Universidade Federal do do Piauí - UFPI Centro de Ciências Humanas e Letras – CCHL Programa de Pós-graduação em Antropologia e Arqueologia – PPGAARQ Disciplina: Métodos e Técnicas de Pesquisa em Antropologia II Alunos: Marcus Vinicius P. Oliveira. Paula Layane P. de Sousa. Fichamento
GLUCKMAN, M. Analise de uma situação social na Zululândia moderna. In: FELDMANBIANCO, B. (org.). Antropologia nas sociedades contemporâneas: métodos. São Paulo, Global, 1987, pp. 227-267.
PROBLEMA:
Como se da à relação r elação entre africanos e brancos do norte da Zululândia?
HIPOTESE/TESE:
A separação ou diferenciação entre os grupos raciais (zulus e europeus) na Zululândia é parte constituinte da estrutura social e pode representar uma forma indireta de associação ou cooperação.
CONCEITOS/CATEGORIAS:
Situação social: é um evento, comportamento em algumas ocasiões, de indivíduos como membros de uma comunidade, analisado e comparado com seu comportamento em outras ocasiões. Desta forma, a análise de uma situação social revela o sistema de relações subjacentes entre a estrutura social da comunidade, as partes da estrutura social, o meio ambiente físico e a vida fisiológica dos membros da comunidade. (p. 238). Equilíbrio da estrutura: relações interdependentes entre partes diferentes da estrutura social de uma comunidade em um período particular. (p. 260). Identidade de interesse temporária: concordância temporária entre os grupos que transpassam as fronteiras de cor interligando os grupos raciais através da associação ou cooperação de alguns de seus membros (p. 261), onde mesmo as diferenças sendo marcantes os indivíduos adaptam seus comportamentos em modos socialmente determinados quando se associam uns aos outros. (p. 250).
ARGUMENTAÇÃO:
O autor faz uma análise da situação social da relação entre zulus e europeus no norte da Zululândia.
Para iniciar sua analise o autor primeiramente descreve os eventos conforme registrados por ele em um único dia relacionados a inauguração de um ponte na região. A partir da descrição dessas situações sociais e de suas inter-relações numa sociedade particular o autor procura abstrair a estrutura social, as relações sociais, instituições, etc. dessa sociedade. (p. 228) Para analise dessa situação social o autor parte da premissa da existência de uma única comunidade branco-africana na Zululândia. (p. 238-239) Tendo como exemplo da inauguração da ponte como um evento de interesse comum de ambos os grupos zulus e europeus o autor coloca que através da inter-relação entre esses grupos podem se delinear separação, conflito e cooperação em modos de comportamento socialmente definidos. (p. 243) O funcionamento da estrutura social na Zululândia pode ser observado nas atividades políticas, ecológicas e etc. (p.243) A diferenciação entre os dois grupos em relação as atividades políticas e ecológicas feita flagrantemente com base de critérios de raça e cor coincide com outras diferenças. Em relação à religião a divisão entre pagãs e cristãos constitui uma forma de divisão social dentro do grupo africano na relação particular entre os zulus e europeus.(p. 253) Contudo a cisão entre cristãos e pagãos está entremeada por laços de parentesco, por aliança, política e cultura. (p. 253) A filiação dos zulus cristãos aos dois grupos raciais cria uma certa tensão entre cristãos e zulus pagãos, que é resolvida apenas parcialmente pelos laços que mantém em comum. Isso se reflete na existência da seita separatista zulu cristã. (p. 254) A associação de certos zulus com europeus bem como com seus valores e crenças, cria grupos entre os zulus que transpassam em certas situações a separação dos interesses dos africanos e dos brancos, enfatizando, porém suas diferenças. (p. 255) Embora muitos pagãos se opunham e sejam hostis ao cristianismo, afirmando que essa religião está abalando a cultura e a integridade zulu, não discrimina entre seus parentes cristãos e pagãos. Há fortes laços na vida familiar, capazes de superar a clivagem entre cristãos e pagãos, entre homens progressistas que adotam costumes europeus e aqueles que não os adotam. Por outro lado, o efeito dos novos costumes está se fazendo sentir cada vez mais, especialmente nesses grupos, sendo que os laços de parentesco estão se enfraquecendo. (p. 257) Portanto, a separação ou diferenciação entre os grupos raciais (zulus e europeus) na Zululândia é parte constituinte da estrutura social e pode representar uma forma indireta de associação ou cooperação.
CONCLUSÃO:
Através da comparação da situação social especifica do norte da Zululândia com inúmeras outras situações seremos capazes de delinear o equilíbrio da estrutura social em certo período de tempo. (p. 260). Dessa forma a definição precisa dos conflitos na
análise do equilíbrio temporário do autor poderá relacionar seu estudo seccional comparativamente ao seu estudo da mudança social. (p. 261). COMENTÁRIOS:
No estudo de caso realizado por Gluckman onde procura analisar como se dá a relação entre zulus e europeus no norte da Zululândia é percebido que o equilíbrio na estrutura social desta região está marcada pelo que normalmente costuma-se chamar de “desajustamento”. Os indivíduos assumem vidas coerentes através da seleção situacional de uma miscelânea de valores contraditórios.