ROBETO CADOSO DE OLVEIA
SOBRE O PENSAMENTO NTROPOLÓGICO 3 edição ª
Ficha catalográfca eaborada pe a Equpe de Pesqusa da ORDECC 048
Cdoso de Olivera, Robero obre o pensameno pensameno anopoógco. - Rio de Janero: empo Brasleiro; Brasleiro; 2003 3 edção. ª
(Bbloe (Bbloeca ca Tepo Unrsáro Unrsáro n 83) 1 Anropologa Soca. Anropoogaepsemooga. I. ítulo II II érie érie º
CDU 572165
TEMPO BRASILIRO Rio de Janeiro Janeiro - 2003
A FORMAÇÃO DA DISCIPLINA
CAPÍTULO 1
TEMPO E TRADIÇÃO: INERPREANDO A ANROPOLOGIA
Há quase trinta anos, em 1955, quando numa reunião como esta nossa Associação elegia sua primeira diretoria, no mesmo ano e na Europa, nua pequea cidade da Normandia, o flóso aemão Mar ti Heidegger se questionava sobre o SER da flosofa em sua confe rência de abertura de um coóquio internacional. A importância da reexão heideggeriana estava no to de exprimir - ao rmuar aquela questão - uma nova tendência de seu pensameto (que a his \tória registraria como o segundo eidegger) pautada no esmiuça meto da tradição e da linguagem, submetidas ambas a um inndáve exercício herenêutico ão é minha intenção tentar aqui igua exerccio co reação à iha discipina, a antropoogia - empresa, aiás, deasiadamente grade para um etnóogo Mas, a meu ver, a proposta heideggeriana be que pode ser aceita, porém nos termos de uma etnoogia oder na, ou antropologia socia, vista básica, ainda que não excusivamen te, como ua discipia interpretativa; ea própria possuidora de ins truentos que he permitam poder acançar u grau de copreensão de si, estranhandose a si própria de odo a reaizar aquee "espa to'' de que fa o fóso e que tão bem caracteriza o SER da fosoa e que, de certa maeira, está presente em toda boa etnoogia em seu econtro co o outro. O espanto carrega a fosoa e impera em seu
interior"- disse Heegg naquela opunie. Soar absudo se sustíssmos na a, loso por antropoga? O- em ou rs palvras- não era a bo engra nção desa mea capa cdd de santas enos alvez co o outro as ceamene mais consigo mes, co ee estrnho modo d cnhece que para nós se congua e a antropog Cohecer o uro e onhcese não são aa de conta par sa odadae e an tropoogia, as ce ua ema meda O que é fl de conta, a ntropogia? Cmem peo ss epano iane d ot, asoutamente ma fá de oorrr (e de se comprende) na át a psquisa et noógca. Espanto qe nã dicil de entnder quad o bjeto o ot prtuarmt ua socede ot tuas dfeen ts da ossa; o m quado po u a d ud meodló i, asao otro - ar a ua xpessão meauoy- olto pa ed sa própria dd: d t u deratm que c a atpo ga ata bsa a Mas oo- pga- podemos o sata c osa pa dcpia A q a osso es ahato dae do ot inb hstorame os espa ete à antrpoog oduo, a própia d osa hsa da h st ra do aer ocdeta e d ma aea tda espia, da tra entíca- lho dra, ctsta- sad Imismo tão rtmet pese oso capo ita O qu se ú mos ê séc os s eaa oe es lta tcsta e o q st sécu nos a s a atopoa o csdadqe se a data os a part d D km a tadção tltuasta u ra ast euopéia eta, ou a at e R a tadção em psta agsaxã o ad em Boas o uao oteame cao, l a esaa s a cop scu! Duçse s sas aízes - sor s rupuas- ma d q u execo acadêmo. É oca pensa, como antopóogo, daos d nossa dscipna ã rao mitcados no ie de ossa rpe saçõe ( ceto oetvas) sustetra d ocio mitas es raizad tal co ito prossioa o teo do qua i vros e, at g, oiaçe e- r qu ão?- ceências mo esta constit expssã máxa Mitos e tos sã caegas amiae ao atopoo e qu sabe por ea pomo inia sso exam da qesão hdeggrana o qe é st qu chamo d antopooga Sem ioia e sem me ima
ar esituído d qalqe bis o parti pris gostaria de da nío à inha nerpreação da ntroologia social ou uural pl egio e meu primeiro epan porqu nós autores aes o pocesso d consução e desenvov mnt da dscpna ( 1emo e sua rasplatação para oras attds) tdmos a abc d penáa e eu uamentos é com ma moal da�e de cne imeno q é para nos inerogamo qase que xlusvamt so be os mods de vver de pensar e de conhcer e outrs ovos ou e diertes etore d ocidad a qu prnmos? Se ns memos enqano aroplogos, mmros e uma omndae inetua stitms uma sote d "cultura ujas oigens não eão aq, m osso nnent mas em osa maão posoal tã pe setes, p qu eão ã omos esa "tua com ojo p vlegiao nossas dagçõe S qurmos evitr uma longa e, nse momeno , inviável regre sã hsói às oss origens, pelo mnos poes tena- aqui e agoa- cptar a essênci das raçõs que culivam (e muits ve z cutuao) inscri nos paradgms (qem sabe, nosos mtos) qe cormam aquilo qu se poderia cha ma de'' matriz dscpar · d antopoa A et atura, vês que etu distingundo paradigma d atriz disciplinar, o otráro d Thmas Kuh - esse expc htoriador d ciênci - qu os consira ôis uddoos nm único oncei Paa mim uma ma dscipna a arcação sisemáica d m cojuo de paradmas, codiçã de coxstem no empo mnedse os e cad u ato e e amt cets À deça da cêncis nat, q os gs m sssã - um pocss cotínuo de sstução -, a tooa socia os emos em pna smlteid sm q o paaa eme a pa a das uçs t q n a Kh, ma at a covivêa, as ez s pas oua veze msma stção E é assm om visas a cosrr ssa mati dsciplna q m socoeei a éia esrutua d sttção de amos smât cos- pe meos uma prma etpa dessas consdeçes. Pod mo patr assim, d caraerzação remiar das uas rações a que me refr: a intelectualista e a empirista, para etão cruzás ma a ua, com duas portte persevs aactezadas pea "aegora tempo e preses em ambas as radçõs; um prpec va sa atemporal, poi msmo nando o tempo por se fie, or era temporal o hsórca no e mis ampo send. P f
cipertalntitsaepre,consvamos des i g ná l a s , r e s p ect i v ament e , com os t e r m os , j bas a gr a dos ent r e nós de s i n cr o ni a e di a cr o ni a . Es t a s duas glreoaibam,s e postemivasssívucomo aeiass isnoscicraittçooãdossonabinsmatarbemiareizants inãômio sigcnia,ftiocdosativasosporparaqdiuegmasen I N TELECTUALI S TA EMPIISTA o � Esocicoolloagia"FraParncesadia gmade EsAntrcoopolla ogiBrai'tâniParcaadideg lista e, emestustuua lmaistaEstuturalunciona - rrraalcimisotanaa modea, Antmenêut roipolcParooagidiagImanterpherre EsturalcolPara HiadistgmaricoculCtu!u t a t i v a ralista Sepeltasoatrmatviaçsaurdasalizizesaartparmconsostirgeomet r i c ament e , ver e mos que o es p aço cober t o t r u í d o e, por cons e gui n t e , l i m i t a do, por duas r e de um pont o comum, em âgul o r e t o , r m ando coortreialeasctduenadas aperseissprtpaecteefcaeempiirviastreesm)polriaisnas,taasre,i:ndoeszadasaclriintahanos neshorinttieazroorintodraem;da abr(catnaaiglmediiarnehaigora asdveriaatemrtiactdiequempoçcontõesneu(oienu tperrasizpaectouivpõea)(.ondeOentesrpoeaçcolteompo,,cashetsiemrsesobtogtateimpo,dadoo, fecraedetduzidiveidmnidodinoadoroema ,zerquatcono)roedomíoutmaraa neiséorsite,oeordestdiumane n t e de t e os , e que de m os i d e n t c pa a pr i m ei r a aná l i s e at r a vés de númer o s de a 4 de uma amoscrianaedottarmentaumdiçãleuo,gartiãnoteabemlesecr taocupado uEsaistacolcrpelauázadaFroiaancespa(com)anoadiadegprpermaSociimsrpaeiectciorooloinaldomívgiaaissitnnaexempl crioôque,, nitecra,concr fca (2) no segundo, a .
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recebe seu últmo toue datico: na medida em que eu me trans poro no outro, ue levo meu horizonte presente, com meus preconcetos É somente nesta tensão entre o outro e eu mesmo, entre o texto do passado e o ponto de vista do leitor ue o preconceito se toa operante, constitutivo da historicidade" . Este último paradigma, erador de um certo interretativismo antropológico, não estaria nos levando para os limites da ciência com a losoa? O, melhor, do cienticismo ao humanismo? Ou, ainda, nos �eslocando enquanto antropólogos da explicação causal o unconalestrtural para a compreensão de sentido, como á sugeriu meu antigo mestre, GillesGaston Granger, na conclusão de se primoroso ensaio sobre a Filosofa do Estlo. Se seguirmos a numeração de 1 a 4 dos paradigmas constantes da matz, veric emos que histori ent pas amos de uma concepção de ciência mrcada por uma vsao
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à sua maneira própria de conhecer, à condião de não se desconheceem uns aos outros, vivenciando uma tensao da qa a m u v r nenhum dentre nós pode se rt de levar em conta na atualaçao competente de sa disciplina e de seu ensi o N o se ato aq, portanto, de avali a antropologia, bscando dentifc o o e o mor to" na teoria antropológica Limitamonos a esse ex �rcc10 de compreensãoque espero possa merecer dos colegas o teresse e o estímulo onde inclo as críticas para qe essa ord em de estud _o s possa se apereiçoar entre nós. E se minha intepretaao toxer a _ ·teligibilidade qe desejo sobre o SER da antropo !oga, vsto aq, a um só tempo, como estrutural e histórico, como nao carmos pepleoscom certas ''interpretações (qe aqui so entre aspas) qe atornam uma disciplina po r cero nacionizad qe i n?ra sua própria história, cuJas rzes estao ra d tet o brasieo. Se ainda posso consider adequadas as consderaçoes q e fz sobr o r da ds SER da antopologia, gost ia de dizer qe o toqe enra12ad ciplina em nossa reaidade de ps de terceiro mndo, esta ºr cero nma qestão de estilo (no sentido de Gr er), como a ndividação" de ma ma de saer qe nãoodera ser otra c0a que resltado de nossa leitura, por certo dligente, e ma matz disciplinar viva e tensa Mesmo porque itos dos m is c ebrados antropólogos de ontem e de hoe não se fi a de man �ra tda a nenhum dos paradigmas, pois vivem eles propos a enqecedora te são. Malinowski e EvansPritchard ram m deles; Leach, Scne der Godelier e Lois Dmont são otros, qe transitam, conscente e citicaente, entre os p adigmas, ene as Escolas Por oo lado há otras 'escolas melhor diria, abordagens, como a qe se cha costumeirente de antropologia marxista qe não se enraíza com exclusividade em nenhum dos paradigmas mencinados condo é razoável admitir qe a antropologia qe se az hoe sob a égide do arxismo cundo e enriqecedor seja o prodto da tenso entre a tradição empiista e a intelectuista, paiclamente entre m tipo de materiaismo evoltivo" (conceente ao 3 paadgma) e de m citicismo diaético (referente ao 4 ) se toraos em cona relativaente a este último paadigma, o fenomenologismo hegelo do jovem Mx. Porém, há de se cidar não apenas de certasdisores qe se obsevam em determinadas abordage s om o economicismo que agmas vezes habita a antropologa de spraão maxisa , mas especiamente daquo qe gostaa de chamar de desenvolvimento perverso" dos paradgmas: o de a
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