Florbela Espanca Ser Poeta As três primeiras estrofes denem o poeta num sentido geral, qualquer poeta: Inicia-se com uma hipérbole: "Ser poeta é ser mais alto, é ser maior/Do que os homens!" - é ser maior do que os outros mortais. Continua com uma antítese : "Morder como quem beija!/É ser mendio e dar como quem seja/ei do eino de quém e de lém-Dor!" - n#o ter nada e dar tudo, n#o ser dono de nada e tudo possuir. Termina Te rmina com metáforas hiperbólicas : "É ter de mil desejos o esplendor/É n#o saber sequer que se deseja!/É ter c$ por dentro um astro que %lameja,/É ter arras e asas de condor!/É ter %ome, é ter sede de &n%inito!/'or elmo, as manh#s de oiro e de cetim(/É condensar o mundo num s) rito!" - ser iluminado, ser uma a*e que *oa mais alto que as outras, desejar o in%inito, o m$+imo, o inantin*el, ser proteido pelas manh#s belas e puras. •
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A última estrofe dene já a própria poetisa, num sentido particular: para ela, ser poeta, é amar assim como ela ama, é fundir-se com o ser amado. " é amar-te, assim, perdidamente!# perdidamente!# seres alma, e sangue, e $ida em mim di%ê-lo cantando a toda a gente&"
Amar ' ad$ér(io perdidamente dene a dimens)o desejada do amor: sem limites. Amar alguém é e*clusi$idade, limite. +ogo, a contradi)o é só aparente. ' sujeito lrico e*pressa a sua $ontade de amar sem limites, sem normas: Espaço: aqui( além em todos os espaos. Tempo: presente do indicati*o: momento da enuncia#o. enuncia#o. Entusiasmo: pai+#o com que s#o enunciadas as a%irmaes. • • •
itmo rápido nas quadras, acompan/ando a e*press)o e*press)o ardente do estado de esprito0 ritmo mais lento nos tercetos, acompan/ando a lin/a re1e*i$a dos mesmos. 2as quadras: repeti3es de pala$ras, e*clama3es e interroga3es interroga3es sucessi$as, $ersos sincopados, cesurados0 nos tercetos, frase completas e domnio da su(ordina)o. A 4rima$era é metáfora da alegria de $i$er, de amar. 5erso 67 8 desejo de que a sua $ida seja uma torrente de lu%. 5erso 69 8 amando, dando-se, encontra-se0 amar é sempre "perder" "perder" algo, que equi$ale a gan/ar algo. Amor $ulcnico, incontrolá$el, sem limites, sem normas.
Hora que Passa A(andonada, só, c)o sem dono, ;o(, ;udeu rrante, alma sem amor!: o sujeito lrico $i$e mergul/ado em profunda triste%a, desilus)o e solid)o. 4erdida 4erdida neste mundo0 totalmente a(andonada0 perdida e errante como os ;udeus durante longos séculos sem pátria. <ó;o(0 escura=es$entura. m am(os os casos, apro*ima)o, apro*ima)o, pela rima, de pala$ras de sentido semel/ante. >onalidade >onalidade negati$a, nasal, fec/ada, algo declamatória 8 temática triste. Adjecti$a)o muito negati$a e repetiti$a: triste, a(andonada e só, triste, dolorida e escura. ?ada adjecti$o refora o sentido negati$o do anterior. anterior. =as inúmeras metáforas, seleccionámos a do último $erso: a $ida é um o%in/o de água triste que corre 8 a $ida fa% sofrer0 $is)o pessimista da $ida. @alta de amor, de felicidade0 n)o reali%a)o dos projectos e son/os.
ora que passa 8 $ida que passa e n)o dei*a felicidade0 $i$e-se o tempo sem $i$er a $ida.
Árvores do Alentejo 1.ª parte do poema : as duas quadras que caracteri%am a plancie alentejana: 0empo: meio-dia: " 1oras mortas( 2ur*ada aos pés do Monte/ plancie é um brasido" Met$%ora caracteri3ando a plancie: " plancie é um brasido" 'ersoni%ica#o das $r*ores caracteri3adas com adjecti*a#o simples e dupla: "(e, torturadas,/s $r*ores sanrentas, re*oltadas,/4ritam a Deus a b5n#o duma %onte!", "6s%nicas, recortam desrenhadas/7s tr$icos per%is no hori3onte!" - *is#o subjecti*a da realidade, os adjecti*os tradu3em a secura da paisaem que in*ade as $r*ores. • • •
2.ª parte do poema : primeiro terceto: compara-se Bs ár$ores, personica-as ao c/amá-las e ao atri(uir-l/es uma alma que como a dela tam(ém implora remédio para as suas mágoas. 3.ª parte do poema : último terceto: apela ás ár$ores para que n)o c/orem, tam(ém ela anda a pedir a =eus uma gota de água para matar a sede da sua alma magoada, para mitigar a sua mágoa.