FERNANDO LIGUORI
EM BUSCA DO OURO Faz o que tu queres há se der tudo da Lei. Lei . [...] Eu tomei suas dores, de maneira que não faria por ninguém mais. Deveria ter me livrado de você muito tempo atrás se tivesse sido mais determinado – e não posso dizer-lhe o porquê – mas você está destinado a exercer um papel importante em todo este drama extraordinário. 1
or volta de 1944 Aleister Crowley entrou na fase final de sua vida. Completamente falido, ele sempre precisava da ajuda financeira de amigos e discípulos. Sua saúde começou a piorar na medida em que a asma e a bronquite que lhe acometiam agravavam seu quadro. O único remédio disponível na época para suas constantes crises era a heroína que já havia feito muitos estragos em seu corpo devido ao uso contínuo por muitos anos. A ameaça de bombardeios e a vida penosa de Londres na época da Segunda Gerra Mundial o forçaram a se mudar da capital para o interior por segurança. Então, do fim de 1944 até sua passagem em dezembro de 1947 Crowley viveu em um quarto em Netherwood, um aconchegante hotel sobre uma colina, de frente para o castelo de Hastings, na cidade histórica e portuária que recebeu esse mesmo nome e que teve um papel importante na história da Inglaterra. O famoso, excêntrico e ultrajante mago que se autointitulava A autointitulava A Besta 666 vagarosamente 666 vagarosamente se tounou em um cavalheiro de idade avançada vivendo solitariamente seus últimos dias no clima agradável do condado de Sussex, na costa da Inglaterra, longe da mídia, conflitos ou escândalos. No entanto, Crowley se manteve ocupado durante esse tempo. Com a idade avançada, ele estava mais produtivo do que nunca. Havia concluído
P
1 Aleister Crowley em uma carta enviada a David Curwen em 5 de
dezembro de 1945.
seu trabalho excepcional sobre Tarot, O LIVRO DE THOTH (1944) e estava trabalhando concentradamente na obra que deveria se chamar ALEISTER EXPLICA TUDO e que posteriormente foi editada e publicada por Karl Germer como MAGIA SEM LÁGRIMAS em 1954. Trata-se de uma coleção de cartas enviadas a seus discípulos durante toda a sua vida. O conteúdo dessas cartas aborda a prática da magia, escolas de iniciação, a filosofia thelêmica aplicada ao dia-a-dia, estudos qabalísticos etc. Seu trabalho somente era interrompido durante as visitas que recebia de amigos e discípulos, a leitura e resposta de correspondências e partidas ocasionais de xadrez. Uma das correspondências que Crowley recebeu naquela época foi de um londrino de meia-idade chamado David Curwen. Curwen estava familiarizado com os escritos de Crowley e havia sido orientado por um guru hindu durante o período de seis anos, tendo se especializado em bhairavī dīkṣā. dīkṣā.2 Em sua primeira carta enviada a Crowley, Curwen procurava participar de um ritual cerimonial, solicitando informações acerca da Escola de Ocultismo que Ocultismo que Crowley dirigia e se era possível obter nela iniciação. Curiosamente, o tom com que se tratavam e o conteúdo das cartas trocadas por eles mudou drasticamente em um período de três anos. O que começou como um estudante abordando seu professor com perguntas precisas na busca por detalhes terminou com o professor imerso no conhecimento que o discípulo detinha e que era muito superior ao seu: eu me refiro ao conhecimento que Curwen possuía de tantrismo. Crowley explorou profundamente os conhecimentos de Curwen acerca da prática tântrica e a administração do amṛ amṛ ta. ta.3 Mas ao que parece, o interesse maior no assunto, naquela época especificamente, tinha mais a ver com sua saúde debilitada do que com qualquer outra coisa. Crowley estava ávido por descobrir as aplicações terapêuticas do elixir e explorou enfaticamente os conhecimentos de Curwen. Inevitavelmente, logo os dois entraram nos segredos sexuais da magia preservados pelo Soberano Santuário da Gnose, O.T.O. Crowley estava tão impressionado com o conhecimento de Curwen que no Equinócio de Primavera de 1946 ele escreveu a Kenneth Grant: Curwen sabe 100 vezes mais do que eu sobre tantra. tantra.4 Essa apreciação de Crowley pelo conhecimento de Curwen é no mínimo estranha, uma vez que Crowley não tinha o hábito de elogiar as pessoas, principalmente sobre questões espirituais. Mas existe, no conteúdo das cartas, outro lado: dúvidas e suspeitas, principalmente por parte de Curwen. Em 23 de setembro de 1944 ele escreveu a Crowley:
Dīkṣā, Dīkṣā, iniciação. Bhairavī é a forma feminina e furioza de Bhairava (Śiva). Portanto o termo bhairavī -dīkṣā significa Iniciação no Culto de Bhairavī , uma escola tântrica vāmācāra, vāmācāra, quer dizer, de mão esquerda. 3 Amṛ Amṛ ta é ta é uma palavra sânscrita que significa exlixir da imortalidade. imortalidade. Usualmente é traduzida como néctar dos dos deuses. Crowley utilizava a palavra como sinônimo do Sacramento do IX° Grau da O.T.O., a combinação dos fluídos sexuais masculino e feminino. 4 Citado em REMEMBERING ALEISTER CROWLEY, por Kenneth Grant, Skoob Books, 1991. 2
Kenneth Grant , 1949.
David Curwen & Aleister Crowley
Swāmi Pareśwara Bikṣu. Bikṣu.
Ao mesmo tempo posso dizer que não estou otimista. Suas atitures são ranzinzas e hostis e isso faz com que as pessoas não gostem de você. Não existe utilidade neste mundo andar por aí com uma sova sobre os ombros.
As desconfianças de Curwen começaram após ele ter sido iniciado no IX° O.T.O. em 6 de dezembro de 1945, ocasião em que se queixou de sentir-se como um tolo. Ele começou a questionar Crowley sobre a existência real da O.T.O. como uma Ordem operativa, comentando com ele que ao indagar Louis Wilkinson (1881-1966) – que havia sido testemunha na iniciação de Curwen no IX° Grau – sobre a O.T.O., este fora relutante e esquivo em sua resposta: Assim como foi com o Dr. Wilkinson, eu não sei o que pensar. Como um Irmão do IX° O.T.O., ele foi extremamente vago sobre todas as questões que lhe coloquei. Não me culpe por ter uma sensação curiosa de estar sendo enganado, principalmente sobre as indagações que fiz a ele. Parece-me que ele atuou em uma peça com um papel já bem definido.5
A avaliação que Curwen fez de Wilkinson foi bem precisa: ele havia assinado o Juramento de IX° O.T.O. um dia antes da iniciação de Curwen, somente para atuar na cerimônia como uma testemunha. Curwen desconfiava que a O.T.O. não era realmente uma Ordem operativa, quer dizer, estabelecida fisicamente, além de tudo o que estava no papel. Naquela época havia apenas uma Loja operando na Califórnia,6 a Loja Ágape, Ágape, que funcionou até 1949. Mas isso não ajudava Curwen que repetidamente pedia a Crowley para apresentá-lo a outros membros da Ordem. Mas esse foi um requerimento que Crowley não era capaz de satisfazer, pois não havia uma Loja estabelecida da O.T.O. em Londres desde 1917,7 fora alguns poucos membros que se diziam integrantes da Ordem. Ademais, Curwen estava pressionando Crowley para que ele pudesse lhe dar garantias da veracidade contida nos documentos da Ordem, principalmente sobre os direitos e regalias de um membro do IX° Grau ter participação nos ativos da O.T.O. De acordo com o Manifesto da O.T.O. publicado no The Blue Equinox ,8 os membros do IX° Grau se tornam os proprietários de parte das Propriedades e Bens da Ordem. Ordem. E em Liber CI 9 encontramos a declaração de que é um dever dos membros que possuam minas, latifúndios, ou casas em maior número do que eles podem eles mesmos supervisionar ou ocupar constantemente, devem entregar parte de tais minas ou latifúndios, ou uma ou mais de tais casas, à Ordem . O próprio Crowley entregou a admistração de Boleskine House ao Supremo Conselho da O.T.O. em 1914, embora isso tenha sido financeiramente inútil a Ordem, uma vez 5 David Curwen em uma carta enviada a Aleister Crowley em 21 de dezembro de 1945. 6 Veja RITUAIS, DOCUMENTOS & A MAGIA SEXUAL DA O.T.O. (Vol. I) para um relato sobre a história da O.T.O. 7 Crowley chefiou pessoalmente uma Loja da O.T.O. em Londres por volta de 1917, período em
que foi invadida e fechada pela polícia. 8 L IBER LII: O MANIFESTO DA O.T.O. Veja RITUAIS, DOCUMENTOS & A MAGIA SEXUAL DA O.T.O. (Vol. I) para uma tradução deste manifesto. 9 L IBER CI: UMA CARTA ABERTA ÀQUELES QUE POSSAM DESEJAR INGRESSO NA ORDEM. Veja RITUAIS, DOCUMENTOS & A MAGIA SEXUAL DA O.T.O. (Vol. I) para uma tradução desta instrução.
que a casa estava hipotecada. Wilfred T. Smith (1885-1957), que recebeu autorização de Crowley para fundar uma segunda Loja Ágape em Los Angeles por volta de 1935 doou sua casa em Vancouver para administração da O.T.O. Da mesma maneira, Louis T. Culling (1894-1973) doou uma propriedade a O.T.O. por volta de 1930. Ele possuía uma propriedade de 120 acres. Mas inapto a pagar as despesas, ele vendeu 80 acres, disponibilizando o restante para a O.T.O. Mas a documentação de tudo isso não estava atualizada. Por volta de 1970 o restante da propriedade foi vendida e a O.T.O. nunca pode reavê-la. Mas quem sabe, o maior desapontamento de Curwen em relação à Crowley ou a O.T.O. foi sobre o segredo da magia sexual que lhe foi transmitido durante a Cerimônia de Iniciação no IX° Grau, que não aumentou ou contribuiu em nada para o conhecimento que ele já possuía sobre o assunto, principalmente acerca do amṛ amṛ ta. ta. Diante desse desapontamento, Crowley afirmou em uma carta de 22 de janeiro de 1946: você somente conseguirá extrair algum valor da experiência quando colocá-la na prática. prática. Em sua penúltima carta enviada a Curwen, datada de 10 de maio de 1947, Crowley disse que o Segredo Central da O.T.O. trata-se de uma informação sem valor , reinterando a necessidade de colocar o Acano em prática: você pode somente julgar seu valor após tê-lo testado, o que segundo suas palavras ainda não foi feito. feito . O primeiro contato sistemático que Crowley teve com a magia sexual foi através da Ordo Templi Orientis, O.T.O., Ordem Templária fundada no início do Séc. XX que teve como pano de fundo a influência de diversas tradições como a magia greco-egípcia, os Mitos do Graal, a simbologia maçônica e a herança templária dos Cavaleiros do Templo. 10 O segundo Líder da Ordem, Theodor Reuss (1855-1923), foi quem realmente levou a O.T.O. adiante após a morte de Carl Kellner (1851-1905). Reuss era um maçom ativo de alta patente, membro inclusive de muitas Lojas irregulares e ritos heterodoxos. A intenção por trás da fundação da O.T.O. era a criação de uma Academia Maçônica Maçônica onde os mistérios de vários ritos maçônicos pudessem ser organizados em um sistema coeso de iniciação. De acordo com Reuss, os Mistérios da Maçonaria são meras alegorias do simbolismo sexual e ao que parece, a Ordem só divulgou sua verdadeira intenção no Manifesto de 1917: Que seja sabido que existe desconhecido ao grande público, uma Ordem muito antiga de sábios cujo objetivo é a melhoria e evolução espiritual da humanidade por meio da conquista do erro, auxiliando homens e mulheres em seus esforços para reconhecer a verdade. Esta Ordem já existia nos tempos mais remotos e há muito tem manifestado a sua atividade em segredo e abertamente no mundo com nomes diferentes e de várias formas: ela causou revoluções sociais e políticas e provou ser a rocha da salvação em tempos de perigo e infortúnio. A Ordem sempre empunhou a bandeira da liberdade contra a tirania em qualquer forma que esta aparecesse, seja clerical, despotismo político, social ou opressão de qualquer tipo. A esta «ordem secreta» toda pessoa sábia e espiritualmente iluminada pertence por direito de sua natureza: pois todas, mesmo não sendo pessoalmente conhecidas, são 10 Veja RITUAIS, DOCUMENTOS & A MAGIA SEXUAL DA O.T.O., por Fernando Liguori.
um na sua finalidade e objetivo e todas elas trabalham sob a orientação de uma luz da verdade. Nesta Sociedade Sagrada ninguém pode ser admitido por outro, a menos que tenha o poder de entrar por si mesmo em virtude de sua própria iluminação interior e nem pode alguém depois de ter entrado uma vez ser expulso, a menos que expulse a si mesmo, tornando-se infiel aos seus princípios, esquecendo novamente as verdades que aprendeu por experiência própria. Tudo isso é sabido pela pessoa iluminada. Mas é conhecido apenas por poucos que existe também uma organização externa, visível aos homens e mulheres que, tendo encontrado o caminho para o real autoconhecimento e viajado por areias escaldantes, estão dispostos a dar aos outros desejosos de entrar nesse caminho o benefício de sua experiência, atuando como guias espirituais para aqueles que estão dispostos a serem guiados. Enquanto inúmeras sociedades, associações, ordens, grupos etc. foram fundadas nos últimos trinta anos em todas as partes do mundo civilizado, todos seguindo alguma linha de estudo oculto, ainda há apenas uma antiga organização de místicos verdadeiros que mostram ao buscador a Estrada Real para para descoberta dos Mistérios Perdidos da Antiguidade e o desvelamento da Única Verdade Hermética. Essa organização é conhecida no presente como: Antiga Ordem dos Templários Orientais Ordo Templi Orientis Senão: Fraternidade Hermética da Luz É uma Escola Moderna da Magia. E como as antigas escolas de magia, ela deriva seu conhecimento do Oriente. Este conhecimento nunca foi revelado ao profano, pois deu imenso poder para o bem ou o mal aos seus possuidores. Foi gravado em símbolos, parábolas e alegorias, exigindo uma chave para a sua interpretação. Os símbolos e glifos da Maçonaria foram originalmente derivados desse mistério mais antigo. Esses símbolos da antiga Maçonaria, dos Rosa-cruzes, a arte sacra dos antigos Chemi (egípcios), a corrente dourada de Homero etc. são diferentes aspectos de Aquele Grande Mistério. Todos eles requerem uma chave para revelar seu real significado subjacente. Existe, no entanto, apenas uma Chave Correta e ela deve ser utilizada da maneira correta. Essa chave pode ser colocada ao alcance de todos aqueles que estão preparados desinteressadamente para estudar e trabalhar por sua posse, se candidatando como membros da Ordem dos Templários Orientais «O.T.O.». A O.T.O., Ordo Templi Orientis, Orientis , é um corpo de iniciados em cujas mãos está concentrado o segredo do conhecimento de todas as Ordens Orientais e de todos os graus maçônicos existentes. Seus chefes são iniciados no mais alto posto e reconhecidos como tal por todos capazes de tal reconhecimento em todos os países do mundo. A Ordem é internacional e tem conexões existentes em todos os países civilizados do mundo.
Theodor Reuss teve seu primeiro contato com Crowley em março de 1910. Isso ocorreu durante o processo em que seu antigo mentor na Ordem Hermética da Aurora Dourada, S.L. MacGregor Mathers, lhe acusava de divulgar publicamente os mistérios da Ordem no T HE EQUINOX, Vol. I, No. 3 (1910). Durante essa querela na justiça, tanto Crowley quanto Mathers gozaram de certa notoriedade na imprensa. Se aproveitando da oportunidade, na ocasião Mathers se declarou líder de todos os rosacruzes. Crowley se juntou a O.T.O. sendo reconhecido como um membro do VII° Grau devido a política da Ordem em reconhecer qualquer Maçom do Grau 33° – do Rito Escocês Antigo e Aceito 11 – como membro do VII° Grau. 11 Crowley era Grau 33° desde 1900.
Nesta ocasião, Crowley e Reuss discutiram inúmeros assuntos importantes, o que levou Crowley a declarar: Eu agora sou um tipo de inspetor geral de vários ritos, encarregado de uma missão secreta, elaborando relatórios sobre a possibilidade de reconstruir todo o Edifício, o que foi universalmente reconhecido por todos os membros mais inteligentes, sendo ameaçados do grave perigo. perigo.12 Em 1° de Junho de 1912 Crowley foi elevado ao Grau IX°, devidamente patenteado como Rex Summus Sanctissimus X° O.T.O. para Irlanda, Iona e todos os Bretãos que estão no Santuário da Gnose, Lugar-tenente Comandante da Sagrada Ordem do Templo, até os Muito Ilustres Senhores Cavaleiros Soberanos Grandes Inspetores Gerais do Antigo e Aceito Rito e do 95° do Rito Real de Memphis, Perfeitamente Iluminado do sublime IX° para operar uma Grande Loja Nacional para Inglaterra e Irlanda. Existem controvérsias acerca desta elevação de Crowley ao Grau mais alto da Ordem e elas envolvem um pequeno volume chamado O Livro das Mentiras. Mentiras . Em suas confissões, Crowley alega que após sua publicação em 1912, o O.H.O. me procurou. Até aquele momento eu não havia percebido que havia algo na O.T.O. além de um conveniente compendio acerca dos mistérios da Maçonaria. Ele disse que desde que eu estava familiarizado com o supremo segrado da Ordem, era permitido que eu participasse do IX°, na obrigação de dar conta dele. Eu protestei dizendo que não estava ciente de tal segredo. Ele então disse: «Mas você o publicou em letras bem claras». Eu disse que isso não era possível porque não conhecia o segredo. Ele então se virou e retirou de sua bolsa uma cópia de O Livro das Mentiras, mostrado-me a passagem onde publiquei o segredo. Na hora fui tomado por uma iluminação. Todo o simbolismo, não apenas da Maçonaria, mas de muitas outras tradições, ardeu diante de minha visão espiritual .13 Dessa repetida história popular nós podemos presumir – ou imaginar – que Theodor Reuss, furioso com Crowley, o procurou em seu apartamento em Londres e lhe acusou de revelar o Segredo do IX° O.T.O. Crowley, após reler a seção cujo segredo fora revelado, imediatamente experimentou uma epifania que como um relâmpago, iluminou sua mente e os Mistérios da Ordem se revelaram a ele: Eu tive uma súbita revelação dos Segredos Ocultos da Ordem naquele exato momento. momento.14 Após conversarem por horas, Reuss nomeou Crowley como líder da O.T.O. para as Ilhas Britânicas e fez dele um IX° Grau. É sabido que este encontro ocorreu no início de 1912, mas o que é confuso nessa história é que a data da primeira edição de O LIVRO DAS MENTIRAS é de 1913. Para resolver essa questão, pesquisadores modernos admitem que a data no livro estava errada, justificando a história que Crowley relatou em suas C ONFISSÕES. No entanto, para alguns pesquisadores mais perspicazes, essa justificativa de que a data na impressão do livro estava incorreta simplesmente não faz sentido algum. Crowley era metódico 12 Aleister Crowley, T HE CONFESSIONS OF ALEISTER CROWLEY, Capítulo 72. 13 Aleister Crowley, T HE CONFESSIONS OF ALEISTER CROWLEY, Capítulo 72. 14 Aleister Crowley, R EX DE ARTE REGIA .
em suas publicações. Para ele, cada livro era um talismã mágico, confeccionado de acordo com as condições astrológicas que ele definia, principalmente os livros mais importantes. Portanto, é bem possível que Crowley tenha criado essa história como uma venda para o livro que de verdade ofendeu Reuss em 1912. Parece estranho que Crowley tenha mentido em suas confissões, no entanto, não é segredo algum que ele costumava inventar histórias em suas publicações e essa é só mais uma delas. Em outras palavras, embora esteja claro para alguns que Crowley tenha fabricado essa história para desorientar o não-iniciado, considera-se que ele deixou pistas acerca do verdadeiro livro publicado em 1912. Neste ano, Crowley fez oito publicações, entre elas livros e panfletos. De acordo com Susan Roberts em seu livro T HE MAGICIAN OF GOLDEN DAWN, Gerald Yorke (1901-1983) lhe disse pessoalmente que o Segredo da Ordem foi publicado na edição de primavera do T HE EQUINOX (Vol. I, No. 7) de 1912, o que faz sentido. De acordo com Yorke, tratava-se de Liber Stellae Rubeae Rubeae que, segundo o próprio Crowley é um ritual secreto, o coração de IAO-OAI .15 Os Adeptos familiarizados com os Mistérios do IX° Grau compreenderão essa Trindade Sagrada, bem como as implicações do elixir vermelho do RUBI ESTRELA como o mênstruo requerido para nutrir a transformação alquímica. Embora este liber revele o segredo, Euclydes Lacerda me disse que, segundo Marcelo Motta (1931-1987) – que recebera essa informação diretamente de Karl Germer – os segredos da Ordem estão espalhados em vários números do THE EQUINOX. Outro exemplo é L IBER B VEL MAGI. Germer revelou a Motta pessoalmente que a história acerca de O LIVRO DAS MENTIRAS é falsa. Em suas CONFISSÕES, Crowley menciona que a primavera de 1912 chegou enquanto eu vivia entre Londres e Paris. Eu escrevi alguns poemas de primeira mão e um ensaio mais ou menos importante, o ENTUSIASMO ENERGIZADO.16 Embora esse ensaio tivesse sido escrito nessa época, ele não apareceu na edição de primavera do THE EQUINOX. E embora tenha sido considerado pelo autor como mais ou menos importante, importante, ele revela o Segredo do IX° Grau. Eu o tenho em alta medida. Em dezembro de 1912 Crowley produziu a instrução mais importante do IX° O.T.O., o L IBER C VEL AGAPE SENDO AZOTH SAL PHILOSOPHORUM – O LIVRO DA REVELAÇÃO DO SANTO GRAAL ONDE SE FALA DO VINHO DO SABBATH DOS ADEPTOS SENDO A INSTRUÇÃO SECRETA DO NONO GRAU. Essa instrução e os detalhes dessa história foram publicados em R ITUAIS, DOCUMENTOS & A MAGIA SEXUAL DA O.T.O. De acordo com Crowley, as técnicas sexuais da O.T.O. a ele ensinadas por Reuss eram bem rudimentares, além de não terem sido verdadeiramente praticadas por ele. Mesmo assim, uma vez iniciado nos mistérios sexuais da O.T.O., Crowley começou a explorar o universo da magia sexual, aplicando-a de maneira científica, segundo seus próprios
15 Aleister Crowley, O S LIVROS SAGRADOS DE THELEMA. 16 Aleister Crowley, T HE CONFESSIONS OF ALEISTER CROWLEY.
princípios. Em 1914 Crowley fez a seguinte declaração acerca da magia sexual em seu diário mágico, R EX DE ARTE REGIA: Essa Arte me foi comunicada [1912] pelo O.H.O. [Cabeça Externa da Ordem]. Eu fui inconstante em sua prática até [1 de janeiro de 1914] quando eu comecei a fazer alguns experimentos e coletar dados. O Conhecimento que obtive me capacitou a fazer pesquisas mais profundas com perspicácia e direção, até que pude definir certos resultados os quais obtive por meio da vontade. Por exemplo, minha bronquite, intratável até o momento, foi curada em um dia. Eu obtive dinheiro quando precisei. Adquiri uma potência e atração sexual tão tão poderosas que durante meses me mantive persistente nos experimentos da Arte. Melhor que tudo, eu tive um aumento em poder criativo e intuição mágica que muito da Grande Obra executada por mim durante todo esse verão pode ser atribuída inteiramente a essa Arte.17
Daquele ano em diante, Crowley empreendeu muitos experimentos com a magia sexual, anotando tudo em seus diários, publicados e não publicados. Trata-se de uma documentação detalhada de suas operações mágicas, destacando a aptidão dos parceiros, a qualidade do Elixir (sêmen ou fluídos sexuais misturados) e os resultados, satisfatórios satisfatórios ou não. A ideia de se utilizar o sexo como um mecanismo de caráter religioso em rituais de magia ajustava-se perfeitamente aos princípios filosóficos e religiosos da doutrina thelêmica promulgada através de O LIVRO DA LEI. Para Crowley, na verdade, foi o casamento perfeito. Ao que parece, Reuss recebeu bem a mensagem transmitida através de O Livro da Lei Lei e a seu pedido Crowley começou a revisar e reescrever os rituais da Ordem no período em que esteve nos EUA durante a Primeira Guerra. Essa foi uma ótima oportunidade onde Crowley começou a inserir elementos da doutrina thelêmica na estrutura da O.T.O. Inicialmente, a magia sexual na O.T.O. estava restrita aos Graus VIII° e IX°. No VIII° Grau, o Perfeito Pontífice dos Iluminati era instruído em uma prática fálica de magia auto-erótica. No IX° Grau, o Iniciado no Soberano Santuário da Gnose era ensinado uma técnica sexual que envolve a cópula, necessitando portanto de uma sacerdotisa no rito. Em adição, Crowley criou um novo Grau para Ordem, o XI°, onde ele incluiu o intercurso anal nas operações de magia. Existe uma lenda urbana de urbana de que o XI° O.T.O. trata-se da magia homossexual, quer dizer, magia sexual entre parceiros do mesmo sexo). Mas isso é um equívoco. Uma análise acurada dos diários de Crowley revela que ele utilizava as técnicas do XI° Grau tanto com homens quanto com mulheres. Portanto, o mistério que envolvia a mística do XI° na concepção de concepção de Crowley era o intercurso anal, não a magia homossexual. Para Crowley a atividade sexual corriqueira não tinha finalidade alguma. No seu sistema de magia sexual a energia é sublimada até o ponto de poder carregar as imagens criadas pelo magista. Esse tipo de prática foi desenvolvida por Crowley a partir dos escombros da antiga Ordem Hermética da Aurora Dourada, precisamente, suas instruções acerca de magia talismânica. 17 Aleister Crowley, T HE MAGICAL RECORD OF THE
BEAST 666.
Analisando os diários de Crowley e o curso de suas operações mágicas, fica fácil discernir seus métodos na maioria dos rituais. De modo geral, o magiasta deveria se concentrar em um objeto, como a inspiração para escrever um poema, por exemplo, criando a partir daí com sua vontade um construto mental que deveria ser estimulado através da corrente ofidiana, ofidiana, quer dizer, o estímulo sexual. Crowley costumava visualizar uma chuva dourada de prāṇ de prāṇaa na forma de gotas de ouro caindo sobre ele no momento do orgasmo magicamente dirigido quando a finalidade era prosperidade financeira. No entanto, o estado de mente do mente do magista deveria ser carregado ou energizado através energizado através do estímulo da energia sexual. 18 Crowley utilizava o sexo como uma ferramenta de gnose e não existe nenhuma mais poderosa. Utilizando o estímulo sexual e a quimiognose nas operações de magia Crowley era capaz de transcender o estado limitado da mente ordinária e projetar-se além do tempo e espaço no eterno continnuum, continnuum, inacessível ao não-iniciado em condições normais. Em seus diários, Crowley escreveu: A união da mente consciente, quando essa estiver estável, com o subconsciente, é evidentemente necessário a qualquer Operação na qual o Resultado tenha de ser formulado antecipadamente.19
A união da mente consciente com a mente subconsciente parece ser o aspecto central do sistema de magia sexual elaborado por Crowley. É interessante notar que Crowley muitas vezes identificou o subconsciente com o Sagrado Anjo Guardião. Uma característica interessante na magia sexual ensinada na O.T.O. é o caráter sacramental do Elixir. Na magia do IX° O.T.O. o Elixir trata-se da mistura dos fluídos sexuais masculino e feminino, coletados diretamente da kteis kteis (vagina), seja com a boca 20 ou em um recipiente adequado. O Elixir pode ser utilizado para consagrar objetos mágicos como talismãs, empoderando-os com a força canalizada durante o orgasmo magicamente dirigido. Toda essa experimentação em magia sexual levou Crowley a tecer duas importantes instruções para O.T.O.: L IBER C VEL ÁGAPE e DE ARTE MAGICA, a instrução secreta do IX° Grau e seu comentário, por volta de 1914.21 Em 1944 ele escreveu o E MBLEMAS & A MANEIRA DE SE USAR, com instrução acerca dos símbolos da magia do IX° O.T.O. Foram estes três documentos que David Curwen recebeu na ocasião de sua iniciação no IX° em seis de janeiro de 1945. Ao que parece, Curwen descartou essas instruções como inúteis, pois elas nada acrescentavam ao seu conhecimento tântrico. Curwen se correspondeu com Crowley por três anos e foi a última pessoa a ser iniciada por ele no IX° Grau da O.T.O. No entanto, ele tem sido ignorado pelos pesquisadores modernos. Seu nome não aparece em 18 Veja ENTUSIASMO ENERGIZADO por Aleister Crowley em R ITUAIS, DOCUMENTOS & A MAGIA SEXUAL DA O.T.O. (Vol. I). 19 Aleister Crowley, T HE MAGICAL RECORD OF THE
BEAST 666. sistema de magia sexual desenvolvido por Kenneth Grant para sua própria versão da O.T.O., hoje Ordem Tifoniana, essa foi um técnica designada ao VIII° Grau como a Magia da Boca ou Boca ou Boca da Yoginī , cuja fórmula mágica é representada pela letra Pe ( p). Veja GNOSE TIFONIANA (Vol. I), p. 92. 21 Para estas instruções veja R ITUAIS, DOCUMENTOS & A MAGIA SEXUAL DA O.T.O. (Vol. I). 20 No
nenhuma biografia de Crowley e as poucas referências disponíveis sobre ele estão nas obras de Kenneth Grant. Em novembro de 1944, com a idade de vinte e um anos, Kenneth Grant escreveu a Crowley e logo eles se conheceram, ocasião em que Grant se tornou secretário de Crowley por um breve período de tempo. Algumas semanas depois Curwen foi iniciado no IX° O.T.O. Tendo demonstrado o interesse em conhecer outros membros da Ordem, Crowley sugeriu que ele conhecesse Grant, descrevendo-o como alguém que pertencia a uma nova geração de iniciados. iniciados. Ao conhecer Curwen, Grant ficou impressionado: Frater Ani Abthilal é um iniciado da Ā[nuttara] Ā[mnāya] e foi confirmado IX° O.T.O. em 1946. 1946.22 Grant apresenta Ani Abthilal como o nome mágico de Curwen na O.T.O., entretanto, o nome que Curwen escolheu como IX° O.T.O. foi Frater A.A.L., as iniciais para expressão hebraica Eu confio em Deus. Deus. Talvez Grant tenha inventado esse nome para resguardar a identidade de Curwen. Mas foi somente em Remembering Aleister Crowley , publicado em 1991, anos após a morte Curwen, que Grant finalmente revelou seu nome: Quando eu o conheci, logo após a morte de Crowley, ele era um membro do IX° O.T.O. Sua paixão por alquimia era obsessiva, tanto que ele quase morreu após beber ouro líquido. Seu conhecimento de tantra era considerável. Foi através de Curwen que eu recebi, eventualmente, uma iniciação completa em uma recôndita fórmula mágica do vāmavāma-mārga. mārga. Existe um documento compilado pelo antigo guru de Curwen, um tântrico do Sul da Índia, acerca dessa fórmula. Trata-se de um longo comentário sobre um texto da Escola Kaula. Curwen forneceu a Crowley uma cópia desse documento. Nele havia um comentário sobre a falha de Crowley sobre seu entendimento do Elixir da Vida. Rebatendo, Crowley escreveu: Ele não leu meu manuscrito sobre o assunto. Crowley não havia compreendido direito o assunto e isso não é nenhuma surpresa. Nas instruções que acompanham os Graus mais altos da O.T.O. não existe uma avaliação apurada sobre os kālas ou kālas ou as emanações psico-sexuais da mulher escolhida para os ritos mágicos. O comentário abriu os olhos de Crowley e ele me explicou suas ponderações durante minha estadia em Netherwood. Elas envolviam a fórmula do rejuvenescimento. A O.T.O. perdeu algumas chaves vitais sobre o real segredo da magia que Crowley alegou ter incorporado nos Graus mais altos da Ordem. Curwen conhecia mais sobre esses assuntos do que Crowley, o que lhe deixou aborrecido. Os kālas ou kālas ou as secreções das suvasinīs tântricas suvasinīs tântricas (a Mulher Escarlate, como é identificada nos mitos de Crowley) se tornou objeto de uma brincadeira tipicamente crowleyana. Ele havia aconselhado Curwen a procurar o Capitão Gerald Yorke que, segundo Crowley, era uma garrafa coletora do sumo da suvasinī . [...] Yorke posteriormente me confirmou pessoalmente essa história, que escutei de Curwen. 23
22 Kenneth
Grant, BEYOND THE MAUVE ZONE, Starfire. O nome Ani nome Ani Abthilal não não é uma expressão sânscrita comum. Parece uma derivação do sânscrito ou híndi, possivelmente da região de Bengala ou qualquer lugar do Sul da Índia. Ani Índia. Ani tem tem muitos significados como furo de agulha, agulha, chavêta, chavêta, limite ou canto de parede, parede, sendo um termo popular utilizado no comércio e pode ser uma referência à profissão de Curwen como peleiro. Pode ser ainda uma referência aos papiros egípcios de Ani Ani.. Já a palavra Abthilal palavra Abthilal não não existe no sânscrito, mas é possível tentar achar sua origem. Āb origem. Āb significa significa água em água em híndi; lāl significa significa vermelho ou vermelho ou predileto predileto em em híndi. Mas também é uma referência nos pūraṇas pūraṇas vaiṣṇ vaiṣṇavas avas a Kṛṣṇa ṛṣṇa como criança, criança, o que faz algum sentido, uma vez que Curwen era iniciado na Ordem de Kṛṣṇ Kṛṣṇa. a. 23 Kenneth Grant, REMEMBERING ALEISTER CROWLEY.
A imagem de Curwen que emerge dos escritos de Grant é a de um adepto tântrico que lhe iniciou nos mistérios do vāmavāma-mārga ou mārga ou caminho da mão esquerda e, posteriormente, esses ensinamentos adquiridos de Curwen formaram a base da revisão que Grant fez no sistema de magia sexual da O.T.O. e que ele expôs em suas trilogias. Esses ensinamentos derivam de um manuscrito recebido por Curwen de seu guru indiano por volta de 1930, descrito por Grant como um trabalho tântrico iniciático sobre a adoração da Deusa Suprema por um Adepto do Caminho da Mão Esquerda 24 e um valioso comentário Kaula sobre antigos ritos tântricos. tântricos.25 Posteriormente, Grant identificou o texto como um comentário sobre a obra de Śāṅ kara (788-820 d.C.), o ĀNANDALAHARĪ: Desde a publicação de CULTOS DAS SOMBRAS (1975) eu tenho empeendido pesquisas nos mistérios do Śrī Cakra Cakra em conexão com a Serpente de Fogo e suas implicações tifonianas. Nessa questão eu sou eternamente grato ao meu amigo, o Dr. David Curwen, que tornou acessível a mim um comentário sobre uma antiga obra tântrica, o ĀNANDALAHARĪ. O comentador era um Adepto Kaula da Ānuttara Āmnāya e Āmnāya e eu agradeci essa fonte de informação nos capítulos 3, 4 e 5. É de meu entendimento que a linhagem espiritual representada por este Adepto seja idêntica àquele informada ao Dr. Carl Kellner, um maçom austríaco que no fim do Séc. XIX foi responsável pelo revivamento da Ordem dos Templários Orientais, O.T.O. 26
ĀNANDA LAHARĪ são os primeiros quarenta e um versos de uma escritura maior, a SAUNDARYA LAHARĪ, obra composta pelo mestre do advaita-vedānta advaita-vedānta,, Śrī Śaṅkarācārya. TrataTrata-se de um hino de adoração dedicado a Śakti Suprema identificada na forma de Pārvatī, a consorte de Śiva. O comentário possuído por Curwen trazia muitas especulações filosóficas e metafísicas acerca do Tantra. Posteriormente, Gerald Yorke conectou o manuscrito a tradição bhairavī -dīkṣā, dīkṣā, que inicia seus adeptos em práticas psico-sexuais envolvendo a metafísica fisiológica das 49 yoginīs. yoginīs.27 O autor do manuscrito afirmava ter sido amigo do guru de Crowley quando este esteve na Índia, mas Crowley negou essa alegação: Eu não consigo entender como seu professor pode ter sido tão descuidado sobre esse fato. Em sua carta ele diz: Por um tempo ele foi aluno de um irmão meu quando esteve em Madura. Madura. Eu passei por Madura e fiquei ali apenas por três dias. Da ocasião não me lembro de ter sidio pupilo de ninguém lá. Eu apenas tive uma conversa agradável por algumas horas da manha com um morador local, mas ele não me instruiu em nada. 28
O guru de Curwen estava definitivamente familiarizado com algumas obras de Crowley. De acordo com Grant, Crowley é mencionado no manuscrito como tendo falhado em compreender as técnicas psico-sexuais que tanto laborava em cima, mas Crowley negou: 24 Kenneth Grant, O RENASCER DA MAGIA. 25 Kenneth Grant, ALEISTER CROWLEY AND THE HIDDEN GOD. 26 Kenneth Grant, BEYOND THE MAUVE ZONE. 27
Sobre esse tema veja David Gordon White, K ISS OF THE YOGINI: TANTRIC SEX IN SOUTH ASIAN CONTEXTS. Posteriormente a Sociedade de Estudos Thelêmicos fornecerá Thelêmicos fornecerá uma tradução completa do Saundarya Laharī com com comentário e prayoga e prayoga (técnica (técnica de magia tântrica). 28 Carta de Aleister Crowley a David Curwen de 11 de setembro de 1945.
Em um comentário disponível sobre um texto vāmavāma-mārga mārga que faz uma referência especial ao Śrī Vidyā em sua recessão candra-kāla candra-kāla,, Crowley é mencionado como tendo falhado em compreender a natureza real das técnicas psico-sexuais recebidas por ele de um iniciado árabe via Kellner e Reuss. Em uma nota feita a mão do manuscrito datilografado que Crowley possuía, ele nega a acusação de falha e adiciona: ele não viu meu manuscrito sobre o assunto. assunto .29
A julgar pela correspondência, esse comentário tântrico foi enviado a Crowley junto a outros papeis sobre Tantra em 28 de agosto de 1945 e parece que ele demonstrou muito interesse no material recebido. Crowley enviou uma cópia de todo o material ao seu amigo e discípulo Gerald Yorke: Estou lhe enviando separadamente em correspondência registrada um manuscrito secreto que me foi dado conhecimento. Eu o achei muito interessante, por isso lhe envio. Quando estiver em suas mãos deixe-me saber o que você pensa sobre ele.30
Quatro dias depois Crowley recebeu uma carta de Yorke trazendo seus apontamentos sobre o material que recebeu. Crowley respondeu: Obrigado pela resposta. Eu não sei quem escreveu o manuscrito, mas o tipo de escrita me é familiar e penso que deve ser da autoria de Babu, como você deve perceber por si mesmo. Eu lhe deixarei a parte de toda informação, mas não por carta, dos assuntos tratados no manuscrito, intragáveis ao leitor mediano. O manuscrito chegou as minhas mãos através do Sr. David Curwen [...], mas não sei se ele ficará feliz em saber que revelei seu nome. Ele é uma pessoa bem curiosa. Eu concordo com você sobre as dificuldades sobre a prática como descrita no manuscrito. Um dos maiores problemas é esse, como você percebeu: os hindus têm uma anotomia distinta da nossa. É verdade também que da maneira como ele descreveu, parece que tudo depende quase que exclusivamente de uma base fisiológica e psicológica. E na medida em que continuamos com ele manuscrito adentro, ainda vem uma sorte de técnicas adicionais que dificultam ainda mais a prática, como a recitação de mantras mantras e a execução de exercício do yoga, incluindo medicinas secretas etc. Na carta que recebi dois dias atrás, Curwen disse que recebeu alguns «sais» da Índia muito utilizados nos rituais mágicos que acontecem lá. Tudo é muito enigmático. Eu tive contato com esse tipo de coisa quando estive na Índia e de maneira geral fui repelido por não ter escrúpulos sobre quaisquer temas. Eu cheguei a conclusão que a coisa toda não vale tanto a pena. Eles fazem um tipo de jogo de gato e rato com você: lhe conferem um grande segredo e então você pensa que está faltando alguma coisa, uma peça importante, sempre dependendo da chave que ainda não possui. Você cavará bem fundo e enquanto não achar nada, poderá até ficar bem irritado, até que chegue ao próximo obstáculo. E isso continua, aparentemente, para sempre. Em todo caso isso não se enquadra nas minhas ideias acerca da iniciação. Eu nunca quis praticar haṭ haṭ ha-yoga, ha-yoga, busque primeiro o reino do céus etc. Eu estou interessado e até um pouco surpreso com o conhecimento que você apresentou sobre o assunto. Você deve aplicá-lo arduamente a serviço da Grande Obra.31
29 Kenneth Grant, ALEISTER CROWLEY AND THE
HIDDEN GOD. Sobre essa passage Gerald Yorke declarou: Minha cópia não contém essa nota. Eu a consegui com um homem perto da estação St. Baker, mas esqueci seu nome. Eu o conheci com Aleister Crowley . Nota escrita a mão por Geral York em sua cópia do livro de Grant. O homem referido é David Curwen. 30 Carta de Aleister Crowley a Geral Yorke datada de 16 de outubro de 1945. 31 Carta de Aleister Crowley a Geral Yorke datada de 20 de outubro de 1945.
Até que ponto, então, a magia sexual da O.T.O. deriva das práticas tântricas orientais? A resposta para essa pergunta deve ser procurada em fontes diversas. Primeiro, a possível influência tântrica na O.T.O. pré-crowleyana; segundo, o conhecimento que Crowley possuía das técnicas tântricas. A suposta influência suposta influência tântrica na O.T.O. teria sido transmitida por Carl Kellner, que alegou possuir conhecimentos acerca de yoga e tantra que haviam lhe sido comunicados por adeptos orientais: dois gurus tântricos, Bheema Sena Pratapa e Mahātma Āgamya Paramahaṃas Paramahaṃas e um iniciado árabe, Hadji Soliman ben Aïsa.32 O problema com essa teoria, até bem pouco tempo, é que os papéis sobreviventes de Kellner não revelam conhecimento algum sobre magia sexual ou tantra. Alem de Reuss também não demonstrar qualquer conhecimento sobre o assunto, Richard Kaczynski, um pesquisador moderno da O.T.O., publicou em seus escritos provas incontestáveis de que Carl Kellner jamais teve acesso a qualquer conhecimento transmitido por estes adeptos, seja pessoalmente através de instrução privada ou até mesmo iniciação.33 Como não possuía conhecimento sobre o assunto, Reuss nunca conectou a magia sexual da O.T.O. com qualquer ensinamento da tradição tântrica, julgando por essa passagem de sua autoria: No fim do artigo anterior, foi explicado que a chave que abre o segredo que subjaz todos os símbolos maçônicos é a doutrina da magia sexual. Nós dissemos em nosso Manifesto que iremos suprir Irmãos bem preparados com métodos práticos para adquirir em vida a imortalidade. Bom, um destes métodos certamente é o Yoga. O Irmão Dr. Kellner disse em sua publicação sobre Yoga: O yoga é uma doutrina vastamente antiga, detentora de um segredo há muito perdido nas noites dos tempos e de uma forma pouco conhecida, através de certos exercícios, seus praticantes ganham o poder de evocar em si mesmos o fenômeno artificial do sonambulismo. sonambulismo . Dependendo do tipo de técnica utilizada para a conquista do Yoga, é possível distinguir diferentes tipos de Yoga e no contexto dos centros nervosos (nāḍīs ( nāḍīs), ), os dez diferentes tipos de alento (vāyus ( vāyus)) têm um papel importante. Os antigos nomes indianos para essa fisiologia oculta dos alentos são: prāṇa prāṇa (coração), apāna apāna (na área do ânus), samāna samāna (na área do abdome), udāna udāna (na garganta) e vyāna vyāna (por todo o corpo). Nāpa Nāpa (nos órgãos genitais), kūrma kūrma (na abertura dos olhos), k ṛkāra ṛkāra (no espirro), devadatta devadatta (na tosse ou vômito) e dhananjāya (que dhananjāya (que sustenta o corpo). A magia sexual lida com o nāpanāpa-vāyu. vāyu.34
Essa é uma descrição pobre, senão equivocada, acerca dos vāyus. vāyus. A magia sexual lida com todos os vāyus. vāyus. É a intenção tanto da sacerdotisa quanto do sacerdote obter controle absoluto do movimento dos vāyus para vāyus para o sucesso Mahātma Āgamya Paramahaṃsa Paramahaṃsa (1841-1929) é autor do ŚRĪ BRAHMA DHĀRĀ e foi um dos primeiros propagadores do advaita-vedānta advaita-vedānta no Ocidente. Ele visitou a Europa várias vezes e conheceu Crowley pessoalmente. O encontro foi descrito por Crowley em seu diário mágico (1906-7). O Major J.F.C. Fuller escreveu um conto bem-humorado bem- humorado sobre Mahātma Āgamya Paramahaṃsa Paramahaṃ sa no THE EQUINOX, Vol. I, No. 4, H ALFHOURS WITH FAMOUS MAHATMAS. Bheema (ou Bherna) Sena Pratapa (1872-1943) era um guru indiano que visitou a Europa no fim do Século XIX. Hadji Soliman ben Aïsa (1865-1959), o faquir invulnerável , foi descrito pela imprensa como um árabe e faquir indiano. Ele visitou a Europa por volta de 1890. Ele pertencia a uma Sociedade Secreta derviche conhecida como Ordem do Saadi, fundada por Saadeddin Dschebari por volta de 1335. 33 Veja Richard Kaczynsky, NOTOCON VI: BEAUTY AND STRENGTH: PROCEEDINGS OF THE SIXTH BIENNIAL NATIONAL ORDO TEMPLI ORIENTIS CONFERENCE, p. 90-96. 34 Theodor Reuss, M YSTERIA MYSTICA MAXIMA em ORIFLAMME (1912). 32
da operação. Na verdade, isso é fundamental para o sucesso da prática. 35 Em seu ensaio MYSTIC ANATOMY, publicado na edição do próximo ano de ORIFLAMME, Reuss continua dando detalhes da teoria oriental por trás da magia sexual onde onde é possível encontrar a única referência de todos os seus escritos sobre a relação entre o Tantra e a O.T.O.: Se trata de um exercício executado pelos tāntrikas, adoradores da Śakti, a energia feminina. feminina.36 Embora essa única referência tântrica exista nos escritos de Reuss, a fonte por trás da magia sexual da O.T.O. vem da Fraternidade Hermética de Luxor. Trata-se de uma Ordem fundada por volta de 1880 que possuía Lojas autorizadas nos Estados Unidos, Inglaterra, França e Suécia. A Ordem era chefiada por Peter Davidson (1837-1915) e Thomas Henry Burgoyne (18551895), tendo Max Theon (1848-1927) como Grão-Mestre. Os ensinamentos da F.H.L. continham instruções acerca de uma forma muito peculiar de magia sexual, baseada nos escritos de Paschal Beverly Randolph (18251875). Esses ensinamentos influenciaram profundamente a O.T.O. através da Fraternidade Hermética da Luz, a continuadora moderna da Fraternidade Hermética de Luxor.37 Tem sido dito por alguns autores que o primeiro contato de Crowley com o Tantra ou a tradição vāmācāra vāmācāra foi no período em que ele esteve viajando pelo Ceilão por volta de 1901. Parece improvável, no entanto, que Crowley tivesse algum conhecimento mais profundo sobre o assunto além das teorias superficiais publicadas na Europa naquela época, a julgar pelas entradas de seu diário mágico que não trazem nenhuma informação sobre qualquer tipo de iniciação tântrica. No entanto, em uma nota escrita a mão por Gerald Yorke em seu exemplar do livro de Grant, Aleister Crowley and the Hidden God , ele diz que Crowley havia recebido algum conhecimento tântrico do guru Bubhapāti Swāmi na época que esteve em Madras, c omo assim ele me contou. contou. No entanto, é provável que eles nunca tenham se conhecido verdadeiramente. Ao que parece, na época em que Crowley disse isso a Yorke ele estava profundamente influenciado pela obra do guru , VEDANTIC RAJ YOGA . Deve ser lembrado novamente que no período em que Crowley se adaptava e reestruturava o sistema de magia sexual da O.T.O., não havia muitas publicações sobre a tradição tântrica e seu conhecimento de sânscrito, o idioma do cânome tântrico, era deveras limitado. Por volta de 1920 a única autoridade a publicar livros sobre Tantra foi Sir John Woodroffe (1865-1935), que traduziu muitas escrituras importantes da Tradição Kaula e é de se surpreender que Crowley não estivesse familiarizado com suas obras. De acordo com suas próprias anotações, o conhecimento que Crowley possuía de Tantra veio do estudo do Yogasūtra 35 Para
um estudo profundo sobre os vāyus e vāyus e a anatomia sutil, veja M EDITAÇÃO EM TEORIA & PRÁTICA (Vol. II) e CAKRA SĀDHANĀ: O DESPERTAR DA SERPENTE DE FOGO. 36 Theodor Reuss, M YSTIC ANATOMY em ORIFLAMME (1913). 37 A influência da Fraternidade Hermética da Luz na O.T.O. pode ser averiguada somente através do jornal publicado por Reuss, ORIFLAMME , edição de 1912, que trazia a informação de que Carl Kellner havia sido iniciado na F.H.L. no período em que viajou pela Europa e Extremo Oriente. Para detalhes sobre a O.T.O., veja R ITUAIS, DOCUMENTOS & A MAGIA SEXUAL DA O.T.O. O.T.O.
de Patañjali e das obras de Swāmi Vivekānanda. No entanto, nenhum dos dois podem ser considerados referência sobre Tantra: Eu também estudei toda sorte de filosofias asiáticas, especialmente com referência a questão prática do desenvolvimento espiritual: a doutrina dos sufis, as U PANIṣ PANIṣADS, o URĀṇAS, o DHAMMAPADA e muitos sāṃkhya sāṃkhya,, os vedas e o vedānta, vedānta, a BHAGAVADGĪTĀ e as P URĀṇAS outros clássicos, junto com inúmeros escritos sobre tantra e yoga através de homens como Patañjali e Vivekānanda.38
Mesmo recomendando o uso do yoga aos seus discípulos e leitores através de seu BOOK FOUR (1911) e EIGHT LECTURES ON YOGA (1929), Crowley não era tão envolvido com essa cultura. Suas experiências com o yoga datam de 1901 quando esteve sob a tutela de Śrī Parānanda (1865(1865 -1918) e Śrī Punnambalam Rāmānāthan (1851-1930), (1851-1930), procurador geral do Ceilão. 39 Em uma carta enviada a Geral Yorke em sete de novembro de 1945, Crowley explica seu ponto de vista acerca do yoga em conexão com o manuscrito tântrico de Curwen: Eu não concordo que āsana e prāṇāyāma prāṇāyāma são estudos exclusivos do haṭ haṭ ha-yoga. ha-yoga. A questão certamente reside no motivo. Eu nunca me comprometi com nada que não fosse a iluminação espiritual; e [se a busca] fosse poder, então seria [a busca] pelo poder de conferir iluminação espiritual a humanidade. Eu penso que você está completamente equivocado sobre minha história. Eu não executei nenhum tipo de prática de yoga desde o retorno de minha primeira viagem a Índia. Eu até tentei praticar em Boleskine e outros lugares, mas não pude me forçar ir além. O samādhi foi samādhi foi um efeito colateral da Operação Abramelin.
Em certa medica, a metafísica tântrica parece conveniente a ideias de Thelema, ao ponto de Crowley sugerir que certas passagens em O LIVRO DA LEI faziam referência ao despertar da ku kuṇḍalinī ṇḍalinī .40 Como mencionei anteriormente, a maior infuência de Reuss acerca da magia sexual foram os escritos de Paschal Bervely Randolph e a Fraternidade Hermética de Luxor e é essa tradição o cerne da magia sexual de Aleister Crowley. É curioso notar, nesse contexto, que não há referências ao tantra nas instruções secretas da O.T.O. como DE ARTE MAGICA, L IBER ÁGAPE41 e outros escritos como E MBLEMAS E A MANEIRA DE USAR, DE NATURA DEORUM E DE NUPTIIS SECRETIS DEORUM CUM HOMINIBUS.42 O simbolismo escolhido por Crowley para enriquecer suas instruções se baseia na Alquimia, na Qabalah e nos Mitos do Graal, tradições exclusivamente ocidentais. A única excessão aqui é o Ponto XVI do D E ARTE MAGICA, onde ele fala de certas teorias dos hindus. hindus. Nessa seção Crowley desenvolve a teoria de que o prāṇ o prāṇaa é o princípio que anima o bindu (sêmen), bindu (sêmen), 38 Aleister Crowley, M AGICK WITHOUT TEARS. 39 Veja THE CONFESSIONS OF ALEISTER CROWLEY. 40 Veja
OS COMENTÁRIOS MÁGICOS & FILOSÓFICOS DO LIVRO DA LEI, publicados periodicamente em O OLHO DE HOOR. Particularmente as passagens: passagens: I:57, II:22 e II:26. 41 Para estas duas instruções veja R ITUAIS, DOCUMENTOS & A MAGIA SEXUAL DA O.T.O. (Vol. I). 42 A serem punlicadas em R ITUAIS, DOCUMENTOS & A MAGIA SEXUAL DA O.T.O. (Vol. II), no prelo. As instruções IVASAṃHITĀ, HAṭHAPRADĪPIKĀ e livros fora secretas da O.T.O. recomendavam ainda o estudo de escrituras como a ŚIVASAṃHITĀ do cânone tântrico como ANANGA RANGA e o KĀMASŪTRA.
explicando ainda a diferença entre sua utilização mágica e mística. 43 Ele ensina que os místicos preservam o sêmen, que naturalmente é absorvido pelos tecidos do corpo. O magista, por outro lado, utiliza o sêmem magicamente consagrado como sacramento. Mas é possível rastrear a influência da Fraternidade Hermética de Luxor na instrução mais secreta da O.T.O. Em LIBER ÁGAPE Crowley escreve: Ainda de todos estes poderes eu somente nomeio sete, as glórias de Eulis; as estrelas sobre as testas dos Irmãos da Luz Hermética. Hermética. A palavra Eulis Eulis é o título de uma obra de Randolph publicada em 1874 que contém referências acerca da magia sexual e dos Irmãos da Luz Hermética. Mas Crowley não propagava abertamente a utilização da magia sexual. Ele reservava seus mistérios aos discípulos mais próximos. No entanto, muitas de suas instruções para A A contêm referências veladas sobre o tema. Em 1949, dois anos após a morte de Crowley, Gerald Yorke publicou um artigo na revista The Occult Observer entitulado HEDONISMO TÂNTRICO. Neste artigo ele declara que algumas técnicas tântricas utilizadas por certos yogīs para yogīs para produzir o Elixir eram conhecidas aos membros dos Graus mais altos da O.T.O.: ∴
∴
Os yogīs yogīs tântricos que seguem esse caminho insistem que o processo físico está envolvido. Para eles, o sêmen (bindu ( bindu)) é um tecido (dathu (dathu)) que se manifesta como a contraparte densa de uma energia chamada ojas, ojas, equivalente a Águia Branca dos Alquimistas. O amṛ amṛ ta não ta não está presente no organismo humano em condições usuais, mas é produzido no casamento entre a Águia Branca e Vermelha; essa produção é essencial para sua posterior sublimação no corpo de luz sem o qual é impossível a integração final da alma (ātma ( ātma)) com o Deus (ātman (ātman). ). Dois métodos são empregados para produção do Elixir: um é através das mudrās mudrās dos haṭ haṭ ha-y ha-y ogīs, ogīs, desconhecidas pela tradição ocidental; outra é através do Círculo Kaula do bhairavī -dīkṣā, dīkṣā, quando as suvasinīs dançam suvasinīs dançam nuas. Essa técnica é conhecida no ocidente e é o tesouro secreto de uma Ordem Hermética conhecida como O.T.O. 44
Yorke não é o único a traçar uma conexão entre as práticas sexuais da O.T.O. e o tantra hindu. Poucos anos depois Kenneth Grant publicou o M ANIFESTO DA SEÇÃO INGLESA DA ORDO TEMPLI ORIENTIS no qual ele afirmava que, entre outras coisas, a Ordem disseminava os ensinamentos dos śāstras śāktas do tantrismo indiano: indiano: Na O.T.O. são promulgados os ensinamentos essenciais da Tradição Draconiana do antigo Egito, os ensinamentos do śāstras śāktas do śāktas do tantrismo indiano, os ensinamentos da Gnose pré-Cristã, a Tradição Iniciática Ocidental conforme os mistérios as Santa Qabalah, a Alquimia Mística e a Fórmula Mágica de Escolas Arcanas de passados longínquos, assim como a maneira de se aplicar na prática os prinscípios essenciais que subjazem as Ciências Herméticas, os Mistérios Órficos e o uso da Corrente Ofidiana.45
43 Crowley
foi infeliz nessa passagem. Embora no bindu ou shukra shukra resida o princípio da vida ( prāṇ ( prāṇaa), sua constituição essencial é ojas (energia ojas (energia mágica, força, vigor). Para um estudo detalhado acerca de prāṇa prāṇa e ojas veja CAKRA SĀDHANĀ: O DESPERTAR DA SERPENTE DE FOGO. Sobre ojas veja ojas veja também G NOSE TIFONIANA (Vol. I). 44 Geral Yorke, TANTRIC HEDONISM, publicado em T HE OCCULT OBSERVER, No. 3, 1949. 45 Kenneth Grant, MANIFESTO OF THE BRITISH BRANCH OF THE ORDO TEMPLI ORIENTIS, privadamente impresso e distribuído em 1952.
Um ano após a morte de Crowley, Grant foi reconhecido como IX° Grau da O.T.O. por Karl Germer, que sucedeu Crowley como Líder da O.T.O. e da A A . Em cinco de março de 1951, Germer autorizou Grant a abrir um Acampamento da Ordem em Londres. E como a Loja Nova Ísis era Ísis era o único corpo oficial da O.T.O. na Inglaterra naquela época, parece que Grant interpretou essa autorização como sendo ele o líder da Ordem na Britânia, Britânia ,46 embora a Loja Nova Ísis não tenha sido inaugurada até 1955 .47 No entanto, em vinte de julho de 1955 Germer revogou formalmente a autorização concedida e expulsou Grant da Ordem após receber e ler o Manifesto da Loja Nova Ísis, Ísis, publicado por Grant no mesmo ano. Nesse manifesto Grant se autoproclamava o Líder da Loja Nova Ísis (Seção Britânica) como Mestre Nodens X°, embora seu nome na Ordem fosse Aossic e seu Grau o IX°. Grant não deu a mínima atenção a expulsão por parte de Germer e continuou operando com a Loja Nova Ísis que, Ísis que, segundo 48 ele, estava conectada aos Planos Internos. Internos. Após a morte de Crowley, Grant reformulou o sistema de magia sexual da O.T.O. de acordo com aquilo que ele considerava ser os princípios do tantra, baseando-se para isso amplamente nas informações lhe conferidas por Curwen. Por volta de 1950 Grant se dizia discípulo de um mestre vedantin na região de Arunachala, Índia. Trata-se Trata-se de Śrī Rāmāna Mahāṛṣi Mahāṛṣi (1879-1950) e de 1953 a 1961 ele fez pesquisas profundas acerca do advaita-vedānta, advaita-vedānta, chegando a publicar artigos sobre o tema em revistas indianas como a T HE CALL OF DIVINE, impressa em Mumbai.49 Além de ser profundamente influenciado pelo advaita-vedānta, advaita-vedānta, Grant reformulou todo o sistema da O.T.O. Essa reformulação consistia de uma fusão entre os sistemas da O.T.O. e da A A , mas de acordo com ele mesmo, isso não deu certo e logo seus planos para essa reformulação se esvaneceram perto de seus compromisso com a Loja Nova Ísis. Ísis.50 Foi na Loja Nova Ísis que Ísis que Grant pode colocar em prática suas técnicas de magia sexual baseadas no tantra de maneira mais sistemática, como demonstrado através da Pirâmide de Poder.51 E os experimentos sexuais da Loja Nova Ísis Ísis provocaram um impacto profundo em Grant que o levou a redigir suas TRILOGIAS TIFONIANAS quase que exclusivamente como fruto das operações de magia que aconteceram nessa Loja. Foi também durante o período da Loja Nova Ísis que Ísis que dois textos-chave no sistema de Grant foram recebidos por ele e outros membros da Loja: A SABEDORIA DE S’LBA e LIBER OKBISH.52 Mas de todos os seus livros, A LEISTER CROWLEY AND THE HIDDEN GOD e CULTS OF THE SHADOWS são os que mais tratam de seu sistema de magia ∴
∴
∴
46 Carta de Kenneth Gran a
∴
Austin Osman Spare em 18 de abril de 1952.
47 Kenneth & Steffi Grant, ZOS SPEAKS! 48 Carta de Kenneth Gran a
Bill Heidrick em 28 de janeiro de 1984. em um pequeno volume conhecido como A T THE FEET OF THE GURU
49 Esses artigos foram publicados pela Starfire
em 2006. 50 Carta de Kenneth Gran a Henrik Bogdan em 24 de agosto de 2004. 51 A Pirâmide de Poder da Loja Nova Ísis Ísis foi primeiro formulada em A Chave da Pirâmide, Pirâmide, um manuscrito privadamente distribuído por Grant em 1952. 52 A SABEDIRIA DE S’LBA será publicada nos futuros volumes de G NOSE TIFONIANA.
sexual. Como no sistema de Crowley, o VIII° lida com os mistérios da autosexualidade e o IX° com os mistérios do coitus, coitus, mas diferente do sistema de Crowley, o XI° não trata do sexo anal, mas da cópula durante o período de catamênio da mulher. De acordo com Grant, Crowley não estava familiarizado profundamente com as teorias e a importância dos fluídos sexuais da sacerdotisa, que Grant chama de kālas. kālas.53 Ele descreve os kālas como kālas como as secreções psico-sexuais da suvasinī , dezesseis no total, que devem ser manipuladas pelo magista e que em conjunto com o sêmen formam o elixir vitae. vitae. Os kālas kālas são vibrações vaginais carregadas de ojas através dos procedimentos rituais do Círculo Kaula. Kaula.54 É interessante notar que Grant estabelece conexão entre certas passagens de LIBER OKBISH e David Curwen, mencionado no texto como O Alquimista. Alquimista. Em uma dessas passagens Grant diz que Curwen era membro da Loja Nova Ísis e Ísis e que ele tivera sido expulso do círculo íntimo de seu guru, Swāmi Pareśwara Bikṣu, Bikṣu, por ter falhado no voto de castidade, quando Curwen se envolveu sexualmente com Barbara Kindred.55 Mas quem era o misterioso guru de Curwen e autor do comentário tântrico do ĀNANDA LAHARĪ? Kenneth Grant o ident ifica ifica como Swāmi Pareśwara Bikṣu, Bikṣu, um alto-sacerdote alto-sacerdote de um templo śākta em Travancore. Travancore.56 Quase não há nada sobre este guru. Nos arquivos de Curwen apenas uma fotografia foi encontrada com o nome Bikṣ Bik ṣu escrito atrás dela. Também foram encontrados panfletos da Sagrada Ordem de K ṛṣṇa ṛṣṇa da época de 1931. Tudo aponta para a direção que Curwen era membro dessa Ordem e seu guru seu Superior direto. Esta Ordem existe até hoje através de um veículo externo, veículo externo, a Cultura da Luz Latente Latente fundada pelo Dr. T.R. Sanjiv em Tirunelveli, Sul da Índia. De acordo com o manifesto dessa organização externa, a Cultura da Luz Latente foi fundada para promulgar o estudo e a prática das ciências mentais e forças ocultas, ocultas, fornecendo um curso por correspondência que ensina hipnose, magnetismo (mesmerismo), terapias ocultas, cura prânica, exercícios para desenvolvimento de vidência etc. Em seu site a Cultura da Luz Latente se identifica como: O Instituto provê treinamento prático no Yoga Antigo, Ciências Mentais e Psíquicas, Espiritualismo e Tantra Śāstra. Como o nome indica, trata-se trata -se de uma cultura de luz latente em todos nós. O Instituto foi estabelecido com o propósito de educar as pessoas na cultura da luz que está latente em todos. Para àqueles que buscam paz interior e bem-aventurança, nós estamos aqui para ajudar. Lembre-se! Muitos são chamados, poucos são os escolhidos e menos ainda conseguem chegar ao fim. fim . A Cultura da Luz Latente lida com cada indivíduo individualmente porque sabemos que cada um possui seu próprio
53 Veja
Crônica 15: A Suvasini & a Magia da Zona Malva
54 Carta de Kenneth Grant ao presente pr esente autor datada de 15 de janeiro de 2003. 55 Ao
que parece, Curwen rejeitou o voto de castidade por ser casado. E embora Grant tenha feito essa alegação, sexo fora do casamento era algo que não condizia com o caráter de Curwen. Veja T HE NINTH ARCH, pp. 367 e 369. 56 Kenneth Grant, BEYOND THE MAUVE ZONE. Há muitos extratos do texto original do comentário tântrico de Swāmi Pareśwara Bikṣu Bikṣu neste livro de Grant.
svadharma – uma regra pessoal de vida. Para o desenvolvimento do homem e suas faculdades, nós oferecemos cursos no Yoga Antigo e no Espiritualismo. A Cultura da Luz Latente é um instituto pioneiro no Ocidente ensinando o Yoga Antigo, Ciências Mentais e Espirituais.57
Os ensinamentos da Sagrada Ordem de K ṛṣṇa ṛṣṇa formam uma intrigante mistura entre a espiritualidade hindu e a tradição esotérica do ocidente. Seu manifesto descreve a Ordem como tendo existido desde o início dos tempos. Os Mistérios Divinos foram transmitidos nesse aeon através de ZarathustraDhritarashtra, Rei-Imperador da antiga terra indo-iraniana antes da separação e expulsão dos semitas. semitas. O manifesto continua: Há tempos os Mistérios deixaram de ser Mistérios, tendo sido profanados. Mas eles foram, pela misericórdia dos mestres, restaurados em diversos cultos – śākta, śaiva, saura no saura no Oriente e na medida em que chegaram ao Ocidente foram incorporados no Ritual da Rosa Cruz, nos Segredos dos Cavaleiros Templários e outros corpos maçônicos e igrejas.
Na segunda seção o manifesto de 1931 encontrado nos arquivos de Curwen tratava da afiliação de membros: A Ordem de K ṣṣṇa ṣṣṇa, sendo a mais antiga, não infringe nenhum dos privilégios de outras Ordens como os Iluminati, a Rosa Cruz, a Maçonaria, a Ānuttara Āmnāya, a Sat Bhai etc. e está aberta a Teósofos e membros de muitas outras Ordens, credos ou cultos.
O sistema da Ordem de K ṣṣṇa ṣṣṇa é dividido em quatro Graus autoiniciatórios. No Grau 0, de Probacionista, Probacionista, o Candidato deve percorrer um curso de 24 lições que cobrem grande quantidade de tópicos e práticas, incluindo prāṇāyāma, prāṇāyāma, controle mental e desdobramento astral. Ao completar o curso de 24 lições, o Candidato tem o direito de solicitar afiliação a Ordem no I° Grau como um Yajñamana, Yajñamana, quer dizer, àquele que se sacrifica. sacrifica. Este Grau cobre um arranjo de 14 lições que incluem um estudo da B HAGAVADGĪTĀ, diretrizes para recepção de novos Probacionistas, Probacionistas, Sāṃkhya Sāṃkhya e e técnicas para consecução de samādhi, samādhi, abertura do Portal da Pineal (técnicas (técnicas de vidência), pātañjala e haṭ haṭ ha-yogas, ha-yogas, a execução de um ritual diário e instruções para o aperfeiçoamento em pelo menos duas disciplinas distintas do yoga. Ao terminar as 14 lições, o que dura pelo menos três meses, o Candidato está apto a solicitar admissão ao II° Grau, de Pra-Vesya, Pra-Vesya, quer dizer, andarilho ou andarilho ou caminhante, caminhante, sob as condições de enviar seu diário mágico do período em que esteve no I° Grau ao seu Superior direto na Ordem. O Candidato ainda deve responder um questionário lhe enviado por seu Superior antes de ser admitido ao II° Grau. Ao ser admitido, ele recebe instruções acerca do yoga de forma reservada. Ele deve manter um diário mágico sobre sua prática de yoga durante o tempo que permanecer no II° Grau, sem o qual ele não pode ser admitido no III° Grau, de Rājanātha, ājanātha, quer
57 Veja em:
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dizer, príncipe dizer, príncipe ou ou realiza, realiza, durante o curso de nove meses. Ao ser admitido no III° Grau, o Candidato tem de jurar: (a) ter aceitado o primeiro e maior de todos os privilégios da Ordem, a Lei da Gītā: yatha ischasi tatha kuru – faz o que tu queres e se regozija; regozija; (b) reconhecer que é livre e independente, tendo se libertado do medo da destruíção, fé ou a morte; (c) devotar a si mesmo ao serviço de Deus, Kṛṣṇ K ṛṣṇa, a, o Invisível e Rei Sectreto, como melhor puder.
O manifesto cita o IV° Grau e outros superiores, ocultos, mas os três primeiros parecem ser os mais importantes, da mesma maneira que os três primeiros Graus da Maçonaria também são os mais importantes. Parece que a Ordem de K ṛṣṇa ṛṣṇa pretendia se assimilar as organizações ocultas da Europa e Américas empregando uma técnica de linguagem que fazia uma ponte entre as tradições esotéricas do Ocidente e Oriente, além de demonstrar uma nítida influência das ideias de Crowley. Em uma carta de Swāmi Pareśwara Bikṣ Bikṣu enviada a David Curwen encontrada em seus arquivos, o guru abria com a sentença: Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei. Lei . A influência de Crowley ainda é óbvia em um dos livros de Swāmi Pareśwara Bikṣu: Bikṣu: ONZE LIÇÕES SOBRE KARMA YOGA, publicado em 1928. Neste livro o guru faz uma conexão entre o Faz o que tu queres queres da Filosofia de Thelema e a doutrina do karma-yoga, karma-yoga, onde ele ensina que através do controle da Vontade o homem é capaz de produzir bons karmas: karmas: Aja Tu, Aja Tu, portanto, quando a oportunidade for segura, respondendo a ela bravamente usando a frase Faz o que tu queres, queres , pois dizem os mestres, há de ser tudo da Lei do dharma do dharma do karma. karma. Apenas aquele que faz é é um karmī . Mas aquele que tem vontade e faz é um karma- yogī yogī . A ação é o karma, karma, seu destino, seu futuro entre milhões de pensamentos e ações. Sua ação é a expressão de sua Vontade, a Vontade em você. Diga então para si mesmo: Sou um homem de Vontade Vontade e aja através dela. Agindo dessa maneira não há pecado, diz o Senhor Kṛṣṇ Kṛṣṇa. a. Portanto, é um requisito ao karma- yogī yogī viver viver pela regra «śāstra « śāstra»» Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei, Lei , aprendendo o que fazer e o que evitar . É o seu único mandamento: faz o que tu queres e nada mais. mais . Essa expressão deve ser repetida sistematicamente até que você esteja completamente identificado com sua Vontade, fazendo com que cada ato seja acompanhado de todo o universo que é você e não aquela pequena porção chamada Eu que Eu que se encontra no limiar do portal externo da consciência. Um ato carregado de vontade imprime a si mesmo no livro da vida. Faz o que tu queres há de ser tudo da lei é o mantra dessa mantra dessa lição de karma-yoga. karma-yoga. Não existe lei além de Faz o que tu queres – iṣtāṣtā- pūrti pūrti – a regra nomeada nos Vedas. Vedas.58
Mas embora entusiasmado, Swāmi Pareśwara Bikṣu Bikṣu parece conhecer apenas uma obra de Crowley, o THE BLUE EQUINOX, de 1919, do qual o guru cita no mesmo livro trechos de L IBER CL, LIBER CI e parafraseia uma passagem de LIBER LXXI, o comentário de Crolwey sobre A VOZ NO SILÊNCIO de Blavatsky, no qual apareceu pela primeira vez a imagem de Lam. Seja como for, existem certas semelhanças entre o sistema de iniciação da A A e a Ordem de K ṛṣṇa ṛṣṇa, inspirações para que Kenneth Grant pudesse estruturar o seu próprio sistema de iniciação primeiro através da Loja Nova ∴
∴
58 Swāmi Pareśwara Bikṣu, Bikṣu, A SERIES OF ELEVEN LESSIONS IN KARMA YOGA.
Ísis, Ísis, depois através de sua própria versão da O.T.O., a qual ele designou O.T.O. Tifoniana Tifoniana em 1980. Ainda, foi através de David Curwen que Grant tomou conhecimento – via as lições da Ordem de K ṛṣṇa ṛṣṇa – da Ānuttara da Ānuttara Āmnāya, Āmnāya, tão citada nas TRILOGIAS TIFONIANAS. Na minha obra anterior, GNOSE TIFONIANA (Vol. I), eu afirmei ser bem possível que Grant tenha confundido toda a estrutura daquilo que ele nomeia como Ānuttara Āmnāya com a Tradição Krama do Śaivismo da Caxemira, conhecida como Uttara Āmnāya, Āmnāya, sob o termo Círculo Kaula em suas obras. Para tecer essa teoria, levei em consideração à descrição que ele faz do Círculo Kaula Kaula em suas trilogias. Da maneira como Grant coloca, a Ānuttara Āmnāya parece incluir as práticas devocionais tradicionais do Śrī Vidyā e as técnicas sexuais sexuais de magia da Tradição Kaula. Mas ao citar o Círculo Kaula, Kaula, penso que Grant fala de um período anterior a reforma feita por Abhinavagupta no Séc. XI, antes do Śrī Vidyā se distanciar do kaulismo. kaulismo. Amor é a lei, amor sob vontade vontade.. Este texto foi retirado do livro E STÁ TUDO NO OVO: AS CRÔNICAS DO CULTO DE LAM, textos que tratam da interação com Lam, primeiro como um Portal de acesso a Fonte Primordial que subjaz a manifestação fenomênica, depois como o gregore da Corrente Criativa 93. Estes ensaios tratam de filosofia advaita, advaita, misticismo tântrico, disciplina yogī e magia cerimonial, além de um tema associado diretamente a Gnose Tifoniana: os Túneis de Set no reino das Qliphoth através do ChAYOGA, o Yoga das Sombras. Sombras. Uma atenção especial é dada ao Sabbath das Bruxas e Bruxas e a cura do daimon pessoal .