeno Terapêuico). Os Consulórios na Rua podem ser consiuídos em 3 modalidades que são deerminadas pelo número de profissionais e suas qualificações. A equipe poderá ser composa por enfermeiro; psicólogo; assisene social; erapeua ocupacional; médico; agene social; écnico ou auxiliar de enfermagem; écnico em saúde bucal. Cada profissional deve buscar aricular a sua práica às demais especialidades da e equipe auando sob a lógica da inerdisciplinaridade. Os criérios para implanação do CnR é: um eCR a cada 80 a 1000 pessoas em siuação de rua por município. Marco legal: Poraria n. 122, de 25 de janeiro de 2011; Poraria n. 123, de 25 de janeiro de 2011. Centro de Convivência e Cultura
Ese pono de aenção é um serviço esraégico para a inclusão social das pessoas em sofrimeno psíquico. A ideia dos Cenros de Convivência é que sirvam como espaço alernaivo de convívio de modo à esimular a consrução de laços sociais ariculando e desenvolvendo ações culurais e comerciais na região ou comunidade. Sua regulamenação esá em elaboração juno às Áreas Técnicas de Saúde Menal e Aenção Básica do Minisério da Saúde, já que a Poraria n. 396, de 07 de julho de 2005, que dispunha sobre os Cenros de Convivência não esá mais em vigor. Módulo Atenção Psicossocial e Cuidado
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�.�. A������ P����������� Os Cenros de Aenção Psicossocial (CAPS), são ponos de aenção esraégicos para a organização da rede de aenção em saúde menal porque é referencial na ariculação da aenção psicossocial. São serviços de saúde erriorializados, aberos, comuniários que oferecem aendimeno diário ao sujeio considerando sua singularidade, sua hisória, sua culura e sua vida coidiana. Esse aendimeno pode se dar por meio de acompanhameno clínico, e desenvolvendo ações que promovam inclusão social e auonomia de seus usuários. Conforme a Poraria n. 336 de 19 de fevereiro de 2002, é função dos CAPS: •
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presar aendimeno clínico em regime de aenção diária, eviando a inernação hospialar; acolher e aender as pessoas com ransornos menais graves e persisenes, procurando preservar e foralecer os laços sociais do usuário em seu erriório; promover a inserção social das pessoas com ransornos menais por meio de ações inerseoriais; regular a pora de enrada da rede de assisência em saúde menal na sua área de auação; dar supore a aenção à saúde menal na rede básica; organizar a rede de aenção às pessoas com ransornos menais nos municípios; aricular esraegicamene a rede e a políica de saúde menal num deerminado erriório; promover a reinserção social do indivíduo aravés do acesso ao rabalho, lazer, exercício dos direios civis e foralecimeno dos laços familiares e comuniários.
Claudio Antonio Barreiros
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Noe que a Poraria n. 336/GM de 2002, aribui ao CAPS a responsabilidade de organizar a rede de cuidado em saúde menal e desempenhar o papel regulador da pora de enrada da rede assisencial no erriório. Essa orienação não deve ser visa como confliane com ouras porarias que preveem práicas similares. Por exemplo; a Poraria n. 2.488, de 21 de ouubro de 2011, que aprova a Políica Nacional de Aenção Básica raz no anexo I, como uma das funções na rede de aenção à saúde, o seguine: “Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e gerir projeos erapêuicos singulares, bem como acompanhar e organizar o fluxo dos usuários enre os ponos de aenção (...)”. Tais siuações de similaridade de papéis devem ser enendidas como práicas “co-ordenadas” produzindo ações “horizonais, conínua e inegrada com o objeivo de produzir a gesão comparilhada da aenção inegral.
A relação ou inegração horizonal é referida na Poraria n. 4.279, de 30 de dezembro de 2010 como aquela que consise na ariculação ou fusão de unidades e serviços de saúde de mesma naureza ou especialidade. Desse mesmo modo, o CAPS não se caraceriza como pora de enrada exclusiva para a RAPS. O acesso à rede de serviços pode se dar por via da aenção de urgência e emergência ou ambém pela Aenção Básica.
Os CAPS podem ser classificados por seis ipos diferenes, definidos pelo perfil do usuário (adulos, crianças/adolescenes e usuários de álcool e drogas) a depender do coningene populacional a ser cobero (pequeno, médio e grande pore) e do período de funcionameno (diurno ou 24h).
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2.6.1. CAPS I Aende pessoas com sofrimeno ou ransornos menais graves e persisenes e ambém com necessidades decorrenes do uso de crack, álcool e ouras drogas de odas as faixas eárias. Após a republicação da Poraria n. 3.088 esá indicado para municípios com população acima de 15.000 habianes.
2.6.2. CAPS II Aende pessoas com sofrimeno ou ransornos menais graves e persisenes, podendo ambém aender pessoas com necessidades decorrenes do uso de crack, álcool e ouras drogas, conforme a organização da rede de saúde local; indicado para municípios com população acima de 70.000 habianes.
2.6.3. CAPS III Aende pessoas com sofrimeno ou ransornos menais graves e persisenes. Proporciona serviços de aenção conínua, com funcionameno 24 horas, incluindo feriados e finais de semana, oferando reaguarda clínica e acolhimeno nourno a ouros serviços de saúde menal, inclusive CAPS Ad. Após a republicação da Poraria n. 3.088 esá indicado para municípios ou regiões com população acima de 150.000 habianes.
2.6.4. CAPS AD Aende adulos ou crianças e adolescenes com necessidades decorrenes do uso de crack, álcool e ouras drogas. É um serviço de saúde menal abero e de caráer comuniário indicado para municípios ou regiões com população acima de 70.000 habianes. No que se refere ao aendimeno de crianças e adolescenes, a Poraria n. 3.088 chama a aenção para que os procedimenos do CAPS AD sejam orienados pelo Esauo da Criança e do Adolescene.
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2.6.5. CAPS AD III Aende adulos ou crianças e adolescenes, considerando as normaivas do Esauo da Criança e do Adolescene, com necessidades de cuidados clínicos conínuos. Serviço com no máximo 12 leios para observação e moniorameno, de funcionameno 24 horas, incluindo feriados e finais de semana; Após a republicação da Poraria n. 3.088 esá indicado para municípios ou regiões com população acima de 150.000 habianes.
2.6.6. CAPS i Aende crianças e adolescenes em sofrimeno e ransornos menais graves e persisenes e os que fazem uso de crack, álcool e ouras drogas. Serviço abero e de caráer comuniário que, após a republicação da Poraria n. 3.088 esá indicado para municípios ou regiões com população acima de 70.000 habianes. Todos os ipos de CAPS são composos por equipes muliprofissionais, conando obrigaoriamene com médico, enfermeiro, psicólogo e assisene social, aos quais se somam ouros profissionais do campo da saúde. A esruura física dos CAPS deve ser compaível com o acolhimeno, desenvolvimeno de aividades coleivas e individuais, realização de oficinas de reabiliação e ouras aividades necessárias a cada caso em paricular. Observa-se que, a exemplo do que ocorre com a maioria dos ponos de aenção, o índice populacional é um dos principais criérios para implanação dos CAPS e de planejameno da RAPS. No enano, ese criério deve ser compreendido como um noreador para o planejameno das ações de saúde do município em ariculação com ouros municípios circunvizinhos. O gesor local, em conjuno com as ouras insâncias de gesão do SUS, definem a configuração da RAPS, conforme as demandas de saúde menal locais, associando às possibilidades e necessidades de aenção apresenadas respeiando as 5 fases de
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implanação e operacionalização da RAPS, conforme previso no Ar. 14 da Poraria n. 3.088. Marco legal: Poraria n. 3.088, de 23 de dezembro de 2011 (republicação D.O.U. de 21 de maio de 2013, seção 1; págs. 37,38,39); Poraria n. 3.089, de 23 de dezembro de 2011; Poraria n. 3.099, de 23 de dezembro de 2011; Poraria n. 130, de 26 de janeiro de 2012; Poraria n. 245, de 17 de fevereiro de 2005; Poraria n. 336 de 27 de junho de 2005 Reflexão Como os CAPS podem auar, a parir da lógica do mariciameno, esabelecendo inerfaces com a aenção básica em sua região? Como você percebe essas relações no seu coidiano de rabalho?
�.�. A������ �� U������� � E��������� Os ponos de aenção da Rede de Aenção às Urgências – SAMU 192, Sala de Esabilização, UPA 24 horas, as poras hospialares de aenção à urgência/prono socorro, Unidades Básicas de Saúde, enre ouros, são responsáveis, em seu âmbio de auação, pelo acolhimeno, classificação de risco e cuidado nas situações de urgência e emergência das pessoas com sofrimeno ou ransorno menal e com necessidades decorrenes do uso de crack, álcool e ouras drogas.
�.�. S������ H��������� �� R��������� O serviço hospialar de referência define-se por enfermaria especializada, com equipe muliprofissional qualificada, em Hospital Geral. Ou seja, hospiais que aendem a múliplas especialidades podem oferecer reaguarda para os usuários com Transornos Menais e com necessidades decorrenes do uso de álcool, crack e ouras drogas, com inernações de cura duração, aé a esabilidade clínica do usuário, Considera-se a permanência de 5,5 dias (cinco dias e meio), como em64
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po médio de inernação, conforme expliciado na Poraria n. 148, de 31 de janeiro de 2012, Ar. 14, parag. 1; inciso II. Enfaiza-se que, al qual ocorre com os demais ponos de aenção, ese pono não se consiui como um serviço isolado, mas com funcionameno em rede, ariculado com os ouros ponos de aenção. Ese pono de aenção compreende o aendimeno à crianças e adolescenes, podendo prever a desinação de leios específicos para esse fim. Marco legal: Poraria n. 1.615, de 26 de julho de 2012; Poraria n. 148, de 31 de janeiro de 2012; Poraria n. 349, de 29 de fevereiro de 2012; Poraria n. 1.101/gm/ms, de 12 de junho de 2002.
�.�. S������ H��������� �� R��������� A aenção residencial é oferecida pela Unidade de Acolhimeno (UA) para pessoas com necessidades decorrenes do uso de Crack, Álcool e Ouras Drogas. É um serviço residencial por empo deerminado (aé 6 meses). Esse pono de aenção é um serviço novo, insiuído pela Poraria n. 121, de 25 de janeiro de 2012. Oura iniciaiva semelhane, a Casa de Acolhimeno Transiório – CAT, anecedeu a poraria das UA. Porém, com pouquíssimas iniciaivas implanadas. A UA em funcionameno em período inegral, 24 (vine e quaro) horas, 7 (see) dias da semana. Oferece acompanhameno erapêuico e proeivo, garanindo o direio de moradia, educação e convivência familiar/social para pessoas em siuação de vulnerabilidade social e familiar. As unidades podem funcionar em duas modalidades: Unidade de Adulos ou Unidade Infano-Juvenil. Os usuários desse pono de aenção são encaminhados pela equipe do Cenros de Aenção Psicossocial (CAPS) de referência. Além do CAPS, as UA devem funcionar ariculadas com serviços de cuidado em siuações de urgência.
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O criério populacional para implanar o serviço e o número de leios são diferenes para Unidade de Adulos e para Unidade infano-juvenil: •
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Unidade para Adulos: devem possuir enre 10 a 15 vagas e podem ser implanadas em municípios ou regiões com população igual ou superior a 200 mil habianes; e Unidades infano-Juvenis: devem possuir aé 10 vagas e podem ser implanadas em municípios a parir de 100 mil habianes. Ouro criério previso na Poraria n. 121 é o número crianças e adolescenes em risco para uso de drogas. Poderá ser implanada 1 Unidade de Acolhimeno em Município ou região com crianças e adolescenes em risco para uso de drogas. Quando se verifica que 6% dos habianes enre 10 a 19 anos esá enre 2.500 (dois mil e quinhenos) a 5.000 (cinco mil) pessoas, o município ambém poderá pleiear recursos ao Minisério da Saúde para implanar uma UA Infano-Juvenil. Link É imporane que você saiba que 6% dos habianes enre 10 a 19 anos correspondem ao percenual de esudanes que fizeram uso de qualquer droga no úlimo mês de colea de dados do Cenro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicorópicas - CEBRID. Disponível em: htp://www.cebrid.epm.br/index.php. Você saberia informar qual é a população de crianças e adolescenes em risco para uso de drogas segundo os parâmeros aqui mencionados? Você poderá buscar ouros dealhes dessa equação a parir do anexo I da Poraria n. 121 de 2012. Disponível em: htp://bi.ly/1ndrbmD.
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A composição da aenção residencial ransiória na RAPS prevê am bém a paricipação de Comunidades Terapêuicas – serviços de cunho social ligados às ONG ou Enidades Filanrópicas. Nesses casos, a enidade deve auar em acordo com os princípios do SUS e da políica de Saúde Menal para gerenciar ou inegrar seu serviço à RAPS. Porém funciona, invariavelmene sob gesão da saúde pública municipal. Os criérios a serem cumpridos para uma Comunidade Terapêuica inegrar a RAPS esão na Poraria 131 de 26 de janeiro de 2012. Enre esses criérios, esão: •
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O município em que er pelo menos 1 (um) Cenro de Aenção Psicossocial (CAPS), preferencialmene Cenro de Aenção Psicossocial de Álcool e Ouras Drogas III (CAPS AD III); Deve er pelo menos 1 (uma) Unidade de Acolhimeno Adulo em funcionameno; Deve dispor de serviço hospialar de referência para pessoas com sofrimeno ou ransorno menal e com necessidades decorrenes do uso de álcool, crack e ouras drogas e reaguarda de aendimeno de urgência (SAMU e Prono-Socorro ou Pronoaendimeno ou Unidade de Prono Aendimeno).
É imporane frisar que o usuário é livre para inerromper a qualquer momeno a sua permanência no serviço de aenção em regime residencial.
Marco Legal: Poraria n. 121, de 25 de janeiro de 2012; Poraria n. 131, de 26 de janeiro de 2012; Poraria n. 855, de 22 de agoso de 2012
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�.��. E���������� �� ���������������������� São projeos que visam garanir o cuidado inegral às pessoas com ransorno menal e com hisórico de inernação por longo empo. Tem como perspeciva a garania de direios vinculados à promoção de auonomia e o exercício de cidadania, buscando progressiva inclusão social. São porano, esraégias subsiuivas ao modelo manicomial. Regiões de saúde que ainda disponham de hospial psiquiárico devem consruir projeo de desinsiucionalização de forma ariculada com o plano de expansão e qualificação dos ponos de aenção da Rede de Aenção Psicossocial. Para isso, é imporane que os gesores realizem censo dos moradores em hospiais psiquiáricos para consrução do projeo de desinsiucionalização.
2.10.1. Programa de Volta para Casa (PVC) O Programa de Vola para Casa (PVC) não é um Pono de Aenção e sim uma políica pública de reabiliação e inclusão social, que visa conri buir para foralecer o processo de desinsiucionalização. Insiuído pela Lei 10.708/2003, prevê auxílio financeiro de caráer indenizaório para pessoas com ransorno menal egressas de inernação de longa permanência. Toda pessoa com mais de 2 anos ininerrupos de inernação em Hospial Psiquiárico em direio ao PVC. O valor aual da ajuda de cuso oferecida pelo PVC é de R$ 412,00 (quarocenos e doze reais) mês, conforme deermina a Poraria n. 1.511, de 24 de julho de 2013.
2.10.2. Serviço Residencial Terapêutico (SRT) Os Serviços Residenciais Terapêuicos – SRT configuram-se como disposiivos esraégicos no processo de desinsiucionalização de pessoas com hisórico de inernação de longa permanência (dois anos ou mais ininerrupos), egressas de hospiais psiquiáricos e hospiais de cusódia, de acordo com as direrizes descrias na Poraria 106/GM/ MS, de 11 de fevereiro de 2000 (alerada pela Poraria 2090/GM/MS,
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de 23 de dezembro de 2011). Caracerizam-se como moradias, inseridas na comunidade e desinadas à reabiliação psicossocial/cuidado de pessoas com ransorno menal que não possuam supore social e laços familiares. Os SRT podem ser consiuídos nas modalidades Tipo I e Tipo II, definidos pelas necessidades específicas de cuidado do morador. SRT Tipo I
Moradias desinadas a pessoas com ransorno menal em processo de desinsiucionalização, devendo acolher no máximo oio moradores. A composição da equipe é mais simples nessa modalidade, podendo conar com um cuidador de referência em empo inegral. SRT Tipo II
Modalidades de moradia desinadas às pessoas com ransorno menal e acenuado nível de dependência, especialmene em função do seu compromeimeno físico, que necessiam de cuidados permanenes específicos, devendo acolher no máximo dez moradores. Além do cuidador de referência, a Poraria n. 3.090, de 23 de dezembro de 2011, define que cada módulo de SRT do ipo II deverá conar com cuidadores de referência e um profissional écnico de enfermagem. Para cada grupo de 10 (dez) moradores, oriena-se que o SRT seja composa por 5 (cinco) cuidadores em regime de escala, e 1 (um) profissional écnico de enfermagem diário. As equipes devem rabalhar em consonância com a equipe écnica do CAPS de referência. Os Municípios deverão compor grupos de no mínimo quaro moradores em cada ipo de SRT para er acesso aos recursos do Minisério da Saúde. Marco legal: Poraria n. 3.090, de 23 de dezembro de 2011; Lei n. 10.708, de 31 de julho de 2003; Poraria n. 1.954/GM, de 18 de seembro de 2008; Poraria 106/GM/MS, de 11 de fevereiro de 2000. Módulo Atenção Psicossocial e Cuidado
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Reflexão Você conhece alguma experiência desse ipo? Quais as dificuldades práicas de implanar projeos de desinsiucionalização? Quais poencialidades sua região apresena para a implanação dese ipo de projeos?
�.��. R����������� P����������� Ações de reabiliação psicossocial favorecem a criação e o desenvolvimeno de iniciaivas ariculadas com os recursos do erriório nos campos do rabalho, habiação, educação, culura, direios humanos, visando à produção de novas possibilidades para projeos de vida e de cidadania. A cidadania aqui referida é doada, principalmene, de senido políico. Pressupõe auonomia, paricipação e equidade, (OLI VEIRA; ALESSI, 2005). As esraégias de reabiliação psicossocial assumem o complexo compromisso social de ransformar as relações de poder enre as pessoas e as insiuições, agenciando diversos aores para consrução de saberes, práicas e culuras. Nas palavras de Roelli (1990), essas esraégias visam a “produção de novos lugares sociais e a complexificação das linguagens, das relações e das possibilidades”. As esraégias de reabiliação Psicossocial induzidas pela Área Técnica de Saúde Menal/MS não se configuram, necessariamene, em ponos de aenção no senido de espaço físico. São, anes, esraégias que podem esar vinculados a ponos de aenção ou se consiuírem em espaços físicos específicos. Duas esraégias são represenaivas denro da Políica Nacional de Saúde Menal. Vejamos cada uma delas mais dealhadamene a seguir.
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2.11.1. Geração de Trabalho e Renda, Empreendimentos Solidários e Cooperativas Sociais Geração de Trabalho e Renda, Empreendimenos Solidários e Cooperaivas Sociais: Esraégia que visa o foralecimeno e expansão de iniciaivas de geração de rabalho e renda e do cooperaivismo social, na perspeciva de proporcionar auonomia social e econômica por meio da Economia Solidária. A Economia Solidária é uma esraégia de organização do rabalho que se ornou uma das políicas do Governo Federal para inclusão social e geração de rabalho e renda. Foi vinculada à políica de saúde menal como proposas de reabiliação psicossocial, desde 2004. Tem base associaivisa e cooperaivisa e é volada para a produção, consumo e comercialização de bens e serviços auogesionados. A forma de empreendimeno auogesionário prevê que o próprio rabalhador faça a gesão do seu rabalho, sendo o dono de seu negócio numa práica coleiva que é própria do cooperaivismo. As ações previsas nesa esraégia são: incenivos financeiros periódicos, que podem variar de R$ 15 a R$ 50 mil reais, para fomenar e maner as iniciaivas de rabalho conduzidas por usuários dos serviços de saúde menal e seus familiares; qualificação écnica e produiva das Iniciaivas de geração de rabalho e renda/empreendimenos solidários/cooperaivas sociais.
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Reflexão Por que inegrar esraégias cooperaivisas e da Economia Solidária à políica de reabiliação psicossocial em saúde menal? Os documenos sugeridos acima podem ajudá-lo nessa reflexão. Pense ambém, e discua com seus pares – colegas, usuários e comunidade, quais proposas podem ser apresenadas para pleiear os recursos ponualmene disponibilizados pelo Minisério da Saúde.
2.11.2. Incentivo ao Protagonismo de Usuários da RAPS O Incenivo ao Proagonismo dos Usuários raa-se de uma modalidade experimenal de incenivo disponibilizado pela Área Técnica de Saúde Menal do Minisério objeivando foralecer associações de usuários, familiares e rabalhadores da saúde menal disponibilizando recursos financeiros por meio de “chamadas públicas”. Os valores disponibilizados podem variar de R$ 15 a R$ 50 mil reais. Esa ação não se caraceriza como um pono de aenção mas pode mesmo, culminar na criação ou foralecimeno de uma associação de usuário e familiares. Embora esa esraégia não eseja previsa na Poraria 3.088 e ocorra, aé o momeno, apenas por “chamadas públicas, é, uma imporane ação para mobilização, ariculação e paricipação de usuários e familiares da RAPS. Marco legal em Reabiliação Social: Poraria n. 132, de 26 de janeiro de 2012; Poraria n. 3.088, de 23 de dezembro de 2011.
�.��. R����� �� ������� Nesa Unidade foram rabalhados os conceios de Rede Esruurada (da perspeciva das normaivas publicadas e Políicas Públicas em curso), e Redes Rizomáicas (as não esruuradas, formadas pela aividade dos rabalhadores e usuários no seu coidiano); de Terriório Social e Terriório Exisencial, sendo que os dois se ariculam com base no rabalho e enconros de cada um denro dos serviços, e no meio social. Como as diversas redes emáicas precisam se aricular nos erriórios, enre si e 72
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com a Aenção Básica, discuiu-se, aravés de casos e siuações do dia a dia, as foralezas e fragilidades do coidiano do rabalho em rede. Apresenando esraégias, arranjos e disposiivos que apoiem ese rabalho, como o mariciameno e o esabelecimeno de espaços coleivos permanenes e sisemáicos de consiuição e consolidação da rede. Nesa discussão, procurou-se ampliar a compreensão de erriório. Também, esperamos er sido apresenada a própria RAPS, do pono de visa das normaivas e Políicas Públicas, assim como, er sido compreendido o papel e responsabilidades de cada Pono de Aenção desa rede, incluindo o processo de rabalho, que é a produção do cuidado nese lugar. Finalmene, enendemos que é fundamenal que possamos rabalhar a imporância e poência da ariculação inerseorial na consrução do cuidado inegral da clienela, buscando consolidar a ação em rede e a anecipação das equipes no enfrenameno de siuações de conflio e deficiências no rabalho, que surgem pela fragilidade da ariculação.
�.��. L������� �������������� BRASIL. Minisério da Saúde. Decreto nº 7.508/2011, de 28 de junho de 2011. Regulamena a Lei no 8.080, de 19 de seembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sisema Único de Saúde - SUS, o planejameno da saúde, a assisência à saúde e a ariculação inerfederaiva, e dá ouras providências. Brasília, junho de 2011. BRASIL. Minisério da Saúde. Portaria nº 1.600, de 07 de julho de 2011. Reformula a Políica Nacional de Aenção às Urgências e insiui a Rede de Aenção às Urgências no Sisema Único de Saúde (SUS).
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E����������� �� ������ Você pôde observar que o cuidado na aenção psicossocial se dá sempre em redes, ou seja, espera-se que exisa uma permanene conexão enre os rabalhadores, no seu processo de rabalho, que de forma mais normaiva ou “informal” buscam se comunicar e rabalhar juno com ouros profissionais. Iso aconece porque há sempre a necessidade de vários saberes e práicas se somarem para conseguirem produzir o cuidado. Percebemos que os rabalhadores na saúde menal são grandes operadores de rede, iso é, cada rabalhador é colaborador do coidiano e práica profissional do ouro, produzindo cooperaivamene o cuidado. Fica muio claro que as redes não se configuram apenas pela disposição de vários equipamenos direcionados ao cuidado em saúde menal, mas ela realmene exise quando há fluxos enre as equipes que rabalham nesas Unidades e mesmo em conexão com a comunidade, porque apenas assim o usuário consegue ransiar na rede e er acesso aos recursos necessários para o seu problema de saúde. O objeivo fundamenal dese módulo é idenificar os diversos ponos de cuidado da Rede de Aenção Psicossocial, porano esperamos que você já saiba quais são e a missão de cada um deles, ou seja, que serviços oferece, seu propósio e que recursos dispõe para o cuidado em saúde menal. Especificamene preende-se que após ese módulo cada aluno seja capaz de esabelecer esraégias de conexão do seu processo de rabalho com o de ouras equipes e enidades da comunidade, sendo porano o formador e operador de redes que vão faciliar o cuidado à saúde dos usuários na sua região. É imporane saber que esas redes podem ser pacuadas enre os diversos rabalhadores e serviços que compõem a rede de saúde, assim como deses com enidades comuniárias. Porano a habilidade de conversar e conviver com os ouros é muio imporane para o funcionameno da Rede.
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Enendemos que, embora imporane, o aprendizado sobre a Aenção Psicossocial e o Cuidado em Saúde Menal não se encerra com o curso. Ao longo do rabalho odos nós esamos ambém aprendendo, ou seja, não separamos rabalho e aprendizado, na saúde esas duas quesões andam junas, mesmo que isso não eseja formalmene concebido. Assim, procure sempre enender as quesões do seu rabalho no coidiano, busque pesquisar e discuir com os colegas de rabalho siuações novas, raga casos para discussão na equipe. Essas aividades vão levar a novos aprendizados e aprimorameno das práicas, e a isso chamamos de “educação permanene”. Todos nós quando ra balhamos podemos exercer a nossa própria educação desde que coloquemos em análise aquilo que esamos fazendo e sobreudo o que nos desafia no dia-a-dia. Faça iso e verás o quando esa aividade pode ser enriquecedora para você e seus colegas de rabalho. Nese momeno nos despedimos desejando o máximo aproveiameno dese coneúdo. E lembre-se, sempre que for necessário vole aos exos e relembre as discussões, iso vai consolidando o conhecimeno e vinculando-o à sua práica coidiana. Bons esudos! Walter Ferreira de Oliveira Henrique Carneiro
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R���������� BASAGLIA, F. As insiuições da violência. In: BASAGLIA, F. (org.). A instituição negada. Trad. Heloísa Jahn. Rio de Janeiro: Graal, 1985. p. 99-133. BRASIL. CASA CIVIL. Subchefia para Assunos Jurídicos. Lei 10.708/2003, De 31 De Julho De 2003 . Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2014. ______. Minisério da Saúde. Gabinee do Minisro. Portaria n. 3.090, De 23 de dezembro de 2011. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2014. _______. Portaria n. 122, De 25 de janeiro de 2011 . Define as direrizes de organização e funcionameno das Equipes de Consulório na Rua. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2014. _______. Portaria n. 121, De 25 de janeiro de 2012 . Insiui a Unidade de Acolhimeno para pessoas com necessidades decorrenes do uso de Crack, Álcool e Ouras Drogas (Unidade de Acolhimeno), no componene de aenção residencial de caráer ransiório da Rede de Aenção Psicossocial. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2014. _______. Portaria n. 123, De 25 de janeiro de 2012 . Define os criérios de cálculo do número máximo de equipes de Consulório na Rua (eCR) por Município. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2014. _______. Portaria n. 130, De 26 de janeiro de 2012 . Redefine o Cenro de Aenção Psicossocial de Álcool e ouras Drogas 24 h (CAPS AD III) 76
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e os respecivos incenivos financeiros. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2014. _______. Portaria n. 131, De 26 de janeiro de 2012 . Insiui incenivo financeiro de cuseio desinado aos Esados, Municípios e ao Disrio Federal para apoio ao cuseio de Serviços de Aenção em Regime Residencial, incluídas as Comunidades Terapêuicas, volados para pessoas com necessidades decorrenes do uso de álcool, crack e ouras drogas, no âmbio da Rede de Aenção Psicossocial. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2014. _______. Portaria n. 132, De 26 de janeiro de 2012 . Insiui incenivo financeiro de cuseio para desenvolvimeno do componene Reabiliação Psicossocial da Rede de Aenção Psicossocial do Sisema Único de Saúde (SUS). Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2014. _______. Portaria n. 148, De 31 de janeiro de 2012 . Define as normas de funcionameno e habiliação do Serviço Hospialar de Referência para aenção a pessoas com sofrimeno ou ransorno menal e com necessidades de saúde decorrenes do uso de álcool, crack e ouras drogas, do Componene Hospialar da Rede de Aenção Psicossocial, e insiui incenivos financeiros de invesimeno e de cuseio. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2014. _______. Portaria n. 245, De 17 de fevereiro de 2005 . Desina incenivo financeiro para implanação de Cenros de Aenção Psicossocial e dá ouras providências. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2014.
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_______. Portaria n. 256, De 11 de março de 2013 . Esabelece novas regras para o cadasrameno das equipes que farão pare dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) Sisema de Cadasro Nacional de Esabelecimenos de Saúde (SCNES). Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2014. _______. Portaria n. 349, De 29 de fevereiro de 2012 . Alera e acresce disposiivo à Poraria n° 148/GM/MS, de 31 de janeiro de 2012, que define as normas de funcionameno e habiliação do Serviço Hospialar de Referência para aenção a pessoas com sofrimeno ou ransorno menal e com necessidades decorrenes do uso de crack, álcool e ouras drogas, do Componene Hospialar da Rede de Aenção Psicossocial e insiui incenivos financeiros de invesimeno e de cuseio. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2014. _______. Portaria n. 1.615, De 26 de julho de 2012 . Alera o iem II do arigo 9º e os arigos 12º e 13º da Poraria nº 148/GM/MS, de 31 de janeiro de 2012, que define as normas de funcionameno e habiliação do Serviço Hospialar de Referência para aenção a pessoas com sofrimeno ou ransorno menal e com necessidades decorrenes do uso de crack, álcool e ouras drogas, do Componene Hospialar da Rede de Aenção Psicossocial e insiui incenivos financeiros de invesimeno e de cuseio. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2014. _______. Portaria n. 2.488, De 21 de outubro de 2011 . Aprova a Políica Nacional de Aenção Básica, esabelecendo a revisão de direrizes e normas para a organização da Aenção Básica, para a Esraégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agenes Comuniários de Saúde (PACS). Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2014.
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_______. Portaria/gm n. 3.088, De 23 de dezembro de 2011 . Insiui a Rede de Aenção Psicossocial para pessoas com sofrimeno ou ransorno menal e com necessidades decorrenes do uso de crack, álcool e ouras drogas, no âmbio do Sisema Único de Saúde. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2014. _______. Portaria/gm n. 3.089, De 23 de dezembro de 2011. Esabelece novo ipo de financiameno dos Cenros de Aenção Psicossocial (CAPS). Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2014. _______. Portaria n. 3.090, De 23 de dezembro de 2011 . Esabelece que os Serviços Residenciais Terapêuicos (SRTs), sejam definidos em ipo I e II, desina recurso financeiro para incenivo e cuseio dos SRTs, e dá ouras providências. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2014. _______. Portaria n. 3.099, De 23 de dezembro de 2011 . Esabelece, no âmbio da Rede de Aenção Psicossocial, recursos a serem incorporados ao Teo Financeiro Anual da Assisência Ambulaorial e Hospialar de Média e Ala Complexidade dos Esados, Disrio Federal e Municípios referenes ao novo ipo de financiameno dos Cenros de Aenção Psicossocial (CAPS). Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2014. _______. Portaria n. 3.124 De 28 de dezembro de 2012 . Redefine os parâmeros de vinculação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) Modalidades 1 e 2 às Equipes Saúde da Família e/ou Equipes de Aenção Básica para populações específicas, cria a Modalidade NASF 3, e dá ouras providências. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2014.
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M������������ Túlio Batista Franco (Organizador) (Organizador) Professor Adjuno da Universidade Federal Fluminense. Orienador de Mesrado e Douorado: Programas de Pós-Graduação em Saúde Coleiva (MA), Bioéica, Éica Aplicada e Saúde Coleiva (MA/D), (MA/D), Colaborador do PPG em Clínica Médica da Universidade Universidade Federal do Rio de Janeiro, na linha Micropolíica do Trabalho e o Cuidado em Saúde; Líder do Grupo de Pesquisa “Laboraório de Esudos do Trabalho e Subjeividade em Saúde” LETRASS/CNPq. Filiado à Associaion Laine pour l’Analyse l’Analyse des Sysèmes de Sané (ALASS), Barcelona, Espanha. Filiado à Rede Ibero-Americana de Pesquisa Qualiaiva. É Graduado em Psicologia pela Ponifícia Universidade Caólica de Minas Gerais (1985), mesre em Saúde Coleiva pela Universidade de Campinas (1999) e douor em Saúde Coleiva pela UNICAMP (2003). Temáica: Sisema Único de Saúde, Saúde Suplemenar, Planejameno, Produção do Cuidado, Tecnologias em Saúde, Processos de Trabalho, Trabalho, Acolhimeno, Micropolíica Micropolíica e Subjeividade. Subjeividade. Endereço do currículo na plaaforma lates: htp://lates. /lates.cnpq.br/4910962111735 cnpq.br/4910962111735003 003
Magda do Canto Zurba (Organizadora) (Organizadora) Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Sana Caarina (1994), mesrado em Psicologia do Desenvolvimeno pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1997) e douorado em Educação pela Universidade Federal de Sana Caarina (2003). Professora do Deparameno de Psicologia da Universidade Federal de Sana Caarina e Coordenadora do Curso de Graduação em Psicologia (05/2011(05/2011- 05/2013). Tem Tem experiência na área de Episemologia, Hisó-
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ria da Psicologia, Abordagem Gesálica, Psicologia Clínica, Psicopaologia, Saúde Coleiva e Educação Comuniária. Realiza aendimenos clínicos individuais, familiares e de grupos no conexo da saúde coleiva, na perspeciva da reforma psiquiárica. Aua amplamene no campo da saúde menal, apoiando familiares e pacienes aendidos na aenção primária (Posos de Saúde), na média complexidade (CAPs) e em psicologia hospialar. Orienadora em Pós-Graduação juno ao Mesrado Profissional em Saúde Menal e Aenção Psicossocial da UFSC/CCS. Realiza Pós-Douorado em Psicologia Social pela PUC-SP desde 01/08/2013, 01/08/2013, juno ao Laboraório de Hisória da Psicologia, sob a orienação da professora Dra. Maria do Carmo Guedes. Endereço do currículo na plaaforma lates: htp://lates. /lates.cnpq.br/63891206 cnpq.br/638912064089298 408929811
Fernando Kinker (Autor Unidade 1) Possui graduação em TERAPIA OCUPACIONAL pela Universidade de São Paulo (1988) e douorado em Ciências Sociais pela Ponifícia Universidade Universidade Caólica de São Paulo (2011). Aualmene é professor adjuno da Universidade Federal Federal de São Paulo - campus Baixada Sanisa, auando principalmene nos seguines emas: saúde menal, políicas de saude, desinsiucionalização, reforma psiquiárica e loucura. Endereço do currículo na plaaforma lates: htp:///la htp: /lates. tes.cnp cnpq.br/942 q.br/9428178 81784747823 474782359 59
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Claudio Antonio Barreiros (Autor Unidade 2) Aualmene é Técnico Especializado em Saúde no Minisério da Saúde em Brasília - DF. Psicologo; mesre em Desenvolvimeno e Meio Ambiene com defesa realizada em 2010 pela Universidade Federal de Alagoas; especialisa em Promoção de Saúde pela Universidade de São Paulo. Sua experiência é volada para o Desenvolvimeno Humano por via da Gesão Paricipaiva e Auogesão do Trabalho Popular. Endereço do currículo na plaaforma lates: htp://lates.cnpq.br/6411959987380022
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