Gestão H Hospitalar Módulo I
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Sumário Introdução.. Introdução.................. ................................ ................................ ............................... ............................... ................................ .............................. .................... ...... 3 Unidade 1 – Contextualização da Saúde no Brasil.........................................................5 1.1 – Evolução Evolução da saúde saúde no Brasil.............. Brasil .............................. ................................ .............................. .............................. .................. 5 1.2 – SUS – Sistema Único de Saúde .............................. .............................................. ............................... ........................ ......... 12 1.3 – Programas e políticas públicas de saúde..........................................................18 1.4 – Específicidades sobre administração hospitalar...............................................21 1.5 – O ambiente ambiente hospitalar................. hospitalar................................. .............................. .............................. ................................ ...................... ...... 27 Unidade 2 – Administração Hospitalar........................................................................35 2.1 – Atribuições do administrador hospitalar..........................................................35 2.2 – Hospital Hospital como empresa empresa .............................. ............................................ .............................. ................................ ...................... ...... 42 2.3 – Organizaç Organização ão estrutural estrutural de um hospital ........................... ........................................... .................................46 .................46 2.4 – Biossegu Biossegurança rança ............................... .............................................. ............................... ................................ .............................. .................. .... 52 Conclusão Conclusão do Módulo Módulo I....................................... I....................................................... ................................ ............................... ........................ ......... 65
Introdução
Olá, aluno(a)! Neste curso, trataremos dos pormenores da gestão hospitalar. No primeiro momento, contextualizaremos o leitor sobre a saúde no Brasil e analisaremos a evolução do sistema de saúde no país. Veremos como funciona e quando foi implantado o SUS – Sistema Único de Saúde, bem como quais são os programas de saúde e as políticas públicas brasileiras acerca do tema. Posteriormente, veremos quais são as especificidades da administração hospitalar e aprenderemos quais são as principais funções de um gestor hospitalar. Ao fim, desta unidade, analisaremos, pormenorizadamente, pormenorizadamente, o ambiente a mbiente hospitalar e quais os seus riscos. Na segunda unidade do curso, adentraremos ao campo da administração hospitalar. Veremos quais são as atribuições do administrador hospitalar, assim como deve ser a gestão de um hospital, tal qual uma empresa, que visa resultados práticos. Analisaremos como funciona a organização estrutural de um hospital, além de abordar o tema biossegurança. Aspectos referentes aos custos operacionais também serão analisados. No terceiro momento do curso, abordaremos a importante questão do planejamento estratégico. Veremos quais são as vantagens de um bom plano de ação e posteriormente levantaremos as principais etapas de um planejamento conciso.
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Veremos como a gestão administrativa se mescla a aspectos de ordens econômica e financeira, apreenderemos a realizar uma avaliação de desempenho e como realizar uma auditoria interna na instalação hospitalar. Na última unidade, abordaremos a epidemiologia e a medicina social. Vamos entender qual é o papel do enfermeiro no contexto hospitalar, além de abordar importantes aspectos das doenças ocupacionais. Por fim, analisaremos os protocolos e procedimentos médicos e, também, os programas de saúde e as políticas públicas mais eficazes no atual cenário brasileiro.
Bom curso!
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Unidade 1 – Contextualização da Saúde no Brasil
Olá, aluno(a)! Nesta unidade, faremos uma contextualização da saúde pública no Brasil. Veremos sua evolução, sobretudo depois da redemocratização. Trataremos de importantes aspectos do SUS – Sistema Único de Saúde e, também, veremos alguns programas e políticas públicas direcionadas à área da saúde. Posteriormente, analisaremos algumas especificidades acerca do campo da administração hospitalar. Por fim, trataremos do ambiente hospitalar, levantando sua estrutura e seus riscos.
Bom curso!
1.1 – Evolução da saúde no Brasil O Brasil tem feito melhorias significativas na saúde materna e infantil, no atendimento de emergência e na redução da carga de doenças infecciosas. Mas a notícia não é tão boa quanto deveria. O país continua a ter uma alta carga de mortalidade, que é diferente de outros países, devido ao grande número de mortes, especialmente, com armas de fogo, talvez, a maior causa de mortes no país, atualmente.
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Níveis de obesidade estão aumentando e as taxas de cesariana são as mais altas do mundo. Tudo isso faz com que a comunidade médica brasileira reflita sobre como mudar este cenário paradoxal. O Brasil tem, agora, a oportunidade de se aproximar de seu objetivo universal, equitativo e sustentável de cuidados à saúde, tal como consagrado na Constituição de 1988, o divisor de águas para a saúde no país. Desde 1988, a saúde no Brasil é um direito constitucional, sendo fornecida por ambas as instituições: privadas e governamentais. Cabe ao ministro da saúde administrar a política nacional de saúde. Cuidados de saúde primários continuam a ser responsabilidade do governo federal, cujos elementos (como o funcionamento dos hospitais) são supervisionados pelos Estados individualmente. A saúde pública é fornecida a todos os brasileiros e estrangeiros residentes em território brasileiro, por meio do Sistema Nacional de Saúde, conhecido como SUS. O SUS é um sistema integrado de saúde e gratuito para todos. De acordo com o governo brasileiro, os mais graves problemas de saúde são:
Mortalidade infantil: são cerca de 2,51% os casos de mortalidade infantil, atingindo 3,77% na região nordeste;
Mortalidade na maternidade: são cerca de 73,1 mortes por 100 mil crianças nascidas em 2002;
Mortalidade por doenças não transmissíveis: são 151,7 óbitos por 100.000 habitantes, causados pelas doenças cardíacas e circulatórias, juntamente com 72,7 óbitos por 100.000 habitantes, causados pelo câncer; 6
Mortalidade por causas externas (transportes, violência e suicídio): são 71,7 óbitos por 100 mil habitantes (14,9% de todas as mortes no país), atingindo 82,3 mortes por 100 mil habitantes na região sudeste. Em 2002, o Brasil foi responsável por 40% dos casos de malária nas Américas. Cerca de 99% dos casos estão concentrados na Amazônia, que é o lar de não mais de 12% de toda a população brasileira.
A expectativa de vida A expectativa de vida da população brasileira passou de 69,66 anos, em 1998, para 73,5 anos, em 2011, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados indicam um progresso significativo em comparação com 45,50 anos, em 1940. Naturalmente que este aumento na longevidade se deu em virtude dos avanços tecnológicos. Entretanto, de acordo com o IBGE, o Brasil vai precisar de algum tempo para recuperar o atraso com relação ao Japão, Hong Kong (China), Suíça, Islândia, Austrália, França e Itália, onde a expectativa de vida média já é superior a 81 anos de idade. A pesquisa mostrou que o Brasil pode atingir esse nível a partir de 2040. Os dados vieram preencher os quadros de mortalidade do IBGE para a população do Brasil e têm sido publicados, anualmente, desde 1999. Eles são usados pelo Ministério da Previdência Social, como um dos parâmetros para o fator fundo de aposentadoria no âmbito do Sistema Geral de Previdência Social. Projeções demográficas preveem a continuação deste processo, estimando a expectativa de vida no Brasil, em torno de 77,4 anos, em 2030.
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O declínio da mortalidade, em idades jovens, e o aumento da longevidade, combinada com o declínio da fecundidade e do aumento acentuado de doenças crônicas degenerativas, provocou um rápido processo de transição demográfica e epidemiológica, impondo uma nova agenda de saúde pública em face da complexidade do novo padrão de morbidade.
A mortalidade infantil A saúde da criança é uma questão central na agenda das políticas públicas dos países em desenvolvimento. Várias políticas voltadas para a melhoria da saúde da criança têm sido implementadas ao longo dos anos, com variados graus de sucesso. No Brasil, essas políticas levaram a um declínio significativo nas taxas de mortalidade infantil, nos últimos 30 anos. Apesar desta melhoria, no entanto, as taxas de mortalidade ainda são elevadas para os padrões internacionais e há uma variação substancial entre os municípios brasileiros, o que sugere que políticas diferenciadas devem ser concebidas. Por exemplo, a mortalidade entre crianças indígenas, no ano 2000, foi mais que o triplo da população em geral, destacando a importância das políticas de saúde, como medida, para reduzir as disparidades nos resultados de morte nos povos indígenas do Brasil. O saneamento, a educação e a renda per capita são os fatores mais explicativos para os importantes problemas de saúde da criança no Brasil. Além disso, os achados etnográficos das taxas de mortalidade infantil, no nordeste do Brasil, não são precisos, porque o governo tende a negligenciar essas taxas nas áreas rurais. Esses problemas tendem a tornar as políticas públicas para a saúde imprecisas, devido a uma enorme quantidade de subnotificação, que nos leva a questionar a validade cultural e a solidez contextual dessas estatísticas de mortalidade. 8
Há uma solução para esta questão, todavia, os cientistas enfatizam que os dados culturais locais de qualidade podem servir para criar um método alternativo e adequado para medir a mortalidade infantil no Brasil, ou seja, com precisão. Para não esquecer, nas taxas de mortalidade infantil é, também, necessário ressaltar que é preciso haver um foco em uma etnografia da experiência, uma visão que atinja o cerne do sofrimento humano, o qual flui da vida cotidiana e das experiências. Por exemplo, deve-se chegar até à carne, ao sangue e às almas da mortalidade infantil nas famílias pobres do Brasil, a fim de compreender e conviver com aqueles que têm de sofrer as suas consequências trágicas. Os métodos de coleta de dados de mortalidade também precisam ser respeitosos com os costumes locais e devem ser implementados em locais onde a morte é vivida através de uma lente cultural diferente. Um relatório da UNICEF mostra um aumento da taxa de sobrevivência de crianças brasileiras menores de cinco anos. A UNICEF diz que, de um total de 195 países analisados, o Brasil está entre os 25 países com a melhor melhora nas taxas de sobrevivência de crianças menores de cinco anos de idade. O relatório mostra que a taxa de mortalidade infantil, no Brasil, para nascidos vivos, em 2008, foi de 22 por mil, uma queda de 61%, desde 1990. As taxas de mortalidade para crianças com um ano de idade foram de 18 por 1.000, uma redução de 60%. O estudo passou a mostrar que a desnutrição entre crianças com menos de dois anos de idade, durante o período entre 2000 a 2008, caiu em 77 %. Houve também uma queda substancial no número de crianças em idade escolar que não estavam na escola, passando de 920.000 para 570.000, no mesmo período.
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Cristina Albuquerque, coordenadora da UNICEF, acrescenta que o “Programa Bolsa Família”, do Brasil, se tornou uma referência internacional no combate à pobreza, reduzindo a vulnerabilidade e melhora na qualidade de vida. " O Brasil está passando por um grande momento, mas ainda há muito a ser feito. Assim, junto com a celebração, temos um bom momento para refletir sobre os muitos desafios ainda a serem superados", declarou
Albuquerque.
O fato é que, ao fornecer subsídios às famílias de baixa renda, o governo está promovendo uma melhor qualidade de vida, evitando problemas como a desnutrição infantil, entre outros. Certo é que toda política nacional de saúde baseia-se na Constituição Federal de 1988, que estabelece os princípios e diretrizes para a prestação de cuidados de saúde no país, através do Sistema Único de Saúde (SUS). Nos termos da Constituição, as atividades do governo federal devem ser baseadas em planos plurianuais aprovados pelo Congresso Nacional, por períodos de quatro anos. Os objetivos essenciais no setor de saúde foram as melhorias na situação geral da saúde, com ênfase na redução da mortalidade infantil e na reorganização políticoinstitucional do setor, com o objetivo de reforçar a capacidade operativa do SUS. O plano para o próximo período reforça os objetivos anteriores e prioriza medidas para garantir o acesso às ações e aos serviços, a melhora no atendimento e a consolidação na descentralização da gestão do SUS.
Reforma do setor de saúde As disposições legais em vigor que regulam o funcionamento do sistema de saúde, instituídas em 1996, procuram transferir a responsabilidade da administração do 10
SUS para os governos municipais, com a cooperação técnica e financeira do governo federal e dos estados. Outra iniciativa de regionalização é a criação de consórcios de saúde, que reúnem os recursos de vários municípios vizinhos. Um instrumento vital de apoio para a regionalização é o projeto para o fortalecimento e reorganização do SUS.
Fornecimentos de saúde O Brasil está entre os maiores mercados consumidores de medicamentos, respondendo por 3,5% do mercado mundial. Para ampliar o acesso da população aos medicamentos, os incentivos foram oferecidos para a comercialização de medicamentos genéricos, que custam, em média, 40% menos do que os produtos de marca. Isto trouxe benefício ao sistema de saúde brasileiro, uma vez que a população tem acesso a medicamentos, o governo passa a gastar menos em procedimentos cirúrgicos e internações. Em 2000, haviam 14 indústrias autorizadas a produzir medicamentos genéricos e cerca de 200 medicamentos genéricos registrados, sendo produzidos em 601 formas diferentes. Em 1998, a Política Nacional de Medicamentos foi aprovada, sua finalidade é garantir a segurança, a eficácia e a qualidade dos medicamentos, bem como a promoção do uso racional e o acesso da população a produtos essenciais. Em 1999, o país tinha cerca de 237 mil médicos, 145.000 dentistas, 77.000 enfermeiros, 26 mil nutricionistas e 56.000 veterinários. A relação média nacional foi de 14 médicos por 10.000 habitantes. Ainda, neste período, dos 665 mil cargos, 65% foram ocupados por médicos, seguidos pelos enfermeiros (11%), dentistas (8%), farmacêuticos, bioquímicos (3,2%), fisioterapeutas (2,8%) e por outros profissionais (10%). 11
A responsabilidade pela produção nacional de imunobiológicos é confiada aos laboratórios públicos, que têm uma longa tradição de produção de vacinas e soros para uso em programas oficiais. O Ministério da Saúde investiu cerca de 120 milhões de reais no desenvolvimento da capacidade desses laboratórios. Em 2000, o fornecimento de produtos foi suficiente para satisfazer a necessidade de soros heterólogos, tais como aqueles utilizados nas vacinas contra a tuberculose, o sarampo, a difteria, o tétano, a tosse convulsa, a febre amarela e a raiva. Estima-se que, atualmente, 1,4 milhão de empregos, no setor de saúde, são ocupados por técnicos e auxiliares, evidenciando, assim, a falta de médicos no país.
1.2 – SUS – Sistema Único de Saúde
O Sistema Único de Saúde, mais conhecido pela sigla SUS, é o sistema de cuidados de saúde com financiamento público do governo. O SUS foi criado após a Constituição Brasileira de 1988, como mencionamos, e assegurou que a saúde fosse “um direito de todos e um dever do Estado".
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Antes disso, apenas as pessoas que contribuíram com a previdência social eram aptas a receberem cuidados de saúde. A criação do SUS foi importante na medida em que mais do que 80% da população brasileira depende dele para receber tratamento médico. O Brasil presta cuidados de saúde, entretanto, ainda assim, quase 25% da população paga um plano privado de saúde. A Constituição de 1988 cristalizou o movimento em direção à democratização. Um dos princípios preliminares, desta nova constituição, foi o estabelecimento de saúde universal para todos. Essa meta será perseguida por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), um órgão administrativo responsável pela administração de ambos os sistemas de saúde, tanto público quanto privado. O objetivo principal do SUS foi de descentralizar as políticas de saúde ao nível do Estado e dos municípios, estes últimos, responsáveis pela gestão e prestação de serviços de cuidados primários de saúde. O governo federal ajudaria no estabelecimento de metas políticas, prestando assistência técnica e financeira. Segundo a nova legislação, as secretarias municipais de saúde foram as principais entidades responsáveis pelo planejamento, gerenciamento e administração de quase todos os aspectos dos cuidados de saúde. A administração de hospitais federais e os serviços de saúde ambulatoriais foram transferidos para ambas as secretarias estaduais e municipais, que agora contam com hospitais colaboradores, contrato de serviços para o setor privado e prestação de serviços de extensão comunitária.
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A maioria dos hospitais públicos, geridos pelos municípios, tendem a ser pequenas instalações, com grandes hospitais sendo operados pelos estados e os maiores hospitais de ensino sendo operados pelo governo federal. Esta implementação do SUS tem ocorrido aos poucos, à medida que novos programas legislativos foram adicionados ao seu quadro inicial de 1988. Em 1991, foram aprovadas as primeiras Normas Operacionais Básicas (NOB), a segunda e a terceira NOB foram adicionadas em 1993 e 1996, respectivamente. O objetivo desses programas legislativos era aumentar o envolvimento e a capacidade dos governos estaduais e municipais em gestão de saúde. Entre 1996 e 2000, o número de municípios considerados capazes de gerir o sistema de saúde aumentou de 30% para 99%. Isto permitiu uma transferência direta de recursos de ambas as verbas, federais e estaduais, para os fundos municipais. É importante ressaltar, entretanto, que, muitas vezes, o processo de certificação de um município era essencialmente político, significando que nem sempre o município que dominasse competências estava capacitado a operar o sistema de saúde local. Até hoje, muitos municípios não têm capacidade para operar o sistema de saúde de forma eficiente. Em 1994, o governo, do então presidente Fernando Henrique Cardoso, criou o Programa de Saúde da Família (PSF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). O PSF oferece serviços de cuidados primários, através de equipes médicas constituídas por um médico, um enfermeiro e por agentes comunitários de saúde. O PACS, em seu turno, oferece um conjunto mais restrito de serviços que o PSF e emprega, principalmente, os agentes comunitários de saúde para prestar cuidados à população.
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A última NOB, de 1996, introduziu incentivos financeiros do Ministério da Saúde para prefeitos implementarem e gerenciarem o PSF e o PACS. Desde então, a implementação, destes programas, tem se expandido significativamente. O PSF é um programa através do qual o governo reestruturou a organização e a prestação de cuidados primários de saúde com financiamento público (que recentemente assumiu o papel de cobrir as doenças crônicas). Em essência, ele se tornou um sistema de entrega passiva, baseada em instalações, em um modelo ativo, no qual os prestadores de cuidados de saúde da família oferecem cuidados às famílias e às comunidades. Fato é que o Sistema Único de Saúde (SUS) fez com que o acesso aos cuidados de saúde fosse um direito de cada cidadão. Até então, o modelo de serviço separava os brasileiros em três categorias, vejamos:
•
Os que podiam pagar por serviços de saúde privados;
•
Os que tinham o direito a cuidados de saúde pública por serem assegurados pela Segurança Social;
•
E aqueles que não tinham direito algum. Com a implementação do sistema, o número de beneficiários aumentou de 30
milhões para 190 milhões de pessoas. Hoje, 80%, deste total, dependem exclusivamente do SUS para terem acesso aos serviços de saúde. De acordo com o Ministério da Saúde, o SUS tem 5.900 hospitais credenciados, 64 mil unidades de cuidados primários de saúde e 28.000 equipes de Saúde da Família.
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O sistema realiza 2,3 bilhões de procedimentos clínicos a cada ano, 15,8 mil transplantes, 215 mil cirurgias cardíacas, 9 milhões de procedimentos de quimioterapia e radioterapia e 11,3 milhões de internações. Entre as ações mais conhecidas desenvolvidas pelo SUS, tem a criação do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), além de Políticas Nacionais de Atenção Integral à Saúde da Mulher, Humanização do SUS e Saúde do Trabalhador, além dos programas de vacinação em massa de crianças e idosos, em todo o país, e a realização de transplantes pelo sistema público de saúde. Embora tenha suas falhas, o SUS é um dos maiores sistemas de saúde pública do mundo, o Sistema Único de Saúde tem um acordo com quase todos os hospitais do Brasil. Nesta rede estão hospitais públicos, privados e universitários, que garantem aos cidadãos o direito constitucional de acesso aos cuidados de saúde. Os EUA, por exemplo, não contam com um sistema unificado de saúde oferecido pelo Estado. Aliás, esta tem sido uma das bandeiras levantadas pelo governo Obama. Neste sentido, o SUS serve de referência não só ao governo norte americano como a vários países da Europa.
Importantes aspectos da legislação Emenda Constitucional 29, de 13 de setembro de 2000 Altera os artigos 34, 35, 156, 160, 167 e 198 da Constituição Federal e acrescenta artigo ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias para assegurar os recursos mínimos necessários para financiar ações e serviços públicos de saúde.
Lei 8.080 de 19 de setembro de 1990. Lei Orgânica da Saúde, que estabelece as condições necessárias para promover, proteger e recuperar a saúde, a organização e o funcionamento dos serviços 16
correspondentes e dá outras providências.
Lei 8142, de 28 de dezembro de 1990 Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e para as transferências, intergovernamentais, de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências.
Portaria 2.203 de 05 de novembro de 1996 Confirma a Norma Operacional Básica (NOB 01/96), que define o modelo de gestão para o Sistema Único de Saúde.
Portaria n º 373 de 27 de fevereiro de 2002 Aprova, nos termos do Anexo a esta Portaria, a Norma Operacional de Saúde – NOAS – SUS 01/2002.
Resolução 399, de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto pela Saúde 2006, a Consolidação do SUS e aprova as diretrizes operacionais do pacto. *Saiba mais sobre a legislação de saúde no site do Ministério da Saúde
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1.3 – Programas e políticas públicas da saúde
Os programas e políticas de saúde pública são elaborados levando em conta uma diversidade de fatores. Raça, poder aquisitivo, dados geográficos, etnográficos etc, são apenas alguns dos aspectos que influenciam o planejamento e a prática de saúde pública no Brasil, incluindo fatores históricos, sociais, econômicos, religiosos e ideológicos. Abaixo, veremos alguns dos importantes programas de saúde existentes como, por exemplo, o SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Este programa é referência aos países da Europa e da América Latina. Observe:
SAMU É sabido que a medicina de emergência não é um campo novo no Brasil. Em 2002, o Ministério da Saúde traçou um documento, a "Portaria 2048", que visava melhorar o atendimento de emergência, a fim de enfrentar o crescente número de vítimas de acidentes de trânsito e violência urbana, bem como a superlotação de serviços de emergência, resultante de uma infraestrutura de cuidados primários sobrecarregada. O documento delineia os padrões de cuidados de pessoal, equipamentos, medicamentos e serviços adequados, tanto para pré-hospitalar como intra-hospitalar. 18
Este documento descreve, mais explicitamente, as áreas de conhecimento que um provedor de emergência deve dominar, com a finalidade de fornecer os cuidados adequadamente. No entanto, essas recomendações não têm mecanismo de execução e, como resultado, os serviços de emergência no Brasil ainda carecem de um padrão consistente de cuidados. Os serviços de emergência, médica pré-hospitalar, usam uma combinação de ambulâncias e equipes básicas formadas por técnicos e unidades avançadas com médicos e paramédicos a bordo. Semelhante ao modelo de serviço de emergência dos Estados Unidos, o departamento médico de emergência no Brasil possui especialistas de diferentes origens.
Saúde da Família A principal estratégia para o fortalecimento da atenção primária à saúde é o Programa de Saúde da Família, lançado pelas secretarias municipais de saúde, em colaboração com os estados e com o Ministério da Saúde. O governo federal fornece apoio técnico e transferências de financiamento através do Piso de Atenção Básica. Atividades de prevenção e controle de doenças seguem as orientações estabelecidas por técnicos do Ministério da Saúde. O Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI) juntamente com o órgão da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), coordena o sistema de vigilância epidemiológica nacional, que fornece informações e análise da situação de saúde nacional.
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Neste sentido, o Programa Saúde da Família tem uma natureza estatística, servindo de parâmetros para o estabelecimento de novos programas e de políticas públicas relacionadas à saúde.
Atual contexto da saúde no Brasil Em 1999, 66% dos 7.806 hospitais do país, 70% dos seus leitos hospitalares, e 87% dos seus 723 hospitais especializados pertenciam ao setor privado. Na área de apoio de diagnóstico e terapia, 95 % dos 7318 estabelecimentos foram privatizados e 73% das 41 mil instalações ambulatoriais foram operadas pelo poder público. Desde 1999, o Ministério da Saúde vem realizando um projeto de vigilância em saúde na Amazônia, que inclui vigilância sanitária epidemiológica e ambiental, saúde indígena e os componentes de controle de doenças. Com U$ 600 milhões, de um empréstimo feito pelo Banco Mundial, estão sendo feitos esforços para melhorar a infraestrutura operacional, a formação de recursos humanos e o investimento em pesquisas.
Mais Médicos O Programa Mais Médicos foi elaborado em 2013, em virtude da falta de profissionais para exercerem a função, e faz parte de um amplo pacto de melhoria do atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde – SUS.
Este programa prevê o investimento de mais recursos em infraestrutura, que inclui: melhoria no atendimento e nas instalações, contratação de profissionais, entre outras medidas.
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A iniciativa, ainda, prevê a expansão do número de vagas no campo da medicina, além de objetivar o aprimoramento da formação médica em universidades brasileiras. Trata-se de uma medida de remediação e não prevenção, contudo, este programa também suscita muita discussão acerca da contratação de profissionais estrangeiros.
1.4 – Especificidades sobre administração hospitalar
A administração hospitalar é a gestão do hospital como um negócio. O corpo administrativo é composto por médicos, gestores
de
serviços
de
saúde
e
administradores adjuntos. Gestores hospitalares fazem as ligações entre o setor administrativo e a equipe médica. Eles coordenam as atividades e criam políticas para a otimização dos serviços prestados por um hospital. Alguns administradores são responsáveis pela contratação e treinamento de médicos e outro pessoal, em seguida, pode realizar avaliações de funcionários atuais e reuniões com integrantes da equipe médica. Eles também podem ser responsáveis pelas relações públicas do hospital e pelos programas de captação de recursos. Estes gestores elaboram programas de ensino e projetos de pesquisa. Os gestores, via de regra, devem estar cientes dos novos avanços da medicina. As grandes administrações têm vários administradores e administradores adjuntos fazendo tarefas diárias como gerenciar as atividades dos departamentos do hospital, enquanto o gestor é o responsável geral. 21
Existem vários tipos de gestores de serviços de saúde: gestores de clínicas, que gerenciam departamentos específicos e, geralmente, tem experiência na área, gestores de informação de saúde, que mantêm e cuidam dos prontuários e gestores que são responsáveis por assuntos de negócios do hospital. Gerentes clínicos e gestores de informação de saúde têm deveres mais específicos do que um administrador geral. Um administrador geral é responsável por todos os departamentos e pelas práticas empresariais executadas pelo hospital. Já os gestores de informação clínica e de saúde trabalham dentro de seus próprios departamentos e têm deveres como a implementação de políticas, a gestão de pessoal e a elaboração de relatórios para fornecer dados ao administrador geral. Para se tornar um gerente de serviços médicos, deve-se ter um mestrado, ou mesmo um curso de pós-graduação em administração de serviços de saúde, ciências da saúde, saúde pública, administração pública ou administração de empresas. Estes cursos devem incluir um estágio em um centro de saúde. Programas de pós-graduação são geralmente longos e duram de 2 a 3 anos. A administração na saúde ou administração de saúde é o campo relativo à liderança, à gestão e à administração dos sistemas públicos e privados de saúde, aos hospitais e às redes de hospitais.
Conhecendo a terminologia Os sistemas de gestão de saúde – ou gestão de sistemas de saúde – descreve a liderança e a gestão geral dos hospitais, das redes hospitalares, e/ou dos sistemas de saúde. Em uso internacional, o termo se refere à gestão em todos os níveis. Este tipo de gerenciamento e gestão garante:
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•
Que os resultados específicos sejam atingidos;
•
Que os departamentos, dentro de uma unidade de saúde, estejam funcionando sem problemas;
•
Que a equipe médica esteja sempre à disposição;
•
Que os recursos sejam utilizados de forma eficiente;
•
Que todos os departamentos estejam trabalhando no sentido de um objetivo comum. A gestão hospitalar é composta por indivíduos que agem como ponto central de
controle dentro dos hospitais. Esses indivíduos podem ser clínicos ou mesmo especialistas. Existem dois tipos de administradores, isto é, os generalistas e os especialistas. Os generalistas são os indivíduos responsáveis pela gestão ou que ajudam a gerenciar uma instalação inteira. Os especialistas, em seu turno, são pessoas responsáveis pelas operações eficientes de um departamento específico, como a análise da política, finanças, contabilidade, orçamento, recursos humanos ou marketing. Existem inúmeras associações profissionais relacionadas com a gestão dos sistemas de saúde, que podem ser subcategorizadas como grupos de associação pessoais ou institucionais. Os grupos de associação pessoais são formados por indivíduos e normalmente têm habilidade individual e desenvolvimento de carreira em seu foco.
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Os grupos de membros institucionais são constituídos por organizações e, geralmente, se concentram na eficácia organizacional, podendo também incluir acordos de partilha de dados e outros veículos de compartilhamento de melhores práticas para organizações e membros. Em suma, os administradores de hospitais assumem a responsabilidade das operações internas de um departamento do hospital ou em, alguns casos, múltiplos departamentos. O administrador de hospital será responsável por gerenciar as operações do dia a dia de um departamento hospitalar específico. Isso pode incluir a gestão de funcionários diretamente sob sua supervisão, assim como a manutenção de relações com os funcionários de outros departamentos. Ele também vai trabalhar com orçamentos previamente estabelecidos e será responsável pela manutenção de um alto nível de serviço, ao mesmo tempo, contendo os custos associados aos serviços de saúde prestados. Entre as funções de um administrador hospitalar, podemos destacar: •
Manter relações com a comunidade e com a equipe de médicos;
•
Elaborar o planejamento do hospital;
•
Gerenciar outros profissionais da saúde;
•
Realizar a avaliação de programas de saúde e o planejamento orçamentário;
•
Promover a contenção de custos;
•
Avaliar a qualidade do serviço prestado;
•
Manter ou melhorar a satisfação dos clientes; 24
•
Realizar iniciativas de melhoria contínua etc. Não é novidade para ninguém que o mundo está em constante processo de
mudança, cada indivíduo ou sociedade se adapta a essas mudanças de acordo com as necessidades que vão surgindo. De acordo com o autor Adalto Felix de Godoi, essas mudanças costumam gerar novas necessidades para atender aos novos sistemas resultantes de tais alterações. Essas necessidades exigem novos profissionais ou a requalificação dos já experientes e atuantes na área. Uma das mudanças mais perceptíveis nos serviços hospitalares foi o processo de qualidade interno. Os hospitais passaram a informar mais os pacientes de tudo que acontece dentro do hospital e, com essas informações, os clientes perceberam que poderiam exigir seus direitos de consumidor. Com essas mudanças, os serviços que ficavam fora da administração começaram a fazer parte do dia a dia do hospital, através do Serviço de Atendimento ao Cliente e da Ouvidoria. Embora os hospitais tenham uma maneira conservadora de administrar, há um contraste com a inovação e a tecnologia utilizada nos equipamentos hospitalares. Eles passaram a tratar os pacientes de uma forma mais humanizada. Cabe ao administrador do hospital avaliar todas essas mudanças e adaptá-las conforme as necessidades, prioridades e viabilidade. De acordo com os especialistas sobre a humanização nos hospitais, a implantação da hotelaria hospitalar e o desenvolvimento de ações de humanização são ações que sempre estão nos planos dos administradores.
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Ainda de acordo com o autor, criar ou traçar estratégias, que são de reais necessidades dos clientes, ou produzir diferenciais, fará com que o administrador consiga colaboradores para os serviços prestados aos pacientes. O objetivo da administração é prever riscos futuros e as oportunidades que podem surgir para a empresa. De olho na qualidade dos serviços, os hospitais particulares usam o recurso das certificações de qualidade que são feitas por organizações avaliadoras, muitas de reconhecimento internacional. A realização de pesquisas com os clientes, envolvendo vários setores do hospital, faz com que ajude a administração a perceber como está o atendimento no hospital, o que precisa ou pode ser melhorado. São muitos os detalhes que o administrador deve estar atento em um hospital, por isso a contribuição das equipes de cada setor é muito importante para que ele saiba o que está se passando em todo o hospital. Por esta causa, como já falamos anteriormente, é muito importante que o administrador delegue e dê autonomia para que os gerentes e chefes possam fazer mudanças de acordo com o que eles achem necessário. Muitos administradores não aceitam dar essa autonomia para os funcionários, achando que só eles podem fazer certos serviços e tomar certas decisões. Isso atrapalha o bom andamento do hospital e, muitas vezes, desestimula o funcionário, por achar que ele não tem capacidade para fazer o trabalho para o qual foi contratado. O técnico em gestão hospitalar está cada vez mais requisitado pelos hospitais para tomar conta da gerência. Empresas de seguros hospitalares também estão requisitando esses profissionais para a venda desses planos.
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Graças a essa nova profissionalização é esperado que os hospitais e clínicas requisitem esses profissionais para trabalharem em suas empresas. O salário inicial de um gestor hospitalar é de aproximadamente R$ 2.500.00 por mês. Para atuar na área é necessário fazer um curso superior de gestão hospitalar, que tem em média dois anos e meio. No primeiro ano, os alunos têm aula de matemática, estatística, contabilidade, custos hospitalares, economia, orçamentos hospitalares, informática em saúde e logística empresarial. No segundo ano, o foco são os problemas na área da saúde, por isso os alunos têm aulas de políticas pública da saúde e de humanização, epidemiologia e qualidade, e hotelaria hospitalar. O fato é que esta área se mostra em plena expansão, tal qual a demanda pelos serviços de saúde de qualidade. Cabe ao profissional, se aperfeiçoar e investir em sua formação. Certamente, este campo de atuação ainda crescerá bastante!
1.5 – O ambiente hospitalar
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O ambiente de trabalho em um hospital, dependendo de onde você trabalha, ou em qual departamento, é um ambiente de alta pressão. Muitos departamentos, como a emergência, o setor cirúrgico ou a UTI, por exemplo, tendem a ser um pouco mais estressantes e dinâmicos. A maioria dos hospitais tenta manter-se dentro dos padrões sanitários estabelecidos por lei, mas há uma série de áreas que ainda se precisa trabalhar. O principal aspecto a ser analisado, nestes ambientes, é o da limpeza e da higiene. Um hospital não é um ambiente social isolado, este precisa ser integrado com o seu entorno e deve minimizar o seu impacto sobre ele, contribuindo, assim, para o bemestar das pessoas que vivem perto e trabalham nele. Do ponto de vista regulamentar, o setor da saúde não tem sido considerado no mesmo patamar que outras indústrias quanto aos riscos para a saúde que estes espaços representam. O resultado é que a legislação específica, neste domínio, não tem acompanhado as mudanças na mesma velocidade, embora que nos últimos anos tenha sido abordada esta deficiência. Enquanto que, em muitos outros tipos de atividades industriais, a saúde e a segurança é uma parte integrante da organização, a maioria dos centros de saúde ainda dá pouca ou nenhuma atenção a este aspecto. Uma razão para isso poderia ser a atitude dos governos, que podem estar mais preocupados com a investigação e a aquisição das mais recentes tecnologias e técnicas de diagnóstico e tratamento, do que olhar para os efeitos que esses avanços poderiam ter sobre sua própria saúde e sobre o meio ambiente. Novos desenvolvimentos em ciência e saúde devem ser combinados com a proteção ambiental, porque as políticas ambientais em um hospital afetam, e muito, a 28
qualidade de vida dos usuários e funcionários do hospital, além daqueles que vivem em seu entorno. Os profissionais de saúde representam um grupo grande, comparável em tamanho com as grandes empresas do setor privado. O número de pessoas que passam por um hospital, todos os dias, é muito grande, entre eles estão: os visitantes, os pacientes internados, os ambulatoriais, os médicos, os representantes comerciais e assim por diante. Todos eles, em maior ou menor grau, são expostos aos riscos potenciais, associados com as atividades do centro médico e, ao mesmo tempo, contribuem para um certo nível de melhoria ou agravamento da segurança nos cuidados no entorno do centro de saúde. São necessárias medidas rigorosas para proteger os profissionais de saúde e o público em geral dos efeitos nocivos que podem resultar das atividades hospitalares. Essas atividades incluem o uso da tecnologia cada vez mais sofisticada e o uso mais frequente de drogas extremamente potentes (cujos efeitos podem ter um impacto profundo e irreparável nas pessoas que preparam ou administram estas substâncias). Sem mencionar o uso demasiado, muitas vezes descontrolado, de produtos químicos e a incidência de doenças infecciosas, algumas das quais são incuráveis, como o HIV e alguns tipos de hepatite. Os riscos de se trabalhar em um hospital são muitos, alguns são fáceis de identificar, enquanto outros são muito difíceis de detectar. As medidas a serem tomadas devem, portanto, ser sempre rigorosas. Diferentes grupos de profissionais de saúde estão particularmente expostos a riscos comuns de saúde em geral, assim como a riscos específicos relacionados com a sua profissão e/ou às atividades que eles realizam no curso de seu trabalho. 29
O conceito de prevenção, portanto, deve necessariamente ser incorporado ao campo da saúde, abrangendo o aspecto segurança no sentido mais amplo, incluindo psicossociologia e ergonomia como parte dos programas para melhorar a qualidade de vida no trabalho. Aspectos como a higiene devem ser observados constantemente, minimizando tanto quanto possível qualquer fator físico, químico ou biológico que possa afetar a saúde das pessoas no ambiente de trabalho. Devemos estar cientes de que o ambiente está direta e intimamente relacionado com a segurança e a higiene no local de trabalho, porque os recursos naturais são consumidos no trabalho e porque esses recursos são posteriormente descartados de forma inadequada. Um bom programa de gestão hospitalar deve se esforçar para: •
Mudar a cultura e os hábitos dos profissionais de saúde, a fim de estimular um comportamento mais propício para salvaguardar a sua saúde e a dos demais;
•
Estabelecer metas e desenvolver diretrizes de segurança, higiene e aspectos ambientais internos, através de planejamento e de organização adequados;
•
Melhorar os métodos de trabalho para evitar um impacto negativo sobre a saúde e o meio ambiente, por meio de pesquisa e educação ambiental;
•
Aumentar o envolvimento de todo o pessoal e fazê-los assumir a responsabilidade pela saúde no local de trabalho;
•
Criar um programa adequado para estabelecer e divulgar as diretrizes, bem como para acompanhar a sua implementação continuada;
•
Classificar e gerenciar corretamente os resíduos gerados;
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•
Otimizar os custos, evitando gastos adicionais, que não podem ser justificados pelo aumento dos níveis de segurança e de saúde ou da qualidade do ambiente de trabalho. Sob esta perspectiva, um hospital deve ser concebido como um sistema que, por
meio de uma série de processos, gera serviços. Estes serviços são os principais objetivos das atividades realizadas em um hospital. Além destes pré-requisitos, deve-se considerar as condições das áreas do edifício onde estas atividades serão realizadas, uma vez que eles foram concebidos de uma determinada maneira e construído com materiais básicos de construção. Devido à complexidade e à variedade de riscos, em matéria de cuidados de saúde, grupos multidisciplinares são necessários para o gerenciamento de um ambiente hospitalar. É importante que os profissionais de saúde sejam capazes de colaborar com estudos de segurança, participando nas decisões que serão tomadas para melhorar as suas condições de trabalho. Desta forma, as mudanças serão vistas com uma melhor atitude e as orientações serão mais facilmente aceitas. Seria conveniente, na verdade, se os regulamentos e as leis, pelas quais a segurança, a higiene e o meio ambiente são regulados, fossem as mesmas em todos os países, contudo cada federação determina suas diretrizes, naturalmente que seguindo as recomendações da OMS – Organização Mundial de Saúde. A resposta dos profissionais de saúde tem sido muito boa! Eles se sentem mais motivados em seu trabalho e mais valorizados quando participaram diretamente no estudo e no processo de tomada de decisão.
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Essa participação, por sua vez, ajuda a educar o trabalhador de saúde, individualmente, aumentando o grau de responsabilidade que ele esteja disposto a aceitar. Abaixo, um interessante texto, transcrito da internet, que trata justamente da integração entre o ambiente hospitalar e o meio ambiente como um todo. Observe:
Meio ambiente: a responsabilidade dos serviços de saúde Um estudo sobre resíduos de medicamentos nos esgotos, na água tratada e nas fontes naturais de água, no Rio de Janeiro, identificou a presença de agentes redutores de lípides, anti-inflamatórios e outros metabólitos de medicamentos. Os rios mais importantes da Alemanha contêm elevadas concentrações de antiinflamatórios, analgésicos, agentes redutores de lípides, além de diversos antissépticos e desinfetantes. Hospitais também produzem resíduos tóxicos sólidos, infecciosos, radioativos e são potenciais poluidores do ar e da água. Alguns problemas relacionados à poluição por hospitais são bem conhecidos e devidamente regulados em vários países. É o caso do tratamento dos esgotos hospitalares e o descarte de materiais e tecidos infectantes, bem como de agentes prejudiciais como metais pesados e radioisótopos. No entanto, há várias outras fontes de poluição não regulamentadas, como é o caso do PVC, cuja incineração leva à liberação de dioxinas carcinogênicas, assim como de embalagens plásticas de soros e medicamentos que podem ser tóxicas para o organismo humano. Hospitais e centros oncológicos são fontes de contaminação do ambiente por platina, a partir da excreção de drogas antineoplásicas. O maior risco ambiental, a partir dos resíduos hospitalares, é representado pelo chamado lixo infectante. 32
Caracteriza-se pela presença de agentes biológicos, como sangue e derivados, secreções e excreções humanas, tecidos, partes de órgãos, peças anatômicas, fetos, resíduos de laboratórios de análises e de microbiologia, de áreas de isolamento, de terapias intensivas, de unidades de internação e de materiais perfurocortantes. O lixo infectante deve ser separado do restante do lixo hospitalar, sendo o treinamento de funcionários para esta função uma exigência do Conselho Nacional do Meio Ambiente no Brasil. No entanto, desconhece-se a efetiva separação e destinação deste lixo pelos milhares de hospitais brasileiros, assim como pela maioria dos hospitais no mundo. A incineração de lixo infectante é prática comum, porém o transformam em cinzas contaminadas com substâncias nocivas à atmosfera, como as dioxinas e os metais pesados, que aumentam a poluição do ar. O processo gera emissões que podem ser mais tóxicas do que os produtos incinerados. Os incineradores são responsáveis por 60% das emissões de dioxina na atmosfera em todo o mundo. A incineração de plásticos, como o PVC, gera os chamados Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs). Esses plásticos são utilizados na fabricação de materiais descartáveis, embalagens, tubos, conexões e muitos outros utensílios. Os POPs são relacionados a um grande número de efeitos deletérios ao meio, em particular aos animais e aos seres humanos. Afetam negativamente os sistemas imunológico, reprodutor e nervoso, além de causar câncer. Tais poluentes mimetizam hormônios, como os sexuais, e atuam sobre os neurotransmissores e sobre a imunidade, podem provocar abortos por morte fetal, redução de peso e de tamanho dos recém-nascidos, alterações do comportamento e da inteligência de crianças. A esterilização, ao invés da incineração, é uma alternativa válida e importante. 33
No entanto, o seu elevado custo faz com que seja pouco utilizada. A colocação deste lixo em valas assépticas é considerada uma opção igualmente válida, porém o espaço necessário às mesmas e a devida fiscalização limitam o seu uso. Infelizmente, a maioria dos hospitais descartam estes resíduos sem separá-los corretamente, juntamente com o restante do lixo hospitalar, para o sistema de coleta dos respectivos municípios e que acabam sendo lançados em lixões. Fonte: http://www.einstein.br/sobre-a-sociedade/sustentabilidade/responsabilidade-dos-hospitais/Paginas/meio-ambiente-aresponsabilidade-dos-servicos-de-saude.aspx
Naturalmente que todos os profissionais de saúde precisam estar conscientes da sua responsabilidade individual para a manutenção de um ambiente seguro, tanto para pacientes quanto para funcionários. Suas responsabilidades específicas vão da limpeza de áreas até a limpeza dos equipamentos clínicos (especialmente naquelas áreas em estreita proximidade com os pacientes). Eles devem ser educados sobre a importância de garantir que o ambiente hospitalar esteja limpo e que as oportunidades para a contaminação microbiana sejam mínimas ou nenhuma.
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Unidade 2 – Administração Hospitalar
Olá, aluno(a)! Nesta unidade, analisaremos as atribuições e as responsabilidades do administrador hospitalar. Veremos que, sob esta perspectiva atual de gestão, a unidade de saúde deve funcionar, em termos estratégicos, como uma empresa. Posteriormente, analisaremos a organização estrutural de um hospital, especificando cada setor de sua importância para o funcionamento geral. Levantaremos importantes aspectos de biossegurança, bem como os custos operacionais de uma unidade de saúde.
Bom curso!
2.1 – Atribuições do administrador hospitalar A saúde, sobretudo atualmente, é um negócio muito complexo e isso está mudando
rapidamente.
Administradores
hospitalares qualificados são fundamentais para garantir que as instalações médicas funcionem de forma eficiente e que prestem cuidados de qualidade ao paciente. Dependendo do seu tamanho, uma instalação pode ter um ou vários administradores.
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Seguir uma carreira como gestor de hospital pode ser uma forma gratificante de ajudar o próximo e matricular-se em um programa de MBA, com especialização em gestão de saúde, é uma ótima maneira de começar o processo. As perspectivas de emprego para administradores hospitalares são muito promissoras. De acordo com pesquisas recentes, o emprego de gerentes de serviços de saúde, incluindo os administradores hospitalares, gestores de unidade de saúde etc, vai aumentar, significativamente, nos próximos anos. O crescimento do emprego vai ocorrer no campo da saúde continuamente, estimulando a demanda por administradores qualificados. Indivíduos com fortes habilidades de gestão de negócios devem ter as melhores perspectivas de emprego. De um modo geral, os administradores hospitalares são responsáveis pela operação do dia a dia de um hospital, de uma clínica, ou de qualquer outra unidade de saúde, otimizando a organização de cuidados e as diretrizes estabelecidas pelas agências de saúde. Para coordenar as ações de todos os departamentos e garantir que eles funcionem seguindo uma mesma direção, os gestores do hospital devem possuir um amplo conjunto de habilidades e de conhecimentos. Os administradores precisam de ótimas habilidades de negócios para lidar com planejamento de longo prazo, desenvolvimento de objetivos operacionais, orçamentos e criação de um sistema global para a prestação eficiente de serviços médicos. Esses profissionais também analisam os relatórios financeiros, contratos de atenção gerenciada e de grandes despesas. Eles costumam estabelecer e administrar políticas, garantindo que elas sejam compreendidas e cumpridas de modo uniforme. O conhecimento da indústria de cuidados de saúde é essencial aos administradores do hospital, para que gerenciem com sucesso o atendimento ao paciente 36
e para servir como elo entre a equipe médica, chefes de departamento e conselhos de administração. As habilidades interpessoais de um administrador hospitalar são importantes quando ocorre a supervisão e a orientação de pessoal, sobre o atendimento à comunidade, e para interagir com os conselhos de administração. Eles estão frequentemente envolvidos em recrutamento, contratação e capacitação de médicos, enfermeiros e administradores adjuntos. Os administradores de hospital, normalmente, trabalham em um escritório particular, geralmente, em uma jornada semanal de trabalho de 40 horas. Isso em virtude da área da saúde ser um negócio full time, ou seja, funciona 24 horas por dia, sete dias por semana. A demanda pelos serviços de saúde nunca para e, às vezes, é preciso trabalhar em horários flexíveis.
Educação e formação No caso de administrador, a maioria dos empregadores de saúde, em geral, exige um grau de mestrado, mais alguns anos de experiência. Os candidatos a empregos de gestores hospitalares precisam ter conhecimento de administração de serviços de saúde, saúde pública, gestão administrativa, economia gerencial e gestão financeira. Em linhas gerais, os profissionais da área de gestão de saúde são capazes de: •
Resolver os desafios do mundo real com as modernas teorias de liderança, gestão e negociação;
•
Integrar marketing, operações, pessoal e iniciativas financeiras à gestão hospitalar; 37
•
Aplicar os princípios de negócios contemporâneos pertencentes a uma organização médica;
•
Avaliar o risco de uso de dados financeiros, estatísticos e econômicos, além de criar soluções gerenciáveis;
•
Alavancar o conhecimento avançado e as habilidades para ter sucesso como um administrador de hospital. A posição de administrador de hospital, geralmente, implica em mais
responsabilidade, logo um salário maior. Com a combinação certa de visão de negócios, habilidades de relações interpessoais e de público, e um dom para a liderança, o administrador hospitalar é responsável pelo gerenciamento não só de recursos financeiros, mas, também, de pessoas. O administrador hospitalar, em resumo, é responsável por dar toda a coordenação e liderança nas atividades de todos os aspectos do hospital, bem como em clínicas e casas de repouso. Ele contribui para o desenvolvimento de diferentes fases de administração de um hospital, atuando como uma liderança para todo o pessoal do hospital, tanto para os médicos quanto para os pacientes. O administrador hospitalar é a pessoa responsável por promover a gestão financeira do hospital, com a finalidade de dinamizar o processo orçamental, que é implementado pelos gestores de departamento e verificado, em base mensal, para avaliar a viabilidade financeira do hospital.
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Funções de trabalho •
O administrador do hospital é responsável pelo acompanhamento das atividades do hospital;
•
Trabalha junto com o conselho de administração para satisfazer as necessidades do hospital;
•
Sugere posições políticas que estão relacionadas com o governo, a legislação e outros assuntos de políticas públicas;
•
Dá informações precisas e abrangentes para o conselho de administradores, para que possam utilizá-las na tomada de decisões e em outras questões políticas;
•
Assiste reunião de seus comitês e também do conselho de administração, quando necessário;
•
Fornece relatórios periódicos dos serviços e das atividades financeiras do hospital.
O administrador hospitalar deve ter as seguintes habilidades •
Capacidade de realizar o trabalho no hospital por várias horas;
•
Capacidade de organizar e lidar com funcionários;
•
Deve ter conhecimentos básicos sobre medicamentos;
•
Deve ter competências organizacionais;
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•
Deve ter conhecimento detalhado do trabalho de administrador hospitalar. Portanto, um administrador do hospital é uma pessoa responsável perante o
operacional da instituição de saúde. Além disso, o administrador participa e coordena a definição de prioridades estratégicas estabelecidas pela direção do hospital. As atribuições específicas incluem: recrutamento e retenção de médicos, supervisão da qualidade, melhoria de processos de atendimento ao paciente, estabelecimento de normas, fiscalização de orçamentos, criação de estratégias financeiras e de negócios para assegurar a viabilidade fiscal e de saúde. Os administradores de hospital também se envolvem em relações com a imprensa, relações públicas e comunitárias, gestão de bolsas, faturamento, cobranças, compra de equipamentos e cumprimento das normas regulamentares. Os hospitais têm hierarquias administrativas e o administrador é o personagem de maior relevo nesta estrutura hierárquica. É ele que responde por qualquer fato ilícito que ocorra em sua unidade de saúde. O nível de responsabilidade difere, dependendo do tamanho da instalação. Os administradores de cuidados de saúde, em um grande hospital, têm responsabilidades orçamentais semelhantes às de uma unidade básica de saúde, contudo, a escala é diferente. Há especialistas em administração de saúde chamados gerentes clínicos. Eles são treinados em seu campo de especialização, por exemplo, fisioterapia ou enfermagem, e depois passam para uma função de administração nesta área. Eles também gerenciam as operações do hospital e áreas como recursos humanos e finanças. No entanto, os gerentes clínicos fazem relatórios para que um administrador tome a decisão. 40
Nas práticas de grandes grupos, o administrador vai trabalhar em estreita colaboração com os médicos e corpo-clínico. Um ou mais administradores de saúde podem ser usados para criar políticas, gestão de pessoal e supervisionar o faturamento e cobrança, desenvolvendo orçamentos, fazendo planejamento financeiro e gerenciamento do tráfego de pacientes. Como mencionado acima, o administrador hospitalar supervisiona muitas áreas de uma unidade de saúde. Há também usos mais especializados na gestão de cuidados de saúde, isso em virtude da evolução da indústria da saúde em nossa sociedade contemporânea. Cada hospital tem seu próprio conjunto de políticas, que regem os funcionários, os procedimentos e os serviços oferecidos aos pacientes. Um administrador pode ser obrigado a desenvolver políticas e procedimentos, e garantir que eles sejam seguidos, ou pode implementar políticas criadas por um conselho ou órgão de gestão. Planos de curto e longo prazo para o desenvolvimento de um hospital e do crescimento global da organização também são geralmente tratados, ou pelo menos supervisionados, por um administrador hospitalar. Este é um papel exigente, mas para alguém que é apaixonado por cuidados de saúde e quer usar seu conhecimento de negócios para ajudar, esta vai ser uma carreira satisfatória e gratificante.
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2.2 – Hospital como empresa
Os hospitais, atualmente, estão funcionando como pequenas ou médias empresas e envolvem todas as operações comerciais
convencionais,
práticas
e
procedimentos. Os aspectos do negócio abrangem a gestão de recursos humanos e de pessoal, estabelecimento de políticas e procedimentos, mantendo sistemas de computadores e bancos de dados, alocação de orçamentos, acompanhamento de contas e finanças, e outros sistemas organizacionais. Em uma busca de melhorar o atendimento e os processos internos dos hospitais, muitos administradores têm implantado melhorias de processos e começaram a mostrar resultados tão bons que tornaram os hospitais em verdadeiras empresas de negócios. A base para todas essas atividades deve ser um pensamento racional e um questionamento de todo o processo e sistema, quanto à sua necessidade, além de proporcionar o melhor tratamento aos pacientes. O fato é que os hospitais, tais como as empresas, sofrem de escassez de mão de obra especializada. Esta demanda por profissionais de saúde, tende a tornar o cenário da gestão hospitalar mais desafiador.
Cinco desafios do administrador hospitalar Não há dúvida de que o trabalho de um administrador hospitalar é exigente e está ficando cada vez mais difícil.
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Com a concorrência e o aumento de investimentos na área da saúde, os executivos hospitalares devem se preparar para conduzir, eficazmente, a mudança transformacional do nosso sistema de saúde. Aqui estão cinco desafios que devem ser superados para melhorar o atendimento dos pacientes com sucesso, mantendo a responsabilidade fiscal:
1 – Qualificação profissional Há uma falta real de profissionais de saúde e isso está prejudicando a rentabilidade dos hospitais, eles pagam mais para cada funcionário que contratam. Entre 2013 a 2018, o emprego na área da saúde vai crescer 23%, em comparação com apenas 9% em todos os outros setores de atividade, de acordo com pesquisas recentes. Durante este tempo, os hospitais irão ser forçados a competir por: •
Enfermeiros (deverá crescer 22,2%);
•
Auxiliares de enfermagem (deverá crescer 20,7%);
•
Auxiliares de saúde (deverá crescer 50%);
•
Médicos (deverá crescer 21,8%). Com isso em mente, os administradores hospitalares devem colocar um plano
em prática para enfrentar a escassez e competir pelos melhores funcionários. Os administradores hospitalares precisam construir um forte relacionamento com escolas que oferecem cursos técnicos de saúde, relacionados com suas comunidades locais.
2 – Especializar-se para o crescimento Com o rápido crescimento de hospitais especializados, centros de cirurgia de 43
ambulatório médico e centros de diagnóstico, hospitais tradicionais estão enfrentando maior concorrência. Para competir por pacientes, os administradores hospitalares devem estar preparados para ajustar seus hospitais através de uma estratégia de cuidados especializados. Melhores práticas de benchmarking são essenciais. Os administradores hospitalares devem ter tempo para investigar outros profissionais de saúde especializados em suas comunidades locais, identificar áreas de oportunidade e colocar um plano estratégico em ação para construir práticas especializadas. Com uma estratégia de especialização solidificada, administradores hospitalares devem concentrar seus esforços no recrutamento de pessoal especializado e na construção de uma reputação local de excelência para a área de prática.
3 – Prepare-se para o futuro Os hospitais estão sentindo a pressão para expandir seus serviços e atender à crescente demanda. Ao mesmo tempo, os hospitais estão enfrentando mudanças na forma como estes serviços são prestados. Quando a satisfação do paciente desempenha um papel na forma como os hospitais se tornam rentáveis, você pode apostar que os administradores hospitalares fazem disso uma prioridade. Portanto, os hospitais estão realizando ampla pesquisa de mercado para garantir que seus esforços de expansão estejam alinhados com o que os consumidores, isto é, os pacientes, esperam. Por exemplo, com o conhecimento de que as mulheres são responsáveis pela maioria das decisões de saúde na família, um hospital decidiu construir um centro de 44
imagens de 18.000 metros quadrados, para as mulheres, este espaço é construído através de uma atmosfera de spa. Já outro hospital de reabilitação para crianças construiu uma instalação maciça que vem com jardins terapêuticos, áreas de lazer e, até mesmo, uma escola de todos os graus para pacientes internados. Outros hospitais estão convertendo quartos semi-privados em quartos privados, isso porque há uma grande ênfase em tornar estes espaços mais seguros, confortáveis e acolhedores.
4 – Melhorar o atendimento ao paciente através da tecnologia Não há um canto ou fenda de saúde que não esteja sendo afetada de alguma forma pela tecnologia. Prestadores de serviços médicos, em todo o país, por exemplo, estão gastando milhões de reais em sistemas de registros médicos eletrônicos, que permitem compartilhar facilmente informações do paciente.
5 – Gerenciamento Com um número recorde de pessoas desempregadas, em todo o país, o número de brasileiros sem um plano de saúde continua a crescer. Agora, mais do que nunca, os administradores de saúde são desafiados com a prestação de serviços de saúde para esses pacientes, mantendo a responsabilidade fiscal. Os administradores hospitalares têm, sem dúvida, o maior obstáculo à sua frente, a prestação de serviços de saúde para o envelhecimento da população que depende de cuidados médicos específicos para as suas necessidades de saúde.
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Gerir uma unidade de saúde, hoje, é o próximo equivalente à gestão de uma cidade inteira. É um ambiente dinâmico de grupos especializados que têm o relacionamento direto e indireto um com o outro e, às vezes, de interesses conflitantes. Liderar uma organização, desse tipo, requer orçamento cuidadoso, tomada de decisões e, acima de tudo, a capacidade de manter o respeito e a cooperação dos grupos de interesses diversos que, às vezes, são prejudicados por decisões do administrador. Dentro deste ambiente, um administrador de saúde é responsável pelo estabelecimento de normas de saúde, tomada de decisões estratégicas e execução dos procedimentos de gestão de pessoal, que são necessários para apoiar a sua visão.
2.3 – Organização estrutural de um hospital
Com a vida em suas mãos, os hospitais têm que funcionar de forma muito precisa, assim como os serviços de alta qualidade. As organizações que têm este tipo de exigência, geralmente, assumem uma estrutura organizacional vertical e têm muitas camadas de gestão, com a maioria dos funcionários da organização trabalhando em papéis de baixa autoridade.
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As inúmeras camadas de gestão são projetadas para se certificar de que nenhuma pessoa deixe de seguir os padrões e diretrizes estabelecidas. Esta estrutura também garante que as tarefas estejam sendo feitas corretamente. Os hospitais são empresas e, portanto, são supervisionadas por conselhos de administração. Hospitais sem fins lucrativos, muitas vezes, consistem de membros influentes nas comunidades locais, em seu aspecto amplo e especialmente nos cuidados à saúde. Muitos hospitais foram fundados por grupos religiosos e mantêm essa filiação religiosa. Esses hospitais costumam incluir liderança religiosa em seu corpo diretivo. Há, também, hospitais filiados que são frequentemente supervisionados pelas universidades. Portanto, os conselhos universitários de curadores ou regentes podem dobrar o conselho de administração em um hospital. Sistemas multi-hospitalares, particularmente aqueles com fins lucrativos, geralmente têm um conselho de administração que supervisiona numerosas instalações. Os conselhos de administração analisam quais decisões são realizadas e quais as operações diárias do hospital são realizadas com sucesso. No entanto, os hospitais costumam ter chefes de enfermagem, médicos, diretores financeiros e diretores operacionais, que também carregam uma grande quantidade de responsabilidade. Este grupo de altos executivos forma o núcleo de gestão central.
Departamentos A maioria dos departamentos são áreas de atendimento ao paciente, tais como: de ortopedia, de trabalho de parto ou do departamento de emergência. Há também os departamentos não assistenciais, como: de serviços de alimentação, de faturamento, de finanças etc. 47
Departamentos clínicos geralmente têm grandes equipes, fornecimento significativo, necessidades de compra e numerosos regulamentos que devem ser cumpridos. Portanto, os administradores têm, frequentemente, adjuntos que ajudam a supervisionar as suas operações multifacetadas.
Gestores de assistência Dentro de um departamento há pessoas que supervisionam diretamente o atendimento ao paciente. Enfermeiros gestores, diretores de serviços de reabilitação e médicos supervisores prestam assistência ao paciente. Este nível de gestão assegura que os membros da equipe estejam atuando de forma adequada, dando o melhor atendimento, abordando todas as suas funções, em conformidade com o hospital e os requisitos legais. Quando algo dá errado com um paciente ou com um médico, essas pessoas lidam com o problema. Elas também costumam acompanhar os horários e as funções básicas do setor de recursos humanos. Um hospital é composto por prestadores de serviços de pessoal. De enfermeiros a fisioterapeutas ou de cozinheiros a trabalhadores, é preciso de muita mão de obra para fazer tudo acontecer. Essas pessoas têm descrições de trabalho e deveres muito específicos, os hospitais precisam destes profissionais para funcionar bem, garantir a segurança e a saúde dos pacientes. Os hospitais, como qualquer outro negócio, têm estruturas organizacionais que os mantêm funcionando sem problemas. Estruturas organizacionais em hospitais servem como a principal cadeia de comando.
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A direção do hospital é o primeiro nível na estrutura organizacional de um hospital, por estar no topo da cadeia. O segundo nível representa o comando, composto por executivos, gestores e supervisão em geral e, na base da pirâmide, os prestadores operacionais.
Função das estruturas organizacionais Estruturas organizacionais são utilizadas por funcionários do hospital para entender a cadeia de comando. As cadeias de comando reforçam a comunicação e descrevem quem administra ou controla quem e o quê. Desde que hospitais passaram a prestar serviços médicos intensos, a estrutura organizacional se modificou e, o pessoal médico está no topo da pirâmide, é por isso que os hospitais passaram a ser geridos como empresas. Este equilíbrio entre negócios e medicina tem um efeito positivo sobre a capacidade dos hospitais na prestação de serviços profissionais e atendimento de qualidade aos pacientes.
Infraestrutura hospitalar A estrutura de um hospital necessita de tudo o que há de melhor e mais moderno no mercado para facilitar o serviço dos médicos, e para que possa oferecer os melhores serviços para o paciente. O fato de ser uma área que lida com a vida de pessoas, o cuidado e a responsabilidade aumentam muito. E podemos perceber que, de uns anos para cá, os equipamentos dos hospitais mudaram bastante. Eles sempre estão colocando o que há de mais moderno no mercado desde móveis, prestação de serviços, e principalmente os equipamentos utilizados nas operações e atendimentos aos pacientes. 49
Para quem trabalha nessa área, palavras como inovação, criatividade, flexibilidade e principalmente humanização é fundamental para um bom desenvolvimento da empresa. Como qualquer empresa esses hospitais não são diferentes e visam o lucro. Mas nessa área o assunto é tratado com mais dedicação, afinal, um hospital lida com a vida de milhares de pessoas todos os dias. Cuidados como evitar estruturas com pontas e trocá-las por extremidades arredondadas pode ser fundamental para evitar acidentes dos pacientes ou de qualquer outra pessoa que estiver no hospital. Nos quartos a utilização de equipamentos modernos, como camas motorizadas faz com que o paciente tenha mais autonomia para se ajeitar no leito hospitalar. Até bem pouco tempo, o mecanismo era manual, o que fazia com que atendentes ou mesmo a família realizasse o trabalho t rabalho pelo paciente. Agora com esses equipamentos o paciente se torna mais independente é consegue fazer atividades simples como se mexer na cama, ca ma, se alimentar e se locomover até o banheiro. Essa mudança na infraestrutura depende de cada hospital. As mudanças variam desde os enxovais usados nos quartos, disponibilização de internet sem fio, TV a cabo, produtos de higiene pessoal das melhores marcas e em muitos casos, frigobar. E para quem acha que as mordomias acabaram está enganado. Há também floricultura, o presente padrão que normalmente os pacientes recebem. Quem for visitá-lo e desejar levar flores, os hospitais já têm sua própria floricultura para o conforto dos visitantes, ou para o paciente que desejar decorar seu quarto deixando-o mais alegre. 50
Alguns hospitais têm proporções físicas gigantescas, com vários prédios, salas e setores. A disponibilização de mapas para os acompanhantes facilita muito na hora da pessoa saber onde está e para onde tem que ir. Um dos problemas da estrutura dos hospitais é que, muitas vezes, ele não é planejado para atender as necessidades dos pacientes e sim atender aos médicos. Há muito que fazer para melhorar a infraestrutura dos hospitais, mas isso depende da equipe do hospital ter uma atitude para fazer essas modificações necessárias. Esses serviços que tornam o lugar mais humanizado é muito bom para a pessoa que muitas vezes passará meses em tratamento médico e terá o hospital como sua casa.
Os hospitais podem oferecer uma ampla quantidade de serviços que, até há algum tempo, não se imaginava que eles poderiam ser implantados neste tipo de instituição. A disponibilidade desses novos serviços faz com que sejam necessários profissionais das mais diversas áreas para executar tais atividades. A maneira que os profissionais tratam os pacientes e a qualidade do serviço prestado influenciará no estado físico e mental do paciente, que poderá afetar positivamente, ou caso o atendimento for ruim, afetará negativamente na sua recuperação. De certa forma todos os funcionários são responsáveis pela melhora do paciente. Isso mostra que o médico não é um único responsável pela cura do enfermo. Independente do grau de relacionamento, todos os funcionários participam do processo de recuperação do paciente. Na estrutura dos hospitais cada assunto tem um setor responsável. Segundo especialistas, as hotelarias hospitalares seguem um padrão diferente dos hospitais convencionais. 51
2.4 – Biossegurança
A biossegurança representa a prevenção à perda, em larga escala, da integridade biológica, incidindo tanto na ecologia quanto na saúde humana. Ela está relacionada a vários campos: •
Na ecologia: referindo-se a formas de vida importadas, além das fronteiras de uma ecorregião;
•
Na agricultura: reduzindo o risco de genes virais ou transgênicos, engenharia genética, reduzindo o risco de contaminação bacteriana de alimentos; al imentos;
•
Na medicina: referindo-se a órgãos ou tecidos de origem biológica, ou produtos de terapia genética, vírus; níveis de protocolos de contenção de laboratório medidos como 1, 2, 3, 4, de modo que aumente a segurança. O nível de biossegurança refere-se ao rigor das precauções acerca da
biocontaminação, considerado necessário pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças para o trabalho de laboratório com materiais infecciosos, como é o caso do ambiente hospitalar. Normalmente, as instituições que experimentam ou criam materiais biológicos, potencialmente prejudiciais, têm um comitê ou conselho de supervisores, que é responsável pela biossegurança. Eles criam e monitoram as normas de biossegurança que devem ser cumpridas pelos laboratórios e clínicas, a fim de impedir a liberação acidental de material biológico potencialmente destrutivo. 52
As organizações argumentam que a regulamentação deve controlar a criação de organismos que poderiam prejudicar a vida existente. Eles também afirmam que o desenvolvimento destes organismos podem ser muito danosos à saúde. O objetivo fundamental do programa de biossegurança é a contenção de agentes biológicos potencialmente prejudiciais. O confinamento pode ser alcançado seguindo as boas práticas microbiológicas, com instalações adequadamente projetadas e equipamentos de segurança disponíveis para o gerenciamento de materiais infecciosos. Cabe lembrar que deve-se respeitar os princípios biológicos de segurança e práticas de contenção que irão proporcionar um ambiente de trabalho seguro para todos os funcionários, reduzindo ou eliminando exposições potenciais, e garantindo que o trabalho que está sendo feito não tem impacto negativo sobre o meio ambiente. A análise de segurança biológica inclui: •
Avaliações de riscos biológicos para o trabalho envolvendo agentes etiológicos, DNA;
•
Seleção de agentes e toxinas;
•
Inspeção e verificação das instalações laboratoriais;
•
Recomendação de equipamentos de segurança;
•
Pareceres técnicos sobre procedimentos de segurança;
•
Formação e instrução de um plano de biossegurança;
•
Procedimentos de resíduos médicos e orientação sobre descarte de resíduos biológicos etc.
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A Divisão de Segurança Biológica aborda a segurança dos funcionários, treinamento, políticas e outras preocupações sobre a exposição ocupacional a agentes biológicos, tais como: patógenos (HIV, hepatite B, hepatite C etc) e tuberculose. Isto é alcançado através do desenvolvimento e implementação de políticas e procedimentos, que se destinam a fornecer orientações para a segurança do trabalhador ao manusear agentes biológicos. Essas políticas são baseadas nas exigências regulatórias aplicáveis e nas diretrizes de segurança em vigor. Um risco biológico pode ser definido como qualquer organismo ou material produzido por um determinado organismo, que é conhecido ou suspeito de causar doença humana ou animal. Material de risco biológico/infecciosas cai na classe D, divisão 3, do Sistema de Informação de Materiais Perigosos. A exposição a agentes biológicos perigosos pode ocorrer através de feridas ou como um resultado da absorção através do trato respiratório, do sistema digestivo, pela pele e membranas mucosas. Essa exposição pode resultar de manuseio de microorganismos, culturas de células e tecidos ou amostras de diagnóstico. Os Órgãos de Saúde e Segurança Ambiental devem aprovar todas as atividades realizadas que envolvam agentes biológicos perigosos. A exigência de certificação não se restringe às atividades de pesquisa, mas também inclui agentes biológicos utilizados para fins de testes, diagnósticos ou ensino.
Os requisitos básicos para um laboratório, utilizando materiais infecciosos, são: •
Certifique-se de que todo o pessoal de laboratório, incluindo o pessoal de serviços, vigilância e visitantes, compreenda os perigos químicos e biológicos associados ao ambiente hospitalar; 54
•
Coloque sinais de risco biológico e informações laboratoriais e, também, cartões em portas externas de laboratórios onde o material de risco biológico é manuseado ou armazenado. É importante restringir o acesso de pessoas estranhas ao laboratório e manter as portas fechadas;
•
Manter a instalação limpa e livre de desordem;
•
Certifique-se de que os dispositivos de segurança de emergência (por exemplo, extintores de incêndio, saídas de emergência etc.) sejam facilmente acessíveis e em condições de funcionamento;
•
Certifique-se de que todos os funcionários sigam as políticas de proteção dos olhos e da face, e que estejam com o vestuário de proteção;
•
Retirar jalecos, aventais e luvas antes de deixar o laboratório é importante, nunca use roupas de laboratório em outras instalações;
•
Evite comer, beber, fumar, armazenar alimentos e utensílios, aplicar produtos cosméticos ou inserir/remover lentes de contato em um ambiente hospitalar;
•
Prenda os cabelos longos. Evite usar roupas soltas, joias, bermudas e sapatos abertos ou sandálias;
•
Use agulhas hipodérmicas apenas quando absolutamente necessárias. Não dobre, não quebre, corte ou reuse agulhas. Lave as mãos após o manuseio de material infeccioso (mesmo quando as luvas tenham sido usadas) e antes de sair do laboratório. É importante lembrar da importância de se descontaminar todos os materiais
contaminados antes do descarte ou reutilização. É preciso descontaminar as superfícies 55
do laboratório depois de qualquer derramamento de materiais de risco biológico, no final de cada jornada de trabalho. Os critérios para a classificação de agentes infecciosos estão descritos nas diretrizes de biossegurança, estabelecidas pelos órgãos fiscalizadores da saúde. Essencialmente, os patógenos microbiológicos são classificados de acordo com seu impacto sobre os indivíduos que os manipulam, sobre os seus colegas e entre comunidade circunvizinha. Os agentes que representam pouco ou nenhum risco são atribuídos ao grupo de risco 1, enquanto que aqueles com maior potencial de risco estão no grupo de risco 4. A avaliação de riscos baseia-se em vários fatores, incluindo: •
A gravidade da doença induzida;
•
Via(s) de infecção;
•
Virulência e infecciosidade do micro-organismo;
•
Padrões de resistência aos antibióticos;
•
A disponibilidade de um tratamento médico eficaz (por exemplo, a terapia de antibiótico) ou vacina;
•
Presença de vetores (por exemplo, artrópodes) etc. Antes de montar experimentos envolvendo novos riscos biológicos, a
consideração também deve ser dada às condições sob as quais o agente infeccioso é usado.
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Por exemplo, a manipulação de grandes volumes e altas concentrações de um micro-organismo infeccioso em meios de cultura, como é o caso do ambiente hospitalar, apresenta um risco considerável. O fato é que a biossegurança é resultado direto dos avanços da biotecnologia. O termo biotecnologia descreve uma variedade de técnicas para a manipulação de células, ela tem sido muito utilizada para fins como a criação seletiva de animais e produção de alimentos (pão, iogurte, cerveja etc). No entanto, a biotecnologia traz consigo o potencial de dano. Um organismo geneticamente modificado pode ser altamente prejudicial à saúde, sobretudo, em um ambiente insalubre como o hospitalar, assim como as culturas de células derivadas a partir de seres humanos ou animais, que se sabe estarem infectadas com um agente patogênico, bem como culturas conhecidas ou suspeitas de conter micro-organismos infecciosos. Por exemplo, o vírus do herpes ou culturas transformadas devem ser atribuídos ao grupo de risco adequado para o conhecido patógeno, sendo manipulados com o uso de um nível de confinamento relevante e com práticas de trabalho adequadas. Grupos de risco e níveis de contenção para patógenos específicos podem ser obtidos a partir das diretrizes federais de biossegurança. Deve-se utilizar, nestes contextos, medidas de retenção. O termo retenção é utilizado em medidas que fornecem uma barreira entre o organismo infeccioso e o paciente (e, em última análise, a comunidade em geral). Isso é adquirido através do uso de equipamento, facilidade de concepção de segurança adequada, procedimentos e práticas adequadas de biossegurança. A consideração cuidadosa deve ser dada tanto para o projeto de instalações e práticas de trabalho para que se garanta a proteção do pessoal do hospital, dos colegas de trabalho, dos pacientes e da comunidade como um todo. 57
Os quatro níveis de contenção são descritos nas orientações de biossegurança: dos quatro níveis de confinamento, os mais altos padrões de segurança (nível 4) são reservados para os agentes patogênicos mais perigosos (Grupo de Risco 4) , e menos rigoroso (nível 1) para aqueles que têm impacto mínimo à saúde ( Grupo de Risco 1).
Nível 1 O nível 1 de contenção é utilizado quando se trabalha com agentes que representam quase nenhum risco para adultos saudáveis. Neste nível, a desinfecção deve ser efetuada quando necessária, utilizando-se concentrações eficazes de bactericidas.
Nível 2 O nível 2 de contenção é apropriado para o trabalho com o grupo de dois agentes de risco. As seguintes precauções, além daquelas para a contenção de nível 1, são recomendadas: •
A instalação deve ser afastada de áreas públicas;
•
Um sinal de risco biológico, com informações relevantes, deve ser fixado na entrada;
•
Itens devem ser autoclavados ou descontaminados, quimicamente, antes da remoção da instalação;
•
Os procedimentos devem ser realizados de tal modo que seja minimizada a geração de aerossol (contaminação);
•
Um plano de resposta ao vazamento de emergência deve estar no local e afixado em local visível. 58
Nível 3 O nível 3 de contenção é recomendado para o trabalho com agentes de risco do Grupo 3. As medidas devem incluir as recomendações descritas para os níveis 1 e 2, mais o seguinte : •
O laboratório deve estar longe de áreas de trabalho em geral e com acesso controlado;
•
A área deve ser mantida a uma pressão negativa em relação às áreas circundantes;
•
Fornecimento e exaustão de ar devem ser filtrados ou fornecidos por sistemas de refrigeração;
•
A pia de lavar as mãos deve estar localizada perto da saída;
•
Janelas devem ser mantidas fechadas;
•
O pessoal de laboratório deve ser treinado nos procedimentos de manuseio, descarte e emergência. Protocolos escritos, relativos a esses procedimentos, devem ser desenvolvidos e colocados em um local visível;
•
O pessoal deve usar vestuário de laboratório e devem ser autoclavados antes da lavagem ou do descarte;
•
Um programa de vigilância médica é recomendado.
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Nível 4 O nível 4 é usado para o trabalho com o grupo de quatro agentes de risco. As recomendações adicionais incluem: •
Isolamento físico do laboratório, com uma câmara intermédia para o acesso da equipe médica;
•
Entrada restrita às pessoas autorizadas e registradas no livro de registro. Observação: ninguém deve trabalhar sozinho;
•
Uso de cabines de segurança biológica e/ou roupas de proteção para os serviços de ventilação, tratamento de resíduos de gás ou de água. As práticas de biossegurança reduzem o risco de infecção no ar, através da
redução da fuga de agentes infecciosos, em aerossol, para o meio ambiente do laboratório ou do hospital. Além de proteger os trabalhadores, algumas cabines de segurança biológica, também, protegem o trabalhador de contaminação por via aérea. A segurança biológica minimiza o contato entre o operador e os agentes patogênicos através do uso do fluxo de ar direcional e, em alguns casos, usa-se uma barreira física como um escudo de vidro ou de plástico. Todas as pessoas que trabalham em um laboratório, onde são utilizados patógenos, devem saber como lidar com esses agentes de segurança e o que fazer em caso de um vazamento.
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Prevenção Um plano de prevenção de acidentes deve ser a primeira prioridade. Precauções gerais de segurança, em um hospital, incluem: •
Limitar o acesso às salas onde são usados agentes microbiológicos;
•
Usar vestuário de proteção adequado;
•
Utilizar o gabinete de segurança biológica adequado;
•
Usar plásticos em vez de vidro quebrável para reduzir a probabilidade de perfurações, cortes e geração de aerossóis no caso de um acidente;
•
Transportar materiais em carros que tenham prateleiras, usando embalagens secundárias e identificadas;
•
Desinfetar resíduos. Pequenos derrames podem ser limpos, imediatamente, pelo pessoal do
laboratório, desde que o organismo não represente um risco para a saúde, ou seja, se o vazamento é composto de baixos agentes de risco. Cabe cobrir com um pano embebido em desinfetante. Existe uma importante distinção entre esterilização e desinfecção. Embora pareçam termos iguais são completamente distintos. Considerando que a esterilização resulta em destruição de todas as formas de vida microbiana, os resultados de desinfecção na destruição de micro-organismos patogênicos específicos são menos eficazes.
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Resistência microbiana aos agentes físicos e químicos Os micro-organismos variam na sua resistência à destruição por meios físicos ou químicos. Um desinfetante destrói as bactérias, mas pode ser ineficaz contra vírus ou fungos. Os aspectos referentes à limpeza são a primeira medida para a prática da biossegurança. Como vemos, muitos são os aspectos a serem observados quando tratamos de biossegurança. Justamente pelo fato do ambiente hospitalar ser insalubre, se faz necessário atenção redobrada aos níveis de contaminação.
Custos operacionais de um hospital Abaixo, um interessante texto, que trata justamente dos custos operacionais de uma unidade de saúde. Trata-se de um artigo embasado em estatísticas sólidas e analisadas por peritos, acerca do tema. Observe:
Hospitais têm de reduzir em 11% os custos operacionais Os hospitais, os centros hospitalares e as unidades locais de saúde, integrados no sector empresarial do Estado, têm de reduzir em 11% os seus custos operacionais, em 2012, segundo um diploma publicado hoje. O Despacho n.º 10783-A/2011, publicado no Diário da República, determina que "a meta de referência para a redução dos custos operacionais dos hospitais, dos centros hospitalares e das unidades locais de saúde, integrados no setor empresarial do Estado, seja desde já revista e fixada em um valor inferior a 11%, face ao valor de 2011", indica o portal na Internet do Ministério da Saúde. "Apenas será admissível uma redução menor nos casos e na medida em que tal garanta um orçamento econômico equilibrado, traduzido em um valor nulo de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização", acrescenta. 62
O governo quer que os orçamentos, para 2012, dos hospitais, dos centros hospitalares e das unidades locais de saúde tenham "especialmente em conta a necessidade de garantir o controle de custos da instituição", nomeadamente com o pessoal, o fornecimento, os serviços externos e os consumos, "em especial, o consumo clínico e os medicamentos". Considera-se "obrigatória a redução dos custos operacionais em pelo menos 5%, face a 2011, de forma que garanta um orçamento equilibrado". No despacho, dos Ministérios das Finanças e da Saúde, recorda-se que "o Memorando de Entendimento firmado pelo governo português com o Fundo Monetário Internacional, com a Comissão Europeia e com o Banco Central Europeu prevê um controle mais estrito dos níveis de endividamento no setor empresarial do Estado, ao qual pertencem as entidades públicas empresariais (EPE) da saúde". Além disso, "o Programa do XIX Governo Constitucional prevê diversos objetivos e ações no domínio do controle do endividamento das entidades públicas, com vista à sua sustentabilidade futura". Os ministérios apontam também "a redução do plafond de financiamento global do Serviço Nacional de Saúde no Orçamento, de 2012, com reflexo na redução do nível de financiamento, através dos contratos-programa que as administrações regionais de saúde estabelecem com os hospitais, centros hospitalares e unidades locais de saúde integrados no setor empresarial do Estado para 2012 (redução de proveitos), o que exigirá medidas de contenção de custos adicionais em relação àquelas que já estavam a serem programadas". Referem-se, igualmente, que "o ritmo de variação da dívida aos fornecedores externos dos hospitais, dos centros hospitalares e das unidades locais de saúde, integrados no setor empresarial do Estado, apresenta tendência crescente até à data e é determinante estabilizá-lo, o que exige, também, medidas de contenção de custos adicionais". 63
A secretária de Estado do Tesouro e das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e o secretário de Estado da Saúde, Manuel Teixeira, concluem no despacho a necessidade de "medidas mais exigentes no que toca a contenção de custos e a estabilização do crescimento do ritmo de endividamento pelas EPE (Entidades Públicas Empresariais) na área da saúde” e "o dever de garantir a qualidade assistencial do Serviço Nacional de Saúde, aos atuais níveis de acesso e à maximização dos recursos existentes". Fonte: http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=1968627&page=-1
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