UMA BUSCA INTERIOR em psicologia e religião JamesHillman
PAULUS
UMA BUSCA INTERIOR EM PSICOLOGIA E RELIGIÃO James Uillman
PAULUS
Dados Internacionais de Catalogagdo na Publicagao (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Hillman, James. H547b Uma busca interior em psicologia e religião /James Hiilman, [Traducao Araceli Martins El man; revisão Jose Joaquim Sobral], — São Paulo: Paulus, 1984. — (Amor e psique) Titulo original: Insearch — Psychology and Religion ISBN 85-349-1269-6 1. Aconselhamento 2. Corpo e alma 3. Orientacdo pastoral 4. Psicologia religiosa I. Titulo. CDD-200.19 128.2-158. -253.5 ín d ice s para c a ta lo g o siste m á tico : ,
1. Aconselhamento: Psicologia aplicada 158 • Aconselhamento: Teologia pastoral: Cristianismo 253.5 3. Alma e corpo 128.2 4. Corpo e alma 128.2 5. Psicologia aplicada 200.19 6. Religião: Psicologia 200.19
Colecao AMOR E PSIQUE coordenada por Dr. Leon Bonaventure, Pe. No Storniolo, Dra. Maria Elci Spaccaquerche
Titulo original Insearch
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Psychology and Religion
°James Hillman Traducao Araceli M artins Elman
Impressão e acabamento PAULUS
4a edição, 2004
©PAULUS —1985 Rua Francisco Cruz, 229 • 04117-091 São Paulo (Brasil) Fax (11 ) 5579-3627 • Tel. (11) 5084-3066 vww. paulus.com. br • editorial pauius.com. br ISBN 85-349-1269-6
INTRODUÇÃO A COLEÇÃO AMOR E PSIQUE
N a b u s c a de s u a a lm a e do sen tid o de s u a vida, o hom em descobriu novos cam in h o s que, o levam p a r a a s u a interioridade: o se u próprio espaço interior to m a -se u m lugar novo de experiência. Os viajantes d estes cam i n h o s nos revelam que som ente o am or é capaz de gerar a alm a, m a s tam b ém o am o r p recisa d a alm a. Assim, em lugar de b u s c a r cau sas, explicações psicopatológicas a s n o ssa s feridas e aos n o sso s sofrimentos, precisam os, em prim eiro lugar, a m a r a n o s s a alm a, a s s im com o ela é. D este m odo é q u e p o d erem o s reconhecer que e s ta s feri d a s e estes sofrim entos n a sceram de u m a falta de am or. Por o u tro lado, revelam -nos q u e a a lm a se o rien ta p a ra u m centro pessoal e transpessoal, p a ra a n o ssa unidade e p a ra a realização de n o ssa totalidade. Assim a n o ssa própria vida carrega em si u m sentido, o de restau rar a n o ssa u n id a d e prim eira. Finalm ente, não é o espiritual que aparece prim eiro, m a s o psíquico, e depois o espiritual. E a p a rtir do o lh ar do imo espiritual interior que a alm a to m a se u sentido, o q u e significa q ue a psicologia p o d e de novo e ste n d e r a m ão, p a ra a teologia. E s ta perspectiva psicológica nova é fruto do esforço p a ra libertar a alm a d a dom inação d a psicopatologia, do espírito an alítico e do psicologism o, p a r a q u e volte a si
m esm a, a s u a p ró p ria originalidade. E la n a sc e u de reflexões d u ran te a p rática psicoterápica, e e sta com eçando a ren o v ar o m odelo e a finalidade d a psicoterapia. E u m a nova visão do hom em n a s u a existência cotidiana, do seu tem po, e dentro de seu contexto cultural, abrindo dim ensões diferentes de n o ssa existência p a ra poderm os re e n c o n tra r a n o s s a alm a. E la p o d e rá alim e n ta r to d o s aq u eles q u e são sensíveis a n ecessid ad e de in serir m a is a lm a em to d a s a s atividades h u m an as. A finalidade d a p resen te coleção é p recisam ente re s titu ir a alm a a si m e sm a e "ver aparecer u m a geração de sacerd o tes cap a zes de e n te n d e r n o v am en te a linguagem d a alm a", com o C.G. J u n g o desejava.
Leon Bonaventure
Nota introdutória
São muitas as origens deste pequeno livro. Nos últimos anos, através de m eu trabalho analítico e de amigos entre ministros de varias denominações, estive cada vez mais em contato com problem as de religião e psicologia. O núcleo destes capítulos consiste de conferencias proferidas a convite de ministros que trabalham em aconselhamento psicológico e pastoral. Surgiram muitas questões devido ao debate a. polemica causados p o r H o n est to G o d 1 e as repercussões de sua nova moralidade e teologia no cam po psicológico. Igualmente devem ser consideradas as implicações de um a teologia, na verdade transform ada em teotanatologia ou- no estudo de um Deus "morto", desmitologizadora da religião, pois a psicologia analítica encaminha-se para um efeito exatamente contrario a tudo isso. Ela se orienta no sentido de "remitologizar" experiências que possam conter envolvimentos religiosos, como tentaremos demonstrar nas paginas seguintes. Idéias emocionais maiores, com o a idéia e a imagem de D eus, podem "morrer" na vida psíquica, mas não p o r m uito tem po. A energia que esta ligada a elas e a sentim entos mais com plexos não desaparece assim, simplesmente, p o r mais que o ser hum ano queira desvencilhar-se da noção grave e pesada de u m Deus ao escrever obituários teológicos. Para a psicologia o que im porta não saber se "Deus está m orto", mas sob que formas essa energia indestrutível esta reaparecendo agora na psique. Q ue poderia a psique nos dizer quanto aos rum o que a religião 1 J. A. T. R o binson , H o n e st to God, S.C .M .
estaria tom ando atualm ente? Sob que form as essa idéia em ocional m aior de D eus vira a renascer? N o que me concerne, entretanto, a preocupação cen tral foi m ostrar a percepção da experiência analítica em sua relevância dentro do aconselhamento. Este depende tanto da psicologia quanto da teologia do terapeuta. A analise pode oferecer sua contribuição a essa psicologia. Minha tentativa de colaboração pode escapar a linha costumeira de aconselhamento psicológico profissional, pois acabei p o r acreditar que o trabalho do pastor, ao invés de tentar atingir a sofisticação clinica, poderia agir de m odo mais amplo e profundo, atingindo mais pessoas, caso fosse desenvolvido dentro de sua própria tradição. Isso nos leva diretam ente ao problem a psicológico de nos religarmos a essa tradição. Em bora se trate de um problem a psicológico, ele é ao mesmo tempo, para cada um de nos e especialmente para o ministro, um problem a religioso capital: a busca- da alma e a capacidade de crer em sua realidade, o que signi fica encontrar um a relação viva com nossa realidade psico lógica individual. E onde entra a psicologia analítica com sua possível ajuda. O s conselheiros pastorais acabaram p o r sentir-se um tanto perdidos devido ao m odo com que se agarraram a psicologia. 0 term o "clínico" pode ter sido transform ado em qualquer coisa, m enos em palavra num inosa; guando u m ministro vai fazer um a visita, diz-se que ele foi atender u m "chamado"; os paroquianos agora são "pacientes", e a cura psicodinâmica tende a substituir o cuidado psicológico. Mas, m esm o assim, a necessidade profunda do indivíduo continua a mesma. E m b o ra a falta de saúde m ental seja m enor que a de orientação espiritual, ele acaba procurando no analista o que deveria estar recebendo do ministro, sendo agora tão grande a confusão, que esses dois orientadores parecem ter trocado suas funções entre si. 0 ministro deixou de assumir o m odelo de p asto r de almas p o r sentir-se com o u m am ador que "não tinha psicologia suficiente".
Entretanto ele tem a sua própria psique, de onde lhe vem a vocação e a compreensão dos outros. N ão seria o psicólogo am ador (definido, com muita propriedade, como aquele que cultiva a alma com amor) em certo sentido o verdadeiro especialista psicológico? Para ele; a psicopatologia clinica e os programas de pesquisa dizem muito m enos que sua busca interior individual. Pelo seu enfoque, este livro se dirige não apenas ao m inistro, já que a experiência viva da realidade psíquica apenas mais um a m aneira de conceber a alma, e a vida interior da psique não a assunto meramente profissional. 0 aconselhador ou orientador responsável p o r almas tem, por sua vocação pastoral, que enfrentar diariamente as provações próprias de sua atividade. Por isso, a discussão ao longo deste livro é endereçada especialmente a ele, em bora não lhe seja restrita, um a vez que a psicologia e a religião não interessam apenas a teólo gos ou psicólogos profissionais. A substituição gradual da "alma" pela "psique", veri ficada durante este século, e o consequente profissionalis m o no tratam ento dos seus problemas, começam a causar tanto dano quanto os da ignorância e moralismo com relação a psique no século passado. Se a psique não substitui a alma, o profissionalismo não substitui a vocação. Eis porque eu ficaria feliz se estas páginas ajudassem a nos livrarmos do profissionalismo em relação a alma, no sentido de devolvermos o seu cuidado ao orientador pastoral, ou a qualquer leitor que tenha abertura e que caminhe nas fronteiras da busca interior contemporânea. J. H. Setem bro de 1967.
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"0 coração de um sábio o inclina para a direita, mas o de um tolo o inclina para a esquerda". Eclesiastes 10,2 deixe-o tomar-se tolo, que ele poderá tomar-se sábio". Coríntios 3,18
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Encontros humanos e conexão interior Estar em um mundo humano é viver num mundo de seres humanos e, na verdade, o que nos ocupa mais a vida do que as pessoas? Desde o início emergirmos a consciência numa teia de conexões humanas a nos comprometer inces santemente. Isso não se da só porque o ser humano englo ba tam bém um animal social, mas porque sua natureza hum ana im plica uma vida de sentimentos e de encontros com os outros. O trabalho, a arte, a natureza e as idéias podem nos absorver por um m om ent0, mas logo estamos de volta, mergulhados na "vida real" — e vida real signi fica simplesmente o ser humano, nos mesmos e os demais. Nesses encontros conosco e com os outros, nos decepciona mos e somos decepcionados. Com o passar do tempo, a tragédia crescente do que acontece na vida significa em parte o que Deus, o destino e as circunstancias ocasionaram e, de form a m ais acentuada, o que ocorre no relacionam ento com outras pessoas. E onde nos sentimos responsáveis. Tudo seria diferente se tivéssem os entendido m elhor as coisas, se tivéssemos melhor consciência e conhecido psicologia mais a fundo. O analista e o orientador são cham ados a intervir quando os relacionamentos humanos se tornam destrutivos e insuportáveis. 0 nosso trabalho parece começar a partir das sombras que caem entre as pessoas. Somos tom ados como especialistas em problem as humanos. Entretanto, esses problemas não são uma coisa que as pessoas tem, mas que elas são. Em psicologia, o problema e o próprio indivíduo, assim como eu sou o meu próprio problema. Em nosso trabalho, o paciente é a doença, vendo-se, daí, que curar 11
não significa livrar-se dela, mas importar-se com a pessoa que esta a nossa frente. O trabalho psicológico começa com o encontro humano. Tudo o que sabemos ou lemos, nossos dons de inteligência e caráter, tudo o que adquirimos através de treino e experiência se encaminha para esse momento. Se o encontro fracassa, tudo desmorona, a começar pelas duas pessoas que estão sentadas conversando tentando encontrar alguma coisa. Se este é o começo de todo o nosso trabalho, vamos então iniciar pela tentativa de lançar alguma luz sobre as áreas de escuridão que sempre existiram no confronto entre duas pessoas e, especialmente, sobre as sombras que impedem o aconselhamento. Comunicação, diálogo e relações, interpessoais são termos da moda. Já existe teoria demais; a proliferação acadêmica e as tabulações de estatísticas são males da atualidade. Ao invés de caminhar por aí a esmo, melhor é discutirmos as sombras do aconselhamento que surgem no encontro real. Essas sombras tem muito mais a ver com o interior de cada um do, que propriamente com, o relacionamento entre duas pessoas. Consequentemente se quisermos, alguma melhora em, nosso trabalho, seremos forcados a olhar para dentro de nos mesmos. A psicologia não pode evitar o fato de iniciar-se a partir do interior do psicólogo. Os analistas, orientadores a assistentes sociais são eliminadores de encrencas e solucionadores de problemas Estamos procurando problema mesmo antes de a pessoa sentar-se na cadeira vazia a nossa frente. O que houve? O que aconteceu de errado? ... O encontro começa não apenas com as projeções da pessoa que vem em busca de ajuda, mas também com as intenções treinadas e organizadas do "ajudador" profissional. Diríamos que, na contratransferência já se encontra ativada antes mesmo da transferência chegar a iniciar-se. Minhas expectativas estão ao m eu lado enquanto espero alguém b a te r à po rta. 12
De fato, a contratransferência é um dado inicial, visto que uma vocação inconsciente leva-me a fazer esse trabalho. Posso carregar, para o trabalho a necessidade de redim ir a criança ferida, e de tal form a que toda pessoa que vier procurar-me em busca de ajuda será minha própria infância machucada, a necessitar que seus ferimentos sejam cuidados por, uma atenção paternal carinhosa. Ou pode se dar exatamente o contrário, posso ser, o filho maravilhoso que tira o pai ou a mãe dos caminhos confusos de suas florestas noturnas; trazendo-lhes, luz e renovação. O mesmo arquétipo pai-filho também nos afeta, por exemplo, na vontade de corrigir, ou mesmo de punir os pais, estendendo-se isso a toda uma geração mais velha, bem como seus ideais e valores. Minhas necessidades nunca se ausentam. Eu não poderia exercer esse, trabalho se não precisasse fazê-lo. Minhas necessidades não são só minhas; em nível mais profundo, elas pertencem , refletem e falam de uma situação que também, corresponde a necessidade do outro. Assim como quem me procura vem em busca de ajuda, eu preciso dele para expressar m inha capacidade de ajudar. Aquele que auxilia e o que necessita o assistente social e o carente, o perdido e o resgatado caminham sempre juntos. Entretanto fomos educados para negar as nossas neces sidades. O ser humano ideal do protestantismo do Ocidente demonstra a "força" de seu ego pela independência. Necessitar significa ser dependente e fraco, implica submissão outrem. No último capítulo discutiremos a respeito das consequências que essa atitude pode causar ao lado mais frágil e m ais fem inino personalidade. Entrementes, devemos notar que necessidade e Vocação diferem muito pouco entre si. O chamado ou vocação tende muito mais a ser experimentado como coisa vinda de fora da personalidade, enquanto as necessidades são mais encaradas como coisas minhas e vindas de dentro. Seria muito perigoso negar a existência de uma vocação, pois isto equivaleria negação da essência 13
de uma pessoa que, na verdade, é transpessoal. Mas não seria igualmente perigoso negar uma necessidade? Ela não é somente uma coisa pessoal. H á um nível no qual ela é objetiva: assim, por exemplo, o desejo que tenho de estar com você não é apenas meu desejo pessoal, mas uma exigência objetiva do relacionamento que mantemos uma voz que pede que esse vínculo continue vivo. A necessidade nos faz humanos; se não precisássemos uns dos outros, se não pudéssemos preencher e satisfazer nossas carências, não haveria sociedade humana. Embora eu não consiga responder aos meus próprios desejos, sou capaz de responder aos seus. Embora eu não consiga me compreender, posso auxiliá-lo a compreender-se, e, você pode fazer o mesmo comigo. Essa reciprocidade toma possível usufruir e doar-se mutuamente no amor. A necessidade não é prejudicial em si mesma. Mas, quando não é reconhecida ela se junta as sombras do aconselhamento e trabalha traiçoeiramente sob a forma de exigências. Um terapeuta pode ter necessidade de instruir; ensinar e educar, pois isso preenche uma dimensão que lhe é essencial e que transforma sua vocação específica em ação. Mesmo assim ele não pode exigir que cada pessoa, a cada encontro, o procure apenas em busca de orientação. Essa necessidade deverá encontrar outro preenchimento, caso contrário tomar-se-á uma exigência inconsciente a recair sobre quem vier procurá-lo. Se eu admitir que preciso trabalhar em linha analítica, então exigirei menos daqueles que eu estiver atendendo. Pelo fato de nossas necessidades não admitidas levantarem-se sob a forma de exigências, o reconhecimento objetivo desse dada como algo inerente a nossa hum anidade condição de criatura ajudará a impedir que elas degenerem em necessidades prementes de realização no mundo objetivo. Exigências pedem satisfação, necessidades precisam apenas de expressão. Além dessa atração por problemas, um outro apelo, para o nosso trabalho é o desejo de intimidade. Nem todo mundo 1415
tem predileção por conversas de cunho íntimo e revelador. Caso eu não perceba esse desejo de intimidade e não o considere dentro de outros contextos de m inha vida, ele poderá transform ar-se numa exigência em relação as outras pessoas, atingindo talvez inclusive a mim mesmo, tornandome ultra-revelador e extremamente pessoal, e a hora terapêutica acabaria, assim, transformada em confissão mutua. As imagens dominantes da cultura em que vivemos poderá influenciar-nos o trabalho e, assim, todo aquele que ensina ou cura, pertencendo ou não a igreja, sendo ou não cristão, poderá identificar-se com aspectos da imagem arquetípica de Cristo. Essa identificação transparece, por exemplo, em quem prefere trabalhar com os marginais e delinquentes mais difíceis das favelas; os leprosos oprimidos de nossa sociedade. Mas também se revela naqueles que tem uma missão, os que se optem ao materialismo e a tudo o que corrompe, os antifariseus, os reformadores, os que sofrem e se dedicam, os mártires traídos e os que pregam o amor. Ou seja, em quase todos os que em nosso, trabalho se identificam com o espírito de juventude do Cristo, pois sua imagem proporciona o exemplo perfeito do homem jovem e de essência divina. Mas o meu trabalho também pode ser afetado por outros aspectos e imagens da psique. Como a necessidade de fama e poder que me levam a atender apenas as pessoas importantes da comunidade, fazendo com que eu que me transforme no que antigamente se denominava "doutor de alta sociedade"; ou ainda a vocação para a atividade científica, que me deixa fascinado pelo caso, pelos sonhos e sintomas, levando-m e a esquecer a pessoa que os revela. Num encontro terapêutico o outro poderá servir a qualquer uma dessas necessidades. E por isso que a sua terapia começa com a minha, com o despertar da minha consciência, para as varias imagens arquetípicas que me rondam e tentam encaixar o outro num papel qual ele
talvez não esteja destinado.’,Pois, se .eu for o pai, ele tem de ser meu filho; se eu tiver de curar, ele tera de estar doer. de; e, se por acaso, eu for um iluminado, se) poderei, entencb-lOamoa^cwpatedo perdido na escuridão. Estas imagens fazem cenário, constituind0 o pano de fundo onde o outro entra em cena, como_ num tea tro. Evidentemente não se trata de uma situagdo clara e aberta, e nem p o d s ser aberta no sentido de vazio e ausência de innuendos arquetas. M eus desejos e estilo de trabalho não podem ser purificados através de uma pseudo-abertura e do não envolvimento pessoal. Quanto menos eu ,for cons desS a g necessidades.p esso ais e . d e
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fo rg a s q ug
atuam em mim, (tank) mais os ,arquétipos aparecerao sob forma direta e impessoal. E entao, repentinamente, o conselhamento m ergulha em profundidades Sub"humanas, e necessidades desumanas comegardo a surgit .de ambas as partes. Ninguém po'de controlar a psi que e manter tudo isso fora de agao, mas o que se. pode 6 conhecer .um pouco melhor esses elementos mantendoos do lado humano ao admitirmos desde o infcio as necessidades de nossa equagao pessoal. Isto as vezes pode significar que n o s s a , .. admitir tais no do relacionamento. fatos a outra pessoa, ajudarido assim a manter,o lado h r das que emerge do fundo do cenário do incons ciente, certas innuendos também proven] diretamente por meio da consciencia e que .queremos fazer deste encontro alguma coisa eficaz. Nossa intengao 6 fazer o outro se abrir. Queremos dar-lhe alguma boisa. Entretanto querer, fazer, conseguir, tentar e dar sac) elementos,forgosamente ativos. 0 consciente, como coisa centrada rio ego, e co m o instru, men to da vontade, 6 uma for extremamente.ativa..E próprio da consciência do ego querer estender todos cis s o u s domfnios E sua intengdo subjUgar todo f la n livre da libi, do que não esteja submetido as s u s s regras .de raciocfio. D e a essa ex p ansividade e fo e de dom inar o irracio 16
ou um rei. 0 próprio ato da consciênciaa 6, como dizem os fenomenologistas, um ato intentional. Estamos sempre orga nizando o terreno a nossa frente, dando-lhe estrutura e significado. NOs sempre pretendemos alguma coisa. Mesmo com a mais nobre das intengoes, queremos é chegar a algum ponto, não perder a hora terapeutica e nem desperdigar o dia. Ha um objetivo a atingir: o aperfeigoamento, a clari-. dade, a satide ou Deus, não importando como isso venha acontecer. Entretanto, paradoxalmente, esse empenho em conseguir é exatamente o primeiro bloqueio a realizagao de nossas intengoes. Simultaneamente tentamos e impedimos o desenvolvimento. A parabola do arqueiro Zen diz o seguin te: quanto mais to esforgas por atingir o alvo, m ais fora dele to atiras. E como se o primeiro passo para o encontro tivesse de ser a obliteragao da consciênciaa do meu ego, como um eclipse do sol, mesmo, sendo esse sol a razao de me terem procurado. Como solugao, a arte de ouvir mantem a intencionali dade da consciênciaa, mesmo adiantando-se ao seu ímpeto ativo. Talvez essa arte tenha entrado em declinio ju n ta mente com a arte da conversagao. E provável que conversar, enquanto arte, dependa inicialmente de ouvir. Como e o que ouvir? Quando não se deve ouvir? Ouvir a si próprio en quanto se ouve o outro. Escutar sem ouvir, Falar apenas quando o outro estiver ouvindo. Ouvir talvez não seja um, problema tao 'grande para ministros e teologos, ja que esta* a uma atitude própria da meditagao e ,da oragao. A prece ja foi descrita como um silencio ativo,, onde, se ouve de maneira penetrante uma voz ainda fragil, como sea oragao não estivesse pedindo e avangando para Deus, mas sim propiciando,uma fusão tao grande que Ele caminhasse através de mim. Muito antes de existir a psicologia ou o aconselhamento como atualmente, muito antes de termos sido instrufdos a "ouvir com um terceiro ouvido" ja existia o ouvir contem plativo, uma percepgao passiva daquilo que esta a nossa
nal, ele tem sido configurado como um lea°, como o sol
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frente. 0 cientista natural ou o pintor devotani-se ao objeto que veem. Eles se dao ao objeto, inCorpOranda-o. Ele ouve perdendo sua subjetividade intensa no objeto, tornando-se um objeto entre 'varios, sem a intencao volitiva do ego a registrar objetivamente o que se passa. Para sentir a natu reza da audicao, é preciso estabeleCer a difererica entre ego e consciênciaa. Enquanto existir essa identificacao entre os dois, enquarito toda a luz da psique estiver assim conden sada e dirigida, ela 'sera experimentada por qualquer Tessoa sobre a qUal venha incidir como uma fOrca ativa 'tal vez ate agressiva. E entao o outro acendera- a sua própria luz, e as duas luzes se enfrentarao numa ofuscacao de brilho e poder. Este tipo de encontro a bastante freqüente. Mas a possível separar o ego da consciênciaa, da mesina forma que os olhoS e as maos são orgaos que diferem do ouvido, preenchendo cada um o seu papel darido sua colaboração especifica a consciênciaa. 8 possível desenvolver uma consciênciaa reCeptiva através do ouvido, assim 'como uma consciênciaa ativa pode se desenvolver pOr meio 'das maos. 0 ouvido riao 1 pode it a lugar nenhum, não pode fazer nada, tiem-magoar ininguem. Recebemos o outro como se fosse musica; ouvindo o ritmo e a cadencia de sua hist& ria, suas repetições tematicas e desarmonias.'Nessi atitude nos transformambs em mitologos da psique, ou seja, em estudiosos das narrativas da alma, pois mitologia, original mente, significa "narraOo de historias". Se 'a alma é uma corda que vibra, somente o ouvido pódera revela-lo. 0 o f vil. do é a parte feminina da cabeca. 8 a consciênciaa oferecendo a maxima atencao com o minim° de intencao. ReCebe mos o outro através do ouvido, através de nossa parte feminina, concebendo e gestando uma solucao nova para o seu problema somente depois de termos sido totalmente- gene= trados por ele e sentido 6 seu impaCto, deixatido-o 'definir-se em silencio. Este ouvir que perm ite ao outro revelar-se sua -na_ neira, este deixar, ao invés de tentar, também podera levar 18
ao que em analise junguiana denomina-se infeccao psíquica. 8 um dos riscos do encontro. Onde houver ligacao real e as portas estiverem abertas, duas psiques estarao fluindo juntas. Poder-se-a falar num "encontro de , almas", p nessa hora que, confundindo o outro comigo, eu perderei o sentido de quem é quem, do que e dele e do que a meu. E tudo pode, entao, te rm in a r num a "folie a deux": um a boa razao para nos apegarmos ao ego; sua' intencionalidade’dirigida é a primeira defesa contra' essa infeccao, pois o ego' nos mantem independentemente intactos, incontaminados e de lentes limpas. Porem, apesar de todo o seu valor como protecao, o ego não é um> terapeuta. A cura,vem- exatamente de nosso lado desarmado, la onde somos bobos e vulneráveis. Isto e expresso pela idéia, de alguem que esti ferido e con-segue curar através de1 seus pp:Trios ferimentos, necessidades ou vocacaa. 'A ferida é um rombo no muro, uma abertura por onde 'podemos nos infeccionar e também afetar as outras pessoas. As flechas do amor, enquanto ferem, conseguem curar e transformar-se em apelos. A compaixao não vem do ego.’ Entretanto, se as feridas abertas não forem diariamente cuidadas, «poderão receber infeccoes alheias, vindo assim a contaminar toda, uma personalidade. Se eu quiser ser (Ail a mais «alguem, precisarei sempre prestar atencao aos meus sofrimentos e necessidades. Dentre os. obstáculos que surgem no desenrolar de qualquer terapia ou encontro, a cutiosidade merece *uma atencao especial. Não me ref iro a curiosidade marbida ou pervertida da 'qua! todos nos temos um pouco, essa parte do lado sombrio ou do pecado original, sem o que nossa existência -não series imaginavel. Curiosidade .não é apenas "scoptofilia" (ou "vóSieurismo"’- sublimados, a lubricidade de viver vicariamente a sujeira ou as sensações dos outros. Qualquer pessoa comprometida em Um trabalho que envolva intim idade_tera que chegar a termos com esse lado de sua própria pessoa. De fato*, a curiosidade pode ser meramente o faro para, m exericos.-e escandalos que se explica
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por uma vida mal vivida, ou, vivida,,através das experiências d o s o u t r o s . Mas essa curiosidade .também _podera ser uma falha mais profunda. Para S. Bernardo de Clairvaux, que descreve a disciplina ,do autoconhecimento em. Nosce to Ipsum, conhece a ti mesmo, o primeiro passo .na direcao_ errada não é o orgulho, nem a_preguiga,' nem a ,luxiiria, mas sim a curiositas. São Bernardo,fala da destrutibilidade principal mente em relação ao individuo.que a curioso, do, prejuizo que sua mente pode qausar a paz e a luz do espirito. 0 ego; com o seu brilho ,característico, .tenta ,fisgar qausas ,nos recessos ocultos da personalidade, busca lembrangas deta lhadas da infancia e promove sessões, suaves .e silenciosas de introspecgao. Temos c,uriosidade de saber,como,somos,e como chegamos ao, nosso, estado atual, _,embora a ,atitude religiosa devesse reconhecer desde..o.inicio que_somos cria turas de Deus _ea que somos assim muito_ mais „devido a sua vontade operando„em nossa.alma do .que devido .a. acidentes de educagao ou a qualquer outra circunstancia. Interpreta da em termos de psicologia profunda, a precaugao de São Bernardo significaria permitit,ao inconsciente seguir o seu próprio caminho em um tempo ,que the 6, adequado, «sem tentar montar através da curiosidade a.histOria ,de um.,caso que venha a responder a um "porque" inicialmente,coloca7 do. A minha'curiosidade também, atica a ,da pessoa sentada A minha frente. A. pessoa comega a ver-se Oomo um.objeto, a julg ar-se boa ou d e sc O b rirc u lp a s e acusacoes para essas culpas, a desenvolver mais ego..e superego, as. custas de uma simples percepgao que comega a. despertar,.a consider rar-se um simples caso com rOtulo extraido_ de. um livro .e a imaginar-se muito mais como um. problema do que.a’sentir-se como um espirito. No trabalho pratico, a curiosidade, manifesta-se atrayes de perguntas. "Os seus outros pacientes_ também tem sonhos como este?" Ou entao, o. cliente comega a, ler Klein; Homey ou Fromm, para descobrir 'como ."outras escolas;
tratariam o mesmo problema.
comurri encarar-se isso
como "intelectualizagao", mas na verdade, o que existe ai e bem mais um problema de sentimento. A curiosidade nasce de sentim entos de duvida e de incerteza. Q uando não existe confianga em si m esm o; preciso encontrar nos outros a confirmagao das suas' expero orientador por.meio de comparagOes continuas, por tentativas de sair da’situagao e julga-la, e de decidir sobre ela através de um ponto de vis ta su p o b je tiv o . E s te p o n to de v i s t a o b je tiv o é lugar no top de uma colina, onde a gente se c o m o u m nessa sentir fora do æcaerixts fed q, ot mercracfe d ra i smiMrtrBcnrtlK) M a s a o b j e t i v i d a d e q e a mesma que teremos ao qontem plar um objeto a partir de alturas im ensas.
A curiosidade'não so persegue e captura, como tarnbem morde e seiura como um buldogue. Quando certos segredos afloram e são confessados, não é niais necessário relembra-los a toda 'hora,.'erigindo-os em pedras angulares de uma psicopatologia. A f inalidade da confissão é pu rif car. A agua que lavou deve it embora, :carregada pelo rio para um mar bem distante. 0 inconsciente tem o, dando a dom de a b s o rv e r os n o sso s p e c a d o si E le d e ix a d e sc a n sa r sensagao do perdão concedido a si'inesmo. ’Mas a curiosi dade quer saber o clue Os pecados restao fazendo-agora: sera que eles se foram, realmente? Não.teria sobrado ainda algu m a c o is irih a ? A ssim , e la n u in ,c o m p le x o m u rch a r. Ao roves disso, tenta alimenta-lo, trazendo-lhe novas possi bilidades atimentando4he A 'culpa. N a d a consegue desvir tuar mais um encontro do que pessoa, presa pela necessiL dade escrupulosa e premente, de Confessar, acabar caindo nas maos-ae um orientador ae curiosidade írisacifiver, mese mo que essa, Caracteristiea 'esteja M ascarada pela ilus para ao d
estar fazendo.descoberías terapeuticas que contribuem o seu desenvolvimento. Curiosidade 6 introvercosãornni^ÇStiVa i n t r o s p e c g a O e s t r e i t a e i r i c a p a z de c o n t e m p l a r 21 20
e flexibilidade. E por isso que.A Nuvenz do Desconhecimxú)d3&oàs&
áimikjÇVccÇhAdI íi^ir/i7/f^(r)locaaaiicEjdadciX)\as na
, o tendo nada a v er com a vida de contemplagao. Também Fenelon : (1651-1715), grand orientador espiritual, declara,, em sua, Cartas Espirituais, que a curiosidade ,.e atividade excesSiva.,«Nesse trabalho ele descreve como se, da a conversa no encontro entre dual pes soas. 0 que ele acha, em resumo, é que «devemos procurar alguem para converser de vez em quando (um confessor, orientador ou analista); e ele diz: "Não, é necessário que essa pessoa ja o tenha encontrado, ou tenha melhor coin que tamento que o seu.lBasta que, converse c o m muita simplicidade, com pessoas livres _de «qualquer intelectualizagao aiainosdadc"(( aias .156). Essapessoa,ooiiaiaiy,^iitb,feidcri,/i39, pscisa ter um oomportamento ,partioularmente impecável, nem ser o mamodelo de boa moral. Deve, isto sim, ter aquie t a d o s ua m o u e c u r i o s a e inquisidora. Na analise, as formal modemas de curiosidade apare cem muito hem, especialmente quando se,da.grande importancia a psicodinâmica. Analises desse tipo, quer tratem do inicio da infancia* ou de relagoes de transferencia, aca bam efetuando-se por meio de pressão ou de interrogatOrio, como se a tinica maneira de penetrar na.profundidade da alma fosse através da_curiosidade. Al encontramos um rosa; rio infindayel de associagoes e descobertas de mecanismos e diagnosticos que levam o leigo a em re a linguagem cif, nica como se fosse u m passatempo popular-(como os. epite/av "neurotic0 ", 5'paranoico" ,e "maniac0 ", que .vivem na boca de todo o mundo). Quem.conseguira, compreender real, mente uma outra pessoa ? ,Quem-pode, definir a, si mesmo? Quem pode acrescentar um covado a sua própria estatura recorrendo a introspecgoes intranquilizadoras? Apenas Deus pode nos conhecer, mas esseconhecimento certamente nab e o resultado de Ele tentar nos decifrar corrio se fossemos 22 uma charada. Essa idéia de que co/etando. assiduamente os
detalhes de um caso poderemos juntar as peps e montar o mistério de uma pessoa é especialmente enganadora. Os por menores dos acidentes de uma vida, a não ser que sejam representativamente simbOlicos, nunca sera° essenciais para a alma. Eles constituem apenas a sua confusão, coletiva e t r i v i a l i d a d e não a sua e s s e n c i a i n d i vi dua l . Quem procura o aconselhamento, o faz para livrar-se da opressão de incidentes, para encontrar o que é verdadeiro, desvencilhando-se de banalidades que ele próprio reconhece como tais, mas das quais não consegue libertar-se por estar obses sivamente preso numa armadilha interior. ,A proposta, neste caso, é saltar qualitadvamente, para dentro do desconhecido, ao invés de ficar desenterrando maise:mais minúcias por meio de indagagoes e recolltendo pedagos com a justificadva de estar, assim, estabelecendo uma configuragao de vida. Quanto tempo os velhos dedicam as suas reffexoes e)embrangas, dai resultan,do pouca ,(as yezes nenhuma) confi guragao ao fim de suas longas vidas! Quanto melhor e mais demoradamente, se conhece uma. Pessoa, como em uma andlise profunda que se estende ao longo dos anos„tanto maior é a dificuldade de ,afirmar, com certeza, qual a raiz de seu problema, ja que a verdadeira raiz é sempre a próprid p es soa, e a pessoa não e nem uma doenga nem um problema, mas sim um mistério fundamentalmente insolOvel. Na psicologia .atual, a curiosidade também se mostra nos testes, psicológicos. Agora existem milhares de testes padronizados e reproduzidos em serie, havendo profissio: nais que ganham a. vida aplicando-os. Para eles, a curiosl dade tornou-se uma técnica refinada, e uma boa fonte de renda. A aplicagao de testes 6, um trabalho profissional; ha doutores formados em curiosidade. Os testes tentam tratar a psique ou a alm a como um quebra-cabegas, que pode ser resolvido, separado, ajuntado, tabulado, rotulado e conhecidO. Os testes nos tomam curiosos quanto as nossas tendencias e tragos. Alem Ole nos tomar competitivos, des viam-nos para fora de nos mesmos, cindindo-nos em obser-
vador e objeto. Uma pergunta pede resposta, um sujeito pede um objeto. A curiosidade não une. Ela levanta dtividas e corrOi a nossa autoconfianca e fe. Quando estou sendo testado por algueni, a mesa, as perguntas e- o blocci*de pa pel constituem uma barreira entre nos. Não ha conexão e n c o n t r o . • „ n e m Os efeitos do teste psicológico nem sempre deixam de afetar a orientacao pastoral, pois quando o m inistro se ampara nesse tipO de psicologia' ao entrevistar uma pessoa, quando pede dados de trabalho,— escola ou vida' sexual, quando tenta enquadrar restiltados em tabelas ou fazer escalas de pontos- para medir progressos, o seu parco co nhecimento psicológico transforma-se numa arma perigosa: O teste p'sicologico e a analise psicodinâm ica são, atualmente, apenas duas entre as varias'maneiras do' nosso trabalho se ver afetado pela 'curiosidade. Aqui esta mais uma delas: a - analise behaviorista ou microanalise da' comunicacao.Esse método grava, ate- mesmo filma ou ve airayes de espelhos falsos, o encontro entre duas pessoas, - com a finalidade de analisar e descobrir o que-se passa e o que vai mal. Todo gesto, postur'a, patisa, inflexão ou interrupção é estudado porque encerra pistas e tracos reveladores Dessa maneira, uma grande parte do inconsciente podera aflorar. Se alguem me observa tentando Jocalizar minhas fraquezas e ouvir mais o meu jeito de falar do que o que eu tenho a dizer, podera descobrir evidencias'de hábitos para mim ainda inconscientes, bem como mostrar o modo peld qual expresso minha ansiedade e comunico insegurança as outras pessoas. Talvez não conhecamos nossa tendencia de apertar o polegar dentro da-mao fechada, de franzir a testa com preocupagao, ou de sentar afundados na poltrona -em t o t a l desinteresse. _ , 2 Todos os métodos atuais N4sando conhecer as pessoas; e que empregam a curiosidade através- de analises psicodi= namicas e testes projetivos, tem sido empurrados como acessari° de trabalho aos que lidam com problemas humanosi
porem, sera que o conhecimento obtido as custas de dividir-se aindamais observado e obscuidarervador ou, dnadi umdoar o aindisua video interiormente, ajudaria a c alma? Que extensão desse conhecimento poderia ser cons cientizada e integrada pela personalidade que esta se desen volvendo, e cujo sofrimento fat parte do processo? Pode r í a mo s nos p e r g u n t a r p o r m é t o d o s a p a r e c e r a m , e se eles não seriam bem mais ulna substituição para -a ligacao humana im ediata e vulnerável, como se- tivessemos resos ficado tao isolados e p as armadilhas de nosso eg.o, que . j . i • . íonagem- tivesse de serinventatoda uma tecnologia de esp ° da para a comunicacao entre os ,seg re dos de n08so si s castelose interiores. A cidade e a nacao dividida contra m esm a um simbolo de nossos dias,- e quando .na6 ha conexão humana entre o leste e o oeste, entre o norte e sul separados por muros, entao podem proliferar os sistemas de curiosidade dos espiões. As palavras passam a ser "Veja o que esta fazendo", "Cuidado, agora", ao invés de. "Escute tran qüilamente" Todo metodo curiosidade mental bloqausar ueia o alarmes encon tro de d u a s m e n t e s : E l e s a p e n a s , c o n s e g u e m c que enrijecem ainda mais as defesas, quando o desejado seria eliminar barreiras. Impedem-se a espontaneidade e as historian contadis' liVremente que permitiriam ao paciente falar sem preocuPagoes. QUalquer historia pessoal é sempre a mesma came-de-vaca, pois o pacienie fica guardando as emocoes,.com medo de se, entregar., Em outras palavras, o principal impedimento de conhecer o oUtro a exatamente o desejo de conhece-lo. E 6 nesse ponto que minhas necessidades' vem em meu auxin°. Se a necessidade de ser analista ou brientador encontra-se ge nuinamente enraizada em meu ser como uma vocação ou 25
chamado para ser o que sou, constituindo parte da realizacao' >da minha -própria personalidade, pos'so expressar essa necessidade de completar-me sem exercer pressOes sobre o
domínio do outro, mesmo que essa pressão seja profissional. Minhas perguntas não sera° causadas pela curiosidade, e 0 meu conhecimento também não sera o resultado de uma observagao fria. Ao contrario, eles sera° parte de. minha interrogagao sobre a natureza humana, na quay estou inclufdo. Perguntas desse tipo não tem respostas, mas evocam cor respondência.. E essa correspondencia d um movimento es pontâneo partindo dos dois em diregao a essencia doassunto a que se langam. A curiosidade por.fatos e detalhes desaparece face â contemplagao aberta das coisas exatamente como elas se apresentam. Deixando de lado as técnicas de interrogatario, livramos o interlocutor de ser identificado com suas respostas, de ser aprisionado a historie de seu caso ou de sentir-se culpado pelo que disse. A entrevista, redimida_ do seu aspecto inquisitorial, transform a-se em encontro.' Prudens quaestio dimidattn scientiae: a pergunta caute losa ja e metade do conhecimento. A pergunta imprudente que nasce da curiosidade não infringe somente aquilo que é Intimo, o mundo e o valor interior de uma pessoa. Ela também cava uma vala de distanciamento. Todos os animais tem um senso inato de distancia. Quando Os passarinhos pousam nos fios de eletricidade, ou as gaivotas no 'alambrado do cais, semprefíOam a uma era distancia uns dos outros. Quando" um gato errante rateja sobre o muro; enquanto eu passo 'na calgada, ele para e fica observandO ate eu atingir um determinado nab set ponto que exatamen te onde fica, e, entao, 'sai em disparada: Os animais de circo, em seu treinamento, sacs condicionadOs gaga a' distancia psíquica. Osleeies soltos na arena, uma* um, sentam-se em seus lugares, não proximos demais. Se 0 domador se aproxima com o chicote ou a cadeira (que são extensões de seu corpo), ele desencadeia a reagao de ataque: ou fuga no animal. Este devera sair do lugar, atacar com a pata ou rugir. A diminuigao gradativa da distancia natural eviden cia que a fera esta sendo domada Ela demonstra confianga ao perm itir que o domador, ou mesmo outro animal, 26
venga a sua "distancia critica", deixando-o aproximar-se cada vez mais sem a reacao instintiva de ataque ou fuga. Esses mesmos padrões animais se revelam no encontro entre as pessoas. Com o decorrer da civilizagao, aprendemos a distinguir a distancia fisica da distancia psíquica. Pode mos ficar em um elevador lotado ou. ser examinados quica nus por um m edico sem sentirm os que nossa dista ncia psi esta sendo invadida. Temos defesas dispOniveis, para nos proteger. Mas ainda existem profundas reagoes de distan cia natural que afetam o relacionam ento no encontro de duas pessoas. Problemas de distanciamento e de aproximacao aparecem a cada sessão. Algumas pessoas, que muitos denominariam de histéricas, aparecem aproximar-se demais em tempo excessivamente curto. Outras, com características ditas esquizoides, parecem estar longe, mesmo ao descreve rem seus próprios sentimentos. Quando alguem penetra muito rapidamente com a ajuda de testes, entrevistas ou solicitacao de confissoes, a distancia natural podera ser facilmente fraturada, liberando a reagao de ataque ou fuga. Depois da primeira entrevista, a . pessoa não aParece mais. Incapaz de lutar com voce,, ela acaba fugindo. Cada um-de .nos tem o seu proyrio espago. E, eviden temente, não se pode esperar a exposigao de ,um problema basic° ate se criar um espaco adecjuado Problemas desse tipo constituent sempre uma confusão, dolorosa. Eles pare cem preencher a totalidade da vida; tem um peso enorme, arrastando ramificagOes e* dependencias em seu desenvolvi mento. Não tem comego, nem fim, sendo impossível tratalos a não ser que se- lhes conceda u gjande espago psicologic°. Esse tipo . de problema rnantem-se guardado dentro de um espago peculiar, caracterizado por tensão atmosféri ca, &limo depressive .ou nervoso, por amargura ou insatisfagao., Ninguém pode assumir um problem a basic° sem entrar e, viver dentro da atmosfera que o circunda. Se alguem consegue, se* distanciar de seus problemas e o demonstra ao descreve-ios claramente, empregando cate27
gorias de diagnostic0 'ao relatar livremente ' experiências traumaticas, é regra 'infalivel que a parte esSentia4" eXatamente a chave da questaó,- fbi -omitida: Levando-se eni conta que, em psicologia, problenias. não são coisas soas tem, m as 'alga 'que elas são, n ã o ^ g cyapescom alguem durante • semanas, . as • vezes ate tra r , . . durante um ano, .sem conseguirm os nos aptaximat do que seria real terapia. ,, , , . , , mente o problema e a verdadeira razdaCia pessoa buscar a P Quando os grandes felinoi do- Cii°6 entrarri na jaula, eles seguem uns aos outros' de aCordo com seritinientos de simpatia ou antipatia. A lg u n s ledes não ficam""-perta 'de certos companheiros, alguns ficam prOximos, mas brigarri; outros identifieam-se com o mais forte; au en ao s acompa nham o treinador. A importancia desse'fato e'evidente 'den= tro de um grupb..O domadOr serriPie octipa a jaula em pri= meiro lugar; trata-Se de seu eSPago; e a. lab sabeclisso:pa mesma forMa, o orientador ou b analista ja se' encohtiaha consultorio, que i e sua area, seir' espaga; Qhando o tigre ocupa a jaula do zoalOkicó: ele 'urina" em' tOclaS Os cantos: Essa e a sua maneira de deixar marbas nas franteiras "de seu espago existericial. 0 analista :66166a Pequenos ci , ' bietos a sua volts, pendura nas Paredes elementos que o identificam; pinta as partes de m adeira com a sua cos 'Predileta. Ao r e c e b e r u m a p e s s o a em n i i n h a Sala, 6 animal da jaula ja Se faz sentir a flor da p;ele. A selya -6: modelo uma infinidade de -territories deniarcados seguricio cheiros, risca= dos por picadas e pistas 'arganizadas hlerarquicamente. So havers espago para algueiri em mei' conceder esse espago, se 66 deixar deacocun sultorio se eu t h e ^ &’ ar:lima -ar suri= ciente para ele poder eritrat sem Ser;inasSacrado pOreminha forga e autoridade, podendo'entao Sehtir-Se bem dentro de sua própria atmosfera. Para qUe a outro possa falar e abrirl se, é necessário ao orientador 'fazer unia 'certa ' retirada: Précis0 afastar-me para dar e8p ag b 'ao outro. Não seria sufi ciente cham ar isso de teraPia centrada no paciente poiS;' 25
uma vez que é ele, o cliente, que se, encontra em meu con sultório, ele jamais sera o centro, e sua's projegoes e trans ferencias com relagao ao terapeuta o mahtem numa certeza de inferioridade. Essa retirada, mais d° que Bair ao enc007 tro do outro, significa um intenso ato de concentragao, cujo modelo poderia ser ericontrado na ,doutrina m istica do Titntsum judaico. Deus onipotente e onipresente estava em todo lugar. Ele preenchia o universo com a seu ser. Como, entao, seria possível o ato da criagao? Não por emariagao, Deus brotando de si meSmo, pois não haveria eSpago, e_caso houvesse, seria imperfeigao de Deus, um lugar vazio onde Ele não existisse. Entao, para criar,' Deus _teve que se reti rar; criou o não-Ele, o outro por autocontragao, por autoconcentragao. Muitas , especulagoes misticas originarath-se dessa doutrina, no Clue diz _respeito ao esplendor oculto de Deus e seus paralelos_com o homem nifstico que, por meio da retirada e do ,afastamento do mundo exterior, ajuda a criagao. A nível humano, minha, retirada, ajuda o outro a v ir a ser . São Jab ,da Cruz define o paradoxo da distancia sim plesmente como sendo "sin arrimo y.con arrimo", ou seja, a p r o x i m a r - s e s e m se a p r o x i m a r . : Numa epoca em .que apenas ,excepcionalmente o ana lista encontra o cliente fora do consultorio, e o medico rara mente atende chamados na casa dos pacientes, o. ministro tem essa oportunidade Unica de entrar em,casa e' desempe nhar as fungOes paStorais, dentro do habitat natural de seu encargo. Discussões quanta As, "visitas" do. ministro, se é certo cm não telefonar a ,um, membro .da„ comuni dade ao preocupar-se com ele, se deve visitar uma mulher quando cia se encontra sozinha em casa, se seria ou não melhor falar com ela na presenga das criangas — em sLitese, toda a problematica de como manipular o problema espacial do relacianamentahumano'e melhor considerada quando vista mais como uma questa0 'de atitude que uma questa0 de técnica. Devidci a inflirencia do modelo medico do analista 29
e da psicoterapia, os ministros tendem cada .vez mais a aten der os problemas de seus paroquianos no , escritorio (esttidios, retiros ou coisas assim): Isso so ,contribuiu, ara tar ainda mais o ministro de suas fungdes, trarisfporma a fa s ndo
de fato os paroquianos .em pacientes, devido, a sua, ansiedade de tratar..0 caso num cenário, ideal O ministro tein a chance tinica de entrar em casa, no convivia da familia onde a alm a se defronta com. seus torrri entos. A tradigao do atendimento pastoral m ostra que o ministro não so pode; como deve fazer, visita s. 0 p astr é aquelee_ tom. conta do rebanho. 0 'seu cao.,busca_oso desgarrado^ , u tem a grelha levantada para captari problemas, e enfie o nariz .em todos os cantos. Isto so se to rn a _ passive' quando: o pastor sente realmente .o significado da .distancia,,e vnão se sente dimifluid° ou vencido ao entrar no espago. do outro. M anter distancia.coca .a natureza das coisas que são segredo e do_ respeito exigido por essa area. A a apenas exige, coma e um segredo em, si mesma ou Ima-, ditonâo de outra forma, a reagdo de ataque ou fuga no ser. .humano protege a »sua verdade psicologica mais -vital .2 Sua_ alma sente-se tao-encurralacla_como um animal ameagado. Evi dentemente, segredos que não. deveriam ser guardados aem como venenoS, e. a psique quer purga-los através .da g conf issão. Mas isto não significa-que todo segredo seja de origem patolOgica, ou que—toda vergonha _ou ’timidez_ seja conseqiiencia de pecado. Segredos compartilhados-constroenr a confianca e a confianga doma a reaP de ataque-ou fuga no problema da distancia. N A ° é de admirar que nenhuma—psi coterapia seja curta quando a-alma esta plenamente envolv i d a . A distancia e freqüentemente confundida -com frieza, assim como para muitos a proximidade e a intimidade po2 0 leitor podera recorrer aos paragrafos esclarecedores de C. G. Jung sobre a questão da reserva e do segredo 'em sua ' autobiografia M el m ories D rea m s R eflections, N e w York, 1963, pp. 315s e também em "M e d ic a l S e c re c y an d A n a ly ti c a l M y s te r y " , o u lt im o ca do , meu
dem assemelhar se a calor humanO. Todos' nos -queremos tanto ser pessoas abertas, temas e amorosa! A acusagao de frieza é uma das mais difíceis de suportar, sendo na verda de uma das mais comuns que existem. Freqüentemente, con tudo, não se trata do caso de o orientador ou o terapeuta serem frios, mas sim de guardarem seus espagos e. de esta rem contidos em si mesmos. Isso afeta as pessoas de varias maneiras. Prim eiram ente, constela como "outro", coma diferente, separado, com a dor de- ser ele mesmo e sozinho. Se o outro for do sexo °pasta,- minha distancia' enfatiza a diferenga entre nos, o que é sintholizado mais basicamente pela polaridade sexual. 'A distancia nos faz homem-e lher; a fusão pode nos confirmar barrio 'cluas pessoas, ou entao nos anular. Entao, é claro, a polaridade é experimen tada como atragao ou repulsa e Samos apanhadoS pelos fenomenos da transferencia.* Surge' a emcigaa e irticia-se aconselhamento proftindo. Alem disso; minha distancia clá ao outro uma chance de abrir-se langando-lhe um& polite; fazendo entrar em agao 'seus próprios sentimentos e tatogoes extrovertidos, mesmo que isso acohtega apenas no nivel mudo do prantd. A ’’distancia ainda constela dignidade e respeito pelos problemaS. Nada oferece maioreS'probabil i d a d e s a a l m a 4t i e e l a - n ab p o d e f a z e r - s e o u v i r em meio ao ruido. Isto pode parecer solene e excelente e qualquer atitude que Se tome' como o einprega de um 'aven tal de medico, :colOrinho'Clerical ou cavanhaq'ue de' analis ta, tem a chance de ser mal compreendida. Contudo, o que importa verdadeiramente 'e não querermos catisar medo, e existe sempre- um medo enorme = ataque - fuga — em tudo, quando a alma esta envolvida. Medo de perde-la, de ve-la mal conduzida; mal aconselhada, julgada de maneira errada ou colocada'.em desgraga: Tudo isso esta presente durante a sesSão terapeutica; e antes de> mais nada, é com medo e porcauS a do medo que as pessoas nos procuram. Pode ser 'que o medo se projete sabre nos com tal forga, que venhaMos a representai o inconsciente enquanto inimigo e 31
Üyro S u ic id e a n d the Soul, N ew York, 1965:
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ameaga. Sabendo que "apenas o amor que é perfeito dissi pa o medo", este medo deye ser retirado de cena pelo m e nos ate que o amor possa igualar-lhe a forca. Enquanto o medo estiver presente,, o espago, da terapia sera melhor encarado quando vistocomo um templo de preservagao, ou temenos, um santuario libertador que, da protecao. 0 amor, em sua forma ativa, não redime o m e d o ; entretanto a, tran qüilidade, a brandura, a penum bra e a paciencia-podem set a gruta de reffig io ate a noite passar. Em primeiro lugar, o abrigo; so depois vird o fogo que aquece e ilumina. 0 Amor ativo não pode redimir omedo, no que concordam tanto os observadores religiosos quanto os Fisicalogos, pois o centro mais profundo, do medo a exatamente o medo do amor. As im perfeições, do am or sofridas ha tanto tem po, desde a infancia, levaram a esse medo, no qual o amor se esconde, e que constitui um com plex0, de sepsibilidade cruciante. Tocar, esse complexo, mesmo por meio de um aconselha mento cheio’de afeto, ,s6 sera terapeutico quando,o medo se dissipar e quando_ iss,o,_ for feito por alguem cujo amor seja "perfeito". Entretanto, esse é um ponto que deve ser muito beg' compreendido. Apenas um amor assim desfaz o medo, mas, ele não depende nem de 'nos, e nem da nossa vontade. Ele esta alOn do toque direto da terapia, pois; a terapia situa-se exatam ente na som bra desse amor, como se todo encontro hum _ano morasse em um segredo, com se a som bra de, todo , aconselham ento fosse a escuridão do
a m o r . Os teologos nunca,perdem a oportunidade de afirmar que Deus é amor. Os analistas_ dedicam a maior parte de seus ensaios ,aos aspectos do amor familiar, Sexual e, do expresso na transferencia. Por que precisam os pregar e escrever tanto sobre o amor se estamos sempre im'ersos nele, ora sob uma form a, ora sob outra? P o r que é tao necessário afirmar que ele e a maior das virtudes? Por que é necessário afirmar que as neuroses são imperfeições e vicissitudes do amor?. Se ele a tao ontologicamente funda; 32 mental para a teologia e a psicologia, por que não conse
gUimos deixar que ele simplesmente aconteca?:Por,que não percebemos sua simplicidade essencialmente descomplica-, da, se somos capazes de perceber, a simplicidade de putroc. fundamentos ontologicos que acontecemsem ma_ iores corn plicagoes? Se o amor. é a essencia de Deus e do homem, de onde vem tantos, impedimentos?, Por, que tanta _ sombra? P o r que e x i s t e m d i f i c u l d a d e s tao g r a n d e s ? , Não ha resposta para esse tipo de pergunta; não obstan te, a experiência analitica nos ,mostra algumas razoes pelas quais é tao difícil amar,, e porque a distancia, o segredo e uma certa frieza podeniser necessários. E que eles oferecem protecao contra o amor e o seu sofrimento. Os mitos dizem que o amore experimentado por meio das flechas de Eros. Em Plata°. ele é uma, loucura diving, uma mania. 0 amor de Jesus o crucificou. , 0 encontro. human°, é dificit porque conduz a essa experiência sofrida, essa loucura, esse esgotamento do ape nas humano. A distancia, e separadospor técnicas de entre vista, somos tocados e, atingidos com m enos facilidade desse modo as flechas não rios acertam. A curiosidade exclui o coracao. Não seremos, individualizados, escolhidos e en contrados tao, rapidamente, dentro de um, grupo.,, Se eu esti-, ver sozinho, não havera olhos que encontrem,os, meus. Mas no encontro humano de, duas pessoas_ sentadas frente a frente, temos a situacao, prim aria ,do ,amor. Sozinhos em uma sala, defrontandoznos ,em, segredo, a alma, despojada e o futuro em perigo:,.isto, por acaso, não configura a, experiência -arquetipica do Amor humano? Não desenvolveremos em nada a nossa compreensão_aoslenominarmos>pejorativarnente essa__.experincia de, ':projecao", ou, ao denegri-la conic)." transferencia", quando duas.pessoas se envolvem, e esse envolvimento se, processa através dos„sofrimentos da psique, ambas,são imediatainerite atingidas pela forga arguetipica do amor. E,isso fica aindam ais forte se elas esperam, durante encontros, criar_ ju n tas um a v id a nova. como 33
resultado de sua uniao. Desde o inicio„temos. de_estar bem conscientes dessa realidade, como um dada da situacao, ou entao seremos atacados pelas costas, caindo na armadilha. Poderemos nos apaixonar, independentemente de -sexo, idade ou qualquer outra ’coridicao. Al. item 'bem a propósito lembrar 0 Cântico dos Cânticos: "Eu to ordeno qUe não toques nem despertes -o amor ate que ele possa ser agradavel" 0 amor não agtada" ate -que nos posSamos deftontar com ele, e nab' -podemos faze-lo enquanto ele- for apenas uma emocao forte, ao ..invés- de um estado de espírito. 0 amor, enquanto, estado -de espiritcy, .enquanto, estado de ser, como a deScrito por Tillich, talvez pertença aos da teblogia.’ Na analise normalmente, - o -encontramos como emocao, como uma tremenda- confusão emocional. E no aconselhamento pastoral, ele se parece bem mais .com a emocao da analise, que com o estado descrito por sac) Paulo, Nygren e Tillich na linha- teologica. Opostos tom° desejo e recolhimento, agdo e-ser, tem-se em duas •tradigoes também, opostas que, a -titulo- de odem.ser Chamadas de Oriental e Ocidental. Ficar apenas na profundidade e recolhimento do amor, é quietismo. Revela algo de desumano e nega a realidade viva do objeto desejado ao alimentar-se dele -como. imagem que leva ao amor, para, «entao, sepultar-se com ele. Por outro lado, a caridade ocidental, com: sua busca de contato, seu programas por um Cristo em agao, e' a Igreja, a serviço, da comunidade, os mciiimentos' e as missOes, logo acabam -por esvaziar-se nuni gesto -sein -significado; que_ não faz mais que agitar o ar. Se profundidade sem nab a coisa desumana, e se agdo sem profundidades loucuta, entao a-sohicao para a ruptura entre essas dual antigas nogoes de amor .(sob a forma de desejo ou; entao,- de-estado de ser) poderLdepender do analista ou do orientadot-pastoral: a que o n to ele consegue fazer fluir hannonicarriente-dentro de si o im= pulso para a acao extrovettida e o mundo de sua profundi’ 31 estabelecido esse eixo„poderei estarpresente com' meus.sen-
dade que busca o interior. Num enfoque psicológico,_ esses dois opostos formam a cruz individual do amor. Tempora riamente, uma ou outra direcao devera ser sacrificada para chegar-se ao centro, possível que eu apenas consiga atin gir o amor, de modo profundo, seguindo meu impulso para a agao, vivendo o mais plenamente possível o seu aspecto emocional, sacrificando toda e qualquer nocao anterior mente aprendida quanto a sua irrealidade e loucura; entran do, assim, em seu aspecto de mania e desordem..Ou talvez, eu tenha que renunciar a um relacionamento mais forte, e recolher o amor que sinto, mesmo sabendo que essa retira d a acabara por trair um envolvimento pessoal. No aconselhamento e .na analise, ha quase sempre o perigo de termos um eixo interior muito pequeno para sus tentar a amplitude e a ,extensão desses envolvimentos. Na verdade, eu posso .amar dando plena for-9a, em nivel exte rior, ao meu sentimento, mas se por acaso a ligacao vertical com a base de minha existência interior e com o amor por mim mesmo ainda não estiver formada, eu terei, entao, des pertado um amor que- não pode agradar. Todos os pontos que discutimos ate aqui acabam voltando a essa questa(); o encontro humano depende de uma conexão interior. Para estar em contato com voce, é necessário que eu esteja em contato comigo hmesmo.. Se eu não estiver ligado a minha interioridade e voce se aproximar para cobrir distancia entre nos por meio de uma ponte, pode ser que -eu Nenha a' atravessa-la, levado pela for-9a de atracao_ (atracao que a ampliada ainda mais pela- minha, falta de solidez intema) e caia em seus bravos, perdendo'minha identidade; ou, entao, pode ser que a inva são me .apavore, evidente que*ligacao hum ana é um encontro que_se_da pela ex troversão, e que a- ligacao entre as pessoas acontece quando cbnversando e estabelecendo relacoes interpessoais .compartilhamos o que somos. Mas também existe uma relação intrapessoal,.essa conexão ver tical que _dpsce ao_interior de cada. indivíduo. Se eu tiver 35
timentos, interiormente "aberto ao, que vier, ancorado e fixo como um eixo que, ao mesmo tempo, consegue girar e que não podera ser arrebatadopor nenhuma luz distante e fantastica. Visto de fora,Asso, podera parecer distanciainento e ate mesmo incorhunicabilidade 6, desinteresse.-Mas, na.ver dade, trata-se .apenas, do contrapeso_ necessário Tara a atragab horizontal, do encontro. E alem _do.mais;_eu desgo orne retiro, deixo uin espag_o m aior para ,voce se expressar:Antes de qualquer outra coisa, deve-se.pensar qUe duas pessoas ligalzlas ,interiormehte • tambem estao comungando entre si. ElaS pod_em ocupar o mesmo 'espago psicológico, cohstelado pelo mesmo estado de espírito, estar em comu nhão sem .precisar demonstra-lo. Comunhão .não é apenas comunicagao. A ligagao mais interior O o contato,que duas pessoas rem apartir do dentrO de sua profunclidade individual, pois se eu estiver ligado a este _moment°, agora, assim como ele se apresenta realmente, 'estarei’ tambem aberto e ligado a voce.. A base da.existência em um nivel profundo não é apenas- a ,minha,base pessoal; o ,apoio universal de cada um, ao qual todos encontram acesso_pela conexao inte, rior. Encontramo-nos um ao outro tanto ao refletirm os ,o inconsciente coletivb-quanto ao expressarmos exteriormente nossa com unicagao pessoal. A cura acontece do memo modo, não dependendo tanto do ,seu efeito sObre ,rnim, ou do meu sobre,’,voce, quanto dos momentos críticos;; dos fatos arqueripicos .que brotam, de dentro e se refletem no nosso encOntrb. A cada um,deSses momentos, alguma hecesr sidade comum .da" alma humana esta sendo ekpressa e as minhas e as suas necessidades refletem-se e' se encontram sem nenhumar troca ruidosa em .nível pessoal., Assim,- as crises atuam como fatores de cura pOr nos. conduzirem para baixo, para _alem da comunicagao e 'das comiseragOes. pes soais em diregab ao acontecimento arquetipibamente ficativo. Surpreendentemente, .acabamos por no encontrar num paralelo biblico: 'cooperando, secretamente para que se 36
efetive um direito de nascimento, send(); atirados em- um pogo por irmaos invejosos, erguendo a filha contra a própria mae; ou uma baleia esperando nos engolir puma 'noite de profunda depressão e Rahab e a mulher de Putifar vem nos chamar. Mergulhando em tal nivel_ de momento imp essoal sempre recorrente, mas que se apresenta como coisa "Vivida um a so vez (que é, na verdade, a liora de escolha em uma encruzilhada), as duas pessoas se mantem juntas en quanto vivem o fato e buscam a sua "significagao. Uma comunhão desse tipb difere de comunicagao na mesma m edida em que intimidade difere de comunidade. A tentativa de restabelecer a comunidade crista através de grupos, independente de todas as suas conquistas que não me cabe discutir, talvez falhe no que diZ,respeito a intimi dade. E aqui também a analise abre um caminho. Pela inti midade tomo-me,intimo de, mim mesmo em primeiro lugar, perm itindo-m e sentir o, que realm ente sinto, fantasiando o que de fato é a minha, fantasia e ouvindo minha, voz com fidelidade. Por meio da conexab interior, posso experimen tar vergonha, sofrimento, bem como novos prazeres. E por meio dessa revelagao que posso chegar a conhecer-me. Não e tanto a ligagao horizontal_que faz crescer a intimidade entre duas pessoas_durante a analise, quanto as conexoes verticais paralelas,lque.,:existem" dentro, dos .individuos. Ou vem-se tanto_os efeitos:do, outro dentro:da, gente e as tea;goes surgidas em nivel . intemo: quarito o próprio outro. Trata-se de:um acolhimento nitituO—A outra' pessoa apare ce em nossos sonhos e' fantasias e nos também aparecemos nos dela. A comunidade pode, brotar dessa-intimidade e co nhecimento,.e 6.:comum,Ver-se analistas expandirem os seus relacionamentos de analise em grupos e em amizades. Mas o macleo de tudo sera sempre a intimidade que foi desenvol vida durante a analise. Se o ministro quiser programa-la, esperando que ela surja como resultado de vida em comum e de participagao em grupos, estard presumindo que o m o 36
vimento vertical é uma;ramificagao do "relacionamento entre as pessoas. A intimidade forgada em grupo, por: exemplo, normalmente, leva ao ocultamento ainda mais profundo da. quelas partes do espirito que so podem ser compartilhadas quando duas ou tres pessoas se aproximam, e nunca uma multidão. Se> o encontro humano despertar o amor enquanto forga arquetipica, o orientador devera alegrar-se pelas barreiras que surgem naturalmente entre as pessoas,' pois elas São defesas espontaneas. Essas defesas não são fabricadas 'pelo ego; são a maneira que o desabrochar do crescimento da psique tem de proteger-se eni timidez e segredo;>distancia e frieza, reserva e dignidade*ate que se- estabelega o eixo,vertical interior; a' conexão humana que devera' equilibrar' o desenvolvimento.das relagoes em nivel extern entre as pessbas.' So quando isso tivei-acoritecido, quando o .acesso ao amor' por mim mesmo como sou me inundar de fe e esperanga em mesmb tat 'como sou, podera entao haver um encontro, no sentido numinoso'da'palavra.'Somente ai exis= tira'alguem com acesso'a sua vitalidade'individual; alguem em quem ressoam reagoes e respondem sentimentos vivos, numa presenga >plena que 'não precisa mais atacar, nem f u g i r o u v a l e r - s e d a c u r i o s i d a d e . 0' e 0 movimento, em diregao a profundidade e a interior zagao nos ocupara 'de maneira especial no capitulo segninte, que tem a realidade do inconsciente'como terra. Enquan= to primeiro nivel do Irabalho de aconselhamento', o encontro humano leva a conexão interior .do, terapeuta e a do cliente. 0 que por sua vez faz parte do problem a 'geral do*que vem a ser a "coisa interior"; ou seja; a natureza, do inconsciente. Esse espago sera explorado nas paginas;
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Vida interior: onscien J t
o incte enquanto
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experiência •
0 lugar que a psicologia e a teologia, tem em contum a alma; porem a alma &um ",não lugar ", pois não é con siderada preocupagao princiPal_nem_pela teologia, nem pela p sico terap ia dinâm ica, estu d a D eus e su,as intenOes* e a outra estuda o homem e tudo aquilo que o induz a sen tir, expressar-se e agir comp o faz,ao passo, que o espago entre ambas é freqUentemente, deixado livre. Esse vacuo, onde tradicionalmente se espera que Deus e o homem posos sam se encontrar acabon,sendo a terra de ninguém onde analistas e.os religiosos se confrontam. ^ s prim eira?nuvens_ja comegam a aparecer no procamp semântico:, palayras_como " "Deus" e "ho são usadas de forma .igenua pelos psicólogos, sem todo aquele imenso aparato critico, que os tOlogos bem treinados usam com tanto .efeito, fatal' do encontro de Deus com o homenvdentxo da ,altna^irefiro-rne irnagein, que a psique tem de Deus, d resêntada imagem e Deus. enquanto coisa co n h ecid a, ex p erim en tad a;, sen tid a, intuida, rep ou formulada por uma pessoa. Esse Deus é inicialmente uma experiência, ,e s5.a seguir u_m, conceito.. Essa. imagem ou experiência não 6. a iinica,.,e nem sempre a, mesma. Ela sofre transformac-cies_ ao Longo dayida. de .qualquer indivi para, outra. amente duo, diferindo ainda larg As variedades de experiências do
á a W
im r a i
rag5es psicologicas que, por sua vez, podem levaritar testes dos dos ,teologos quanto, autenticidade op distorcao de certas imagens._As vexes a experiência, não existe, ou entao é uma abstragao.conceitual., ou ainda o_divino é deslocado 39
para imagens e experiências que via de regra não sac) consi. deradas sagradas. Com freqiiencia, e istO ,em:ipteresse psi. colOgico considerável,o gran de perturbaOO,ps.kolOgiCa de uma p'essoa e'o fator' deterininadar 'da'distOrgao on' deslocacao correspondente da imagem de Deus. Conseqüentemente, a experiência e também a imagem de Deus aparecem ao psicólogo como continuando a revelar-se dentro e através da alma, sem nenhuma limitagao, e para alem dos confinamentos de .qUalqruer dogma. 'T ais" .imagens 'e ex'periencias sac) representagoe's coletiVas compartilhadas pela inente de todos nos na— sociedade em que VivemOS: E é eSte Deffs que esta desagradaricky o bispo de Woolwich (John RObinson) — aquele Deus sentado la em'cima, Um. Papai Noel de criangas, 'um velho Papai Dharma morando numa nuVeln, constantemente ame4adO'por 'explosoeS Supersônicas e por viajantes e'spaciais em • armaddras .resplandecerites. d e ix e mos contudO _para défiais alguns clOs -problemas levahtados por John Robinson e pO r HOtiest. to ~God. Por estranho que patega, -"alnia" é uma e Xperiencia e imagem ainda' Mais difícil de' esclarecer. - Enquanto tenninologia, aconteceu-lhe, tudo, ate quase desaparecer da psi= cOlogia contemporanea; -esse term° "apresenta lima aura - de coisa antiquada, traz ecos de campOneses das fronteiras telL ticas ou de teosofiStas que se reencarriam.. Talvet ela seja uma no ao mantida' coin() Orgao decadente por '.vigatios' de aldeiaou em algumas 'diScussdede 'seminários cl.e filosofia patrística. E inclusi-ve o 'termo cai Inuit0 mar ein canoes Populaces atualmente: q-uein ainda 'cleseja alguem *de corpo e alma? Quem- ainda pOe toda sua ahila eth algUM a coisa? Quem diz, ainda, que lima' garota tem 'olhos espirituaiS", ou que fulano e uma "grande alma. Altria é a Tlltima* paJ -lavra de quatro letras a':ser thericlohada'-entre 'as coisa: m o d a-Em-Suicide-” '...... V ,r -í" - , J ■r,. and’the’SOW; Pp: 43:á. 47,= ha: Ulna :amplia-: cao do que entendo por 'esse térmd:-A, titillo de' orientagao, talvez seja Util re por uma Ou. chias-de'SStis 'afierria05es:',:: :„
"A primeira coisa que o paciente procura no ana lista, é faze-lo consciente de tudo o que o faz Softer, levando-o ao seu mundo de experiências: EXperien, cia e sofrimento sac) palavras de 114 muito associadas â alma. "Alma", entretanto, não a um termo cientifi co, sendo hoje em dia muitO raramente utilizado em psicologia... Os term Os "alma" e: "psique" podem ser utilizados alternadamente,'embora tencleticia 'seja escapar a ambigüidade dO termo ." alma % recbrrendose a "psique" por ser mais modemo e biolO gico. "Psique" é empregado como um fato natural concomi tante a vida fisica,- sehdo talvez a. ela redutivel: "Alma", por outro 'ado, .apresenta sobietons rom ân ticos e m etafísicos, com partilhando suas fronteiras com a r e l i g i ã o . . _ A exploragao’ da palavra mostra não estarmos tratando de alguma, coisa que se possa definir, e na verdade a alma não é um conceito, mas um simbolo. Os simbolos, como:sabemos, não estao totalmente sob nosso controle,_e conseqüentemente não conseguim os usar a palavra 'de inaneira não ambigua, mesmo .ao emprega-la .com referencia aquele fator humano desco nhecido que faz possi-vela existência significado, que transformalfatos em .experiericias e que se comu nica’ através do amor. AlMa é um conceito deliberadamentel ambiguo, que_resiste' a toda e cju- alquer defi nição; exatamente.como*acontece coin todos_os simbo1 o s Hoje eu adicionaria 'a isso-niais-um atributo qualifica tivo c o n f e r e . , s e n t i d o , : t r a n s f o r m a " l a c o n t e c i mentosT em- experiericias,'comunica"=st pelo amore tem) Lima. . " *v. Esperondemonstrar;"a6.-longo deSte trabalho, de que forma a analise'.profunda concluz. a alma, e como esta por sua 'vez;_envolve':irievitavelmenie a analise coin a faigiao
LI
e mesmo com a teologia, visto que a religiao vivid a como so um fenomeno psigologico. experiência nasce da psiqUe humana, sendo .por causa dis. Os an d escrev em um a co n d ig ao que é deno minada "perda da alma" pelos .povos primitives: Quando isso acontece a pessoa fica fora de si, incapaz de encontrar tanto a conexao interior 1 consigo p ró p ria quanto a exterior cam a humanidade. Ela não consegue, mais fazer parte da sociedade, nem partigipar dos ritu a is e das tradigOes. As coisas estao mortas para ela, e ela para' as coisas. Deiaparecem as vinculagOes 'co a fam ilia , .os totens T a natureza. Ela não sera mais um .verdadeiro ser huniano ate conseguir recuperar a alma. Ela não esta mais nas coisas t como se nunca tivesse side iniciada nome, ou chegado realmente, nunca the tivessem d a d o um a existir. Pode também ser que sua alma não esteja apenas' perdida, mas possuida, doente, enfeitigada ou mesmo transferida para um objeto (que pode ser um animal, 11111 lugar e ate outra pessoa). E, entao, ela perde o sehso d e pertencer e de estar ,em comunhao com os poderes e os deuses. Nada disso a atinge mais, e ela, ja não consegue rezar, nem fazer os sacriffcios, nem dangar,0 seu mite pessoal e a ligagao com o mito maior de seu povo enquanto razdo de ser encontram-se perdidos. Entretanto, o que ela tem ilk) e uma doenca, e também não esta forao, de seu jufzo. Essa pessoa simplesmente perdeu a alma. E pode ate morrer. Tornaino-nos solitarios- E não e necessario tracar o u tro s p a ra le lo s re le v a n te s com o n o sso tem p o . Um dia, emBurgholzli, o famoso institute onde.nasceram as palavras "complexo" e "esquizofrenia", fiquei observando uma m ulher que estava sendo ,entrevistada. Estava numa cadeira de rodas porque se sentia 'fraca e era idosa. Ela disse que estava ntorta porque tinha perdido o coragao. Al o psiquiatra pediu-lhe que pusesse a mao no peito e sentisse o coragdo bater: se ainda batia, era porque ainda estava vivo. "Este não é o meu coracao verdadeiro" — foi 42
Não havia mais o que dizer. Como o primitivo que perde a alma, ela perdera a ligagao corajosa e quente com a vida, e este 6 o coragao verdadeiro, não o marca-passo que pode muito bem pulsar isolado dentro de um frasco de vidro. uma visão da realidade que difere muito da que se tem geralmente. E tae radicalmente diversa que faz parte da sindrome da insanidade. Mas tanto a mulher em sua despersonalizagao psicatica quanto o homem que tentava convence-la de que o coragao ainda estava la podem ser enca rados da mesma maneira. Apesar dos sistemas elaborados, cheios de dinheiro e de sofisticagao da pesquisa,medica e da propaganda das indtistrias de 'satide e recreagao,no sen tido de provar que o real é o fisico, e que a perda do cora gao ou da alma são apenas elaboragoes mentais, eu creio mesmo é no "primitivo", e na mulher que estava no hospi tal: podemos perder, e realmente perdemos a alma. Creio, juntamente com Jung, que cada um de nos es"o homem modemo em busca da sua alma". E por ela estar perdida, ou pelo menos tem poraria mente desviada ou confusa, que os ministros tem sido forgados, ao defrontarem-se com certos problemas pastorais, a baterem na porta do vizinho que surge como a coisa mais aproximada da ,alma: a mente. E assim as igrejas voltam-se para a psicologia clinica e, academica, para psicodinâmica, a psicopatologia e a psiquiatria, tentando entender como é a mente e qual o •seu fungionamento. Isto leva .os ministros a encararem problemas da alma _como esgotamentos nervosos, acreditando que a cura esta na psicoterapia. Mas o dominio da mente (percepgao, memoria ou doengas mentais) forma territorio pr6prio, casa que ja tem Bono, pouco podendo dizer a respeito da pessoa que o ministro realmente deseja conhecer: 'a alma. Talvez haja alguma justificativa para esses dogmaticos fora- de moda que não querem nem ouvir falar de incursoes em tratamentos clinicos e aconselhamento pastoral. Talvez eles simplesmente estejam dizendo: "0 ministro não preci-
a resposta que ela deu, olhando o psiquiatra nos olhos.
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sa do clinico para encontrar" aahri sofre, o logos de sua a 'ou' estUdar o.que eta psicOpatologia. A paraqUia e 0 próprio mundo são a sua clinica. NoSsabctipagdo'nào 6 co a- mente, seu mecanismb e,dindmiSMo, repressOes motivaOes ou recordacoes da infanda! rb que.8" intereSsa 6. a 'alma humana e seu relacionamento-cOrii:Detis.P.' - ^ No &.nianic', o.trej.úameirth pasibta/ Se Confunde*cada vez mais ü m - o Olihicb; na thedida — cads 'ovens -past°res cufsam Pos-giaduagoes'preenchendo pastes 'dos cróditos coin leitura psicanalitica e trab'alhos'em .elihicas pSiOnia cas. IstO esta ,betn!de'ac6rdb comas_idéiaS:danOva teologia, a qual'oUvi certa vei b ReV: Harry Williams .definir como sendo '_ 'a reblogia que se passa dentrd de nos", De suns obsetvagOes, deduzi qtie- o que ocorre coin duas iie-SSods ha sala de jantar ou no quarto d'e..dbriiiir tein; tam.° aver Com'religfiqBlidqjspElîkbiDc^jaEblfJ^^ sobre Deus são, em Ultima analise, afirinaCOeSlsObre'-relaCionamentos pessbais: Isto é -uma ameaCa abs pSiccilagoi, pots o que se passa eni-nOSso interior foi hatempOS denominadO psicologia ou JisiOlbgia, e.probleinds d-e relaeibnamentO-Pessoal, de cama e mesa,- 'senrpre 'foram a'-"came-de=vada" .db trabalho analitieo: Ha niiiitas'de.cadas,-apartir.db momerito em que Nietzsdhe "declarciu que D d tis" e ia ita thortde que Freud .achon quo- 'a' religido; 6.-timaqUeStao iltikir' iar7a psico logia vem cada Vez mais,eStendendo* 6s. sous 'dbirlinios em detriment0 da tedlogia, 'f&claffiandb:mai- e "indis partes'-'dcf alma como pertencentes' aos Sens, territoribs. Agbra-, n'a luta pela alma, de - repente - a ofensiVa- passa "para Ps -teólogOs: Entretanto esse desalio hao's'e reduz aperiaS'-a ulna .quetao de v e r quem f a la m a is ' a lto . ' : . - ' , ' -----!-: Quando o absoluto se transforma na ji&S'soa interior-6-(i transcendence na imanericia total, OrriiiiiiStr& se- Ve jOrgado a descer as profundidades da psiqtie: Como cOriseqiiencia:' teraue voltar-se para apsiooldgia. A do ith isão de sua pa 44 roquia e a da nova teologia-apOritani- hessa- direao: Mas
tudo vai depender muito do modo dos orientadores paro quiais encararem a psicologia profurida que, como prova o próprio treinamento do analista, é um encontro necessaria: mente pessoal com o inconsciente, e so depois disto, um estudo academic0 ou um tra balho clinic0 envolvendo outras pessoas. A proliferacao de Centros: de sande mental com pes soas competentemente treinadas, programas, movimentados, salas silenciosas para aconselhamento, meios de instrucdo, grupos de encontro e, catalogos bem imaginados a espalha rem a psicologia coin o entusiasmo mortalmente seri° de uma nova religião (que ate»j a. recebe fundos estatais) de ma neira alguma ajudara a» encontrar a alma perdida. Se a alma não estiver incluida, desde: o inicip, ela,nTao podera surgir no final. Por mais saudaveis que_ yenhamps a ser mental mente, ainda asSim precisaremos da alma. E, de fato, pode ríamos muito bem perguntar: Ser & que alguem pode real mente ter sande mental se esta não estiver edificada sobre um senso de .alma? _ Todos nos. som os, afetados 'pela perda sontemporanea da alma. 0 ,pastbr .não a uma excecao. Na verdade, hoje em dia, o problema de muitos religiosos é encontrar a co nexão interior-coin a.vocação, e depois m ante-la viva. A ligacao 'profunda e vertical, em nivel interior «da raiz argue; tipica, parePe estar, truncada- ou'.torcida _e, naturalmente, o ministro-busCa fora 'dai> a solucap que .p.arece funcionar tao bem para os,outros, imitando e. tomando-lhes emprestados os métodos. Mas a missão„do orientador pastoral difere fun damentalmente daquela do analista e dos psicólogoS clinicos e acadêmicos. E. a sua ,tradicaP retnonta a Jesus, que curava e cuidaya:_das ahrias de muitasmaneiras: pregando,.andando por ai, fazendo visitas,:contando historias, • tocando com a mao,,orando, comPartilhando, chorando, sofrendo, morren do ;7— enfiin, vivendo a plenitude de seu próprio destino e perinanecendbfiel, a sua Vida. Que o pastor siga a imitatio Christi. ao,invs, de. im itar a psicologia. Se a imitatio Christi
e negligenciada ela cai no ‘nconsciente e trabalha por trós sob a forma de- uma identificatio Christi: Deparamo-nos af com um orientadOr que em nivel consciente segue a rnita. gab de uma psicologia medica sendo porem inconsciente, mente motivado por uma ou varies das imagens de Cristo de que falamos no primeiro capitulo. Em situagao como essa, o paroquiano-não sabe mais".onde -se -colocar, sentin do-se a um so tempo doente e pecador. E enquan
Niincao ministro ,fo i,ta q ,tv; e n dad, piramcntc l i ^mcstdraomretronphe0;dcilins quanto o pastor. A t e o r i a
tada e desvirtuada por uma crise de fe que ja se prolonga h cem anos, esta redescobrindo a alma, tendo a psicologia dado uma grande forca a esse processo de reconexao. Qual quer problem a contemporâneo pode também ser encon trado dentro das igrejas: alcoolismo, adultério, homossexua lidade, psicopatia, sonegacao de impostos, suicidios. Nada mais ha que consiga proteger o ministro de suas cluvidas corrosivas. Nab é mais possível oculta-las. Mas é exatamente esse abalo de estruturas que o forcou a coragem de ser e de encontrar-se. 0 verdadeiro encontro entre psicologia e religião não esta no dogma, .nos concílios ecumenicos ou na acao. Ele esta acontecendo na alma, na individualidade do ministro em luta com a vocação. ^ difícil não se espantar com a seriedade dessa luta; cujo testemunho sugere alguma coisa se constelando alum de um problema pessoal. Algum fato com características de importancia • histórica esta se desenvolvendo na, alma do pastor. E e nesse ponto que a 'psicologia profunda se vincula a nova teologia. Ao nosso trabalho como analistas concerne o domínio do espirito, do homem e do mito, do process0 de individuacao em seu desenvolvimento historie0. E o ministro se situarbem aqui. Devido as reviravoltas ocorridas na teologia e' em sua vida vocacional, ele se encontra atualmerite muito mais aberto que o 'psicólogo,- pois 'este esta amarrado ao_catecismo de uma,semantica dogmatica, imobilizado pela gordura que criou dentrb’ de cubículos preiva de som no centro das grandes cidades. A nova teologia, "a nova moral e a nova reforma, apesar de toda a psicologia -questionável que possam encerrar (o que sera discutido mais adiante), pelo menos são novas: ^ pena .que a psicologia do inconsciente demonstre:certos sinais de enrijecimento são. entrar em sua
com
de quem busca manter-se emicontatu coma voca)
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octave decade, contada, a partir de seu mascimento etn , , consultorio de Viena. Atualmente, .a -figura antiqUada, bar, buds e comita retrata- ° Tanalista; e não 101 pastor, por to este ultimo deSaparecido da vida ptiblica, a nab -ser quando promove campanhas- e m cruiadas p°pularcsv—c -partcrsc tomado, o "homiem,"-invisivel!', coma foi 6 negro ha temp atras — poderitos-eSperar,que:a lei da compensacao preva. leca, e que uma aparicao tiansfigurada do ininistro e do os religioso- esteja em gestacao. A .antiga figUra cie .'home de Deus" esta sendo:transformada pelas imagens do c a l n ã o .de sua'hiapria. conftthad interior. 'Par continuer fiel aos problemas de sua.alnia ao 'long° de tantas difiCuldades, não é apenas a leologia que esta se transfOrmando; mss sim uma nova maneira de' cuidar da alma 6 que esta imergindo. E este o nova atendimento pistoral baseado no cantata do orientador cOm sua. interioridade. Submeter-:se as 'mu danças psicologiOas que the aconteeem interiormente é tare fa tae heróica „quanta as. campanhas .da 'igreja 'contemporanea em acao. A inissão individual esta 8 e m p r e abalada por incertezas, o seu caminho se: faz as escUras e r a recompensa não aparece (do cedo.,Assim, p problema do reencontro da alma talvez ieja de nova mais polemiao que 'iqualqUer outro. 0 lugar de Deus, os’SÍgriifiCados' do am:it. o Papel do orien tador pastoral genera- da comunidade, e tudo o mais que nos possa ocorrer, e'rao aspectas . dele,,' deriVados. , quem perdeu sua alma, ira encontrar Deus 'em qualqUer Tugai la em cima, la em ,baixa, exatamethe'aqui •onde nes ehcontramos ou perdido na distancia infinita; essapesSoa_agarrar= -se-a a qualquer vestígio de_ amar que,o'vento The soprar.a porta, e assim o fa re p°r encOntrar4e a espera de LIM sisal: S em WTI certo sentido de alina havers, logicamente, e n o r mes confusdes de ordem moral, incertezas na ,a9do.e deci; saes que se apresentam_ perfeitas em nivel racional; trias não validas no enfoque p sico lo g iw o rtan to , antes de> a psicologia e a religido com ecarem ir_aA iscutir sabre seas
„„ A deduzir das afirmações de certa teologia, a alma não se,encontra nos Sacramentos, nem na, Liturgia ou no Ritual. Naa 6 possível encontra-la nas igrejas, nem nas sinagogas, Estes locais transformaram-se em- centros ,comunitários *que captam quase todas as necessidades, menos as :da alma. Os iugares que ela tradicionalmente ocupava, pelo que afirma a mencionada teologia, estao desertos; e mesmo Deus, nas afirmacOes de Schweitzer, Bultmann e Barth, não se encon, tra de fato entre as coisas existentes, tendo sido ,retirado dos templos e levado para algum outro, lugar; vivendo em seu praprio redil. A medida, porem, que as igrejas jam ficando yams, as clinicas comecavam a ficar lotadas e os psicólogos das pro fundezas — especialmente Jung — „ pareciam encontrar a alma e uma imagem viva de Deus em meio ao seu material de trabalho. Assim, a teologia esta, se, voltando para uma nova direcao, onde ja existe uma longa tradicao religiosa. Ela esta se voltando para ,d,entro, e descendo ao ,"chao da existência". Se é esta a nova orientacao, entao o primeiro lugar onde se deve -comecar a procurar-6 no inconsciente, ja que sua localizacao feno.nenologica 6,dentro da profundida de. Talvez seja esse o caminho certo, e ja existem outros que seguem por ele: a psicologia-profunda, o existêncialismo e nova teologia sugerem que se, des9a, A ,novadnistica 6 dcs: cendente, como observou o Rev. ,Otis Maxfield. Mao se trata mais de galga* a montanha dos sete patamares na direcao do Monte Carmelo ou,de Siao Ou talvez, seguindo a colocacao de Jung, o caminho que conduz ao alto 6 4o, de, b,aixo, e o que conduz para baixo é o de ,cima. Não confundamos as ,coisas, contudo, a ponto de. não fazer a-minima- diferença se:a jornada ,conduz para, cima ou para baixo. Se descobrimos ser a localizacao da alma — e da experiênciade Deus— sombriamente interior e de sen tido descendente, devemos estar preparados -para uma via gem perigosa. As posicoes inferiores (o escuro, o baixo e o profundo) são os domínios do Diabo e de seu séquito de de-
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direitos a posse da alma, vamos primeiro busca-la. juntos,
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j mOnios. Descer significa caminhar por um labirinto, e /lies, mo !a tradicao teologica reconhece que esse caminho leva 4 confrontacao com tudo aquilo que foi rebaixado ao longQ , de séculos: a matéria a physis, a femea, o mal, o pecado, ' a parte inferior do corpo, a paixao. Esta, evidentemente, e „ orients classica do processo de - analise: o retomo a0 mundo das coisas reprimidas. 0 de . , 1 descendente pode ocasionar o 'encontro com a base da existência", mas quan do Dante passou por ali tambem se deparou,com outras coi sas. Por -essa.razao, não conseguiremos chegar a alma e a experiência de Deus a não ser que o façamos via inconscien te, o que significa, nada mais nada menos„que nos defrontarmos com pecados e males, e-com todo o turbilhão de possibilidades que foram mantidas fora dO alcance da civilizagab consciente. São estas as sombras do aconselhamento: A c a p i t u l o s . especificidade da - descida -sera abordada nos doii altimos 0 inconsciente-e, portant0, a-porta através da qual nos passamos para"encontrar a alma. E por meio dele que os fatos comuns se tornam* experiências que repentinamente adquirem alma, e a significagdo adquire contornos vividos quando as emocoes sac) despertadas. Foi pelo inconsciente que muitas pessoas encontraram um caminho para o amor, a religido, e adquiriram um certo senso de alma. Isto se con firma repetidamente na pratica analitica. Masse se formos procurar a alm a no inconsciente, prim eiro sera Precis0 encontrar o inconsciente. Visto que.encontrar significa reco nhecer, 1 precisaremos recorret : a simples base empirica de como é possível reconhecer a existência de -lima "coise como essa. Não devemos estabelecer a sua existência, nem tampouco a da alma através de discussOes, existência, ou qual quer outra prova direta. Nos tropecamos*em sua realidade; quando menos se espera, tropeca-se na psique inconsciente. As demonstracOes classicas :do inconsciente sac) todas dessa especie. Ele não pode- ser provado. A idéia de sua 50 existência era tida como contradicao logica, pois o que
sena° a própria Conscientia? Assitn, a prova iliacieaalemveievnaut.me'Passcmos em revista' algumas"'demonStiacdes do inconsciente tem que se dar sobre uma base >de experienuma dechicaO dcriVada* da -expec!a; hipótese, classicas de sua existência. Valoapcria reexaininar* esse rer= reno, pois tem-se feito uso' tao intenso da -palaVta incons ciente em publicacoes contemporantas, que. ASVeZes o leitor se lig conta da existência de ‘uma pergunta'veemente .no* e s e n t e t e r e m os o c u l t a r e m l a n t a S m a s e deuses — inventado uma ficcao' hipostatica. E veremos que não se trata de ficcao. -• •. 0 esquecer e lembrar -mostra-nos • que a mente «peide esquecer determinada coisa, mas não completamente. 0 que a mente faz é guards-la em algum lugar, para depois trazela de volta. Fora do que se encontra a vista na sala de visitas, ainda existe um sotacr e* um pordo de fatos actimu lados que permanecem inais' ou menos disponiveis, sendo pelo menos potencialmente conscientes, mesmo que agora, neste momento, isto, não'.aconteca.’1 0. heibito também é outra prova na qual esbarramos.. Dirigimos, fintamos ou usamos uma faca *de cortat. pao, «desempenhando essas fun toes em parte conscienter em pait& inconscientemente. So descobrimos ate 'que pOrito tim habito é incorisciente quando tropeçam os, quando cai a cinza do cigarro., a cfacaseia, e nos damos' coma, dO’'que eStamos- fazendo.. AIOs fa lh o s (ou, com o-forain'denom inados Freud; a psiccpatologia do cotidiano).demeinstram melhor ainda qu e nãoestamos sozinhos dentrol de nos thesmos,' gue a personalidade do ego ilk’ pode controlar tudo e- que, :para nossa* vergonha, podemos dizer 'exatamente a:palavra errada -ou distorce-la, dando-lhe um sentido completamente diferente. Esse é um medo que- seinpre assalta quem vai fazer uma conferencia ou um sermao. Sem nenhum- aviso, tropeçamos no inconsciente." • ° a 1 --------------------------- ------ ------------------- , —
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jovem psiquiatra em Burgholzli, ele _ efetuou , experiências com associagao de palavras,rnetodo, ja utilizado anterior, mente num es,tudo relativamente detalhado por, Wundt, na Alemanha. Contudo, ao emprega-lo em, seus, pacientes, Jung descobriu alguns fatos notAveis, spbre„a pique. ;Quando se pedia para- alguOn dizer,,:,no menor ,espago de: tempo dis ponível, 4 primeira,palavra queThe yiesse kcobega, enquan. to se lie em, alta ,um a lista de c,em palayras, a,pessoa tropegava, ,e acab,ava,, se ,atrapalharkdo.,. Algumas palavras levavam vários segundos, outraslperseyeravam,e.efam repe tid as e nin g u ém co n seg u ia p asS ar por ,to d as' e m ram problem a 0 Joco.de atengao e ’,o,contrai e do assunto pelo ego cafarm por terra. Algo acabaya rinterferindo. Ao exami nar as palavras ,que causavam perturbagao, Jun verificou que elas pareciamestar cuidadosamente associadas, entre si. Forrnavarn,.,uma “omplexidade, de significagks, como por exemplo:nOiva, branco; medo, mae, morte Foi,quando ele cunhou a palavra 'complexo7 para, definir esses feixes de,idéias carregadas de sentimento que fazem_parte de,,nos; so constituigao ’psicologica e que,não se„encontram sob_,„p controle absoluto da consciência.,Ele, tropegara , no :incons; ciente através :de" sua própria pesguisa e, pomo conseqqn-, cia, foi um, dos! primeiros a abragar, as hipziteses„de 'Freud quarto a existência da mente inconsciene., , _ Os complexos podem tomar;se.tao dissociados, da per sonalidade do ego, bem como uns dos outros, cos’ englobar tanta ever id e formas, que, acabam, por tomarrse persora= lidades independentes. Terms af, outra, prova classica_ do 'nconsciente: o ,caso da,personalidack m ulti la. H a casos famosos, coma p de «Morton Prince, as tres,faces cleae a q u e b r a de M o r t o n P r i n c e , e m e sa d o d e transe. Sera a l ma que, uma.yez ,mais, não poderíamos vex. aqui a disfargada no 'nconsciente2, Se existem personalida,
ra dentro do peito? A 'disSociagao dos: complexos e sua extrema inconsciênciaa leva a_crenga em espiritos e a expe rimenter partes de si mesmo como-projetadas exterior-men te sob a forma de fantasmas ou de personalidades:pardialmente reais. Nesse sentido, é -possível -falar 'numa alma assombrada devido a sua inconsciênciaa. Os complexos, pbrem, erfcitianto leites de idéias tonalizadas por sentimentos, podem sefdetectades sem o auxi lio do experimento de-askiciagaO,-sem-o'teste de-detecgao de mentiras cuja base Se-j'apoia na :.assOciagao Tcle' Palavras. Esbarramos diariamente' em ”110§§ds complekos. -0 incons ciente encontra-se sempre e'a .toclo'mOmenta'a nossa frente. Ao entrar numa sala,"'vemos’ um hortiemThue tememos, alguem a quem deveinciS 'dirtheirb'ou litha'ffulher a quem ja amamos; entao, a l'i oSsa*pbStuura, atitudes e exptessão facial mudam. Acabarrios blbOtkeando norrie, ,00ramos ou tre memos. A voz 'pode'dair para um -stiSSUrro,' ou elevar-se, anasalando-se.'Dizerhos 'cOisis qte* nab tinhanko a intengao de dizer, tikdo' issb'Oeofitecendo 'sem;noSsO :minima inten gao consciente. Em» sbciedade, eneOntranio=nos freqtientemente a merce' do iriConstientee' de 'Sells 'complexoS, quando nos esforcanios pOtainiPtessionar'Os'outros;.'em nossas ten tativas de distanciamento ou ao fazermos exigencias tolas: Os complekos gbVeriiam,, geaticle- parte de' nossas reagoes, principalmerite-as ccirhpen§atorias etas inadequadaS. Inclusive' riao preciSatriOs ’Sreqber eStar 'Com oUtras pes soas para qtie" OrineoriSdiente Se d6ie percebei. Esbarramos nele tOda.*VeZ'qUe tirri'estado de' animb"nOs 'domina. E esses estados' ,aparecem Tser' chamados', mudando e tecendo complexid'ades. Um sina*de-quenhOuve ativagad do incons ciente são as mudangas e os altos e baixos dos estados de animo.'Não "São apenas os 'repentes; os acessos de raiva, a intratabilidade e os e§totirOS permitimos 'frente a riossOS' filhos e"-eSpOsas’1(niasnão permitimOs a eles), mss' tambem OS'6stadds"-de fi‘riirrio regem as invasões mais profUndai- de mudang'as';'de ritrrio;' de periodos de inflagao
des multiples, não estarfamos, em linguagem tradicional; falando de uma multiplicidade de, almas, n a alma possuida 52 por demOnios ou dividida,em varios fragment e em g uer-
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de criatividade, de tristeza e apatia prolongada, de aborreci, mento, tedio e melancolia. .E quando tentamos diferenciar conceito de amino e emocao do de inconsciente, e ainda d0 conceit0; de alma, deparamo-nos com grandes ' dificuldades, pois desde o mundo antigo :essas nogOes sempre estiveram muito ligadas, como ainda, estao. Pesquisas quanto a locaii, zacao da alma dentro do corps sempre foram confundidas com a busca da sede do emogOes. _Por ,que as emogoes e a alma se encontram ;t5o, estreitamente ligadas? Antes d e mais nda, porque a experiência da, alma e a ;das..emogOes sac) idênticas. E. pela emock que temos, o sentido exagerado de alma: honra, magoa; .ansiedade e o de .nossa própria pessoa. Pela. emocao temos a percepgao, de não estar sozinhos em nosso interior de não nos controlar totalmente, de que existe uma sutra pessoa , (mesmo que seta apenas um complex0 consciente) que .também tem alguma coisa (e frequentemene não pouca) a diner quanto ao,nosso com por tamento. Assim, o encontro da alma por memo do incons ciente também é mais, uma descoberta na, qual tropegamos. Cahnos em emogOes, humpres, paixões e descobrimos uma nova dimensão:que, por mais que, tentemos fugir,,,acaba nos levando para baixo, em direclao aormundo de nossas profunQuanto mais se penetra, nesse, mundo essencial de si mesmo, ,mais se sente que os pro- blemas. pessoais adquirem uma dimensk) humana, e que as verdades essenciais, e próprias de nossa individualjdade_se tomam"uniersais exatamente coos as Tmnagofics da teologia., .8 come se:a analise profunda conduzisse a um centro estran,ho e escuro, analise se de Deus. tom a diffcil distinguir o inconsciente da- alma e da imagem .8 por essa razao, e não por interesses religiosos disfargados, que o analista.acaba se,envolvendo tanto com pro; blemas de religião. Não somos padres fracassados.que nab seguiram a vocagao certa. A, alma e o inconsciente estao tau 54
alma, que somos levados, queiramos ou não, a afirmacOes sobre Deus simplesmente porque as descobertas mais des concertantes a seu respeito acabam surgindo, no desenrolar de uma analise. Quando Jung alerta para o fato de a psique ter uma funcao religiosa natural, ele não esti fazendo pro selitismo a favor de uma religião.natural ou de algum inte resse religioso disfarçado, embora hoje em ,dia ,muita gente esteja se valendo de Jung para escorar conviccoes pouco firmes. A funcao religiosa natural é inerente ao processo da analise. 0 modo peculiar que, a analise tem de modificar uma pessoa e a evidencia dessa" mudança (sob a forma de "cura") é surpreendentemente semelhante aos modelos da religião. Caracterizando, o processo de maneira mais breve.: a analise comeca com o recolhimento e a purificacao: Esse trabalho prolongado e com características de labirinto leva a revelacao de uma verdade e a uma nova visdo de si m es mo, com mudanças de atitude que se expressam por meio de uma linguagem de renovacao, conversão ou renascimento. Finalmente, tudo isso a confirmado pelo testemunho, d e monstrado de maneira vivida no dia-a-dia. Conseqüente mente, o analista acaba voltando-se para a religião em bus ca de entendimento adequado para os fenomenos que pre sencia em seu próprio trabalho. 0 inconsciente também transparece nos sintomas; não apenas sob a forma de afetos, personalidade dividida, esque cimentos ou atos falhos, não apenas nos sintomas, psicológicos, mas nos sintomas ffsicos, quando não existe causa de origem organica,. nenhum dado, nenhum traco ou razao logica para eles. Ainda mais: ha sintomas que são organica; mente demonstráveis, a que mesmo assim são classificados como psicogenicos. 8 evidente que, eles não são causados pela personalidade consciente ou pela vontade, mas sita. pelo inconsCiente. „ _ _ ? _ Ndoe mais de causar surpresa que esses ,sintomas pos;
interligados, e os problemas da religiao são ;CO vitals para- a
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milagres do tipo Selec5es do Reader's Digest; ptiblicados en' artigos como "Por queminhas-^dores de cab4a melevarait a Deus". Contudo, 6 convívio "prolongado com o SOfrirrien. to, com a encainacao de algueni eni "'uni* corPo que 6 ator mentado sem nenhuma razaci aparentei-sofrer a aflicao de JO mesmo permanecendo fiel a 'Deus com ci 'Maximo empe nho — esta,'0" lima experi8ncia humilhante quepode des pertar a ali na. Os sintomas hum ilham ; Ele relativizam o ego, rebaixando-o. A simples curados sintomas pode;-qtiando muitci; restituir b ego a sua'posigacranterior de doinfnio. A humilha'cao dos sintomas* é ilina'das maneiras de nos- tor narmos humildes, e "essa é a- característica traditional "cia alma. Falamos "muitCr dess& virtudeorem 'sabemos pouco a respeito' de suas manifeStagOes.' Não 'se pode 'sintoniza-la 'a um simpleS' toque de b'otao,'pois a humildade naci"e •COni. petencia' do egO. Entretanto existe algo "assim c o m a 6 im a humilhaOo‘Positiva, qUe'nâo é nem rejeicao; nem masOquismo ou ruptura,- e qtfe se encontra bem mais perfoda humil-
Se os sintomas' conduierm a alma- a "cura" 'deles tam
bém pode "cura4a", livrando-a do -que esta..cbrnec:and0 a surgir, inicialmente" de 'fOrma"tortUrada e chorando em.busi. ca*de ajuda, COnsolo e anior; inas.'qUe é a alma deritro da neurose tentando fazer-se 0uVir "tentando'impreSsionar- a mente estdpida eleimosi L- ess'a mula impotenterque insis te em seguir o-seu Caminhabbstinado'e sem mudanças. A reacao a um ••sintoma poderia 'ser bem mais de boaswindas do que de lamentacdes'e Tiedidos de reinediosc* pois o sinto m a 8 o p rim eiro escudo «da' psique q u & d esp erta;,o quer mais tolerai nenhuin abuso. A e 'qtie n pSiqUe recao por meio deles. E- atencao SignifiCa atender,cLlamatenderatenpara; um certo cuidado term,: e signifita igualmente esperar; parar e ouvir. Istb 'nos custa' um=bom terripó 'e'exige uma grande dose .de paci8ncia. 0 que todo sintoma-necessiti exatamente cuidado e atencaó catirihosa.' E .6 'essa mesa e ma atitude que a alma precisa Para ser sentida e Otivida. Nat) é
de espantar que Cluase'Seinpre seja necessário 6.-SUrgimentci de uma depressão ou uma doenca verdadeira para alguem chegar, por exempla, a relatar as experiericias mais extra0rdinarias de um novo sentido de‘ tempo,' de paciericia e de espera, e -em linguagem 'de viiferibia religiosa,* de chegada ao centro, de encontro consign mesm o, de abandono e entrega. Os alquimiStas tinham °Uma" imagem excelente p a fa expressar a transformdcao do sofrithento'e do sintoina em valor espiritual. Um dos 'Objetivos' do 'prcicessCi-'alquimico era a obtencao da perola de raro valor. A perola tem inicici com um fragmento durb; um siritOma_ neurótico ou uma queixa, um 'agente incothOdo e- irritante no ponto mais secre to de dentro da came, do qual nenhuma couraca pode nos defender. Ele é recoberto e trabalhado dia apps dia, ate que o fragmento acaba se transformando numa perola. Mas m es mo assim ela ainda.precisa ser buscada »nas profundezas e depois aberta para libertar-se. Quando, entao, o 'fragment0 ja se encontra redimido, pod& ser'utilizado conk) joia. Deve ser conservado junto ao calor da- pele para manter o seu brilho: o complexo-redimido,"e-’ que antes causava sofrimen to, surge agora :aos blhOs de •todose'cmo uma -virtude. 0 tesotiro eXoterico, cOnsegUidori atraVes - do trabalho oculto, transformOu-se emesplendors eXoterico. Livrar-se db-sintoma significa desperdiçaria- chance dCconsegiiir acjuild que-uth dia podera ter um grande valor, mesmo que de— inicio" se apresente sob uma-forma inSuportavel; irrifante é como alga b a i x o , d i S f a r c a d o . — •-• • - - Ma's a principal-_ inaneira de o' inc6nsciente=tolocar-Se em nosso caminho, a via regia, COnforme a denOminacao de Freud, é 0'sonho.- 0 sonhoó um simbdlo 'em si -mesmo,-iStO é, ele reune o cOnsciente e-o'inconscientejuntando'inco-1 mensuráveis e opostos.- De' um lado eSta .a .nafureza: con, teticlos e processds' psíquicos 'naturais, esPOntaneos-e, objeti vos que independem da 'Vontade. De cititro lado, mente: palavras, imagens,- sentimentos, padrOes e estruturas. Tra
to-se de uma ordem sem sentido ou de uma desordem estru. turada. Todas as noites o lado inconsciente da psique lanca uma ponte. Todas as manhas, quando por um momento da estamos no sonho, vivemos o simbolo e ficamos imersos nele, unidos em uma realidade existêncial, como se rude estivesse realmente acontecendo naquele momento. E sse estado, contudo, é difícil de ser mantido. A pressão do dia impulsiona o ego. 0 polo consciente da, psique solta o seu lado da ponte, Tropeçamos em nossos sonhos, e com bas. tante freqiiencia o fazemos apenas para chuta-los pap um c a n t o . A atitude junguiana classica em relação ao sonho muito bem expressa por um termo que eu tomaria empres tado a analise existêncial (os existêncialistas tem um jeito todo especial 'com as palavras e freqüentemente conseguem atingir com simplicidade o que os analistas vem fazendo ha décadas com floreios e curvaturas que podem sugerir emocao de uma grande descoberta). A expressão 6: "tomar-se amigo" do sonho, (to "befriend' th e dream ), ou seja, parti cipar dele, entrar em.suas imagens e animo, querer conhece-lo melhor, entende'-lo, brincar com ele, vive-lo, carregalo, familiarizar-se com ele, enfim tudo o que se faz com um amigo. Familiarizando-me com meus sonhos, conhego me lhor o meu mundo interior. Quem vive em mim? Por que, de repente, me afasto assim das coisas? 0 que 6 recorrente, e portanto, vive voltando para permanecer? São animais, pessoas e lugares, preocupacoes que 'me piedem atengao, querendo tomar-me seu conhecido e amigo. Pedem-me para cuidar deles e dar-lhes importancia. Essa familiaridade, de pois de algum tempo, produz a sensagao de estar a vontade e em casa com uma familia interior, o que nada mais é que a vida em comum e a comunidade comigo mesmo, um nivel profundo do que também pode ser chamado de "espirito consangiiineo". Em resumo, a conexão interior com o incons ciente conduz novamente a um ,senso de alma, a uma expe-, riencia de interioridade, um local para onde os significados 58
aa^rafiiÉrBciaaipaató le itigar habitavel e de ampla movimentacao para a expepXãmmtí^icidlLErBsrn^ Ebjna^ 0 habit° de valorizar os sonhos, que tom a o mundo riencia religiosa, de que falamos anteriormente, comeca a vivianís o
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interior habitavel, pode muito bem comet ar dentro da fami> lia. A mesa do cafe da manha, assim como se conversa sobre o que vai haver hose na escola, ou vai-se telefonar ou ficase simplesmente lendo, o. que_esta ,escrito ,na caixa de ce reais, pode-se também mencionar uma imagem ou fragmento de um sonho, da com isso ao inconsciente um lugar dentro da familia. ,Isto. pode ser feito abertamente e com simplicidade. Não 6, necessário interpretar o sonho de uma crianca, nee mesmo explicar a todo mundo por que alguem f sonhou isso ou aquilo» Sera suficiente colocar o sonho em contato com a vida difiria, e que, sua realidade subjetiva seja admitida, permitida e valorizadca o mundo da familia. Freqüentem ente, interpretar e expl_ 6 uma racionalizacao. E porque haveríamos de fazer um crianca ficar enver gonhada de seus sonhos„ou mesmo sentir que são mein malucos, esquisitos ou im p ró p rio s ? Os significados das imagens dos sonhos, não podem ser os que a mentalidade do ego lhes confere. Se ,isso aconteces se não haveria mais, crescimento, haveria apenas a dilata n d o do ego, uma nova p a x ro m a n d ,a qual todo e qualquer element0 estranho ou,alienigena teria de se submeter. Em nenhuma outra situacao o velho aforismo: "o conhecimento deficiente é uma arina .perigosa" «se faz mais pertinente do que em relação a interpretacao de sonhos. Parece que os orientadores pastorais reconhecem isso instintivamente quan-
do afirm am com freqiiencia que "deixam os ,sonhos em paz", como se estes fossem pordemais profundos e dificeis, sendo necessario conhecimento e.treino especiais para a sus interpretacao. N inguem nega essa verdade, mas,. mesmo assim, se o ministro.deve serum pastor de almas, com° the ^
6 possível ignorer essa vciz 'essential-da alma; e Considera-la uma mensagem adequada-somente para 0 entehdiniento de freudianos oU'especialistas Junguianos? Apesar fMPjJjdes dificuldades, -devembS nos 'aproximar dr:is Sonhos, nia« i'!;i 'íiUffl de uma outra forma, de uma maneira que não seja.especifij I; jf i I camente a dbs espeCialistas,-mas.qUe tenha inn. enfoque simno traballib paroqbial. i f f j f p l e s e pratiab;:ValidO tantO a'nieSa do café 'Clam'aril quanto Deixembs 'tlaro, cc:610 Tonto de partik: 611 :le não se trata' deseguir-o Vito de Freud; onde 'antes havia id, deVera ii denbis haver ego. Coriferir •aos*-s'onhcis,'ds' -significadOs. da mente»racidnal—6 simplesmente substituirAd POI' ego: Desse modo, a interpretagdo a c a b a r a ^ e ^ ^ ^ e transporter conteridos de um lado para o ouo da Poste: E a atitude de querer arrancar algrima ceisa do inconscienie, usandO-o-Para gashes infOrmaCoes, forCa-e energia — exPlo ragab'que e'ltotalmentefavoravel ao egO:' isto ' tem que 'ser their, e'so meurE 'uma atitucie fragrneritadord do simbolo, o qual. "6 justafhenteb 'pont° . d e juricao 'dostdois lados da psiqUe. E' isto leVaria':'a trachizit; o sonho par algtima 'coisa conhecida aSsirir corto' um Sinai’ ou Um ' rotulo: rat Coisa 6 um substituto matemo aquele biCho 6.'o «Seu iinprilscisekrial; aquelaS colinas d vales São o . Cenário do lar .da stra infancia e‘ dos. seus desejos infantiS. Interpr'etaCOeS. tab -raeibna lizantes e que tentarr substitUir o id pelo ego, trabalhatri, ha verdade-nO sentido'de drenar o inconsciente, acabain por reduzir- a sue extensão 6 por esvazia-IO'—ein'sumi,-Constituem nutria Serie' de 'atitudes "hostis' que estao niuitotlOngi de procurer fazes sonho -um-, anrigo., Quand& o'Sorrh° dividido em conterido .iriacional-e-SignificaCao racibnaliladora, ocorre a fragrhentagab da psique. 0 'swill0 Gibe a cede manha oferece a oportUnidade de curar a nossa Casa diVidida, acaba sendo Violado, :deikando .nOsSaS feridas abertaif,
que deve ser trabalhado ou aPiaPado com técnicas analiti-, cas, observado e espreitado de pontosestrat4icos. 0: mais grave, porin, é ter de encara-lo como realidgde cuja cia tera de ser destrufda, ^ y erd ad e que existem situações nas quais os sonhos reftetem um:Par1Ono se avolumando, um estouro de gado, uma, tempestade marinha; ou uma n h a em c o m p l e t e e n t a o , f e z - : s e i n e c e s s a r i o t r a, , zer esclarecimentos racionais que ponham a cabeca no lugar, Mas o mais importante ,sera sempre a atitude mantida na relação com o sonho.,, Uma amizade procura sempre manter a ligacao fluindo abertamente. A pijmeira _coisa nesse enfoque não,interpretativo sera dar,lhe tempo, sem saltar para nenhum tipo de conclusão que possa seriixada como resposta. A amizade pelo sonho comeca com a tentativa simples de ouvi-lo. e colocar num papel ou .caderno apropriado suas palavras exatamente como. aparesem. Para isso, toma-se um cuidado especial conn cr, tom dos seus sentimentos, com o nosso esta do de anirno: a° acordan e as reacOes emocionais durante o sonho;„prazer, medo, ,surpresa. Ser .amigo é aproximar-se do sonho pot: meipdo,sentimento. E, assim, cuida-se dele, recebendo seus_sentimentos como se fossem os de uma pes soa real„com,.a qual,iniciamos umcontato.Prestamos aten, cao ao que o amigo esta dizendo„sobre quem ele ,nos fala, ao local em que a hisOria sepassa,,Normalmente a cena do sonho reiane poucas pessoas, qua_se_ sempre umas quatro e, conseqirentemente, a apenas essa a_mensagem especifica que, nos esta_send°,transmitida. Se„durante algumas noitesapenashomens aparecem em «meus, sonhos,_ sei que algo esta acontecendo com meu lado masculino, que todas essas figuras representam yarias maneiras, de ser homem, tendo cada uma delas u m a q d rid especial de características, num macleo corm plexo 'que representa um fator saliente de minha personali dade. U m h o m e m é particularmente ambicioso, outro é um astro ,de futelpol 4gil,.esperto e_ manhoso, o terceiro é indis tinto e tem o,olhar., tugidio. Todos são possibilidades que se
numa desordem rimida e sempre fenoVada em nivel inferior; e coberta p o r uma ordem sempre nova é seCa na .superficie 60 E quando o inconsciente.se tranSforma em inimigo afluente,
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abrem;partes de m ire mesmo, complexos da minha natureza I que influenciam o meu comportamento. Os sonhos podem elevar-me jas companhias 'ritais -nobres;' deixar-me em aeroportos pronto para voar je desaparecer a qualquer moment0. Também poderri colocar-me 'em ! .quartos iinpessoais de hoe que não- pertencem a lugar -nenhum de que me lembre ou deixar-me deslizando por escarpas inclinadas, luminosas e geladas em 'meus. caminhos, recobertos de. metal.. 0 -sonho esta sempre dizendo:—"Olhe onde voce se coloca, veja quem esta com A historia que-um amigo nos corita co mega em algum lugar, tem comego, meio e fim , t , como todas as .historias e dramas. Eu ouzo onde o sonhb come ga porque isto estabe lece a afirmagdo- initial' de stia preocupagao; e como o ho rário e o lugar impressos -em um programa de teatro: -manha de um die de infancia, uma rioite no escritatio depois que todos foram embora e so eu acabei ficando, ou entao o meu quarto' de casado.-Também devo-prestar atengao a maneira que de cotem de construito seu,enVolvithento para atingir cy climax, as vezes £ S o ° C e S P i t A f W Õ - I t e b r a s c o , -ou vai sea Embora scjàm-ncccssariosgdo para conseguir interpretar -bcmmr/o.s anos de familiarize_ um sonho (ja que, se trata realmente de um trabalho de especialista, envolvendo periciae arte ao mesmo tempo), ndod preciso grande habilidade nem conhecimento especial para tomar-me seu ami„0l Não ha dificuldade em permitir que o amigo caminhe eni devaneios, tecendo as tramas do sonho e, a essa altura,, o o b s e r v a d o r to as pode- perambular, fazendo associagdes, ampliando ou relembrando incidentes,-, jogos de palavras; paralelos biblicos, mitologicos ou- fatos semelhantes já ‘vis tos em filmes Deixo-o falar e converso t om ele, ao invés de 62 partir para analises e interpretagOes.'Ao fazer isso, nos diri-
girrlos as suas imagens e estados de animo, encorajandb-o a continuer a narrativa. Aqui é necessário tomar cuidado no sentido de respeitar* e considerar a dignidade e6 valor de sua atm osfera e im agens, e a m elhor m atieira de chegar a isso é através das mesmas reatoeS corajosas que São'.a 'alma de qualquer amizade. Encorajando o 'sonho; a,coritar a sua historia, dou-lhe oportunidade de apresentar a sua v e rd a deira mensagem, sett tema iiiitico,aproXiMando-ine, dessa forma, dos mitos que atuam em mini, de minha "verdadeira historia vista por dentro, .ao_invés de anotar, a historia de um caso visto de fora. Tomo me'-meu próprio niitologb, o que. originalment& .significa " contador" de historias" Desta -forma o orientador paStoral podera; certamente, comecar a ouvir Os sonhoS juntamente com as outras 'histf5rias que surgem eni seu trabalho. A narrativa onirica não e nada mais que 0 aspecto interior da historia exterior. A m e dida que o orientaCior pastoral 'vai ouvindo os sonhos, sua audigao vai se -desenvolvendo, tomando-se mais agugada; assim como acontece t om o contador de histotias ou de pia das. Foi assim que' Jose a Daniel ouviram. E o orientador podera ouvir ainda melhor, '.caso adiante a identificagao como esses analistas' biblicos, coisa quo na verdade significa não cair na tentagdo de dar interpfetagoes autoritarias. Nab se pode considerar esse enfoque comb amadorismo psicológico, pois os sonhoS;riaO são p.ropriedade eXtlusiva da psicologia. .Houve um tempo 'em que eles eram levadcis aos homens mais santos para; serem interpretados. Os sonhos pertencem tanto ao religiosO- quanto ao psicólogo pot serem "A Linguagem. Esquecida , de Deus" • (afirmacao do Rev. John Sanfordem livro do 'memo titulo). Amadorismo seria abordar os sonhos*tdm instrumentoS*psicolOgitos ainda não suficientemente dominados. Seria proptio de amadores ten tar interpretagOes •anal iti Cas sem aquela •devogao e respon sabilidade com o‘inconsciente, sem aquele'conhecimento_ do material objetivo simbolico, Os quais -tecem o contexto da formagao^onirica e toda a Ciência da sua arte. 0 sonho sem-
pre foi universalmente considerado umamensagem de kn « portancia e, as vezes, de procedencia divina. Por isso mesmo o interprete,tinha que ser um,homem_a parte a fim de Con. seguir,manipular asforcas:que se libertavam,durante a reve. lack). Isto não sofreu nenhuma, mudança fundamental, ape. sar de todos os estudos,cientificos a_respeito...E o simples at de tomar-se amigo dos sonhos não podera resolver-lhes a perplexidade e nem a linguagem o_ bscura. 0 destino continua a fazer-seanunciar por ;pejo_ dos sonhos, e as', vezes o que se pressagia;e me.smodesgraca, sendo que na*realidade, com freqUencia,,p,puca „coismpodeser. decifrada. Mas apesar de todos os intrincamentos e menos‘ amador, menos diletante ser amigo, brincar e fantasiar, o seu prolongamento», pois este Opo ,de exploracao vai encontrar, o sonho, em seu próprio terreno, imaginativo, permitindo-lhe, revelar-se mail extensamente. As manifestacioes oniricas fazem parte da hnmanidade, com um ,_e melhor„aborda4as por meio dessa humanidade .do ,que tentar estrategias. e _tecnicas especiais. Quando o ministro de hoje comeca a ouyi-las, ele assume noyamente.uma parte de: sua missão pastoral no c,uidado das almas. H o j e e m . dia, cuidar,de almas significa dedicarse ao inconsciente. 0, ,yrrinistro peide faze-lo de acordo.com o seu ipróprio,funclo arquetipicos a sua própria maneira, sem ter que. recorrer ao.emprestimo de, metodo clinico ou a linguagem psicoparolOgica da psicologia: Caso_;se, imponha ao orientador, a escolha entre -,ser, amador de sonhos ou encaminhar a pessoa a nii.psiquiatra para receber "ajuda profissional", deixe-se, entao, que ele seja.suficientemente ousado a pont() de representar e Ibriricar. A representacao podera manta, a alma -viva. 0 amador que tem consciênciaa de estar. ,briricando e rrepresentando, que conhece a sua própria ignorancia e confia no .Sonho como um guia, podera, causar muito menos dano que esse tipo, de profissional que tende_ a desconsiderar o sOnhdlem favor da psicodinâmica e das drops. Aci ouvir >os sonhos,'o orientador estard, pelo menos 'atento,a alma das pessoas;
mestrio que não sea cap de relatar em linguagem profisue esta acontecendo. 0 orientador pastoral que se sente amador sional ° q H°dricnualotu,reexziagindo de quem tenta entender o seu significado rola ingenuidade altamente improfissional; 0_ amador, em psicolgia, ou "amante da psique", exatamente devido a sua atitude humilde e aberta em relação ao sonho, tem a chance de afirmarlhe o valor e de reconhecer-lhe a importancia sem depender do conteirclo* S6 pela atitude ele ja consegue valorizar e reconhecer esse produto da alma, fazendo o mesmo com a própria alma em sua fun* criadora, simbólica e cade surpresas. Não seria isto abençoar a alma, pois não e uma grande bendo para apsiqueeseas sonhos inclusive para o sonhador — receber tais reconhecimento Nos sonhos inquietantes de terror, repletos de imae confirmacao? gens feias e de crueldade, é freqüente esquecermos que o inconsciente nos devolve o que the demos. Como num espe lho. Se eu fujo, ele me persegue. Se eu me coloco muito acima, ele é um abismo a meus pes Se sou nobre demais, ele me manda sonhos indecentes. E se eu lhe voltar as costas, ele me atrai e tenta fazer-me olhar de novo, valendo-se de imagers sedutoras. 0 golf o entre o consciente e o inconsciente estreita-se na medida em que conseguimos,sentir em seu favor, dando-lhe algo de nos mesmos chegando a viver com o inconsciente da mesma forma que com um amigo. A absorcao. continua com o nosso mundo interior .leva a experiências com esse mundo interior, experiências que lhe são sempre favoraveis. Elas podem ter pouca ou nenhuma ligacao com o mundo de fora, ou com o encontro de solugoes. Isto é, podem não conduzir imediatamente a uma idéia ou projeto novo, ou mesmo a solucao de um problema con jugal on de trabalho. Trata-se mais de experiências de fates
de nossa própria vida. Estas experiências são, na verdade, a renovacao_. da • capacidade de termos experiências, de nos_
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transformarmos num ser que experimenta...Os deslumbra, mentos, as grandes sensações e a ansiedade por esse tipo de coisa acabam por desaparecer_Ao desenvolver-se a capaci dade de experimentar e amar a vida tal como ela e, precisa mos de menos acontecimentos porque temos mais experiências. Esse crescimento é o crescimento da alma,.exatamente como a descrevi anteriormente, ou seja: ela toma possível a existência de um sentido, transforma fatos em experiências, comunica-se através, do amor e tem uma implicagao ou interesse religioso.. 0 interesse religioso difere do teoldgico ou dogmatics, pois este. toma as experiências em posicoes ja estabelecidas na vida mental ou exterior, colocando a alma no centro da profissão. 0 interesse religioso da psique aparece mais sob a forma, de simbolos espontâneos que tem representações similares na religião, assim como a cruz dos adversarios, a crianca em perigo, o jardim, a montanha,, a 'passagem e o guardiao, a fonte, o vento, .o deserto e _o_ bosque de arvores sagradas — imagens freqUentes nos sonhos. Ou, entao, essa implicacao surge através .de,motivos expressamente sos: a importkcia do amor, a luta contra o mal, o exterm í nio do dragao, a conversão ou cura milagiosa. Ou ainda sob a forma de insinuações ou percepcOes referentes a imortali dade, eternidade, metempsicose e questões sobre a morte, o apos-vida, o julgam ento da alma, o que é certo para ela, onde ela se encontra e para onde ira depois. Em outras lavras, a preocupacao_religiosa, toma-se uma manifestacao espontanea de cada um ,de .nos, quando a alma é reencon, trada. 0 dogma e a teologia tamLiem assumem significack nova, pois, de um lado, as, interrogagoes e imagens da alma podem nutrir-se do acervo da religião tradicional e, de outro, um senso de experiência redescoberta traz juventude a tra, dick, conferindo-lhe novos significados como prolongamento de uma religião que esta se revelando continuamente. Equivale a dizer que a revelacao cessa quando se perde a 66
alma, e esta não pode mais of erecer experiência e signif ic e aos mitos, simbolos, fbrma e proyas basicas. Para a psicologia, o que vem primeiro és a alma; depois a religido. Marro assim, a alma nab_atinge a plerlificacao sem concre5
tiz a r o seu envol vi ment o rel i gi oso. _ Talvez não se possa dizer se .e psicologia ou religião o que vem "primeiro"..A atitude simbólica da psicologia, que se origins na experiência, da alma leva ao sentido da_, pre senca oculta e numinosa do divino, enquanto a fe em Deus conduz a visas simbólica da vida, na qual o mundo 6 pleno de signif icacao e de "sinais". E como se a almconduo a na esco5
lhesse entre psicologia e religiaq,porque uma
z natu
r a N
minhas decisi5es; ou ,seja, ela, adquire mais c o n c r e t a . -
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realidade
A16m do mundo conhecido de minha realidade mental (introspeccoes, fatoS que me preocupam, pianos, observa, goes, projetos e pensamentos) 'e da realidade dos objetos a minha volta, podera desenvolver-se um terceiro dominio que é uma especie de inconsciente conscientizado: E assim com0 I uma realidade de tipo não exatamente concreto, não dirigi, da, não comandada, não objeto, e não Sujeito. Elatam W m não é totalmente eu. E, antes, alguma coisa que acontece corm o, Ela não me preocupa como um projefo ou um a introspeccao, nem'a relaciono imediatamente"com o mundo conosco e com podemos senor a conexão natureza. Podemos chorar, explodir ou deixar dancar a sensualidade, discutir com Deus, examinar imponderabilidades, e encontrar, sem meditacao que se guie por uma compulsão ativa ou rigores extremos, sem LSD ou "experiências com drogas", uma vida interior chegayido a luz. Não me ocorre maneira melhor de descrever a entrada nesse terceiro dominio - de_ realidade psíquica que reside entre a mente e-a materia (e que talvez-govere ambas de uma forma que ainda desconhecemos) do 'que relembtar Jung. Ele diz que na pratica freqüentemente a solugdo não é analisar, mas entrar no sonho junto com o paciente e Somos levados a conclusão que a redescoberta da alma através do inconsciente resulta num_interesse ao mesmo tempo teologico e religioso. 0 primeiro surge quando procuramos formular essa vida interior religiosa com todas as suas complexidades contraditorias e relaciona-la aos 'dogmas oficiais sobre a natureza de Deus. 0 segundo aparece na presença redesperta do mito interior e de um sentido de desti®
no
o sentido de que, de alguma forma, estariamos p re
destinados. Estar destinado implica a existência de uma for ca transcendente que chama, escolhe ou expressa alguma coisa através de nos, uma forca ,que dasignificacao. A co nexão interior com nossas vidas enquanto ritual, existente em n õ s como um simbolo da humanidade comum a todos os homens, remitologiza o curso dos acontecimentos, devol vendo numinosidade as coisas do mundo. A conexão interior também constrói a ponte de ligacao com a interioridade de calla homem que venhamos a encon trar no aconselhamento. 0 mundo interior do sonho, das emocoes fortes e do sofrimento é sempre humano demais e tragicamente o mesmo para todos nos. Isso não depende de nivel educacional, de cor ou nacao. A morte de um filho, o chime no amor, o pavor da escuridão da noite, o envelhe cimento, o pecado e o remorso: todas as imagens e experiências de m inha alma são as mesmas da tua alma. Esse campo de realidade psíquica imanente a cada um transcende as diferenças individuais que existem entre nos, dando-nos uma linguagem comum, baseada em nossos mes mos tipos de experiências. Através do inconsciente nos re encontramos todos a experimentar a parte de imagens e emocoes que nos foram dadas coletivamente. Observações como estas, colhidas na pratica, forcam nos a concluir, quanto a teologia, o seguinte: o movimento no sentido de desmitologizar a religido, de ajusta-la aos nos sos aridos esquemas racionais, é comprovadamente equivo cado. Assim considerado, Deus esta realmente morto. 0 Deus morto é um Deus desmitologizado e desentranhado de emocoes. Ele é uma invencionice mental sem realidade psíquica. I possível que uma religião assim possa convencer a mente de um modo mais racional — embora eu tarnbem duvide disso. Contudo, de qualquer forma esta sera uma religião que não conseguira prender a alma exatamente por abandonar o inconsciente onde a alma
necessa'rio deSmitol°gizar a religiao para it ao encontro d0 homem modemo? Não poderíam os eScolher alternativa do envolvimento com o inconsciente' e, a partir daf, religar, mos o homem modem0 aos seus mitOs? Talvez dessa mane interesse religioso" natural, ra venhamos novamente a nos deparar com a alma e o seu
III A escuridão interior: o inconsciente enquanto problema moral Uma grande dificuldade do trabalho pastoral, no to ; cante a imaginacao do leigo, é a .discrepfincia natural que se origina entre a moralidade que se prega e a que se p ra tica. Supoe-se que o ministro seja um paradigma da ruptura entre predica e pratica. A "nova moralidade" da nova refor ma trouxe este conflito a tona e buscou uma solucao atual. Entretanto, as mesmas sombras estao surgindo também no trabalho analitico,. Do mesmo modo que, se, discute a etia das profissoes juridicas, medicas ou dos servicos publicos, agora, pelo fato de a nova analise separar-se de seu contexto psiquiatrico, vindo a formar seu próprio campo, comeca-se a assumir a realidade da etica analitica. Os problemas morais constelados nos setores dedicados ao servico de finalidades mais elevadas são mais espinhosos, sendo aqui a divisão entre o bem e o mal particularmente estranha. Parece que enquanto tentamos iluminar, buscar a verdade e fazer o bem, um lado oposto cresce com a mesma intensidade. um fenOmeno tao independente da intencao de nossa consciência, tao dificil de ser enfrentado com firmeza e igualdade, que, gradualmente, uma dissociacao acaba por nos dividir. Na melhor das .hipoteses aguentamos a tensão, sofrendo a dor moral. Na pior, reprimimos a rutpura e o mundo se ressente dela como hipocrisia e, traicao. Muito dificilmente se resolvers, a divisgo entre predica e pratica, consciência e sombra, forca da loucura e forca da sabedoria, escolhendo-se um em detrimento do outro. Forcar a pratica aos molcles da predica, comp fazia a velha moral, ou perrnitir clue a pregagao seja levada e, delimitada pelos fatos da pratica, como o quer a nova moralidade, apenas sufocard o conflito, sem resolve-1o. Ambas as ceisas es0o enrai-
zadas na psique humana, tendo sua autenticidade pi-6pda. São dois campos de acao, e talvez a mao esquerda e a mao direita não devam revelar seus segredos uma ,outra. Tal vez exista uma SOlugao hielher que 'favorecerinn lado esque cendo o outro: poderia ser o desenvolvimento do meio, o lugar intemo e obscuro onde fica o coracao. Uma das intencOes deste capitulo '6 «fOcalizar eSse 'desenvolvitnento. thentalidade popular, quem- esta no pt. l lpito deve identificar-se com. -a moral," e querri ^senta* na cadeita do analista deve apoiar ide o desejo desenfreado, sendó por tanto' contra'a moral. COnsequentemente 'espera-Se que os conflitos de religiao epsicologia se coloquem não apenas em termos de quem teria direito mss' tambem de quem defenderia a moral, '6 quem*' dada um jeitd de nos desfaiermos dela •-'por da analise., Olhandb inaiS de perto, verembs ' que eSseS papóis,* hOje,'curiosamente se in-' verterani." Na' Moralidade, atual, como se. fez 'apregoar em certos pólpitos, transpareee' in •tom notavelmente —liberal de abertura para a vida e para o amor, que era bem próprio do seculó- XVIII. Para escapar a Mao asfixiante"-do' vitórianismo de uma certa moral e no esforço 'de av an çar, essa nova moralidade parece ter saltado ainda mais- para tras, para o terreno anterior a epoca da rainhaV itaria..' Quanda se garante que Deus se ,ericontra tanto ha-sala de jantar quanto na Igreja, tank:) nas 'relagoeS „ humanas quanto- na rel4ao de DeuS com os «homenS, quandó a justificative doS" atos aeaba basear-se na -profundidade do amor entre as peSsoas', o '. que realmente acOntece é uma surpreendente' distorção •contemPoranea - de dois preceitOS agostinianos: "Ama efaze =o que quiseres", e "Ulna coisa somente ê ordenada-aoS cristaoS, ou seja: o athor".1 Todas as questões morais deveni Set; decididas so 'em Telagao ao amor. "Pois n a d a m a is revels 'seuina coisa é certa 6u erra d a " ^ Pergunta-se quem eStaria, ncissoS dias, liderando o 1 A. Nygren, A g ap e a n d Eros, Philadelphia, 1953, 2 J. A. T. R o b i n s o n , H o n e s t to God, S . C . M. p. 454.
ataque a antiga moralidade. a nova N
seria, talvez, exatamente
es
altíssimas de nossos dias, o Sr. Mundo Frio aparece sob a forma de Faustos :rapazes, de cabelos curtos e caras barbeadas, perainbulandO ao lOngo dos eorredores do Poder. Eles são Os indicadOs para os altos postos governamentais. São os que desembolsam os reeursos *das Fundações e dirigem as grarideS Empresas. Esse modelo natur ral do pensampnto cientifico afeta a psicologia,e' a teologia do mesmo modo que o modeló techicomedico,afeta o psico logo e o pastor. rNinguem mais q:uer estar desatualizado. Isso era coisa do passado. Agora, chega! Creio ser a nova mora lidade, sobre a qual escreve 6 bispo Robinson, uma tenta tiva de acompanhar a atualidade possível de ser racionalizada como uma "evolucao de acordo com os tempos". As igrejas querem estar dentro da vida, ter .atitudes adequadas A egunda ,metade do século XX,seus ministros não querent mais assumir atitudes morais que contradigam o seu próprio tempo. Assim, a nova moralidade deste século 6, uma rou pagem teologica para as tendóncias mod,emas. Pod6-se ler em H onest to God: "Não é mais necessário, porem, pro,var a neces. sidade de uma revolução na moral. Essa revolução ja irrompeu ha muito tempo, e não se trata de uma 'trans form ação relutante'. Poi: 'aqui OS ventOs' inudanca ja forniarain um poderosO vendaval" (p. 1'05). TrafO-se de uma jUstificacao 'ex p o st facto, o recOnheeimento de uma 'revolução e de um novo regime não d e jure, mas d e factO : E preferível navegar em mein ao yendayal que ser derrubado como uma rigida torre cujas pedras, ennetanto,:estao" se desfazendo. Supoe-se que â nova realidade teriha surgidó a partir do trabalhO de Freud. As descobertas da psicológia profunda são o cenário de fundo "ciehtifico"
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da nova libertacao. Eu gostaria, porem, de, salientar que a 73
analise é um procedimento moral 'que pode ate apontar a salda para o dilem a entre a velha e a nova etica. A confrontacao com o mundo interior, dentro das ca racterísticas que ja nos referimos, pode, no inicio, ser uma experiência einocionante e inflar a personalidade. Abre-se uma porta reveladora de um mundo. De repente coisas ha muito esquecidas ou consideradas sem importancia adqui rem uma forte sensibilizacao. A infancia 6 revisitada e ja se pode voltar ao lar. Veridades enterradas transformam-se em verdades florescentes, passando a ter novo sentido inclu sive aquilo que sempre foi pregado aos outros. IssO tende a ocorrer frequentemente na terapia. No ,comego não se con segue esperar para contar o próxim o sonho, a próxim a revelacao do inconsciente ou a sessão ,seguinte da analise. Por fim as coisas acabam se ajustando e ha energia para levar o processo adiante. 0 contato inicial com incons ciente é uma experiência vitalizadora, como se uma fonte de ha muito estagnada pela indiferença passasse a fluir n o vamente. E o que se encontra são exatamente essas imagens energeticas: o leito de um riacho se enche de agua, uma lagoa parada comeca a fluir, surge uma manada de animais, um cavalo vigoroso em um campo verde, uma geleira que se derrete, dinamos, turbinas mecanicas ou docas de partida de transatlanticos, estacões rodoviarias, aeroportos e fronteiras. Uma longa jom aela esta para comecar; mas o entusias mo e a inflacao próprios do inicio, e sem os qirais ele difi cilmente poderia ser empreendido, acabam invertendo-se — assim que o navio deixa o porto, ou o trem sai.da estacao, a jornada transforma-se numa odissdia perigosa, numa aven tura no mar notumo ou no deserto, onde se é possuído pela total forca fantasmagórica do desconhecido. Ou entao aparece um bebado que mal consegue segu rar o copo, ou o nouveau riche, o grande perdulário, o milio= nario grosseiro, o maquinista de um trem, ou todos os Ude, res arrogantes da politicke da comunidade. A nova energia
se desviou, sendo assimiladk pelo ego sob a forma de rom pantes, ostentacao e poder: Freud foi o primeiro a descrever o que se pode encon trar quando a porta do inconsciente e aberta: nos descemos e realmente damos- de cara com a escuridão interior, mer gulhando nela. E como é escuro ai dentro! 0 inconsciente, como vimos no capitulo anterior, não pode ser consciente; a lua tem um ladotoculto, o sol se poe e não pode brilhar em toda a parte a um so tempo. E mesmo Deus tem duas maos. Para haver atencao e foco é necessário que outras coisas fiquem fora do campo da visa°, permanecendo no escuro, pois não se pode olhar para dois lugares sim ulta neamente. Entretanto, a escuridão a assim por duas razoes: primeiro, por ser riecessariamente reprimida (o mundo tao cuidadosam ente estudado por Freud) e, segundo, por não ter tido nem tempo, nem Lugar para vir a luz. Essa é também a escuridão interior, o chao ou a terra de um,novo ser, a parte que, se encontra "in poten tia " e que vem a ser culti vada pela psicologia junguiana. Ai se encontram o Passado e o Futuro. Por tras da escuridão reprimida e da, sombra pessoal — daquilo que ja era e que esta apodtecendci, e da quilo que ainda não e e esta germ inando encontra-se a escuridão arquetipica, o principio do não-ser, que foi de nominado e descrito como o Demonio, o Mal, o Pecado Ori ginal, a Morte, o Nada Existêncial, a prim a matéria. Volta remos em breve a esse'assunto: , A, experiência da escuridão.interior que Freud descre ve e a confrontacao viva com a nossa própria natureza re primida. A besta emerge da gruta onde esteve deitada longo tempo adormecida, e temos terrores notumos, acordando molhados de suor. Um cadaver ou mumia ancestral ressus cita. Surge um vasto.pantano anis da igreja ou da casa pa terna,- e dali se arrasta um monstro pre-histOrico com um longo pescoco falico vermelho, e quem nega a sua própria animalidade fica imaginando como podera ter sonhado uma coisa dessas. Um criminoso, uma crianca retardada, fezes
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vez que o ego menospreza suas próprias yirtudes e talentos, estes passam a incorporar-se a figuras onfricas que se apre sentam sob a forma de ,marginais, ou seja,-seres que foram marginalizados pelas duras leis com que edificamos nossa sociedade interior. Assim,.estes potenciais deverão aparecer como uns fora-da-lei,'desajustados e ate mesmo aleijados e lunáticos. Curar os cegos e leprosos, tessuscitar os mortos tom a-se uma necessidade intema, quando se quer trazer sande a personalidade. A experiência dos simbolos da escuridão pode se dar não apenas em niyel dos fatos relacionados aos pecados e crimes da Vida de c a d a um, mas também dentro de uma visa° mais am pla do desenvolvim ento humano. Hercules teve que, limpar a imundfcie dos estábulos de Augias; teve que canalizar verdadeiros rios de energia para realizaresse trabalho impossível.•Também teve, que dominar o leao das am bicoes e da sede de poder pessoal e estar pronto para sujar-se nos, estábulos. ,Ulisses precisou, defrontar-se com o gigante do olho faminto, o demOnio unilateral da co m p u l são, antes de prosseguir em sua jornada,, Em algum lugar ha sempre um monstro a ser enfrentado, um ser horrendo a exterminar, um impulso a ser ultrapassado. Em algum lugar um anjo nos espera para uma luta corpo-a-corpo antes de podermos atravessar o rio. E quando se esta sozinho no d e serto, que tanto pode ser o subtirbio de, nossos dias e,o pre"dio de escritOrios, quanto, o que mencionavam os primeiros padres da igreja, ,demonros de todas as especies, se aproxi mam: os que tentam, seduzem, pervertem, provocam projecoes e os que nos iludem._Ha sempre uma, base de apoio para cada queixa que, surge e, quanto mais devastadora fascinante ela for, tanto mais certos poderemos estar de que existe um embasamento arquetipico empregando um sinto ma como simbolo, o qual, se melhor compreendido, é não apenas um sofrimento patolOgico, mas a chance de trans formar-se numa experiência religiosa. 7879
A 'cura da sombra se apresenta, por um lado, como problema moral, ou seja, o reconhecimento daquilo que foi reprimido, no rriodo como exercemos essas repressões e nos enganamos por meio de racionalismos. Trata-se de descobrir quais os nossos objetivos, e o que ferimos e ate mesmo mu tilamos em nome deles. Por outro lado, a cura da sombra é um problema de amor. Ate onde ira esse amor por nossos mundos partidos e em minas, por tudo aquilo que é desagradavel e perverso dentro de nos? Quanta caridade dedica mos a nossas fraquezas e doenças? Ate que ponto nos per mitiremos, construir internamente uma sociedade baseada no amor, onde exista vez e lugar para todos? E' se use aqui a expressão "cura da sombra", é para enfatizar a importancia do amor. Se, na tentativa de curar, coloco a "mim" como centro, frequentemente da-se um desvio de objetivo, que se, apresentara como cura do ego, ou seja, como uma maneira de toma-lo melhor, maior e mais forte de acordo com suas aspiragoes que, geralmente, não passam de copias mecanicas das aspiracOes da sociedade. Mas se estivermos, tentando curar aquelas nossas fraquezas congénital, fixas e intrataveis de teimosia e cegueira, mesquinhez e crueldade, arrogancia e hipocrisia nos defrontaremos com uma nova necessidade de convivência onde o ego precisa escutar e servir, ccoperando com uma horda de figuras desagradaveis e sombrias e, ao mesmo tempo, precisando descobrir a habilidade de amar ate mesmo a mais insignificante dentre elas. Amar a si mesmo não a coisa facil exatamente porque sig nifica amar tudo dentro de.si. inclusive a sombra, onde somos tao inferiores e socialmente não aceitos. 0 cuidado que se presta a essa parte humilhante também e cura. E mais: pelo fato da cura depender de cuidados, cuidar as vezes não sig nifica nada mais que carregar. 0 fator de importancia p ri mordial na redencao da sombra e a habilidade de carrega-la consigo, como o faziam os antigos puritanos, ou' os judeus em seu exilio interminável, dia apos dia, conscientes de seus pecados, espreitando o Demonio e em guarda contra um
escorregão numa longa peregrinagao existential com uma carga de pedras as costas, sem ter ninguém em quem desearrega-las, e sem destino c e rto onde chegar. Entretanto, nada disso pode ser programado para se desenvolver levar a inferioridade a estar enicomplacencia 'com os objetivos do ego, pois em tal atitude não existiria amor 'algum. Amar a sombra pOdera comegar pelo fato de carregala, mas mesmo isso não sera suficiente. A um dado momento uma outra coisa.devera' irrOmper: aquela compreensão que ri do paradoxo de nossa própria loucura, que também é igual a de todos os homens. Ai, entao, podera surgir a compreensão de tudO aquilo que é rejeitado e inferior, um caminhar junto e mesmo uma vivericia partial desse m un do. Esse amor podera mesmo precipitar a identificagao e o agir de acordo com a sombra; levando-nos a cair' em seu fascinio. Ai esta a razao'de- nunca podermos abandonar a dimensão Moral. Conseqüentemente, a cura é um paradoxo que requer dois incomenuraveis: o reconhecimento moral de que essas partes em'mim são pesadas e intoleráveis, pre cisando mudar justamente com a aceitagao amorosa e riso nha ,que as receba exatamente como são, com alegria e para sempre. A um so tempo lutamos arduamente e deixa mos o barco correr, julgamos com severidade e aderimos de bom grado. Moralismo ocidental e abandono oriental: cada um se atem apenas a um lado da verdade. Creio que a atitude paradoxal da conseiencia com relagao a sombra encontra um exemplo arquetipico no mis ticismo religioso judaico, onde Deus tem dois lados: um de retidão moral e justiga, e outro de MisericOrdia, perdão e amor. Os chassidim stistentavam o'paradoxo e suas narra tivas mostram uma profunda devogao moral associada a um surpreendente sentido de prazer pela vida. A descrigao de Freud do mundo-sombrio por ele desco berto não fez justiça a psique. Era uma descrigao por demais racional. Ele não dominava bem a linguagem paradoxal falada pela psique, e não conseguia ver com clareza que cada imagem e'experiência contóm um aspecto prospectivo 8081
e um redutivo, tanto um lado positivo quanto um negativo. Ele não conseguia distinguir, suficientemente o paradoxo do lixo em decomposigao ser também fertilizante, da infantilidade*ser também espontaneidade infantil, da perversidade polimOrfica ter um lado de alegria e libertagao física, e de poder o'mais feio dos homens ser o redentor dentro de um disfarce. Em outras palavras, as descricoes de Freud e de Jung não são duas posigoes conflitantes e distintas. Ao invés dis so, a visa0 de Jung deveria ser sobreposta a de Freud, am pliando-a por adicionar-lhe uma nova dimensão que toma os mesmos fatos, as mesmas descobertas mostrando-as, entre tanto, como simbolos paradoxais. A mesma complementaridade a verdadeira com relagao as Concepgoes junguiana e freudiana de analise. As re gras de. Freud eram rigorosas e os freudianos de agora con tinuam a guiar-se por regras estritas quanto ao metodo da analise, ao relacionamento entre o analista e o paciente, e quanto ao comportamento que este paciente devera ter no mundo 'durante o period0 de analise. Tais.regras passam a constituir um novo codigo moral, uma nova orientagao do superego bastante assentada nos padrões de comportamento e atitudes do analista. E o seu objetivo é garantir que, desta forma, havers o minimo possível de manifestagoes concretas do material que surge durante a analise 'sob a for ma de awes, expressas. Devido ao, fato de as foigas da sombra,poderem, por um lado, ser tao dinâmicas e, por outro, tao anti-sociais, a contengaomoral se faz necessaria porque o material que esta sendo trabalhado apresenta essa qualidade primitiva e infantil própria da-sombra. Contudo, do ponto de vista junguiano, existe uma outra justificativa para a moralidade analítica, bem como um outro enfoque para a sombra. A moralidade reforga o receptáculo onde a personalidade po derá desenvolver-se. Vamos- considerar isso mais,de perto.
A sexualidade, em particular, 6 constelada pela som bra, tomando a partir dal uma vida nova. Elajcomeca a in corporar significados de liberdade e prazer, de idade adulta, potência e criatividade. 0 'mundo se tom a sexualizado, e a sexualidade parece confirmarse enquanto existência, como se fosse Uma verdade basica em si mesma. A vivência desse aspecto do inconsciente, nos da a' impressaa. de que Freud estava certo do comeco ao fim. >~ óbvio serem imensos, os perigos: de uma expressaó indiscriminadamente concreta do material. Eclode, entao, um conflito hem dificil entre. a. nova libido e a:velha moralidade. Parece que_esse estagio de penetracao- no mundo da sombra esta envolvendo a nossa scciedade como um •todo, principalmente se nos .debruçar-, m o s s o b r e os ú l t i m o s v i n t e a n o s . •. Outros aspectos morais como agressão, ódio, orgulho e poder, preguiça, desonestidade e falsidade de atitudesjam-, bem pertencem a sombra do sentimento e merecem consf, deracao dentro dos aspectos de.uma nova moral. No traba-, lho analitico, esses aspectos não são menos„iirgentes que a sexualidade. Entretanto, porque a nova moral parece se exprimir em termos de amor e. sexo, e porque amor .sexo são estandartes contemporâneos sob os quais se.travam ba-, talhas ate mesmo de ordem educacional, legal é politica, somos tambem obrigados a considerar essa, questão. Entre, tanto a verdadeira revolução, que esta se operand(); na alma individual não é tao .sexual quanto psíquica e simbólica, e uma luta por uma experiência totalmente nova .de realida de (experiência que no. fundo é a mais_ antiga religiosa possível). E esse desejo, de yansformacao só em suas gens se apresenta, pela fantasia sexual dessa realidade quica. Detenhamo-nos inicialmente sobre as respostas aos pro-. blemas de amor e sexo que nos: Oa a nova moralidade. Ela parece sustentar que a luxuria e o adultério não poderão ser moralmente condenáveis, desde que se deem entre adul tos conscientes e no exercicio de suas vontades, contanto 82
que ,não ocorxam em, pilblico, que isejam profundos, signific a t i v o s e n a b q u e se b a s e i e m n o a m o r , o u seja,.no reconhecimento, da pessoa do outro. Na verdade, o bispo Robinson diz:,,;, assercoes sobre Deus são, ultima anali se,"asserções sobre o Arrior — a base e a significacao exiremas do telaCionamento Fieskoal.3 A'fe- em Deus é 'a "eonfianca, a quase inacreditavel confianca e'certeza de que ridsrsa cloaca0 extrema no amor signifiCa apenas não set- cOnfundido, "Inas 'aceito',,que o am or e :baSe essencial de nOsso ser, a qual' retornainds" , Sera _que. " significacao ", "transcendencia ", "profundi dade" e "inocuidade" são critérios adequados para o amor de alguem quando através dele se justificam, a luxiiria e o adultério? Ou mais,.quando através desses critérios 6 a Deus que se esta reconhecendo? Não haveria gradações de trans, cendencia para evitar que tudo o que fica.do. outro lado da fronteira do meu ego não venha: a ,ser classificado como absoluto e •divino?-Seriar possível a existência de: um' amor sem envolvimento e de envolvimento sem magoa? 0 .que nos dizem os,mitos de Cupido e. das> Guerras Troianas, dos grande s. amantes: da historia, e .os amores' que tivemos em nossas 'vidas? .Mesmo que o amottraga ’Significacao ele vai. abrindo, novas feridas enquanto cicatriza as outras mais antigas não 'oferece protecao alguma contra o 'seu despertar; por. vezes destrutivo. ._ O amor pode se dar em muitos.niveis, e. o .consultorio do analiSta e do oricntador-pastoral ,6 alugar onde desem bocam muitos ambres, nos quais as pessoas deram o maxima de’si mesmas e chegaram ao seu extremo com intenções bres e sentimentos profundos, tendo certeza que o.amor era a base de suas: vidas, o sentido do reencontro .e ate mesmo a ' H o n 'e s t to God, p. 105. • 4 Idem ; p. 49.. •
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experiência de Deus e de transcendericia, e tudo deu errado — horrível, assustadora e, as vezes, suiCidamente errado. A 'questa0 a' ser levantada 'quanta a- nova moralidade não é sabermos se ela 6 moral ou mesmo teologicamente inatacavel„mas, sim, verificarmos se*ela é psicologicam en te valida. Estara W riest to God em harmonia com a vida? Quando deslocamos Deus 14 de cirria,„ou de um lugar fora de nos mesmos ,e o colocamos,nas prafundezas, a imagem mais ,cheia de taro e n u m in o sid ad e; passa de subito a ocupar os do,mInios que anteriormente,eram do Demohio. Como, entao,,' paderemo,s, julgar :a origem, dos impulsos de amor que nos chamam dessas profundezas?, Como p o d ere mos identificar os espiritos que acordam la em baiio? Pois, não. nos deixemos enganar, «enfase. avassaladora da nova moral sabre, os relacionamentos pessoais (sobre, a sua totalidade, profundidadee envolvimento) conduz inevi tavelmente a 'questão do relacionamento sexual., t ..raro ,um ocorrer .sem a outro, a não_ ser que, se -tenha conSeguido um grande desenvolvimento ,psicológico. Pela; menos .a. nova moralidade e corajosa ao defender as implicacoes, sexuais de um .envolvimento total.. Mas,,, novamentek seria mes ma psicologicamente valida? A sexualidade não a apenas uma dadiva criativa que entregam os ao, outro, tam bém , uma Jorca dem onfaca. Mitos que, mostram o cultivo da .consciênciaa, como os de Hercules, e Ulisses, o epico de Gilgamesh e os rituais pri; mitivos de iniciagao atestam,que o aspecto demoniac0 deve ser domado ou evitado, sacrificada, o u __encontrar resistên cia. Precisamos ro n h eceru m pouco da escuridão, intema que cantamina,o nosso amor. 0 aspecto sonibrio da sexua lidade, especialmente em nossa: cultura milenarmente repri= mida, precisa.ser liberado de seus componentes incestu67 sos, tornando-se, ligado_ ao amor ao •elacionamento, ou seja, esse aspecto tem que ser primeiramente desenvolvido e cultivado. A nova moralidade faz distinções insuficientes e apoia-se num criteria basica que é o da p ro fu n d id a d e .
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as o psicólogo das profundezas,tem :alguma coisa a dizer sobre o que, Mora la no fundo._-As imagens dos sonhos, os contos de fada a os mitos nos .falam com. suficiente .ab,undancia do mundo inferior habitada por. imagens maternais, feral, incêndios,, falsas noivas monstros com. os quais o herOi tem que se:defrontar inicialmente antgs de conseguir tin ag it o seu.
bispo, reino e chegar .ao estado de e ornem, antes 1: Woo de t o r n a r - s e h u m a n o e p o d e r e n t e n d e r o q u o de with quer dizer, quando laia de amor. 0 amor romantico é apenas uma doce'_resposta_ eng adanor a endereçada a um mundo arid° e tecnologizadO; esse amor. 6:_apenas. o. reverso,, a enantiodrom ia que parte da realidade de eficiencia do menino FaustO el se volta para os anseios is do gina .tant1"1" psic O-
que f i c o u p a r a A r d s . Co e n o r m e f r e q a (e t a o Com logos quanto orientadOres. s. abem muito ben) na nobre inten ção de um .amor pessoal e prof undo, ao entregarmo,s'a forca suprema de nosso .amor,. nA, vArdade o que, acabamios por entregar e nosso m onstro ..mais inferior, para alguem tom ar canta. Presumir que, toda experiência de amor emana daun Base D ivina do' Ser, im aginar que uma significacao profdamente pessoal se .sobreponha ao fosso e as barrecriterio ra _paris dos i n t r i n c a m e n t o s do . a m o r e q u e I s s o . p o s s a s e r justificacao. de 'um ..am or não santificado, ba ser ci re g lig n
ÊJsanerfe
l e v a d o ao a m o r p o r A l m a f i l o s o f i a q u e , a c a ado o .seu lado perigoso, (pois se Deus 6 amor, entao, o come-co da,sabedoria e a m e d o do amor) e eom inar essa ignarancia ingênua ."Honesto para coin Deuds"n. (Honest to God), vem. apenas' .testemunhar toda extensão desse amor que ainda vive som bra..M elhor seriadenom inar a nava m o 7 ralidade do amor com.° " Ingenuo_ para. com Deus,".„Um psicólogo, ,não
.obstante. leigo em assuritas de Aeologia, espera mais de um a "nova reforma" do que a merarsubstituição da imagem de um Deus "nas alturas" por timoonceito igual mente ingenuo do amor " aqui e agora": Embora e.steja esque to 'q u e 'que tudo e m Deus .6 amor, sera clue isso significa 85
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todp amor é Deus? Quando *o' amor é adorado como 'Deus — não importando que forma esse afeto venha a ter, quem venha a da-lo,.em que alturas ou profundezas Se encontre — não estaríamos' erigindo- um idolo, infringindo de' uma so vez o primeiro e o*segundo mandamentos? E esses man damentos não pesarn mais sobre a moral teologica que o sexto e o nono, que hoje em dia parecem exercer ,estranho fascinio sobre nossos ministros? .0 psicólogo teria que per guntar a seus colegas ministros: Por, que .voces se xam prender-por esses sofismas e simplificacoes? Por que voces obscurecem as hierarquias .da transcendencia e dos illtimos fins, negligenciando os mundos de diferenças (tra dicionalmente expressos por pianos de existência e classes de anjos) entre os niveis e 'os .tipos de 'amor? Por que voces traficam alucinagenos, achando que eles ocasionam visoes beatificas? Pot que voces confundem as «vozes de complexos' autonomos com o dom Pentecostal de falar em linguas? .Como .voces'conseguem,equacionar o ,mergulho de cabeca numa paixao com o encontro do olhar de Deus? 0 amor' e mais complexo que suas emocOes, da mesma forma que Deus 'e mistério e_não entusiasmo:Diferericiai as suas complexidades-e uma longa iniciacao que' apenas no ponto de partida é cair de cabeca e ser acendido por seu fogo, envolvido por. sua fumaca. 0 amor deveria ser eluci dado: levado a luz (igualmente, a teologia, enquanto estudo de Deus, é um longo processo de elucidacao,- um caminho em labirinto). Tornamo-nos .desamparados ao e*tremo ante a experiência arquetipica do amor; e quase 'nada entendemos do, que se passa; mesmo suas epifanias'são apenas aberturas para 'ainda' maiOres possibilidadm de .amor. Ninguém esta ria louco a. ponto .de acreditar-se teologo-da noite para o dia,,embora muitos aleguem o.equivalente a isso depois 'de uma noite de amor. E o:que seria daqueles que não tiveram a forca .nermagloria .de'entregar o maxirho de si mesmos no amor? Estariam banidos do Reino? E como se na m oralida de da nova reforma houvesse uma velha doutrina de predes 86
tinacao, de
atualizados',' e: "Ailtrapassados", ou.seja; apai-
xone-se ou deixemos! esar ^ sua ousadia de R esum indo, a nova moral, ap dar a mensagem de amor de Jesus, uma interpretacao vital mente modema, não, é_ psicologicam ente valida, porque oferece uma respostageneralizadora. E nap, ha resposta geral eficiente em conflitos..morais; em nivel psicológico,.os con flitos morais são sofridos individualinente por :meio de ses que.não são atingidas nem por _pregacoes, nem por cosec NUm verdadeiro conflito moral, que .6 a, foija da per sonalidade e da intensificacao d carate, o individuo esta sozinho para martelar a resposta0 ein seur.coracao. 0 código moral iiincionacomo martelo. 0 quc-intep uma bigorna e a crise individual como um r e s s a a r a o c u l t i v o p s i c o l ó g i c o é q u e tais conflitos existam. A moralidade que remover a fonte do conflito e atenuar o papel da culpa, diminuindo a impor; tancia de= sermos dilacerados na cruz dos opostos,.não sera mais.moralidader mas um novo tranquilizante teologico, ao qual se resolveu denominar Amor. eles
e$ W §
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P °rclue primeiro, intensificam o conflito, sem a.co n sciên cia não ex istiria e,,segundo, favorecem a interiorizacao. A analse não _defèdade exteimoialnde o codigL o - s i m p l e s m e n t e l p a r a f a v o r e c e r ‘u m a m o r a l i um formalism0 ou. uma.etica social. A.,analise preocupa-se nom .desenvolvimento anfor,. doeros„e_ d a ,sexualidade to nivel interior do próprio,, individuo. este desenvolvinento não é favorecido por se levar amor as vias de fato. Repressão e desregramento são os dois.las de.,umaden mesma moeda. Um terceiro.caminhopoderia ser cdo hamadQ ter7 nalizacao .ou_Nivencia do -imlx,lta'lvcz Eroasmaisti e. cltivado agtodas aves de um a i n t e m a l i z a c a o intensa, as atividades, viSto que eros, .por definição é. imptilso,„nos lanca_ao .mundo e ao efivolvimento com pessoas coricretas. Vivenciar eros internamente 6,.na verdade, Aim op u s contra
naturam. (um ,trabalho Contra a natureza). 0 próprio
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so amoroso guarda em si as sementes culturais da intemalizacao e da vida simbólica, que não sac) sublimacoesimpostas de cima pela Vontade, razao ou etica social. Tais sementes são a regulagao autogovemadora, auto inibidora_ do. pi 6- pH° instinto através da consciência. Poemas„cartas, presen tes de amor são gestos não redutfveis-a sexualidade fun nal que, entretanto, mesmo entre os animais sob a formacl° de corte e rituais de acasalamento são _a própria danca e o colo rido do amor. 0 jo g o liberador e imaginativo que acom pa nha os enamorados 6 parte integrante de eros e demonsira de que forma o op au s' contra naturam tam bém 6, almente, naturl e instintivo. paradox Toda disciplina mistica reconhecia a importancia da mtemalizaCao'para o cultivo de eros,-e impunha fortes restrigoes a vida 'erotica. Não 'estou aqui querendo prescrever p r a t i c a s de a s c e t i s mo , nem é atu alm en te, vivido no ndo. A ' intemalizacao não en p r o s c r e v e r o a mo r como 6 o - tinico caminho em sem pre é .a eit E, contudo, hora de criar condicoes discutir a resposolucao., pois ela não desapareceu, apesar de ter sido esquecida pela d e nominada revolugao sexual contemporanea, sem falarmos do fato de a interiorizacao estar colodada entre as doisas mais. urgentes da pratica analitica. Assim, aponr a rele, vancia psicologica das disciplinas asaticas poderá" ser Can, apesar de não constituirem em si mesmas nosso campo de estudo e trabalho. Estudando-as, defrontamo-nos com percepcoes e ensinamentoS arquetipicos que mostram que o ser humano, devido a uma distincdo de sua própria humanidade, precisa ser iniciado nos mistérios do amor. E se Deus é amor, isto não devera nos' causar estranheza. As disciplinas tradicionais, entre as quais se encontra a ao alquimia, preocupavam-se principalmente com a transfor; m da c o n s c i ê n c i a , ou c om o que rar o desenvolvimento da personalidade em seu poderfamos considesen tido ma is profundo. A redengdo da personalidade subjacente e, prin. cipalmente, de um eros subjacente.(desamor,-egofsmo, apego
sem envolvimento, iaidade e vida superficial, primitivismo da sexualidade e sexualizacao dos ,sentimentos, precipitacao e compulsividade, desperdicio de energia em fantasias erOticas repetitivas) tambem constitui preocupacao central da analise. Portanto, pode-se aprender muito sobre o de senvolvimento da personalidade a partir de disciplinas misticas, como a alquimia. Na alquimia chifiesa e na ocidental, antes de se come= car o grande opus, ou seja, o experimenlo com a natureza propriamente dita de quem o pratica, era necessário voltarse para o próprio coracao e examinar suas atitudes morais, salientando-se a importancia das virtudes cardeais: forca, humildade, paciência, castidade, amor, santidade, fe, espe rança, bondade, oracao, equilibrio, e assim por diante. De um modo ou de outro essas virtudes entravam a todo m o mento na alquimia. Era um assunto intensamente moral. Moralidades igualmente intensas podem ser encontradas na yoga, nas disciplinas católicas, no sufismo,'no shamanismo, no zen e ()Wm. Havia um idealismo espiritual fdefinido e forte mora lidade. E o caso de 'perguntar porque. issO se fazia neces sari°. 0 alquimista •rccOnhccia a escuridab interior e o lado sombrio da personalidade que se liberavam durante a transformacao de eros. A m oralidade oferecia uma protecao redentora quanto ao lado corrosivo, sulfurico e passivel de explosoes da natureza: ou seja, as emocoes fortes e os dese jos reprimidos. Os principios morais eram guias práticos para se lidar com o violento Deus interior. Ele, enquanto Solniger ou Deus absconditus, poderia destruir a criacao de baixo para cima; da mesma forma que o Altissimo manda para baixo as pragas de gafanhotos, os raios e os A moralidade como algo imposto de cima deriva-se do modelo de teologia de um Deus-nas-alturas. Esse mesmo modelo teolOgico, p,orem, baseia-se riuma idéia arquetipica; uma afirmacao da pgiquc quanto a existência de algo acima e alem dela. A alma não é tudo; existe 'alguma coisa_mais
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alem. Se todas as afirmag8es foremfundamentalmente reflexties da psique, as reivindicacoes da teologia quanto a per_ feicao ser ascencional e o espírito ser superior a psique e ao corpo são advertencias* da alm a a si mesm a, dizendo: "— Olhe para o alto!!! A localizacao de Deus nas profunde zas talvei possa implicar uma nova moralidade, dirigida au imanente transcendente, ou seja, o interiormente profundo lo calizado aomcsmo tempo mais alem. Essa interioridade que esta alem e concebida imaginicamente pela alquimia como os olhos luminosos dos_ peixes dos mares profundos que sa6, ao mesmo tempo, as estrelas distantes das ,alturas. Esse pro fundamente' interior que se encontra alem é o aspecto suksma na linguagem_ oriental, o fator que se encontra alem do nivel Material exoteric0 das coisas.'>0 alem interior é o ultimo alvo da conexão interior._ Um auto-relacionamento, que se estende a tudo o qUe se encontra alem do ego. Esse dominio da realidade psíquica sempre aponta' para alem de si mesmo, transcendendo-se e, assim; impondo uma moralida de que exige um processo de transcendencia. Processo de transcendencia quese aprofunde cada vez mais, que va mais e mais longe. Poderíamos denomina-lo impulso 'moral do process0 xle individuacao. Mas, cinde quer que se «coloque o valor final; 'esteja DetiS no, interior 'ou acima de nos, _e esse aspecto de "alem" que orienta o impulso moral. Conse qüentemente, as virtudes morais petmanecem como imper,a7 tivos psicoldgicos, como apelos de- algo alem do ego, não importando a localizacao do Deus teologico. Concomitantemetite, p d rta n to , a necessidade do tonflito moral, temos agora a. segunda justificativa psicolOgica para a moralidade. 0 próprio desenvolvimento da personali: dade impOe normas ao ego. A personalidade, como um todo, pede a ele que faca- sacrifícios, por ser ,uma ,de spas partes i nt e gr a nt e s . 0. ego é, p o r va l o r e s e p r i n c i p i o s que são "super" ego, na medida em que estao acima do mesmo e o transcendem. 0 processo de tratisformacao impOe, tais limitações, a fim'cle que o ego possa servir a' esse dcscnyolj
vitnento de forma adequada. Sob esse enfoque, tais atitudes e conceitos da moral tradicional são:valores transcendentes, assim como as filosofias idealista e kantiana sempre afirma ram que as virtudes cardeais são fatores de transcendencia E do ponto de vista analitico elas também são psicologica mente transcendentais: Elas não são virtudes hipostaticas, flutuando pelo ceu, nu universo platonico:ou num empire0 metafísico germânico. São antes limitacoes:e imperatiVos co locados pela inteireza* de si-mesmo 'sobre 6 ego, para forcalo, a interioriza4ao: Como Ws, elasAranscendem o ego, são desta forma por ele experitnentadas, e a transgressão dessas limitacOes despertara .sempre culpabilidade. Essa 'culpa sur ge em relação a poS'sibilidade de auto-realizacao e de autoredencao do individuo., 0 impulso moral da consciência de sempenha assim um papel significativo no processo do d e senvolvimento pessoal. ' - . , . 0 ensaio de Tung sobre a consciência foi escrito ja pro ximo ao'fim da 'sua vida e:teve recentemente, sua primeira publicacao em' ingles no 109 vol. d e suas Obras Completas. Ai são descritos_ Bois : 'tip' consciência. • Uma 6, a adquirida atraVes da apiendizagem,-da inculcacao dos vato l res de riossos pai'S'e de nossos colegas, dos dogmas, tradicio nais das religiões* quanto'ao certo Cap errado, e que pode ria ser chamado.de Superego. Ha, entretanto, dm outro tipo de consciência, pois como o proptio Jung diz: "0 fenomeno da iconsciência em si mesmo não coincide com o codigo m oral, sendo-lhe anterior e tanscendendo-lhe . o conteú do. . . " 0 superego, o primeiro tipo de consciência, 6, na verda-cle .secundário. 0 que quero dizer com isso é que so podeinos assinfilar Certos principios e Seguir um codigo mo ral, obedecer;os ensinamentos de.nossos pais e das religiOes devid° a ,faculdade psicolOgica da consciência, ou seja, .a capacidade inata de. sentir Culpa. A consciência 6" uma fun: são psicologica.sui-gerteris. Ela é a. Voz da auto-orientasão A atividade auto-reguladora e autodinarnizadora da psique confere a consciência a sua autoridade, peculiar: Podemos 91
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alterar os códigos morais ou mesmo nos desfazer„deles, mas impossfvel descartarmos o fenomeno psicolOgica da consciênciaa. A consciênciaa, enquanto aspecto de autodiregao 6 a voz do si-m esm o que e realm en te c o n flitu a com os conteddos de uma donsciencia nascida do superego. E quan do o homem é levado ao dilema de seus próprios: valores de indivfcluo face ao código da moral coletiva, entre consciênciaa Or se e avaliagao de seus conteddos. Essa é a matéria de muita literatura e do dia-a-dia no trabalho de aconselhamento. A religião organizada de ha muito reconheceu esse conflitó de vozes interiores e com muito acert° o denominou conflito entre luz e sombra, entre bem e mal. Infelizmente essa mesma, religião .teve seguranga de mais ao decidir o que era sombra e o que era luz, e foi m ui to rapida ao identificar a sua etica com a etica certa. Digo." infelizmente", pois nos..conflitoS ~ morais, o bem esta amitide dividido contra si:mesmo; a vot de Velho Rei do superego e a voz do si-mesmo prestes fa nascer, falando através da Crianga M aravilhosa estao, igualmente certas. Um novo ponto psicológico podera surgir desses conflitos, vindo talvez a constituir uma nova moralidade. E istQ sera ulna mudanga na posigao da moralidade, afastando-a, entao, da unilateralidade e caminhando em diregao a uma verda de mais central: Essa verdade admite, e a tempo introduz na vida consciente filamentos da sombra que ate. aqui estive= ram banidos. Os impulsos de poder transform ain-se em big óes de trabalho, as fraudes em mentiras sociais, o medo do fracasso aparecera como fraqueza declarada e as fanta sias sexuais como relacionamentos vividos. A integragao da sombra transforma a sombra. Conseqüentemente, essas qua-, lidades não são mais tao obscuras quando 'se tem a cora gem de dar-lhes vazao e mante-las em .cheque ao mesmo tempo. Do ponto de vista psicológico,.a repressão naa 6 so o Mal, enquanto a integragao a «o Bem; .a repressão é uma
o Velho Rei a alterar A n e c e s s i d a d e i nt e r i or -que f or ga suns posigOes f ala inicialinente com a' voz ainda fraca da cons i ndi vi dual : E m so n h o s, as v e z e s, ela é um a crianga em perigo; oti enferina; ferida, afogando;se, perdida... ou um crittinoso aprisionado, um paria social, um inimigo estrangeiro,, um. homem, de outra raga ou religião- um animal que não conseguimos exterminar depois de incansavelmente perseguido, como o Cao do Inferno'. Entao sente-sea sets0 de resPonSabilidade'e necessidade de fazer alga culp, ma coisa Erin alum canto exiSte uma necessidade pre mente, e não estamos f azenda 0 que devemos. Este "deve mos", em clue pe'se toda a sua forma autoritaria, .doentia, infantile grotesca,' constitui-se na nossa dimensão de, cres cimento: é aquilo que esta perdido sem nossa ajuda, ovem o suficiente Para desafiar 'a generosidade de nosso coragao, doente a ponto :de configurar em nos a figura do medico, perseguidor porque fugimos dele; prisioneiro por sere o seu juiz, sombrici porque nao'perrriitimos que viesse a luz: Esse " deviamos" e o comando da fungao auto-orientadora da personaidade, e a todo niotnento somos pressionados, a concretizar"um de' seus ndcleos centrais, lung denominou arquétipos a esses dentros dinamizadores. E o arquetipa mais intensamente envolvido no'periodo de escuridão é o argue-> tipo da sombra, d u seja, nada mais, nada menos que o Defrontar-nos com a escuridão leva a aspectos intensaDemoriio. mente morais que 'sac); a um so tempo, experiências etemas e arquetipicas de creSdimento e de destruigao. A taref a humana,quando se lida- com a sombra, 6 separar seus f ilamentos atraVes de uma diferenciagao cuidadosa, por- meld do raciocinio e do sentiment0, das imagens exatamente como nos surgem; a fifri de libertarmos o redentor oculto, ao mes mo tempo qUe -vigiamos o destruidor disfargado. Devido as trarrias encontrarerri-se quase sempre muito enredadas, nab podemos encOrajat o element0 salvador sem ficartnos per 93 manenterriente, de olho no Derrionio.
Isto leva a terceira.e ultima razao
para a
moralidade: a luta contra, o mal. Do pont°, de vista da p ra ; tica analitica, talvez essa ,terceira baseseja mesmo mais importante que as duas anteriormente,expostas (a necessÍ7 d a d e de, c o n f l i t o s • m o r a i s e de i n t e r i o r i z a c a b ) . 0 nivel, niais profundo da escuridão intema e. da som7 bra, estehde-se para alem dos meus e dos_seus pecados,, cri mes, ,negligencias-,e omissoes. , As gNperi4cips do mal em nivel subjacente ,sa_o , imp,ossiveis; de ser, humanizadas, e tal ponto*que ao Ingo dos tempos sempre,foram_ represen-* tadas como forcas, demoniacas pelas,yarias religiOes,do mun-, do. A travessam os periodos na Europa _dos anos 30 e (prosseguindo ainda, na A rgélia, no Tibet, e no, Sudeste Asiático e no sudeste dos EUA), que sab reveladores do po 7 der dessas, forgas. Te.ologicamente o mal pode mesmo ser a privacao:do.berri, mas.ate esse bem voltar a cena, ate a sua privacao ser restaurada, a experiência do mal possui uma verdade psicolOgica agudamente yerdadeira. E a pessoa atin gida sofre ,,nab_ tanto de uma priyacab, "como da. presença p e n e t r a n t e e e f e t i v a d e s s e m a l . „, Ele é uma coisa absoluta, e:presente de maneiracruel. 0 mal arquetipico no pode ser curado,integrado, ou huma nizado.- SO ,resta,, portant0, "Vigia-Jo. Esse porito, fOi "reitera damente repetido pelo Dr. Adolf Guggenbilhl-Craig nas suas "Cutting Lectures", na Escola Teologica de Andover-Newton. A experiência do :mal sob a forma de perseguicAoLconsciente, crime de vinganga,:, sofrimento, destruidor, explora cao, dor, tortura física, encerra alguma coisa alemdo demo-, niaco. Esse "algo alem",cio demoniac0 soLpode ser o humano, E o elemento humano no Demonio,que confere ao mal a sup plena realidade. Em si mesmo, 6 demoniaco, ou diabOlico é arbitrarib, maligno e quase sempre uma questão,de sorte on.de,destino. Assim como chega, ele vai, parecendo nap ter sentido algum. Quanto mais arquetipico ele for, tanto mais sera experimen tado como coisa im pessoal, algo incom preensivel e que 94
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riao merecemos (as mesmas palavras sac). utilizadas por quem recebe a Goo D ivina: N ão sou digno", "U ltra passa o meu .entendimento" etc.). Em certa medida o mal toma-se mais _compreensivel. e.aceitavel quando é possível liga-lo a algum contexto humano, como os pecados de geracOes ancestrais ou os motivos pessoais de um inimigo. Quan-, do assume formas de qualquer divindade (Loki, H erm esMerctirio, o Enganador), ele apresenta uma dupla-natureza, podendo como o espírito tanto soprar .para o lado do bem quanto do mal. Apenas atinge a monstruosidade quando ê semi-humano. Ao juntar-se ao ego humano, a vontade, razao e desejo com os quais um homem pode escolher o curso de uma acao e perseguir, um.objetivo, ê que o meramente de moníaco toma-se verdadeiramente mau. Isso significa que a sombra arquetipica não atinge realidade concreta ate con seguir unir-se ao human° .por meio. de um pacto. Dessa for ma, somos levados a concluir, que ,o Dem8nio também se encarnaria no homem, vindo a expressar-se por meio dele. S6_a moral pode defender-me deste pacto: o da encarnacab das intenções, 'do Diabo em minha vida, conforme a minha vontade,' razao..e ,desejo. Isso nos le'va, portanto, a rever o valor da moralidade, pois com que. outra protecao contaria a _psique "para defender-se,:de forcas desse tipo? Nesse sentido, .toda moralidade vem realmente do Demonio. Ela ê a 'resposta _da psique as suas potencialidades. Ou, tal, vez, no nivel da 'forga inumana, dificilmente poderíamos estabelecer com certeza diferengas entre as fontes do mal e as da" moralidade. Do .ponto de vista .humano, que é como se akesenta na sessão analitica_a origem de ambos parece ser a mesma: transcendente. _ • , Acontecimentos arbitrarios do destinó procedem de um mundo fora de nosso alcance, o mesmo se dando com o im pulso moral. Os eventos do destino podem ser hum aniza dos positiva ou negativamente, quer sob a, forma de tragé dias que'nos,enobrecem,.ou de crueldades futuras que espa lham sementes destrutivas no mundo das geragoes vindou95
ras. Pode Ser • que a moral humana não consiga alterar os fatos do destino, mas pode, ao menos, impedir a encamacao direta da sombra arquetipica., A moralidade humana pode e- consegue proteger contra a_ vivência ativa do mal exata mente como a bondade consegue -suavizar os golpes do d e s t i n o . _ _ Não é em nossa sombra que cresce forca do Demonio, mas em nossa .luz. Ele.vence quando nos desligamos de nossa escuridão, quando deixamos de envergar_ a nossa destrutividade e engano .em relaçào'ao que somos. A teologia- diz que:o orgulho leva. direto ao caminho diabOlico e a psicologia o confirma, ja que o orgulho e, ana liticamente considerado, a negacao da sombra pessoal e o fascinio pelo ofuscamento da luz da individualidade. Assim,, a melhor protecao não é o reforço do bem e da luz, mas a familiarilacAo com a nossasom bra .e aspecto diabOlico. A dosagem homeopatica de males menores, como pílu las amargas de dor moral, pode agir de maneira profilatica contra o mal major. Errar é humano. Ter sombra e estar nela e humano. Não ter sombra so e possível ao divino ou ao demoniaco. 0 humano s» não projeta sombra ao meio-dia, a' hora* do brilh° ofusdante d6 zenite de seu orgulho. 0 meio-dia e também a hora de Pan, e assim, em nosso ponto mais alto', nos encontramos proximos do perigo da major de todas as quedas, Pan desencaminha a. moralidade civili zada para o panic°> das revoltas, para a intoxicacao e a sexualidade deSenfreadas. E ele não esta nada morto, mas sim ressurgindo agora como herdeiro de Lidcifer,-originário das entranhas niais profundas, Como o ambivalente "princi pe deste mundo", trazendo um axoifusão de vitalidade .e escuridão simultaneas. Uma mistura monstruosa em nome de uma renovack, dionisica. Nossas obsessoes' com o extase e o renascimento através do Inconsciente (quer1 se processe pela nrasica, LSD, orgasmo ou revoltas)_deixam em eviden cia as patas e os cascOs de Pan-Dioniso. A psicologia ou 96
reconhecer Pan e-sua inflancia, lane aeonsapartirdessas me profundezas sobre 6-floss° amor e o nosso medo. Finalmente, a realidade da sombra no aConselhamento significa que a honestidade' é uma graca que flacl podemos esperar de quem nos procura, riem'de'nOs em relação a eles, e nem de W ing em relação a DeuS: 0 Derrionio e aquilo em que nos assemelharrios a ele significam traicao; mesmo quando nos amparamos em nossOs melhbres1 ProPOsitoS. Essa é a realidade do 'mal. 'A escuridão jamais sera diSperi sada, visto serinos' humanos e Caminhartnos a sombra do p e c a d o , ct i j o f il ho 6 t i g i n a l ‘e»Iti cifer: M entira e engariO esiardó.sentpre presentes, podendo ate a própria honestidade de' DeuS- - ser posta em dilvida. Pois no caso de JO, Ele detr Ouvidos a Sata: Enfrentar a rea lidade do mal, Poierrysiaosignifica'ser .cinico. Significa sim plesm ente que :0 'O tirriisM 6-'da honestidade em' rel4ao Deus deve Coiner laivos:' de pessirnno. de nossa realidade, psicologica. Para sermos hOrieStoScom pens deveríamos, eni primeiro lugai,.c6nhecer triuitO'inais obie,a V erdade — e o que é a verdade?-Unta pisfa na'clirecao d o cOnheciniento da . verdade Plena Poderia-' ser encimtrada na, reavaliacao dos enigmáticos - ladriSes'-gue ladeaVam Jesus em suas taltimas h o r a s h u m a n a s . ' -' - - A r e a l i d a c l e da s o m b r a i m p (Boknttpr parte do' orientador, pastoral da vastidao de seu próprio inconsciente'Coletiv6,'das' Sombras da sua alma, pois é exa tamente a ignorAnCia.'detudo isso a responsável pelo Longo declinfo de sua vocacAó eqambehi'de nossa fL A maior som-, bra nessas p rofundezas' é a de seiiine: o 'p ecad o 'do orgulho', a identifiCacao com a figura de Cristo" (ie pod& vir a' cena especialmente agora, amparando a missão pastoral. Hoje em. dia O s efeiiOS’ dessaidentificacAo sera° ainda piores, exatamentepóe Se tratat 'de -inn"Deus morto", tim Deus tie nab deu certó, deComPordo-se em Mei° aos fermenios' da desin tegração e da Jessurreicao, podendo a ,qualquer, moment0 agarrar l c ). ministro pelas: costas.. E de. tatforma xlue: este .110-;
mem não podera mais discriminanespíritos para descobrir quem esta com, quem, ou atras de quem: Cristo, o Demó nio, ou os seus próprios complexos. Nos contornos difusos e suaves do quadro contemporâneo, cristianismo e crimina lidade podem interperietrar-se, e muita coisa podera ser justificada partir do com plex0 de rnartir do servo sofre dor e pelo complexo' de, heroi do sold ado de Cristo. Quando nosso tempo mergulha ria confusão do ,Golgota, é necessa-, rio o desvio de apenas um ou dois graus fora do curso para acabarm os, ajo elh ad o s- aos pes de um ladrao. . , 0 instrumento ao ,alcance',da consciência para pod,er discriminar eater-se a_v,alores morais„Para reconhecer que é humano e pessoal, no melhor sentido que isso possa ter, para manter, as conexOes 'fluindo ativamente e dar Lugar dignidade, a.decencia e ,a .bondade é a funcao do sentimen7 to. Contudo,, quando o sentimento >da o .tOque humano e redentor, o maior perigo, .o aprisionimento dessa funcao pelo Demonio (por mein dos caprichos de Mercúrio, d a frieze. satanica e das violentas emocoes de Pan). Ha longo tem po o senso moral, tem Sido considerado atributo da funcao do sentimento. Os codigos morais p'rotegem contra as defi-' ciências do sentimento através da enfase conferida as, m a neiras e aos costumes. Os codigos morais preferem julgar os erros cometidos a luz da intengdo do agente e do context0 sentimental das situagoes dO que referir-se a erros logicos ou empiricos. Do mesmo modo a psicopatia ou 'comportamento sociopatico, geralmente considerado cruel e' intrinSecamente mau, sendo antigamente cansiderado, insanidade moral,, pro, va-se, de fato, ser deticiencia do sentimento ,de culpa e inca pacidade de. partiCipacao afetnosa. dentro da humanidade c o m u m .
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Assim, os dileMas da sombra 5 que abordei no ultimo trecho deste- capitulo .(a separagao entre, consciência indi-, vidual auto-regpladora e consciência revelada ou coletiva do 5
5 Para m ajor aprofundamento sobre OS "d'ilertias som bra" n a m i tologia, teologia e pSicologia, cf. 'Evil;. NorthW esterh:Uitisi.- Pfess. 1967..
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superego, alem da diferenciacao entre os filamentos da sombra que podem ser vividos e integrados e os que pertencem irremediavelmente ao infemo) são trabalhos que levam ao dominio mais amplo do sentimento. A educacao ou o culti vo do sentiment0 leva, por sua vez, a nossa feminilidade interior, a quai' a seguir, dedicaremos o ultimo capitulo deste livro.
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IV A feminilidade interior: a realidade da "anima" e a religião Muitos foram os caminhos que nos conduziram a dis cussão da mulher, interior: .a amizadd com a sonho, a relação de sentimento'com o mundo interior, as atitudes passivas de silencio, quietude, aceitacao e escuta, o cultivo do eros e o aperfeiçoamento do anion Ate mesmo as palavras que significam alma (psique e,anima) são femininas na conotacao e origem. Sera, assim; o feminino o nosso tema, mas as pessoas das quais nos ocuparemos serao as 'mulheres de nosso interior, as. imagens e impulsos femininos que passam pelo correclorda psique sendo frequentemente negli genciados, as vezes diminuidos e'certatnente incompreendi dos. Não podemos aprofundar a abordagem da experiência do inconsciente, nem a ,conexão do' mesmo com a religião, sem nos familiarizarmos com a feminilidade interior. Costumain circular, em sonhos de homens, grande quantidade de personagens femininos que são muito ricos. Seria rejeicao do feminino procurar reduzir essas imagens a "substitutos da figura materna" e outras imagens de amor incestuoso. E necessário ampliar essa idéia corrente de que as mulheres nos sonhos dos homens refletem sempre figuras familiares. Essa ampliacao deve englobar toda a variedade do feminino, que "a homem encontra no & caner 'da sua v i d a . Vamos comecar a •consideracao de algumas das ima; guns mais conhecidas,,por aquela mulher mais velha, com ares de professora critica e perfeccionista. A seus olhos nin guém jamais >esta certo, ou suficientemente certo. Por sua causa, no dia-a-dia, somos continuamente pressionados a
fazer as coisas cada vez melhor, a atacar o que ja foi feito, ou entao a viver queixando-nos, dayida; Ela querque faça mos tudo cada vez mais,aprimoradamente; embora na ansia de perfeick ela destrua pela raiz as coisas bOas’ que conse guimos criar. Em nome de ideais elevados, ela acaba por nos convencer de nossa inutilidade. Perdemos a iniciativa, ficando preguiçosos. Que desgraça, quando essa mulher inte rior projeta-se em alguem com quem convivemos, numa esposa, poi\ eXemploque com eca a. desem penhar papel que the atribuimos e fica ate, mesmo parecida com a ima, gem: «acusadora pressioriadora dentro do , inconsciente do 5
„Essa .mulher, sempre aparentemente= mais velha, que' o hom em , t a mb ó m ;ter q u alid ad es b en eficas: E x istem figuras (tias, ’colegas _de ,trabalho e- .ainigas .mais .velhas) encorajadoras, .boas.ouvintes.e dotadas ,,de uma experiência geradora de sabedoria, tomandoLpossível o relacionamento sem envolvimento -sexual. Mantem, posicao superior, ate mesmo, de autoridade e poder; mas-parecem conduzir as coisas mais por mein ,de.*contericao e cautela que, por' acao direta., Seria insuficiente_rotular _essa imagem 'cbmo,:Yinae positive': Ela 'continua a aparecer de tempos em tempos nos sonhos, do homem, indicando a chance dela vir a desenvol ver seus, próprios caminhos 'de sabedoria e orientagab, bem» como de atingir "conhecimentos, e_possibilidades, de 'dirigir, a vida. Existe nela carinho e generosidade,mas mesmo assiM ela não aceita envolvim entos_nem negligencias. • °' Outra'figura semelhante a anterior, a terceira;6lambem positiva;, so, qUe excesso. D ia e,noite ela fica mUmiu-' rando simplicidades’.encoraj adoras, «atei o'homem ficar acre= ditando que a realmente um sujeito notável, mas essa .mu lher esta na verdad& apaixonada: por ele , ou. seja, ele simplesmente se ami..NOs a encontramos'nos'sonhos,como uma pessoa ligeiramente 'vulgar e, quase' sempre'ambieiosa; esbanjadora e Hail; elayentretanto, as vezeS,6,o!Oposto des-j sas coisas: uma pessoa sim plória e burra, ma's. dotada
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bom Goracao. Em qualquer dos casos,, ela L\a n s íra m a -o r^ io a pai x on ad a pelo sonhador. El a tem o domde f num lean, num f alador desmedido, dado a grandiosidades e a _ Qu e _ n o f u n d o . e s t a mergulhado a t i t u d e s d o m i n a d o r a s , . ma s aspecto do homem, .o numa grande preguiCa Ai so existe orgulho e femini Vaidade, posisede de poder e fatuidade. Esse tipas. uo de,m imagem na, tiva e encorajadora infla , apen exterior, a p e r s o n a e a vulgaridade. Mesmo repesentando a anima, ou seja, a imagem da alma, ela acaba, r .na verdade, conduzindo o homem para longe das profundidades e valo' valo res animicos. E a falsa noiva que .sass o homem 'com Os valores e ,profundidades da alma são, as vezes, re s e r r a d o s : _ , . representados por uma..figura feminina.sem muita persona' lidade, um rosto indistinto, uma figura do passado que nem chegamos a .notar e clue, mesmo assim,reaparece em sonhos sob varios disfarces, a espera de atencao. Ou, o que ainda é pior, surge -nos doente, em perigo ou mesmo a morte. E que compete a mim fazer alguma coisa pelos valores, e pro fundidades. negligenciados, delinear, personalidades ,através de um interesse, e atencao .interligadbs, discernir exatamente o que se encoritra encoberto em mim e confiar em valores que ate aqui.me,pareceram ter pouca importances: Antes de mais nada, a figura doentia e solitariw, pobre e indesejada que esta em perigo é uma imagem da alma que pressagia depressão; pobreza psicologica e ate mesmo _a perda da a ^ m .etsu.a,cjtirencia r
Y un n
constelar*os.esforços.heroicos do e
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Normalmente essa figura 6 apresentada pelol _incons' ciente como alguemmais jovem, evidenciando uma parte de nos que ainda,não amadurec,eu.,No aspecto,positivo signi-_ f ica um potencial que p ode crescer e .mudar, portador de coisas ndvas e. cheias .de esperanças. E. a sus contraPartida negativa series' juv.entude _em excesso, uma vida a . ainda nab a
desperta e a atracao por um __passado quelev de volta adolescencia. Viver uma,tal discrepancia entre idade interior 108
e idade exterior „causa uma,tensão tao grande sobre, a psique quanto aquela .causada sobre um quarentao ' que surge .em ptiblico namorando uma garota de ginásio. . . Ainda existe uma • outra fig u ra muito.,bem cotada_ que é a loira palida .e:fria.%Ela ,vem ,de'-regides .remotas, coma a 5
Noruega: ou o Alasca, ad ostenta uma qualidade invema que a toma. gelida, distante.,e.silenciosa.' E. reservada e ofe1 rece desprendimento e alguma coisa de espiritual e sublime. E uma,mulher que pode ser.excitante,. pais sua fiie z a e, dis tancia, levam o homem a ,esforgos. sobre-humanos para 'conqUistar calor ,e, relacionamento.,Esse tipo de anima pode ser sentido pelos "outros como frieza na vida emocional,, coma se a homem, se .afastasse para.' um outro lugar;:.tomando-se uma_pessoa de cantata_ difícil q.ue-não S 6 , importa com o Tie acontece â sua_volta, apesar das. aparenciaS e das coisas, que ele'_diz _contradizerem tudo isso.. Ele. da a impressão de_ it desaparecendo,'perdendo o contorno em regides,remotas .— sendo exatamente a frustracao :causada por. isso o fator que vaLexercer o. maior fascfnio sobre as pessoas. Ele .6..difícil cbæ (nrom^eác&jíè- m(aimmfaÉ(±BffiBapmaæpsuqfito fosse:alga muita rarefeito"e tenUe,.semelhante .aos a, es nOrdicos ou . a. esses . cabelos, finos, e belos,- wino. figs -de seda.. Sua "vida. emocional -6, reserVada e secreta e, ao .fines mo tempo, intensamerite apaixonada, pois 2 paixdo não é. calor.E bem mais aquela chama*azul constelada pelo geld... As .vezes surge_uma. prostituta nos sonhog. e mostra, "ao homem que ele se entrega com muita facilidade a qualquer influericia com :que .se depare. Suas emogoes_ nab reagem de modo verdadeiro, podendo „ser
Isso se manifesta nos sonhos como a imagem de um ser de primido, solitário e.usado.* Por se.relacionar tao erradamente consigo mesmo, ele é usado pelos outros e também age assim com todo mundo. Os relacionamentos acabam por ba sear-se unicamente em principios interesseiros. Por. outro lado, a velha prostituta, pode apresentar um significado mais positivo: ela revela uma certa impessoalidade" em assuntos humanos, ja tendo passado por tudo que uma pessoa possa imaginar e tendo visto tanta coisa pela vida afora que n e nhuma perversidade mais podera surpre.ende-la. Ela é uma imagem que mostra. ao homem a sua própria dose de permissividade, bom humor e compaixao. Entretanto, o que mais. verdadeiramente representa as vulgaridades de eros *e. da alma masculina não a tanto a pros tituta quanto .as imagens populares de diversão e publicida; de. Como as deusas da antiguidade, elas tainbem tem suas epifanias mundiais simultaneas, agora aparecendo projeta das em centenas de milhares de templos escurecidos que são as salas de cinema, ou no brilho tremulo irradiado por esses milhões de altares ,domésticos, as telas de TV. Elas perambulam _pelos contirientes ao'lado de seus consortes com cabecas de animais e se fazem seguir por uma procissão de devotos castradoS.. Tudo O que é proibido aos mortais a elas é permitido. Os. sacerdotes _de seu culto preservam sua. imagem por meio de. cosméticos, relfquias e lendas pre-fabri, cadas. Seu amplo.sucesso,comercial acaba tapando o fracas so interior de: .um homem. Quanto m ais’ a mulher interior for representada por„imagens de indtistria cinematografica ou da ma i or sera a evi denci a _. de que a al ma desse homem é coletivamente rcomum e. igual’ a de todo -m undo. Quanto .mais engraçadinha a anima, menos bonita a alma.: Quanto mais popular a imagem, menos individual sera a maneira’ de relacionar-se com os o.utros; quanto mais atrativoS sexuais tiver a deusa cOletiva, menos chance tera o homerri.de livrar-se da compulsão animal própria da, Ishtar, de desvincular_ a alm a da cam e.... , •
atingidas, por uma .ou . duas horas, desaparecendo logo a.seguir; Seus sentimeritos encon, tram-se a vends, ou a disposicao de qualquer to um teleforiema. Alem..disso, ele não da valor median.; A. interiori-: dade de seus sentimentos a não_ ser pelosjmpactos que, eles’ possam causar. A_ promiscuidade .emocional mantem-no.-sol-.; teiro e sem envolvimento com: seu .próprio .Mundo .interior. 104
A menina-passarO também é outra figura familiar den,: tro da mitologia do feminino interior. Ela pode "surgir rosa>, da e cheia de capriehos, num Belo vestido' de baile, ou uma camisolinha macia de nene, mas, seja" qual for o seu inv& lucro vaporoso; ,trata-se de 'uma criatura eterea, flutuando no ar. Ela pode levar o homem a voos mágicos de fantasia; coloca-lo no brilho Tose°, cl6 otimismo e deixar-lhe a Cabe:, ca cheia de pensamentos sem- peso,'própria de uma pseudo.' filosofia e de.esquemas nada 'práticos, desprovidos de *ubs:: tancia e que são levados pelo vento de qualquer «corrente de opinião. 'Esse homem term dificuldade. em,firmar-se e ser, criativo; ele esta sempre ouvindo as sereias .cantando mais aleml Esta imagem sentimental e'romanrica pode projetar-Se numa mulher concreta que entaacomega a viver Com°* uma boneca, que sempre' panda- para o fantastic0 com seu aere-, b ro de P a s s a r i n h o . , O seir oposto tem 'Os de barro ,e e a própria A~ reducao da anima a~ simples materia ou a uma mulher do mato' tanibem costuma aparecer em nossos sonhos. A cam-, ponesa de coxas:grossas e seios, volumosos, lenta e mein cre-, tina reflete a posicao 'inferior relegada ao feminino pelo intelectual urbano. Seu Lugar é a cozinha,- ou la, anis do estabuloonde ele pode 'contar-lhe piadinhas obscenas é fa= zer-lhe observacoes insultuosas contando com sua aprova-, ea° grosseira. Mulher ou anima, frente ou 'costas,. mae.:ou esposa, nada disso 'tem 'importancia. Uma r tal imagem::da alma arcaica e telUrica .6.0 reflex0 'feio, material e não cria tivo do homem modem0 que viva nas estruturas altas e: rfgidas deuma sofisticaOo Cfnica, crftica e tecniCa. Uma contrapartida mais positiva da corisciencia mo4 dema centrada no ego é representada pela mop que 'venv de uma culturam ais'antiga. Pode ser egfpcia, judia, terranea ou chinesa e indica uma camada de tempo ante rior a ruptura 'entre sensualidade ,e' espírito. Ela tambem estabelece a conexão com 'a 'terra, com' uma base solida tradicao de cujo interior coisas novas poderão brotar. Sua
em faz:se' acompanhar da experientia 'de uma profuni m a g - E l a ',6 u m r e p o s i t o r i o de • c a l or h u m a n 0, d i d a d e h i s t ó r i c a . Traz o sentido de significagOes, antigas, o sentido de termos um longo passa, do interior, uma alma enraizada na antigui dade que„caso ,l,he p.ermitamos ultrapassar .os umbrais do tempo, encerra uma sabedoria de ha muito»cultivada. E essa sabedoria é capaz de intuir configuragoes -,subjacent atores jes de m odo m uito m ais cria tiv o que o ego form ado p o r fa a t u a l i d a d e . . 'OUtra figure que surge 'com bastante freqUencia é A m oca jovem'eatraerite," rive bronzeada, as* yezeS nua, qUase sempre dançando ou nadando, quer dizer,, associada a eleinentoa como cor; musiea, cOrpo e agua. 0 cabal0 e"uni,-trago marcante, podendo ser, a Unica coisa de que nos ree,Oidamos elarainenie ao acordar: Ela potle;utiliL zar-se de ProVocaao agressiva Ou simplesinente exercer um fascinio tran q u il0. Porem , consegue m o b iliz a r a libido aparicao 8empit «se1constifui inn apelo. E ssa firO ca akl os segredos do' jog() t traz vinetilos'pagaos ou'atelis come outras religiOes Ou sistemas morais. As vezes aparece presa numa' illia ou. simplesmerite- "incapaz, de sair" dela. Ou entao não se consegue falar-lhe por telef one por ter caido a linha. -Eld pode ester associada a animais, ou a sna natureia' ser..'maid animal. :Quase sempre essa figura tem 'um pai inieresSante(como nas -lendas em que existe as to uma princesaa um rei poderoso) e atualmente ela se repete em' nos quannosSoa sanhos come o reap to de uma garota de.m colegiociue talvez não rcle aParte twit° interesse e to o seu 'pal, que ficou em mossa lembrança de modo signi-: ficativO." ..................... 'm b m c - ' E s s a ' i r n a O m p o r s i s o j e l a é o' que Jung denominafigura tipica de anima. Ela se 0aSsocia co a> v id a de anim ais a com a agua, ou seja-, com s ins com o fluxo des emogoes, de tudo title e liquido, com «ritmos,
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capacidade de responder ede. interiorizar, elas também mos tram formes de desdobramento de minha vida religiosa. Se a imager-a de minha- alma for joveM demais,«n entao MiltO frja ou materialists, Ou-ainda muito,ctitica, é certo'que ba de distorcOes. cOrresPondentes. em minha' vida teligiosa. Segundo a tradicao, a ‘alina era crista-(ahima n a tu r a lite r c h ristra n a ),.m a s no,homem modemo,a aniMa pode ser qual q u e r sutra coisa. Sem a cOnfrOritacao com o feminino inte rior, ate mesmo: a- filiacao confessional' do ministro -podera a confirmar o Seu- 'enVolVimento ineramente em nivel do VI ego. Interiorm ente e nU m a se pais profunda, muitas outras coisas poderao-estar se desenvolvendo. H a sutra forma de nos aproxitharmos da feminilidade interior. Trata-se de procure-la através das emocoes e est& dos de animo. Como ja.virtios, tropeçamos no inconsciente através de sonlios.e fantasias e tambem de emocOes. AlguInas emocOes são de =natureza- particularmente feminina; conic), por exempl», a-autopiedade, a sensibilidade, o sena mentalismO; uma 'certa,corisciencia de ftaqueza; desan im» e depresses. Não..que-tudo isso pertença, especificamente as mulheres (ao:contrario;‘i as emocoes-das.mulheres são geral mente mais .makulinas: causes, opinioes, principios, discussties as mais variadas por seu. animus advogado/vendedort policial/pregador ou - estadista. Esse a n im u s as vezes sim plesmente, atrasa at scoisas, batendo- portas e 1 2 ‘roporciona"" do outras exibiceres,do -tip° tourtirbtarremessador de disco/ ciclistaLde maratonas ou_ trapezista). Autopiedade, depress são, sentimentalisma e .sensacao de -desesperança são,ferai= ninon pelo fato-de os hOmens os sentireni com° ta il. Nessas emocoes não ,exisie nenhuma s'aida do tipo 'bola' .pra fren te" . Elas realmente, diminuem a- eficiencia de um homem, assim-como discirtir-e* brigar vase sempre diminni a -capacidade" feminina de ,criar relacionamentos:- Assim , a f amniarizacao com n o ssa feminilidade po,dera tamer co curso da jornada: que..percorrera alguns:dos lugares -visitados, pelo Peregrino, no P ilg r im 's P r o g r e s s , de jo h n Bunyan.,
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Apenas, em situações,, intimas . Os., homens conseguem revelar 'essa feminilidade,, esse,aspecto: ellsivel,_delicado e at ,mesmo . suscetivel.,E a autopiedade d ,particularmente difícil. Quando as pessoas pos_procuram,elas se encontram quase sempre, na: desesperança, e.talvezestejam excessiva.,- . mentelacrimosas,, com a autopiedade a mAo:,7 6 ; alguem que . é acusado injustamente, numa briga conjugal, ou o ,,pal ,que trabalha como • louco .e • acaba , tendo um • filho ingrato etc. Entretanto ainda existe- a autopiedade que talvez,seja.:a mais difícil de perceber,, exatamente «por. termos grande , difiCtil: dade de admitir sua existência ermnos. Ela difere das outras que sac) mais aulojustificagoes e defesas, e eu creio que não seja' faciladmitÍ 7 la devido a ,uma velha.,-tradicao. mantida pelas ,igrejas. •• - ,. • ' 0 clero .sempre, insistiu que é preciso amar o proximci; r n a s quase sempre, esse mot. seid O em detrimentodo,.amor que e u :deveria.sentit pot mim mesmo, especialmente por que, descle'muito cedo a minha pessoajnterior..estkmancha; da pela, idéia >de,pecado.-,O, amor sera re :me. foi colocado como: uma exigencia,, uma:.exortacaoa ,amar o proximo.e mesmo meus inim igos, a .amar quando nAp sonsigo-je nem sink) am o r.M esm o quando o =or nap flui,..soutom pelido a forcar-o amor a converter-se em agoTe.s..Mas o cultivo do sentiment0 na personalidade quase*sempre se, iniciamnde .se supoe _,que ele, não exista: >fora do relacionam ento coin outras pessoas. Para ,sermos malsexatos„..ele frequentemen, to se inicia, na; sombra; pa. autocompoixao , e, no sentiment0 p a ra co n sig o m e sm o .., D a ille c e s s id a d e r de" s .e n ta :, do e tratado com, ternura, de ser considerado„oUvido acaric, e cui, dado 6 - que: surge a verdadeira capacidade.de cuidar, de si mesmo. A autopiedade. 6 .comego. desse. Quidado A nivel - pro. fundo. Atrayds dela, posso*ser levado.a,,I-edescobrit„dentro de mim uma multidão de ,valores , desprezados, q u e r.estao esperando ,por um inergulliP erri anseios de reenc5, Pin
ta, de auto-reVelOcao: eta desvenda o meu anseio por mim mesmo. E é o:.que realmente, importa para a minha parte mais vulne.ravel- e hipersensivel. assim que comeca a se estender ,a> conexão vertical em direcao a minha interioridade. • , 0 sentimentalism 0 e os dramalhoes que nos assaltam levam-nos- de -volta a: certos dias do passado, a letras de cancOes: dos :tempos de colégio,‘ a .garota que nunca conse: 7 guimosconquistar, ajejeicao, magoas e traiciies. A menos que se- reabram a sejam sentidos de novo, esses substrates reprimidos constituirão as verdadeiras barreiras que irao separar os adultos de seus filhos adolescentes. 0 impulso incestuoso acaba se intensificando devido aos desejos irredimidos de um-adolescente.em participar novamente de um mundo que '6 . dissociado e carregado ho inconsciente atrayes da imagem de uma. moca muito jovem. Ir ao encontro dos filhos- adolescentes é menos problematic 0 quando não se 6 mais .aineacado pelo filho adolescente que ficou den tro de nos: Talvez tristeza seja rtima palavra melhor que desespe rança; por ser mais familiar e simples. A desesperança tem um antidoto: mais coragem", mais espirito, 1' 6 e esforço. Ma s a tristeza 6 um subtom crescente, é a sombra que se alonga no relogio solar quando o dia caminha em>direcao a noite. Essa tristeza parece ser uma queixa e uma afirmacao :do lado feminino dos homens, que;_ vac) envelhecendo. E como se as mulheres, carregassem a tristeza conscientemente como parte de seu senso, feminino 'de realidade pdlo fatO .de elas serem geralmente mais conscientes do .fato,de estarerríenvelhecendo. belo dia, contU do, o hom em chega aos trinta e cinco.ou quarenta anos, ou .mesmo mais tarde, aos cin qüenta, e entao a tristeza bate a porta. Fica um peso no coracao; e faca que fizer essa sensacao não vai erhbora. a expressão tipica' de um estado' causado pela, anima, o séquito fine da alma. que se: transformou tium fardo- por não the ter sido dado tudp aquilo de que necessitava, esse
aspiracoes perdidas e.em_arrependimentos.por escdolhOso erra7 das. Pois a .autocomiseraCao. 6 uma, forma de autode'scobet 1 1 0
o momento em que se estard mais vulneraVel 'a um caso de amor que poderi ou não resolver 'g'8 ituagdo;' e mesmo que resolva o-subtom permanente da tristeia; isto 'acabara sendo um alivio de curta duraOo,-a menos que o Telacionamento faca algo em favor de seu lado feminino, cultivando-o, dei_ xanda-o expressar-se é, -o que é mais importante, reorientando o seu.ponto de vista masculino habitual’ e rotineiro face aos valores.femininos1’ da vida. Pois é exatamente essa reorientacao do panto' de' vista masculino que' parece ser o propósito das emocoes femininas que nos deprimem e enfra quecem. Elas nos arrancam a couraga;nos amolecem o coracao e secam-nos o braco direito em favor do esquerdo, com o qual somos desajeitados e incapazes de movimento. Se to dos os fatos psicológicos são dotados de intencionalidade; entao eles se encaminham para algum significado. A perturbac'do de uma consciênciaa masculina a:respeito do feminino teria, consequentemente, por significado o abrandamento e feminizacao do ponto . de vista cOstumeiro: Isto* im plica que, depois da meia-idade, levando-se em conta a fato de a vida at ai’ atingir o .ponto media de seu curso junta com certo desenvolvimento; o caminha a prosseguir não seria mais a continuacao da mesma linha ("outra vez a mesma histOria"), e ,sint a extensão da personalidade através de seu oposto. No. capitulo anterior, vimos’ um aspecto oposto ao ego: o lado .escuro da, sombra. Agora, defrontamo-nos 'com outro aspecto: a feminilidade.rinterior. Vamos, relacionar essas observac,Oes psidologicas do desenvolvimeritOL da. personalidade com 'os simbolos e, mode los do aspect0, feminino, conforme, aparecem na. experiência religiose. A seguir nos estenderemos sobre aspectos do lado feminino como aparecem em exemplos da religião comp a r a d a . • 0 xama, sobte 'quem Eliade 11• escreveu um' livro mara vilhoso, desempenha .em' algumas culturas uma mudança
seoalidade e a vivência coma esposa de outro homem no s mistérios do sacerdocio. Nessa c u r s ° de s u a i n i c i a c a o no ocasiao, o individuo é chamado ,de "homem suave" ou " homein semelhante as mulheres". A integracao do lado femi nino, vivido de fato sob forma ritual, também pode ser en Wino, na Sibéria, Patagônia e Indonésia, bem como entre os go, Hercules, o hamem entre os -homens, o herói entre os heroes, depois, de cumprir, os • seus doze trabalhos, acabou servindo a rainha Onfal. Depois de term inar ' a processo que o levaria a tom a r-se,e um homem consciente, conseguido através do esforço de ou luta apos Aconte luta, ce 1 Icque ele enlourcules não se lancou a maiores alturas glorias. queceu e, o que importa mais para o nosso tema, tomou-se servo de uma 'mulher. Ha vasos com imagens que o mos tram vestindo roupas femininas. Variações tardias desse mitologema ostentam a figura de Hercules executando taref as femininas, fiarido sal) as ordens da rain. Ou entao 'vejamos Ulisses, em sua viagem de dez anos ao regresar da guerra, novamente um heroi de estatura sob r e - h u m a n a , o m a r i d o f i e l e de s u a lider poderoso: passom u um ano in te iro n a 'ilh a de C irc e, 'a b a n d o n a n d o a u rg en c viagem ,e o objetivo de comando em troca das, alegrias po * r m esa e’»da cam a dessa rainha; ai, vestido e enfe itado mks femininas, .ele dem orava e reorientava a seu curso, o ganhando assim .previsão, apoio, far e sabedoria para enfrentar asproximas fases 'da jornada de volta ao lar. que U m a am plificacao inversa pode& ja ser a de Orfeu, é talvez a afirmacao mais antiga da cultura recompenses ocidental 4 e u m a r e l i g i ã o n ã o p r o f a n a , p a r a a q u a l as encontram em outra vida e outro mundo. Apos, a morte da esposa ele .pass a evitar todas,as mulheres, recusando-se a inicia-las nos misteTios ou mesmo a permitir aos seu§ segui dores tom arem parte nas celebracoes ,dionisicas, q ap u e re
2 K. Kerenyi, The H eroes o f th e Greeks, Londres, 1959. 1 M. Eliade, Sham anism ;' Londres e Nova -York,' 1964.
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’Sentavam uma 'componente marcadamente feminina. A re. compensaspelo . misogenismo de Orfeu foi sua morte p or maos femininas. Elas o espanCaram brutalmente ate" a 'none, e depois_o esquartejaram.. 0 lado feminino, caso, a natureza e a danga da vida representada pelas imagens das bacantes) retomou, coma o reprimido sempre retoma, e matou-o numa paixao delirante. Contra, forgas femininas dessa especie nem. a mUsica de Orfeu, nem . sua religião ascetic a de um outro mundo .puderam defende-lo. 3 N a estatuaria hindu .dade ou Shakti, e representado por uma' imagem distinta e de atributos próprios. Quem .adora Shiva (ou Krishna, ou Vishnu) também reverencia as varias deusas relacionadas a encamagaa Besse . deus. A contemplagao . e adoragao do feminino' se fazem acompanhar de alegria e amor pela vida, pois sua beleza mutante e ritm ica faz pane da essencia, embora parega paradoxal, do Shaivismo ascético. , As características' femininas de Buda são evidentes: a receptividade pesada e.silenciosa sugerida pela barriga gran
de e o peito macio, as. orelhas grandes e abertas que absora. compaixao.. vein,, a arvore, sob a qual .esta sentado, a postura_ de lOtus e As amPlificagoes da feminilidade: integradas na relfgiao judaico-crista são ,bem conhecidas. Vamos, entretanto, reyer alguns temas' apenas como e indicagOes.:.Pela tradigao judaica o shabbat é feminino. ' Ele 6 saudado ao anoitecer da .sexta-feira como uma convidada,- ,uma rainha que traz alegria. E um: tempo, de consolagao e calma,ao,fim do trabalho, tempo ; dos sentidos, dos relacionamentos (o lado feminino) e dal toma-se a tempo da, familia. Na Cabala, um dos- lados da arvore dos- dez Sephirot, o lado da misericardia .ou do amor, de Deus, e leminino, bem .como o Sechinah .0 Corpo Mistico
nificagao longamente desejadas e ainda não atingidas._Pois e enquanto mulher (a psique, em sua forma feminina), que a alma recebe e reconhece a Deus. A importancia das mulheres no Novo Testamento e por demais conhecida para nos ocuparmos dela,, como também 6 enorme a significagab das mulheres e do feminino na paixao de Jesus. Mesmo assim, yamos rever, alguns temas como indicagao e encaminhamento Dentre todos os poderes de Jesus_sobre toda a forga de sua fraqueza, - destaca-se a'sua simpatia e, compreensão pela fraqueza humana, "JesuS’Chorou".,Não ha tambe'm ne cessidade de entrar no campo da Mariologia, na Litania ou no simbolismo .das rosas,, jardins, Pogos, palmeiras e linos associados a imagem arquetipica de Maria. Contudo, vale a pena recordar que o Espirito Santo, atualmente concebido como outro aspecto masculino .da. Trindade, tem por im a gem, mesmo en4uanto espirito de Deus, uma pomba, simbolo anteriorinente_ relacionado com Afrodite, significando ao longo de todo a mi i n d o antigo o A m or e a deusa que o inspira. Durante a Renascenga, muitos aspectos da histaria de Jesus foram focalizados pela pintura. Uma imagem, em par ticular parece atrair a atengao,de um pintor apos outro ao longo dos séculos: _ trata-se da Anunciagao. Ai, M aria retratada como; uma jovem ainda infantil e inocente, cui dadosamente vestida e colocada entre quatro paredes. Nada alem de uma jovem que se encontra em casa, em seu quarto, freqüentemente bor'dando ou entregue aos estudos e que, de r e p e n t e , se ve f a c e a f a c e c o m o A n j o . " A redengao vai se fazer preparar em' seu corpo. Ela esta sob choque, assustada. E em seu rosto o horror e a rejeigao se m isturam a atitude de acblhim ento: - • Esse'motivo ocorre 'entre os homens e* as mulheres de nossos dias. Da imagem da estudante, que, aparece em nos sos sonhos, em nossas emogoes por , demais jovens (ingenuas„inocentes e excessivamente autocentradas),' algo p o
de . Israel, o Povo enquanto unidade, o Povo enquanto a noiva escolhida de Deus, aprostituta andarilha, a terra de Siao, e todas as imagens de, 3 K. K e r e n y i , The H e r o e s . , o f t he G r e e k s p7 , 'Londres, 1959.
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dera crescer. E conduzira por fim. a nossa própria redengdo, ao encaminhamento, de um lado feminino em diredao figura de sabedoria e com paixdo em que seA ransform ou Maria ao- final de sua histOria. No comeco, porem, sO_existe pavor e choque, pois em .algum lugar todos nos somos v ir gens, sensíveis, tfinidos, psicologicamente ingênuos e inex plorados na vida emocional, ariscos_ a envolvimentos. Em algum lugar somos adormecidos ao aspecto terrfvel da vet— dade, somos resistentes ao desafio maior, preferindo a segu rança, a casa, as coisas familiares e tudo aquilo que signifi ca protedao, como nossos livros .ou pequenos trabalhos m a nuais. Existe um lugar em que somos bonzinhos, caridOsos, obedientes e bem intencionados. Entretanto, bem pouco p o derá resultande toda essa bondade, a não ser clue o ventre da psique receba a semente de fogo de nossa essencia que plenifique seu desejo criativo a partir do qual a experiência interior impulsiona a experiência de renovacao. Esta -descricao condensada teve por objetivo, mostrar porque o-cultivo de' nosso mundo de imagens e estados de animo, de sentim ento e fantasia, ou seja, de nosso próprio jard im _ interior é essential Tara que -poderia ser chamado de 'momento._ religioso. E porque, esse momento religioso requer um animo passivo as intenções de.Deus, um estado receptivo, A Vontade Divina e- a experiência de um ferimento-que nos possa abrir, a que ele 6 ’feminino em >sua natureza. Entretanto ainda, resta saber: como_se chega a um ajuste com esse lado feminino? Como fecundar a,esterilidadCom o é possfyel cultiva-lo? e que não imagina um domed° novo, a virgindade da estudante que brinca com a vida, bem como a solteirona fria ou a prostituta impaciente? A resposta mais simples, a -solucao mais geral e que acontece, com mais freqiiencia é: com as mulheres.e através delas, na sua intimidade e relacionamento. Infelizmente essa afirmacao é sempre tom ada de maneira ingênua, em seu sentido literal: Se a conexdo humana entre duas _pessoas depende em defto. sentido da conexão interior entre as pessoas, entao isso tam-
bem vale com Edna° ao desenvolvimento d° lado fem ini no. Ser direito pode significar'hOnestidade, mas certamente "honesto para com Deus!' não é a mesma coisa que ser direito no relaciOnainento com ele: Isto é ser ingênuo, tao ingênuo quanto 'acreditar que uma sbludao promistha levara a diferenciar a feminilidade da psique. a intimidade e a reladao sexual.
se tomam
compulsivas quando todas as outras formas de intimidade e relacionamento,falharam. Da mesma forma, .quando se ne-, gligencia o interesse.pelo lado feminino, quando não se de monstra interesse em aprender ou mudar os estados de espi rito, as emocoes e gostos causados pela anima, entao a m u lher exterior acaba sendo a Unica maneira de aprender. Não se pode, definir, o amor com precisão, e as razaes pelas quais duas pessoas se encontram e se apaixonam ainda estao por ser catalogadas (apesar de toda a literatura dedicada ao, terra, e dos estudos psicológicos que the comentam os de talhes). Porem podemos ter certeza de .uma coisa: quando duas pessoas são levadas uma a outra, ha sempre uma que da, um chamado ou impulso para -a uniao com o desconhe cido, que tanto pode ser celestial quanto demonfaco e que se tom a conhecido e intimo através dessa uniao. Mas exis tem outras maneiras," alem da sexual, de se familiarizar e atingir a intimidade com o desconhecido. Minha intencao' naa a discUtir contra ou a favor das reladoes sexuais indi vidualmente determinadas.-Para um psicólogo isso tem pouca importancia, ja que as pessoas .vivem -suas vidas de acorda com tipos 'de' raciocinios'os mais obsctiros e individuais (deve-Se considerar que sistema-'que -regula as rein óes entre os sexos, &yid° a ser a eXpreSsão fundamental que rege as relacoes entre os opóstOs; esta;sbjeit° a infinitas variacoes;que vao desde a abstiriendia e a. excluSão ate o incest° legalizad 6 ,'a poligainia e 'existência de cônjuges ainda criandas, sendo que qualqueiniodelo,prof)orciona justificacao para quage todo tipo de comportamento).
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Inclusive,se com bastante freqiiencia, as Taisagens bu. cOlicas de um "caso"são uma das maneiras de evitar a este rilidade opressiva . 00 casamento. Atualmente, ,se pudessemos descobrir onde .o amor é mais dilacerante e cheio de tor. mentos, acabaríamos :verificando que é no casamento rn0. demo ocidental. E isto equivaleria a dizer qu je a crucificagao do amor, do Cristo, encontra-se exatamente dentro de nossos ;fares; na situagao intolerável de casam ento em que tanta "gente 'esta imobilizada. 0 um caSamento 'modem0 carrega um fardo imenio sem o "suporte vivo do sacramento, ou o apoio da tradigao. Se isto for um Getsemani, entao, ir dormir fazendo de conta cfue ele é um jardim tranqüilo ou abandona-lo na agonia impossível do casamento (de fato experimentado como a própria rnorte do amor- por tantos que v*em embusca de- orientagdo) seria fugir, s'eparar-se ou divorciar-se do lugar onde Cristo realmente esta enquanto amor. Suportado através da noite escura,- ele pode,- na verdade, leVar a uma dor ainda "n raior. Por que am or não pode ressu§citar:> - " - - outro lado, sera _ . No casamento temos a chance de viver a uniao dos, opostos e de cultivar eros todos os dias. Um bom casamento significaria um a boa uniao. Mas isto esta especialm ente reservado pars aqueles casais nos quais cada _membro se encaixa perfeitamente,nas partes falhas do outro. Um "bom" c a s a m e n t o se da, e. l a g d o do c r e s c i m e n t o t o t a l ntao, pe l a anu do individuo. Esse tipo de uniao'impede o des,envolvime pois _ o parceiro, não deixa o outro ncher nt°.. por seu próprio; crescimento individupreeal. ("El suss lacunasajia'esra la, a minha frente, como„de habito demonstrando a suata competencia").No casamento,, duas, metades não fazem um inteiro. Assim, muito dificilmente
0 casamento, enquanto santificagao do mistério do casal, não tem manual de -instrugoes. Mesmo assim, alguns de seus problemas (nunca-porem- seu mistério) podem ser relacionados ao modelo da cruz do amor descrito no capi tulo I. E frequente que um dos pratos da balanga fique sobrecarregado,- relacionando-se assim a crise no casamento aos reajustes de- proporgoes entre o amor enquanto comunicagao ativa' e -enquanto profundidade, interior. As ve-' zes o amor; enquanto estado de ser, acaba' crescendo nos acres estereis e ,abandonados onde o amor, enquanto dese jo, ja se consumiu: Outras vezes é totalm ente impossível. A (mica coisa segura seria -dizer que o casamento pode ser um milagre em meio ao dia-a-dia -se dermos menos atengao* ao outro ou- ao "nosso problema conjugal" e mais as qua lidades femininas de nosso interior seja eu homem ou mu lher. Costuma-se dizer que no casamento 3/4 da responsa bilidade pertence a - mulher.* Costuma-se dizer isso signi ficando que-a parte feminina engloba a maior parte- do ca-, sarnento.. Mas o- feminino- encontra-se tanto no homem quanto nam ulher. A perda da anima do hoinem e os seus lagos matemos ultracompensatorios, beni como o "fato de a mulher esconder-se da feminilidade no envelhecimento, são os fatores.que rapidamente ressecam a congelam o casal em maridos e mulheres pre-fabricados, tao arquetipicamente iguais em todos os cantos do mundo. Tao ásperos, amargos e sem gostoespecifico, ansiando pela agua da vida que cada um espera encontrar dentro de uma nova experiência. Existem, contudo, outras maneiras de chegar ao co nhecimento do feminino, de descobrir.o-nosso lado oposto., E por essa verdade interior encontrar-se perdida que se faz necessário, dar-lhe enfase .hoje em dia. 0 feminino não é apenas uma _coisa extema; ele esta la, dentro’ de nos, pois. o que determina que sejamos homem é apenas uma peque na preponderancia.de cromossomos . . . 0 homem timido que., foi D.. H. Lawrence_ descobriu as mulheres como elas «são,, de maneira Intima e valida, sem ter que primeiro assaltar, e,
spodera existir, um "bom". casamento,, se antes não existir um casamento ,"ruim", isto 6 , uma uniao onde o,processo,indiyidual em diregao, a totalidade frequentemente produza rnecessidades contrarias,, a, imagem costumeira ; de um ," born " casamento.. 118
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conquistar a populacAo feminina do pais a titulo de pesqui sa pessoal. Apenas um aspecto do cultivo da sensibilidade e sentimento é sexual, e ainda assim esse aspecto é um dos rlltimos. Esse desenvolvimento parece ser principalmente uma,questão de tempo. - 8 curioso que quando se vive temporatjamente a se xualidade sob a forma de, fantasia, ,ao invés de exprimi-la concretamente, da-sea vida a oportunidade, de passar por uma remitologizacao ou ressacralizacao. Ela tende a se con sagrar novamente através da retencao pela psique., Quarido seprende o calor, a psique pode ser acendida em imagina-, cao, ao mesmo tempo que, enquanto anima ou alma, a p si que também confere o seu toque humano. Ela, da forma ao feminino e diferenciagao ao,sentimento,ampliando,necessi dades prementes em amor. As .vezes essa dinamizacao, ,essa_ ressacralizacao da sexualidade irrompe porta a dentro com a sua W elt-Schm ertz ,cO sm ica, com sensagoes físicas dentro do peito, com mulheres, oniricas tristes, com olhos, femini-, nos, como fascinio pela. M ulher em si:, todo- esse mundo, ,que deu origem 6 se diferenciou*por meio do culto da deusa do Amor, como também pelas teorias do eros,cosmogoni7, co, dalarmonia das esferas e da espiritualizacao op divinizacao do amor. A origem arquetipica desse conjunto parece ser a auto,inibicao de eros, a ,qual não é nem -proibicacY moralista. Não se trata, aqui, de condenar, expressar concretamente- ou -sublimar a seXualidade_ sob qualquer outra: forma. Os sentimentos ,e as ;fantasias -sexuais vividosJ intensamente'dentro da 'pessoa e, assim, por meio de uma imagem feminina, eles ,podem se abrir comb luz >ou aroma: (dal os simbolos -religiosos clássicos da flor celestial do_: amor divino") em.direcao a todo o universo. 0 amante ama: o mundo todo, assim como o mundo também (Lama.» Uma vez porem consagradO por esses dominios eleva dos, o amor volta a casa, descendo A. região.do meio, que ..e simplesmente a psique humana; e que, necessita de alguma' coisa igualmente humana para a sua plenificagao. Cair.fora.
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da paixao é ca'rr ria humanidade. Tanto os dorainios Trials altos de eros, quanto os mais baixos sad profundamente iridi ferentes a pessoa e, ao- amor humano. A .sexualidade, quando considerada em si mesma, e.impeSsoal. 0 eros sexual te m a brutalidade de um demOnio; podendo também apresentarse como UM deus alado -a nOs:empurrar para fora do humano, caso não esteja unido e C ontido_pela psique. Para trazer alegria-cosMica novamente ao : mundo, p ‘ermitindo-, the tomar-Se humano a ponto de reconsagra-slo, pode ou nãoser necessário o encontro concreto com: uma _outra_pessoa„ vas esse proCessO de t psiquiiacao sempre levara bastante
t e m p o . , O utra pO sSibilidade de cultivar eros interiorm ente, requer que. se esteja- aberto ao_ine'onsciente, como ja vimos, paginas atra. 82 Sera 'que tenho vontade 'de it onde esbarro nele, especiairriente la -onde sou atraido, não tanto por uma pessoa em. particular, mas pela imagem dessa pessoa? Al esta a intemalizacao radical .de eros — tratar o exterior, como se fosse coisa intema, ou nada mais que um so n h o ". Deixar-se ser sonhado, embora retendo a consciência den tro desse niovimento..E toode acompanhar os sonhos, as pon tes espbritateas e _naturals que se_ estendem todas as noites entre -a consciência e o outro lado. Quanto mais distantes nos encontrarmos d it ais escurci for o abismo entre a noite, e o dia,-Mais sedUtoras e encantatorias serao as itnagens a nos -chamar. A psique valese da seducao quando, o ego não se que mover. 0 guerreiro orgulhoso,. de coracao duro e que não otive ninguém, é atraido_por_fantasias sexuaiS. Com freqUenCia. estas São as unicas maneiras do inconsciente f azer-s e o u v i r e s e n t i r . _ A abertura para o- sonho implica abertura a .todos os. sonhos, a todos os seus'fragmentos e imagens, t uma co n p; do ego decidir, pela manha, que sonhos sac. ott não uteis, quais os que felizmente podem_ser esquecidos e
quaffs os que realmente vao importar. Quase sempre a de Cisão .do ego_neSse setor serve apenas a si mesmo e a sua 121
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importancia,* ao passo: que a. finicao maior do sonho seria a de tornar o ego -relativo dentro da totalidade da psique. 0 ego quase sempre sente nisso uma humilhacao negative, Quando se permite a ele escolher, esta iniciada uma forma sutil de autotraicao, conduzindo a unilateralidade e, final mente, a inflacao e,a estados depressivos. A energia não estara equilibrada,. Levar o inconsciente a seri° significa ouvir tudo o que ele tem a dizer ate o limite que possamo s agiientar. Não se trata de escolher apenas a s coisas agradaveis. , M em de toda a seriedade, para assimilar os sonhos, dependemos, como ja vimos em relagao a sombra, de uma certa aceitagao bem-humor,ada do seu aspecto incompreensivel. Novamente nos defrontamos com 'o paradoxo: uma analise ardua, conjugada a uma tola submissão aos sonhos. Em bora seja necessário o meu esforço em recapture-los muito pouco podera ser assimilado sem a leveza inobjetiva e a> indecisão paciente ,própria do feminino._ A integracao entre sonho e consciênciaa requer algo alem de-esforco. • A qecnica .pela qual o mundo interior do sonho e da imagem e cultivado,(a intemalizacao de eros,'para »denomi na-la de outra.fornia ) - 6 rapidamente descrita em tres fases: de inicio a uma atitude .da consciênciaa, a de aceitar tudo 0 que vier; embora isso >não se realize.com facilidade, facil entender como- isso atimentara o «campo da -realidadequica ja do ponto de vista- eriergetico, pois muita coisa estard fluindo para dentro, enquanto nada tera vazao para o exterior.' Claro esta-queltOdas as fantasias que fluent para* dentro (com° sonhos, projetos a impulsos) .tem ,premencia* de acao. Separar a fantasia de suas raizes dinâmicas e, do impulso Tara a acao é uma taref a realmente difícil. Tende mos a reprimir tudo porque-não pode ser trazido a vida, ou, ao darmos redeas a fantasia, desejamos vive-la imediata mente de forma concreta. Tal metodo inibe o ego enquanto c'executor!'. Contudo, a consciênciaa pode ser estendida enquanto se contraria o
epp. Ela pode atemesmo crescer as custas dei anto e, seef r nos p e e garinos a diferença entre c o n s c i ê n c i a e n q u l e x a o uiquanto acao. Aqui podemos lembrar como se cia otlesenvolvimento do ego. Ele» aumenta o seu foco a partir da infancia, jun tando para si a luz mais difusa da consciência, geral. Ela cresce em detriment0 da Aotalidade- do ser, do si-mesmo. Por um lado esse crescimento .confere ao. ego sua capacida de para atencao 8 acao especializadas.e direiás.. Em contra partida, contudo, isso. rouba a cofisciencia da psique contra-' to globalidade, deixando uma grande parte dela naescuri: dao (as figuras arquetipicas que demonstram como o complex° do ego adquire sua consciência, quase sempre repre sentam ladroes: Eva, laco, Hermes, Prometeu etc.) A intensificacao continua, da consciência para o ego e pelo ego cau sa cada vez,mais escuridao'e inConsciência em outros domiios. A consciência difusa de um territorio intermediário vai-se estreitando as especificacoes do ego, ou entao acaba caindo r. o abismo. Perde-se-a habilidade de enxergar na penumbr; ficando tarribem. perdido o senso de tnaravilharse, próprio da crianca:.',Assim, a funcao simbOlica entra em declinio o_ mundo se torna desmitologizado. A religião desmitologizada simplesmente reflete a consciência,modema. que foi estreitada:unicamente em favor do ego. Tornar-se igual a 1 uma crianca e ser guiado por uma crianca, signi-, fica a reversed de todd um p ro cess 0 e ajuda a abandonar o foco de consciência do ego. , A diferença,entre consciência enquanto capacidade de refletir e 'enquanto forma de acao não é a mestna que ha ent re c o mp e x t r o v e r t i d o e i n t r ove r s ã o . A acao do> ego _pode, tanto ester voltada para dentro quanto para o exterior. Podemos serintrovertidamente,ego-ativoS quando não..deixamos passar nada e ficarrios preocupados, pesquisand° nossa vida Interior guiados pela curiosidade. Da mes ma forma a vida»extrovertida pode ser reflexiva,.como a de um told perambulando pelo 'm undo' A extensão da cons->
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ciência a qual me refiro é fhais o aprofundainentO do sentido vertical da conexão consigO mesmo. A luz é dotada de mobi lidade e ondulagOes. 0 seu ponto de partida tanto pode ser o mundo quanto- nos mesmos, o que importa a que ela não se move nO.sentidb das decisties, do estreitamehto do ego., A medida qtie esse mundo interior, de fantasias se intensi fica atraVes. do .sacrifício, da .compulsão animal que o ego tem pela agao, desenvolve-se um espaco interior contido; que é. o dominio ja deserito: no capitulo Em sintese, a primeira fase é a inibicao da-atividade do ego em favor, dafantasia 'consciente. 'Devido.a isso a ,pesSoa sente-se' fracas regredida; dependente; indecisa e infantil. Depois de aceitar as fantasias com seus impulsos e re= gressoes ao mesmo tempo que iefreia a sua realizacao no mundo concreto, a segunda fase .e canaliiar novamente ener gia para as fantasias e 'dota-las de libido, interesse, atencau, e.,amot suficientes, fim. de que elas assuinam uma vida, própria espontanea*e pessoal. 0 cultivo da fantasia, mesmo quando impelido poraobiga e*desejo, ao invés de uma contradicao' de Exodo'2037 e Mateus 5,28 é talVez a sua amplificacao exegetica. Na verdade eu posso olhar com desejo para um objeto e cultivar esse desejo, observando-o e sentindo-o,' deixando spas 'possi bilidades imaginativas'correrem em minha mente, distrairi do-me com prazer sem realiza-las7concretamente. E possi vel fazer a separagao entre o interior e o exterior; desejei contido no sujeito e desejo expresso' no objeto, entre a mac» esquerda de 'ima'gens e carências carregadas: de sentiinento e a mao direita dos desejos'exigentes..Na verdade, o :olho: direito e a niao direita sac Os que. ofendem devem -Ser sacrificadOs (Mateus'5,29), pois lado direitb é o lado danab. A fantasia leva diretamente a agdo quando não existe espago suficiente entre idéia'e impulso, quando -o dominia interior se encontra tao' enrijecido que nada pode.ser conti do por muito tempo. 0 que 'eu 'vejo, eu quero, e o' que eu, quero preciso obter: Toda necessidade' é transformada em
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exigencia.,Se ,a fantasia tem que ser eyitada pela referencia: a sua relação com' omundo. evxteria saua rea e ao critério on de " t e s t e n a r e a l i d a d e " ( q u e p o d e l e ar . l i z a c a o ccreta), entao ai.ja não ha nada a ver com 0 nom e e a natu reza da.,fantasia. A fantasia não se relaciona diretamente a nada do mundo concreto ; ,Ela não é redutiVel ,a ele na, orgem,. e :nem: the é dirigida enquanto fini* A fantasia pode ter suas ,inStigagoes em fatos exteriores, .manipulando-os. a seguir dentro da mente, mas o seu cameo de . existência é meramente, imaginario; assim como a..,cobica e a e luxuria também_ são. Trata,se de dinamiSnios psíquicos, d impul sos da alma que Seriam.simplesmente arrasados pelo grotes co, caso entrassem no ,mundo ’de forma direta. Não é tanto para serein_saciados pela acao, enquanto :apetites,.que esses impulsos aparecetn, como para criarem o mundo interior, para, iluininare Thes last pretasidade e, _ _ buir c cr e s u a s , p para aprofundar e enriquecer a sualmeta.de experiência. ' Como ja foi dito no .capitulo III, 'a.:verdadeiralrevolu.cao da alma.inão é sexual em si mesma. 0 instinto sexual humano é amplamente plastic 0 e prove energias para mu danças na, consciência ao longo de toda, a histOria'. psicoló gica. Se fosse possível ler. os encam inham entos dos fatos coletivoS através das experiências particulares dos indiví duos, seria possivet obserVar que a profunda mudanCa que agbra esta se processando é cap,tada _por :fantasias sexuais meramente ,enquanto 'dinamismo, psíquica, cujaintencao final; na verdade, ..e reviviticar e.expandirra realidade psi.7 quica:Vivenciar interiormente ao invés de, apenas exprimir tudo, isso coricretamente leva. uma ithensa energia instintiya ao mundo interior. 0 desejo e a cobica levam im pulso ao impeto de descobrito.'espaco interior, da mesma forma que e..necessaria ' a existência de dinamismos iisiquicos fortes ,como,curibSidade, ,competicao e fantasia de ficcao cientifi-
ca para levar-nos a Lua,Marte ou Venus.no espaco exterior. 125
Quando alguem reage com. medo Ou vergonha diante de suas- fantasias'; mostra .que ainda não. existe separacao suficiente entre .a experiência . subjetiva ;.de_ si _mesmo e a acao objetiva. Omedo e a vergonha são .protecocs,_são emo, toes que evitam _expressão concreta, e realizacao dessas paixoes_fantasticasLno mundo, objetivo. 0, medo e ^„vergo nha tainbem tonferem, realidade ao mundo, interior, que não surge mais como .se fosse apenas "mera fantasia" ou " d e v a n e i o " , . O interesse, pela fantasia . 6 uma earaCteristica de quase todas as disciplinas espirituais, 'quer seja, no metodo soh._a forma de.,"imaginocao .ative :junguiana, quer nas teCnicas descritas.no misticismo alquimico ou:ainda em textos-cristaos, hindus, persas etc.: Mas a fantasia passiva nunca, e suficiente, pois . ela ,6> interminável e.-.vai .tecendo veus que confundem .imageme acao. A fase posterior al fan tasia e. a imaginacao, isto 6 ,.o .trabalho de.transformar devaneio's e fantasiai_em..espacos_ cenidos- interiores, Onde se pode entrar, e que. estao povoados de figuras vividas, com as quais sepode falare conversar,-sentinda e tocando-lhes a presença. Isto, entao, é o que seria a pesquisa ou busca interior. Essa imaginacao requer um..esfor90 muito grande. 0 trabalho de converter fantasia em imaginacao. é. a base de todas as artes..Também .a base para os novos passos-,_que damos na vida, ,considerando=se que as visa es., de_nossos futuros pessoais ,vem primeiro .sob a forina de fantasias; E, no inicio, ha minta razao,para guard&lasem nosso interior, imaginando-as com riqueza ,de detalhes.e..em esquemas, em grande escala,:antes de decidirmos, se elas podem ser tenta das no mundo ou,seguidas mais extensamente no. nivel da interiorizacao, ou _se devem ser. vividas objetiva subje tivamente.
ue ela seja "real", r n e n t o p e r i m a r i o d e n e r g i a q u e f az c o m q A vida interior é palida'e efemera (como o mundo em deter-mina dos estados . depresivos) enquanto o ego não se volta para ela,.acreditando .e _datando-a de realidade. Esse invéstimento, esSe envolvimento com a vida interior f az com que ela se 'tome cada v_ez mais importante, dando-lhe essencia. 0 interesse que manifestarmos' sera o mesmo que receberemos de volta: As forcas assustadoras tornam-se hers e faceis de m anipular, ao pass que a m ulher interior se humaniza mais, captando mais facilmente a nossa conf ianca. Ela agora não 6 mais somente aquele ser sedutor e cheio .de exigencias: ela comet a revelar o mundo ao qual nos atrai e ate mesmo- a dar um 1 relato sobre si mesma, suas funções e propositos. Tornando-se mais humana, os estados a que estamos sujeitos tomam-se menos dificeis e pessoais, sendo sirbstituidos _por um subtom emocional mais firme, uma sintonia com. os ,sentimentos, uma corda que sabemos quando vibra. Não estando ,mais em.conflito com ela, mais energia encontra-se a disposição da consciência, provando que a energia , despendida nessa direr
ao retorna sob uma forma .nova. Entretanto, como ein qu.alquer. sistema-fisico, não podera setornar nada alerri do que ,foi dado., Somente a atencao e. o devotamento ,fiel poderão transformar a fant a s i . a e m i m a g i n a , cao.. . A atencao fiel ao mundo imagetico.~cramor que transsimples imagens em preSencas,,dando:lhes um ser, ou'melhor, revelando o, ser vivo que elas naturalmente con dem,. não é nada mais, do que a remitologizack de. qiie falamos no_f inal do.capitulo II. Conteildos psíquicos, .trans;formarn,se em, "poderes",, "espíritos" .ou "deuses". Senti mos a presença deles, como faziam todos os _povos prim iti vos que ainda tinham alma. Essas presenças, e poderes são
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Talvez a imaginacao.e o seu desenvolvimento consti tuam um problema religioso;- pois a religiao so pode tomarse real através da crenca. Como a te o lo g ia .a: crenca é um ato de fe. Ou entao, e a própria :fe enquanto invésti-
a nossa cOntraPartida modem.a dos antigos paindOes, de se-res vivos, departes animadas da, alma, dos. deUses p ro jeto res .domésticos e .dos demonios. assustadores. Eses- seres eramJniticos .por_ participarem de , lima "historia", - on dra-
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ma psíquico. "Nos ,representamos 'os mesmos dramas, e eles também se fazem representar .em nos; através ,de nossa pes. soa e em nosso beneficio,.quando damos.atencao ao aspecto imagetico de nossas vidas individuais ,e_ ao .da própria vida em- si mesma. A atericao _é a ,virtude psicologica cardeal. Dela dependem, talvez, .as outras virtudes, levando-se em conta a impossibilidade' de haver fe, esperança e amor em relação a qualquer .coisa sem o recebimento anterior de a t e n c a o . ' • Ha ainda outras, conseqiiencias da confianca dedicada as imagens-da, alma. Um sentimento novo..de_auto-absolvigab, de auto-aceitacao*comeca a circular, a fluir. E 'como se o coracao .e o. lado esquerdoestivessem ampliando .os seus 4:lominios. Os aspectos sombrios.da personalidade continuam .a' desempenhar seus papeis opressivos» Inas eles agora se encontram no. interior de uma fabula..maior: o mito de si mesmo. Sentimo-nos em ressonancia com a no&sa...significacao verdadeira. M eu .mito torna-se minha verdade, 'minha v i d a s i m b ó l i c a e. d a a u t o - a b s o l v i c a o , a u t o aceitagao-e amor por si mesmo, o indivíduo continua per.cebendo que e um' _pecador,_porem-não um delinqüente, sendo-grato aos seus pecados; e .não ao fato de os outros cometerem pecados.,Ama o seb.destino a ponto de desejar permanecer sempre nessa conexão intema vivida com seu próprio, legado, individual. Essas experiências intensas de emocao religiosa parecem fluir como dadivas da alma. Desta vez ela possui, uma qualidade especial, que seria inelhor denominada como crista. Esta' anima naturaliter christiana apenas comeca a. revelar-se depois da_ dedicacao, do cuida do atento, e prolongado .aos. aspectos da psique que pode riam não. ser cristão. A terceira etapa e gratuidade, 'devido 'a aparência livre e criativa da imaginacao, como se o. mundo interior recem-surgido comecasse, espontaneamente, a atuar por con ta própria, sem estar soba direcao.e a atencao da.consciênciaa do ego. 0 mundo.interior não apenas 12
progressivamente de si mesmo, produzindo crises e resolvendo-as no interior da sua própria transformacao; ele tam,em de voce, das ex ig en cias e co n flito s de seu ego. t a Shakti feminina da índia em um nivel ela culfuaisra e altocriativi-
são também as nove musas responsáveis p dade. Sentimo-nos vividas pela imaginacao. Os mitologemas nos dao outro indicio de les comcultuaa a femin i . l i d a d e i n t . e ma p o d e s e r . c u l t i v a d a . - H e r c u princípios femininos. Ista implica deixar-se, as vezes, envol ver por elementos como alua, anoite, sol a reeflexasuaco,ons a leacaci enci oa ? a c o r u j a e o f e l i n o , ao i n v é s de p e l o Clara, direta e honesta e sua acao "%s vezes negta. enua A consdênáaE plunar flutua; as vezes é ampla e clara, riOdica, reativa e no homem mostra-se 'corm variações de h u m ^ p f g ^ ^ j s Q y est e m undo a e o rcusar o corpo. Este seria uma armadilha, uma jaula para a alma. Contudo, foi através do corpo que sua feminilidade emociona a dodel o spe dacou. Isto quer dizer, p arcialm en te, que a vid corpo e rincipio feminino. A alma vegetativa, natural, |XJ,,u'uapresenta s ao p us figuracao — na experiência analitica — como _ sendo intimamente conectada com o sistema nervoso vegetativo involuntário, seus humores, flutuações e reacoes, sua inacessibilidade ab controle direta pela vontade, pelo sistem a , nervoso voluntário. E obvio que o desenvolvimento do corpo nab fosse signifuicam c u l t u r a mu s c u l a r , o u t r a t a - l o e cur t i - l o c o mo se objeto, aperfeod-lo em técn icas' de ju d o , carate ou em i , c habilidades sexuais..Deyemos salientar uma diferença — sempre esquecida - .7 - existente entre corpo e carne. A came é ao mesmo tempo o op e com panheiro secreto do ego. Atitudes 129
mentais quanto a carne produzem sexo ' mental, e ó rfs x ip ro ra eamiemiatCSmísmD^piSíieaia^tsiioiErtianajbaeTicuíiovitaminas.
O ego e a mente desprezam figurativamente a came, assim como nos literalmente olhamos_nosso corpo de cima parabaixo. 0 corpo pode ser considerado como o paralelo ffsico da psique, da mesma forma que a carne o é para a mente. Em tomb do relacionamento enigmatic 0 entre corpo e car ne giram questões como os inisterios da imaculada conceicao, a encamacao, atos milagrosos, a crucificacao e a res surreição. E, também os problemas da medicina psicossomatica. Nossos sintomas contemporâneos, nos forcam a admitir a came de forma nova, ratraves da psique, interna e simbo licamente. por seu intermedio que, transformamos algo meramente organic 0 no expressivo sistema do corpo vivendo no interior da came. Enquanto lugar de, fantasias, o corpo pode exceder de longe a capacidade da came e conduzi-la ao colapso, uma vez que e imenso o potencial de apetites do corpo. Podemos ser insaciaveis nas fantasias do corpo. De outro lado, aparecem também discrepancias entre corpo e came, por exem plo, erii peSsoas jovens e inibidas que tenham complexes de tip° neurastenico. A came esti em ordem, sadia e forte, contudo a fantasia do corpo esfa b la queada. São incapazes de sair e resolver seus problemas pelas ruas. Tentativas de resolver esses prohlemas na própria came resultam freqüentemente em fracassos, dolorosos. 0 corpo pode, entreianto,' ser estimulado e educado para a vida através de seu despertar e atraves'doS hurrores, fantas i a s ' e i magens f emi ni nas . Nos' disttirbios psicossomáticos a came parece não estar sendo dirigida por suas leis fisiologicas especificas, mas por algo ainda- m ais mais acessiv el a co n sciên ciaa através da compreensão psicolOgica intema do que pela observacao extema. A medicina p sico ssO rn atica a _o .feliz ressurgi mento da antiga doutrina religiosa do "corpo sutil" e dds "espfritos anitnais". Essa doutrina foi a base da' psicologia e da medicina oriental, oCiderital e arabica ate o século XIX:
vico dos espfritos da alma (espíritos animais), princfpio que constituía uma, uniao de incomensuráveis, ou seja, o "corpo sutil". Compreendendo tanto uma espiritualidade imaterial quanto uma realidade ffsica, a concepcao é sim i lar aos paradoxos que encontramos hoje em dia nas explanacOes parapsfquicas e paraffsicas da medicina psicossomatica, referentes a "dinamismos inconscientes", "esgotamento emocional" ou ainda a linguagem que eu próprio utilizei nesta obra, "a imaginacao do corpo". N a medida em que a consciênciaa se afasta da identificacao com a merite e o ego, ela se tom a mais am pla e mais feminina em sua receptividade e intimidade próprias, e a came consoantemente se transforma em consciênciaa do corpo (sentimo-nos mais contrários* a um tratamento exclu sivamente medico e mais sensíveis aos agentes farmacologicos). A consciênciaa do, corpo inicia-se com a experiência intem a da carne, a encarnacao real de nossa humanidade em tem ura e alegria, bem -estar e ritmo presentes aqui e agora, fisicamente próxima de nos; de,nossos sintomas e sen sações e da realidade 'física dos outros. De dentro do está bulo de _nossa came. perseguida e exausta, do nosso ser fisico rejeitado, asinino e inexpressivo como um boi; nasce o novo corpo e o f vem os reis oferecendo dadivas. Essa descida a came e sua transformacao em corpo, esse movimento intemo rumo ao mistério sagrado e vincula do ao feminino, poeticamente descrito em D. H . Lawrence ou pictoricamente em ,Rubens, onde o fascfnio pela car ne decorre em beneficio do corpo. Mencione-se ainda outra imagem, a de são. Paulo: "Teu corpo é um templo... G lo rifica entao a DeuS no teu corpo!" 0 caminho do corpo se faz m uito mais p ela mente inconsciente; do que, pelo consciente, que quase sempre ten de a permanecer_de*lado, Observando o.corpo como se fosse um objeto, embora precioso: sim, sempre "meu", mas desa fortunadamente não o "Eu" real. Entao a came e sua vida tomam-se compulsivas, de tal forma que, quanto mais nos
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afastamos dela, mais "ela Texetce sobre nos seu fascinio, auto-eroticamente chamaridO nossa atencao de Volta para si. A alma natural, essa nadadora trigueira, jocosa e seme lhante a um gato e aos estadds deAnirrio e fantasias que ela constroi, 'nos conduz em sentida descendente a tepidez ani mal, a disposição e sensacties fisicas: Os sintomas bl o queados,^ preocupacao'com a came como um objeto e tudo o 'que possa atontecer de errado com' "ela" tem finalmente uma chance de diminuir. 0 desejo de tom ar-se Integro novamente, curado na came e ressuscitado,no corpo;'não.tem de ser satisfeito atrayes de uma' igacao sexual extem a proibida, considerandose qire quase sempre esse* . 6 o caminhoT que o homem segue ao procurar sua redencao; o retorno de* seu 'corpo a si m e s m o . • De fato, a intimidade mais profunda cony os sentimentOs físicos de um hoinem. a expressa pela psique thasculina através da' imagem da"irma com quem uma uniao sexual extema esta proibida.' Contudo; tom ) acompanhamento des sas emOcOeS cruciais, a 'psique insiste na iinagetri da. irma. Atras da’ atracao pela ,mulher proibida encontra-se a faScinacao pel a Tomar este aspecto s i mpl esment e em seu carater redutivo aos .desejos infantis incestuosos, distorce seu significado mais profundo: Novamente, que a proibido no mundo exterior toina-se uma necessidade imperiosa para o interior. lung 'diz: "Sempre que else instinto de totalida, de aparece, ele com qa’ por diSfarcar-se soh o'sim bolism o do inceSto. .. " 4 Minha irma abrange"metupai e minha Mae; minha formacao.'Compartilhamos os mesmos segredos.-Mi= nha irma sou eu — porem" feminino. Unir-me a 'ela a com pletar a mim mesmo; fertilizar-me, pois "-incesto é uniao entre iguais. . " 5 Ela evoca, em mims a familiaridade e a uniao com meu prôprio'sangue. Assimcomo minha polaris p.
4 The P sych o lo g y o f T rotsferen ce, .’L o n d res e Nova York, 1954;
262. 5 Idem,p. 218.'
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dade sexual é estimulada pela distancia, constelando minha masculinidade ,na virilidade sexual, a fusão com a irma devolve-me a identidade feminina. Ela evoca a imagem ori 7 ginal de inteireza anterior as primeiras feridas da infancia que separam o bem do mal, o ego do si-mesmo, o corpo da came, o macho da femea. Através dela posso ser reconciliado com o amor pela minha própria natureza fisica. A irma 6 o amor primordial, não mais regressivo ate a Ink, já que se encontra em m inha própria geracao. A irm a é m inha igual, que sente o mesmo em relação a mim, seu irmao. "Como é doce o_teu amor, minha irma, minha noiva!" "Ah, se fosses meu irmao " "Abre a porta, minha irma, minha amada, minha pomba sem defeitos. Tenho a cabeca orvalha da de sereno " . 6 0 enfoque do corpo deve ser igual ao do sonho. Ambos proporcionamineios' de desenvOlvimento da conexão inte rior e expandem-lhe a realidade psíquica. Posso tomar-me amigo tantO' do corpo quanto do sonhb, dando valor, confianca e compreensão a seus impulsos e necessidades. Assim como so um especialista pode interpretar um sonho, so um medico pode diagnosticar a came. Mas Podemos nos tomar amigos tantO d^um como "de outro; o" vintulo afetivo com o sonho confira a sua iealidade psiquiea p o r entregar-lhe o nosso sentimento. A considericao afetiva 'pelo corpo é um sim dado a vida' fisica etiquanto templo ou receptáculo de algo transfisico. Esta intimidade e familiaridade com o corpo, deslizando ao seu interior, é o contrapeso necessário a ativacao do inconsciente na fantasia e no sonho. Se ambos não estiverem em" conjunto de modo permanente, com faci lidade cairemos no velho equivoco kantiano da supe'tvalorizaOo' dos conteúdos mentais, tomando-os":eomo as (micas expressoeS da psique, que na filosofia idealista não pode ser tocada. Sempre qUe o físico e desValbriiado, algum mal esta sendo feito contra a dimensão feminina. A encamagao, psi-
ó Cantico dos Canticos:
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cologicamente testemunhada, é o sentimento da vida na carne, a ressurrei gao des t a carne, sob o pr i s ma ps i col ógi co, refere-se a t r ans f or magao da carne em corpo, p a r a l e l a me n t e t r a n s f o r ma g a o de des ej os egoi st as e da raci onali dade em consciência, psíquica. E sta transformagao diz respeito, portanto, ao amadurecimento do corpo dentro da came que vai envelhecendo. Mesmo quando submetido ao processo irreversivel da velhice, oindividuo continua- a desenvolver-se com as transformagoes do amadurecimento. Apesar do aspecto feio do envelhecimen— to sentimo-nos mais agradecidos e em estado de graga, o que também significa que o corpo e o local da gragac Ela ê uma virtude fem iriina novamente, o recebimento dessa grata depende de que antes se desga a feminilidade da carne e a sua redengao sob a forma de corpo., Ao servir ao feminino, ao deixar que ele goveme deve haver um cuidado especial. Hercules passa, a servir Onfale somente alp& .a realizagao dos Doze Trabalhos e Ulisses vai viver ao lado de Circe somente depois de passar dez anos em .batalhas. Isso , demonstra -a necessidade da exisiencia anterior de uma certa posigao, masculina. Não significaria isto a necessidade de que antes exista um ego que ja tenha realizado alguma coisa?, - se assim é, deduz-se que é m e lhor acontecer isso apos'a .meia,idade, caso contrario a p es soa tera pouca percepgao, das coisas e também pouca forga, podendo o ego, abandonar suas posigoes muito, facilmente. De outra forma o reenfoque não sera nenhum sacrifiCio ou reorientagao verdadeira. Sera um mero servigo regressivo a mae, quando separar-,se dela era .o. objetivo de todos os trabalhos e batalhas. Eu não creio,que possa hayer alguma, diferenga entre o moment0 religioso e o que estivemos desenvolvendo ao longo deste, capitulo: .pu o que vimos, no ciesenrolar .deste livro. Não importa ,para onde, mudemos a localizagao de Deus, seja Ele o Deus interior, ou o Deus absolutamente
to base do ser, ou o Deus compartilhado onde dois ou tees estiverem reunidos, ou se estamos todos em Deus e não po demos nuncaestar perdidos para Ele apesar de nossos esforgos freneticos — seja qual for o lugar que Lhe d esignar m os, o m om ent° religioso sempre sera um a experiência e esta experiência acontecera na psique. Talvez a nossa ta re F a m enos a p ro cu ra e localizacao de D eus e m uito m a is a preparagao do solo para que Ele possa descer das alturas ou levantar-se das profundezas, ou ser revelado atraves do am or pessoal. Este solo e preparado pela busca interior quando re i vindicam os corajosam ente as areas perdidas da alm a, onde ela caiu em, desuso ou em doenga. E a preparagao se apro funda pela , separagao dos filam entos da som bra, quando incorporam os a consciência as tensties das perplexidades morais, de tal form_a que nossas agOes se assemelhem menos a reagoes e m ais a atos verdadeiros. A personalidade que não pode conter:se, que,cai aos pedagos caso o ego tenha que ser abandonado, que não tem outra luz a não ser aquela sustentada pela vontade, muito dificilmente sera a base para um m om ento religioso. M esm o que Deus seja am or, esse am or podera nos destrogar caso as feridas de nossos p r i meiros amores humanos tenham sido fragilmente suturadas. Sera que a personalidade que não levou- de algum modo devidam ente em conta o inconsciente, a som bra e a anim a p o d era ser o calice que contem a g rata div in a? E la não sucum bira rapid° dem ais a desum anidade dem oniaca do m undo coletivo exterior ou ao inconsciente coletivo? De acordo com relatos da tradigao, o m omento religioso é descrito como um acontecim ento intensam ente vivido que transcende o ego enquanto revela a verdade. E é exatamente esse o objetivo da analise. A verdade ali experim entada vai alem da verdade causal de um a pessoa: as banalidades do tipo "com o fiquei assim ", "quem é o culpado" e "o que devo fazer agora". A analise se encam inha para a verdade m aior da coerencia, para insinuacoes de im ortalidade e
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para descobrir comb minha pessoa Cabe no esquema trials amplo do detino. Quando estas* revelagoes abrem a porta para o ineu centro emocional,, iluminam, ao mesmo tempo, uma parte da escuridão. Esta verdad e tambeni a amor, uma vez que causa o envOlvimento na própria base do ser e tamIDem (IA o 'seniido de pertencer: Se a principal soinbra do aconselhamento e o amor, e se é nessa sombra que' o aconselhamento acontece, entao nosso trabalho dependera da perfeigao do amor.: Amor enquanto agape significa receber, acolher, abraçar. Talveza perfeigao do amor se inicie pela fe e pelo tfabalho no feminino' dentro' de nos, quer sejamos homem ou. mulher, pois 'a. base. feminina é o receptáculo abrangente que nos acolhe; ampara e earrega. Ele nos dá a luz, nos mitre e encoraja a 'acreditar. Ele nos acolhe de volta a nos meSmOs'exatamente como somos. Não sei de' que melhbr forma ou de que outro modo podemog nos preparar para 6 momento religiosó alem de cultivarmos, darmos cultura iritericir a nossa feminilidade inconsciente. Para que o momento Teligioso nos toque, o seu terreno, tielO menos, pode ser aberto e trabalhado dentro das fronteiras de nossa limitagao humana individual: Zurique e Moscia 1965/66
'SUMARIO
Nota IntrodutOria .
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I— Encontros humanos e conexão interior Trabalho psicológico. Expectativas, necessidades e exigencias. Intengoes' do Ego do orientador. Ouvir. 0 ouvido como orgao da consciência. A curiosidade. Confissão. 0 teste psicológico como forma de curiosidade. Segredo e distancia natural. 0 espago psicológico dentro do encontro. 0 encontro humano constelando o arquétipo do amor. Amor enquanto atividade e enquanto estado de ser. 0 encontro humano e a ligagao 'interior. A conexão vertical interior equilibrando as relagoes interiores. Intimidade e comunidade.
II — Vida interior: o inconsciente enquantaexperiência 39 A analise e a teologia tem' um :encontra na alma. "Alma" en q u a n t o ' Conc e i t o. A " p e r d a da A - a l m a não é a mente; aconselhainento Pastoral não e.psicoteraPia. A alma e a vocagao do orientador. A teologia e psicologia profunda colocando.a alma .como interiorizagao e prOfundidade. A alma e o inconsciente. 'Trovas." do inconsciente. Com plexos. Estados de espírito. 0 despertar da vida interior. A importancia religiosa da alma. A realidade do mundo inte rior. A redescoberta do mito interior e da religião.
III
A escuridão interior: o inconsciente enquanto pro b lem a m o r a l ........................................................ 71
Rupturas entre predica e pratica, entre púlpito e cadeira de analista. A m oralidade da analise. A escuridão interior
enquanto coisa reprimida e esquecida, e enquanto potencia lidade e fator de fecundacao. Imagens da sombra. As lutas morais. A "cura" da sombra. 0 paradoxo de amar e julgar. 0 código moral da analise como suporte para. 6 desenvolvi mento da personalidade. 0 bispo Robinson e a "nova m o ralidade". Visa°, ingenua do amor retratada em H o n e s t to God. A moralidade analitica e a intensificagdo do conflito. A intemalizacao de eros. _O idealismo espiritual e as disci plinas psicologicas. A base transcendente do impulso moral. A consciericia. A capacidade de autodominio. 0 Demó- nio e o, mal arquetipico. A Sombra e o orientador. Morali= dade e sentimento.
IV
fe m in ilid a d e in terio r: A r e a lid a d e d a "a n im a " e a religiao..................................................................101
I magens femininas na psique masculina. As representagoes da anima 'e seus efeitos. Emocoes e estados de animo: autopiedade, sentimentalismo e tristeza. 0 lado feminino nas religioes comparadas: o xama, os herois gregos, o hinduismo, Buda, a tradicao judaico-crista. M aria e a Anunciacao. 0 cultivo eros interior. Os,problemas do amor sexual. 0 casamento. Fantasia, reflexao, imaginagao e o-sacrificio da atividade do ego.'Came e:corpo..Uniao com o corpo e com a 'irm a". A base feminina do momento religioso.