Como Ser um Pegador em 12 Lições Por Jéssica Biana.
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Capítulo 1: Os caras populares.
Fred Eram sete horas da manhã quando meu celular tocou Rebel, Rebel de David Bowie me despertando de um sono profundo. Tentei me levantar da cama com um pouco de dificuldade, estava meio zonzo por causa de ontem. Mesmo com um pouco de ressaca pude identificar onde estava: na casa do meu amigo André, mais conhecido como Deco.Cocei meus olhos preguiçosamente tentando lembrar onde eu tinha colocado as minhas calças.Sem sucesso,sentei na cama com um ar de cansando.Chateado por ainda estar um pouco bêbado,com dor de d e cabeça e uma leve vontade de ir ao banheiro pra vomitar e ainda tinha o pior de tudo:era segunda-feira. Era assim que na maioria das vezes começamos a nossa semana e tudo por causa da nossa brilhante ideia de fazer festinhas insanas num domingo morgado. Quando falamos de festas na casa do Deco pode ter certeza que irá ter bebidas –muitas bebidas –, música, garotas, amigos e várias competições de PS3! Eu estava um lixo. Molemente, peguei meu celular e tinha não uma ou duas ligações perdidas, mas vinte da minha mãe e 14 do meu pai. Ótimo, Ótimo, eu pensei. Agora os velhos deviam estar achando que eu tinha fugido ou algo parecido. Mas nunca pensaram o óbvio ou fingiam não pensar. Meus pais odiavam quando eu vinha pra casa de André me juntar com os caras pra fazer um som ou simplesmente simplesmente fazer nada. Vamos ser sinceros, é bom fazer nada com muita gente do que só! Vencido pelo horário,levantei de novo com a intenção de achar de uma vez por todas a minha calça. Procurei em todos os cantos do quarto de hospedes, até a encontrar de baixo da cama. -Achei você! – falei num tom feliz. Vestia-a rapidamente, calçando meu tênis e pescando em uma das gavetas do quarto uma blusa do colégio que eu tinha deixado há alguns dias no mesmo quarto. Abri a porta do quarto e não vi ninguém no corredor. Provavelmente estavam todos dormindo. E foi aí que tive uma ideia genial. Fui até a cozinha, peguei uma u ma panela e uma colher de pau, subi as escadas rumo ao meu primeiro alvo.
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Com muita cautela, andei lentamente pelo hall. Abri a porta devagar, entrando em seu quarto. Fui de pé ante pé até sua cama, prendendo o riso. Rafael estava dormindo inocentemente, babando no travesseiro. Eu sabia, era agora. - Acorda pra cuspir, vagabundo! – gritei com toda força que os meus m eus pulmões fumantes podiam ter e bati a colher na panela, rápido e com muita força. Rafa,assustado Rafa,assustado pulou da cama e eu sem pensar duas vezes,caí na gargalhada. gar galhada. - Tá doido, seu mal comido? Era capaz de eu ter morrido de susto! – falou, sentado em sua cama com a mão no peito. Mulherzinha. - Deixa de frescura! Vamos acordar o resto. r esto. – falei,dando uma gargalhada maldosa e ele concordou, se levantando. Fomos até o segundo quarto a esquerda, o da irmã de André. Claro que a gente g ente não iria acordar a irmã mais velha do Deco!Quem queria levar um tapa de uma garota de quase 21 anos que era maior que dois garotos de 17 anos juntos?! Por sorte nossa e de Deco,a família Fontes – menos o seu caçula – fazia um tour interminável pela Europa.E por que o nosso baterista não foi? Por um motivo que move jovens pelo país inteiro: recuperação!Os pais de André decidiram não deixaram o filho ir porque tinha bombado em quase todas as matérias e ainda teve audácia de falarem que nós, os amigos, eram os principais culpados. Pausa pra falar uma coisa:agradecemos formalmente pela o Sr. e Sra.Fontes Sra. Fontes deixarem seu filho e sua casa aqui pra gente se divertir.Muito obrigado! Rafa e eu entramos no quarto lilás rindo cúmplices. Pus o dedo indicando na boca pedindo silêncio a ele.Vimos um corpo deitado em meio a ursinhos de pelúcia,era p elúcia,era Guto adormecido com o seu pijaminha azul az ul escuro com estrelas amarelas que ele deixava na casa de Deco sempre. Guto nunca ia crescer. O lençol branco com babado em suas pontas estava enroscado pelas pernas do nosso amigo.Rafa meu olhou já imaginando o que íamos í amos fazer. - Puxa o lençol no três! – sussurrei pra que estava indo para o outro lado da cama. cama. – Um, dois... AGORA! - Luiz Gustavo, a casa tá pegando fogo! – gritei em seu ouvido e bati a panela. Nessas horas, eu não tinha pena, não. - Mulheres e crianças primeiro! –ouvi Rafa gritando e correndo com a mão na cabeça no meio do quarto pra dar veracidade a nossa farsa. Guto, com o susto,começou a dar socos no ar ainda dormindo. Com que ele estava sonhando, afinal? -Fogo?Onde? - já acordado e com os olhos ol hos arregalados,Guto gritou desesperado tentando absorver a informação.Quando deu por si,percebeu que era uma brincadeira – Seu idiotas!Eu tava quase me mijando de medo!
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-Eu tava num ringue de boxe,lutando com o Mike Tyson.E acredite,eu estava ganhando. -Claro. – Rafa falou ironicamente – Só em sonho mesmo você ganhar do cara.Um peteleco dele e você voa! – ele riu,sentando na cama.Guto cruzou suas pernas feito índio e com um expressão maliciosa falou: -É o que tem pra p ra hoje, acordar meninos indefesos? - eu assenti com a cabeça, afirmando. Sabia que vinha ideia boa vindo por aí. Guto se levantou e saiu do quarto, nos deixando com caras de tontos. Ele nos fez esperar bons minutos. A porta se abriu e Guto entrou com um ovo,um prato e um garfo na mão. Ok.Agora eu não tinha entendido nada.
-O que é isso? - Rafa perguntou pergun tou mais confuso que eu.Arqueei a sobrancelha olhando para aquelas coisas. Pra quê um ovo? E pra quê um garfo e um prato? Guto sentou no chão ignorando todas as nossas n ossas caras de interragação. -Certo,escutem. – concentrado,Guto falou falou - Ontem fizemos fizemos uma festa.Teve vários amigos do colégio,meninas e principalmente bebida.O André bebeu mais do que todos aqui,porque ele apagou e eu tive que leva-lo pro quarto. -Beleza,qual é o plano? - eu quis saber,sentando no chão ao lado de Guto.Rafa fez o mesmo.Ansioso,esfreguei as mãos para ouvir o que meu amigo tinha a dizer. Depois de Gutão explicar,nós três fomos pro primeiro quarto do corredor,o do André.Rafa fez sinal e eu abri a porta.Fiz com o maior cuidado possível.Entrei primeiro,e logo atrás,Guto com as coisas na mão.Rafael se aproximou da cama rindo,e com olhos,briguei com ele pra fazer silêncio.Com sinais,pedi ao mesmo botasse em prática. Rafa tirou o lençol e o tirou da cama,jogando no chão.Guto foi em direção à mesa,colando o prato em cima e tentou quebrar o ovo. -Vai logo! – sussurrei. -Calma, to quase conseguindo. Espera aí,me dá mais alguns minutos – ele ainda tentava quebrar a casca sem fazer barulho.Depois de algumas tentativas ouvimos um “creck” – Consegui.Vou separar a clara da gema agora. André se remexeu na cama ainda dormindo e eu fiquei com medo de ele acordar.Aproximei de Guto e sussurrei: -Dá pra acelerar?
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-Tem certeza que ele vai fazer o que acha que vai? - Rafa nos perguntou do outro lado da cama.Guto assentiu com uma muita certeza e eu ainda estava desconfiado que isso ia dar certo. -Certa absoluta – afirmou passando a clara batida. – Pra ficar mais real,me ajuda a tirar a samba-canção dele,Fred – deu o prato pro Rafa e me olhou. -O que? Eu não vou tirar a samba-canção de macho nenhum! – falei me afastando. -Você quer tirar onda ou não da cara dele? Sempre tem um sacrifício! – Guto pareceu um pouco irritado. -É cara,faz logo! – Rafa me pressionou. -Por que você não faz? - eu disse bravo. -Porque eu to segurando o prato – ele deu uma desculpinha muito da idiota idi ota e voltou a falar – Agora vai,ajuda o Guto! – eu não tive escolha. Fiquei de joelhos jo elhos na cama e ajudei a tirar a cueca do Piu-piu de Deco.Agradeci mentalmente por ele ser uma pedra dormindo. -Me dá o prato! – pedi já chateado com a situação. Se era pra fazer isso,que seja rápido.Com o prato na mão,derramei o resto da clara na bunda branca de André. -Ok,agora saiam.Vamos fazer tudo que estava combinado – Guto pediu – Ajam normalmente.Fred,já sabe o que vai fazer? - assenti com a cabeça feito criança obediente – Beleza,hora do show. Saímos quase correndo e loucos pra rir, ri r, mas nos seguramos. Fechei a porta atrás de mim, Guto me olhou em sinal de que era pra pôr a segunda parte do plano Bati na porta. - André, acorda. Temos que ir pra aula. – falei com uma voz leve.Sabendo que André não acordaria tão facilmente,gritei um pouco - André,cara!Acorda,a gente tem que ir pra aula! – bati na porta com mais força – Os caras já estão lá em baixo. Anda logo! l ogo! – olhei pros meninos que estavam com a mão na boca, segurando a risada. - To indo! – finalmente ele deu sinal de que estava acordado. – Mas que...? O que droga é isso? Não,não...não pode ser! Fui comido!Caras,venham comido!Caras,venham aqui rápido! Apontei pra escada, a gente ia fingir fin gir que estávamos subindo. Nós três – os amigos do bem – forjamos os barulhos nos degraus e entramos com tudo no quarto dele. Ele estava em pé. E pelado. Era agora que eu tinha que fazer valer as aulas de teatro do colégio! - O que foi que aconteceu? Perdeu a cueca? – Rafa perguntou sério. - Eu fui comido! Fui comido!Tenho certeza disso! di sso! Olha a minha cueca. Olha como ela está! – peguei a cueca dele e prendi o riso. ri so. - Eca,cara. O que é isso? joguei a cueca na cama fingindo estar enojado.
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se fazendo de preocupado. -Calma cara. Relaxa, vai ver tu cagou água! – Guto tentou amenizar a situação. - Será que vou virar mesmo gay? Eu não me lembro de nada! Só lembro de poucas coisas,da gente jogando, bebendo com vários amigos e umas minas.Espera!Amigos!Tinha homem com a gente! – de uma hora pra outra, Deco tinha ficado completamente branco.Seu rosto ficou pálido e seus olhos,esbugalhados.Eu não aguentei mais, ri até chorar.Rafa e Guto me acompanharam. Fizemos um aperto de mão do nosso grupo e rimos muito alto. Incrédulo, André nos olhou. -Quê? – perguntou, ainda sentado se lamentando com sua nova sexualidade, perplexo com as nossas risadas – Eu aqui, cheio de problemas e vocês rindo da minha desgraça? Linda essa nossa amizade! - Seu tonto. Fomos nós! Os créditos vão para o nosso querido Gutão aqui! – eu meio que dei um abraço de lado no meu amigo que ria abertamente.Rafa bateu na mão de Guto,comemorando. - Oi? Isso tudo era brincadeirinha de vocês? Eu não acredito! E jurando que tinha virado gay! – Deco disse se levantando – Bando de babacas! Agora vão se arrumar porque a gente tem uma escola pra ir! – ele apontou pra porta e saímos rindo. Agora imagina um cara esguio,de pele branca bravo,com o rosto todo velho de raiva e ah,pelado.Isso ia ficar pra história. E assim, mais um dia começava para os garotos mais populares popul ares do Colégio Cruz Almeida Nós éramos quatro adolescentes cheios de planos e claro,hormônios.Nossa amizade vinha desde de muito pequenos,nos conhecemos porque nossas mães eram amigas e participavam de um tal de clube das socialites da cidade.Enquanto elas falavam de roupas,lojas e maquiagem nós brincávamos de tudo que qu e era brincadeira de garoto até que nós crescemos e passamos a brincar bri ncar com outras coisas,se que você me entende. Os meninos foram tomar banho enquanto eu comia. Minha manhã tinha começado relativamente bem naquela segunda. Uma ressacazinha ali,uma brincadeirinha aqui...
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pesado ou não,até perceber que tinha magoado algum amigo. -Vai. Ter. Volta. – só isso que o André falou no trajeto inteiro.
Capítulo 2: A aposta
Fred 1ª Lição: Fica aqui, morre aqui. Se você, pegador, arma com seus amigos pra ficar com uma garota e esse plano não é lá muito ortodoxo, atenção: tenha cuidado pra não vazar. Obs.: é muito difícil cumprir essa lição. Sempre tem alguém qu e dá com a língua nos dentes. Chegamos ao colégio calados, o clima estava tenso entre nós. O Cruz Almeida tinha uma bela fachada brancas e algumas árvores ao seu redor. Um dos melhores colégios da cidade,abrigava todo tipo de aluno. alu no. Os mais estudiosos, os estranhos e a gente. Automaticamente, cruzamos o pátio que era um local l ocal aberto e cheio de mesas. As pessoas nos olhavam com um ar invejoso,sem pressa fomos até a nossa mesa de sempre,a que ficava no meio. Sentados, acenávamos para as meninas que passavam. Nós éramos consideramos os mais pegadores daquele colégio e modéstia à parte, era eu quem pegava mais. - Acho que vou chamar aquela loira l oira pra sair – quebrei o gelo chato que estava entre a gente. Apontei discretamente pra uma menina linda que tinha cabelos loiros lisos perto da cantina – To afim dela desde a semana passada. - Nem vem, Fred. Já tinha pensando nisso. ni sso. – Rafa fez um movimento com os braços exclamativo – Eu vou ficar com ela! - Não! Eu vou pegar primeiro! Você sabe que ninguém resiste a mim. – eu disse
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Eu não estava acreditando no que acontecia. Meu amigo tinha mesmo feito que fez? - Eu não acredito!Poxa Deco,quer me matar de uma vez? – falei num to desesperado – Nem fui eu que tive a ideia do ovo, foi o Guto! – apontei pro meu outro amigo que estava do meu lado – Joga essa aposta pra ele, não pra mim! - A ideia pode até ser do Guto, mas quem inventa essas idiotices de manhã é você. E aí, acha que consegue? Eu aposto cem reias que não. – sua voz veio num tom totalmente desafiador. Virei pro os outros dois pedindo ajuda e eles só levantaram a mão como se dissessem que não podiam fazer nada. – Você se diz o rei, que pode pegar qualquer uma aqui, então eu aposto você pegar
a Júlia Torres. - Mas a mina não é lésbica?! l ésbica?! –perguntei. - Rapaz, isso já não é problema probl ema meu. – André levantou as mãos não ligando pro meu desespero. - Isso é um desafio? – voltei a perguntar! Se a mina era lésbica, vai ter que voltar a gostar de homens! - Desafio, aposta, entenda como quiser... – Deco deu de ombros. - E se ficar com ela, o que eu ganho? - Além de cem pratas, uma bela de uma ficada e a moral dos seus amigos. Agora, se você perder... - O que... Você vai fazer? - Espalho pra todo mundo que naquela viajem pra Noronha, você ficou com um instrutor de mergulho e que toda essa fama de pegador aqui em Costa Nova é fachada. Você sabe que eu posso provar, p rovar, não sabe? – é, eu sabia. André tinha uma grande habilidade em Photoshop e afins. Ele podia fazer uma montagem perfeita de uma foto minha com um cara gostosão pelado com um equipamento de mergulho escondendo os seus documentos. Vendo minha cara de pânico, perguntou: – Vai arregar? O que eu poderia fazer? Se eu não aceitasse seria um completo idiota entre meus amigos e ser um arregão.E se eu conseguisse?Se eu tentasse domar a menina mais estranha e arisca do colégio e ganhasse a aposta?
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E agora? Além de pegar a louca lá, tinha que ver se ela era mesmo lésbica. Como é que vou me aproximar do projeto de Satã? O que eu sabia daquela garota? Pensando bem, só dei conta de sua presença no meu colégio poucas vezes. Ouvia os outros falarem que Júlia participava de rituais macabros, tinha um ex-namorado traficante e gostava de usar drogas.O que era e ra meio obvio para uma garota que qu e andava no darkside do colégio. O darkside era o lado mais sombrio do pátio. Ali ocupavam roqueiros, esquisitos,nerds,estranhos que jogam RPG e os drogados.Nós,os normais,nunca nos misturamos com eles por medo de certos integrantes e por medo de se juntar a parte dos excluídos. Nunca queira mexer com um deles e principalmente com ela. Havia muitas histórias envolvendo aquela garota. Alguns diziam que Júlia Júli a entrou em várias casas para jovens problemáticas. Outros, Outros, diziam que ela tinha pegado o hábito do exnamorado e vendia drogas. E havia aqueles que diziam que Jú – assim que a chamavam – era lésbica. E isso estava me deixando meio nervoso. Como conquistar uma menina que gostava de meninas? menin as? Nunca procurei saber se era verdade, mas também nunca a vi com um menino. Júlia era famosa por suas notas e seu desempenho em lutar a favor dos direitos dos alunos, principalmente os das meninas. Estudei com ela no primeiro pri meiro ano e presenciei várias brigas com professores e coordenadores. Todos os dias, ela chegava atrasada e com cara de sono. Usava muito moletom preto e esmalte da mesma cor. Já me falaram que tinha feito pacto com diabo, e que eu não duvido muito. Eu não a achava bonita e nem feia, mas com certeza não fazia meu estilo de garota. -Qual vai ser a primeira aula? - Rafa me tirou do meu pequeno transe. Pegou meu caderno a procura do horário – Só tem escrito aqui a hora dos intervalos, Fred! – ele meio que riu de lado – Por quê? -Porque essa é a única informação que sei – ri um pouco – Vamos pra sala, daqui a
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Ela tinha cabelos castanhos escuros ondulados, usava uma franja longa que de vez em quando cobria um dos seus olhos. Júlia tinha uma pele branca e um corpo magro – o que me deixava um pouco desanimado, já que eu gostava mais de uma carne. Sabia que andava em lugares estranhos e com pessoas mais estranhas ainda. E era só isso que eu sabia de da garota freak.
Capítulo 3 – O lado darkside da vida.
Júlia
Era quase a hora de começar a aula quando eu estava andando até o Colégio Cruz Almeida. Meus All Stars pretos quase se partiam ao meio de tão velhos ao andar, minhas unhas estava com esmaltes saindo e meu piercing pi ercing ao lado do lábio inferior me incomodava um pouco. Ascendi meu primeiro e derradeiro cigarro antes de entrar no colégio,já que não podia fumar lá dentro.Entre tragos,virei a última úl tima esquina e cheguei à masmorra. Eu tinha problemas ao entrar naquele lugar. O primeiro é que a maioria das pessoas eram completamente babacas e não é opinião de uma revoltada com a vida. Elas eram sim babacas. Ali, a galera só pensava em coisas fúteis como roupas, celular da moda,festas chiques com garotos da alta sociedade e claro,humilhar claro ,humilhar os outros alunos – que era o grupo menor,o grupo em eu que participava. O darkside.
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- E você não sabe que eu to pouco ligando pras dependências desse colégio? Se to na vontade, eu fumo. Não interessa onde eu estou. –falou dando um trago profundo, parecendo que não havia fumado há dias. Mike era um dos meus mais queridos amigos no colégio. Seus cabelos loiros e longos e seu ar de problemático faziam com que algumas meninas enlouquecessem. Antes de tragar mais uma vez, perguntou: - O que você tá ouvindo? - The Clash, tá afim? – tirei o fone esquerdo pra Mike pegar. Normalmente não faço isso, acho chato dividir fone, mas como era o Mike, então estava tudo certo. Ficamos ouvindo a música até quando não aguentei. aguentei . Tirei o cigarro da boca b oca dele e coloquei na minha. -Desculpa, é mais forte que eu. – sorri, e em resposta, Mike deu uma piscadinha. Nós éramos amigos há muito tempo, eu dava liberdade a ele pra falar de qualquer coisa sobre a minha vida e ele o mesmo. Passamos por muita coisa juntos. Por isso o considero tanto. Estudamos em outros colégios e aprontamos também. Aprendi a tocar bateria por causa dele, porque ele tinha a ideia fixa de montar uma banda e eu queria seguir seus passos. Pra mim, Mike era meu irmão i rmão mais velho, meu porto seguro. Ele me ensinou tudo o que sei, desde tocar bateria até a dar murros em pontos estratégicos em garotos. Ele era uma referência. E eu era muito agradecida a ele. Mike me entendia como ninguém, sabia de todos os meus problemas p roblemas e como me ajudar. Minhas amigas, eu conheci aqui. Bia, Cris e Sophia S ophia são as únicas amigas que eu tenho na vida! Vestiam-se de preto, usavam u savam piercing... Com exceção de Sophia.
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-EU NÃO ACREDITO! – falei fazendo uma dançinha da vitória. Eu tava muito feliz! Sabe quanto tempo estou faz que eu estou esperando essa banda? Dois anos. Eu tenho que ir pra esse show. Eu vou pra esse show. - E as meninas estão sabendo? - É claro! – quase gritou – Eu só não falei pra você nesse final de semana porque não te achei. Falando nisso, onde estava? - Er... Eu fui ver uns amigos – olhei pro Mike que se fez de desentendido. - Hm... Vou fingir que acredito. – era daquelas que desconfiava de tudo, e pra mim era um desvantagem, porque eu não nã o sabia esconder coisas não muito legais das minhas amigas. – Você também vai Mike ao show? - Cris perguntou meio a contra gosto. -Vou. É uma das minhas bandas favoritas também e uns un s amigos também vão... – ele assoprou a fumaça de seu cigarro e logo em seguida, jogou sua bituca fora. Cris rolou os olhos, tediosa. -Hm... – ela olhou pra mim – Você tem aula de que agora? -Tenho de biologia no laboratório e você? - História com o resto das meninas. Nos vemos no intervalo? – assenti com a cabeça e ela foi pro pátio central. Nós estudávamos separadas por um simples motivo: fazíamos muita bagunça juntas. Desde o primeiro ano, ouvíamos reclamação dos professores, e como eu não levava desaforo pra casa, sempre acabava numa detençãozinha básica. No segundo ano, tudo mudou. Ficamos em salas separadas e como viram que melhoramos,não pensaram duas vezes em nos deixar assim no terceiro ano.
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professor pedia. E ainda era segunda. Será que se eu fechasse meus olhos bem forte, a sexta chegava?
Capitulo 4 – A garota que batia em garotos.
Fred Era o tempo de Ed. Física e todos os alunos dos terceiros anos estavam fazendo essa aula. Todos, com exceção de nós e tudo porque não suportávamos fazer aquela aula e outra,a gente adorava ficar ali do alto das arquibancadas assistindo as garotas com seus shorts apertados!Claro que não íamos ficar olhando marmanjo jogar bola. Eu sentei um pouco mais afastado dos meus amigos, pensativo.Foi aí que vi quem tava jogando também:a from hell . - E aí, já sabe o que vai fazer pra ficar com a Júlia? – Rafa chegou de surpresa e apontou a cabeça para mesma direção que eu olhava, preocupado. Ele sabia mais
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- Ela bateu num cara? - Guto perguntou não acreditando no que havia visto.
Julia Eu estava exausta. Eu tinha acabado de ganhar no Handball por quinze a onze e só pensava em beber água. Fui até o bebedouro enxugando a minha testa suada, abaixei minha cabeça pra beber e foi quando ouvi uma voz conhecida irritante. -Não é que a punk é gostosa mesmo – João falou se aproximando com seus amigos enormes e fedorentos. Ignorando,voltei a beber b eber minha preciosa água. Fui quando tudo aconteceu. -Se estou falando com você, é pra você olhar pra mim! – ele alisou descaradamente a minha bunda. E na minha cabeça só veio uma coisa: coi sa: ele não tinha feito isso.Não tinha! Com toda raiva que contida dentro de mim,fechei meus olhos tentando me segurar.O que não deu muito certo. Então, esbravejei: -Você não fez isso!
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Mas aí a coisa toda estava feita. Tentei me recuperar, mas já era tarde demais,vi meu professor de Ed.Física chegando e tudo que pensei foi o quanto eu estava ferrada. -Você – apontou pra mim – vem comigo e você – apontou pra um João caído no chão com as mãos no rosto – vá direto pra enfermaria. ***
Roendo as unhas, entrei na sala da diretora mais gorda da face da Terra. Sua bochechas deixavam sua boca pequena, seus cabelos loiros encaracolados vinham de algum lugar dos anos 80 e suas roupas grandes me faziam tremer de tanto mau gosto. -Sente-se Júlia – parou de morder um biscoito de chocolate pra falar comigo. Assustada, sentei sem falar nada – Soube do acontecido na aula de Ed.Física.Quer me explicar como foi isso? -Ele me tocou e eu revidei. – disse simplesmente. Ela me olhou nos olhos e fez um barulho parecido com “hum” -Achei muito corajoso de a sua parte bater em um garoto do tamanho do João... -A gente faz o que pode – dei uma risada de lado. -Mas confesso que não foi uma atitude boa. -Diretora Beth, ele passou a mão em mim e isso eu não admito
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Fred O que era aquilo? A menina desceu a mão no cara três vezes maior do que ela? Júlia era barra pesa mesmo!E eu não ia mentir, tava morrendo de medo de chegar perto dela! A confusão foi tão grande que o tempo tinha passado rápido e o intervalo havia chegado. Sentamos na mesma mesa de sempre, e já acomodados peguei meu cigarro ainda nervoso e pensando no que ia fazer em relação à menina que batia em caras - Fiquei sabendo que a Júlia pegou detenção. – André sentou perto de mim – E aí, conquistador, já sabe como vai domar a fera? - Estou pensando em alguns ataques, mas calma... Estou chegando lá. – ascendi o cigarro tremulo
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E assim foi que tudo aconteceu. Pegamos uns dez rolos de papel higiênico e fizemos o que havíamos planejado. André enrolou o máximo que pôde nos corrimãos do corredor principal. Objetivo principal era que todos do colégio vissem o que a gente estava fazendo. Vi alguns rolos voarem fazendo zigue-zague e outros enrolados nos corrimãos. Tava lindo. - O que você não faz pra ter uma garota... – Guto disse enquanto pegava mais rolos. - Não, querido Luiz Gustavo. O que eu não faço pra ter uma garota e um dinheiro fácil. Certo gente, podem sair. Valeu pela ajuda, mas não quero que vocês saiam prejudicados. – disse por fim, percebendo que o trabalho tava mais que suficiente. - Tá, vou mandar alguém avisar à diretora. di retora. Boa sorte. – André falou me abraçando fortemente. Acho que ele sentiu que eu estava levando um pouco a sério a aposta e pela primeira vez, sentiu pena. Fui andando com o último rolo de papel na mão quando ouvi: - Frederico Maia! – parei na hora e juro, morrendo de medo. - Pois não, querida diretora. – meu sorriso cínico destacava no meu rosto. - Que furdunço é esse? – a gorda pôs as mãos em sua cintura enorme.
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Capitulo 5 – Tudo isso por um cigarro?
Julia Finalmente a hora da saída tinha chegado. Peguei minhas coisas e vi Mike me esperando na porta da sala. Fui em direção a ele e me encontrei com as meninas. - Fiquei sabendo. Poxa, o que você tinha na cabeça de socar o João? – Sophia me perguntou. Sophia era a menos estranha de todas. Ela era a mais meiga do grupo. E eu me perguntava o motivo pelo qual ela andava conosco. Ela era linda, vestia roupas normais – para os padrões do colégio – mas nunca quis fazer amizade com as outras meninas. Um dia, ela disse que se sentia deslocada apesar de ser bonita, vestir roupas boas e essas coisas. - Eu não me aguentei, tinha que fazer isso. – falei pegando meu Ipod. - Mas nem rola de você fazer essa detenção! Super injusto. O cara te alisa e você ainda paga o pato? Que mundo é esse, meu Deus? – Bia levantou as mãos. - Bia, você não é ateia? - Cris perguntou rindo.
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Ele olhou pra mim, fez uma cara de poucos amigos e continuou a brincar com seu isqueiro. O terceiro era o Felipe, o cara dos computadores. Provavelmente, entrou em algum sistema proibido do colégio. O quarto era nada mais nada menos que Frederico Maia, que provavelmente foi pego ficando com alguém no almoxarifado. Sentei na última cadeira, peguei minha bolsa a colocando na mesa e fazendo dela um travesseiro.Abaixei a cabeça e daqui a minutos tiraria ti raria um cochilinho maravilhoso. Falei muito cedo. Ouvi a porta se abrindo e depois se fechando. Reconheci meu professor lindo de música,Gabriel,colocar música,Gabriel,colocar seu material na mesa e sentar na sua cadeira. Uma semana com aquela visão perfeita? To amando a detenção. - Bom pessoal, vocês devem perguntar o motivo que me trouxe aqui, mas a pergunta certa é: porque vocês estão aqui? Começando por Felipe! - Entrei mais uma vez no sistema do colégio e fui pego. - Hm... Há um hacker entre nós. Vou ficar de olho no meu Notebook. Agora você, Denise. - Cabulei aula de matemática pra ficar lendo revista r evista sobre Colíros. – “acéfala” pensei.
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mais rápido que pude. Eu não sei o motivo do meu desespero pra sair daquela sala, mas ficar sozinha com Fred me deixava nervosa. nerv osa. Muito nervosa. - De nada! – o ouvi ainda gritar dentro da sala. O que eu sabia de era a mesma coisa que todos. Riquinho metido à besta, Frederico tinha tudo o queria e quem queria. Ele era o típico cara bonito que tinha todas aos seus pés. Se estalasse os dedos, vinham cinco meninas no mesmo instante. Era um pouco alto para os meninos m eninos da sua idade, tinha um cabelo castanho e um pouco cacheado. Às vezes deixava a barba rala de um garoto de 17 anos crescer e confesso que isso me chamava atenção. Fred tinha um ar de inteligente, de uma pessoa que sabia usar as palavras e claro, usava isso ao seu favor. Tinha um andar próprio,até engraçado.Suas calças largas o deixavam com um jeito desleixado mas tudo não se passava de estilo.Ele estilo.Ele tinha um alargador em uma das orelhas e tocava numa banda com três amigos.E a última coisa não menos importante: fazia tudo pra estar por cima. As meninas não ligavam em serem usadas, pelo contrário, batiam no p eito pra dizer que já ficaram com ele.
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saindo. Se eu fosse a Júlia de manhã estaria ali falando e poucas e boas b oas pra ele, mas não sei por que decidi sair. Fiquei embaixo de uma árvore enquanto saía de perto do portão e ia em direção di reção a um carro preto em frente do colégio. Entrou no carro, ligou e buzinou pra mim, dando tchauzinho. Idiota.
Fred