UNIVERSIDADE FEDERAL DO
OESTE DO PARÁ
PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA BACHARELADO EM FARMÁCIA
ESTÁGIO PROFISSIONAL EM ATIVIDADES FARMACÊUTICAS I – MANIPULAÇÃO
SANTARÉM-PA 2017 1
ESTÁGIO PROFISSIONAL EM ATIVIDADES FARMACÊUTICAS I – MANIPULAÇÃO
Relatório apresentado como conclusão de estágio profissionalizante em Atividades Farmacêuticas I – Manipulação, realizado na Farmácia Santo Antônio Homeopática.
SANTARÉM-PA 2017 2
SUMÁRIO
1.
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO………………………………………………...4
2.
IDENTIFICAÇÃO DA PLANTA MEDICINAL……………………………….5
3.
INFORMAÇÕES BOTÂNICAS………………………………………………...6
4.
COMPOSIÇÃO QUÍMICA (MAJORITÁRIOS)………………………………7
5.
ATIVIDADES FARMACOLÓGICAS…………………………………………..8
6.
INDICAÇÕES E POSOLOGIA………………………………………………….8
7.
CONTRA INDICAÇÃO…………………………………………………………..9
8.
EFEITOS COLATERAIS………………………………………………………...9
9.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS…………………………………………..10
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1 IDENTIFICAÇÃO DA PLANTA MEDICINAL
1.1 NOMENCLATURA BOTÂNICA Lepidium peruvianum
1.2 SINONÍMIA BOTÂNICA Lepidium meyenii Walp.
1.3 FAMÍLIA Brassicaceae
1.4 FOTO DA PLANTA
Figura 1 - Lepidium peruvianum: (A) – Detalhes das 1. folhas, 2. hipocótilo e 3. raiz verdadeira; (B) hipocótilos de cores variadas. Fonte: (CUNHA, 2015; OLIVEIRA, 2011). 1.5 NOMENCLATURA POPULAR Maca, maka, maca peruana, maca-maca, maca-andina, planta-maca, maca-pó, macachicha, peruvian maca, maca-ginseng, ginseng-dos-andes, ginseng peruano, maina, maino, Ayak chichira, pepper weed, chacón, ayak willku e huto (OLIVEIRA, 2011).
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1.6 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA No geral, é encontrada em regiões de alta altitude, principalmente nos Andes centrais do Peru em altitudes de 3500 a 4500 m, em terrenos caracterizados rochosos e pobres, estéreis, sol e ventos fortes, e temperaturas subcongelantes (SANABRIA, 2010). Entretanto, Chen, Li e Fan (2017) realizaram o cultivo em diferentes regiões da China para realizar a avaliação da composição nutricional dos hipocótilos, tendo em vista que há uma variedade de fatores responsáveis por alterações de composição na maca: ambiente de plantação (incluindo altitude, clima e fertilidade do solo) e processo de secagem, por exemplo. A figura 2 ilustra as seis amostras cultivadas na China, comparadas com a amostra proveniente do Peru.
Figura 2 – Diferentes amostras de Maca. Fonte: (CHEN; LI; FAN, 2017). 2. INFORMAÇÕES BOTÂNICAS Trata-se de uma erva anual, glabra, que mede cerca de 15 cm (SANABRIA, 2010), com folhas rasteiras que crescem sob a forma de raios de um círculo quase perfeito. Os pecíolos são aplanados de 2-3 cm de comprimento, com margem escariosa. A lâmina foliar apresenta contorno oblongo, pinatífido a bipinatífido de 7-12 cm de comprimento por 1,5-2,5 cm de largura, segmentos com ápice agudo. As folhas caulinares são gradualmente mais pequenas até 5
o ápice, sésseis e pinatífidas. O caule principal é reduzido, de onde saem vários ramos secundários, glabros, prostrados e decumbentes. Apresenta a raiz principal engrossada, napiforme, de 4-5 cm de diâmetro por 5-8 cm de comprimento. Possui inflorescência racemosa no extremo dos ramos, raro axilar. As flores são perfeitas, actinomorfas e pediceladas. As pétalas são brancas em número de quatro, livres, persistentes, alternando com as sépalas verdes de forma linear de 1-1,5 mm de comprimento. O fruto é uma síliqua mas comprida do que larga de 4-5 mm de comprimento por 2-3 mm de largura. A parte subterrânea é denominada de hipocótilo (6 a 8 cm de diâmetro) e encontra-se nas cores amarela, avermelhada e escura (VIAFARMA, 2017). 2.1. PARTE UTILIZADA/ ÓRGÃO VEGETAL A parte subterrânea, hipocótilo, é a parte comestível e consiste em um alimento básico para os povos indígenas da zona árida do Peru. Os hipocótilos de maca podem ser consumidos frescos ou secos. As raízes são consumidas em água ou leite, ou transformadas em sucos, bebidas alcoólicas ou em infusões como “café” de maca. Quando secas, podem ser armazenadas
durante anos (SANABRIA, 2010). Outra forma de consumo é a aquisição da maca na forma micropulverizada (em pó, comprimidos – Figura 3), liofilizada e como extratos hidro-alcoólicos (SOARES, 2015). A figura 4 mostra o processo de coleta, secagem e seleção dos hipocótilos realizadas no Peru.
Figura 3 - Subprodutos de Lepidium peruvianum: (A) farinha de maca peruana; (B) cápsulas de maca em pó. Fonte: (CUNHA, 2015; VIAFARMA, 2017).
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Figura 4 - Lepidium peruvianum: (A) colheita comunitária realizada por nativos; (B, C) processo de secagem ao ar livre; (D) pré-seleção e separação dos principais fenótipos encontrados no Peru (amarelo, preto, roxo e vermelho). Fonte: (MEISSNER et al ., 2016).
3. COMPOSIÇÃO QUÍMICA (MAJORITÁRIOS) Há a presença de compostos fenólicos; flavonoides; fitoesteróides, taninos, glicosídeos, aminas secundárias alifáticas; aminas terciárias; antocianidinas; alcaloides; saponinas; dextrinas e glucosinolatos. As seguintes vitaminas também estão presentes: niacina, tiamina (B1), riboflavina (B2), ácido ascórbico (C), e vitaminas B6, D3, E, P; carotenos (OLIVEIRA, 2011). Tellez et al. (2002) avaliaram o perfil químico do óleo essencial extraído por destilação a vapor, sendo que os principais componentes encontrados foram fenil acetonitrilo (85,9%), o benzaldeído (3,1%) e o 3-metoxifenilacetonitrilo (2,1%). A espécie Lepidium peruvianum foi bastante estudada quanto a sua composição química, assim como teores de carboidratos, lipídeos, ácidos graxos, proteínas, aminoácidos, polissacarídeos, vitaminas e sais minerais. A matéria úmida contém aproximadamente: 43% de carboidratos; 5% de fibras solúveis e 14% de insolúveis; 2% de lipídeos e 10% de proteínas. A matéria seca (a raiz tuberosa em pó e desidratada) contém aproximadamente: 50% a 70% de carboidratos (24% sucrose, 1,6% glicose, 5% oligossacarídeos, 31% polissacarídeos); 8 a 9% 7
de fibras solúveis e 23% de insolúveis; 2% a 4% de lipídeos, incluindo os ácidos graxos (oléico, linoléico, linolênico, mirístico, esteárico, palmítico e palmitoléico) e 8% a 18% de proteínas. O conteúdo energético é de 663 kJ/100g (OLIVEIRA, 2011).
4. ATIVIDADES FARMACOLÓGICAS De acordo com os dados apresentados por Gonzales (2012), experimentos realizados em ratos demonstraram o efeito nutricional, antiestresse, neuroprotetor, além de evitar a hiperplasia de próstata e proteger contra o estado antioxidante da radiação UV, influenciando também no metabolismo da glicose e aumento da quantidade de esperma e motilidade espermática, assim como um pequeno efeito sobre o comportamento sexual masculino do rato. Em camundongos, aumentou a sobrevivência do embrião, o número de descendentes e promoveu melhoras na memória e aprendendo. Além da ação medicinal, a maca peruana apresentou atividade inseticida no estudo realizado por Tellez et al . (2002), que avaliaram a ação do óleo essencial contra cupins (Coptotermes formosanus) (Insecta: Isoptera), demonstrando ser inibidor de alimentação para estes insetos.
5. INDICAÇÕES E POSOLOGIA (SE HOUVER) A Maca é usada popularmente como afrodisíaco, energético, atuando no tratamento da anemia, fertilidade, impotência sexual, perda da memória, síndrome da fadiga crônica e tuberculose. Atua como restaurador físico, psicológico e melhora a memória e a concentração, além de fortalecer o sistema imunológico e promover a redução dos sintomas da TPM e da menopausa. Recentemente os atletas estão encontrando na Maca uma alternativa excelente para substituição de anabolizantes, pois é uma planta rica em esteróis e adaptogênica, ou seja, restaura o equilíbrio (homeostase) do corpo. Casos de desnutrição, descalcificação, depressão e osteoporose também podem ser tratadas com Maca (NATURELL, 2017; VIAFARMA, 2017). Posologia: Cápsulas de 500 mg, 1 a 2 cápsulas, 2 a 4 vezes ao dia. Pode ser usado também adicionando a água, bebidas, sucos ou alimentos respeitando a dosagem de 5 a 20 g diárias. A 8
Maca pode ser associada com outros estimulantes como guaraná em pó, potencializando a ação imunoestimulante, energética e psicoestimulante, combatendo o envelhecimento precoce e controlando diversos tipos de anemia (NATURELL, 2017; VIAFARMA, 2017). Na análise da literatura científica, Oliveira (2011) constatou que Lepidium meyenii pode ser indicada na melhora do desejo (libido) e desempenho sexual e é segura na dose de 1,5 g/dia a 3 g/dia.
6. CONTRA INDICAÇÃO De acordo com a ficha técnica disponibilizada pela empresa Naturell, aconselha-se não fazer uso deste durante a gravidez e/ou amamentação, pois não existem avaliações clínicas suficientes para considerá-lo seguro. E também em caso de hipersensibilidade ao vegetal ou alguns dos componentes deste.
7. EFEITOS COLATERAIS Não foram encontrados dados na literatura.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHEN, L.; LI, J.; FAN, L. The Nutritional Composition of Maca in Hypocotyls ( Lepidium meyenii Walp.) Cultivated in Different Regions of China.
Journal of Food Quality, v. 1, 2017.
CUNHA, I. F. Avaliação do efeito neuroprotetor do extrato pentanólico do Lepidium meyenii (maca) em
modelo animal experimental de acidente vascular cerebral isquêmico
focal. 2015. 89 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) - Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, São Paulo, 2015. GONZALES, G. F. Ethnobiology and Ethnopharmacology of Lepidium meyenii (Maca), a Plant from the Peruvian Highlands. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine , v. 1, 2012.
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MEISSNER, O. H.; MSCISZ, A.; PIATKOWSKA, E.; BARANIAK, M.; MIELCAREK, S.; KEDZIA, B.; HOLDERNA-KEDZIA, E.; PISULEWSKI, P. Peruvian Maca ( Lepidium peruvianum):
(II) Phytochemical Profiles of Four Prime Maca Phenotypes Grown in Two
Geographically-Distant Locations. International journal of Biomedical science , v. 12, n. 1, 2016. NATURELL®
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Ficha
Técnica.
Disponível
em:
http://nutrigoldsaude.com.br/data/23b8dd5202.pdf. Acesso em: 20 de dezembro de 2017. OLIVEIRA, J. C. Abordagem farmacológica e terapêutica da Lepidium meyenii Walp.
(maca): uma revisão de literatura. 2011. 114 f. Dissertação (Mestrado em Farmacologia Clínica) - Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2011. SANABRIA,
G. G. R. Propriedades físico-químicas do amido isolado, estudo de
parâmetros enzimáticos durante o armazenamento e caracterização de enzimas amilolíticas em raízes de maca ( Lepidium meyenii Walp). 2010. 131 f. Tese (Doutorado em Ciência dos Alimentos) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. SOARES, D. R. Avaliação da atividade antioxidante da Maca Peruana ( Lepidium meyenni
Walp) em óleo de soja por métodos Quimiométricos. 2015. 33 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso Superior de Engenharia de Alimentos) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campo Mourão, 2015. TELLEZ, M. R.; KHAN, I. A.; KOBISY, M.; SCHRADER, K. K.; DAYAN, F. E. & OSBRINK, W. Composition of the essential oil of Lepidium meyenii(Walp.). Phytochemistry, v. 61, p. 149-155, 2002. VIAFARMA®
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Ficha
Técnica.
Disponível
em:
http://viafarmanet.com.br/wp-
content/uploads/2015/07/MACA-PO.pdf. Acesso em: 20 de dezembro de 2017.
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