IMUNOLOGIA O sistema imune do nosso corpo é de grande eficiência no combate a microorganismos invasores. Além disso, ele é responsável pela "limpeza" do organismo, ou seja, a retirada de células mortas, a renovação de determinadas estruturas, rejeição de enxertos, e memória imunológica. As células do sistema imune são produzidas na medula óssea vermelha nos tecidos linfóides. Existe uma variedade de locais onde podemos encontrar tecidos linfóides. O tecido linfóide pode estar acumulado formando os linfonodos que se interpõem entre os vasos linfáticos do corpo; pode fazer parte do parênquima de órgãos maciços como o baço, o timo ou as placas de Peyer do íleo. As tonsilas (amígdalas) são formadas puramente por tecido linfóide. Alguns órgãos não possuem tecidos linfóides, mas tem uma grande população de macrófagos prontos para agir e fazer a "limpeza" do local. Células do sistema imune são altamente organizadas como um exército. Cada tipo de célula age de acordo com sua função. Algumas são encarregadas de receber ou enviar mensagens de ataque, ou mensagens de supressão (inibição), outras apresentam o "inimigo" ao exército do sistema imune, outras só atacam para matar, outras constroem substâncias que neutralizam os "inimigos" ou neutralizam substâncias liberadas pelos “inimigos”. Substâncias estranhas ao corpo, os antígenos, induzem uma resposta de defesa específica, a resposta imune humoral (RIH) que envolve a produção de anticorpos. Os anticorpos são proteínas de defesa, elaboradas pelo sistema imunológico visando proteger o organismo da ação de possíveis invasores, os antígenos. Anticorpos são produzidos com a função principal de neutralizar e eliminar o antígeno que estimulou a sua produção. Todo anticorpo é específico para uma substância, ou grupo de substâncias semelhantes, que o organismo não reconhece como sendo sua e combate como sendo um possível invasor. Esse processo de eliminação é feito de diversas formas, através da fixação do complemento, opsionização, reação anafilática (desgranulação de mastócitos), neutralização da substância, aglutinação, etc. Os anticorpos são proteínas denominadas de gamaglobulina e imunoglobulina que exercem diferentes atividades segundo seu isotipo (IgG, IgM, IgA...). A defesa do organismo é desempenhada por um grupo de células especializadas como os macrófagos, linfócitos, monócitos, neutrófilos e mastócitos. Células do sistema imune Leucócitos As células do sistema imune são denominadas leucócitos (leukos=branco), pois são células brancas do sangue. O número de leucócitos por milímetro de sangue no adulto normal é de 5.000 a 10.000. As células derivadas exclusivamente da medula, são nomeadas de acordo com a sua coloração pelo corante universal hematoxilina-eosina. São eles os leucócitos granulócitos : neutrófilos; eosinófilos e basófilos. E as células que não apresentam granulações, os monócitos e os linfócitos. Granulócitos Neutrófilos - São células polimorfonucleares (PMN), ou seja, possuem um núcleo multilobulado. Um pequeno apêndice aparece ao lado do núcleo de neutrófilos de pessoas do sexo feminino. Este apêndice é a manifestação visual da cromatina sexual (cromossomo X). São os leucócitos mais populosos do sangue, fazendo parte de aproximadamente 65% dos leucócitos do sangue. Eles são os principais fagócitos do sangue e participam da reação inflamatória, sendo sensíveis a agentes quimiotáxicos liberados pelos mastócitos, basófilos e complementos. Agentes quimiotáxicos são substâncias que atraem os neutrófilos até o local, ajudando no movimento em direção ao agente agressor. Os neutrófilos são células piogênicas, ou seja, dão o aspecto purulento nas inflamações. O pus é formado por substâncias bacterianas, bactérias mortas, sangue, mas, principalmente, por neutrófilos que morreram em combate. Acidófilos - Os eosinófilos, ou acidófilos, são leucócitos granulócitos presentes na sangue em pequena quantidade. É encontrado fazendo parte de aproximadamente 3% dos leucócitos do sangue. São capazes de fagocitar bactérias ou qualquer outro material estranho. Mas, a sua principal função não é a fagocitose, mas sim a secreção da PBM (proteína básica maior). Ela é tóxica para parasitas de humanos e causam a sua morte. Se o sangue do indivíduo estiver com a taxa de eosinófilos alta (leucocitose eosinofílica) é um grande indicador de infecção parasitária. Basófilos - são granulócitos encontrados no sangue em pequena quantidade, variando entre 0 a 1 % dos leucócitos. Os basófilos têm função semelhante à dos mastócitos. Participam das reações alérgicas. Agranulócitos: monócitos e linfócitos Monócitos - os monócitos estão presentes no sangue, constituindo-se de 3 a 8 % dos leucócitos
1.
2.
3.
4.
5.
circulantes. Originam os macrófagos, células gigantes, amebóides, que não estão circulando no sangue. São células que aparecem no tecido conjuntivo ou no parênquima de algum órgão, e são originadas a partir dos monócitos, que migraram até o local. Os monócitos também formam os osteoclastos presentes no tecido conjuntivo ósseo. Estes osteoclastos são células que digerem a hidroxiapatita dos ossos e com isso liberam cálcio e fosfato para o sangue. Os macrófagos possuem funções de extrema importância para o sistema imune: Apresentador de antígenos: Os macrófagos são células que vão fagocitar o antígeno e digeri-lo. Porém, projetam na superfície da membrana uma parte específica do antígeno, seus epítopos, que são apresentados ao linfócito T ou ao linfócito B. Epítopos são moléculas específicas dos antígeno que são capazes de criar uma população de células, específica para combatê-lo. Sintetiza o MHC classe II [ MHC (Major Histocompatibility Complex)], que é um antígeno produzido pela célula, MHC significa complexo de histocompatibilidade principal, originado em genes chamados de HLA-D, que se combinará com o linfócito T. Este irá estimular todo o sistema imune do organismo e "convocar" as células para o ataque. Limpador: Os macrófagos são células que chegam para fazer a limpeza de um tecido que necrosou, ou que inflamou. Eles fagocitam restos celulares, células mortas, proteínas estranhas, calo ósseo que se formou numa fratura, tecido de cicatrização exuberante etc. Após esta limpeza, os fibroblastos ativos (no caso de uma necrose) vão ao local e preenchem o espaço com colágeno. Produtor de interleucinas: O macrófago é o principal produtor da interleucina I (IL-1). Ele produz a IL-1 quando fagocita organismos invasores (micróbios), que dá o alarme para o sistema imune. Esta citocína estimula linfócitos T helper até o local da infecção, onde serão apresentados aos epítopos nos macrófagos. Além disso a IL-1 estimula a expansão clonal dos LT helper e dos linfócitos 8 específicos contra os epítopos. A IL-1 é responsável pela febre nas infecções e inflamações que ocorrem no corpo. Ela vai ao hipotálamo e estimula a produção de prostaglandinas, que ativam o sistema de elevação da temperatura. Estes núcleos ativados vão fazer com que os vasos sangüíneos da pele se contraiam. Com isso a pele retém o calor do corpo, fazendo-o esquentar. O suor que aparece na febre indica melhora, pois os vasos da pele se dilatam e as glândulas sudoríparas, então em funcionamento, liberam água, mandando o calor para o meio externo. Os macrófagos são responsáveis pelo sistema monocítico fagocitário (SMF), pois vêm da maturação dos monócitos que chegam pelo sangue. Existem células que são morfologicamente diferentes dos macrófagos, mas têm a mesma função, e provém dos monócitos da mesma forma, sendo, então parte do SMF. São eles: monócito sanguíneo - circulante no sangue; micróglia - SNC; células de Kuppfer fígado; macrófagos alveolares - pulmão; células dendríticas - região subcortical dos linfonodos; mesângio intraglomerular - glomérulo de Malpighi renal; macrófagos sinusais do baço; cordões de Billroth da polpa vermelha do baço; macrófagos das serosas - peritônio, pericárdio e pleura e células de Langerhans – pele. Os macrófagos ou células de Langerhans da pele quando inativados, viram histiócitos. Estes reduzem as suas organelas e diminuem o seu metabolismo ficando como um "vegetal". Os histiócitos são responsáveis pela formação da tatuagem, quando seu citoplasma fica cheio de pigmentos fagocitados. Os linfócitos são agranulócitos (sem grânulos no citoplasma), que são identificáveis pela microscopia óptica pela sua imensa massa nuclear que toma quase todo o citoplasma. No sangue representam de 20 a 30% dos leucócitos. São células indiferenciadas entre si pela microscopia óptica, entretanto, podem ser diferenciadas pelas técnicas imunocitoquímicas que detectam o CD (cluster differenciation) é possível saber que tipo de linfócito está se observando. Os linfócitos são divididos em linfócitos T, linfócitos B e linfócitos NK; sendo o LT responsável principalmente pelo auxílio ao sistema imune e resposta imune celular, o linfócito B responsável pela resposta imune humoral e os linfócitos NK pela resposta imune inespecífica. Os LT e os LB produzem resposta imune específica, pois ambos são estimulados a partir de epítopos de antígeno específico. Neste caso formarão populações monoclonais específicas para atacar o antígeno em questão. Origem dos linfócitos: Os linfócitos chegam aos órgãos linfáticos periféricos através do sangue e da linfa.
Linfócitos T – o nome LT deriva do fato de serem dependentes do timo para o seu desenvolvimento e maturação. São de três tipos: LT auxiliares (helpers), LT supressores e LT citotóxico.
Os LT auxiliares ou células de “memória imunológica” , possuem o receptor CD4, que tem a função de reconhecer macrófagos ativados. É o mais importante mensageiro do sistema imune, envia mensagens para os demais leucócitos iniciarem a guerra aos agentes invasores, orienta os LB na produção de anticorpos; produz as interleucinas e interferon que estão relacionadas à resposta imune celular. É o principal alvo do vírus HIV. LT supressores determinam o momento de parar a produção dos anticorpos; L T citotóxicos, possuem receptores CD8, identificam receptores de células rejeitadas (transplantes e enxertos); que produzem substâncias que mudam a permeabilidade das células invasoras (bactérias) ou de células cancerosas, provocando sua morte. LB, são células que fazem parte de 5 a 15% dos linfócitos, saem da medula e nos órgãos linfóides se desenvolvem em plasmócitos do tecido conjuntivo; são os responsáveis pela produção de anticorpos específicos no combate imunológico aos antígenos invasores. Os LB quando em repouso não produzem imunoglobulinas, mas quando estimulados por interleucinas vão se multiplicar e se transformar em plasmócitos, que secretam anticorpos específicos na resposta imune humoral. Mastócitos Os mastócitos são células do tecido conjuntivo, originados a partir de células mesenquimatosas. A principal função dos mastócitos é armazenar potentes mediadores químicos de inflamação, como a histamina, heparina, ECF-A (fator quimiotáxico dos eosinófilos), SRS-A (slow reacting substance of anaphilaxis), serotonina e fatores quimiotáxicos dos neutrófilos. Esta célula não é sangüínea, sendo uma célula própria do tecido conjuntivo. Ela participa de reações alérgicas, de hipersensibilidade, na qual atrai os leucócitos até o local e provoca uma vasodilatação. É a principal célula responsável pelo choque anafilático. O processo de ativação da desgranulação (exocitose) se baseia na sensibilização destas células (mastócitos), que ocorre em indivíduos com uma predisposição genética na maioria dos casos. Esta sensibilização ocorre da seguinte forma; o primeiro contato com o alérgeno (substância irritante que causa a alergia) estimula a produção de IgE específicas que se unem aos receptores de superfície dos mastócitos. No segundo contanto, as IgE ligadas ao mastócito, se unem ao alérgeno e desencadeiam a liberação de todos os mediadores inflamatórios. A histamina causa uma vasodilatação; a heparina tem ação anticoagulante; o ECF-A atrai os eosinófilos e o fator quimiotáxico dos neutrófilos atrai os neutrófilos ao local; o SRS-A, substância de reação lenta da anafilaxia, provoca contração lenta da musculatura lisa. Sistema linfático Sistema paralelo ao circulatório, constituído por uma vasta rede de vasos semelhantes às veias (vasos linfáticos), que se distribuem por todo o corpo e recolhem o líquido tissular que não retornou aos capilares sangüíneos, filtrando-o e reconduzindo-o à circulação sangüínea. Órgãos linfáticos do sistema linfático Amígdalas (tonsilas), adenóides, baço, linfonodos (nódulos linfáticos) e timo (tecido conjuntivo reticular linfóide: rico em linfócitos). Amígdalas (tonsilas palatinas): produzem linfócitos. Timo: órgão linfático mais desenvolvido noperíodo pré-natal, regride desde o nascimento até a puberdade. Linfonodos ou nódulos linfáticos: órgãos linfáticos mais numerosos do organismo, cuja função é a de filtrar a linfa e eliminar corpos estranhos que ela possa conter, como vírus e bactérias. Nele ocorrem linfócitos, macrófagos e plasmócitos. A proliferação dessas células provocada pela presença de bactérias, substâncias ou outros organismos estranhos determina o aumento do tamanho dos gânglios, que se tornam
dolorosos, formando a íngua. Baço: órgão linfático, excluído da circulação linfática, interposto na circulação sangüínea e cuja drenagem venosa passa, obrigatoriamente, pelo fígado. Possui grande quantidade de macrófagos que, através da fagocitose, destroem micróbios, restos de tecido, substâncias estranhas, células do sangue em circulação já desgastadas como eritrócitos, leucócitos e plaquetas. Dessa forma, o baço “limpa” o sangue, funcionando
como um filtro desse fluído tão essencial. O baço também tem participação na resposta imune, reagindo a agentes infecciosos. Inclusive, é considerado por alguns cientistas, um grande nódulo linfático. Defesa Imunológica Inespecífica Um agente infeccioso ao penetrar no organismo provoca a liberação de histamina pelos basófilos e mastócitos; a histamina provoca a dilatação dos vasos sangüíneos e aumento no fluxo de sangue; essas reações facilitam a saída dos neutrófilos do sangue (diapedese); os sintomas caracterizam uma inflamação (vermelhidão e edema). Os neutrófilos atacam os agentes injuriantes no local da infecção por fagocitose. Quando as bactérias são mortas em vacúolos intracelulares dos neutrófilos, liberam toxinas, que matam os neutrófilos, processo que resulta na formação de pus. O pus é formado principalmente por restos de tecidos degenerados, bactérias e neutrófilos mortos. Existe um tipo de linfócito, chamado Linfócitos NK (natural killer) que são células matadoras naturais, ou células assassinas, e fazem parte de 10 a 15% dos linfócitos do sangue. Eles lisam células tumorais estranhas ou infectadas por vírus sem que elas expressem algum antígeno ativador de resposta imune específica. Este tipo de resposta é chamado de resposta imune inespecífica, pois não há reconhecimento de epítopos (pedaços do antígenos) e nem a formação de células monoclonais (que se multiplicam) ou qualquer memória imunológica, que é sempre específica. Defesa Imunológica Específica A resposta imune primária se desenvolve quando o indivíduo entra em contato com o antígeno pela primeira vez, havendo a produção de anticorpos e desenvolvendo LB de memória. Quando o indivíduo entra em contato pela segundo vez, resposta secundária, a produção de anticorpos será muito mais rápida e eficiente, pois as células B de memória vão reconhecer o antígeno e produzir anticorpos (como nas vacinas). Corpo é exposto a antígeno: linfócitos ⇒ plasmócitos ⇒ anticorpos Numa segunda exposição ao antígeno, as células de memória (plasmócitos) reconhecem-no, ocorrendo a produção mais rápida de anticorpos. Primeira etapa a) Entrada do agente infeccioso. b) Migração dos leucócitos neutrófilos (diapedese). c) Fagocitose. Segunda etapa a) Sensibilização dos linfócitos pelo antígeno. b) Formação dos plasmócitos. c) Produção de anticorpos. d) Aquisição da memória imune. Numa primeira exposição ao antígeno, a resposta imunológica do corpo é mais lenta. Mas, uma vez adquirida a memória imune, uma segunda exposição ao antibiótico leva a uma resposta rápida e de grande intensidade.
Tipos de imunização 1. Passiva: o indivíduo recebe anticorpos contra o agente infeccioso (soro). Natural: placenta, leite materno. Artificial: soro terapêutico. 2. Ativa: o indivíduo recebe o antígeno e irá produzir os seus próprios anticorpos. Natural: Contrair as doenças. O indivíduo produz seus próprios anticorpos em resposta à presença de antígenos ou agentes infecciosos no organismo. Artificial: Vacinas. Vacina (medida profilática) As doenças infecciosas ainda são responsável pelo maior número de mortes no planeta, facilmente superando as mortes causadas por guerras, acidentes e infartos. E esta situação só não é pior graças ao avanço contínuo da medicina, principalmente na área de prevenção, ou seja, no desenvolvimento de vacinas. As vacinas, além de poupar grandes sofrimentos para a população, ainda possuem a melhor relação custo benefício, ou seja, é mais vantajoso investir em vacinação (prevenção) do que no tratamento das doenças (uso de remédios e soros); o que acaba confirmando uma das citações populares: "É melhor prevenir a remediar". A vacinação começou a ser amplamente utilizada após o sucesso de Pasteur (antirábica) e Jenner (pioneiro, varíola), dois dos primeiros cientistas que obtiveram sucesso no controle de doenças por meio de vacinas, como por exemplo, a raiva. Várias doenças passaram a ser controladas, sendo que um grande triunfo aconteceu na década de 70, quando uma campanha mundial de vacinação praticamente erradicou a varíola - doença que atingia de 10 a 15 milhões de pessoas. Apesar destes grandes benefícios existem ainda muitas doenças que não possuem vacinas contra elas desenvolvidas. Em grande parte isto se deve à falta de conhecimento do mecanismo de ação destes agentes patogênicos e também do funcionamento do sistema imune humano. Graças ao grande avanço obtidos recentemente nestas áreas, novos enfoques de confecção de vacinas estão ficando acessíveis. O desenvolvimento dessas novas vacinas baseadas em vírus ou bactérias recombinantes, peptídeos e plasmídeos vetores, está sendo proporcionado por avanços recentes em imunologia, biologia molecular e bioquímica de peptídeos. Desde que a seguridade e eficácia dessas vacinas possam ser confirmadas, elas podem trazer imunidade a inúmeros agentes patológicos, melhorando assim o padrão e a expectativa de vida tanto dos humanos quanto dos animais vitais para a nossa sobrevivência. Técnicas mais utilizadas na confecção de vacinas As técnicas mais utilizadas na confecção de vacinas são: Organismos inteiros atenuados: representam o mais velho, simples e bom método de se fazer uma vacina. Este método possui a grande vantagem de ser muito simples e simular todos os mecanismos existentes na infecção natural mas é também o mais arriscado, já que há a possibilidade destes organismos de se reverterem para sua forma mais patogênica ou encontrarem sistemas imunes fracos que possibilitem seu crescimento. Ex: Sabin (poliomielite). Organismos inteiros mortos: muito parecido com o anterior com a vantagem de não permitir a multiplicação do organismo mas com a desvantagem de não produzir proteínas que normalmente servem de antígeno à resposta imune. Ex: Salk (pólio). Organismos inteiros modificados: os genes causadores da patogenicidade do organismo são muito modificados ou até retirados. Isto evita um risco de reversão mas têm como desvantagens uma necessidade de maior estudo do patógeno e uma pequena mas considerável probabilidade de não imunizar o indivíduo contra o organismo selvagem. Ex: gripe. Subunidades antigênicas purificadas: como esta técnica usa antígenos ao invés de organismos inteiros, ela evita os problemas citados acima, mas para isto é necessário um estudo detalhado da estrutura dos antígenos para escolher um que apesar de não ser tóxico proteja contra as toxinas produzidas na infecção. Ex: influenza tipo B. Numa vacina temos antígenos enfraquecidos que, aplicados numa pessoa, estimularão sua produção de anticorpos para aquele tipo de antígeno aplicado. Ela é, portanto, preventiva e com ela o organismo adquire uma memória imunológica de longa duração. A vacinação, portanto, promove uma imunização ativa, uma vez que é o próprio organismo que produz os anticorpos. Soro (medida terapêutica)
As injeções de soro contêm anticorpos específicos prontos. São aplicados em pessoas ou animais que já estejam contaminados pelo antígeno de ação muito rápida (por exemplo, uma substância tóxica adquirida por uma picada de cobra). Sua ação é imediata, mas não promove a formação e uma memória imunológica, como no caso da vacina, porque o sistema imunológico não é ativado. Tem ação terapêutica e promove uma imunização passiva, uma vez que oferece anticorpos prontos. Calendário Básico de Vacinação IDADE Ao nascer 1 mês
2 meses
4 meses
6 meses
VACINAS BCG - ID
DOSES dose única
DOENÇAS EVITADAS Formas graves de tuberculose
Vacina contra hepatite B
1ª. dose
Hepatite B
Vacina contra hepatite B
2ª. dose
Hepatite B
VOP (vacina oral contra pólio)
1ª. dose
Poliomielite ou paralisia infantil
Vacina tetravalente (DTP + Hib) (1)
1ª. dose
Difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b
VOP (vacina oral contra pólio)
2ª. dose
Poliomielite ou paralisia infantil
Vacina tetravalente (DTP + Hib) (1)
2ª. dose
Difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b
VOP (vacina oral contra pólio)
3ª. dose
Poliomielite ou paralisia infantil
3ª. dose
Difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b Hepatite B
Vacina tetravalente (DTP + Hib) (1) Vacina contra hepatite B (2)
3ª. dose
9 meses (3)
Vacina contra febre amarela
dose única
Febre amarela
12 meses
SRC (tríplice viral) (4)
dose única
Sarampo, rubéola, síndrome rubéola congênita e caxumba
VOP (vacina oral contra pólio)
reforço
Poliomielite ou paralisia infantil
DTP (tríplice bacteriana)
reforço
Difteria, tétano e coqueluche
BCG - ID (5)
reforço
Formas graves de tuberculose
dT (dupla adulto) (6)
reforço
Difteria e tétano. A dT requer um reforço a cada 10 anos, antecipado para 5 anos em caso de gravidez ou acidente com lesões graves.
Vacina contra febre amarela
reforço
Febre amarela
15 meses 6 a 10 anos
10 a 11 anos
Mulheres de 12 a 49 anos
A partir de 60 anos
SR (dupla viral)
dose única
Sarampo, rubéola e síndrome rubéola congênita Mulheres ainda não vacinadas. Além disso, as mulheres desta faixa etária devem manter em dia o esquema de vacinação com a dT (dupla adulto).
Vacina contra influenza
dose única
Gripe (Influenza) Requer uma dose a cada ano.
Vacina contra pneumococos
dose única
Pneumonias. Uma única dose, com reforço após 5 anos. Fonte: Fundação Nacional de Saúde
Soros Antipeçonhentos
Para picada de cobra Dentre os acidentes por animais peçonhentos, o ofídico é o principal deles, pela sua freqüência e gravidade. Ocorre em todas as regiões e estados brasileiros e é um importante problema de saúde, quando não se institui a soroterapia de forma precoce e adequada. São 4 os gêneros de serpentes brasileiras de importância médica (Bothrops, Crotalus, Lachesis e Micrurus) compreendendo cerca de 60 espécies. Os soros para picadas de cobra, no Brasil, são: Antibotrópico, Antibotrópico/cotálico, Antibotrópico/laquético, Anticrotálico e Antielapídico.
Para picada de escorpião Os acidentes por picada de escorpião são menos notificados que os ofídicos (cobra). Sua gravidade está relacionada à proporção entre quantidade de veneno injetado e a massa corporal do indivíduo picado. As principais espécies do gênero Tityus responsáveis por acidentes são: T. serrulatus (escorpião amarelo), T. bahiensis (escorpião marrom), T. cambridgei (escorpião preto), T. costatus (escorpião ), T. fasciolatus (escorpião), T. metuendus (escorpião), T. silvestris (escorpião) e T. stigmurus (escorpião).
Para picada de aranha e escorpião A picada de aranha é o acidente menos grave e a grande maioria dos casos notificados é proveniente das regiões Sul e Sudeste do país. As espécies mais comuns são: Phoneutria nigriventer (aranha-armadeira), Phoneutria fera, Phoneutria keyserling; Loxosceles gaucho (aranha marrom); Loxosceles intermedia; Loxosceles laeta. Para a Latrodectus curacaviensis (viúva-negra, flamenguinha), a FUNASA tem importado o soro, porque os laboratórios nacionais ainda não dispõem da tecnologia de produção. No entanto, o número de acidentes é raro no país, porque essas aranhas não são agressivas.
Para o contato com a lagarta do tipo lomonia Os acidentes causados pela lomonia oblíqua (pararama, taturana) ocorrem principalmente na Região Sul e no Estado de São Paulo. O acidente se dá pelo contato das cerdas e quanto maior for o número de animais contatados maior é a gravidade do acidente.
Soro Anti-Rábico/Humano A raiva apresenta uma letalidade de 100% em pessoas que não recebem o tratamento. No ciclo urbano, as principais fontes de infecção é são o cão e o gato. No Brasil, o morcego é o principal responsável pela manutenção da cadeia silvestre. Outros reservatórios silvestres são: raposa, gato-do-mato, guaxinim e macacos (sagui).
Soro Antidiftérico A proteção conferida por este soro é temporária e de curta duração (em média, duas semanas).A doença normalmente não confere imunidade permanente, devendo o doente continuar seu esquema de vacinação após alta hospitalar.
Soro Antitetânico A imunidade é conferida pela vacinação apropriada com 3 doses de vacina toxóide tetânico (DPT, DT, dT ou TT). A doença não confere imunidade. O soro antitetânico e a imunoglobulina antitetânica (IGAT) propiciam proteção temporária, sendo de 14 dias para o soro e de 2 a 4 semanas para a imunoglobulina. Fonte: Fundação Nacional de Saúde