UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E AMBIENTAIS CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DISCIPLINA: EMBRIOLOGIA
DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DE PEIXES
Trabalho apresentado pelo estudante
Jean Carlos dos Santos Coutinho ao Prof. Dr. Jairo Campos como parte das exigências da Disciplina de Embriologia.
Dourados - MS Abril – 2016 2016
Desenvolvimento Embrionário e larval de peixes Introdução Atualmente, cerca de 73 por cento da superfície da Terra fornece habitats em diferentes locais, podendo ser em profundos oceanos, em lagos, rios, riachos de fluxo rápido, ou em até nas pequenas poças d'agua no deserto. Os peixes tem a capacidade de se adaptar em qualquer tipo destes habitats citados. No entanto existem cerca de 27.000 espécies de peixes, cartilaginosos e ósseos. No decorrer da vida na água, os vertebrados ganham inúmeras oportunidades, com isso em alguns habitats aquáticos torna-se produtivos na Terra, ou seja, com a presença de energia disponível a eles, faz com que esses ambientes/locais apresente capacidade de complexidade estrutural, enquanto outros (como o oceano aberto) não apresentam virtualmente nenhuma característica propicia a beneficiar as outras espécies de peixes existentes (POUGH et al., 2008). A biodiversidade de peixes consiste em demostrar a grande variedade de habitats. A diversidade de peixes e de habitats entende como um processo histórico, pois tendem a oferecer uma gama, sem paralelos, para as variações da história da vida. Alguns peixes produzem milhões de ovos, os quais são liberados na água, para que se dispersem e se desenvolvam sozinhos, já outros tipos de espécies, produzem poucos ovos e cuidam tanto os ovos como em fase juvenis, entre outros tipos, existem os numerosos peixes que dão a luz a jovens e não requerem cuidado parental. Sobretudo, os machos de algumas espécies de peixes são maiores do que as fêmeas e, em outras situações, o inverso é verdadeiro. Algumas espécies não apresentam machos; e poucas espécies de peixes mudam de sexo ao longo da vida (POUGH et al., 2008).
Ecologia de Peixes Uma forma de classificar os peixes, é segundo seu comportamento e o lugar onde vive, podendo determinar seu papel em cada grupo no ambiente aquático. Por exemplo:
Pelágicos: são os peixes que vivem geralmente em cardumes, nadando livremente na água. Participam deste grupo as sardinhas, anchovas, atuns e variedades de tubarões.
Demersais: vivem a maior parte em associação com o substrato, encontrados nos fundos arenosos os linguados, ou em fundos rochosos, como as garoupas. Algumas espécies demersais têm hábitos territoriais, na qual defende aquele
território. Um exemplo são as moreias, que se comportam como verdadeiras serpentes aquáticas, atacando qualquer animal que se aproxime do seu esconderijo.
Batipelágicos: peixes que nadam livremente em águas de grandes profundidades.
Mesopelágicos: tipos de espécies que fazem grandes migrações verticais diárias, durante o dia costumam viver em águas profundas e a noite se aproxima-se da superfície. Exemplo deste grupo são os peixes-lanterna.
Praticas alimentares Os peixes pelágicos apresentam pequenas dimensões como as sardinhas, pois são planctonófagos, ou seja, se alimentam muitas vezes do plâncton disperso na água, que é filtrado conforme respiram, com a ajuda de branquispinhas, na qual, possui estruturas ósseas presente nos arcos branquiais que ajuda a segura as brânquias ou guelras. Com algumas espécies de maiores dimensões possui este hábito alimentar, sendo algumas baleias (que não são peixes, mas mamíferos) e alguns tubarões como os zorros (género Alopias). Mas na maioria desses peixes pelágicos são predadores ativos, ou seja, procuram e capturam as próprias presas, possui outros organismos pelágicos que não são só peixes, mas também cefalópodes, crustáceos entre outros. Os peixes demersais podem ser predadores, mas também podem ser herbívoros, os mesmos se alimentam de plantas aquáticas, detritívoros, obtendo alimentos de outros organismos, como a rémora que se fixa a um atum ou tubarão através dum disco adesivo no topo da cabeça, assim consegue se alimenta dos restos de comida que caem da boca do seu hospedeiro ou até mesmo parasitas de outros organismos.
Processo de Migração
Muitas espécies de peixes realizam migrações regularmente, desde migrações diárias, sendo entre a superfície e águas mais profundas, até anuais, percorrendo distâncias que podem variar de alguns metros até por vários quilómetros e mesmo plurianuais, como as migrações das enguias. Em sua maioria, estas migrações estão relacionadas tanto quanto a reprodução ou com até pela alimentação, ou seja, procurar locais com mais alimento disponíveis. Algumas espécies de atuns migram anualmente entre o norte e o sul do oceano, seguindo por massas de água com a temperatura ideal para eles. Os peixes migratórios classificam-se como:
Diádromos: peixes que migram entre os rios e o mar:
Anádromos: peixes que vivem geralmente no mar, mas se reproduzem em água doce;
Catádromos – peixes que vivem nos rios, mas se reproduzem no mar;
Anfídromos – peixes que mudam o seu habitat de água doce para salgada durante a vida, mas não para se reproduzirem (normalmente por relações fisiológicas, ligadas à sua ontogenia);
Potamódromos: peixes que realizam as suas migrações sempre em água doce, dentro do próprio rio ou de um rio para outro lago;
Oceanódromos: peixes que realizam as suas migrações sempre em águas marinhas.
Hábitos de repouso, camuflagem, coloração Os peixes não dormem, apenas alternam estados de vigília e repouso. O período de repouso consiste sob estado de imobilidade, em que os peixes mantêm o equilíbrio por meio de movimentos bem lentos. Pelo fato de não terem pálpebras, seus olhos ficam sempre abertos. Em algumas espécies costumam deitar no fundo do mar ou no rio, enquanto os menores se escondem em buracos para não serem comidos enquanto descansam. Para isso alguns peixes se camuflam para fugirem de certos predadores, outros para melhor apanharem as suas presas. Como o caso das espécies de arraia, se escondem na areia e podem mudar o tom da pele, para suas presas não notarem sua presença no ambiente.
A cor, além de ser um atrativo para os aquariofilistas, desempenha uma função muito importante no mundo aquático, sendo possível identificar as espécies em geral e o sexo de cada tipo de peixes. Existem dois fatores que determinam a cor nos peixes, sendo pelo reflexo da luz e pela pigmentação. Os tons prateados e iridescentes, estão presentes no corpo de muitas espécies de água doce, pois são provocados por camadas refletoras de guanina. Esta substância é apenas um detrito que não é expelido pelos rins nem pelo corpo, mas armazenado sob a pele. A cor vista depende do ângulo de incidência da luz e como é refletida pelos cristais de guanina. Muitos peixes, quando iluminados por uma luz no vidro da frente do aquário apresentam uma cor diferente daquela que têm quando são iluminados a partir de cima. Isto também explica a razão pela qual a areia de cor clara normalmente confere aos peixes tonalidades mais fracas.
Reprodução A reprodução de peixes ocorre por causa da variação na forma de nascimento dos filhotes, portanto são classificados em:
Ovíparos: os filhotes se desenvolvem fora do corpo da mãe, dentro do ovo que contém os nutrientes necessários. Mais de 90% dos peixes pertencem a essa categoria.
Vivíparos: os filhotes se desenvolvem dentro do corpo da mãe recebendo diretamente dela os nutrientes necessários.
Ovovivíparos: ocorre uma combinação das duas formas, isto é, os filhotes se desenvolvem dentro do ovo e dentro do corpo da mãe. Na hora do nascimento, os filhotes saem do ovo.
Desenvolvimento embrionário e reprodução Gametas
Durante sua formação, os espermatócitos primários se juntam em pequenas bolsas nos túbulos seminíferos, e após maduro, os espermatozoides seguem para o espermoduto onde será liberado no meio externo. Os ovócitos liberados em meiose II, são haploides e telolécitos, com uma grande concentração de vitelo no polo vegetal, promovendo a nutrição, durante a embriogênese, enquanto no polo vegetal o citoplasma está ativo, contém organelas e núcleo. Os mesmos apresentam em geral, formato esférico, são transparentes, não adesivos e a membrana mais externa, o córion, é formada por uma fina camada gelatinosa. Grande parte das espécies de peixes possui reprodução ovulípara, onde as fêmeas não protegem os ovos e na fecundação externa a fêmea e o macho liberam seus gametas na água. As fêmeas costumam depositar os óvulos em locais de águas calmas ou, até mesmo constroem ninhos. A reprodução tem início, quando o macho deposita espermatozoides na água, assim possibilita a fecundação dos óvulos. Após a eclosão dos ovos, aparecem os alevinos com aparência um pouco parecida com os peixes adultos. Depois dessa fase, os peixes não costumam
dispensar
atenção
aos
filhotes. Algumas espécies de peixes, podem se alimentar destes alevinos, podendo ser da mesma espécie ou de outras. Sendo assim, é considerado como desenvolvimento indireto . Já na fecundação interna, o macho introduz seus espermatozoides no corpo da fêmea, onde os óvulos são fecundados. E o desenvolvimento é direto, ou seja, os ovos dão
Esquema adaptado de GONÇALVES-DE-FREITAS, E. & S.M. NISHIDA. 1998 Fonte da foto: http://www.grupoaguasclaras.com.br/fotos-tilapias/ovo_na_boca_de_tilapia.jpg
origem a filhotes que já nascem com o aspecto geral de um adulto, apenas menores. Na identificação do sexo é difícil saber quem é macho e quem é a fêmea pois são muito parecidos. Mas quando chega na época de reprodução o macho delimita um
território, ou seja, fica mais agressivo defendendo o seu espaço contra os concorrentes. No mesmo local cava um ninho com a boca que se parece a uma cratera. Assim, consegue atrair a fêmea, o mesmo deixa o ninho sempre arrumado e seu corpo fica mais colorido, com a barriga avermelhada. Se uma fêmea gostar, ela entrará no ninho e desovará ( A). O macho, em seguida fará o mesmo, liberando o sêmen ( B). Em seguida, a fêmea, recolherá os ovos para dentro da sua boca e irá embora ( C). Na tilápia-do-Nilo é a mãe quem cuida sozinha da prole. O macho irá arrumar o ninho e tentará atrair outras fêmeas para o acasalamento. Depois de alguns dias sendo incubados dentro da boca da mãe, os ovos eclodem e nascem as larvas de peixes chamadas alevinos. Segundo a Biologia, larva é o termo para indicar quaisquer indivíduos em fase de desenvolvimento. Para entender como se descobre se é femea ou macho, atribui conceito de que as fêmeas são as que possuem ovários (produtores de óvulos) e os machos os que possuem testículos (produtores de espermatozoides). Quando o espermatozoide encontra o óvulo, ambos se juntam ocorrendo a fertilização. Numa espécie em que machos e fêmeas são indivíduos distintos, ambos precisam se encontrar para que a fertilização ocorra. Com
a
fertilização,
acontece
o
processo
de
uma
nova
célula
chamada ovo ou zigoto, possuindo a metade das informações vindas do pai e outra metade da mãe. O zigoto começa, então a se dividir até formar o embrião que continuará o seu desenvolvimento até o nascimento. O desenvolvimento embrionário requer muita energia sendo providenciado pelo vitelo, onde o alimento é devidamente armazenado dentro do óvulo. Nos peixes, o embrião transforma-se em larva e, finalmente, nasce. A fase de desenvolvimento do ovo até a forma de larva chama-se incubação. Esse período é muito delicado e arriscado para a sobrevivência das larvas. Na imagem mostra o desenvolvimento da tainha ( Mugil
cephalus ).
A) Um ovo, 4 horas após a fertilização; B) 24 horas depois; C)
Antes
do
Fonte: http://www.lib.noaa.gov/korea/main_species/striped.htm
nascimento;
D) Larva recém-nascida com o saco vitelínico. “O peixe é o único animal que cresce constantemente, mesmo depois de atingir a fase adulta”.
É também o único vertebrado que apresenta todos os tipos de reprodução: Bissexual, H ermafrodita e Partenogenética. Isso é um dos fatores que explica o grande número de
espécies existentes.
Todos os peixes são animais dependentes do meio aquático, fazem a locomoção através do batimento da cauda e respiram por meio das brânquias. Os peixes são classificados em três grandes grupos:
Tipo
Exemplo
Sem mandíbula
Lampreias
Cartilaginoso
Tubarões e raias
Ósseos
Lambari, tilápia, dourado, salmão, enguia, pescada, peixe-palhaço, kingyo, etc.
Pag. 217 a 224
Artigos Científicos Caracterização do desenvolvimento inicial de Leporinus friderici (Osteichthyes, Anostomidae) da bacia do rio Paraná, Brasil.
Resultados Período embrionário Notou que os ovos de L. friderici, em desenvolvimento,
são
esféricos,
transparentes e não adesivos. Logo após a fertilização, apresentaram um diâmetro médio de 2,53 mm, espaço perivitelino muito amplo torno de (30,36%) com tamanho médio de 0,74 mm e diâmetro médio do vitelo de 0,94 mm (Figura 1c). Após 20 minutos da fertilização, observa-se a formação do polo animal (blastodisco), em seguida, ocorrem divisões sucessivas até a formação da mórula (Figura 1a). Com algumas horas depois, verifica-se a fase de nêurula, formando o sulco neural e a diferenciação da cabeça e da cauda. E as vesículas ópticas e auditiva, alguns somitos e o desprendimento da cauda podem ser observados com horas seguintes (Figura 1b). Com horas passadas de desenvolvimento, a cauda encontra-se totalmente livre do saco vitelino; não há pigmentação aparente e, é possível a visualização nítida dos somitos, e da notocorda (Figura 1c).
Período larval
Estágio larval vitelino: As larvas eclodem 13h20min. após a fertilização com temperatura de (27,6ºC). Apresentam comprimento padrão variando de 2,80 mm a 4,70 mm (média=3,90±0,66). A pigmentação é constituída por cromatóforos dendríticos que formam uma linha na região ventral.
Estágio de pré-flexão: O comprimento padrão varia entre 4,55 mm e 5,40 mm (média=4,76±0,20).
A
pigmentação
apresenta o mesmo padrão do estágio anterior, entretanto a partir de 4,70 mm CP é possível verificar uma faixa que se estende lateralmente desde o focinho até o final da cabeça, na altura do olho. Estágio de flexão: Os indivíduos apresentam
comprimento
padrão
variando de 5,46 mm a 7,80 mm (média=6,81±0,66).
A
notocorda
encontra-se flexionada, sendo possível observar os ossos hipurais. Na fase final deste estágio, a faixa de pigmentação longitudinal se intensifica ao longo da cabeça, e na altura dos olhos, iniciando a formação de quatro faixas transversais nos flancos.
Estágio de pós – flexão: Os indivíduos possuem comprimento padrão variando de
8,00
a
16,43
mm
(média=9,49±1,66). A pigmentação é constituída
por
quatro
faixas
transversais menos nítidas no início do estágio, posteriormente,
intensificando-se e
formando
mais
quatro, sendo assim possível observar oito faixas transversais ao longo do corpo.
Desenvolvimento inicial de Leporinus friderici. a) larval vitelino (4,00 mm CP); b) pré-flexão (4,55 mm CP); c) início de flexão (6,39 mm CP); d) flexão (7,09 mm CP); e) início de pósflexão (9,38 mm CP); f) final de pós-flexão (16,43 mm CP) e g) juvenil (23,71 mm CP) (Escala = 1 mm). Fonte: elaborado pelo autor Paulo Vanderlei Sanches
Biologia do jundiá Rhamdia quelen (Teleostei, Pimelodidae)
Reprodução e desenvolvimento embrionário A maturidade sexual é atingida por volta de um ano de idade nos dois sexos. Os machos iniciam o processo de maturação gonadal com 13,4cm e as fêmeas com 16,5cm. A partir de 16,5cm e 17,5cm, todos os exemplares machos e fêmeas, respectivamente, estão potencialmente aptos para reprodução (NARAHARA et al., 1985). Os Machos prontos para a espermiação liberam com facilidade o líquido espermático quando o abdome é pressionado. Além disso, o orifício genital é protraído. As fêmeas maduras apresentam o orifício genital hepirênico avermelhado e com dilatação ventral (MARDINI et al., 1981). O período reprodutivo e os picos de desenvolvimento gonadal de R. quelen podem variar a cada ano e de um lugar para outro. A desova dessa espécie é assincrônica, uma vez que os ovos são recrutados de populações heterogêneas de oócitos em desenvolvimento e são liberados em várias ocasiões do período reprodutivo. O oócito recém desovado apresenta uma cor amarela clara com diâmetro de 1,01,3mm. Os ovos em desenvolvimento são esféricos e transparentes, apresentando uma camada gelatinosa. Após a fertilização, o diâmetro médio é de 2,8mm, com a camada gelatinosa, observando-se no polo animal a formação de blastodisco sobre o periblasto e sob estes o vitelo, sendo todo esse conjunto envolvido por um pequeno espaço perivitelínico e por um córion nítido. Depois de intensa proliferação das células, o blastodisco cresce sobre a superfície do vitelo e neste processo de migração celular forma o anel germinativo na qual envolve o vitelo. Em uma segmentação somática se da o início da diferenciação da cabeça e da cauda, em seguida diferenciam-se as vesículas ópticas. A seguir, iniciam-se os batimentos cardíacos. Para alguns embriões, boca se encontra aberta, e há um fluxo de água através da primeira abertura branquial. Com 24h, a larva apresenta movimentos mandibulares e operculares, com diminuição do saco vitelínico. No quarto dia após a eclosão, o saco vitelínico é totalmente absorvido. No quinto dia, observam-se barbilhões bem desenvolvidos, dentículos nas maxilas, olhos pigmentados, nadadeiras peitorais e caudais formadas. (GODINHO et al., 1978), (GOMES et al., 1999).
Indução à reprodução e desenvolvimento embrionário e larval do ciclídeo acará-açu Astronotus ocellatus (Agassiz, 1831).
Formação do embrião A primeira fase encontrada nas desovas analisadas foi a de gástrula. Chacon (1982) acompanhou o desenvolvimento dos ovos de acará-açu e constatou que a fase de gástrula surge aproximadamente 5 horas após a primeira clivagem, porém deve-se levar em consideração as condições ambientais de cada experimento já que muitos fatores influenciam no tempo de desenvolvimento, principalmente a temperatura (OSMAN et al., 2008); (PAES, 2008).
Eclosão Na realização deste estudo, mostrou que a larvas eclodiram com boca e ânus fechados, e também se mostraram transparentes, com grande saco vitelino e ausência de pigmentação nos olhos, semelhante a maioria das larvas de peixes de água doce (NAKATANI et al., 2001). A larva quando recém-eclodida apresenta glândulas adesivas bem desenvolvidas, sendo em número de dois pares na região superior e um par na região frontal da cabeça, estando de acordo com o descrito por Nakatani et al. (2001) para o acará-açu (PAES, 2008). A presença da membrana embrionária também é marcante em larvas recémeclodidas. Notou-se que esta foi sendo lentamente reabsorvida com o surgimento das nadadeiras e o desenvolvimento do aparelho branquial (PAES, 2008).
Fase larval vitelínica Nesta fase o tempo observado para absorção do saco de vitelo foi cerca de 185 horas desde a eclosão das larvas. Verificou-se que após o início da alimentação exógena a absorção das reservas endógenas foi mais lenta. O processo de desenvolvimento de estruturas utilizadas na captura de alimento, como a pigmentação dos olhos, nadadeira peitoral, posição da boca e o desenvolvimento do aparelho branquial ocorreu a partir da eclosão em até 113 hPE, sendo estas características desenvolvidas antes do término da absorção vitelínica. Um ponto interessante e que os olhos do acará-açu se desenvolvem muito rápido, antes mesmo da abertura da boca, sendo o primeiro órgão do sentido a ser efetivamente funcional. As larvas de A. ocellatus com olhos já formados e pigmentados
fugiam facilmente da sucção da pipeta nos momentos de coleta (observação pessoal do autor). O arará-açu não tem trado digestório, somente é encontrado tubo retíneo composto por epitélio simples pavimentoso. Observou-se que no estômago das larvas ainda não havia presença de glândulas gástricas. Segundo Cericato (2005), a presença de glândulas digestivas é um evento muito importante no desenvolvimento do trato digestório, pois, sugere o início da digestão ácida, cuja importância está na adequação do manejo alimentar das larvas. Dessa forma, larvas de Astronotus ocellatus até 16 dias após a eclosão ainda não estão preparadas para receberem dietas artificiais. Segundo o autor o desenvolvimento de Astronotus ocellatus foi considerado lento, como o da maioria das espécies lênticas. A ocorrência de estruturas morfológicas que permitem a captura de alimentos antes mesmo da exaustão das reservas energéticas endógenas, asseguram o aumento das chances de sobrevivência durante a fase larval. A diferenciação simultânea de estruturas natatórias como nadadeira peitoral, bexiga gasosa e brânquias foram marcantes, assim como a rápida formação dos olhos evidencia se tratar de uma espécie caracterizada como predadora visual.
Biologia reprodutiva e desenvolvimento embrionário e larval do cardinal tetra, paracheirodon axelrodi schultz, 1956 (Characiformes: Characidae), em laboratório
Desenvolvimento embrionário
No respectivo trabalho, obteve resultados de que os ovos do cardinal tetra são esféricos, translúcidos, demersais e adesivos. E a olho nu, os ovos eram transparentes e quase imperceptíveis, enquanto os ovos não fertilizados apresentavam coloração branca opaca. A observação de eventos que aconteceram durante o processo de desenvolvimento dos ovos de Paracheirodon axelrodi permitiu a caracterização de três fases: 1) embrionária; 2) larval; 3) juvenil, conforme descrito por BLAXTER (1988) e GOMES et al. (2003), (ANJOS et al.,2006).
Fase Embrionária O diâmetro médio dos ovos de cardinal tetra coletados 30 minutos após a fertilização foi de 0,9 ± 0,05 milímetro. Os ovos possuíam espaço perivitelínico pequeno, 0,1 mm a 0,2 mm, e membrana coriônica densa e clara. Nesta fase conseguiu observar a formação de dois blastômeros, cerca de 50 min após a fecundação; a partir dos dois blastômeros originais observaram-se várias divisões sucessivas até a fase de mórula, cerca de 120 min após a fertilização. Na mesma fase, depois de intensa proliferação celular, a camada de células somáticas começou a envolver o saco vitelínico, sendo possível observar o processo de gastrulação (aproximadamente 180 min após a fertilização).
Fase larval
As larvas eclodiram com 2,9 ± 0,2 mm e não apresentavam pigmentação no corpo, mais sim nos olhos. A eclosão ocorreu entre 19-20 h após a fertilização, a uma média de temperatura da água de 26 ± 1 0C, quando conseguiram observar as larvas livres, com natação ondulatória irregular junto ao fundo do aquário. Em microscópio estereoscópico observaram olhos bem evidentes, parte do trato digestivo, desenvolvimento das nadadeiras peitorais e coração bombeando sangue para o resto do corpo. A larva de cardinal tetra possui uma glândula adesiva grande no topo da cabeça, que lhe permite prender-se ao fundo do aquário ou a plantas aquáticas. Porém, em cardinal tetra não há evidências de cuidado parental com a prole, podendo ocorrer uma adaptação para a fixação das larvas ao substrato, diminuindo, assim, o risco de predação e de dispersão pela correnteza (ANJOS et al.,2006).
No 5º dia de vida das larvas teve início a inflação da bexiga natatória, que quando se verificou o maior índice de mortalidade de larvas (40-50%) e o também observou que seria o início do consumo de alimentos exógenos, com perseguição ativa de pequenas presas. No 12º dia foi constatado de que apresentava os primeiros pigmentos vermelhos na base da nadadeira anal e, logo após, nas regiões do abdome e do pedúnculo
caudal
(ANJOS
et
al.,2006).
Fase juvenil Os juvenis de cardinal tetra apresentaram estruturas semelhantes à de espécimes adultos, 22 dias após a
eclosão,
quando
todas
as
Ovos, larvas e juvenil de cardinal tetra, Paracheirodon axelrodi: A – intensa segmentação somática (formação da cauda e diferenciação da cabeça); B - porção caudal começa a separar-se do saco vitelínico; C - porção caudal avoluma-se e saco vitelínico divide-se em duas partes; D - formações das nadadeiras caudal e peitoral e das vesículas ópticas; E - embrião após a eclosão, com 3,1mm de Ct; F- larva com 5 dias de idade, 4,3 mm de Ct, olho com pigmentação de cor azul metálica e corpo parcialmente pigmentado; G - larva com 14 dias de idade e 8 mm de Ct, apresentando a faixa azul metálico em formação; H - fêmea com 6 meses de idade, 28 mm de Ct e ovários no início do processo de maturação
nadadeiras estavam formadas e o comprimento total médio era de 11,0 ± 1,0 milímetros. No presente estudo, os juvenis iniciaram o processo de maturação sexual aos 6 meses de idade e com comprimento total médio de: os machos, 22 mm, e as fêmeas, 26 mm (ANJOS et al.,2006).
CONCLUSÕES
Em virtude dos assuntos mencionados, posso dizer que o desenvolvimento embrionário consiste em conceitos variáveis entre as espécies, sendo dividido em fases embrionárias, onde a cada processo distribui em etapas, como início do desenvolvimento larval, fase juvenil e adulta. No entanto, existem tipo de fases básicas para a formação de estruturas, onde é possível acompanhar passo a passo o desenvolvimento dos peixes, o mesmo descrito nos trabalhos mencionados, sendo em cada estudo, utilizam metodologias iguais/diferentes. Contudo, chega-se à conclusão de que o desenvolvimento embrionário de peixes, compreende uma área bastante significante, pois acomete inúmeros resultados satisfatório, sendo que a piscicultura colabora por disponibilizar materiais acessíveis para estudos do mesmo. Portanto, o estudo de desenvolvimento embrionário, reprodução e ecologia de peixes consiste em descrever mudanças desde o início da fecundação até a fase adulta, podendo descrever características básicas no decorrer embrionário de cada tipo, na qual cada descoberta colabora para entender os processos fundamentais que cada espécie ou tipo exerce, e este estudo trouxe assuntos diferentes para cada tipo de espécies, com isso demostra variedade de comportamento encontradas em peixes.
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