A Metodologia do professor profess or Murray Spivack, por Christiaan Oyens.
A pedidos então, vou falar um pouco sobre o método Spivack. Aqui vão as principais premissas de sua filosofia sobre técnica das mãos. Existem apenas três tipos de toques para um baterista executar: O toque simples, o toque duplo e o flam. TUDO que tocarmos na bateria será em cima destes três tipos de toques, de uma forma ou outra. Existem mais 4 execuções técnicas básicas que nos auxiliam a executar a combinação de toques que mencionei acima: o toque de pulso, o toque de dedo, o toque de subida e o toque de descida. Portanto, denominamos tudo que fazemos em termos técnicos na batera em 7 movimentos básicos: 1. O toque de pulso 2. O toque de dedo 3. O toque simples 4. O toque duplo (rebote) 5. O toque de subida (up stroke s troke em inglês) 6. O toque de descida 7. O flam As aulas focam em 3 questões principais: 1. Controle e velocidade através do aprimoramento dos pontos de transição (calma, já irei explicar! rsrs). Isto ocorre em duas fases. A primeira estudando os rulos simples e duplos e depois num estágio avançado, com o livro Stick Control do George L. Stone. 2. O aprendizado e memorização das nossas escalas - Rudimentos. 3. Leitura de caixa do básico ao avançado com livros como Podemski, Louie Bellson "4/4 Reading Text" e "Odd Time Reading Text", Anthony Cirone "Portraits in Rhythm" (livro absurdamente difícil!) e C. Wilcoxin "Rudimental Swing Solos". A Filosofia Spivack: Existe SIM um modo certo ou errado de se tocar bateria. Para se tocar certo o baterista deve ter pleno domínio de sua pegada e respeitar algumas leis extremamente básicas de física, pois a baqueta nada mais é do que uma manivela e nossas mãos uma alavanca onde ela gira, pivota e quica. Murray aceitava e ensinava qualquer uma destas 3 técnicas: 1. A pegada tradicional (Traditional grip) 2. O matched German grip (palmas das mãos apontadas para baixo) 3. O matched French ou Timpani Ti mpani grip (polegares apontados para cima) Qualquer uma destas 3 pegadas vão ter dois focos principais: a pinça e o fulcro. A pinça é o ponto entre dois dedos em que iremos aplicar a pressão adequada para controlar a direção de giro da baqueta e o fulcro é o ponto de giro e rebote da baqueta. O fulcro na técnica Spivack fica no espaço entre o polegar e o dedo indicador na pegada tradicional (mão esquerda) e na mão direita (ou nas duas no caso do matched grip) ele fica na primeira falange do terceiro dedo. Este ponto é referencial para o GIRO da baqueta. Melhor dizendo é nesse ponto que a baqueta gira, quica e proporciona o rebote. Portanto, não tem NADA a ver com o pulso como vc mencionou acima. O toque de pulso é um giro de pulso, apenas isso. O que determinará se este toque de pulso proporcionará um só toque ou dois ou três toques é a nossa pegada. Vc pode com um giro do pulso executar um único toque, ou com o uso devido do rebote (controlado pelo fulcro) vc pode ampliar este número de toques.
Se vc estiver falando da pegada Alemã como o Murray ensinava, vc tem a primeira referência da pegada que diz respeito ao controle de direção da baqueta. Chamo isto de "pinça", pois a pinça é um instrumento de controle e precisão. Esta pinça é efetuada segurando a baqueta pelas laterais com o polegar e dedo indicador, certo? Estes dois dedos beliscam a baqueta com apenas a tensão necessária pra baqueta não cair no chão. Certamente é preferível vc deixar cair uma ou outra baqueta de vez em quando enquanto toca, à ficar tenso e apertando elas demais, pois isto sim gera problemas. Mas é importante frisar que estes dois dedos estão sempre em contato com a baqueta. A segunda e última referência que precisamos para controlar a baqueta é uma referência de giro e esta denomino como "fulcro"(ponto de apoio). Na pegada german o fulcro fica situado na primeira falange do terceiro dedo. Não existe outra demanda para uma alavanca, ela eleva, ela solta e ela gira. Portanto, com essa referência triangular vc controla a baqueta e não existe a necessidade de se usar qualquer outro dedo, apenas os 3 citados. Desta forma vc tem um som muito mais aberto, permitindo a baqueta de ressoar abertamente nos pratos e tambores com enorme soltura. No centro da baqueta vc terá o equilíbrio perfeito da baqueta, portanto vc não terá um eixo eficiente de giro. No final do cabo vc também não terá uma boa sobra de resistência para controlar o giro, então também não é eficiente. Vou colocar uma foto para demonstrar o ponto certo de giro para uma alavanca.
No exemplo acima vc vê com clareza que a potência precisa ser maior do que a resistência para que a alavanca que usamos (uma baqueta) seja realmente eficiente. O triângulo roxo representa o nosso fulcro, a tal primeira divisa do terceiro dedo que tanto falo no German grip. Este é o ponto eficiente de giro, portanto os dedos que guiam a baqueta pelos lados (polegar e indicador) estão à frente deste fulcro. O ponto de referencia para o contato destes dedos com a baqueta seria aproximadamente uns dois terços da ponta pro cabo da mesma. Ali vc tem uma ótima distribuição de peso, ou seja, de equilíbrio eficiente entre potência e resistência. O fulcro posicionado na primeira falange do terceiro (médio) dedo na mão direita (ou nas duas no matched grip) é justamente um dos princípios no método Spivack. Isto foi justamente uma das suas grandes contribuições, pois ele queria que ambas as mãos tivessem a mesma referência de pegada. Melhor explicando: como na mão esquerda vc tem uma referência de pinça (dedo indicador e dedo anelar) e outra referência de fulcro (espaço entre o polegar e dedo indicador), ele queria manter a mesma referência para a mão direita, pois achava que usar o polegar e dedo indicador como pinça E fulcro iria sobrecarregar a pegada.