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SEQUnDO JOAO I Palavra de Deus B íb l ic a
XAVIER XAVIE R LÉON LÉ ON-D -DUF UFOU OUR, R, S.J. S. J.
LEITURA DO EVANGELHO SEGUNDO JOÃO I (CAP (C APÍT ÍTUL ULOS OS I —4)
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PALAVRA DE DEUS 7AXX-KQJ-BD46 7AXX-KQJ-BD46
tdtçàe* Loyola
Título original: Lecture de VEvang VEvangile ile selon selon Jean Je an I
(chapitres 1-4) © Éditions du Seuil, 1988 27, rue Jacob, Paris VIe
Tradução: coord.: Johan Konings colab.: Frederico Ozanam Pessoa de Barros Heloísa Dantas Revisão: Marcos Marcionilo
Edições Loyola Rua 1822 1822 n° 347 — Ipiranga 04216-000 04216-000 São Paulo Paulo - SP Caixa Postal 42.335 04299-97 04299-9700 São São Paulo Paulo - SP % (011)9 (011)91414-192 19222 Fax.: (011) 63-4275 ISBN: 85-15-01266-9 (obra) 85-15-01257-x (vol. I) Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduz reproduzida ida ou transmi transmiti tida da por qualquer qualquer forma forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, ou mecânico, incluindo fotocópia fotocópia e gravaçã gravação) o) ou arqui arquivad vadaa em qualquer qualquer sistema sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora.
© EDIÇÕES LOYOLA, São Paulo, Brasil, 1996
ÍNDICE ABREVIATURAS
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ESQUEMA DO QUARTO EVANGELHO
10
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LIMINAR Um texto texto para ser lido/17 — Um evangelho espiritual/19 espiri tual/19 — Os dois tempos tempos de leitura/2 leitura/211 — Uma leitura simbóüca/24 — Abordagens do texto/26 — Algumas observações teoldgicas/29 — Aberturas/30 — Divisão do evangelho/32 ..........................................................
PRÓLOGO (1,1-18)
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I. ALTERNATIVAS DE LEITURA Abordagens Abordagens diversas/40 — Organização/42 Organização/42 — Perspectivas/46 Perspectivas/46
40
II. O LOGOS E SEUS ANTECEDENTES O título título “Logos’748 “Logos’748 — O Logos, Logos, personagem de uma narrativa/51 — Da Sabedoria Sabedoria à Palavra/55 Palavra/55
47
III. LEITURA EXEGÉTICA... Ia ESTROFE: O LOGOS LOGOS NA SUA SUPRA-EXISTÊNCIA SUPRA-EXISTÊNCIA ( l , l - 3 a ) ... ... Disposiçã Disposiçãoo da da estrofe estrofe/58 /58 — No iníc início/ io/59 59 — O Logos Logos e Deus/ Deus/60 60 — O Logos e a criação/66 2a ESTROFE: LUZ DE VIDA, O LOGOS RESPLANDECE (1 3b-5).... O Logos-vida/70 — O Logos-luz/72 — Luz e trevas/73 3a ESTROFE: O TESTEMUNHO DE JOÃO (l,6-8)/76 Situação do texto/76 — João, testemunha testemunha do Logos/ Logos/77 77 4a ESTROFE: O LOGOS VEM AO ENCONTRO DOSHOMENS DOS HOMENS (1,9-13) (1,9-13) . A luz de todo todo homem/80 homem/80 — A recusa recusa glob globai/ ai/83 83 — A acolhid acolhidaa do Logos/85 Logos/85 — Nota complementar/90 complementar/90 5a ESTROFE: O LOGOS GLORIOSO EM JESUS CRISTO (1,1 (1 ,144 ) O acontecimento/91 — A glória do Logos/97 Logos/97 6a ESTROFE: JESUS CRISTO REVELOU O DEUS DEUS INVISÍVEL (1,15-18) (1,15-18).... O testemunho testemunho de João Jo ão/1 /1001 — A comunidade comunidade confessa confessa sua fé /103 /103 — Jesus Cristo Cristo “conta” Deus Deus Pai/10 Pa i/1066 — Da impossibilidade impossibilidade de ver Deus/10 Deu s/1077 — O Filho Filho único, mediador/109 mediador/109 — Ele o contou/111 conto u/111 .... ... . NO FIM DA LE LEIT ITUR URA A
56 58
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ABERTURA/116 PRÓLOGO HISTÓRICO: PRIMEIRA REVELAÇÃO DA GLÓRIA DE JESUS (1,19-2,12) O TESTEMUNHO DE JOÃO (1,19-34)/122 PRIMEIRO DIA: DIANTE DAS AUTORIDADES DE JERUSALÉM (1,19-28) João, a voz da profecia/127 — O batismo de João/129 ....................................................
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69
80 91 101
112
SEGUNDO DIA: O MESSIAS MESSIAS É IDENTIFICADO IDENTIFICADO POR JOÃO (1,29-3 (1,2 9-34).. 4).. 133 133 João designa Jesus/133 — O testemunho de João/140 ABERTURA 144 ...................................................................................................
SEGUIR JESUS (135-51) 145 De João a Jesus/146 — “Vinde e vereis...” Eles permaneceram/148 — Jesus e Simão/150 — Jesus e Filipe/l Filip e/l 51 — Jesus e Natanael/152 — O anúncio da aliança definitiva/155 ABERTURA 158 ..................................................................................
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EM CANÁ, AS NÚPCIAS DE DEUS COMISRAEL COM ISRAEL (2,1-12) . GÊNERO E FEITURA DA NARRAT NAR RATIVA IVA Sobre algumas algumas evidências evidências contestáveis/16 contestáv eis/1600 — O “sinal” feito feito em Caná/ 163 163 — 0 protótipo protót ipo dos sinai sin ais/ s/16 1655 — Uma narrativa narr ativa simbólic simbó lica/167 a/167 — Uma narrativa de feitura dual/169 LEITURA SIMBÓLICA O quadro das bodas/173 — Jesus e sua mãe diante da hora/176 O acontecimento/183 ABERTURA
159 160
JESUS E O TEMPLO DE DEUS (2,13-22) Jesus diante do Templo de Jerusalém/191 DESENROLAR DA NARRATIVA . Situação do episódio episódi o /196 — O Messias Messi as purifica purifi ca o Temp Te mplo/ lo/19 1977 — Perante o gesto de Jesus/ Jes us/1198 — O Santuário destruído destruído e reerguido/200 reerguido/200 — A interpretação pascal/203 — A fé pascal pascal dos discípulos/206 RELEITURA ABERTURA
191
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DA FÉ FUNDAMENTADA EM SINAIS À FÉ NA PALAVRA DE VIDA (2,23-4,54) O NOVO NASCIMENTO (223-336) Unidade do capítulo 3 JESUS E O DOUTOR DE ISRAEL (2,23-3,21) U m a n a r r a t i v a (2,23-3,2a) O d i á l o g o (32b-12) Renascimento pelo Espírito/ 222 — Apelo para que que se acolha acolha o testemunho/ 226 O m o n ó l o g o (3,13-21) ' A elevação do Filho do Homem/231 Homem/231 — A fé no Filho de Deus/234 — O homem diante da luz/239 luz/239 JESUS E JOÃO BATISTA (3,22-36) U m a n a r r a t i v a (3,22-24) (3,25-30) .... U m d i á l o g o (3,25-30).... A c o n f i s s ã o De f é (331-36)
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171 187
195
208 210 213 214 215 215 219 219 221 230 245 245 247 247 248 250
ABERTURA
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256 256
DA JUDÉIA À GALILÉIA (4,1-54) A COLHEITA DOS SAMARTTANOS (43-42) NA FONTE FONTE DE JACÓ (4,5-6 (4, 5-6)) O DIÁLOGO COM A MULHER SAMARITANA (4,7-26) R e v e l a ç ã o d a ã g u a v i v a (4,7-15) R e v e l a ç ã o d o c u l t o v e r d a d e i r o (4,16-25) A provocação de Jesus/277 — Reação e pergunta da mulher/278 — Adorar o Pai em espírito e verdade/280 P r o c l a m a ç ã o m e s s i â n i c a (4,25-26) A OBRA DO PAI (4,27-38) Novo CENÃRio (4 3 7 -3 0 ) N a o b r a d o P a i , J e s u s e s e u s d i s c í p u l o s (431-38) O alimento de Jesus/290 — No tempo de Jesus, a alegria da reunião/ 292 — Os discípulo discípuloss enviados enviados à colheita/29 colheita/2966 JESUS, O SALVADOR DO MUNDO (439-42) ABERTURA
259 259 263 263 264 268 268 268 268 276
EM CANÁ, EPDFANIA DA VIDA (4,46-54) Situação/307 — O diálogo/310 — O milagre e a fé/31 fé/3111 ABERTURA
307 307
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286 288 288 289 289 290 290 298 298 301
313 313
ABREVIATURAS Livros bíblicos: Ab Ag Am Ap At Br Cl IC or or 2Cor lC r 2Cr 2C r Ct Dn Dn ou Dn gr Dt Ecl Ef E p-Jr Esd Est Est gr Ex Ez F1 Fm GI Gn
Hab Hb Is
Jd J1 Jn Jo Uo 2J o 3Jo J6
Abdias Ageu Amós Apocalipse Atos dos Apóstolos Baruc Epístola aos Colossenses 1* Epístola aos Coríntios 2* Epístola aos Coríntios 1° Livro de Crônicas 2o Livro de Crônicas Cântico dos Cânticos Daniel Passagens em greg rego de Daniel iel Deuteronômio Eclesiastes ( Coélet) Epístola aos Efésios Epístola de Jeremias Esdras Ester Ester (grego) Êxodo Ezequiel Epístola aos Filipenses Epístola a Filêmon Epístola aos Gálatas Gênesis Habacuc Epístola aos Hebreus Isaías Epístola de Judas Joel Jonas Evangelho de João 1* Epístola de João 2* Epístola de João 3* Epístola de João Jó
J r Js Jt Jz Lc Lm Lv IM c 2Mc Mc MI Mq Mt Na Ne Nm
Os
lPd lP d 2Pd Pr Rm lR s 2Rs Rt Sb Sf SI I Sm 2Sm Sr Tb Tg lTm lT m 2Tm lTs 2Ts Tt Zc
Jeremias Josué Judite Juizes Evangelho de Lucas Lamentações Levítico 1° Livro Livro dos Macabeus Macabeus 2o Livro dos Macabeus Evangelho de Marcos Malaquias Miquéias Evangelho de Mateus Naum Naum Neemia Neemiass Númer Números os Oséias 1* Epístola de Pedro 2* Epístola de Pedro Provérbios Epístola aos Romanos 1° Livro dos Reis 2o Livro dos Reis Rute Sabedoria Sofonias Salmos 1° Livro de Samuel 2o Livro de Samuel Sirácida (Eclesiástico) Tobit (Tobias) Epístola de Tiago Ia Epístola a Timóteo 2a Epístola a Timóteo Ia Epístola aos Tessalonicenses 2a Epístola aos Tessalonicenses Epístola a Tito Zacarias
Literatura extrabíblica: AJ ApBar 4Esd EvVer GJ Hen Jub
Antiguidades Judaicas Apocalipse de Baruc 4o Livro de Esdras Evangelium Veritatis Guerra Judaica Henoc Jubileus
SISal
1QH
1QM 1QM 1QS 1QS Targls Test
Salmos de Salomão Hinos da Ia gruta de Qumran Rolo da Guerra, Ia gruta de Qumran Regra da Seita, Ia gruta de Qumran Targum de Isaías Testamentos dos XII Patriarcas
Siglas de periódicos, subsídios e coleções BD
Blass-Debrunner, Blass-Debrunner, Grammatik Grammatik des neutestamentlichen Griechisch (Gõttingen 1954) Bib Biblica (Roma) BLE BL E Bulletin de Littérature Ecclésiastique (Toumai) BTB Biblical Theology Theolog y Bulletin (Roma) BZ Biblische Zeitschrift (Paderbom) CBQ CB Q The Catholic Biblical Quarterly (Washington) DBS Dictionnaire Dictionnai re de la Bible, Supplément CNT CN T Dictionnaire do Nouveau Nouveau Testament, por X. Léon-Dufour, Seuil, 1978 EKK Evangelisch-KatholischerKommentar zum Neuen Testament (Neukirchen) EstBib Estúdios Bíblicos (Madrid) EvTh Ev Th Evangelische Evangelische Theologie (Munique) (Munique) GNT GN T Greek New Testament, Testa ment, 3a ed, 1975 1975 HTR HT R The Harvard Theological Review (Cambridge Mass.) JBL Journal Journal of Biblical Biblical Literatur (Boston) (Boston) NRT Nouve Nouvelle lle Revue Revue Théologique Théologique (Toumai-Louvain) NTS New New Testame Testament nt Studies Studies (Cambridg (Cambridge) e)
PG
Patrologia Graeca, ed. J.-P. Migne (Paris) RB Revue Biblique (Paris) RHPR Revue d’Histoire et de Philosophie Religieuse (Estrasburgo) RevThom Revue Thomiste RSR RS R Recherches Recherches de Science Religieuse (Paris) SB Strack-Billerbeck, Strack-Bill erbeck, Kommentar zum NT aus Talmud und Midrasch Midrasch SC Sources Sources Chrétiennes (Paris) ThSt Th St Theological Theological Studies (Woodstock) (Woodstock) TOB TO B Traduction Oecuménique de la Bible T T Z Trierer Theologische Theologische Zeitschrift Zeitschrift (Trier) TWNT Theologisches Wõrterbuch zum Neuen Neuen Testament Testament (Stuttga (Stuttgart) rt) VTB Vocabulaire de Théologie Théologi e Biblique, 2a ed., Cerf, C erf, Paris. 1970 1970 WB Walter Bauer, Wõrterbuch Wõrterbuch zum Neuen Neuen Testament Testament (Berlin) (Berlin) ZNW ZN W Zeitschrift Zeitschri ft fUr fUr die neutestamentlichen Wissenschaft (Berlin) ZTK Zeitschrift fíir Theologie und Kirche (Tübingen)
Outras ad loc. no lugar citado Fs. Miscelânea Miscelânea (Mélanges, Festschrift) Festschrift) LXX Septuaginta
n. número par. (e) paralelo(s paralelo(s)) s, ss e seguinte(s) seguinte(s)
ESQUEMA DO QUARTO EVANGELHO Prólogo (1,1-18) l-3b: l-3b : O Logos em sua supra-existência 3c-5: Luz de vida, o Logos brilha 6-8 : O testemunho testem unho de João 9-13: O Logos vem ao encontro encont ro dos homens 14: 14: O Logos glorioso em Jesus Cristo Crist o 15-18: 15-18: Jesus Cristo Cris to revelou o Deus invisível lu z brilha nas treva tre vas” s”) T PARTE (1,19-12,50) ( “A luz
1,19-2,11: 0, 1,19-34: 19-28 19-28:: 29-34: 29-34: 135-51: 35-39: 40-42: 43-46: 47-50: 51: 2,1-11:
O PRÓLOGO HISTÓRICO O testemunho de João João, mera testemunha, anuncia um desconhecido que está aí João proclama Jesus, Cordeiro e Filho de Deus Deus Acompanhando Jesus Jesus O testemunho de João André leva Simão a Jesus, que o chama de Pedro Filipe reconhece aquele que Moisés e os profetas anunciaram Natanael declara Jesus Filho de Deus e Rei de Israel É anunciada a aliança definitiva de Deus e de Jesus Em Caná, as núpcias de Deus com Israel
2,13-22: 00. 14-16 14-16:: 17-18: 17-18: 19-20: 19-20: 21-22:
FRONTISPÍCIO: JESUS E O TEMPLO DE DEUS Jesus purifica o Templo de Jerusalém Reações Reaçõe s ao gesto de Jesus O santuário santuá rio destruído destru ído e reerguido reerg uido A interpretação pascal
2,23 2, 23-4 -433 4: A. DA FÉ FUNDAMEN FUNDAMENTADA TADA EM SINAIS SINAIS À FÉ NA PALAVRA PALAVRA DE JESUS 2,23-336: O novo nascimento (I) (I) 2 33 -3 3a: 3a : narrat narrativa iva 3 3 b - 12: diálogo diálogo 33b: introdução 3-8: o novo nascimento nascime nto pelo Espírito: + 3: “é preciso” preci so” - 4: dupla dupla objeção objeção + 5-8: pelo Espírito e pela água 8-12: 8-12: apelo para acolher o testemunho: + 8: conclusão-transição - 9: objeção objeção:: o meio + 10 a 12: é preciso”: FH elevado 3,13-21: monólogo: 13-15: 13-15: a elevação eleva ção do Filho do Homem 16-18: 16-18: a fé no Filho Filho de Deus 19-21: 19-21: o homem em face da luz
Es q u e m a
(II)332-2 (II)3 32-26a: 6a: narrativa: narrativa: discussão discussão sobre sobre o batismo batismo 336b-30 336 b-30:: diálogo entre os joanitas e João 331-36: 331- 36: monólogo, monólogo, confissão confissão de fé da Igreja Igreja colheitaa dos samar samarit itano anoss 4.1-42: A colheit 1-6: 1-6: transição trans ição e introdução 7-15: revelação revel ação da água viva: 7-9: + 7: Dá-me de beber! - 9: 9: Como? Eu e tu! tu! 10-12: 10-12: + 10: 10: Se soubess soubesses es quem! - 1ls: De onde? Serias tu...? 13-15: 13-15: + 13s: 13s: A fonte de água águ a viva - 15: Dá-me essa água! água! 16-25 16-25:: revelação revelação do verdadeiro culto: 16-17: 16-17: + 16: Chama Chama teu marido! - 17: Não tenho marido 17-19 17-19:: + 1 7 : Ti veste cinco - 19: Profeta, que dizes do culto? 21-25: + 21 ss: Adorar Adorar - 25: 25: O Messias, quando qua ndo vier... 26: proclamação messiânica de Jesus 27-30: 27-30: novo cenário 31-38: Jesus e os discípulos na obra do Pai: 31-34: o alimento de Jesus 35-37: no tempo de Jesus, a alegria da reunião 37-38: o papél dos discípulos 39-42: Jesus salvador do mundo; confissão de fé dos samaritanos 4,43-54: Em Caná, epifania da vida 43-45: transição: um profeta não é estimado em sua pátria 46-54: cura do filho do oficial real: ‘T e u filho vive” 5,1-1 5,1 -113 134: 4: B. O ENCONTRO ENCONTRO DO FILHO FILHO DE DEUS DEUS E DOS DOS JUDEUS MISTÉR IO DE JESUS 5.1-6,71: 1) O MISTÉRIO a) E m J e r u s a l é m 5.1-18: relato da cura milagrosa de um enfermo 5,9b5, 9b-118: controvérsia contrové rsia (três cenas: 9b. 14. 14. 15): 15): Também eu trabalho 19-47 19-47:: inquisição; apelo às Escrituras b ) N a G a
l i l é ia
6.1-25: O s i n a l d o s p ã e s e m a b u n d â n c i a 1-5: 1-5: Jesus na montanha. Proximidade da Páscoa 6-14: o milagre (6-1 (6-1 la), la) , a sobra (1 l b - 13), 13), a multidão multidão extasiada (14) 15: recusando recusand o a realeza, Jesus se retira na montanha, só ' 16-21 16-21:: Jesus anda and a sobre o mar e se junta jun ta aos discípulos 22-25: a multidão reencontra Jesus, intrigada por sua surpreendente presença 636-65: o d i s c u r s o d o P ã o d a V i d a verdadeir eiroo e vivificante 26-34: pedido do pão verdad 26-27: palavra misteriosa contrapondo dois alimentos 28-31: diálogos sobre a obra a fazer; objeção concentrada em 31
Es q u e m a
32-34: palavra misteriosa induzindo ao pedido de pão 35-47: (A) Jesus, pão do céu: crer nele + 35-40: palavra mistérios (35), comentada (36-40) - 41-42: 41-42: objeção dos judeus, jude us, resumida (41) e relatada por Jo (42) + 43-47: o Pai na origem da fé, justificando a mediação de Jesus com er sua carne carne e beber seu sangue 48-58: (B) Jesus, pão vivo: comer + 48-51: palavra mistérios, explicitada em 51 - 52: 52: objeção objeção dos dos judeus + 53-58: desenvolvimento (53s), centrado (55), fundado no Pai (56s), concluído (58) necessári áriaa 60-65: (X) A opção necess + (53-58): o discurso inteiro suposto retomado - 60: objeção-murmuração objeção-murmuração dos discípulos discípulos + 61-65: Jesus aumenta o escândalo e dá a chave de interpretação 6,66-71: DISCERNIMENTO DOS DISCÍPULOS 66-67: desistência de muitos discípulos; apóstrofe de Jesus aos Doze 68-69: Pedro: A quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna 70-71: Jesus entre vós, os Doze escolhidos, há um que é um demônio L U Z DA VIDA 7,1-11,54: 7,1-11,5 4: 2) A LU 7,1-13: (0) A SUBIDA SUBID A A JERUSALÉM JERUS ALÉM A conjuntura (1), o juízo segundo o espírito do mundo (3-5), o juízo de Jesus (6-8), a subida de Jesus a Jerusalém (8-10), “cisma” entre os judeus (11-13) 7,14-8,5 7,14 -8,59: 9: (A) NO TEMPLO: CONTROVÉRSIAS E PROCLAMAÇÕES Unidade de lugar, tempo e ação Duas séries de cenas, separadas por 8,12: 7,15-30 8,13-20 731-36 831-30 737-52 831-59 7,15-30: (a) Controvérsia seguida de uma proclamação 15-18: continuação do cap. 5: sobre a origem da ciência de Jesus 19-24: sobre a observância do sábado 25-27: ensejo para uma proclamação sobre a origem divina de Jesus 28-29: Venho de junto dEle, pois Ele é que me enviou 30: tentativa frustrada de prender Jesus: sua hora ainda não chegou 731-36: (b) Exortação: o tempo urge! 31-32: ensejo: duplo auditório: boa vontade (31) x fariseus (32) 33-34: exortação e ameaça: depois da partida será tarde 35-36: incompreensão proclamação ão 37-52: (c) Solene proclamaç 37-39: “Se alguém tem sede...”: proclamação e interpreta ção cristã 40-52: conseqüente “cisma” entre os judeus
Es q u e m a
8,12 (d) Eu sou a Luz do Mundo 8,13-20: (a’) Controvérsia seguida de proclamação 13-19: sobre o testemunho. Jesus sabe de onde ele vem e para onde volta 20: tentativa frustrada de prender Jesus: sua hora ainda não chegou 21-30: (b’> Exortação e proclamação 21-23 exortação e ameaça: “Morrereis nos vossos pecados” 24-29 proclamação em dois tempos (24 e 28s) do “Eu sou” (25b-27 = parêntese) 30: muitos creram em Jesus Abraão e Jesus. Última Última procla proclamaçã maçãoo 31-59: (c’) Abraão 31-45: A o b r a l i b e r t a d o r a libertação ação por po r Jesus 31-36: A libert + 31-32: permanecer em Jesus = tomar-se livre - 33: dupla objeção objeção (37 e 34ss) 34ss) + 34-36: só o Filho liberta da escravidão 37-40: Filhos de Abraão? Não , mas do diabo! + 37-38: Jesus opõe seu Pai ao pai deles - 39: objeção objeção repetindo repetindo a de 33 + 39-40: oposição oposição das obras de Abraão e das deles 41-45: Filho de Deus e filho do diabo + 41a: Alusão a uma descendência ilegítima - 41b: “Só temos um Pai: Pai: Deus!” + 42-45: Mentirosos, assassinos: têm o diabo por pai pai!! 46-59: A p e s s o a d i v i n a d o F i l h o • + 46-47: integridade de Jesus e má fé dos judeus - 48: dupla objeção a Jesus: Jesus: samaritano e possesso possesso + 49-50: insulta revidada, Jesus apela a seu Pai • + 5 1: Jesus promete promete vida eterna a quem observa observa sua palavra - 52-53: 52-53: Tu, possesso, quem quem pretendes ser? + 54-55: insulta revidada: Jesus apela a seu Pai • + 56: O próprio Abraão creu em mim - 57 Impossí Impossível! vel! + 58: Antes que Abraão fosse, eu sou! 59: tentativa de apedrejar Jesus . 9,l-10,21:(B) FORA DO TEMPLO: MILAGRE E DISCURSO 9,1-41: A c u r a d o c e g o d e n a s c e n ç a 1-12: relato do milagre (1-7), constatação pelas testemunhas (8-12) 13-34: depois de ver, o curado é expulso da sinagoga 13-17: primeira convocação do que foi cego 18-25: convocação dos pais do curado 26-34: segunda convocação do curado, que é expulso
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35-38: o homem que agora vê confessa Jesus que o acolhe 39-41: 39-41: controvérsia com os fariseus (+ 39, - 40, + 41) 10.1-18: D i s c u r s o : o B o m P a s t o r I-6: a comparação do pastor 7-10: Ia aplicação: A Porta sou eu - 7-8: 7-8: exclusivismo de Jesus Jesus + 9-10: as pastagens da vida II-18: 2a aplicação: O Bom Pastor sou eu - 11-13 11-13:: e o mercenário + 14-18: 14-18: e o rebanho reban ho 10,19-21: E p í l o g o : à unidade proclamada por Jesus responde ao “cisma” dos judeus 10,22-39: 10,22-39: (C) NO TEMPLO: ÚLTIMA PROCLAMAÇÃO DO FILHO DE DEUS 10,22-24: Advertência aos judeus, retomando o conjunto dos caps. 5 e 7-10 10,25-3 10,25-31: 1: Ia resposta: Eu e o Pai somos Um, o que garante a seguran ça das ovelhas. Tentativa de apedrejamento 1032-39: 2a resposta: O Pai está em mim e eu no Pai, o que garante as obras obras de Jesus (+ 32, - 33, + 34, - 38). Tentativa de prender Jesus, mas ele escapa. 10,40-113: (X) EPÍLOGO DE 5-10: EPIFANIA DA VIDA 10,40-42: Jesus retira-se. Chega-se a Jesus. Lembrança do testemunho de João 11.1-44: Reanimação de Lázaro 1-16 1-16:: introdução que dá o sentido do milagre (esp. 7-16) 17-27 7-27:: Jesus Jesus e Marta ( - 21, + 23, - 24, + 25s, - 27) 28-3 28-37: 7: Jesus, Maria Maria e os judeus (+ 28, - 29-32, 29-32, + 33) 33) (35, 36s, + 38) 38-44: 38-44: relato do do milagre (39a, - 39b, + 40) 11,45 11,45-54 -54:: Jesus se retira, visto estar decidida sua morte. Fim da “vida “ vida pública” 1135-1236: X. A ÚLTIMA SEMANA 1135-57: A páscoa dos judeus está próxima. A morte de Jesus foi decidida 12.1-19: Entrada triunfal de Jesus em Jerusalém 1-8: unção por Maria em Betânia com vistas à sepultura 9-11: transição: projeto de matar também Lázaro 12-19: entrada do Rei (15s), do Vencedor da morte (17s), do Salvador do mundo (19) 1230-33: Mistério da morte gloriosa gloriosa de Jesus 20-22: ensejo: a chegada dos gregos 23-33: discurso (queda na terra e elevação) 23: chegou chego u a hora 24-26: a lei objetiva 27: deixa-me passar são e salvo • ' 28-32: a nova subida 1234-36: Exortação aos judeus: ser filhos da luz. É o fim. 1237-50: EPÍLOGO
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37-43: reflexão do evangelista 44-50: proclamaçãop típica de Jesus 2* PARTE (13-21) 13,1: INTRODUÇÃO SOLENE: chegou a hora de passar deste mundo para o Pai 13,2-32 13,2-32:: 0. DURANTE A ÚLTIMA REFEIÇÃO, REFEIÇÃ O, JESUS FUNDA A COMUNIDADE DOS DISCÍPULOS 2-20: O lava-pés 2-3: introdução solene: ciência de Jesus e projeto do diabo 4-11: o gesto de Jesus (4s.l2), diálogo com Simão Pedro (6-11) 12-20: discurso complementar: Eu vos dei o exemplo, para que... exc luído da comunidade dos discípulos discípulos 21-30: Judas excluído Jesus anuncia (21), designa (22-27a), manda (27b-30) 31-32: Grito de triunfo de Jesus: agora é a glória! 1333-17,26: A. O ADEUS DE JESUS 1333-1431* 1) Ú l t i m o s d i á l o g o s : a despedida de Jesus 1333-143: O novo mandamento na espera da volta de Cristo 33: Jesus vai 34-35: deixa seu testamento 36-38: diálogo com Pedro: que significa seguir Jesus? 14,1-3 14,1-3:: Jesus voltará depois de ter t er preparado o “lugar” “ lugar” na casa do Pai 14,4-14: Crer em Jesus que , de junto do Pai, age através dos seus 4-6: crer é ir ao Pai através do Filho (diálogo: (diálogo: + 4, - 5, + 6) 7-11: 7-11: crer é ver o Pai Pai através através do Filho Filho (diálo (diálogo: go: + 7 , - 8 , +9 +9-11 -11)) 12-14: crer é fazer as obras do Filho.para a glória do Pai 14,15-26: Amar Am ar Jesus presente em e m nós com o Pai Pai e com o Espírito Espírito 15-17: promessa de outro Paráclito que permanece com os seus 18-21: promessa da volta de Jesus 21-24: promessa da vinda e da inabitação do Pai com Jesus (diálogo) 25-26: o Espírito Santo realizará essas promessas 14,27-31: O adeus: 27-29: a paz; 30-31: de pé, contra o chefe deste mundo! 15,1-1633: 2) Ú l t i m o d i s c u r s o : Cristo e sua Igreja situação ção:: Identidade Identidade dos discípulos discípulos 15,1-16,4a: A nova situa 1-3: a vinha e o vinhateiro 4-8: a vinha e os sarmentos 9-11: permanecei no amor 12-17: amai-vos uns aos outros 1818 16,4a 16,4a:: solidários com Cristo em face do ódio do mundo existência escatol escatológic ógicaa 16,4b-32: A existência 4b-7: 4b- 7: necessidade da partida de Jesus 8-15: a vinda do Espírito: 8-11: processo do mundo 12-15: para a verdade plena 16-23: ver Jesus novamente
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16-19: enigma 20-22: a alegria que nasce da tristeza 23a: o fim das perguntas 23b-27: o amor do Pai 23b-24:o próprio Pai dará 25: a revelação do Pai 26-27: o Pai vos ama 28-32: fé perfeita? 1633: O adeus daquele que vence o mundo 17.1-26: 3) Ú l t i m o i n t e r c â m b ioi o c o m o s s e u s 1-5: Glorifica teu Filho! 6-19: Guarda-os! Santifica-os! (6-13 & 14-19) 20-26: Que eles estejam comigo! 18,1-2135: 18,1-213 5: B. A PAIXÃO E RESSURREIÇÃO RESSURREIÇÃO DE JESUS Prisão de Jesus 18.1-11: Jesuss dia diannte de Anás Anás e di dian ante te de Ca Caifás fás. Negações de Pedro (15-18 & 25-27) 18,12-27: Jesu perante Pilato Pilatoss 1838-19,16: Jesus perante 28-32: fora (A) o pedido dos judeus jude us 33-38a: dentro (B) diálogo Jesus-Pilato. Jesus soberano 38b-40: fora (C ) Jesus ou Barrabás? Falta de motivo 19,l-3:dentro 19,l-3:de ntro (D) flagelação e maus-tratos maus-tratos 4-8: fora (C’) (C ’) Ecce Homo! falta de motivo 9-1: dentro (B’) (B ’) diálogo diálog o Jesus-Pilatos 12-16a: 12-16a: fora (A’) (A ’) Jesus ou César? Eis vosso rei! 19,16b-22: A crucifíxão (inscrição da cruz) 23-24: partilha das roupas 25-27: Jesus e sua mãe 28-30: a morte de Jesus 31-37: o golpe da lança; o sangue e a água 38-42: o sepultamento 20.1-2135: Jesus ressuscita ressuscitado do . • 1-10: 1-10: Junto ao sepulcro sepul cro vazio • 11-18: Apa Apari riçção a Mari aria de Mág Mágdala dala . 19-29 19-29:: Aparição aos discípulos (envio para a missão, dom do Espírito) 30-31: Conclusão: finalidade do relato: crer e viver • 21,1-23: Aparição junto jun to ao lago de Tiberíades 24-25: Conclusão: este testemunho é verídico
LIMINAR
Comentários sobre o evangelho geralmente vêm precedidos por uma série de arrazoados nos quais o comentador costuma reunir os resultados de suas pesqui sas a partir de questões cruciais provocadas pela obra que se vai ler. Esse tipo Introduçã o, quase sempre redigida por último, não preenche sua função de de Introdução, aperitivo para um leitor que ainda não pode apreciar sua fundamentação nem provar-lhe prova r-lhe o sabor: atrasa-o atras a-o no empenho emp enho de ir ao próprio próp rio texto. Por esse motivo, e por outros, preferi empurrar essas sínteses parciais para pa ra o fim da obra ob ra.. Em cont co ntra rapa part rtid ida, a, conv co nvém ém apre ap rese sent ntar ar sobr so briam iam ente en te a pers pe rspe pect ctiv ivaa na qual qu al o texto tex to será se rá abor ab orda dado do..
Um texto para ser lido Esta obra se apresenta como uma leitura do Evangelho de João1. Não se trata, portanto, de um “comentário” no sentido clássico da palavra, uma mina de informações de toda ordem sobre os menores detalhes do texto. Tais empreendimentos empreen dimentos são publicados regularmente e são indispensáveis indispensáveis para fazer prog pr ogre redi dirr a pesq pe squis uisa. a. De m inha in ha parte pa rte,, bene be nefic ficie iei-m i-m e dess de sses es imen im ensos sos traba tra ba lhos, na medida em que consegui dominar sua diversidade. As Nota N otass que se distribuem pelas páginas são resultado dessas leituras, sem que por isso se tomem uma ostentação de erudição; na sua maioria, consistem em referên cias escriturísticas ou bibliográficas e pretendem poupar ao leitor o incômo do de ter de enfrentar um número muito grande de parênteses no decorrer do texto principal; por outro lado, fornecem uma base para quem queira matizar minhas afirmações. Para avançar na caminhada, convém ter sob os pés um terreno firme, mas não é preciso ficar de olhos grudados no chão sobre o qual caminhamos.
João 1. O evangelho de de João será designado pela sigla Jo, enquanto o nome de João será reservado normalmente para designar o Batista. Nossa leitura concerne a todo o evangelho de Jo, incluindo o cap. 21 21 — que alguns críticos não não atribuem ao “evangelista”. Preferimos esse último termo ao de “autor”, e nós o utilizaremos sem especificar de qual camada de redação se trata (cf. nota 6).
Li m i n a r
O Quarto Evangelho chegou até nós primeiro em papiros, datados, na sua maioria, do fim do século II. O mais antigo fragmento, cuja escritura é anterior a 150, traz no anverso os vv. 1831-33 e no verso os vv. 1937-38; conclui-se daí que, desde antes de 125, o evangelho de Jo era conhecido no Médio Egito, longe da Palestina e da Ásia Menor. Outro papiro2, também prov pr oven enie ient ntee do Eg Egito ito,, é mais ma is signi sig nific ficati ativo vo aind ai nda, a, pois po is com co m pree pr eend ndee num nu m só códex e, em seqüência, o evangelho de Lucas e o de João de 1,1 a 15,7; sua escritura remonta ao ano 200. Além do mais, desde antes do ano 110 (data de sua morte), Inácio de Antioquia se faz eco de muitas idéias joaninas3. Por estas razões, em nossos dias, quase nenhum crítico data o nosso evangelho com data posterior ao ano 100, sem por isso antecipar tal data para cerca do ano 50, como querem certas propostas recentes4. Ele foi sumetido ao patrocínio de São João, o Apóstolo. Essa atribuição surpreende com razão os espíritos críticos, pouco dispostos a ver no pescador do lago de Tiberíades o autor de uma obra tão impregnada de simbolismo e teologia. Tal ceticismo, aliás, coincide com as hesitações da tradição eclesial. Longe de considerar o autor um escritor solitário, os testemunhos mais an tigos o associam regularmente a algum outro personagem. Papias falava de certo “João Presbítero”; Clemente de Alexandria nota que o livro foi escrito pelo pe lo A pósto pó stolo lo,, “ incen inc entiv tivad adoo por po r seus se us disc di scíp ípul ulos os”” . Uma Um a lista de livros livr os para par a ser lidos durante a liturgia, datando de cerca c erca de 1705 1705,, precisa que “se João escreveu em seu próprio nome”, ele o fez “com a aprovação de todos”. Convém igualmente renunciar à imaginação que representa o evangelista compondo sua obra à sua mesa, assistido pelo Espírito Santo. Não podendo me deter muito nos detalhes deste tema, limito-me a lembrar em algumas pala pa lavr vras as pelo pe lo meno me noss a hipó hi póte tese se mais ma is vero ve rossí ssím m il sobre so bre a histór his tória ia da reda re daçã çãoo do Quarto Evangelho. Uma “escola joanina”, comumente situada em Éfeso — cidade da Ásia Menor onde se encontravam correntes religiosas múltiplas —, estaria na origem da apresentação que é qualificada de “joanina”. A cristologia do 2. Papiro publicado por V. Martin em Cologny-Genève em 1961 e classificado como P73 P73; antes, antes , ele havia h avia public p ublicado, ado, em 1956, o P66 P66, que comport co mportava ava os caps. ca ps. 1,1 1,1 6,11; 635b-14,15 e alguns fragmentos de 15 a 21. 3. Inácio de Antioquia, Phil 7,9; Magn 8,2; Rm 7,2-3. 4. Os críticos são quase unânimes em rejeitar a hipótese proposta por J. A. T. Redating the N ew Testament , Londres, 1976 e infelizmente vulgarizada Robinson, Redating hébreu, OEIL, 1983. por C. Tresmontant, Tresmontant, Le Christ hébreu, 5. Essa lista é chamada “Cânon de Muratori”, do nome do bibliotecário milanês que a descobriu em 1740 1740;; o manuscrito data do século VIII. Cf. SDB 5 (1957) 1399 1408.
U m E v a n g e l h o E s p ir it u a l
Quarto Evangelho é muito evoluída em relação à dos três primeiros (Mateus, Marcos e Lucas); a divindade de Jesus é posta em tal relevo que a obra joa jo a nina ni na estev es tevee dura du rant ntee m uito ui to tempo tem po sob so b susp su spei eita ta pela pe la tend te ndên ênci ciaa jude ju deuu-cr cris istã tã66. Todas essas particularidades são atribuídas à escola de Efeso, ou, em todo caso, a uma “comunidade joanina”, a qual, contudo, não trabalhava a partir de especulações, mas das lembranças e ensinamentos transmitidos transmitidos pelo após tolo João, filho de Zebedeu. O conjunto foi retomado e reunido pelo evangelista-escritor. Enfim, um redator compilador teria inserido o ponto final na redação do pequeno livro. Sumariamente, essas etapas poderiam ser repre sentadas num quadro: Etapa Etapa Etapa Etapa
0: 1: 2: 3:
O Apóstolo João, filho de Zebedeu7. A escola joanina: teólogos e pregadores. O evangelista-escritor. O redator-compilador.
Um evangelho espiritual Na leitu lei tura ra aten at enta ta de Jo , o exeg ex egeta eta não nã o está es tá só, só , pois po is o evan ev ange gelis lista ta está est á envolvido na narrativa: ele não apenas permeou o texto com explicações para pa rale lela las, s, dial di alog ogan ando do com co m seu leito le itor, r, mas ma s forne fo rnece ceuu o princ pr incípi ípioo teol te ológ ógic icoo que deu forma à sua obra: o papel explícito do Espírito Santo na compreensão do mistério de Jesus. No sécu sé culo lo II, C lem le m ente en te de A lexa le xand ndria ria assin as sinala ala que qu e “ obse ob serv rvan ando do que qu e nos evangelhos haviam sido narrados os fatos corporais, João, o ültimo de todos, compôs o evangelho espiritual8”. Desse julgamento, sem dúvida um tanto simplista, não devemos deduzir que os sinóticos não estejam impregnados de teologia! Fica uma diferença notável: os sinóticos relatam, cada um à sua maneira, os acontecimentos passados de acordo com as lembranças de cada comunidade; mas Jo esforçou-se por dar o sentido dessas lembranças à luz do Espírito Santo e numa perspectiva nitidamente pós-pascal. Voltemos aos termos usados por Clemente: “evangelho”, “espiritual”. *** co m m unau un auté té du disc di scipl iplee bien bi en-a -aim imé é (1979), trad. fr., 6. Cf. R. E. Brown, La com Cerf, 1983. 7. Designando essa etapa pelo número 0, queremos evitar enumerar a fonte ori ginal com os rios que dele derivam. Ela pode ser caracterizada pelas passagens que não são tipicamente “joani “joaninas” nas” ; cf. C. H. Dodd, Trad. hist. (1963), tr. fr., Cerf, 1987, 13-34. [Por “joanino” entende-se geralmente o estilo do evangelista-escritor.] H E, VI, 14,7 = S C 41 (1957) 107. 8. Segundo Eusébio, HE,
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Um “evangelho” não é, no sentido moderno da palavra, uma biografia de Jesüs; é, de acordo com a etimologia, o anúncio da Boa Nova. Os termos aparecem na tradução grega do livro livro de Isaías, euangelístês e euangelízomai aparecem escrito por volta do fim do exílio de Babilônia; o profeta encoraja os cativos a voltar para a Jerusalém de seus pais. Ele já contempla a multidão que avança, e diante dela caminha um arauto. Do alto dos muros de Sião, as sentinelas o espreitam: Como são belos nos montes os pés do mensageiro [= do evangelista]! Ele proclama a paz, anuncia [ = evangeliza] evangeliza] a felicidade, proclama a salvação; diz a Sião: “Teu Deus reina! Escuta!” Em coro [as sentinelas] jubilam, pois Is 52,7 52 ,7-8 -8 com seus próprios olhos vêem como YHWH volta a Sião.
O reino de Deus começa no exato instante em que o mensageiro anuncia que, com o povo hebreu, YHWH YHW H volta volta a Sião. Na N a mentalidade semítica, tão tão diferente diferente do pensamento grego, palavra e realidade estão unidas: quando Deus “diz”, ele realiza o que ele diz: a Palavra de Deus cria o que ela proclama. A história de Jesus de Nazaré é relatada nos “evangelhos” com a fina lidade de suscitar ou de confirmar a fé dos leitores nAquele que os salva. Nen N enhh um e v a n g e list li staa p rete re tenn d e c o n tar ta r os ac o n tec te c im e n tos to s pass pa ssad adoo s sem se m interpretá-los de acordo com o seu significado para o dia-a-dia do leitor; cada um dá o testemunho de sua comunidade eclesial sobre os fatos que servem de base para sua existência e para a sua fé. O que o evangelista escreve não é, portanto, como no profeta Isaías, um anúncio para o futuro. É, ao contrário, um olhar, só possível tarde demais, para pa ra um acon ac ontec tecim imen ento to enra en raiz izad adoo num nu m terr te rren enoo histó hi stóric rico, o, cuja cu ja impo im portâ rtânc ncia ia prov pr ovou ou ser se r deci de cisiv sivaa e para pa ra sem se m pre pr e atual: atu al: esse es se acon ac onte teci cim m ento en to trans tra nsfo form rmou ou a relação entre Deus e os homens e dos homens entre si. O leitor é situado na pres pr esen ença ça dess de ssaa novid no vidad adee de vida vid a e conv co nvid idad adoo a faze fa zerr parte pa rte dela de la;; para pa ra tant ta nto, o, é posto em contato não com um m orto ilustre, ilustre, mas com um Vivente de quem sua própria existência depende para se realizar. *** Jo mantém, com os três sinóticos, essa perspectiva “evangélica”; ade mais, dá claramente a razão disso. Sem dúvida, Jesus revelou a “vida” ofe recida a todos aqueles que, pela fé, teriam parte na relação que o une ao Pai; mas sua revelação não pôde ser compreendida antes que o acontecimento pasc pa scal al a desse de sse por po r term te rmin inad ada. a. Esse Es se é o m otivo oti vo pelo pe lo qu al, al , depo de pois is da parti pa rtida da de Jesus, ela foi prosseguida, ou antes, tomou-se novamente presente, de outra maneira, m aneira, a saber, pela mediação do Espírito. Tendo voltado deste mundo para pa ra o P ai, ai , Jesu Je suss com co m unic un icou ou aos ao s disc di scíp ípul ulos os “um “u m outr ou troo Pará Pa rácl clito ito”” (14, (1 4,16 16)) que, qu e, de acordo com a promessa do próprio Jesus, “vos ensinará e lembrará tudo
O S DOIS TEMPOS DA DA LEIT LEITUR URA A
o que eu vos disse” (14,26). Única, a revelação de Jesus se realizou em dois per p erío íodo dos, s, dos do s quais qu ais apen ap enas as o segu se gund ndoo perm pe rmite ite a plen pl enaa intelig inte ligên ência cia daqu da quilo ilo que estava integralmente contido no primeiro. Se, durante sua vida terrestre, Jesus não pôde revelar em toda a sua claridade o mistério que dizia respeito a ele e a nós, não é somente porque antes de sua morte e glorificação esse mistério não podia ser conhecido em sua totalidade, mas também porque, segundo Jo, o dom do Espírito é neces sário ao homem para que ele entenda a Palavra de Deus e compreenda que esse dom é o fruto da Cruz. Mas Jesus pôde depositar no coração de seus discípulos palavras de caráter “seminal”9: a água do Espírito faria com que elas germinassem no devido tempo. É portanto mais tarde, na Igreja, que os crentes deviam descobrir o pensamento profundo de Jesus. Ora, em virtude de sua consciência messiânica, Jesus não visava unicamente a seus contem porâ po râne neos os da Pales Pa lestin tina; a; estes es tes não eram er am os seus se us único ún icoss ouvi ou vint ntes es,, além a lém de serem se rem ouvintes imperfeitos. Através deles, os verdadeiros contemporâneos de Jesus são os leitores do Evangelho que, sem ter visto, acreditaram. Jo relata portanto os acontecimentos passados que ele escolheu como os mais significativos e dos quais ele se diz “testemunha” (21,24): eles consti tuem o núcleo fundador sem o qual nada teria existido, a fonte à qual é prec pr ecis isoo volta vo ltarr cont co ntin inua uam m ente en te para pa ra se dess de ssed eden enta tar. r. M as ele faz, fa z, sim ultân ult ânea ea e deliberadamente, transparecer “toda a verdade” (16,13), cuja compreensão prof pr ofun unda da ele rece re cebe beuu do Espír Es pírito ito.. A ssim ss im,, o pass pa ssad adoo de Jesu Je suss de N azar az aréé testemunhado por seus contemporâneos em Israel e o presente do Ressusci tado na comunidade dos crentes são ambos “legíveis” nas palavras e nos atos de Jesus contidos no evangelho de Jo. De que modo o evangelista resolveu isso concretamente? Durante muito tempo pensei, de acordo com O. Cullmann e L. Cerfaux10, que o princípio de dois tempos de leitura permitia situar exatamente a relação que, na escritura joa jo a n ina in a , liga os dois do is pólos pó los do antes an tes e do póspó s-Pá Pásc scoa oa.. Esse Es se princ pr incípi ípioo cont co ntin inua ua essencial, mesmo que tenha de ser completado pelo princípio de uma “leitura “leitura simbólica”.
Os dois tempos de leitura Jo distingue, às vezes explicitamente, o tempo dos ouvintes contemporâ neos de Jesus e o tempo dos leitores situados depois da Páscoa; com efeito, 9. P. Joüon, N R T 67 (1940) 320 nota 7. Mé l. M . Gog Goguel uel,, Neuchâtel, 1950,52-61. L. Cerfaux, em Recue Re cueil, il, 10.0 . Cullma Cullmann, nn, Mél. Gembloux, 1954, II, 17-26.
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por p or um lado la do,, a vida vid a de Jesu Je suss foi, fo i, com co m o tal, ta l, uma um a histó hi stória ria hum hu m ana an a aces ac essí síve vell a p o st qualquer um, crente ou não; por outro lado, só o crente tem dela — po factu fa ctum m — a compreensão espiritual; os mesmos fatos podem ser vistos se gundo a perspectiva dos contemporâneos ou à luz da fé pascal. Todo leitor do Quarto Evangelho se surpreende com o caráter ambíguo das palavras e dos atos relatados: relatados: nunca se tem a certeza de ter compreendido bem be m a inte in tenç nção ão d A quel qu elee que qu e fala fa la ou faz. faz . “O “ O vento ve nto sopra sop ra onde on de quer qu er““ , “Láz “L ázar aroo dorme”, “o Filho do Homem deve ser levantado”... Essa impressão é con firmada pela ininteligência dos ouvintes de Jesus. Somos assim levados a perg pe rgun unta tarr se isso iss o não nã o é o resu re sulta ltado do de uma um a siste sis tem m atiz at izaç ação ão do evan ev ange gelis lista. ta. Primeiro nos diálogos, Jo parece, com efeito, ter sistematizado, sistematizado, amplian do-o, do-o , um processo proce sso que originariamente originariamen te pertence à tradição apo calíptica1 calíp tica111. De De acordo com esta, os m istérios istérios do Reino não podem se r explicados explicados de um a só vez ao ouvinte. O Revelador propõe uma verdade sob uma forma mais ou menos enigmática, que portanto não é imediatamente compreensível; ela prov pr ovoc ocaa no inte in terl rloc ocut utor or um pedid pe didoo de expl ex plic icaç ação ão,, pedid pe didoo nece ne cess ssár ário io para pa ra que, a seguir, seja dada uma resposta clara. Esse procedimento pode ser claramente percebido nos diálogos, por exemplo, entre Jesus e Nicodemos ou entre Jesus e a Samaritana. Ora, constata-se em Jo que a “explicação” dada em segundo lugar não só está está em perfeita continuidade continuidade com o primeiro enunciado, mas o ultrapassa, não só em clareza, mas propriamente propriamente quanto ao conteúdo. No prim pr imei eiro ro enun en unci ciad ado, o, o que qu e Jesu Je suss diz di z a seus seu s ouvi ou vint ntes es é , em prin pr incí cípi pio, o, compreensível para eles a partir do conhecimento que eles têm da Escritura, no quadro da fé judaica judaic a tradicional: tradicional: orienta-os a reconhecer em Jesus aquele por po r meio me io do qual qu al D eus eu s cum cu m pre pr e as prom pr om essas ess as feita fe itass a Israe Is rael.l. A segu se guir ir,, depo de pois is que o caráter prodigioso do anúncio deu lugar a uma interrogação, eis que a resposta de Jesus — a segunda segund a revelação — só é inteligível inteligível para os leitores de Jo, situados depois da Páscoa. Não se trata apenas de reconhecer em Jesus o M essias essias prometido prom etido por D eus, mas de entender o próprio próprio mistério mistério do Filho, de seu próprio itinerário, e de entrar por aí no mistério do amor de Deus pelos pe los hom ho m ens, en s, tal com co m o o Filh Fi lhoo o reve re velo louu (3,16 (3, 16;; cf. cf . 1,18). A palavra inicial inicial que, segundo o evangelista, evangelista, Jesus pronuncia (como 3 3 ) proc pr oced eder eria ia do prim pr imei eiro ro tem te m po, po , o dos do s ouvin ou vinte tess histó his tóric ricos os de Jesu Je sus; s; ela el a cons co ns titui um apelo para que se procure o que a revelação divina, já recebida por Israel, permitia captar ou entrever, ao passo que a explicação (como em 3,11Parabole le évangelique, évangelique, DDB, 1947. Cf. Ez 17,2-24; Dn 11. Cf. M. Hermaniuk, La Parabo 2,17-30; Ap 1,20; Mt 13 par.
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13), que é de fato um novo anúncio, pertenceria ao segundo tempo de inte ligência, aquele que se iniciou com o acontecimento pascal e que o Espírito ilumina. Em alguns episódios, são as mesmas palavras, de Jesus ou de outro pers pe rson onag agem em , que qu e com co m porta po rtam m ao m esmo esm o tem te m po um senti se ntido do com co m preen pre ensív sível el aos judeus e um sentido propriamente cristão. Aí, também, o princípio de dois tempos de inteligência comanda o texto. Certas aporias poderiam ser resolvidas se se distinguisse, em relação a uma palavra que causa dificulda de, o seu nível de leitura. Por exemplo, a proclamação do Batista: “Este é o Filho de Deus” (134) não é anacrônica se for lida em sua boca no sentido veterotestamentário familiar aos ouvintes, ao mesmo tempo em que Jo inclui aí, para o leitor, o sentido que a expressão equivalente de “Filho único” tem no Prólogo teológico. Sobretudo o discurso sobre o Pão da vida poderia ser entendido ora da fé, no primeiro tempo da revelação, e ora do sacramento, no segundo tempo. E mais, é já em função do segundo tempo que Jo quis apresentar a opção dos próprios contemporâneos sobre a fé na pessoa de Jesus; essa decisão deve caracterizar o leitor em sua prática eucarística. Jo restitui ao mesmo tempo a pregação de Jesus de Nazaré e o ensina mento claro do Espírito. Ele toca assim em dois teclados: o da memória, que pode po de depe de pend nder er dos do s ouvi ou vint ntes es-te -teste stem m unha un has, s, e o da cont co ntem empl plaç ação ão do m istér ist ério, io, que pertence aos crentes. O essencial está na relação entre os dois tempos. Esse princípio supõe que não se isola o primeiro tempo e que não se vê nele a reconstituição “histórica” do acontecimento passado. Em função do seu proj pr ojet eto, o, Jo m uitas uit as veze ve zess trans tra nsfo form rmou ou a tradi tra diçã çãoo com co m um . N ão se pode po de igual igu al mente privilegiar sem mais o segundo tempo, como se o primeiro tivesse terminado, já que ele continua a produzir seus efeitos na compreensão da salvação. Em certo sentido, os dois tempos são sucessivos, como o Novo Tes tamento que toma o lugar do Antigo. Contudo, como para estes, o segundo não suplanta o primeiro, ele o ilumina e realiza; e o primeiro enraíza o segundo. O primeiro tempo conserva uma importância atual. E isso não só como acontecimento fundador, o que por certo é capital, mas pelo fato de que, sendo Jesus inseparável de Israel, é todo o passado de Israel que confluiu no seu ministério na Palestina. Quando o evangelista remete o leitor a Jesus de Nazaré, não é simplesmente a um indivíduo rodeado de alguns contemporâneos, mas a Jesus em quem se exprime o Logos, assumindo a fé ancestral de Israel para cumprir as promessas. Pois a Aliança é única, mesmo se novamente estabelecida pelo Filho de Deus. Assim o primeiro tempo, quando os ouvintes poderiam entender que Jesus, o Messias, realizará as
Li m i n a r
prom pr om essa es sass divi di vina nas, s, visa vis a tam ta m bém bé m , na n a real re alid idad ade, e, para pa ra além al ém do m istér ist ério io pessoa pes soall do Filho: as promessas contidas na Escritura, em particular nos escritos apocalípticos, se estendem até uma realização que está além da obra de Messias. Sua evocação nos diálogos joaninos inscreve o itinerário do próprio Filho dentro do projeto total de Deus, que vai até o último dia. Corretamente compreendida, a revelação de Jesus, de acordo com o primeiro tempo de compreensão, desemboca já na realização plena da salvação; o que ela não contém é a revelação do “nieio” pelo qual se realiza o projeto de Deus. Se a Páscoa traz consigo a luz definitiva, a Parusia todavia ainda não chegou; situado entre esses dois acontecimentos, o cristão ainda continua voltado para pa ra a segu se gund ndaa Vind Vi ndaa de C risto; ris to; ele el e tem de vive vi ver, r, à sua su a m anei an eira ra,, m as real re al mente, a espera dos contemporâneos de Jesus. Reconhecer os dois tempos de compreensão da revelação não deve levar a desconhecer a unidade do projeto de Deus nem a unidade do crente; é prec pr eciso iso resp re spei eita tarr ao m esm es m o tem te m po os Dois Do is e o Um que qu e tradu tra duze zem m o misté mi stério rio na sua realidade total. Definitivamente, a crítica que se pode fazer à expres são “dois tempos” é a de usar uma terminologia que insiste sobre os “dois” em detrimento do “um”, enquanto o texto é único. De onde a tentativa de recorrer a outro princípio de leitura, mais adaptado a manifestar os dois no único.
Uma leitura simbólica Não N ão pode po dem m os dese de senv nvol olve verr aqui aq ui um a teor te oria ia do sím bolo bo lo visto vis to que qu e as pro pr o posta po stass dos do s espe es peci cial alis ista tass são sã o extr ex trem em am ente en te vari va riad adas as,, depe de pend nden endo do do seu domínio preferido — a filosofia, a história das religiões ou a análise psico lógica. Basta lembrar alguns dados elementares12. A despeito do uso banal da palavra, “simbólico” não se opõe de modo algum a “real” , Pelo contrário, só é simbólico aquilo que apresenta uma realidade com a qual quem o olha entra em comunhão. A palavra “símbolo” significa “pôr “p ôr junto” junto ” 13: um símbolo une duas entidad e ntidades, es, a que é imediatamen imediatam en te perceptível pelos sentidos e a invisível, que é visada; esta transparece imediatamente na primeira. Segue-se que a primeira não remete à segunda 12. Inspiro-me na excelente apresentação de G. Durand, L Tmaginat Tmagination ion symbolisymb olique, PUF, 1964. Cf. minha obra, Le Part Partag agee du pain eucharisti eucharistique, que, Seuil, 1982, 151-153. * 13. Do grego sym-bállein. Designa, em geral, um sinal de reconhecimento; cf. Dictionnaire Dictionnaire du Nouveau Testament , Seuil, 1978, 507.
Uma
l e it u r a s im b ó l i c a
com o uma realidade distante e heterogênea heterogêne a (o que é feito feito pelo signo: signo: fumaça, fum aça, sinal de fogo); mesmo não sendo o significado, a entidade primeira permite que o significado se manifeste e se comunique à consciência. Isso pressupõe uma operação mental: o espírito humano, a partir da sua cultura, da sua situação ou do seu inconsciente, determina, entre as diversas virtualidades simbólicas de um mesmo objeto — por exemplo, da água, que pode po de signi sig nific ficar ar a puri pu rific ficaç ação ão,, a m orte, or te, o E spír sp írititoo ... .. . — aque aq uela la que qu e num nu m dado da do contexto se manifesta a ele. É evidente que Jo recorreu de bom grado ao símbolo, herdeiro que é da grande tradição bíblica; assim, na sua linguagem, a água viva, o pão etc. exprimem diretamente realidades da salvação. A abstração é estranha ao pens pe nsam amen ento to sem se m ítico íti co,, e não nã o por po r acas ac aso, o, pois po is para par a ele toda tod a cria cr iatu tura ra é “boa “b oa”” (Gn 131) e pode tomar-se “palavra”. Assim, Jo faz aparecer através dos milagres bem concretos de Jesus não tanto o seu poder de taumaturgo, por certo reconhecido pelos seus contemporâneos como pelo evangelista, mas tal ou tal aspecto da salvação oferecida ao homem como um todo e, daí, tal ou tal aspecto do mistério pessoal de Jesus; assim a visão restituída a um cego de nascença simboliza que Jesus é luz. Enfim, há relatos inteiros que são “simbólicos” como tais: eles dizem outra coisa que o que dizem imediatamente: através de realidades sensíveis, eles manifestam o sentido profundo da obra de Jesus. Ora, em Jo a simbólica não se limita a uma maneira de falar e de agir de Jesus no Quarto Evangelho; o texto inteiro pode ser muito bem abordado nessa base. A narrativa do evangelho é uma, mas a todo instante Jesus de Nazaré, que é o seu protagonista, é “simbólico” do Ressuscitado, aquele que, de acordo com a convicção do evangelista, está glorificado junto do Pai e pre sente na comunidade dos crentes. De acordo com uma perspectiva que lhe vem da sua igreja, o evangelista escolheu entre os dados que a tradição havia conservado sobre Jesus os que melhor podiam lhe permitir manifestar a seus leitores a profundeza do acontecimento. Por exemplo, a narrativa da expul são dos mercadores do Templo (2,13-22), que Jo relata de acordo com os sinóticos, desemboca na simbólica do novo Templo, que é o próprio Jesus. Sempre cuidando da exatidão, em muitas anotações, Jo deu ao passado uma mais-valia na qual se reconhece a plenitude da fé pascal. Poder-se-ia dizer que o passado ao qual o texto se refere é e não é o o presente de Jesus e dos crentes. O evangelista foi quem reuniu as duas realidades mediante uma “operação simbólica”. Nessas condições, o passado não é a ocasião de
Liminab
uma reflexão sobre o presente nem um modelo; ele já é, sem o ser, o próprio pres pr esen ente te,, com co m o um ícone íco ne no qual qu al,, atrav atr avés és dos do s traç tr aços os fixad fix ados os pelo pe lo pint pi ntor or de acordo com leis secretas, o orante ortodoxo é posto em presença do mistério.
Abordagens do texto É preciso conservar na memória a ótica essencial de Jo, mas isso não basta ba sta para pa ra pode po derr lê-lo lê-l o em deta de talh lhe. e. Dois Do is m étod ét odos os prin pr incip cipai aiss com co m anda an dam m a compreensão de um texto. De acordo com o método “diacrônico”, o comen tador tenta reconstituir as etapas da formação do texto. De acordo com o método “sincrônico”, o texto é examinado em seu último estágio e não na sua gênese. Esses dois métodos são complementares; erro seria acreditar que são mutuamente exclusivos14. Dois procedimentos fazem parte do método diacrônico: a procura das fontes e a investigação dos parentescos literários. O primeiro visa remontar a um texto considerado original que, pouco a pouco, foi completado por acréscimos sucessivos. Assim, com a ajuda de estudos lexicográficos muito sutis, M. E. B oism ard15chego ard15chegouu a propor pro por a existência de João I, João II, II , João IIA, João IIB, João III, este último representando o texto atual. O comentador mais recente em língua alemã, J. Becker16, tomou uma posição firme sobre o que deve ser atribuído ao “redator eclesiástico”, o qual teria transformado (senão deformado) o pensamento de Jo. Ele se mostra assim sucessor de Bultmann17, o qual, há uns cinqüenta anos, redigiu o comentário não do “evangelho joanino” (de acordo com a denominação alemã tradicional), mas mas do “evangelho de João”; para isso, ele teve de eliminar muitos textos que, na sua opinião, em razão de dependências de tipo gnóstico, não correspon diam ao que o evangelista devia ter escrito. Ao final desse procedimento, o texto seria mais bem compreendido pelo fato de se ter assistido à sua gênese. Mas as hipóteses subjacentes a essa “história” são tão numerosas e tão pouco seguras que muitos estudiosos pref pr efer erem em aban ab ando doná ná-la -la.. Em contrapartida, eles preferem seguir o outro procedimento proposto pelo pe lo m étodo éto do diac di acrô rôni nico co,, às vezes vez es cham ch amad adoo de m étodo éto do com co m para pa ratis tista ta.. É certo ce rto 14. Boas reflexões em M. Theobald, BZ B Z 22 (1978) 161-186. 15. M. E. Boismard, L'Évang L'É vangile ile de Jean, Jean, Cerf, 1977. 16. J. Becker, Das Evangelium nach Johannes Johannes (2 tomos), Gütersloh, 1979-1981. 17. R. Bultmann, Das Das Evangelium na nach ch Johannes, Johannes, Gõttingen, 1941.
A b o r d a g e n s
do texto
que o texto atual sofreu múltiplas influências — especialmente da tradição evangélica anterior e do patrimônio patrimônio bíblico, bíblico, mas também do m eio judaico da época, da mentalidade grega ou do gnosticismo. Essas influências não de monstram necessariamente uma dependência literária, mas manifestam mui tas vezes parentescos que ajudam a captar mais exatamente a perspectiva do texto de Jo. Assim, a narrativa da cura do filho do oficial régio (4,46-54) deve ser confrontada com a narrativa paralela paralela da tradição tradição sinótica; sinótica; o movimen to do Prólogo é aparentado com os textos apresentados pela Sabedoria per sonificada. De todo modo, o trabalho do exegeta não se reduz a estabelecer um texto original, e muito menos a visar ao referente do texto, isto é, ao acontecimen to relatado. Sem dúvida, é importante remontar aos testemunhos de ordem histórica18, mas o essencial na leitura de um texto é entender melhor a sua mensagem. Eis por que adotamos o método sincrônico, apto a recorrer ao contexto quer qu er literário, literário, quer cultural para determ inar melhor me lhor sua perspectiva. perspectiva. Indiquemos algumas das operações efetuadas de acordo com esse método. A primeira operação consiste em delimitar a unidade literária que a seguir será analisada. Tal empreendimento é extremamente delicado, porque, se o evangelho, em seu conjunto, constitui sem dúvida uma grande unidade literária, as partes que o compõem se mostram tão intrinsecamente ligadas umas às outras que seria de mau alvitre rejeitar tal distribuição interna em nome de alguma outra; esse exclusivismo é ingênuo. Por mais que se queira base ba sear ar suas sua s infor inf orm m açõe aç õess sobre sob re “evi “e vidê dênc ncia ias” s” lingü lin güíst ístic icas as,, inter int erfe fere rem m opçõ op ções es a prior pr iorii que dependem d ependem forçosamente d a subjetividade subjetividade do estudioso e relativizam a validade da demonstração. Convém igualmente ser modesto nas descober tas, sabendo que o equilíbrio encontrado é fluido, senão precário, e que alguma outra distribuição pode conter uma parte da verdade. Contudo, é preciso comprometer-se com uma ou com outra divisão das “unidades” a ser interpretadas. O mesmo problema se apresentará evidente mente quando se tratar de propor um plano global do evangelho. Por ora, lembremos alguns critérios. O processo literário literário da inclusão pode ajudar a delimitar delim itar a unidade textual que se procura. Contud o, em Jo, Jo , um vocabulário vocabulário restrito restrito e, portanto, repetitivo, repetitivo, cria o risco de induzir em erro. A mudança de estilo de uma passagem para 18. 18. O que fez magistralmente magi stralmente C. H. Dodd, Trad. hist. Sobre a questão da “his L e s Évan Év angil giles es e t THist TH istoir oiree de toricidade” do Quarto Evangelho, cf. minha obra Le Jés J ésus us , Seuil, 1963, 140-143.