A ABÓBADA CELESTE E SEU SIGNIFICADO NA MAÇONARIA. 19 Sep 2008-09:27:41 A ABÓBADA CELESTE E SEU SIGNIFICADO NA MAÇONARIA. Por Edílson Araújo (*) I – INTRODUÇÃO. O objetivo deste trabalho é o de iniciar a discussão sobre o significado da Abóbada Celeste na Maçonaria e, especificamente no Templo Maçônico. Não tenho, nem de longe, a pretensão de esgotar a matéria, primeiro por se tratar de um assunto bastante polêmico, segundo porque os meus parcos conhecimentos não me permitiriam chegar a tanto e, em terceiro lugar, porque para um maçom não existem verdades absolutas, o que significa dizer que nenhuma análise sobre o assunto será tida como definitiva, uma vez que um de nossos princípios é a infinita busca da verdade. Espero, pois, que este pequeno ensaio, seja o início de uma discussão e, principalmente, de um estudo aprofundado sobre o tema em discussão, tendo em vista a necessidade que temos de aprofundarmos o estudo sobre a simbologia que envolve o Templo Maçônico e a própria Maçonaria, uma vez que não se pode pretender ser um verdadeiro maçom, sem o estudo aprofundado dos símbolos sobre os quais se sustenta a doutrina de nossa Ordem. O TETO DO TEMPLO MAÇONICO. O templo maçônico tem o teto abobadado, na cor azul e semeado de nuvens e estrelas, onde circulam o Sol, a Lua e inúmeros outros Astros, representando claramente o Firmamento Celeste. Nele os Astros traduzem uma simbologia especial e se conservam em equilíbrio, atraídos que são, uns pelos outros. Ainda não houve uma definição clara de quando, onde e como surgiu o uso da Abóbada Celeste nos tetos dos Templos Maçônicos. Esta informação seria de fundamental importância ante as inconsistências e incoerências que poderiam ser resolvidas tendo-se acesso às origens, Segundo algumas obras de literatura, a Maçonaria foi incorporando elementos de Alquimia e Astrologia ao longo de sua formação ou estruturação na Europa, o que demonstra, de imediato, a incoerência da afirmação, tendo em
vista que na Abóbada Celeste estão grafados planetas e estrelas, chamadas de Estrelas Fixas na Astrologia, e ainda constelações ou agrupamento de estrelas, sendo que se essa simbologia tivesse vindo da Europa, que fica no hemisfério norte, não poderia aparecer no teto o Cruzeiro do Sul, grupo de estrela que é visível somente no hemisfério sul? Tanto isso é controverso que Hiran L. Zoccoli, autor da obra "A Abóbada Celeste na Maçonaria", na qual diz que após examinar divergentes estampas do céu maçônico, confrontando-as com a diversidade dos tetos existentes, estudou os fundamentos da Astronomia, concluindo pela incompatibilidade da presença concomitante de tais aspectos na abóbada do templo maçônico. Daí apresentar e postular, calcadas em padrões da Astronomia, duas novas abóbadas: uma para as lojas do Hemisfério Norte, e outra para as do Sul. Nelas insere todas as constelações zodiacais e todos os planetas conhecidos do Sistema Solar, acrescentando na boreal a Estrela Polar e na austral a constelação do Cruzeiro do Sul. Outras incoerências e polêmicas existem, mas não é esse o objetivo do trabalho, pelo que nos absteremos de continuar apontando-as, não significando que devemos ignorá-las, pois em outras oportunidades temos a obrigação de investigar e continuar a discussão por se tratar de um tema que deve ser estudado com maior profundidade e, também, porque uma das coisas que aprendemos logo que recebemos a Luz é que: “Na Maçonaria tudo tem uma razão e uma lógica, nada é por acaso”. A ABÓDADA CELESTE. No Oriente, um pouco à frente do Trono do Venerável Mestre, vislumbra-se o Sol; acima do Altar do 1º Vigilante, a Lua e acima do Altar do 2º Vigilante, uma Estrela de cinco pontas. No centro do teto é fácil observarmos a existência de três Estrelas da Constelação de Órion, e entre essas mesmas estrelas, figuram as Plêiades, a Híades e Aldebarãs que se situam a Nordeste do Templo. Já entre Órion e o Nordeste do templo, brilham Régulos da Constelação de Leão. Ao Norte observamos a Ursa Maior; a Noroeste, apresenta-se ARTURUS, com a sua cor avermelhada; e Leste a SPICA da constelação de Virgem; a Oeste ANTARES e finalmente FOMALHAUT que se situa no Sul. Todas essas estrelas são de Primeira Grandeza, que refulgem simbolicamente no teto do Templo, e as principais são: Três (3) da Constelação de Órion; cinco (5) da Constelação das Híades, e sete (7) das constelações das Plêiades e Ursa Maior. Já Aldebarã Arturus, Régulos, Antares e Fomalhaut, são denominadas Estrelas Reais. Interessante salientar que os planetas também
se apresentam no teto do Templo, e figuram no Oriente JÚPITER; no Ocidente VÊNUS; junto ao Sol fica MERCÚRIO; enquanto que SATURNO e seus Satélites ficam próximo a Órion. A REPRESENTAÇÃO SIMBÓLICA. Os astros sempre exercem influência predominante no espírito do homem. A Astrologia é uma das ciências mais antigas do Mundo e através dela os magos procuram, sempre, entrever os destinos da humanidade. Astros e planetas benéficos e maléficos atuam, segundo os astrólogos, sobre a vida dos homens e sobre os acontecimentos terrestres. As conjunções planetárias sempre constituíram objeto de estudo acurador, e suas várias influências, dizem os astrólogos, atuam não só na vida particular do homem, como nos destinos da Pátria e de todo o Mundo. A Maçonaria, datando dos tempos imemoriais e sendo, como o é, um repositório do mais autêntico simbolismo, não poderia fugir a influência da Astrologia e assim se explica a íntima ligação da Maçonaria e da Astrologia no aparecimento da figuração dos principais astros e dos planetas no teto do Templo que é, simbolicamente, a representação da ABÓBADA CELESTE. O azul celeste é a cor que se vê sobre o Oriente e este azul vai se matizando até chegar ao azul escuro já sob o Ocidente. O simbolismo dessa mudança de cor significa que as ciências, as letras, as artes, as civilizações, enfim, tiveram sua origem no Oriente e de lá caminharam para o Ocidente. A luz apresenta-se em toda a sua pujança no Oriente enquanto que, no Ocidente, as trevas são espaçadas lentamente pela luz que caminha do Leste para Oeste. Alguns hermetistas procuram no simbolismo da camblante cor azul no teto dos Templos Maçônicos a representação da Aura Humana, que envolve os corpos de todos os habitantes da Terra e que reflete os pensamentos bons ou maus das pessoas, assim formando uma Aura mais clara ou mais escura que é representada pela mudança do azul no teto dos Templos. A abóbada celeste simboliza as causas primeiras e a harmonia, eternamente ativa, de que se compõe o Universo. Já a abóbada do Templo é assim azulada e estrelada porque, como a Abóbada Celeste, cobre todos os homens sem distinção de classe ou cor A abóbada constelada dos Templos Maçônicos é o símbolo da Universalidade da Maçonaria e de sua transcendência, porque o céu estrelado é sempre um
convite à meditação favorecida pela quietude e pelo profundo silêncio que conduzem à paz e à tranqüilidade do espírito. CONCLUSÃO. Muitas hipóteses já foram levantadas sobre o que a Abóbada Celeste realmente simboliza na Maçonaria. Uns dizem que se trata de um método de orientação de navegação. Outros que simplesmente retrata a simbologia dos cargos que lhe estão imediatamente abaixo. Astrologicamente, pode ser uma Carta Astral de uma data especial. Entretanto de tudo aquilo que expomos acima podemos chegar a algumas conclusões, do ponto de vista simbólico, diferentes das hipóteses acima. Talvez esteja tentando inovar, mas acho que a conclusão que apresentamos a seguir pode ser o início de uma investigação do real significado da Abóbada Celeste. Vejamos: Em uma Loja Justa, Perfeita e Regular, três a governam, cinco a compõem e sete a completam. As estrelas principais que refulgem simbolicamente no teto do Templo, são três da Constelação de Órion; cinco da Constelação dos Híades e sete das constelações das Plêiades e da Ursa Maior. Assim, em uma Loja Justa, Perfeita e Regular, os três que a governam, o Venerável Mestre o Irmão 1º Vigilante e o Irmão 2º Vigilante, são representados pela Constelação de Órion. Os cinco Mestres Maçons que a compõem, os Irmãos Orador, Secretário, Tesoureiro, Chanceler e Mestre de Cerimônias, são representados pelas cinco estrelas da Constelação das Híades; e os sete Mestres Maçons que a completam, os Irmãos Hospitaleiro, 1º Diácono, 2º Diácono, Porta Espada, Porta Estandarte, 1º Experto e 2º Experto, são representados pelas sete estrelas das Constelações das Plêiades e da Ursa Maior. Portanto teríamos representados na Abóbada, todos os cargos de administração da Loja Concluímos, ainda, que além da significação simbólica acima, em nossa abóbada escondem-se vários dos princípios morais, das leis naturais e dos
grandes contrastes e transformações que regem o transcurso da vida cósmica e humana, havendo em seu contexto um pensamento orientado, voltado para a tradição esotérica e para o transcendental que contribui decisivamente para a formação da aura humana e da energia que se estabelece nos momentos de concentração de todos os irmãos durante as sessões. Por enquanto, foi o que podemos entender da Abóbada Celeste. Outros aspectos e significados existem, todavia, para o que nos propomos, entendemos ter proporcionado o inicio da discussão que espero não pare por aqui, posto que a importância do tema clama por um estudo mais aprofundado. Aos irmãos M:. M:., peço desculpas pelas interpretações, porventura errôneas e espero deles a contribuição necessária para corrigi-las, enquanto que dos Irmãos Aprendizes, espero despertar a atenção para o estudo do tema, dada a beleza e a importância que ele encerra. Belém-Pa. 10 de março de 2004 (*)Edilson Araújo - Mestre Maçom, Venerável de Honra da ARLS ARMANDO DO AMARAL SÁ Nº 56, Cavaleiro de Kadoshi, Gr.: 30.