SÉRIE ELETROELETRÔNICA ELETROELETRÔNICA
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABAL TRABALHO HO
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA � CNI Robson Braga de Andrade
Presidente
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA Rafael Esmeraldo Lucchesi Lucchesi Ramacciotti
Diretor de Educação e Tecnologia
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL � SENAI Conselho Nacional Robson Braga de Andrade
Presidente
SENAI – Departamento Nacional Rafael Esmeraldo Lucchesi Lucchesi Ramacciotti
Diretor Geral Gustavo Leal Sales Filho
Diretor de Operações Regina Maria de Fátima Torres
Diretora Associada de Educação Profissional Profissional
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SÉRIE ELETROELETRÔNICA
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
© 2012. SENAI – Departamento Nacional © 2012. SENAI – Departamento Regional de São Paulo A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por escrito, do SENAI. Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI - São Paulo, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.
SENAI Departamento Nacional Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP SENAI Departamento Regional de São Paulo Gerência de Educação – Núcleo de Educação a Distância
FICHA CATALOGRÁFICA
S491g Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional. Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança no Trabalho / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de São Paulo. Brasília : SENAI/DN, 2012. 126 p. il. (Série Eletroeletrônica). ISBN 978-85-7519-594-9 1. QSMS 2. Qualidade 3. Saúde 4. Meio Ambiente 5. Segurança no Trabalho 6. Eletroeletrônica I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional II. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de São Paulo III. Título IV. Série
CDU: 005.95
SENAI
Sede
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional
Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações e quadros Figura 1 - Estrutura curricular do curso Técnico de Eletroeletrônica.............................................................12 Figura 2 - Uma questão de qualidade ......................................................................................................................19 Figura 3 - Procedimento documentado ..................................................................................................................20 Figura 4 - Princípios de gestão da qualidade.........................................................................................................24 Figura 5 - Representação de processo .....................................................................................................................26 Figura 6 - Exemplo de processo seletivo .................................................................................................................27 Figura 7 - Exemplo de lista de verificação...............................................................................................................29 Figura 8 - Dados da lista de verificação que permitem rastreabilidade ......................................................30 Figura 9 - Gráficos de Pareto de ocorrências e custo .........................................................................................31 Figura 10 - Pareto de ocorrências e custos percentuais.....................................................................................32 Figura 11 - Exemplo de histograma de produção ................................................................................................33 Figura 12 - Exemplo de gráfico de controle ...........................................................................................................34 Figura 13 - Representação de diagrama de Ishikawa para preencher..........................................................35 Figura 14 - Diagrama de dispersão ............................................................................................................................36 Figura 15 - Planilha vazia ...............................................................................................................................................42 Figura 16 - Planilha preenchida e formatada .........................................................................................................43 Figura 17 - Preenchimento da coluna e das linhas ..............................................................................................44 Figura 18 - Preenchimento da linha com os dias da semana...........................................................................45 Figura 19 - Inserção dos dados ...................................................................................................................................45 Figura 20 - Planilha formatada ....................................................................................................................................46 Figura 21 - Selecionando para formatação de alinhamento ............................................................................46 Figura 22 - Formatação do alinhamento .................................................................................................................46 Figura 23 - Dados alinhados.........................................................................................................................................47 Figura 24 - Largura das colunas ajustadas ..............................................................................................................47 Figura 25 - Seleção para formatar as bordas ..........................................................................................................48 Figura 26 - Borda externa ..............................................................................................................................................48 Figura 27 - Borda interna ...............................................................................................................................................49 Figura 28 - Bordas formatadas ....................................................................................................................................49 Figura 29 - Formatação do preenchimento............................................................................................................50 Figura 30 - Opção de formatação do preenchimento ........................................................................................50 Figura 31 - Tabela pronta...............................................................................................................................................51 Figura 32 - Múltiplas formas de seleção das células............................................................................................53 Figura 33 - Rotulação das colunas para inserção das fórmulas .......................................................................54 Figura 34 - Seleção do estilo de formatação das novas colunas.....................................................................55 Figura 35 - Formatação de novas colunas...............................................................................................................55 Figura 36 - Novas colunas formatadas .....................................................................................................................55 Figura 37 - Inserção de fórmulas ................................................................................................................................56 Figura 38 - Cópia de fórmulas......................................................................................................................................56 Figura 39 - Fórmulas copiadas.....................................................................................................................................57 Figura 40 - Formatação da borda ...............................................................................................................................57 Figura 41 - Planilha com as fórmulas inseridas .....................................................................................................58
Figura 42 Figura 43 Figura 44 Figura 45 Figura 46 Figura 47 Figura 48 Figura 49 Figura 50 Figura 51 Figura 52 Figura 53 Figura 54 Figura 55 Figura 56 Figura 57 Figura 58 Figura 59 Figura 60 Figura 61 Figura 62 Figura 63 Figura 64 Figura 65 Figura 66 Figura 67 Figura 68 Figura 69 Figura 70 Figura 71 Figura 72 Figura 73 Figura 74 Figura 75 Figura 76 Figura 77 Figura 78 Figura 79 -
Inserção dos limites de controle ..........................................................................................................59 Menu de tipos de gráfico ........................................................................................................................59 Selecionando o tipo de gráfico.............................................................................................................60 Gráfico de controle pronto ....................................................................................................................60 Criando a base de dados .........................................................................................................................61 Ordenação dos dados de ocorrência..................................................................................................62 Menu de classificação dos dados .........................................................................................................62 Planilha com dados de ocorrência ordenados................................................................................63 Inserção da coluna de representatividade (%)................................................................................63 Tabela concluída com a coluna de total ............................................................................................64 Paretos de defeitos por ocorrência e porcentagem......................................................................65 Pareto de porcentagem de ocorrências ............................................................................................66 Paretos de custos por ocorrência e porcentagem .........................................................................67 Dados para construção do histograma..............................................................................................68 Histograma sem formatação .................................................................................................................69 Histograma expandido ............................................................................................................................69 Menu Formatar Legenda.........................................................................................................................70 Legenda superior .......................................................................................................................................70 Legenda totalmente formatada ...........................................................................................................71 Histogramas de desempenho individual dos turnos ...................................................................71 Uso incorreto da tomada ........................................................................................................................78 Imprudência a toda prova ......................................................................................................................79 Vida por um fio ...........................................................................................................................................79 Exemplo de EPC - Cinturão trava-quedas .........................................................................................84 Exemplos de EPIs: capacete, luva, óculos e botinas ......................................................................85 Símbolo da CIPA .........................................................................................................................................90 Legislação ambiental............................................................................................................................. 100 Mapa do Japão – usina de Fukushima ............................................................................................ 102 Precisamos proteger nosso planeta................................................................................................. 104 Distribuição da água no planeta ....................................................................................................... 105 Etiqueta de eficiência energética...................................................................................................... 106 Parque eólico – gerando energia limpa com o vento................................................................ 108 De bem com o meio ambiente .......................................................................................................... 109 Descarte correto dos resíduos sólidos ............................................................................................ 110 Reciclando vidas......................................................................................................................................110 Cuidado com o conteúdo .................................................................................................................... 111 Alumínio – resíduo inerte que gera renda..................................................................................... 112 Placa de circuito impresso – fonte de contaminantes para o meio ambiente ................. 115
Quadro 1 – Definições de alguns termos da qualidade ......................................................................................22 Quadro 2 – Funções mais utilizadas em planilhas eletrônicas ..........................................................................54 Quadro 3 – Exemplos de causas de acidente de trabalho em eletroeletrônica ........................................80 Quadro 4 – Tipos de riscos ............................................................................................................................................81 Quadro 5 – Resíduos na área da eletroeletrônica.............................................................................................. 114
Sumário 1 Introdução ........................................................................................................................................................................11 2 Qualidade .........................................................................................................................................................................17 2.1 A importância da qualidade ...................................................................................................................18 2.1.1 Procedimentos de trabalho e termos utilizados na qualidade .................... ............20 2.2 Princípios de Gestão da Qualidade ......................................................................................................22 2.3 Processo .........................................................................................................................................................25 2.4 Ferramentas da qualidade .......................................................................................................................27 2.4.1 Lista de verificação ...................................................................................................................28 2.4.2 Estratificação...............................................................................................................................29 2.4.3 Gráfico de Pareto .......................................................................................................................30 2.4.4 Histograma ..................................................................................................................................32 2.4.5 Gráfico de controle ...................................................................................................................33 2.4.6 Brainstorm ....................................................................................................................................34 2.4.7 Diagrama de Ishikawa .............................................................................................................35 2.4.8 Diagrama de dispersão ...........................................................................................................36 3 Planilhas e Gráficos .......................................................................................................................................................41 3.1 Inserção de dados em uma planilha ....................................................................................................42 3.2 Formatação dos dados de uma planilha ............................................................................................46 3.3 Edição de fórmulas .....................................................................................................................................51 3.3.1 Construção de gráficos a partir das planilhas de dados .............................................58 3.3.2 Imprimindo planilhas e gráficos ..........................................................................................73 4 Saúde e segurança no trabalho na área de eletroeletrônica .........................................................................77 4.1 Riscos no dia a dia do trabalho ..............................................................................................................77 4.1.1 Riscos .............................................................................................................................................81 4.1.2 Como identificar os riscos no local de trabalho .............................................................81 4.1.3 Como minimizar os riscos e as consequências dos acidentes ..................................82 4.2 Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva ...........................................................................83 4.2.1 Definições ....................................................................................................................................84 4.2.2 Uso e gestão dos epis e epcs no ambiente de trabalho .............................................86 4.3 Acidente de trabalho .................................................................................................................................87 4.4 CIPA ..................................................................................................................................................................90 4.5 Saúde no trabalho ......................................................................................................................................91 4.5.1 Doenças decorrentes do exercício da profissão e doenças do trabalho ..............91 4.5.2 Prevenção das doenças ..........................................................................................................92
5 Meio ambiente e a área de eletroeletrônica ........................................................................................................97 5.1 Interações entre a atividade humana e o meio ambiente ...........................................................97 5.1.1 Aspectos e impactos ambientais ........................................................................................98 5.1.2 A legislação ambiental brasileira .........................................................................................99 5.1.3 Ecossistemas ............................................................................................................................100 5.2 Globalização dos problemas ambientais ........................................................................................101 5.3 Ecoeficiência, consciência prevencionista e sustentabilidade ................................................104 5.3.1 Uso consciente dos recursos naturais e fontes de energia .....................................104 5.3.2 Desenvolvimento com consciência ................................................................................107 5.3.3 A reciclagem e o problema do lixo nos grandes centros urbanos ....................... 109 5.4 Descarte correto dos resíduos da eletroeletrônica ......................................................................112 Referências ........................................................................................................................................................................119 Minicurrículo do autor ..................................................................................................................................................121 Índice ..................................................................................................................................................................................123
Introdução
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A unidade curricular de Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança no Trabalho visa desenvolver fundamentos relativos a ações prevencionistas de conservação do meio ambiente, segurança no trabalho e utilização de ferramentas da qualidade, bem como capacidades sociais, organizativas e metodológicas, tendo em vista a atuação do técnico nas situações de trabalho. Esta unidade compõe o módulo básico do curso Técnico de Eletroeletrônica, que subsidia o desenvolvimento dos módulos específicos I, II e III, como mostra a figura a seguir:
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
Entrada
Módulo Básico (300 h) • Comunicação Oral e Escrita (60 h) • Eletricidade (180 h) • Leitura e Interpretação de Desenho (30 h) ) • Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança no Tr abalho (30h (30 h)
Módulo Específico I (300 h) Instalação de Sistemas Eletroeletrônicos • Instalação de Sistemas Elétricos Prediais (90 h) • Instalação de Sistemas Eletroeletrônicos Industriais (90 h) • Instalação de Sistemas Eletrônicos (90 h) • Gestão da Instalação de Sistemas Eletroeletrônicos (30 h)
Módulo Específico II (300 h) Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos • Manutenção de Sistemas Elétricos Prediais (60 h) • Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos Industriais (120 h) • Manutenção de Sistemas Eletrônicos (60 h) • Gestão da Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos (60 h)
Módulo Específico III (300 h) Desenvolvimento de Sistemas Eletroeletrônicos • Projeto de Sistemas Elétricos Prediais (60 h) • Projeto de Sistemas Eletroeletrônicos Industriais (120 h) • Projeto de Sistemas Eletrônicos (60 h) • Projeto de Melhorias de Sistemas Eletroeletrônicos (60 h)
Técnico em Eletroeletrônica (1200 h)
Figura 1 - Estrutura curricular do curso Técnico de Eletroeletrônic a Fonte: SENAI-SP (2012)
Instalador de Sistemas Eletroeletrônicos (600 h)
Mantenedor de Sistemas Eletroeletrônicos (900 h)
1 INTRODUÇÃO
Os fundamentos técnicos e científicos desenvolvidos nesta unidade são: a) elaborar planilhas e gráficos, inclusive em meio eletrônico; b) identificar os elementos de descarte de resíduos; c) identificar os aspectos relacionados à saúde e à segurança do trabalho nos serviços de eletroeletrônica; d) identificar procedimentos e normas técnicas; e) interpretar os processos de gestão da qualidade, meio ambiente e saúde e segurança do trabalho. As capacidades sociais, organizativas e metodológicas abordadas nesta unidade são: a) ter raciocínio lógico;
h) estabelecer prioridade;
b) ter consciência prevencionista
i) ter organização;
em relação à saúde, segurança no trabalho e meio ambiente; c) ter visão sistêmica; d) ter proatividade; e) ter capacidade de análise; f ) tomar decisões; g) ter senso investigativo;
j) manter-se atualizado tecnicamente; k) cumprir normas e procedimentos; l) trabalhar em equipe; m) comunicar-se de forma clara e precisa; n) ter responsabilidade; o) ter senso crítico.
Para desenvolver esses fundamentos e capacidades, nosso material está dividido em cinco capítulos, sendo este o primeiro. No segundo capítulo, abordaremos os fundamentos de qualidade, seus conceitos e processos. Também indicaremos como aplicar as sete ferramentas clássicas da qualidade para análise de tendências dos processos, identificação de problemas e possíveis soluções. No terceiro capítulo, que trata de planilhas e gráficos, apresentaremos como você utilizará os principais comandos e recursos das planilhas eletrônicas para, entre outras finalidades, subsidiar o estudo das ferramentas da qualidade. Mostraremos como os dados são apresentados em planilhas e como podemos gerar vários tipos de gráficos a partir delas.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
No quarto capítulo, sobre saúde e segurança no trabalho, abordaremos as condições e os riscos ambientais, os acidentes, a necessidade e a gestão do uso de EPIs e EPCs e as doenças decorrentes da atividade profissional. O foco estará na prevenção de riscos e na redução de danos, no caso de acidentes. Apresentaremos também questões legais inerentes à segurança e saúde dos trabalhadores da área, mais especificamente daqueles que atuam na área de eletroeletrônica. Finalmente, no quinto capítulo, referente ao meio ambiente, vamos expor conceitos ligados aos aspectos e impactos ambientais e à otimização do uso dos recursos naturais, incluindo o uso de tecnologias mais limpas. O foco estará nas ações e decisões que podem impactar na qualidade do meio ambiente e, consequentemente, na vida da sociedade.
1 INTRODUÇÃO
Anotações:
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Qualidade
2 Quando você adquire um produto ou um serviço, tem uma expectativa de que ele atenda aos seus desejos e às suas necessidades. Para entender melhor do que estamos falando, imagine que a situação a seguir tenha ocorrido de fato. Entusiasmado com um produto adquirido por um colega e avaliado por ele como sendo muito bom, você resolve adquirir outro igual. Porém, quando compra o seu, fica insatisfeito porque constata que o produto apresenta defeitos que você considera importantes. Saiba que o problema provavelmente é com a gestão dos processos produtivos que geraram um equipamento defeituoso. Pois bem, a qualidade de produtos e serviços de uma organização afeta diretamente nossas vidas e deve ser preocupação de todas as organizações. Há mais um fator que faz a diferença entre a sua avaliação e a de seu colega sobre o mesmo produto: a qualidade é um conceito amplo, que compreende dimensões próprias do objeto e particulares a cada pessoa. Sabendo disso, as empresas têm buscado aprimorar sua visão sobre elementos e aspectos que contribuem para a qualidade dos seus produtos, tendo em vista melhor atender às necessidades de seus clientes. Esse é exatamente o tema deste capítulo no qual tratamos dos conceitos e das práticas que têm sido desenvolvidas pelas organizações visando agregar qualidade aos seus produtos, aos seus processos de produção e aos serviços de modo geral, inclusive aqueles relacionados com a área da eletroeletrônica. Iniciaremos destacando a importância da qualidade no dia a dia das empresas e como a sua gestão pode alterar os resultados das organizações. Em seguida, abordaremos os principais conceitos e ferramentas que auxiliam na gestão da qualidade, verificando como eles contribuem para que você possa enfrentar os desafios do trabalho na função de técnico.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
� RETRABALHO
Assim, ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
Situação na qual, após a conclusão do processo produtivo, um componente ou equipamento precisa sofrer intervenções para atender às funções para que foi projetado.
a) reconhecer a importância da qualidade nas organizações; b) interpretar os processos de gestão da qualidade; c) identificar as principais ferramentas da qualidade.
2.1 A IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE Dois dos maiores desafios das organizações atualmente são garantir a preferência dos clientes por seus produtos e serviços e a eficiência dos seus processos. Para que isto ocorra, os sistemas de gestão de qualidade são aliados importantes, já que apresentam um conjunto de metodologias e ferramentas para serem implantadas, visando cooperação para proporcionar o alcance e a manutenção dos seus objetivos. Os sistemas de gestão da qualidade se destinam a impulsionar e estruturar mudanças para a melhoria contínua das empresas e, desse modo, contribuir para a permanência delas nos mercados onde já atuam e, algumas vezes, para conquista de outros nos quais possam vir a atuar. Para tanto, devemos pensar em qualidade sobre três aspectos: a) a qualidade dos produtos: que se refere à busca de um desempenho com ausência de falhas, à manutenção de bom preço, à disponibilidade para atendimento e à boa qualidade de serviços associados (assistência técnica, suporte, treinamento); b) a qualidade dos processos: que trata da produtividade e redução de custos alcançada pela diminuição de perdas e desperdícios, pela definição de padrões que evitem grandes variações nos resultados e, ao mesmo tempo, pela manutenção da flexibilidade necessária para que as empresas possam se adaptar às mudanças do mercado; c) a qualidade da organização: que compreende a busca contínua de integração e sinergia entre os processos. Dentre os aspectos anteriormente mencionados, destacamos a qualidade nos processos, pois a baixa eficiência desta, causada pelo desperdício de material, de recursos e pelas atividades de retrabalho¹, tem sido preocupação das empresas que produzem bens e serviços.
2 QUALIDADE
Não posso acreditar! Esperei tanto para comprar esse notebook, mal usei e ele já deu defeito de fábrica...
Figura 2 - Uma questão de qualidade Fonte: SENAI-SP (2012)
Se entendermos que o cliente é a razão de existir de uma organização , podemos dizer que quanto mais clientes satisfeitos uma organização tem, mais propaganda favorável terá, gerando um “círculo virtuoso” que contribui para o seu crescimento. E quanto mais clientes insatisfeitos, mais propaganda desfavorável será feita, gerando um “círculo vicioso” que pode prejudicar sua imagem. Mas você pode estar se perguntando: de que maneira o meu trabalho, como técnico em eletroeletrônica, pode contribuir para a conquista e manutenção dos clientes da organização onde atuo ou atuarei? Para responder a essa questão, imagine-se como técnico em uma indústria, responsável pela manutenção das máquinas e dos equipamentos lá existentes. Como profissional responsável que você é, sabe que o seu trabalho tem influência direta sobre os serviços prestados, pois, caso a manutenção realizada não atenda a padrões de qualidade, poderá gerar problemas na fabricação dos produtos e comprometer sua imagem profissional e a da empresa com os clientes. Colocá-lo no lugar desse técnico foi uma estratégia para ajudá-lo a perceber como é importante adotar procedimentos que garantam a qualidade do trabalho que você realiza. O que implica aprender sobre as metodologias e os instrumentos desenvolvidos pelos estudos de gestão da qualidade.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
� BITOLA Área de passagem da corrente no condutor, normalmente especificada em milímetros quadrados.
2.1.1 PROCEDIMENTOS DE TRABALHO E TERMOS UTILIZADOS NA QUALIDADE Procedimentos de trabalho são documentos ou práticas adotadas por uma organização para orientar sobre os requisitos e as especificações a serem observadas quando da realização de uma atividade ou um conjunto delas. Também descrevem como a atividade deve ser realizada para garantir que requisitos e especificações sejam satisfeitos.
Figura 3 - Procedimento documentado Fonte: SENAI-SP (2012)
Mas o que são requisitos e especificações? São parâmetros mínimos que devem ser atendidos para garantir a qualidade de um item ou produto. Para que fique mais claro, vamos abordar cada um deles.
Requisitos São parâmetros definidos por: a) normas técnicas; b) órgãos reguladores; c) um grupo de pessoas voltadas a atender às necessidades particulares. Os requisitos de natureza legal ou estatutária (decorrentes de legislação) são os definidos por pareceres ou regulamentos ditados pelo governo ou por agências reguladoras como, por exemplo, aqueles definidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou pelo Ministério do Trabalho.
2 QUALIDADE
Para os produtos da área de eletroeletrônica, quando aplicável, há certificados de conformidade que são emitidos por laboratórios credenciados junto ao Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro)
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre as atividades do Inmetro, você pode consultar o endereço < http://www.inmetro.gov.br/>, na internet.
Atender aos requisitos e às especificações legais pode ser fator decisivo para a comercialização de produtos ou serviços de uma organização. Exemplos muito conhecidos são os produtos das indústrias alimentícias e farmacêuticas, que devem atender às normas ou regulamentações da Anvisa para que possam ser comercializados.
VOCÊ SABIA?
Se os produtos ou serviços da empresa em que você atua ou atuará estiverem sujeitos a normas ou regulamentos ditados por outras organizações, cabe a ela atendê-los. O não atendimento pode resultar em risco para os clientes e pesadas sanções legais para a empresa.
Especificações São parâmetros definidos pelo projetista. Permitem verificar se um dado elemento atende à finalidade para qual ele está sendo utilizado, seja na fabricação de produtos ou na prestação de serviços. Por exemplo, indica se uma determinada bitola² de condutor atende à necessidade decorrente de uma dada aplicação.
VOCÊ SABIA?
Ao seguir os requisitos e as especificações relativas a um produto ou serviço, a empresa confirma sua qualidade, ou seja, garante que seu produto ou serviço esteja em conformidade com o previsto. Quando isso não acontece, na linguagem da qualidade, costuma-se dizer que foram detectadas não conformidades e, nesse caso, devem ser adotadas medidas de correção.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
Até aqui vimos que os requisitos e as especificações são parâmetros importantes quando tratamos de qualidade. Aliás, são tão importantes que um produto tem sua qualidade atestada quando atende aos requisitos ou às especificações estabelecidas. Além desses, existem outros conceitos que merecem nossa atenção, pois nos ajudam a entender melhor como a qualidade está diretamente relacionada com o nosso trabalho. Veja no quadro a seguir quais são esses conceitos, suas definições e como afetam nosso dia a dia, como técnico, na empresa onde atuamos:
Quadro 1 – Definições de alguns termos da qualidade CONCEITO
DEFINIÇÃO
COMO AFETA NOSSO DIA A DIA
São pessoas ou empresas que compram ou dependem dos produtos e serviços da nossa empresa.
São a razão de ser da empresa. Se não existirem, eliminam a necessidade de a empresa existir e, consequentemente, a razão de existirmos dentro dela.
Fornecedores
São pessoas ou empresas que fornecem os produtos e serviços para nossa empresa.
São considerados nossos parceiros, pois fornecem insumos e serviços que compõem nosso produto. Como é economicamente inviável a execução de todos os processos em uma mesma empresa, precisamos de fornecedores que, como nós, se preocupem com a qualidade.
Eficácia
A eficácia é medida pela capacidade de um processo atingir os objetivos propostos.
Os processos com baixa eficácia geram altas quantidades de retrabalho, agregando custos e diminuindo a produtividade.
Eficiência
A eficiência compara a eficácia obtida com os recursos utilizados.
Processos com baixa eficiência até podem ser eficazes, porém comparativamente têm altos custos.
Clientes
2.2 PRINCÍPIOS DE GESTÃO DA QUALIDADE Para discutirmos gestão da qualidade, vamos nos basear na família de normas que é reconhecida internacionalmente como referência para essa tarefa. Estamos falando da família ISO 9000 ou, aqui para o Brasil, na NBR ISO 9000.
2 QUALIDADE
SAIBA MAIS
A ISO 9000, no Brasil conhecida por NBR ISO 9000, é uma família de normas que nos permite implementar, implantar, manter e melhorar continuamente os Sistemas de Gestão da Qualidade de uma organização. Para saber mais sobre esse tema, consulte o site da ABNT no endereço .
a) Foco no cliente: se os clientes são a razão de existir da organização, convém que esta busque determinar e atender as suas necessidades atuais e futuras e sempre que possível exceder as expectativas. Este princípio destaca a importância das relações entre os clientes e a organização. Se a qualidade é julgada pelo cliente, todas as características específicas dos produtos e serviços devem adicionar valor ao produto e contribuir para determinar sua preferência. Essa questão se constitui, portanto, no principal foco do sistema de gestão da organização. b) Liderança: o ponto de partida para a implantação de um programa de melhoria da qualidade de uma empresa é a intervenção da liderança e da alta direção, estabelecendo rumos e se empenhando pessoalmente por meio da sua participação efetiva, dando o exemplo aos colaboradores na busca por atender aos objetivos da organização. c) Envolvimento das pessoas: o êxito das organizações depende cada vez mais da utilização competente das habilidades, da motivação e da criatividade de seus funcionários cooperando para atender às necessidades do cliente externo e interno. Ou seja, um bom ambiente e boas relações de trabalho são fatores que potencializam a utilização das competências dos seus membros para benefício da organização. d) Abordagem de processo: a realização de metas de melhoria da qualidade e do desempenho de uma organização requer a gestão de atividades e recursos baseada em elementos que dão supor te ao processo (entradas), nas atividades do processo e nos seus desdobramentos (saídas). e) Abordagem sistêmica para gestão: um produto deve ser entendido como parte de um sistema maior, já que ele resulta de uma intenção da direção traduzida em planos. Identificar os processos de uma organização e determinar seus inter-relacionamentos permite avaliar globalmente, e não pontualmente, as ações e os resultados que ela apresenta. f) Melhoria contínua: convém que a organização sempre busque a melhoria de seu desempenho global (pessoas, produtos e processos) com o objetivo de torná-la mais eficaz e eficiente. Isso implica na busca constante da qualidade para promover a excelência dos produtos, serviços e resultados que só é alcançada quando essa intenção está impregnada nos modos de funcionamento da empresa.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
� SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE É um conjunto de elementos interligados que trabalham coordenados para atender à política e aos objetivos da qualidade, com os objetivos de dar consistência aos seus produtos e serviços e satisfazer as necessidades e expectativas dos seus clientes.
g) Abordagem factual para tomada de decisão: esse é um dos princípios fundamentais de gestão para qualquer área e põe em destaque a importância de decisões de gerenciamento apoiadas em análises de dados e em informações relevantes e precisas. As impressões, a intuição ou as decisões tomadas sem estudo prévio são desconsideradas, pois, em geral, conduzem ao desperdício de recursos e ao retrabalho. h) Benefícios mútuos na relação com fornecedores: uma empresa não compra apenas produtos e serviços de seus fornecedores, mas também engenharia e capacidade produtiva, estabelecendo com eles uma relação de interdependência. Um relacionamento de benefícios mútuos aumentará a capacidade de ambos em atingir seus objetivos. Observe na figura a seguir como esses princípios podem ser agrupados de acordo com sua natureza.
Foco no cliente Melhoria contínua
Benefícios mútuos na relação com fornecedores
Envolvimento das pessoas
Sistema de Gestão da Qualidade
Abordagem factual para tomada de decisões
Abordagem sistêmica para gestão
Liderança
Abordagem de processo
Figura 4 - Princípios de gestão da qualidade Fonte: SENAI-SP (2012)
2 QUALIDADE
Na cor azul, estão os princípios do envolvimento das pessoas e de liderança. Eles se relacionam com as atitudes dos colaboradores, líderes e subordinados. Exaltam a importância dos membros da organização nas atividades da empresa, sobretudo nas de gestão. Muitas empresas têm relações entre os chefes e subordinados tão desgastantes que comprometem a parceria necessária para que os resultados sejam alcançados. Em laranja, estão os princípios de abordagem, que nos remetem a uma forma eficiente de se fazer a gestão da empresa, na medida em que permitem identificar os processos, suas entradas e saídas e a forma como se inter-relacionam, facilitando a aplicação dos recursos necessários e a visualização dos pontos onde o desempenho da empresa precisa de melhorias. No próximo tópico definiremos o que são esses processos e quais são suas inter-relações. Na cor amarela, o princípio dos benefícios mútuos representa uma ótima prática, uma vez que a relação sadia entre a empresa e seus fornecedores torna muitas das atividades mais eficientes para ambos. Em verde, estão os princípios foco no cliente e melhoria contínua. Eles representam os fundamentos que regem o Sistema de Gestão da Qualidade³ (SGQ) e estão apoiados sobre um tripé que define como devem ser desenvolvidas todas as atividades de gestão da qualidade. Esse tripé é constituído pelos seguintes elementos: a) satisfação dos clientes; b) resultados dos processos; c) resultados do próprio SGQ. Os oito princípios comentados são de grande importância para o sucesso das organizações em qualquer área, pois a competitividade entre elas é cada vez maior, e há cada vez menos espaço para aquelas que não prezam pela qualidade de seus produtos e não se preocupam com a satisfação de seus clientes.
2.3 PROCESSO A abordagem de processo, como vimos no tópico anterior, é um dos princípios dos sistemas de gestão da qualidade. Segundo a NBR ISO 9000, um processo pode ser definido como “o conjunto de atividades inter-relacionadas ou interativas que transforma insumos (entradas) em produtos (saídas)”. Observe na figura a seguir a representação gráfica dessa definição.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
Entradas
Atividades do processo
Saídas
Figura 5 - Representação de processo Fonte: SENAI-SP (2012)
Sabendo quais são as entradas necessárias, quais as atividades envolvidas e as saídas esperadas, podemos realizar ações e tomar decisões que garantam a eficácia de um processo. Para melhor compreensão, recorremos à análise de uma situação na qual você ou alguma pessoa próxima sua já deve ter passado: trata-se do processo seletivo de uma organização. As competências profissionais e pessoais e as experiências requeridas para o cargo formam o perfil profissional determinado pelo departamento que requisita o funcionário em conjunto com os especialistas em Recursos Humanos da empresa (entradas). Ocorre em seguida a divulgação da vaga nos meios de comunicação mais adequados, requisitando, normalmente, o envio de currículos para a equipe responsável pela seleção. O passo seguinte é a seleção dos candidatos que mais se adéquem à vaga para uma entrevista que avalie o grau de atendimento às competências requeridas para o cargo. Muitas empresas também realizam uma entrevista com os profissionais da área de atuação do candidato para avaliar os pontos mais específicos referentes à atuação. Finalmente, é elaborado um parecer com as necessidades de treinamento para adequar o candidato contratado à vaga que ele ocupará (saídas).
2 QUALIDADE
Demanda por profissional (entrada)
Perfil Profissional
Divulgação das vagas
Currículos
Seleção dos candidatos
Candidatos
Entrevistas
Contratados (saída) Figura 6 - Exemplo de processo seletivo Fonte: SENAI-SP (2012)
2.4 FERRAMENTAS DA QUALIDADE Imagine que você está trabalhando há alguns meses em uma empresa, como técnico, e seu supervisor o chama e apresenta a seguinte situação: “Temos alguns problemas com relação aos nossos produtos. Você poderia nos ajudar a resolvê-los? Forneceremos para você todos os dados da linha de produção e o histórico dos problemas apontados pelos clientes”. Frente a esse desafio, você logo pensa: “Vou precisar aplicar ferramentas de qualidade para tentar identificar os problemas e suas causas. Assim poderei propor ações de melhoria!” Então, você responde: “Claro que sim, vamos analisar os dados!”
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
� RASTREABILIDADE A rastreabilidade de um conjunto de dados é obtida somente quando conseguimos retornar até os eventos que geraram esses dados. Por exemplo, os produtos da área de eletroeletrônica podem ser rastreados por meio de seus modelos, números de lote e série.
Essa é uma situação que pode ocorrer no dia a dia de um técnico, pois muitas organizações têm por prática envolver seus funcionários na busca de soluções para os problemas e, algumas delas, até oferecem bônus para as ideias que levam à economia de seus recursos, sejam físicos ou de tempo. Porém, para alcançar esse objetivo, é preciso recorrer a ferramentas que permitam o diagnóstico da situação e a identificação da causa-raiz do problema. A causa-raiz de um problema é a ação ou o fato que, se corrigido, elimina o problema definitivamente. Historicamente há muitas ferramentas com essa finalidade, sendo as mais consagradas: a) lista de verificação; b) estratificação; c) gráfico de Pareto; d) histograma; e) gráfico de controle; f )
brainstorm;
g) diagrama de Ishikawa; h) diagrama de dispersão. Porém, cabe ressaltar que a utilização dessas ferramentas só será possível se contarmos com dados do processo para análise. A coleta desses dados é feita por meio de formulários que permitam a identificação e rastreabilidade� dos problemas. Acompanhe a seguir a explicação de cada uma dessas ferramentas.
2.4.1 LISTA DE VERIFICAÇÃO Também conhecida como Folha de Verificação, ou Check List , consiste em um formulário que contém itens a serem verificados para avaliar conformidades de um processo ou produto. Esses formulários são úteis desde que os itens sejam abrangentes e criteriosos para atestar as conformidades. Frequentemente as listas de verificação dispõem de um sistema de critérios, pesos e avaliações que permitem ao avaliador liberar ou não o processo ou produto. A seguir, veja um exemplo de uma lista de verificação que apresenta a quantidade de defeitos de uma placa de controle de iluminação. Observe como os dados são registrados:
2 QUALIDADE
Produto: Placa de controle da i luminação
Turno: Manhã
Processo: Montagem
Operador: 156483
Lote: 155464
Máquina: 123558
Linha: Alfa Defeitos
Quantidade
Total
Solda fria no conector J1
IIIII IIIII IIIII
15
Curto-circuito no chip U3
IIIII IIIII IIIII IIIII IIII
24
Falha de preenchimento em J8
IIIII II
Falha de posicionamento em Q5
IIIII IIIII IIIII IIIII
7 20
Outros (citar quais) 0 Total de defeitos no lote:
66
Total de peças defeituosas:
IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII III
28
IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII
Total de peças produzidas:
IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII
120
IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII
Figura 7 - Exemplo de lista de verificação Fonte: SENAI-SP (2012)
A partir dos dados coletados e indicados nessa lista de verificação, outras ferramentas da qualidade podem ser aplicadas para determinar possíveis desvios de processo e ações necessárias para sua correção. Passaremos a descrevê-las a partir do próximo tópico.
2.4.2 ESTRATIFICAÇÃO Estratificar consiste em separar e agrupar dados coletados de acordo com uma ou mais características comuns, de modo a possibilitar a identificação de relações ou tendências entre eles, que possam influenciar no comportamento dos demais, permitindo prever resultados futuros. Para estratificarmos os dados, precisamos ordená-los de acordo com as várias categorias definidas, analisar os resultados seguindo critérios estabelecidos e em seguida propor ações de correção ou melhoria. Os agrupamentos para dados monitorados podem ser construídos por lote de matéria-prima, por turno de produção, por linha de fabricação ou por operador. Se o problema for de matéria-prima, podemos chegar aos produtos por meio dos lotes. Esse é o método utilizado pelas montadoras para identificar, por exemplo, quais os veículos que precisam passar por um processo de recall .
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
Se utilizarmos outros agrupamentos de dados, podemos chegar até o operador que precisa de orientação ou treinamento para produzir dentro das especificações. Podemos também localizar problemas com as linhas ou influências ambientais, no caso do problema ser por turno. Para efeito de rastreabilidade, só podemos estratificar os dados por lote de matéria-prima, turno de produção, linha de fabricação e operador se o formulário de coleta de dados tiver esses campos disponíveis, como no exemplo de lista de verificação da placa de controle de iluminação apresentado anteriormente. No exemplo, você pode constatar as seguintes informações no cabeçalho:
Produto: Placa de controle da iluminação Processo: Montagem Lote: 155464 Linha: Alfa
Turno: Manhã Operador: 156483 Máquina: 123558
Figura 8 - Dados da lista de verificação que permitem rastreabilidade Fonte: SENAI-SP (2012)
Daí a importância da definição dos itens e critérios aplicáveis ao formulário, pois, se ele não permitir a rastreabilidade do processo, não poderemos utilizá-lo na análise dos dados. No exemplo anterior, se não houvesse as informações de linha, turno, operador e máquina, não seria possível estratificar os dados seguindo esses critérios.
2.4.3 GRÁFICO DE PARETO Trata-se de um gráfico de barras no qual as ocorrências são ordenadas da maior quantidade para a menor. Tem por objetivo demonstrar onde estão os maiores impactos em um dado processo, para guiar a definição de prioridades das ações e dos investimentos de correção. Assim como na estratificação, os dados que subsidiam a construção e análise dos gráficos são coletados por formulários ou sistemas que contemplem o tipo de defeito e o custo unitário do retrabalho. Para que você construa os gráficos de Pareto, estratifique os dados de acordo com o total das ocorrências e ordene-os do maior valor para o menor.
2 QUALIDADE
Porém, o gráfico de Pareto é mais utilizado para evidenciar os custos dos impactos do que a frequência de ocorrência. A seguir, apresentamos um exemplo para os Paretos de ocorrências e custo.
Ocorrências
9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
8
4 3
3 2
Ajuste
Acabamento
Não funciona
Solda dos Padrão da componentes fiação
Custo
R$ 16,00 R$ 14,00 R$ 12,00 R$ 10,00 R$ 8,00 R$ 6,00 R$ 4,00 R$ 2,00 R$ -
Não funciona
Acabamento Padrão da Solda dos fiação componentes
Ajuste
Figura 9 - Gráficos de Pareto de ocorrências e custo Fonte: SENAI-SP (2012)
Note que, se considerarmos as ocorrências, as ações prioritárias serão voltadas para a eliminação dos defeitos de ajuste e acabamento dos componentes. Caso os dados considerados sejam os custos, as ações prioritárias serão voltadas para a eliminação dos defeitos de funcionamento e acabamento. Podemos também construir esses gráficos com barras ou linhas que representem a porcentagem de ocorrências de um dado tipo de defeito ou seu custo comparado ao valor total do retrabalho.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
Ocorrências %
100%
100%
90% 75%
80% 60%
60% 40%
40% 20%
20%
15%
15%
10%
0% Ajuste
Acabamento
Não funciona
Solda dos Padrão da componentes fiação
Custo %
97%
100%
100%
88% 75%
80% 60%
49%
40%
26%
20%
13%
10%
0% Não funciona
Acabamento Padrão da Solda dos fiação componentes
3% Ajuste
Figura 10 - Pareto de ocorrências e custos percentuais Fonte: SENAI-SP (2012)
Observando o gráfico de ocorrências, constatamos que resolvendo os defeitos de ajuste, acabamento e não funcionamento solucionaremos 75% dos problemas de produção. Com relação aos custos, essa mesma porcentagem é alcançada tratando-se somente os problemas de não funcionamento e acabamento.
2.4.4 HISTOGRAMA O histograma é um gráfico que demonstra a quantidade de ocorrências de eventos ao longo de um período, permitindo, inclusive, identificar sua sazonalidade. A sazonalidade é a relação entre uma ocorrência e o período de tempo onde ela ocorre. Por exemplo, a produção de sorvete no Brasil é sazonal, pois sua venda aumenta no verão.
2 QUALIDADE
Enquanto o gráfico de Pareto permite priorizar ações, o histograma permite identificar em que momentos os desvios ou eventos ocorrem com maior frequência. Para construir um histograma, vamos coletar os dados identificando os períodos onde eles foram medidos, em seguida agrupamos os dados por períodos afins e construímos o gráfico. Analisando os resultados, seguindo os critérios estabelecidos, vamos então propor as ações. Produção em mil unidades 16 12 8 4 0 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 / 0 / 0 / 0 / / / / 0 / 0 / 0 / / / i / l / i / l / r / t / t / r / r / t / t z v v n v r n o n n o a a u g e u o e a e a b u g e u e a b j a f u j u s s f j j j j a a o n d o a a m m m m Figura 11 - Exemplo de histograma de produção Fonte: SENAI-SP (2012)
2.4.5 GRÁFICO DE CONTROLE Trata-se de gráfico que permite identificar a capacidade de um dado processo atender às especificações propostas. Nele são representados os limites superior e inferior para a variável de controle. Analisando o comportamento dos dados, podemos avaliar a estabilidade do processo e o número de itens que estão fora da especificação. Para construí-lo, você deve seguir os seguintes passos: a) escolha os dados para coleta; b) agrupe os dados; c) construa o gráfico; d) analise os resultados, seguindo os critérios estabelecidos; e) proponha as ações. No exemplo a seguir, são apresentados os dados das três linhas de produção de uma empresa em função do dia da semana.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
110 105 Linha 1
100
Linha 2 Linha 3
95
LCS LCI
90 85
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Figura 12 - Exemplo de gráfico de controle Fonte: SENAI-SP (2012)
LCI e LCS referem-se aos limites de controle inferior e superior que são calculados em função das especificações do processo e com o uso das ferramentas de Controle Estatístico de Processos (CEP) que você aprenderá mais adiante, na unidade curricular Gestão da Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos. Porém, observando esse gráfico de controle verificamos que há pelo menos dois pontos fora desses limites, caracterizando problemas no processo. Notamos também que há oscilações de grande amplitude e com tendência de aumento e diminuição. Esse comportamento indica uma baixa estabilidade do processo, o que afeta a qualidade do produto.
2.4.6 BRAINSTORM Consiste em uma técnica de coleta de informações, realizada em uma reunião de um grupo de pessoas que expõe suas ideias com o objetivo de determinar as possíveis causas de um problema (ou efeito) ou para propor sugestões de melhoria. Há duas formas diferentes de aplicar o brainstorm: o estruturado, em que cada membro do grupo contribui com uma ideia em sistema de rodízio, e o não estruturado, em que os membros do grupo expõem suas ideias livremente, à medida que elas forem surgindo. Cada forma tem as vantagens e desvantagens. A escolha mais adequada depende da composição e maturidade do grupo que participará da tarefa.
2 QUALIDADE
As ideias devem ser anotadas, sem que seja feito juízo prévio de seu valor ou relevância. A análise será feita posteriormente, utilizando o diagrama de Ishikawa ou outra ferramenta mais adequada para a finalidade proposta.
2.4.7 DIAGRAMA DE ISHIKAWA Também conhecido como Espinha de peixe, ou Diagrama causa e efeito, é um gráfico que liga os principais grupos de causas ou tipos de causas específicas a um dado efeito.
Meio ambiente
Metodologia
Máq. e equip.
Efeito
Mão de obra
Matérias-primas
Medição
Figura 13 - Representação de diagrama de Ishikawa para preencher Fonte: SENAI-SP (2012)
Os diagramas de Ishikawa são úteis como ferramentas sistemáticas para encontrar, classificar e documentar as causas da variação da qualidade na produção e organizar a relação mútua entre elas. Nos processos industriais, as principais fontes de causas são meio ambiente, metodologia, máquinas e equipamentos, mão de obra, matérias-primas e insumos, medição e análise de dados. Quase sempre o brainstorm será utilizado em conjunto com as listas de verificação e os dados gerados no processo, de modo a elencar as principais causas para o dado efeito. As fontes de causas também podem ser específicas em cada um dos processos, fazendo com que algumas das elencadas na figura 13 não se apliquem. Cabe aos especialistas sobre o processo fazer as adequações devidas nas fontes de causa para que a ferramenta se torne eficaz.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
Kaoru Ishikawa (1915-1989) é considerado um dos pais da gestão da qualidade. Foi o criador dos conceitos de círculos da qualidade e do diagrama causa x efeito. Aprendeu os princípios do controle estatístico da qualidade desenvolvido pelos americanos, integrando-os, expandindo-os e adaptando-os para criar a filosofia japonesa da qualidade. Para ele, “a qualidade é uma revolução da própria filosofia administrativa, exigindo uma mudança de mentalidade de todos os integrantes da organização, principalmente da alta cúpula”. Fonte:
VOCÊ SABIA?
2.4.8 DIAGRAMA DE DISPERSÃO Essa ferramenta utiliza gráficos nos quais cada eixo representa uma das variáveis. Verificamos a existência da correlação entre elas quando notamos uma tendência de acúmulo dos pontos em uma das direções do gráfico. Quanto maior o acúmulo, maior será a correlação entre as variáveis. Por outro lado, se os pontos estiverem muito dispersos ou se comportarem aleatoriamente, não haverá correlação entre as variáveis. s a 120 m 100 a r g o 80 l i u 60 q m 40 e o 20 s e 0 P
1,4
1,6
1,8
2
Altura em metros Figura 14 - Diagrama de dispersão Fonte: SENAI-SP (2012)
Nesse exemplo, podemos verificar uma forte correlação positiva entre as variáveis altura e peso, o que já era de se esperar, pois tratam dos dados de um grupo de pessoas. As correlações, quando existirem, podem ser de quatro tipos: a) positiva forte, quando o aumento de uma variável reflete no aumento da outra; b) positiva fraca, quando o aumento de uma variável aparentemente reflete no aumento da outra;
2 QUALIDADE
c) negativa forte, quando o aumento de uma variável reflete na diminuição da outra; d) negativa fraca, quando o aumento de uma variável aparentemente reflete na diminuição da outra.
CASOS E RELATOS
Certo dia, o chefe da qualidade de uma importante montadora de veículos se deparou com um problema intrigante: alguns dos veículos apresentavam bolhas nas superfícies que acabavam de ser pintadas. Para solucionar o problema, utilizou a seguinte estratégia: primeiro verificou a qualidade do ar comprimido utilizado na linha de pintura, pois a umidade no ar poderia ter provocado as bolhas. Porém, constatou que o ar estava dentro dos padrões esperados. O segundo passo foi verificar a matériaprima e o processo de preparo da tinta, mas essa hipótese também foi prontamente descartada, pois a ocorrência das bolhas era intermitente e ocorria de forma aleatória. Após várias outras hipóteses serem estudadas, percebeu que havia alguns funcionários que limpavam as superfícies com flanelas antes de serem pintadas, para retirar resíduos de sujeira e evitar retrabalho. Trocaram, então, as flanelas, mas não sur tiu efeito. Em seguida, o especialista revezou a posição dos funcionários que executavam a tarefa para verificar se eles estavam influenciando o processo, embora estivessem executando a atividade corretamente. Após mais algumas bolhas ele descobriu a causa do problema: um dos colaboradores estava usando uma faixa no punho, pois havia se contundido em um jogo de futebol na noite anterior. A faixa estava impregnada com um produto que continha cânfora. Ao evaporar, a cânfora se depositava sobre a superfície a ser pintada, provocando as bolhas. O funcionário foi então realocado para outro posto temporariamente até que o problema com o punho fosse resolvido. A essa altura, com os conteúdos sobre ferramentas da qualidade que estudamos neste capítulo, você deve ter identificado que esse caso ilustra uma aplicação prática de duas dessas ferramentas. Pois bem, é isso mesmo, o chefe da qualidade aplicou o brainstorm e o diagrama de Ishikawa para identificar tanto as causas como as soluções para o problema.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
RECAPITULANDO
Neste capítulo estudamos a importância da qualidade no dia a dia das empresas e vimos como ela influencia na relação com os clientes. Constatamos a importância de seguir os procedimentos para atingir as metas e atender aos requisitos e às especificações para os produtos. Estudamos também quais são os oito princípios de gestão da qualidade, segundo a ISO 9000, e quais as ferramentas mais consagradas para nos apoiar na análise dos dados e tomada de decisão. Você deve ter observado que são muitas as informações necessárias para análise e apoio às decisões importantes! Mas não se preocupe se os termos e exemplos utilizados aqui ainda não fazem parte de seu dia a dia, pois, mais adiante, esses conteúdos serão aplicados no curso de forma prática, e você poderá entendê-los melhor!
2 QUALIDADE
Anotações:
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Planilhas e Gráficos
3 No capítulo anterior, discutimos sobre gestão da qualidade nas empresas e começamos a aprender sobre o desafio de identificar, nos processos instalados nessas organizações, pontos a serem ajustados, visando atender melhor as necessidades dos clientes, com economia, produtividade e eliminação de desperdício. Verificamos que para isso as empresas precisam contar com dados e informações confiáveis sobre os seus clientes, o desempenho de seus produtos e ser viços, operações e mercado, comparações de competitividade, fornecedores e aspectos financeiros e de custo, entre outros. O que coloca como prioridade para as organizações o armazenamento e a disponibilização de dados com versatilidade de formatos, rapidez e confiabilidade. Tarefas essas inerentes a diferentes ferramentas de planilhas eletrônicas existentes no mercado. Assim, neste capítulo, exploramos recursos básicos para a operação de planilhas eletrônicas, demonstrando como podemos construir indicadores que apoiem as atividades de gestão da qualidade nas empresas. Para tanto, propomos atividades estruturadas de criação e leitura de planilhas e gráficos, exploramos diferentes modos de visualização, descrição e classificação dos processos desenvolvidos nas empresas e as formas de elaboração de diagnósticos apoiados na análise, discussão e comparação dessas informações. Para atingirmos o objetivo proposto, faremos uso dos recursos do software Microsoft Office Excel, por ser esse um dos programas mais utilizados para esse fim. Mas é importante ressaltar que os recursos aqui utilizados, ou seja, inserção e formatação de dados, inserção e uso de fórmulas e construção de gráficos, são comuns a todos os programas de planilhas eletrônicas. Mas fique atento, pois se você utilizar outra planilha eletrônica que não a Microsoft Office Excel, é possível que haja variação ou diferenças nos comandos para a execução das operações que você precisa realizar. Nesse caso, consulte o menu Ajuda (Help) do programa que estiver usando. A elaboração e o uso de planilhas de custo não serão abordados nesta unidade de estudo, mas serão aprofundados mais adiante, quando abordarmos os processos de gestão da instalação, da manutenção e do projeto.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
Assim como há vários programas, também há vários tipos de arquivos de planilhas que podem ser gerados. Nem sempre existe compatibilidade entre arquivos gerados em programas diferentes. Porém, a maioria dos programas permite que os dados sejam salvos em diversos formatos. Para evitar incompatibilidades, busque sempre um formato compatível com os programas instalados na empresa em que você trabalha ou com o programa de seu cliente.
SAIBA MAIS
As planilhas elaboradas em papel existem há muito tempo, porém foi Dan Bricklin o idealizador do Visicalc, a primeira planilha eletrônica, criada no final dos anos de 1970. Bricklin também criou outros programas e fundou várias empresas.
3.1 INSERÇÃO DE DADOS EM UMA PLANILHA Uma planilha nada mais é do que uma tabela composta por linhas e colunas, nas quais são inseridos dados e fórmulas. No cruzamento dessas linhas e colunas, temos as chamadas células, como mostra a figura a seguir.
Figura 1 - Planilha vazia Fonte: SENAI-SP (2012)
Na figura 15 vemos duas áreas destacadas em amarelo e marcadas com letra A e o número 1. As setas, que ajudam na leitura da imagem, apontam a coluna A, a linha 1 e a célula A1, onde será inserido o conteúdo ou valor a ser processado. Os dados (conteúdos ou valores) de uma planilha podem ser de natureza distinta, porém os mais comuns são os números, utilizados para representar quantidades, datas, valores monetários, frações, unidades de tempo etc., e os textos. Os dados em formato texto são palavras utilizadas para indicar referências sobre o assunto da planilha, tais como o nome do operador, da linha de produção, da máquina etc., ou mesmo os dias da semana, o mês ou o ano que, conforme a necessidade, podem ou não ser tratados como números.
3 PLANILHAS E GRÁFICOS
Para inserir um dado (numérico ou texto) na célula de uma planilha, basta levar o cursor até a célula, selecioná-la clicando sobre ela com o botão esquerdo do mouse, digitar o dado e, em seguida, pressionar o botão Enter do teclado. Para que você possa acompanhar como se dá a construção de uma planilha, vamos usar o exemplo de uma fábrica de componentes eletroeletrônicos, que possui três linhas de produção. A planilha que apresentamos a seguir contém dados dos tipos descritos anteriormente, ou seja, dados numéricos que informam sobre a quantidade de equipamentos produzidos e dados texto em cada linha de produção e dia da semana. Note também o aspecto estético da planilha, porque, ainda neste capítulo, vamos explorar alguns recursos que possibilitam melhorar o aspecto visual das planilhas.
Figura 2 - Pla-
nilha preenchida e formatada Fonte: SENAI-SP (2012)
Explicando de outro modo, saiba que como não se destinam a ser objeto de operações matemáticas: a) os dados das linhas 3, 4 e 5 da coluna B são do tipo texto porque servem apenas para identificar as diferentes linhas de produção existentes na empresa; e b) os dados da linha 2, colunas C, D, E, F e G também são do tipo texto e são utilizados para indicar o nome de cada dia da semana. E, se cada uma das células da planilha informa sobre a quantidade de equipamentos produzidos em cada linha de produção e em cada dia da semana, podemos dizer que, na Linha 2, na terça-feira, foram produzidos 101 equipamentos. Já na sexta-feira, na Linha 3, você consegue verificar quantos equipamentos foram produzidos? Se você disse 93, acertou!
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
Observe ainda, na mesma planilha, que: a) foram produzidos entre 98 e 105 equipamentos durante a semana, na Linha 1; b) a Linha 3, no mesmo período, fabricou entre 93 a 106 produtos; e c) a Linha 2, entre 100 e 102 equipamentos. Comparando os resultados das três linhas de produção, podemos concluir que na Linha 2 a produção apresenta um resultado mais constante. Essa análise é facilitada porque os dados de produção das linhas são apresentados simultaneamente por meio da planilha, o que favorece as várias comparações entre eles. Mais adiante veremos como aprofundar análises, utilizando os recursos oferecidos pelas ferramentas disponíveis nas planilhas eletrônicas. Pois bem, agora que você já sabe como encontrar os dados em uma planilha, chegou a hora de criar uma. Está preparado? Então, para montar a planilha, siga os seguintes passos: a) inicie o programa; b) abra uma nova planilha (normalmente a célula A1 já vem automaticamente selecionada); c) selecione a célula B2 utilizando as setas direcionais do teclado ou o mouse e escreva nela a palavra Dia e tecle Enter para gravar o valor na célula B2 e passar, automaticamente, para a célula B3; d) digite Linha 1 na célula B3 e tecle Enter para gravar. Proceda da mesma forma até completar a primeira coluna, conforme apresentado na próxima figura. Note que a célula selecionada no final do processo é a B6.
Figura 3 - Preenchimento da coluna e das linhas Fonte: SENAI-SP (2012)
3 PLANILHAS E GRÁFICOS
Continuando: a) selecione a célula C2 e digite a palavra Seg (abreviatura de segunda-feira); b) pressione a seta direcional para a direita, e na célula D2 tecle Enter para selecioná-las e digite a palavra Ter (abreviatura de terça-feira); e c) continue da mesma forma até inserir todos os dados de texto da planilha, como na figura a seguir.
Figura 4 - Preenchimento da linha com os dias da semana Fonte: SENAI-SP (2012)
Para inserir os dados de produção dos componentes, selecione agora a célula C3 e digite o número 100, e em seguida tecle Enter . Proceda da mesma forma para inserir todos os dados conforme a figura 18, obtendo o seguinte resultado:
Figura 5 - Inserção dos dados Fonte: SENAI-SP (2012)
Se o aspecto estético de sua planilha não for exatamente igual ao apresentado, não se preocupe, vamos tratar dessa questão logo a seguir! Como você já inseriu todos os dados na planilha, pode tratar agora da sua formatação, ou seja, melhorar a sua apresentação.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
3.2 FORMATAÇÃO DOS DADOS DE UMA PLANILHA A planilha acabada deve ficar com o seguinte aspecto:
Figura 6 - Planilha formatada Fonte: SENAI-SP (2012)
Para obtermos esse resultado, é necessário aplicar os comandos de formatação de células da planilha. O primeiro passo é selecionar as células que serão formatadas. Para isso, pressione o botão esquerdo do mouse, segure e arraste desde a célula B2 até a célula G5 para selecionar todas as células desse intervalo.
Figura 7 - Selecionando para formatação de alinhamento Fonte: SENAI-SP (2012)
Bem, agora vamos formatar os dados da nossa planilha. Mantenha as células selecionadas e centralize-as no sentido horizontal, utilizando o recurso para alinhamento centralizado da Barra de Menus:
Figura 8 - Formatação do alinhamento Fonte: SENAI-SP (2012)
3 PLANILHAS E GRÁFICOS
O efeito será o seguinte:
Figura 9 - Dados alinhados Fonte: SENAI-SP (2012)
Vamos agora ajustar a largura das colunas: a) posicione o mouse na linha entre as letras das colunas B e C (note que o formato do apontador do mouse muda); b) efetue um duplo clique (clicar duas vezes com o botão esquerdo do mouse rapidamente); c) repita esse procedimento entre todas as colunas até a G. O resultado obtido será:
Figura 10 - Largura das colunas ajustadas Fonte: SENAI-SP (2012)
O passo seguinte é formatar as bordas das células. Acompanhe os passos: a) selecione as células; b) clique sobre as células selecionadas com o botão do lado direito do mouse; c) selecione a opção formatar células na Barra de Menus; d) busque a opção (ou aba) bordas, que aparece na caixa de diálogo aberta. Lembramos que as opções da caixa de diálogo podem variar, dependendo do programa utilizado, e para ilustrar este estudo, reproduzimos as caixas de diálogo do programa Microsoft Excel 2010.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
Figura 11 - Seleção para formatar as bordas Fonte: SENAI-SP (2012)
Na seção Linha – Estilo, você pode selecionar o tipo e a espessura da linha a ser aplicada. Selecione a quinta linha do lado direito e, em Predefinições, clique no botão Contorno, conforme mostra a figura a seguir.
Figura 12 - Borda externa Fonte: SENAI-SP (2012)
3 PLANILHAS E GRÁFICOS
Continue ainda na aba Linha – Estilo e selecione a última linha do lado esquerdo. Em Predefinições, clique no botão Interna e, em seguida, pressione o botão OK.
Figura 13 - Borda interna Fonte: SENAI-SP (2012)
O efeito dessa sequência de comandos deve ser:
Figura 14 - Bordas formatadas Fonte: SENAI-SP (2012)
Vamos agora formatar a linha dos dias da semana, para isso, selecione as células de B2 a G2. Use o comando Cor de preenchimento, ativado no campo Fonte, para mudar a cor do preenchimento da célula. Selecione a primeira tonalidade de cinza, como mostra a figura a seguir:
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
Figura 15 - Formatação do preenchimento Fonte: SENAI-SP (2012)
Outra opção para realizar a mesma operação consiste em utilizar o recurso da caixa de diálogo Formatar célula. Clique com o botão direito do mouse e em seguida na opção Formatar células. Na aba Preenchimento, selecione a cor desejada.
Figura 16 - Opção de formatação do preenchimento Fonte: SENAI-SP (2012)
3 PLANILHAS E GRÁFICOS
Aproveite para ir até a aba Borda e clique em Contorno para aumentar a espessura da borda da linha, como você fez no contorno da tabela. Para formatar a identificação das linhas, é só selecionar as células de B2 a B5 e aumentar a espessura do contorno da coluna, como no passo anterior. Pronto! Agora é só conferir se sua tabela está como a apresentada a seguir.
Figura 17 - Tabela pronta Fonte: SENAI-SP (2012)
Caso não tenha obtido o resultado anterior, retome as explicações e tente novamente. Assim, logo você estará “craque” na formatação de tabelas.
3.3 EDIÇÃO DE FÓRMULAS Durante muito tempo, os profissionais elaboravam planilhas com o auxílio de uma calculadora. Dependendo da quantidade de dados, realizavam uma série de cálculos repetidos, o que, além de tomar muito tempo, por vezes, resultava em imprecisões e em considerável quantidade de retrabalho. As planilhas eletrônicas simplificaram e trouxeram maior precisão a esse trabalho, pois permitiram a edição de fórmulas e a reprodução automática de cálculos, envolvendo um ou mais valores relacionados com os dados de outras células. As fórmulas são elementos que caracterizam a utilidade das planilhas e as diferenciam de simples tabelas. Elas devem ser inseridas em células e operam para calcular um ou mais valores relacionados com os dados das outras células, normalmente as que são próximas a elas.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
Para inserir fórmulas em uma planilha, selecione a célula que deverá apresentar o resultado, digite sobre ela o sinal de igual (=) e indique a operação a ser realizada. Essa operação instrui a planilha a realizar a operação indicada e apresentar o resultado na célula selecionada inicialmente. Observe o exemplo a seguir e a explicação sobre cada um dos elementos de uma fórmula que será inserida em uma célula, da planilha eletrônica.
Função (nome da operação que será realizada) =SOMA (A1:A5) Argumentos (relação dos elementos que serão utilizados no cálculo)
Acompanhe os procedimentos: Na célula onde deverá aparecer o resultado, digite o sinal de = seguido da função (ou nome da operação que deverá ser realizada), e em seguida, entre parênteses, os argumentos (indicação das células onde estão digitados os números a serem utilizados no cálculo). Ao pressionar o botão de Enter , você instrui o programa a finalizar o cálculo e atribuir o valor calculado à célula que foi selecionada inicialmente para conter a fórmula. Veja a seguir exemplos de como a fórmula se apresenta na célula.
3 PLANILHAS E GRÁFICOS
Figura 18 - Múltiplas formas de seleção das células Fonte: SENAI-SP (2012)
Na seleção dos argumentos, podemos indicar: a) conjuntos de células consecutivas (A1:A5); b) células individuais separadas por ponto e vírgula (A2; A3; A5); ou c) faixas de valores de várias linhas e colunas consecutivas (A2:C8). No primeiro exemplo, os argumentos utilizados para a soma são os cinco elementos de A1 a A5. No segundo exemplo, o cálculo engloba os valores contidos nas células A2, A3 e A5. Já no terceiro exemplo, os argumentos a serem utilizados são os 21 elementos de A2 a C8.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
Verifique agora, no quadro seguinte, algumas das funções que utilizamos com mais frequência nas planilhas.
Quadro 2 – Funções mais utilizadas em planilhas eletrônicas FUNÇÃO
SINTAXE
EXEMPLOS
RESULTADO
Soma
=SOMA(num1;num2...)
=SOMA(A2;A3;A5)
Soma dos conteúdos das células A2, A3 e A5.
=SOMA(C3:C8)
Soma dos conteúdos das células C3, C4, C5, C6, C7 e C8.
=MÉDIA(C2;D3;A5)
Média dos valores das células C2, D3 e A5.
Média
=MÉDIA(num1;num2...)
=MÉDIA(B3:C4)
Média dos valores B3, B4, C3 e C4. Maior
=MÁXIMO(num1;num2...)
= MÁXIMO(A2:C5)
Seleciona o maior valor dentro do intervalo A2 a C5.
Menor
=MÍNIMO(num1;num2...)
= MÍNIMO(A1:A6)
Seleciona o menor valor dentro do intervalo A1 a A6.
Mas, você pode estar se perguntando, em quais situações usamos essas funções? Para facilitar a sua compreensão, vamos aplicar cada uma delas. Acompanhe os passos! a) Abra a planilha criada no início do tópico 3.2 (figura 20). b) Na célula H2, digite a palavra Média. Siga preenchendo as outras células conforme a figura a seguir, identificando as colunas onde serão inseridas as fórmulas.
Figura 19 - Rotulação das colunas para inserção das fórmulas Fonte: SENAI-SP (2012)
3 PLANILHAS E GRÁFICOS
a) Selecione as células de G2 a G5 e clique no Pincel de Formatação.
Figura 20 - Seleção do estilo de formatação das novas colunas Fonte: SENAI-SP (2012)
b) Para aplicar a formatação, clique, segure e arraste o mouse, selecionando as células de H2 a K5.
Figura 21 - Formatação de novas colunas Fonte: SENAI-SP (2012)
c) Ajuste a largura das colunas clicando duas vezes sobre as linhas que separam as letras que identificam as colunas, e o resultado obtido será o da próxima figura.
Figura 22 - Novas colunas formatadas Fonte: SENAI-SP (2012)
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
Continuando, digite as fórmulas nas células, como indicado: a) em H3 digite a fórmula =MÉDIA(C3:G3); b) em I3 digite a fórmula =MÁXIMO(C3:G3); c) em J3 digite a fórmula =MÍNIMO(C3:G3); d) em K3 digite a fórmula =I3-J3. O resultado será igual ao mostrado na figura a seguir.
Figura 23 - Inserção de fórmulas Fonte: SENAI-SP (2012)
a) Selecione agora as células de H3 a K3. b) Clique no botão do lado direito do mouse e selecione a opção Copiar. Nesse caso, você usou o menu suspenso (ativado pelo botão direito), mas poderia utilizar o atalho Ctrl + C (teclas pressionadas simultaneamente), para obter o mesmo resultado.
Figura 24 - Cópia de fórmulas Fonte: SENAI-SP (2012)
c) Em seguida, selecione as células de H4 a K5 e pressione, simultaneamente, as teclas Ctrl + V do teclado para instruir o computador a colar na área selecionada o conteúdo copiado anteriormente.
3 PLANILHAS E GRÁFICOS
Outro modo de realizar a mesma operação seria usar no menu suspenso (clicando no botão direito do mouse) a opção Colar. O resultado você pode ver a seguir.
Figura 25 - Fórmulas copiadas Fonte: SENAI-SP (2012)
Você notou que a linha de borda inferior das células de H5 a K5 ficou mais estreita? Pois bem, para criar um padrão, formate novamente o contorno das células entre H3 e K5 com a linha mais grossa, clicando no ícone Bordas e em Borda Superior Espessa, conforme mostra a figura a seguir.
Figura 26 - Formatação da borda Fonte: SENAI-SP (2012)
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Figura 27 - Planilha com as fórmulas inseridas Fonte: SENAI-SP (2012)
Explorando um pouco mais a planilha construída para exemplificar a função Média, podemos observar que: a) a coluna Média apresenta a média aritmética dos valores da produção de cada uma das linhas; b) as colunas Maior e Menor contêm o resultado dos picos máximo e mínimo de produção, obtidos a partir da média aritmética; c) a coluna Amplitude expressa a diferença entre os picos de produção. Pronto, agora já temos a planilha com dados e os resultados das fórmulas preenchidos, o que nos permite tirar algumas conclusões. Embora os dados sejam diferentes, a média dos valores das três linhas de produção é a mesma, indicando certa consistência do processo produtivo. A Linha 2 é a mais estável, apresentando uma variação máxima dos resultados (Amplitude) inferior a 2% da média dos valores produzidos. As outras linhas de produção são pouco estáveis, e a análise de sua qualidade ainda necessita de mais um recurso que será mostrado no próximo tópico.
3.3.1 CONSTRUÇÃO DE GRÁFICOS A PARTIR DAS PLANILHAS DE DADOS Como no caso das planilhas, encontramos no mercado um grande número de aplicativos informatizados para elaboração de gráficos construídos a partir de planilhas de dados. Neste tópico, vamos aprender a construir gráficos que já foram apresentados no capítulo 2, quando tratamos das ferramentas de qualidade.
Gráfico de controle O gráfico de controle mostra os resultados obtidos do processo, em função de períodos de tempo definidos, comparando-os com os limites de controle superior (LCS) e inferior (LCI). Permite visualizar como os dados estão se comportando em função do tempo e avaliar se ele se mantém dentro dos limites de controle do processo.
3 PLANILHAS E GRÁFICOS
Para compor este gráfico, vamos utilizar a tabela de dados da produção de componentes eletroeletrônicos, construída no tópico anterior. Siga os passos: a) digite LCS na célula B6; b) digite LCI na célula B7; c) preencha as células C6 a G6 com o valor 105; d) preencha também as células de C7 a G7 com o valor 97. Veja na figura a seguir o resultado obtido:
Figura 28 - Inserção dos limites de controle Fonte: SENAI-SP (2012)
Continuando: a) selecione as células de B2 a G7; b) execute o comando Inserir – Gráfico (e uma caixa de diálogo do tipo ilustrado a seguir deve surgir);
Figura 29 - Menu de tipos de gráfico Fonte: SENAI-SP (2012)
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
c) Selecione a opção Linha e com marcadores e OK.
Figura 30 - Selecionando o tipo de gráfico Fonte: SENAI-SP (2012)
Ao clicar em OK, o resultado será o apresentado a seguir: 110 105 Linha 1
100
Linha 2 Linha 3
95
LCS LCI
90 85
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Figura 31 - Gráfico de controle pronto Fonte: SENAI-SP (2012)
Observe que, nesse gráfico, a Linha 1 (azul) é um pouco mais estável do que a Linha 3 (verde), já que não apresenta pontos além dos limites de controle superior e inferior (LCS e LCI). Imagine como seria obter essa análise sem a apresentação dos dados em forma gráfica. Seria bem mais difícil, não é? Continuando a análise, observe que a Linha 3 apresenta dois pontos (na quarta e sexta-feira) fora dos limites de controle.
3 PLANILHAS E GRÁFICOS
Gráfico de Pareto Esse é um gráfico de barras ordenadas do maior para o menor valor, que nos ajuda a redirecionar as ações e os recursos, e a buscar soluções para os problemas com maior impacto sobre a atividade da empresa. Esse gráfico também pode apresentar a somatória dos valores ou a porcentagem no valor total dos problemas encontrados. Para aprender como construir um gráfico de Pareto, utilizamos a planilha a seguir, que contém dados sobre tipos de defeitos, ocorrências e custos envolvidos no processo de produção de componentes eletroeletrônicos. Observe:
Figura 32 - Criando a base de dados Fonte: SENAI-SP (2012)
Veja agora como construir essa planilha: a) na célula B2 digite a palavra Problemas; b) na célula D2 digite a palavra Custo; c) selecione as células B2 e C2 e clique na opção Mesclar e Centralizar do menu superior; d) proceda da mesma forma para mesclar as células D2 e E2. Observação: em algumas versões do Excel, você pode obter esse efeito com a opção Mesclar células, dos menus superior ou suspenso. Consulte o menu de Ajuda do programa para maiores informações. Agora, siga os seguintes passos: a) digite todos os dados contidos nas células de B3 a D8; b) selecione agora as células de D4 a E8 e aplique a formatação como valor monetário (procure um ícone que parece com uma nota de dinheiro);
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
c) digite, na célula E4, a fórmula =(C4*D4); d) em seguida, copie a fórmula para as células de E5 a E8. Vamos agora criar uma cópia dos dados de ocorrências usando os comandos Copiar e Colar: a) selecione a faixa de dados de B3 a C8 e pressione simultaneamente as teclas Ctrl + C; b) selecione a célula B10 e pressione as teclas Ctrl + V ao mesmo tempo (comando Colar já abordado); c) selecione agora as células de B10 a C15, clique no botão direito do mouse; d) vá à opção Classificar – Personalizar Classificação.
Figura 33 - Ordenação dos dados de ocorrência Fonte: SENAI-SP (2012)
Na janela que se abre, ajuste as opções classifique a Coluna por Ocorrências e a Ordem para Do Maior para o Menor.
Figura 34 - Menu de classificação dos dados Fonte: SENAI-SP (2012)
3 PLANILHAS E GRÁFICOS
O efeito resultante é mostrado na figura a seguir, na qual podemos observar a ordem dos defeitos alterada, evidenciando o maior valor seguido pelos menos significatitvos. Acrescente agora à planilha a linha Total de defeitos e as colunas % e Total.
Figura 35 - Planilha com dados de ocorrência ordenados Fonte: SENAI-SP (2012)
Continue, seguindo os passos: a) digite na célula C16 a fórmula =SOMA(C11:C15); b) copie e cole essa célula na D16; c) digite na célula D11 a fórmula =C11/$C$16; d) copie e cole essa fórmula nas células de D12 a D15. Os símbolos “$”, que você vê na fórmula, indicam que as referências de linha e coluna devem ser mantidas, ou seja, que a divisão deve ser feita sempre por C16. Ao final dessa sequência, o resultado será:
Figura 36 - Inserção da coluna de representatividade (%) Fonte: SENAI-SP (2012)
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
Observe que os dados da coluna D mostram a porcentagem decimal do defeito no total de ocorrências. Veja agora como fazemos para inserir a coluna com os totais: a) digite na célula E11 a fórmula E11=D11; b) digite agora na célula E12 a fórmula =E11+D12; c) copie e cole a célula E12 para as células E13, E14 e E15; d) selecione as células de D11 a E16 e mude o formato para Porcentagem, clicando no botão direito do mouse e em seguida na aba Número.
Figura 37 - Tabela concluída com a coluna de total Fonte: SENAI-SP (2012)
Note que ao lado da coluna %, que representa a porcentagem de cada defeito no número total de ocorrências, aparece a coluna Total, informando sobre a soma dos defeitos até o tipo que está sendo considerado. Veja, a seguir, como obter gráficos de Defeito x Ocorrência e Defeito por % e Total.
3 PLANILHAS E GRÁFICOS
9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
Ajuste
Acabamento
Não funciona
Solda dos Padrão da componentes fiação
100%
100%
90%
80%
75% 60%
60% 40%
40% 20%
20%
15%
15%
10%
0% Ajuste
Acabamento
Não Solda dos Padrão da funciona componentes fiação
Figura 38 - Paretos de defeitos por ocorrência e porcentagem Fonte: SENAI-SP (2012)
Os dois gráficos apresentados são do tipo Barra. Para construí-los, proceda como indicamos a seguir. a) selecione as células de B10 a E15; b) insira um único gráfico de barras (vá ao menu Inserir e use as opções Coluna e Coluna 2D); c) copie o gráfico e cole-o em outra área da planilha, para obter dois gráficos; d) volte ao primeiro gráfico e clique com o botão direito sobre ele; e) vá à opção Selecionar dados, marque e remova as séries % e Total; f ) retorne agora ao segundo gráfico e, procedendo do mesmo modo, remova a série Ocorrências.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
Pronto! Se seu programa permitir a apresentação simultânea de dois tipos de gráficos, os gráficos de % e Totais ficam mais bem apresentados, como vemos na ilustração que se segue.
90%
100%
100%
75%
80% 60% 60% 40%
40% 20%
20%
15%
15%
10%
0% Ajuste
Acabamento
Não funciona
Solda dos Padrão da componentes fiação
Figura 39 - Pareto de porcentagem de ocorrências Fonte: SENAI-SP (2012)
Verifique que nesse gráfico aparecem os rótulos de dados (exibição dos valores dos dados nos pontos considerados), que foram inseridos usando a opção Inserir rótulos de dados (disponível quando selecionamos uma das séries e clicamos no botão direito do mouse). Experimente fazer essa sequência de comandos para obter o mesmo efeito! A leitura do gráfico mostra que a somatória das ocorrências dos três primeiros defeitos representa 75% do total de defeitos encontrados. Porém, não é só essa informação que podemos obter a partir desses gráficos. Se em lugar do número de ocorrências, pensarmos no custo total dos defeitos, o gráfico muda, veja como na figura a seguir.
3 PLANILHAS E GRÁFICOS
R$ 16,00 R$ 14,00 R$ 12,00 R$ 10,00 R$ 8,00 R$ 6,00 R$ 4,00 R$ 2,00 R$ Não funciona
Acabamento Padrão da Solda dos fiação componentes
97% 100% 75%
80% 60%
Ajuste
100%
88%
49%
40%
26%
20%
13%
10%
0% Não funciona
Acabamento Padrão da Solda dos fiação componentes
3% Ajuste
Figura 40 - Paretos de custos por ocorrência e porcentagem Fonte: SENAI-SP (2012)
O novo gráfico mostra que o tipo de defeito “mais caro” não é o mesmo que o de maior ocorrência. Pelo contrário, felizmente ele apresenta um número de ocorrências baixo. Outro ponto interessante a ser observado diz respeito aos três defeitos com maior número de ocorrências, gerando 88% do custo de retrabalho nessa situação. Mas cuidado com as conclusões apressadas: as correspondências nem sempre são verdadeiras, pois tudo depende do número de ocorrências e do custo de retrabalho de cada uma. Outra possibilidade é obter os gráficos de custos seguindo o mesmo procedimento anterior, só que selecionando o custo total (e não o número de ocorrências no início do processo). Experimente e veja se você consegue construí-los.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
Histograma O histograma é um gráfico que representa o comportamento histórico de uma dada variável. Permite avaliar o comportamento dos dados em função do tempo. Para construir um histograma, crie uma nova planilha de dados que contenha as seguintes informações:
Figura 41 - Dados para construção do histograma Fonte: SENAI-SP (2012)
Se quiser, digite somente os números. Não há necessidade de digitar o símbolo de porcentagem. Os dados inseridos na planilha representam a produtividade média dos dois turnos de trabalho de uma empresa que instala equipamentos e sistemas eletroeletrônicos. Note que a referência dos dados é trimestral e anual. Os anos são colocados em células mescladas, como vimos anteriormente na construção do gráfico de Pareto. A linha 6 mostra o total de dados dos dois turnos de trabalho, o que permite analisar o desempenho da empresa como um todo. Para sabermos qual o turno que mais contribuiu para a produtividade da empresa, basta comparar o dado do turno com o resultado geral. Se ele foi maior, significa que esse turno teve produtividade maior que a média da empresa. Porém, visualizar esse desempenho tendo como referência apenas a observação de dados na tabela é uma tarefa difícil, já que podemos nos valer do histograma para nos ajudar! Vamos então construir os gráficos.
3 PLANILHAS E GRÁFICOS
a) Primeiro, selecione toda a tabela de dados e escolha o gráfico do tipo colunas.
Figura 42 - Histograma sem formatação Fonte: SENAI-SP (2012)
A primeira linha do eixo horizontal representa o trimestre do ano que está identificado na segunda linha. Bem, já temos um gráfico. Mas você observou como as colunas apresentadas estão tão próximas que dificultam a visualização? Vamos melhorar essa apresentação? Acompanhe a explicação e veja como é fácil. Selecione o gráfico e expanda-o (basta posicionar o cursor do mouse no gráfico, sobre os pequenos quadrados que aparecem e, em seguida, clique, segure e arraste) na direção horizontal, até que você consiga visualizar melhor as colunas.
Figura 43 - Histograma expandido Fonte: SENAI-SP (2012)
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
b) Selecione agora a legenda que indica cores diferentes para Manhã, Tarde e Totais e clique com o botão direito do mouse. c) Use a opção Formatar Legenda, como mostra a figura a seguir.
Figura 44 - Menu Formatar Legenda Fonte: SENAI-SP (2012)
Figura 45 - Legenda superior Fonte: SENAI-SP (2012)
d) Em seguida, ajuste o tamanho da legenda para separar um pouco as palavras. e) Clique na caixa de seleção, ao lado do nome da fonte, no menu superior, para aumentar o tamanho e o tipo de fonte utilizada na legenda. Observe que, no exemplo em estudo, estamos utilizando a fonte Berlin Sans FB, tamanho 14 e que a legenda foi expandida até os dois extremos da área do gráfico (direita e esquerda). Veja o resultado obtido.
3 PLANILHAS E GRÁFICOS
Figura 46 - Legenda totalmente formatada Fonte: SENAI-SP (2012)
O gráfico permite ainda observar os desempenhos individuais de cada turno. Para isso, basta criar mais duas cópias desse gráfico (Ctrl + C e Ctrl + V), retirando os dados dos totais das linhas de cada gráfico. Na figura a seguir, foram acrescentados rótulos de dados às colunas, usando a opção Adicionar Rótulos de Dados que aparece quando clicamos com o botão direito do mouse sobre uma das barras.
Manhã 45% 39%
37% 26%
o
1
o
2
o
3
25%
21%
20%
17% 18%
4
o
o
1
2008
2
o
3
o
20% 22% 22%
18%
14%
o
4
o
1
2009
2
o
34%
o
3
o
4
o
1
2010
2
o
22%
3
o
4
o
2011
Tarde 46% 37%
34% 27%
27% 25% 26%
23% 22%
21% 19%
17% 19%
23%
26%
8% o
1
o
2
o
3
2008
o
4
o
1
o
2
o
3
2009
o
4
o
1
2
o
3
o
o
4
1
2010
Figura 47 - Histogramas de desempenho individual dos turnos Fonte: SENAI-SP (2012)
o
o
2
o
3
2011
4
o
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
Observe agora os gráficos. Você acha que ficou mais fácil notar qual foi a Linha que mais contribuiu para a produtividade da empresa em cada período e como esse resultado evoluiu nos últimos trimestres? Perceba também que a produtividade passa por picos, porém esse comportamento vem apresentando uma tendência de diminuição nos últimos trimestres. Isso pode ser resultado de duas possibilidades: a) houve redução de vendas e a empresa deve se adaptar a essa nova realidade, diminuindo a sua produção; b) houve redução na eficiência dos processos produtivos, e esses precisam ser revistos o mais breve possível. Em ambos os casos, ações diferentes, porém igualmente necessárias e urgentes, precisam ser tomadas para corrigir os desvios. No caso da diminuição de demanda, será necessário descobrir o motivo e, se for preciso, alterar os processos ou o próprio produto, tendo em vista reconquistar os antigos patamares de vendas. A diminuição da eficiência aponta a necessidade de verificar o estado das máquinas e das ferramentas, treinar funcionários, alterar os métodos de trabalho ou investir em novas soluções para aumentar a eficácia do processo produtivo.
CASOS E RELATOS
Ulisses, Clara e Sofia são sócios em uma empresa que produz uma grande variedade de produtos eletrônicos de baixo custo. Entre seus produtos, com maiores vendas, destacam-se jogos de luz para enfeitar árvores de Natal e fachadas de residências e diversos tipos de brinquedos iluminados por lâmpadas em geral. Eles compram componentes de diversos fornecedores, para montar seus produtos. Porém, com o passar dos anos os sócios perceberam que sua margem de lucro estava diminuindo e que alguns dos fornecedores não conseguiam cumprir os prazos e entregar quantidades necessárias para atender às necessidades de produção, justamente nos momentos de “picos de venda” de alguns dos produtos. Em outros períodos do ano, havia uma baixa tão grande na demanda que os preços dos componentes ficavam mais baratos.
3 PLANILHAS E GRÁFICOS
Foi então que eles resolveram realizar um estudo de sazonalidade, envolvendo as vendas e o custo dos componentes. Para tanto, aplicaram a ferramenta histograma para analisar os períodos em que havia baixa no custo dos componentes e aqueles que demonstravam alta na demanda de produção. A partir disso, foi possível efetuar um novo planejamento de compras e de produção, considerando a melhor época para se adquirir os componentes ao menor custo e produzir antecipadamente, evitando os picos de demanda e aumentando seu lucro.
3.3.2 IMPRIMINDO PLANILHAS E GRÁFICOS Para imprimir as planilhas e os gráficos, devemos selecionar a área do gráfico a ser impressa. Clique com o botão esquerdo do mouse sobre a área selecionada e, em seguida, acione o comando Visualizar Impressão que, dependendo do programa e da sua versão, estará disponível no menu Arquivo – Imprimir ou no menu Exibição. Outro recurso interessante é a opção Exibição de Quebra de Página, que permite observar em quantas páginas nossas planilhas ou gráficos serão impressos. Vale ressaltar que impressões em mais de uma página podem ser incômodas, pois implicarão em trabalho extra de recorte e colagem, para que os dados possam ser apresentados de forma contínua. Por outro lado, a impressão de um grande volume de dados em uma folha pode implicar em obter um documento com letras muito pequenas, difíceis e que causam desconforto para serem lidas.
SAIBA MAIS
O detalhamento de como executar a impressão das planilhas e dos gráficos é característico de cada programa, devendo ser abordado como tal. Na página do Microsoft Office, você pode achar mais detalhes dos comandos e opções de impressão de planilhas e gráficos. O endereço da página na internet é < http://office.microsoft. com/pt-br/>.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
RECAPITULANDO
Neste capítulo, estudamos como elaborar planilhas e gráficos, inclusive em meio eletrônico. Desenvolvemos esse conhecimento visando a utilizá-lo em conjunto com algumas das ferramentas da qualidade, para facilitar a visualização e análise de problemas nos processos das empresas e apoiar a tomada de decisões.
3 PLANILHAS E GRÁFICOS
Anotações:
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Saúde e segurança no trabalho na área de eletroeletrônica
4 Existe uma antiga superstição que nos ensina a não passar por debaixo de uma escada, pois, ao fazer isso, algo ruim nos acontecerá. Pois bem, se no alto da escada estiver uma pessoa, é claro que haverá uma grande chance de que aconteça realmente acidente, porque essas pessoas estão expostas a riscos. Uma delas está exposta ao risco de cair do alto da escada e se lesionar enquanto trabalha, e a outra, de que algo ou alguém caia sobre ela. Podemos afirmar que, no exercício de qualquer profissão, sempre há riscos envolvidos em maior ou menor grau, tanto para quem desempenha a função como para quem compartilha espaços comuns com o trabalhador. Por isso, neste capítulo abordaremos a Saúde e Segurança no Trabalho, entendida como um conjunto de indicações e medidas a serem observadas, visando minimizar os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais dos profissionais, especialmente daqueles que atuam na área de eletroeletrônica, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho desses. Vamos lá?
4.1 RISCOS NO DIA A DIA DO TRABALHO O investimento em prevenção e em regularização da segurança vale a pena para as empresas porque aumenta o grau de conscientização e confiança dos empregados, o que se reflete na economia e imagem da empresa. Além disso, minimizando os custos com acidentes, a empresa deixa de ter outros gastos com atrasos na produção, além de encargos de advogados e indenizações.
VOCÊ SABIA?
As empresas com mais casos de acidentes de trabalho, a partir de 1 o de janeiro de 2010, passaram a pagar um valor maior de Seguro Acidente de Trabalho (SAT). A mudança na forma de cálculo do seguro introduziu um efeito multiplicador chamado Fator Acidentário de Prevenção (FAT), que varia de 0,5 a 2. Na prática, as empresas mais seguras pagarão metade do valor previsto enquanto as que registrarem um maior índice de acidentes irão pagar o dobro. Fonte:
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO TRAB ALHO
Para efeito de cadastro de acidentes do trabalho pela empresa, uma das principais referências é a norma NBR 14280:2001 - Cadastro de acidente do trabalho - Procedimento e classificação que, classificação que, nos subtópicos do item 2.8 define 2.8 define as possíacidente como sendo: veis causas do acidente como •
•
•
2.8.1 fator pessoal de insegurança (fator pessoal): Causa pessoal): Causa relativa ao comportamento humano, que pode levar à ocorrência do acidente ou à prática do ato inseguro. 2.8.2 ato inseguro: Ação inseguro: Ação ou omissão que, contrariando preceito de segurança, pode causar ou favorecer a ocorrência de acidente. 2.8.3 condição ambiente de insegurança (condição ambiente): Condição ambiente): Condição do meio que causou o acidente ou contribuiu para a sua ocorrência.
Cabe ressaltar que o item 2.8.3 condição ambiente de insegurança equivale insegura, denominação ainda presente na maior parte da literatura à condição insegura, sobre segurança do trabalho. trabalho. Veja, a seguir, exemplos de situações que ilustram algumas condições e atos inseguros. Você deve conhecer pessoas que têm o hábito de ligar vários equipamentos em uma única tomada, como ilustra a figura a seguir. Pois bem, isso pode causar aquecimento e pode até iniciar um incêndio. Imagine ainda que, bem próxima dessa ligação inadequada, pode haver uma cortina, o que facilitaria a propagação propagação de chamas. Nesse caso, temos: o ato inseguro da pessoa que fez essas ligações, e a condição insegura de conexão elétrica e proximidade da cortina.
Figura 1 - Uso incorreto da tomada Fonte: SENAI-SP (2012)
4 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO NA ÁREA DE ELETROELETRÔNICA
Observe agora, na figura a seguir, uma imprudência que pode transformar um divertido fim de semana em uma tragédia. Em destaque, extensões com tomadas ligando aparelhos elétricos. Os fios e as ligações molhadas ou imersas na água revelam atos e condições inseguras que podem provocar desde choques até a morte das pessoas.
Figura 2 - Imprudência a toda prova Fonte: SENAI-SP (2012)
Na próxima figura, você pode observar obser var um trabalhador realizando a pintura da fachada do prédio preso precariamente por uma corda, sem os equipamentos de segurança exigidos para a atividade. Essa é uma prática comum, embora extremamente insegura, pois, se a corda se partir, o vento bater com força ou a pessoa sentir-se mal, certamente, a consequência será fatal!
Figura 3 - Vida por um fio Fonte: SENAI-SP (2012)
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO TRAB ALHO
� ERGONOMIA Segundo o dicionário Houaiss, é o estudo científico das relações entre homem e máquina, visando a uma segurança e eficiência ideais no modo como um e outra interagem.
No quadro a seguir, você encontra exemplos de causas de acidente de trabalho na área de eletroeletrônica. Quadro 3 – Exemplos de causas de acidente de trabalho trabalho em eletroeletrônica CAUSAS Fator pessoal de
EXEMPLOS •
insegurança •
� SAÚDE PSICOFISIOLÓGICA •
Inerente ao bem-estar do corpo e da mente. “A psicofisiologia é o ramo biológico da psicologia que estuda as relações mentais e as funções físicas, procurando o entendimento da relação corpo-mente e dos processos psíquicos com os fisiológicos.” (Fonte: ).
OBSERVAÇÃO
Executar tarefas para qual não foi capaci-
A diferença entre essa causa e as
tado.
seguintes está no fato de que o
Utilizar máquinas e ferramentas em situ-
trabalhador não está consciente
ações ou de forma inadequada.
do risco ao qual está se expondo,
Trabalhar sem dar a devida atenção à
quer seja por falta de treinamento,
tarefa que está executando.
que seja por influência de fatores psicossociais externos.
Ato inseguro
•
•
•
•
Condição
•
ambiente de insegurança
•
•
Subir em escadas ou andaimes sem cin-
Esses atos são praticados de forma
turão de segurança e trava-quedas.
consciente pelo trabalhador que
Ligar tomadas de aparelhos elétricos com
conhece os riscos envolvidos,
as mãos molhadas.
mas não desenvolveu consciência
Dirigir em alta velocidade.
prevencionista.
Correr empunhando ferramentas. Presença ou o excesso de objetos ou
Essas condições normalmente são
materiais mal dispostos no ambiente.
resultado direto ou indireto das
Falta ou deficiência na iluminação.
ações dos trabalhadores sobre o
Máquinas ou ferramentas sem a devida
local onde trabalham.
proteção •
•
•
Piso molhado ou escorregadio. Instalação elétrica com fios desencapados. Máquinas em estado precário de manutenção.
•
Andaime de obras de construção civil feitos com materiais inadequados.
FIQUE ALERTA
Atos inseguros geram, muitas vezes, condições inseguras que conduzem à ocorrência de um acidente.
4 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO NA ÁREA DE ELETROELETRÔNICA
4.1.1 RISCOS Os riscos são o resultado de circunstâncias ou comportamentos que, quando não controlados, geram algum tipo de doença ou acidente. Portanto, os riscos são possíveis geradores de lesão ou morte. A Norma Regulamentadora 9 (NR 9) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) define os riscos existentes nos ambientes de trabalho como agentes físicos, químicos e biológicos, que por causa de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. Recentemente foram acrescentados os agentes ergonômicos¹, que compreendem os fatores que interferem na saúde psicofisiológica² do trabalhador causando desconforto ou lesão. Observe, a seguir, um quadro que apresenta e exemplifica alguns tipos de riscos.
Quadro 4 – Tipos de riscos TIPO DE RISCO
EXEMPLOS Ruído, vibrações, temperaturas extremas (calor e frio), pressões anormais, radi-
Físicos
ações ionizantes (raios x, raios alfa, raios beta, raios gama) ou não ionizantes (infravermelho, ultravioleta), umidade e quantidade de luz presente no ambiente.
Químicos
Produtos químicos, poeiras, névoas, fumaças, gases e vapores.
Biológicos
Vírus, bactérias, parasitas, fungos e bacilos. Movimentos repetitivos, levantamento e transporte manual de pesos, esforço
Ergonômicos
físico intenso, postura inadequada, desconforto acústico ou térmico, mobiliário ou ferramental inadequados.
4.1.2 COMO IDENTIFICAR OS RISCOS NO LOCAL DE TRABALHO No início deste capítulo vimos que é preciso prever e minimizar a possibilidade de que riscos se tornem acidentes nas empresas. Para tanto, é necessário identificar esses riscos. Essa identificação é feita por meio da observação de elementos e circunstâncias propícias à ocorrência de algum tipo de acidente ou condição que afete a segurança e a saúde do trabalhador, no próprio ambiente e nas condições normais de trabalho. Esse procedimento é chamado de Análise Preliminar de Riscos, mais conhecida por sua sigla APR. As APRs são obrigatórias e têm função essencial, por exemplo, na montagem e manutenção de linhas de transmissão de energia elétrica, seja para a identificação de todos os possíveis riscos do local onde as atividades serão realizadas, seja para destacar aqueles que são inerentes à própria realização das atividades.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
� PATRIMÔNIO Relativo ao conjunto de bens de uma empresa, como máquinas e equipamentos.
Quando fazemos uma APR, devemos atuar prioritariamente na prevenção e nas ações de orientação, visando identificar as condições que poderiam vir a ser causas de acidentes e tomar medidas que as eliminem, ou pelo menos minimizem as consequências no caso da ocorrência do acidente. Para isso, devemos estudar os procedimentos e medidas de segurança a serem adotados para eliminar ou minimizar a ocorrência de acidentes com as pessoas ou danos ao patrimônio³, e indicar quais os Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva são aplicáveis à situação. Quando a APR é finalizada, suas indicações são registradas em um documento formal e são divulgadas para que as pessoas que trabalham no local tomem conhecimento e passem a atender às indicações e procedimentos, de modo a evitar os acidentes.
4.1.3 COMO MINIMIZAR OS RISCOS E AS CONSEQUÊNCIAS DOS ACIDENTES Como vimos, para minimizar os riscos e as consequências de acidentes nas empresas, é preciso atender às indicações das medidas preventivas indicadas pela APR. Porém, essas indicações se completam com a adoção, pela empresa, de políticas e procedimentos que contribuam para esse objetivo. Dentre essas, o treinamento e a conscientização constante dos funcionários são estratégias amplamente utilizadas. As ações de segurança e proteção da saúde dos trabalhadores se fundamentam e devem atender às Normas Regulamentadoras (NRs) do Ministério do Trabalho e Emprego. Veja, a seguir, algumas das NRs que se aplicam à área da eletroeletrônica: a) NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade: é referência para detecção e adoção de medidas de controle dos riscos das atividades que envolvem eletricidade. b) NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção: atua de forma complementar no que se refere a trabalhos em altura, sobre escadas e andaimes. c) NR 6 – Equipamento de Proteção Individual (EPI): traz as indicações sobre o uso e a gestão desses elementos. Como destaque, observe agora alguns tópicos da NR 10, para a área de eletroeletrônica:
4 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO NA ÁREA DE ELETROELETRÔNICA
O item 10.2.1 diz que “em todas as intervenções em instalações elétricas devem ser adotadas medidas preventivas de controle do risco elétrico e de outros riscos adicionais, mediante técnicas de análise de risco, de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho”. O item 10.2.8.1 indica que “em todos os serviços executados em instalações elétricas devem ser previstas e adotadas, prioritariamente, medidas de proteção coletivas aplicáveis, mediante procedimentos, às atividades a serem desenvolvidas, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores”. Em complemento, no item 10.2.9.1 lemos “nos trabalhos em instalações elétricas, quando as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou insuficientes para controlar os riscos, devem ser adotados equipamentos de proteção individual, específicos e adequados às atividades desenvolvidas, em atendimento ao disposto na NR 6”.
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre as NRs relacionadas com a área de eletroeletrônica, você pode consultá-las no portal do Ministério do Trabalho e Emprego . Nesse portal, clique em Legislação e em seguida em Normas Regulamentadoras.
4.2 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA O uso de equipamentos de proteção também é essencial para prevenir ou minimizar riscos. E, como vimos, eles são indicados na APR de acordo com a atividade. Esses equipamentos são classificados como: a) Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs); b) Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
� HIDRATADO Tratado com água ou outro produto hidratante como soro, produtos isotônicos ou alimentos que possuam líquido, como frutas. Nosso organismo necessita de uma quantidade grande de água para funcionar bem.
4.2.1 DEFINIÇÕES Os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs), como o nome já indica, são de uso coletivo, ou seja, são compartilhados por vários trabalhadores. São exemplos de EPCs: a) vara de manobra isolada; b) sistema de aterramento temporário; c) escadas com isolamento; d) cinturão trava-quedas.
Figura 4 - Exemplo de EPC - Cinturão trava-quedas Fonte: Dreamstime (2012)
Os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) são de uso pessoal e, junto com as recomendações legais e específicas da área, cooperam para a proteção, segurança e saúde individual do trabalhador. São exemplos de EPIs: a) botinas de segurança; b) luvas isolantes; c) óculos de segurança; d) máscaras.
4 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO NA ÁREA DE ELETROELETRÔNICA
Figura 5 - Exemplos de EPIs: capacete, luva, óculos e botinas Fonte: Dreamstime (2012)
FIQUE ALERTA
É imprescindível que você use os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para realizar as atividades no seu trabalho, pois, além de garantirem a sua saúde e segurança, podem impedir que você sofra lesões muito sérias no caso de um acidente.
Tudo que vimos até aqui indica a necessidade da adoção e do cumprimento das regras e políticas de segurança das empresas, já que muitos acidentes decorrem de atitudes inseguras que, quase sempre, colocam em risco a saúde e a segurança das pessoas. Para complementar, vamos destacar algumas das regras básicas para manutenção da segurança no ambiente de trabalho. a) Mantenha-se sempre atento na atividade que está realizando. As distrações são a causa de uma grande parte dos acidentes. b) Muitos dos acidentes ocorrem por displicência dos funcionários, que se acham “muito experientes”. Respeite os riscos, pois, se ocorrer um acidente, pode ser o último da sua vida. c) Utilize sempre roupas, ferramentas e equipamentos adequados para a atividade que está realizando. O improviso pode expor você a um risco desnecessário. d) Sempre que possível, desfrute de uma boa noite de sono. O cansaço gera a distração, que pode causar acidentes. e) Mantenha-se sempre hidratado4. Afinal, cerca de 2/3 de nosso corpo é composto por água, que é essencial para nossa saúde. f) Caso esteja doente, avise seu supervisor e procure um médico. Você pode não estar apto a realizar suas tarefas com segurança.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
4.2.2 USO E GESTÃO DOS EPIs E EPCs NO AMBIENTE DE TRABALHO Quando os EPIs e EPCs são recomendados pelos profissionais de segurança do trabalho, o seu uso é compulsório, ou seja, obrigatório. Cabe ao empregador fornecer os EPIs e EPCs gratuitamente e em bom estado de conservação. Caso isso não ocorra, o trabalhador pode se recusar a executar a tarefa, como indica o item 10.14.1 da NR 10, que determina: Os trabalhadores devem interromper suas tarefas exercendo o direito de recusa, sempre que constatarem evidências de riscos graves e iminentes para sua segurança e saúde ou a de outras pessoas, comunicando imediatamente o fato a seu superior hierárquico, que diligenciará as medidas cabíveis. Já o item 6.7.1 da NR 6 trata das obrigações dos empregados em relação ao uso dos EPIs, informando que cabe ao funcionário: a) utilizá-lo apenas para a finalidade a que se destina; b) responsabilizar-se pela guarda e conservação; c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado. A essa altura você já deve ter concluído que o trabalhador precisa estar sempre atento ao uso adequado dos EPIs. É isso mesmo! Segundo o artigo 158 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), quando o funcionário estiver realizando uma atividade sem o uso do EPI, descumprindo as determinações relacionadas à saúde e segurança da empresa, ele pode sofrer as penalidades legais estabelecidas, que vão desde a simples advertência verbal até a demissão por justa causa. Destaca-se ainda que é do funcionário a responsabilidade pela guarda e conservação do EPI e que ele só pode ser utilizado quando dispõe de um Certificado de Aprovação (CA), emitido pelo órgão competente, dentro do prazo de validade e com número visível. Cabe à empresa validar e manter atualizado os CAs de seus EPIs. Caso você seja encarregado dessa tarefa, ou simplesmente deseje conferir a validade dos seus EPIs, esse dado pode ser obtido no portal do Ministério do Trabalho e Emprego, e é uma providência oportuna já que, em caso de acidente, se o EPI utilizado estiver com o CA vencido, haverá graves consequências legais para a empresa.
4 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO NA ÁREA DE ELETROELETRÔNICA
Para verificar a validade dos Certificados de Aprovação dos EPIs que estão sob sua responsabilidade, proceda como segue: entre no portal do Ministério do Trabalho; abra o menu Inspeção do Trabalho; clique no link Segurança e Saúde no Trabalho; clique nos links Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e em seguida, Certificado de Aprovação (CA); digite o número do CA e selecione o tipo de EPI nos campos da janela que se abriu. •
FIQUE ALERTA
•
•
•
•
4.3 ACIDENTE DE TRABALHO De acordo com o Decreto Lei nº 3.048, de 06 de Maio de 1999, artigo 30, Parágrafo único, entende-se como acidente de qualquer natureza aquele causado pela exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, que acarrete lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda, ou a redução permanente ou temporária da capacidade de trabalho (texto adaptado). Segundo o Manual de Registro das Comunicações de Acidentes de Trabalho (CAT) do Ministério da Previdência Social, um acidente do trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, no exercício de suas atividades, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução, temporária ou permanente, da capacidade para o trabalho.
SAIBA MAIS
Para ter acesso ao Decreto no 3.048, acesse o portal do Dataprev pelo endereço: . Para ter acesso ao Manual de Registro das Comunicações de Acidentes de Trabalho, acesse o portal do Ministério da Previdência Social pelo endereço: .
Também são consideradas, segundo esse documento, como acidente do trabalho: a) a doença profissional, entendida como a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade; b) a doença do trabalho, entendida como a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado, e com ele se relacione diretamente, desde que constante da relação de que trata o Anexo II do Decreto nº 2.172/97.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
Citando o Artigo 133, do mesmo documento, equiparam-se também ao acidente de trabalho: I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para a perda ou redução da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada com o trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro, ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos decorrentes de força maior; III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; IV - o acidente sofrido, ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviços sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo, quando financiada por esta, dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado, desde que não haja alteração ou interrupção por motivo alheio ao trabalho.
4 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO NA ÁREA DE ELETROELETRÔNICA
SAIBA MAIS
“Entende-se como percurso o trajeto da residência ou do local de refeição para o trabalho ou deste para aqueles, independentemente do meio de locomoção, sem alteração ou interrupção por motivo pessoal, do percurso do empregado. Não havendo limite de prazo estipulado para que o empregado atinja o local de residência, refeição ou de trabalho, deve ser observado o tempo necessário compatível com a distância percorrida e o meio de locomoção utilizado.” Fonte: NBR 14280:2001
Os acidentes de trabalho mais comuns na área da eletroeletrônica são os choques elétricos, as queimaduras decorrentes desses e de explosões e as quedas, quando a atividade é realizada em altura (sobre escadas ou andaimes).
FIQUE ALERTA
Obedecer às políticas e regras de segurança da empresa e não colocar a nossa saúde ou segurança, assim como a de colegas, em risco é uma importante atitude a ser tomada por qualquer trabalhador.
A Lei no 8.213/91, no seu artigo 22, determina que todo acidente do trabalho ou doenças profissionais deverão ser comunicados pela empresa ao INSS, sob a pena de multa em caso de omissão.
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre a comunicação de acidentes de trabalho ao INSS, consulte o site: .
Quando ocorrer um acidente no local de trabalho, deve ser composta uma equipe de investigação que verifique as condições em que esse evento ocorreu e quais as medidas necessárias para que elas não voltem a ocorrer. Os membros dessa comissão, normalmente, são indicados pelos gestores da empresa. A preferência é por aqueles que foram testemunhas do fato ou têm conhecimentos ou formação em segurança do trabalho.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
4.4 CIPA Desde o início deste capítulo, estamos tratando das ações que podem minimizar/eliminar os riscos de acidentes nas empresas e destacando a importância da prevenção quando o assunto é saúde ou segurança. Porém, diante de tantas informações, você pode estar se perguntando: - Como zelar pelas condições de saúde e segurança na empresa e ainda ter tempo para trabalhar? - Quem deve capacitar os funcionários nos procedimentos de segurança da empresa? A resposta é: essas tarefas ficam a cargo das pessoas que, na empresa, compõem a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). Os cipeiros, como são chamados os membros da CIPA, são funcionários que trabalham na empresa e que, além de suas funções, devem observar as condições de saúde e segurança e orientar os colegas sobre os procedimentos da empresa. Eles são reconhecidos, normalmente, por usar um bóton verde, semelhante ao apresentado na figura a seguir.
C I P A
S
A G U N Ç R A
E
Figura 6 - Símbolo da CIPA Fonte: SENAI-SP (2012)
A escolha dos integrantes da CIPA é feita por meio de processo eleitoral próprio, entre os funcionários interessados em cooperar para a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.
4 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO NA ÁREA DE ELETROELETRÔNICA
Para compor a comissão, considera-se a proporção de cada tipo de atividade da empresa em função do número de trabalhadores, pois é dessa relação que decorre um número correspondente de membros da CIPA. Todavia, se o número de trabalhadores não atingir o mínimo para a constituição formal da CIPA, a empresa deve indicar um de seus membros para ser o responsável pelo cumprimento da NR 5 na empresa.
SAIBA MAIS
VOCÊ SABIA?
A CIPA é regulamentada pela NR 5. Para saber mais sobre seu objetivo, sua constituição, suas atribuições, seu funcionamento etc., você pode acessar o site: , ou usar um site de busca, digitando NR 5.
A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) foi criada em 1944, durante o governo de Getúlio Vargas. Ela foi regulamentada pela Portaria nº 8, editada pelo Ministério do Trabalho e Emprego – MTE em 23 de fevereiro de 1999.
4.5 SAÚDE NO TRABALHO Para concluir, apresentaremos as questões ligadas aos prejuízos à saúde dos trabalhadores decorrentes do desempenho das atividades da sua profissão e dos modos de prevenir esses problemas.
4.5.1 DOENÇAS DECORRENTES DO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO E DOENÇAS DO TRABALHO Duas situações precisam ser identificadas quando falamos da relação doença e trabalho: a) a doença profissional: produzida ou desencadeada no exercício do trabalho, considerada peculiar a determinada atividade e apontada na relação elaborada pelos Ministérios do Trabalho e Emprego e da Previdência Social. Como exemplo, podemos citar as doenças decorrentes do contato com derivados halogenados de hidrocarbonetos alifáticos utilizados como solventes em vernizes, tintas e adesivos na indústria eletroeletrônica ou como desengraxantes em limpeza a seco de roupas e similares;
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
b) a doença do trabalho: adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado, e com elas se relaciona diretamente. Como exemplo, podemos citar a perda parcial ou total da audição em função do trabalho realizado em local extremamente ruidoso.
FIQUE ALERTA
É comprovado que o contato contínuo com vernizes, tintas, adesivos utilizados na indústria eletroeletrônica causa transtornos no nervo olfatório e, em alguns casos, conduz à perda do olfato. Uma ação para minimizar esse problema é a inserção de exaustores no ambiente de trabalho. Fonte: Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde – Série A. Normas e Manuais Técnicos; n. 114 – Brasília/DF – Brasil – 2001 p.211.
4.5.2 PREVENÇÃO DAS DOENÇAS É consenso entre todos os profissionais da área de saúde que as doenças, exceto as hereditárias, se manifestam por causa de dois fatores principais: a) a exposição ao agente causador da doença, quer seja ambiental ou ergonômico; e b) a incapacidade do organismo em evitar o contágio. Na maior parte dos casos, uma boa saúde já é um fator que ajuda na prevenção das doenças, mas, mesmo nesses casos, é possível que agentes causadores – como as radiações e os ruídos elevados – afetem as pessoas, independentemente do estado imunológico delas. A prevenção, em se tratando de agentes causadores como os já citados será feita por meio de medidas administrativas, tais como mudanças de processo e procedimentos de segurança, incluindo o uso dos equipamentos de proteção individual e coletiva. Outros cuidados que ajudam a melhorar a saúde dos trabalhadores e que devem ser observados nas empresas dizem respeito: a) à alimentação equilibrada e saudável, já que uma boa nutrição ajuda na manutenção da saúde e no aumento da imunidade; b) à postura correta ao trabalhar, o que evita os problemas ergonômicos; c) à realização de exercícios, que cooperam para a manutenção da forma física e mental;
4 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO NA ÁREA DE ELETROELETRÔNICA
d) ao asseio e aos cuidados com a higiene pessoal, que contribuem para a melhoria da imagem pessoal dos funcionários e atuam de modo a evitar o contágio; e) à manutenção de peso adequado, evitando os prejuízos de desempenho no trabalho e as inúmeras doenças associadas ao sobrepeso.
CASOS E RELATOS Acidente de trabalho ou não? Certo dia, Adilson, um colega da empresa, resolveu passar em um fornecedor antes da entrada para o trabalho para pegar algumas amostras de componentes eletroeletrônicos. Seu objetivo era criar um pequeno estoque para não precisar consultar o catálogo toda vez que precisasse utilizar aquelas peças. Saiu mais cedo de casa e passou pelo fornecedor que ficava em um bairro vizinho, desviando um pouco de seu caminho habitual. Chegando à loja, o fornecedor já havia separado as amostras solicitadas por ele pelo telefone. Adilson agradeceu e logo se pôs a caminho da empresa, pois não queria chegar atrasado, afinal havia resolvido pegar essas amostras sem consultar o seu superior sobre o assunto. Já a caminho da empresa, meu colega se envolveu em um acidente com seu veículo. Pergunto: essa situação caracteriza ou não um acidente de trabalho? Vamos pensar juntos: para ser considerado acidente de trabalho, o acidente deve ocorrer durante o percurso de trabalho tradicional do funcionário ou quando o funcionário está em local diferente daquele regular, porém a mando ou benefício da empresa. E, então, será que podemos considerar esse caso como acidente de trabalho? Se considerarmos o exposto no início deste tópico, a resposta será não, uma vez que o trajeto do funcionário foi alterado (quando ele passou no fornecedor), sem que houvesse solicitação ou conhecimento da empresa. Moral da história: embora Adilson estivesse cheio de boas intenções e tenha saído do seu trajeto com a finalidade de adquirir amostras que seriam utilizadas para melhorar a execução de seu trabalho, não pode ter seu acidente registrado como acidente de trabalho e, portanto, não poderá contar com o amparo previsto na lei.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
RECAPITULANDO Neste capítulo, abordamos os principais conceitos ligados à saúde e segurança no trabalho, visando contribuir para: •
•
•
•
desenvolver consciência prevencionista em relação à saúde e segurança no trabalho; destacar a importância do cumprimento de normas e procedimentos; identificar os aspectos relacionados à saúde e segurança no trabalho nos serviços de eletroeletrônica; interpretar os processos de gestão da saúde e segurança no trabalho.
Esperamos que, após estudar os temas abordados neste capítulo, você esteja ciente do quanto é importante estar atento às questões relativas à saúde e segurança, pois elas estão ligadas à sua integridade e de seus colegas. Cabe ressaltar também que a consciência prevencionista é o ponto mais importante quando o assunto é saúde e segurança no trabalho!
4 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO NA ÁREA DE ELETROELETRÔNICA
Anotações:
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Meio ambiente e a área de eletroeletrônica
5 Nos tempos atuais, a humanidade vem aprendendo que não basta apenas viver e desenvolver atividades na empresa, em casa, na escola ou em qualquer outro lugar. É preciso aprender a fazer tudo isso num planeta onde a vida acontece e, mais do que isso, é preciso viver de forma a tornar este planeta sustentável. Isso quer dizer que precisamos cuidar dele hoje para garantirmos a vida das gerações futuras. Esse é o tema deste capítulo, no qual pretendemos refletir com você sobre questões ligadas ao uso consciente dos recursos naturais do planeta e a interação entre atividades humanas, mais especificamente, daquelas desenvolvidas pelo técnico na área de eletroeletrônica e o meio ambiente. Ao final deste capítulo, esperamos que você tenha subsídios para: •
desenvolver a consciência prevencionista em relação ao meio ambiente;
•
interpretar os processos de gestão ambiental;
•
identificar os elementos de descarte de resíduos.
5.1 INTERAÇÕES ENTRE A ATIVIDADE HUMANA E O MEIO AMBIENTE Para iniciar nossa conversa, cabe lembrar que praticamente todos temos uma história para contar sobre problemas vividos por nós ou outras pessoas, aqui ou em outro lugar do mundo, relacionados com fenômenos da natureza, tais como enchentes, secas extremas, contaminação do solo, deslizamentos etc. Cada vez mais esses acontecimentos fazem parte das manchetes da imprensa que têm se apoiado em estudos de pesquisadores sobre o meio ambiente. Aí está o primeiro conceito importante: os espaços onde a vida e suas relações com o planeta acontecem é chamado de meio ambiente. É nesse lugar que nós vivemos e deixamos algumas marcas das ações que praticamos. Modos de viver e marcas que só recentemente vêm sendo estudadas, à medida que os desastres ambientais foram nos informando que as ações humanas podem afetar a vida em todas as suas formas.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
� PEGADAS ECOLÓGICAS Nome dado às marcas que suas atividades e modo de vida deixam no nosso planeta.
SAIBA MAIS
Para que você possa avaliar o quanto as ações do dia a dia, inclusive as suas, podem, de alguma forma, afetar o meio ambiente, acesse o site e calcule suas pegadas ecológicas1. Nesse site você também pode encontrar informações importantes sobre a preservação do meio ambiente e dicas para adotar atitudes ecologicamente corretas.
� SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL �SGA� É um processo organizacional que tem por objetivo resolver, mitigar (diminuir) e/ou prevenir os problemas de caráter ambiental, visando ao desenvolvimento sustentável.
� SIGNIFICÂNCIA DOS IMPACTOS AMBIENTAIS É uma avaliação quantitativa e ponderada de um impacto ambiental, utilizada para medir a prioridade das ações de gestão ambiental. Se um aspecto for considerado significante, deve haver medidas formais de gestão ambiental sobre esse aspecto de modo a evitar ou minimizar os impactos ambientais que podem ser gerados.
Se meio ambiente é tudo o que nos cerca e interage direta ou indiretamente conosco, todos os elementos naturais existentes no planeta – a vegetação, os animais, os microrganismos, o solo, as rochas, a atmosfera – fazem parte dele, assim como as condições e as influências que ocorrem nesse espaço interferem nas formas de vida. Assim, tudo o que fazemos afeta, em maior ou menor intensidade, o meio ambiente. Portanto, se quisermos preservá-lo, basta que façamos a escolha certa! No âmbito das empresas, segundo a NBR ISO 14001, meio ambiente é definido como “circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo-se ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas inter-relações”. Entende-se por circunvizinhança a área que abrange desde o interior da organização até onde os seus aspectos ambientais possam causar impactos ambientais. Aspectos e impactos ambientais são conceitos importantes que estudaremos a seguir.
5.1.1 ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS Para definirmos aspectos e impactos ambientais, recorremos à NBR ISO 14001, que é a norma internacional que trata sobre Sistemas de Gestão Ambiental (SGA)2, que define: •
aspecto ambiental: “elemento das atividades, produtos ou serviços de uma
organização, que podem interagir com o meio ambiente”. Pode ser uma máquina, um equipamento ou uma atividade realizada na organização que resulte em algum efeito sobre o meio ambiente, como os componentes e produtos químicos utilizados na fabricação de placas de circuitos eletrônicos; •
impacto ambiental: “qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou
benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos ou serviços de uma organização”. Pode ser qualquer alteração causada no meio ambiente pelas atividades da empresa, como a contaminação do solo ou da água devido ao descarte incorreto de resíduos da produção de placas de circuitos eletrônicos.
5 MEIO AMBIENTE E A ÁREA DE ELETROELETRÔNICA
O SGA nas organizações tem como função prever e promover ações que evitem impactos negativos no meio ambiente ou, quando isso for inevitável, definir modos de reduzir, o máximo possível, suas consequências. A implantação do SGA nas empresas é uma decisão importante que reverte para a sua manutenção e sobrevivência, porque os impactos gerados por elas acabam por atingir, direta ou indiretamente, possíveis clientes, uma vez que em geral não ficam restritos à área interna da empresa. A significância dos impactos ambientais3 é definida a partir de respostas dadas a, no mínimo, quatro questões: a) De quanto em quanto tempo o impacto pode ocorrer? Possibilidade de ocorrência. b) Qual a área sobre a qual o impacto se fará sentir? Abrangência. c) Qual o grau de periculosidade do impacto? Severidade. d) Há legislação aplicável ao aspecto ou impacto e que consequências legais gerará para a empresa? Legislação.
5.1.2 A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA Da Constituição Brasileira de 1988, em seu artigo 225, extraímos os seguintes destaques relacionados com as questões ambientais: a) afirma o direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, considerando-o bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualida-
de de vida, e indica ser dever do Poder Público e das pessoas a obrigação de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações; b) determina a obrigatoriedade de um estudo prévio de impacto ambiental ao qual se dará publicidade, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente (inciso IV, parágrafo 1 o); c) imputa sanções penais e administrativas e a obrigação de reparar os danos causados às pessoas físicas ou jurídicas que desenvolvam condutas
e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente (parágrafo 3 o).
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Figura 1 - Legislação ambiental Fonte: Dreamstime (2012)
Atente ainda para as seguintes indicações fundamentais extraídas da legislação sobre o tema ambiental: a) a responsabilidade na preservação do meio ambiente é de toda sociedade; b) quando os aspectos ambientais de uma empresa forem considerados significativos, um estudo científico dos prováveis impactos será obrigatório, bem como sua divulgação para a sociedade; c) se uma empresa causar impactos ambientais negativos, será obrigada a reparar ou compensar os danos, além de sofrer sanções jurídicas e administrativas. Diante desses destaques, constatamos que em nossa sociedade as preocupações com o meio ambiente são evidentes e as sanções são cada vez mais duras. Isso é compreensível, pois os danos ao meio ambiente, mesmo quando possíveis de serem reparados, implicam em ações de longo prazo e custo elevado. É justamente no intuito de reduzir esses impactos que as empresas implantam seus Sistemas de Gestão Ambiental.
5.1.3 ECOSSISTEMAS Ecossistema pode ser definido como sendo um sistema composto pelos seres vivos e o local onde eles vivem, incluindo componentes não vivos como os minerais, as pedras, o clima, a luz solar etc. e todas as relações desses com o meio e entre si.
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Os ecossistemas, em suas condições naturais, encontram-se em equilíbrio dinâmico, ou seja, com entradas e saídas equilibradas de matéria e energia. Porém, quando ocorrem interferências – como a ação humana –, pode haver o aumento ou a diminuição da matéria e energia provocando desequilíbrio. A espécie humana é a única capaz de alterar de forma drástica as condições ambientais, o que causa o desequilíbrio. Portanto, se quisermos conviver em harmonia com outras espécies do nosso planeta, precisamos refletir sobre isso e planejar nossas ações, de forma a preservar o equilíbrio.
5.2 GLOBALIZAÇÃO DOS PROBLEMAS AMBIENTAIS Para que você entenda melhor a amplitude dos impactos ambientais e o modo como atingem o planeta de forma global, provocando desequilíbrio, basta fazer uma revisão das notícias publicadas pela imprensa mundial nos últimos tempos sobre ocorrências de desastres ambientais. Você deve se lembrar do recente acidente nuclear ocorrido em 2011 na Usina de Fukushima, no Japão, certo? Nele se constatou que as correntes marítimas se encarregaram de levar a locais distantes as partículas tóxicas que caíram, inicialmente, no Oceano Pacífico. Há informação de que os materiais radioativos, incluindo o césio-137, um isótopo com meia-vida de mais de 30 anos, foram amplamente dispersados quando entraram nos oceanos e que cada partícula teria menos de um micrômetro – um sétimo do tamanho de um glóbulo vermelho do sangue humano. Você pode imaginar quantos ecossistemas podem ter sito afetados pelas partículas geradas em Fukushima? Vamos estender um pouco mais o raciocínio. No mapa da figura a seguir, observamos a localização das usinas nucleares do Japão, com destaque para a de Fukushima. Como você pode imaginar, se o tsunami tivesse afetado outras usinas, o impacto seria ainda maior!
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� CHUVAS ÁCIDAS É um fenômeno caracterizado pela acidez acentuada na água da chuva decorrente da poluição atmosférica.
Sapporo
� EFEITO ESTUFA É o efeito causado pela concentração de gases (dióxido de carbono, o vapor de água, o metano, entre outros) que evitam que o calor do Sol absorvido pela superfície terrestre escape para o espaço provocando aquecimento global.
Tokyo Kyoto Kobe
Nagoya
Osaka
� COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS Resultado de um processo de decomposição da matéria orgânica, como plantas e animais. Figura 2 - Mapa do Japão – usina de Fukushima Fonte: Wikibooks.org
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre os impactos globais do acidente à Usina de Fukushima, leia a reportagem da Revista Veja, de novembro de 2011, intitulada “Radiação liberada em Fukushima circulou por todo o planeta”, no endereço .
Agora reflita sobre outros exemplos clássicos de danos causados ao meio ambiente que afetam a vida no planeta: a) os buracos na camada de ozônio, gerados pelo uso e descarte inadequado dos gases CFC (clorofluorcarbono) em aparelhos de refrigeração e aerossóis; b) as chuvas ácidas 4 e o efeito estufa 5 resultantes da ação dos gases gerados pela queima de combustíveis fósseis6. c) a diminuição sensível na quantidade de gelo nas regiões próximas às calotas polares por causa do aquecimento global.
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VOCÊ SABIA?
Em volta do nosso planeta há uma frágil camada de um gás chamado ozônio (O3), que protege animais, plantas e seres humanos dos raios ultravioleta emitidos pelo Sol. Na superfície terrestre, o ozônio contribui para agravar a poluição do ar das cidades. Mas, nas alturas da estratosfera (entre 25 e 30 km acima da superfície), é um filtro dos raios ultravioleta que poderiam eliminar todas as formas de vida no planeta. Fonte:
Ao mesmo tempo, pense em como algumas práticas bastante comuns em nosso país e em outras regiões do mundo – como o desmatamento e ocupação de áreas que antes eram matas e florestas – podem afetar o equilíbrio do ecossistema. Na África há casos de ataques de grandes felinos às aldeias e assentamentos construídos onde antes havia florestas. Devido à ocupação desordenada dessas áreas, as presas que serviam de alimento para esses animais desapareceram, e os felinos, obrigados a alterar sua dieta, passaram a atacar animais domésticos e até seres humanos. Muitas pessoas pensariam: por que não caçar esses grandes felinos para resolver o problema? Especialistas informam que a solução dessa questão não é tão fácil assim. Isso porque a extinção dos felinos resolveria os ataques às aldeias, mas, por outro lado, contribuiria para uma provável explosão populacional das presas, os herbívoros. Esses, ao ocupar as mesmas áreas, também passariam a consumir recursos preciosos. Essa afirmação nos mostra que a retirada de um elemento causará uma reação que pode gerar mais danos ainda ao ecossistema.
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Refletir sobre essas questões nos leva à conclusão fundamental: os ecossistemas precisam de equilíbrio!
Figura 3 - Precisamos proteger nosso planeta Fonte: Dreamstime (2012)
5.3 ECOEFICIÊNCIA, CONSCIÊNCIA PREVENCIONISTA E SUSTENTABILIDADE A ecoeficiência é uma tendência mundial e decorre das preocupações geradas pelos danos já causados ao meio ambiente. Ela trata das questões que envolvem desde a escolha do tipo e da quantidade de energia a ser utilizada, passando pela opção por dispositivos e equipamentos que consumam menos energia até o descarte final do produto.
5.3.1 USO CONSCIENTE DOS RECURSOS NATURAIS E FONTES DE ENERGIA Se os recursos naturais compreendem o que retiramos da natureza – minérios, plantas, animais, água, papel e a própria energia elétrica –, fazer uso consciente desses recursos envolve mudanças nos nossos hábitos e costumes. Se você ainda tem dúvidas sobre essas questões, reflita conosco a partir das afirmações a seguir. •
As plantas nos oferecem alimentos, madeira, papel e uma série de outros elementos indispensáveis para nossa vida atual. São recursos renováveis e seu uso consciente nos obriga a pensar em formas de torná-los perenes (disponíveis por longo tempo).
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•
A água cobre aproximadamente 75% da superfície do planeta Terra, mas 97,5% dessa água estão nos oceanos e, portanto, não disponíveis para o consumo imediato. Dos 2,5% restantes, 2,24% estão congeladas nas geleiras dos polos, restando apenas 0,26% da água do planeta para consumo imediato, e grande parte dessa água doce está aqui em nosso país.
Oceanos (salgada) Geleiras (congelada) Pronta para consumo
Figura 4 - Distribuição da água no planeta Fonte: SENAI-SP (2012)
Pense ainda na parte da população do mundo que enfrenta dificuldades para ter acesso à água potável e no desperdício e na poluição de fontes de água como atos que geram perda de quantidade considerável desse recurso precioso. A partir dessas reflexões, acreditamos que você apoiará as ações que incentivam o uso consciente da água na sua empresa. Em casa, você pode adotar simples atitudes consideradas ecologicamente corretas, como diminuir o tempo do banho e eliminar vazamentos. Se você ainda não está convencido e quiser usar o argumento da grande quantidade de água doce que está localizada em nosso País, lembre-se que o uso irresponsável desse recurso gera sobrecarga no sistema de geração e transmissão de energia, que, no caso do Brasil, já opera próximo ao limite. Prova disso, são os problemas de sobrecarga que já têm gerado falhas na distribuição e cortes no fornecimento em todo o País. Ações de redução do consumo de água e energia nas empresas podem envolver mudanças nos processos produtivos, como a compra/adoção de máquinas e equipamentos mais eficientes, além da adoção de políticas que alertem os funcionários sobre o problema.
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� TECNOLOGIAS LIMPAS São aquelas que buscam maior eficiência energética, gerando, ao mesmo tempo, menores impactos ambientais.
� USINAS EÓLICAS
Em decorrência da preocupação com o consumo de energia dos equipamentos, inúmeros produtos fabricados no Brasil já possuem a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia, as quais classificam o consumo de energia em sete faixas de eficiência energética, sendo a faixa A mais eficiente e a G a menos eficiente. Lendo essas etiquetas você saberá qual o nível de consumo de energia do equipamento que você está utilizando. Essa informação tem se mostrado valiosa no momento de aquisição de novos equipamentos, pois com ela é possível optar por aqueles que consumam menos energia.
São as que usam a força dos ventos para gerar energia elétrica.
Indica o tipo de equipamento
Energia
(Elétrica)
Fabricante Marca
Indica o nome do fabricante
REFRIGERADOR ABCDEF XYZ(Logo)
Tipo de degelo Modelo/tensão(V)
Indica a marca comercial ou logomarca
ABC/Automático ABC/Automático
IPQR/220
Mais eficiente
A B C D E F G
A
Indica o modelo/ tensão A letra indica a eficiência energética do equipamento Veja a tabela correspondente na coluna ao lado
Menos eficiente
CONSUMO DE ENERGIA (kWh/mes) (adotado no teste clima tropical)
XY,Z
Volume do compartimento refrigerado (/)
000
Volume do compartimento do congelador (/)
000
Temperatura do congelador (ºC)
-18
Indica o consumo de energia, em KWh/mês
Regulamento Específico Para Uso da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia Linha de Refrigeradores e Assemelhados - RESP/001-REF
Instruções de instalação e recomendações de uso, leia o Manual do aparelho. PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
IMPORTANTE: A REMOÇÃO DESTA ETIQUETA ANTES DA VENDA ESTÁ EM DESACORDO COM O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Figura 5 - Etiqueta de eficiência energética Fonte: Eletrobras
Ao final deste tópico, você já deve ter concluído que precisamos utilizar os recursos naturais de forma mais eficiente e que atitudes simples, como fechar a torneira ou desligar máquinas e equipamentos quando não estão sendo utilizados, ajudam a evitar o desperdício e causar prejuízos para a empresa e o meio ambiente.
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5.3.2 DESENVOLVIMENTO COM CONSCIÊNCIA Se consultarmos a história recente do nosso país, veremos que a atenção dos brasileiros se concentrava em dois caminhos principais: retomar o processo democrático e investir no desenvolvimento tecnológico e econômico. Nos processos de modernização do País, algumas questões ambientais sérias foram desconsideradas, pois a preocupação com resultados econômicos se impunha. Foi assim, por exemplo, que em grandes centros urbanos o calçamento permeável em paralelepípedos foi substituído por concreto e asfalto e muitas áreas verdes deram lugar a prédios e centros comerciais. Hoje os resultados dessas decisões vêm se tornando claros: basta chover um pouco mais e acontecem pontos de alagamento nas grandes cidades. A mesma intenção está por trás das ações de destruição da cobertura vegetal das encostas de morros para a construção de casas, inclusive de alto padrão, e de estradas mal projetadas gerando grandes desastres como desmoronamentos de áreas e morte de pessoas. Do mesmo modo, a poluição no ar causada, entre outros motivos, pela emissão de gases por empresas, automóveis e queimadas tem causado inúmeros males respiratórios a adultos e crianças. Você deve estar pensando: valeu a pena apostar no desenvolvimento a qualquer preço, ainda mais quando se considera o reduzido progresso de algumas áreas do país e que o conforto alcançou apenas uma pequena parte da população? Observe bem! Rever, discutir e propor a redefinição de ações em direção ao progresso não significa defender uma postura contra o desenvolvimento, mas destacar a necessidade de se considerar os problemas ambientais quando se pro jeta o futuro do país. país. Concluímos, então, que é preciso aliar desenvolvimento e preservação do meio ambiente. Essa equação tem sido possível devido à adoção das chamadas tecnologias limpas7. Os esforços nesse sentido têm resultado em projetos como a construção de usinas eólicas8 e solares que, embora ainda tenham um alto custo de implantação, podem, com o tempo, substituir as termoelétricas e nucleares.
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Figura 6 - Parque eólico – gerando energia limpa com o vento Fonte: Dreamstime (2012)
Em relação aos veículos, já existem os carros híbridos, que utilizam motores elétricos e a combustão, e os movidos a hidrogênio, que emitem vapor de água pelo escapamento. Observamos também a expansão do uso da energia solar para aquecimento e para a geração de energia elétrica. Do mesmo modo, na área da eletroeletrônica os sistemas poluidores têm sido substituídos por novas tecnologias e materiais cada vez mais eficientes e menos agressivos ao meio ambiente como, por exemplo, a substituição do fluido refrigerante chamado Ascarel por óleo mineral livre do elemento Alocloro 124 – que era cancerígeno –, em transformadores de alta potência. Vivemos, portanto, um tempo em que se instala a revolução das tecnologias limpas e são valorizadas estratégias de desenvolvimento que preservam a natureza e incentivem o desenvolvimento local e o modo de vida das comunidades. Veja um exemplo de uma empresa multinacional situada no estado do Pará que apresenta essa preocupação. preocupação. Trata-se Trata-se de uma empresa que explora madeira em uma área de 22 hectares, divididos em 22 lotes de um hectare cada. A madeira de cada uma dessas áreas é explorada por um ano e, depois disso, durante 21 anos ela se recupera, para garantir a continuidade do processo. Como a madeira é de alta qualidade, extraída legalmente e certificada, cer tificada, os clientes estão dispostos a pagar um preço um pouco maior do que o praticado no mercado. Outro diferencial é que essa empresa retira árvores do local mas também replanta madeira nativa, respeitando assim a biodiversidade regional.
5 MEIO AMBIENTE E A ÁREA DE ELETROELETRÔNICA
Essa é uma diferença fundamental em relação a outras empresas que apenas exploram suas áreas, retirando totalmente a mata nativa e plantando, quando muito, árvores de uso comercial como o eucalipto. Esse exemplo mostra que há empresas preocupadas com a sustentabilidade como fator importante para a preservação do meio ambiente, e que conseguem manter seu lucro devido à qualidade de seus produtos e ao reconhecimento dos clientes quanto ao diferencial no modo de exploração e preservação do meio ambiente.
Figura 7 - De bem com o meio ambiente Fonte: Dreamstime (2012)
5.3.3 A RECICLAGEM E O PROBLEMA DO LIXO NOS GRANDES CENTROS URBANOS Um problema grave a ser enfrentado com relação à preservação do meio ambiente é a produção e destinação do lixo. Para que você possa ter uma ideia da dimensão desse problema, considere as condições a seguir: a) o volume de lixo gerado pela população urbana é bastante grande; b) os centros urbanos não param de crescer, como mostra a intensa atividade da construção civil; c) há cidades que praticamente não possuem mais terrenos disponíveis para construção de imóveis residenciais e menos ainda para depositar seu lixo e dependem de aterros sanitários em outras localidades; d) muitos dos aterros existentes têm sido fechados ou interditados por órgãos ambientais, seja por estarem saturados, seja por apresentar problemas que podem causar inúmeros prejuízos ao meio ambiente e à saúde pública.
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A solução está na reciclagem e na reutilização do lixo. A coleta seletiva do lixo, com a finalidade de reciclagem, já vem sendo adotada por muitas empresas e condomínios residenciais. Observa-se que onde a coleta seletiva foi implantada houve redução significativa do volume de lixo. Além disso, o recurso obtido com a venda do material reciclável reverte em benefícios para os moradores ou para as entidades que recebem esse material.
Figura 8 - Descarte correto dos resíduos sólidos Fonte: Dreamstime (2012)
Na figura anterior você vê um posto de coleta seletiva. Os coletores costumam seguir uma padronização com relação às cores, sendo o azul destinado ao descarte de papéis, o vermelho de plásticos, o verde de vidros e o amarelo para metais.
VOCÊ SABIA?
Fabricar uma garrafa PET a partir de outra, reciclando o material, representa uma economia de energia de mais de 90% com relação à produção da mesma embalagem a partir do petróleo.
Figura 9 - Reciclando vidas Fonte: Dreamstime (2012)
5 MEIO AMBIENTE E A ÁREA DE ELETROELETRÔNICA
No Brasil, a reciclagem de produtos tem assumido característica mais social do que ambiental, porque tem favorecido inúmeras pessoas que hoje retiram seu sustento dessa atividade. Nosso país tem se tornado um dos campeões em reciclagem no planeta! Embora os esforços para a reciclagem sejam louváveis, uma abordagem focada na questão ambiental destaca como mais importante a adoção de práticas que reduzam a geração de resíduos e, se possível, o eliminem. Ou seja, a reutilização é mais valiosa porque atende um dos fundamentos ambientais e segue a ordem de prioridade assumida pelos ambientalistas: com a redução de resíduos, há a redução de custos e dos impactos para tratamento dos resíduos. Estamos adotando essa prática, por exemplo, quando reutilizamos embalagens em nossas casas ou na empresa.
FIQUE ALERTA
Antes de reutilizar uma embalagem com outros produtos, como água ou produtos de limpeza, verifique se não há riscos, pois há produtos que deixam resíduos e podem reagir com o novo conteúdo de forma indesejada. Lembre-se também de identificar com uma etiqueta o produto que será colocado na garrafa, cuidando para que ela permaneça longe do alcance de crianças e animais domésticos!
Figura 10 - Cuidado com o conteúdo Fonte: Dreamstime (2012)
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
� RESÍDUOS REATIVOS São aqueles instáveis ou capazes de gerar misturas perigosas quando em contato com água ou outra substância comum ao meio onde é empregado (por exemplo, os derivados de enxofre, que são combustíveis e contaminam o solo e a água).
5.4 DESCARTE CORRETO DOS RESÍDUOS DA ELETROELETRÔNICA Você que optou por trabalhar na área de eletroeletrônica precisa refletir um pouco sobre os impactos das atividades que desenvolverá nas empresas e conhecer as formas adequadas de descarte dos resíduos do trabalho que realiza. Lembre-se que, quando o descarte de resíduos é realizado de modo inadequado, mesmo que inconscientemente, a sua ação pode afetar o meio ambiente e contribuir para somar danos para a vida no planeta. Considera-se resíduo todo e qualquer material que sobra após uma ação ou um processo produtivo.
�� RESÍDUOS PATOGÊNICOS
Os resíduos são classificados pela NBR 10001 em duas formas.
São aqueles capazes de contaminar pessoas fazendo-as adoecer, como as agulhas e seringas utilizadas em hospitais e centros de saúde.
Segundo seu estado físico: a) resíduos sólidos (como componentes danificados); b) efluentes líquidos (como ácidos de baterias); c) emissões atmosféricas (gases e vapores). Segundo sua periculosidade: a) resíduos perigosos (como óleo e lâmpadas fluorescentes); b) não perigosos (como os restos de plástico, papel e metais); Os resíduos perigosos (classe I) são os inflamáveis, corrosivos, reativos9, tóxicos ou patogênicos10. Os resíduos não perigosos (classe II) se subdividem em inertes (classe II B) e não inertes (classe II A). Um exemplo de resíduo inerte é o entulho gerado nos processos de construção, reforma e demolição; outro exemplo é o alumínio. Eles somente ocupam espaço, não reagindo com o meio ambiente.
Figura 11 - Alumínio – resíduo inerte que gera renda Fonte: Dreamstime (2012)
5 MEIO AMBIENTE E A ÁREA DE ELETROELETRÔNICA
Os resíduos não inertes, apesar de classificados como não perigosos, podem reagir com o meio ambiente, tornando-se combustíveis, biodegradáveis ou solúveis em água. Por isso devemos tratá-los de forma especial, para não gerarem impactos ambientais, como a contaminação de fontes ou cursos de água ou a combustão no caso da ocorrência de um incêndio. Um exemplo de resíduo não inerte é o enxofre, que contribui para a ocorrência de chuva ácida e contamina cursos e fontes de água.
FIQUE ALERTA
É preciso que você, no desempenho de sua função, conheça e assuma as formas corretas de manuseio, separação ou segregação dos resíduos para evitar possíveis impactos ambientais.
CASOS E RELATOS
Parceria ecológica Uma renomada empresa do ramo de alumínio e uma entidade paulista que incentiva práticas ecológicas em centros urbanos criaram, em 2006, um projeto de coleta de óleo de cozinha, pilhas e baterias usadas para incentivar os funcionários e a comunidade do entorno a doarem esses resíduos. Essa ação visa a evitar o descarte em lugares que possam contaminar o meio ambiente. O óleo coletado é utilizado na produção de sabão, gerando renda para a comunidade. No período de 18 meses, até junho de 2008, a empresa destinou 783,19 litros de óleo, evitando a contaminação de quase 800 milhões de litros de água. A maioria das Unidades do SENAI – SP também têm projetos semelhantes, que incentivam os alunos a trazer o óleo comestível utilizado em suas residências para postos de coleta instalados nas escolas. O óleo coletado é enviado para instituições parceiras que tratam o resíduo e revertem a renda gerada em benefícios para a comunidade. Esses programas têm o objetivo de contribuir para o desenvolvimento sustentável e mobilizar a comunidade para a mudança de hábito, auxiliando na construção de uma sociedade mais participativa e disposta a contribuir para a conservação do meio ambiente.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO
VOCÊ SABIA?
Se descartarmos uma colher de sopa de óleo no esgoto, estaremos contaminando um volume de água equivalente a uma caixa de 1000 litros. Cuidado com o descarte de resíduos!
Veja no quadro a seguir os principais resíduos gerados pelos componentes e equipamentos na área da eletroeletrônica, seus usos e malefícios: Quadro 5 – Resíduos na área da eletroeletrônica
Resíduo
Usos
Malefícios
Chumbo
Soldagem de placas de circuitos impressos, vidro dos tubos de raios catódicos, solda e vidro das lâmpadas elétricas e fluorescentes.
Afeta o sistema nervoso central e periférico, endocrinológico e circulatório e provoca efeitos negativos nos rins.
Mercúrio
Termostatos, sensores, relês e interruptores, placas de circuitos impressos, equipamentos de medição e lâmpadas de descarga, equipamentos médicos, de transmissão de dados, telecomunicações e telefones celulares.
O mercúrio inorgânico causa malefícios à saúde. Quando disperso na água, é transformado em metil-mercúrio, que se acumula nos sedimentos depositados no fundo de rios, lagos e do mar. Esse subproduto é facilmente absorvido pelos organismos vivos, se propaga através da cadeia alimentar pelos peixes e provoca efeitos crônicos causando danos ao cérebro.
Cádmio
Placas de circuitos impressos e em componentes como resistências e chips SMD, semicondutores e detectores de infravermelhos. Como estabilizador no PVC e em tubos de raios catódicos mais antigos.
Os compostos de cádmio são classificados como tóxicos devido aos riscos de efeitos irreversíveis à saúde humana. O cádmio e seus compostos acumulam-se no corpo humano, especialmente nos rins, podendo vir a deteriorá-los com o tempo. É absorvido também por meio da respiração e ingerido nos alimentos. Em caso de exposição prolongada, o cloreto de cádmio pode causar câncer.
Retardadores de combustão
São regularmente incorporados aos produtos eletroeletrônicos, como forma de assegurar uma proteção contra o fogo. Estão presentes também nas placas de circuitos impressos, coberturas de plástico dos televisores e eletrodomésticos e nas capas de fios e cabos elétricos.
Quando da degradação e reciclagem dos plásticos e demais componentes dos equipamentos podem atingir a cadeia alimentar, se concentrando nos peixes, sendo a sua ingestão o principal meio de contaminação dos mamíferos e aves. São desreguladores endócrinos.
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Figura 12 - Placa de circuito impresso – fonte de contaminantes para o meio ambiente Fonte: SENAI-SP (2012)
Lembre-se sempre: os efeitos ambientais negativos gerados pelo chamado lixo eletrônico ocorrem quando da decomposição de todos esses resíduos em aterros públicos, onde são depositados junto com os resíduos urbanos. A reciclagem de resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos ou o seu depósito em aterros com capacidade de tratá-los de forma ambientalmente ambientalmente correta, minimizam os impactos ambientais.
VOCÊ SABIA?
FIQUE ALERTA
Óleos de todos os tipos (inclusive comestíveis), os componentes eletrônicos, as mídias de CD, DVD e Blu-Ray e as tintas e os vernizes utilizados nas placas de circuito impresso e transformadores são resíduos eletroeletrônicos que podem contaminar o meio ambiente.
O descarte de resíduos perigosos junto com o lixo comum pode provocar sérias consequências, tanto para o meio ambiente quanto para a empresa. Se você observar essa prática na empresa em que você trabalha, alerte os responsáveis e verifique junto ao órgão ambiental de sua cidade como proceder para que o descarte desses elementos seja feito da forma correta.
Como você pode perceber, o desafio ambiental é grande, pois envolve mudanças de mentalidade e de comportamentos profundamente profundamente enraizados em nossa cultura e, em alguns casos, envolvem até questões de ordem social e de saúde pública. Mas lembre-se: saber mais sobre essas questões possibilita que cada um de nós possa fazer a parte que nos cabe para vivermos em um mundo melhor e mais saudável, e contribuirmos para a sustentabilidade sustentabilidade do nosso planeta.
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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO TRAB ALHO
RECAPITULANDO
Neste capítulo, abordamos os principais conceitos ligados ao meio ambiente. Definimos aspectos e impactos ambientais e a importância da gestão ambiental na redução dos impactos causados pela organização. Refletimos sobre o uso consciente dos recursos naturais do planeta. Apresentamos os resíduos gerados pelas atividades desenvolvidas pelo técnico na área de eletroeletrônica e seus impactos. Reforçamos a importância desses temas na composição do seu perfil profissional e, especialmente, na sua formação como cidadão preocupado com as questões de degradação ambiental e suas consequências.
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Anotações:
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REFERÊNCIAS ABNT. NBR 10004 – Resíduos sólidos – Classificação . Rio de Janeiro, 2004. ______. NBR ISO 14001 – Sistemas de gestão ambiental – Requisitos com orientações para uso . Rio de Janeiro, 2004. ______. NBR ISO 9000:2005. Sistemas de gestão da qualidade – Fundamentos e vocabulário . Rio de Janeiro, 2005. ______. NBR ISO 9001:2008. Versão Corrigida 2009. Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos. Rio de janeiro, 2009. BRASIL. Constituição Federal . Disponível em: . Acesso em: maio 2012. ______. Decreto Lei 5.452/43. Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Rio de Janeiro, 1943. ______. Lei Federal no 8.213/91. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências . Brasília, 1991. ______. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade. Brasília, 2004. ______. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes . Brasília, 1999 ______. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 6 - Equipamento de Proteção Individual – EPI . Brasília, 2011. ______. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais . Brasília, 1994. CARPINETTI, Luiz Cesar Ribeiro. Gestão da qualidade . 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012. MANUAL de Procedimentos para os Serviços de Saúde – Série A. Normas e Manuais Técnicos. n. 114. Brasília/DF, 2001. REVISTA VEJA.COM. Disponível em: . Acesso em: maio 2012. VERGARA, Sylvia Constant (org.). Gestão da qualidade . São Paulo: FGV, 2011. (Coleção Gestão Empresarial). WETZEL, Robert G. Limnology. 2. ed. Philadelphia: Saunders College, 1983. 767p.
MINICURRÍCULO DO AUTOR Cleber de Paula é Engenheiro Eletricista e técnico em Eletrônica, especializado em educação para o ensino técnico. Atua desde 1997 como Técnico de Ensino no SENAI – SP ministrando aulas nos Cursos Técnicos de Eletrônica e Mecatrônica. É representante da Qualidade, responsável pela manutenção do Sistema de Gestão da Qualidade e auxiliar na implementação e manutenção do Sistema de Gestão Ambiental da Escola e Faculdade de Tecnologia SENAI Anchieta-SP. Desde 2003, atua nos processos de auditoria interna do SENAI – SP. Em 2011, concluiu o curso de Auditor Líder da norma ISO 9001:2008, pela Knower Consultoria em Gestão Empresarial. É também professor da Escola Superior de Engenharia e Gestão. Atualmente integra a equipe de desenvolvimento dos cursos do Programa Nacional de Oferta de Educação Profissional na modalidade a distância (PN-EAD SENAI), na área de Eletroeletrônica.
ÍNDICE B Bitola 20
C Chuvas ácidas 102 Combustíveis fósseis 102
E Efeito estufa 102 Ergonomia 80
H Hidratado 84
P Patrimônio 82 Pegadas ecológicas 98
R Rastreabilidade 28 Resíduos patogênicos 112 Resíduos reativos 112 Retrabalho 18
S Saúde psicofisiológica 80 significância dos impactos ambientais 98 Sistema de Gestão da Qualidade 24 Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) 98
T Tecnologias limpas 106
U Usinas eólicas 106
SENAI � DEPARTAMENTO NACIONAL UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISS IONAL E TECNOLÓGICA � UNIEP Rolando Vargas Vallejos
Gerente Executivo Felipe Esteves Morgado
Gerente Executivo Adjunto Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros
SENAI � DEPARTAMENTO REGIONAL DE SÃO PAULO Walter Vicioni Gonçalves
Diretor Regional Ricardo Figueiredo Terra
Diretor Técnico João Ricardo Santa Rosa
Gerente de Educação Airton Almeida de Moraes
Supervisão de Educação a Distância Cláudia Benages Alcântara Henrique Tavares de Oliveira Filho Márcia Sarraf Mercadante
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Cleber de Paula
Elaboração Henrique Tavares de Oliveira Filho
Revisão Técnica Sonia Maria Iazzeta
Design Educacional Alexandre Suga Benites Juliana Rumi Fujishima Fernando Andrade
Ilustrações Juliana Rumi Fujishima
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