dens densas as flor flores esta tas, s, onde onde,, na somb sombra ra das das gran grande dess árvo árvore res, s, cres cresci cia a o arbu arbust sto o do café café,, riqu riquez eza a para para uns uns pouc poucos os colo colono nos, s, mald maldiç ição ão escr escrav ava a para para muit muitos os.. Come Começo çou u como como capa capata tazz na roça roça,, mas em brev breve e fic ficou uma espéci pécie e de geren rente, te, pois o ante anteri rio or foi foi evacu vacua ado para ara Luand anda por causa de um paludismo fulminante e o patrão não tinha mais ninguém em quem confiar. Confiar no Faustino? O problema foi mesmo esse. O homem não podia ver dinheiro à sua frente. Aprendeu rapidamente o que tinha a fazer e era suficientemente activo para contentar o patrão, também ele um pouco desleixado, mais preocupado em ir jogar às cartas na cidade do que em permanecer na roça para controlar as coisas. E o Faustino acabou por ter acesso ao dinheiro das compras de comida para os trabalhadores ou para mate materi rial al urge urgent nte. e. E foi foi desv desvia iand ndo o umas umas miga migalh lhas as.. Temo Temoss de comp compre reen ende der, r, era era dema demais is para para quem tinha sempre convivido com a fome mais absoluta e sem saber o que lhe iria acontecer no dia seguinte. Foi escondendo aqueles trocados na mala de folha que tinha trazido da Metrópole, era o seu seguro de vida, a sua pensão reforma. Faus Faustitino no aind ainda a não não tinh tinha a apre aprend ndid ido o com com os outr outros os colo colono noss que que em Port Portug ugal al se habi habitu tuav avam am a só ter gente acima deles e, de repente, caídos em África, descobriam ter muita gente abaixo deles afinal. E exerciam até à exaustão sobre esses deserdados da vida o pequenino poder com que de repente se maravilhavam. Faustino só tivera tempo de aprend rende er as tare tarefa fass exig xigidas idas no serv serviiço e a gua guardar rdar de lad lado algum guma peque quena fort fortu una para ara o que dess desse e e vie viesse. se. Por Por isso sso ain ainda tra tratava tava os tra trabalhad lhado ores res da roça roça como omo sere seress huma umanos. os. E arranjou uma relação mais chegada, senão amizade, com o ajudante do cozinheiro da casa grande, um jovem esperto que se chamava Ndozi. Esta stava a sua sua vid vida corre rrendo ndo pelo melh elhor, or, ape apesar sar do cal calor a que não esta stava hab habitu ituado e dos dos mosquitos que lhe furavam a pele. Mas num repente lhe desabou o mundo em cima da cabe cabeça ça.. Falt Falta a de habi habililida dade de nas nas cont contas as,, dema demasi siad ada a conf confia ianç nça, a, não não sabe sabemo moss ao cert certo o qual qual o erro, mas o facto é que o patrão foi alertado pelo Costa, seu ajudante na contabilidade e secr secret etar aria ia,, da prov prováv ável el exis existê tênc ncia ia de algu algum m desv desvio io nos nos dinh dinhei eiro ross dest destin inad ados os à comi comida da dos dos trabalhadores. Investigaram os dois, no segredo que deve envolver essas coisas, até chegarem ao Faustino. E daí até à mala de folha, onde estava uma quantia que ultr ultrap apas assa sava va os salá salári rios os entr entret etan anto to rece recebi bido doss pelo pelo capa capata tazz-qu quas asee-ge gere rent nte. e. Patr Patrão ão e Cost Costa aa revistarem a mala e o Ndozi a avisar o Faustino, é melhor fugir, ouvi tudo, o patrão vai chamar a polícia da cidade. Faustino nem teve muito tempo para pensar, ainda por cima com Ndozi a pressionar, é melhor fugir, é melhor fugir. De facto, nunca se tinha confrontado com a polícia. Os pequenos delitos em Portugal foram resolvidos entre as suas mãos e a sua consciência, com a excepção da tentativa na capela da Senhora da Saúde, que dessa vez se resolveu entre o seu corpo e os poderes da santa, que lhe pregaram aquela valente bron roncopn copne eumo umonia para não mais ais esqu esque ecer. cer. Mas Mas tin tinha semp empre fic ficado ado long onge da políci lícia a. Por Por isso o terror de Ndozi, que esse apesar da juventude sabia bem como era brutal a polícia colo coloni nial al,, enco encont ntro rou u terr terren eno o fért fértilil no seu seu temo temor. r. E tamb também ém deve devemo moss refe referi rirr que que Faus Faustitino no tinh tinha a uma uma pont ponta a de verg vergon onha ha em rela relaçã ção o ao patr patrão ão,, que que nele nele conf confia iara ra.. Mas Mas fugi fugirr para para onde onde? ? Para Para o mato, claro, onde havia de ser, lhe explicou Ndozi, todo nervoso, como se de liberdade própria se tratasse. Faustino se viu naquele mato do Uíje, florestas atrás de florestas, refú refúgi gio o de tod todas as cobras bras,, desd desde e a terr terrív íve el suru surucu cucu cu à peque quena mas ful fulmina minan nte buta, ta, cuj cuja picada matava num minuto. Os trabalhadores do café já lhe tinham mostrado cotos decepados, pois quando na colheita a buta, escondida entre as folhas e parecendo um raminho seco vulgar, mordia a mão que procurava os bagos da for fortuna, o homem só tinha
tempo de cortar o braço com a catana mais próxima, antes que o veneno começasse a circular no sangue e paralisasse o coração. Hesitava no seu medo e Ndozi teve de o empurrar para o mato, to, o esconder numa casota abandonada ainda dentro dos limites da roça, fique aqui por um tempo, que eu vou à casa grande fal falar com o patrão, arranjar uma desc descul ulpa pa para para fica ficarr uns uns dias dias fora fora,, depo depois is levo levo-o -o para para algu algum m lado lado.. Faus Faustitino no nem nem teve teve aces acesso so ao seu quarto, ficou assim sem o dinheiro, a mala e toda a roupa. Horas ras dep depois vei veio Ndozi expli xplica carr que o patr patrã ão lhe lhe tin tinha conc conced ediido trê três dias ias para visi visita tarr os parentes. Para isso lhe contou que acabava de receber a notíc tícia da morte de um tio e tin tinha de ir assi assist stir ir ao óbit óbito. o. Rela Relato tou u aind ainda a Ndoz Ndozii que que a polí políci cia a tinh tinha a cheg chegad ado o à roça roça para para cons consta tata tar r o roubo mas sobretudo o desaparecimento do Faustino, prova mais do que suficiente da sua culpabilidade. Teria pois de ir para outra província, que certa¬mente as buscas se limitariam à cidade, não chegariam ao Kuanza-Norte ou ao Zaire, províncias vizinhas. Leva-m va-me e entã então o até lá, não impo mporta rta qual, al, olh olha, a que que fic ficar mais pert perto o de Luand anda, a qua qual era o Kuanza-Norte mas Ndozi não o levaria até lá, apenas até uma estra trada onde ele pudesse apanhar uma boleia de algum camião. Assim combinados, combinados, meteram pelo mato e se afastaram da roça, evitando os caminhos e sobre obretu tudo do as picad icada as. Leva Levava vam m apenas nas uma cabaça baça chei heia de água, ua, que o rapa apaz trou trouxe xera ra da roça roça.. Segu egundo ndo este ste, bast basta aria ria dorm dormiirem rem uma uma noite oite na camin aminh hada, da, poi pois no dia seg seguinte inte já Faustino poderia apanhar alguma boleia, quem ia negar levar um branco em estado de necess cessiidade ade? E como omo mand andava a tra tradiçã dição o, até até teri teria a dire direit ito o a ir na caba abana, que a carr carro oçari çaria a e a poeira eram destinadas aos negros. Ndozi voltaria logo para a roça, que não lhe convinha ter três dias descontados no ordenado, se o pudesse evitar. À tarde a fome apertava, porém. Tinham saído cedo da roça, só com algum café tomado. E Faustino não parava de se lamentar, agora que comia três refeições por dia, uma delas sempre de carne, do que nos seus tempos de Portugal nem o cheiro lhe chegava, é que tinha tido o azar de ser apanhado com a massa na mala. Gomo podia o desgraçado do Cost Costa a ter ter desc descob ober erto to tudo tudo,, eram eram quan quantitias as insi insign gnifific ican ante tess de cada cada vez, vez, mas mas todo todoss os dias dias,, ou quase todos, é certo, esse Gosta era um coca-bichinhos, umas míseras diferenças lhe chamaram a atenção, estupor. E antes que fosse ele o acusado, tratou de o acusar, só podia ser isso. O Ndozi tinha razão, o patrão ia deixar o caso por ali, nem se ia queixar para Luand anda, e ele podia dia ir viver iver para outr outra a ter terra. ra. O prob probllema ema seri seria a arra rranjar jar um empreg prego o tão tão bom e num sítio tão bonito como é uma montanha de café, com os nevoeiros matin tinais que são afastados pelo Sol nascente, espalhando espalhando luz pelos verdes de todas as cores. Andaram pelo mato até ao fim da tarde e nessa altura meteram por um caminho que os cond conduz uziu iu a umas umas lavr lavras as de mand mandio ioca ca.. Havi Havia a alde aldeia ia por por pert perto. o. Ndoz Ndozii não não quer queria ia arri arrisc scar ar,, pois pois o bran ranco ia embora bora,, mas ele fic ficava. ava. Podi odia acon contec tecer por por um azar azar que algu algum m dos dos habita bitant nte es da aldeia mais tarde soubesse do desaparecimento do Faustino e ligasse os factos. Se fosse contar ao patrão que Ndozi servira de guia, ainda acabava por ser acusado de cúmplice, quando só fazia isto por pena de alguém que sempre o tratara bem, caso raro com os brancos. Tinha pois de evitar ser visto com Faustino. E só havia uma alternativa, dormir com fome. Mas o outro reconheceu as lavras de mandioca e a barriga roncou mais alto. — Essa mandioca é da que se come? De facto era a qualidade que não tem veneno e por isso não precisa de ficar em água durant rante e uns dias. as. Pod Podia ser ime imedia diatam tamente ente con consumi sumid da e assi assim m Ndozi expli xplico cou. u. Mas Mas logo a seguir apontou para os fiapos de pano vermelho que estavam amarrados nalgumas hastes.
— Tem feitiço. Quem come morre. E afastou Faustino da lavra, avançando de novo para o mato. Parou pouco depois para descansar. — É melhor dormirmos aqui. De manhã lhe levo até à estrada, já não fica longe. E sentou no chão, encostado a um tronco de árvore, descansando. Faustino, apesar de muito ito fati fatig gado, do, perman rmane eceu ceu de pé, olh olhand ando para para o camin aminh ho que que tin tinham abando ndonad nado. Não Não cons conseg egui uia a desp despre rega garr a vist vista a dos dos tron tronco coss fino finoss mas mas conv convid idat ativ ivos os das das mand mandio ioqu quei eira rass jove jovens ns.. E a barri rriga ronca oncava va,, ronca oncava va,, mal habitu bitua ada já àquel uelas fom fomes que nou noutro tros tem tempos pos eram eram a normalidade. Num repente pegou no facão que levava à cintura e investiu contra a lavra. — Não faz isso, só Faustino, não faz isso. Inút Inútiil grita ritar, r, inúti útil corre orrerr atrá trás dele, le, inúti nútill demovê movê-l -lo. o. O portug rtugu uês foi foi mesmo smo ao prim rimeiro eiro pé de mandioca, com o facão removeu o chão e desenter terrou um tub tubérculo grosso como um braço. Desenterrou outro e voltou para onde estava Ndozi. — Tens a certeza que esta mandioca não tem veneno? — Não tem. Mas tem feitiço. E pior. — Deixa-te disso. — Esses panos vermelhos que se amarram em cima é para avisar. Essa lavra foi enfeitiçada. enfeitiçada. Só os donos podem tirar. — Essas crenças são pagãs, nem devias dizer isso. É pecado. Ndozi recusou o tub tubérculo que Faustino lhe estendeu. Este começou a descascar o seu, sentado agora junto de outra árvore. — Não és católico, ó Ndozi? Não costumas ir à missa? — Às vezes. — Então como acreditas nestes feitiços? Disparate. E mete eteu à boc boca um peda edaço corta ortad do da mandi ndioca. oca. Doc Doce, sucul ucule ento nto, uma delíc lícia para para a sua sua fome. — Hum, maravilha. Derrotou o tubérculo inteiro e descascou o outro. Ndozi só olhava, enquanto escurecia à volta olta del deles. es. Para Para se entre treter ter, o ang angola olano jun juntou tou paus aus secos cos que havia avia à profu rofusã são o ali perto erto e fez uma fogueira. Não estava frio, mas era mais aconchegante. E afastava os bichos. Faus Faustitino no entr entret etan anto to tinh tinha a comi comido do a outr outra a mand mandio ioca ca e bebi bebido do água água da que que Ndoz Ndozii trou trouxe xera ra da casa asa grand rande e. A fom fome tin tinha pas passado sado,, se deito itou perto erto da fogu fogue eira ira o mais com comoda odamen mente que que pôde. A meio da noite, Ndozi foi acordado pelos gemidos do companheiro. companheiro. Porra, porra, que dore dores. s. Faus Faustitino no se agar agarra rava va à barr barrig iga, a, porr porra, a, que que dore dores. s. Tinh Tinha a vómi vómito tos, s, mas mas só ar saia saia.. Bem Bem que se torcia, e vomitava, nem saia nada, nem a dor passava. — Faz alguma coisa, porra, pá. — Fazer o quê? — disse Ndozi. — Não há nada a fazer. É o feitiço. — Só a Senhora da Saúde me pode valer, ela é muito mais forte que qualquer feitiço — ainda disse Faustino no meio dos gemidos. — Ai valei-me, Senhora da Saúde. Não lhe valeu. Ndozi ficou ao lado dele, assistindo impotente e pesaroso à agonia. De manhã, usou o facão de Faustino para cavar uma sepultura no meio do mato. E lá ficou para sempre o ladrão de Abaças. No mais completo segredo.
O Caixão do Molhado
SÔ BELARMINO MOREIRA IRA nasceu na cidade do Porto, cidade que ele nunca nomeava pela pela desi design gnaç ação ão ofic oficia ial,l, mas mas pela pela cari carinh nhos osa a de «Inv «Invic icta ta». ». O feli felizz acon aconte teci cime ment nto o que que o trou trouxe xe ao mundo aconteceu em 1918, num dia que culminava uma semana inteira de chuva ininterrupta na Península Ibérica e arredores. Por isso o rio ameaçava galgar todos os muros e obstáculos que ao longo da Ribeira as pessoas tinham acumulado à força de braços e também dos músculos dos mulos, para evitar a inundação. Trabalho insano e praticamente inútil, pois no momento em que a mãe o empurrou para a vida ao ar livre, Bela elarmin rmino o esca scapou às mãos cansad nsada as da parte arteiira e mergu ergulh lho ou pel pela prim primei eira ra vez na águ água do Douro, que por essa altura já subia a vinte centíme ímetros no chão da casa. Por isso o seu prim primei eiro ro nome nome não não foi foi Bela Belarm rmin ino, o, como como o conh conhec ecer erem emos os mais mais tard tarde, e, mas mas «Mol «Molha hado do», », como como lhe chamaram sempre na cidade natal. O pai, vagamente adepto da Maçonaria e declaradamente anticlerical, arranjou no facto pretexto para não permitir que fosse bapt baptiz izad ado, o, já lhe lhe cheg chegav ava a de água águas, s, coit coitad adin inho ho,, que que mal mal saiu saiu do calo calorz rzin inho ho acon aconch cheg egan ante te do ventre materno logo mergulhou no Douro castanho e gelado. Muit Muito o mais mais tard tarde e fala falari ria a semp sempre re a brin brinca carr do seu seu prim primei eiro ro nome nome de Molh Molhad ado. o. Mas Mas desc descre revi via a com supe upersti rstici cios osa a rese reserv rva a, já muito uito a séri sério, o, a prim rimeira ira visã isão que que tev teve de uma uma outr outra a che cheia do Douro, aos quatro anos de idade. A visão que para sempre o marcou foi a do cadáver de um homem a passar no rio que corria, inchado, à frente da sua casa. Sempre associou as cheias do Douro a esse instante de mudo terror. E registou, com notável precisão, o info infort rtún únio io desm desmed edid ido o de se pass passar ar sile silenc ncio iosa same ment nte e à fren frente te de uma uma cida cidade de,, sem sem um caix caixão ão que resguardasse a face morta e pálida dos curiosos olhares dos outros. Quando o Molhado tinha cinco anos, o pai partiu para Angola, tentar a sorte. E quatro depoi pois, seg seguiu uiu a fam famíli ília, ele, le, a mãe, ãe, e três três irmã irmão os. Para Para trá trás fic ficou defi efinitiv itiva amen mente o Douro ouro e suas cheias. E quando lhe perguntavam na escola de Luanda de onde tinha vindo ele respondia sempre da Invicta, ta, pois claro. Viveu no alto da Boavista, num sítio onde havia poucas casas e piores estradas, sobretudo quando chovia. Deste sítio do outro lado do mundo também via água ao sair de casa. Só que esta era do mar e contida numa calma e belíssima baía azul com coqueiros e palmeiras à volta. Se apaixonou pela difer ferença de cores e nunca mais quis mudar de sítio. E, por morar na Boavista de Luanda, se tornou adepto ferrenho do clube de futebol Boavista, do mesmo nome mas do Porto. Casou, teve filhos, duas meninas, e um bom negócio de vendas diversificadas, desde chouriço e roupa a materiais de construção. Ficou viúvo, casou as filhas, começou a preparar a retirada dos negócios. Mas veio a Independência e os genros pegaram nas famí famíllias ias e abal balara aram para ara a Áfri África ca do Sul, Sul, os olhos lhos che cheios ios de estr stranh anhos medo edos provo rovoca cad dos por vagos remorsos. Ele nada tinha a temer e gostava da vista da baía, por isso ficou. No entanto, nunca mais pensou em reforma, pois deixara de ter quem lhe continuasse os negócios. Só fechou a loja no dia da independência, não por medo mas porque era dia dema demasi siad ado o impo import rtan ante te para para não não ser ser come comemo mora rado do de algu alguma ma mane maneir ira. a. Aliá Aliás, s, tudo tudo na cida cidade de estava fechado, excepto os hospitais, que recebiam os feridos da guerra que trotava ameaça eaçad doram orame ente nte ao lad lado. Mas Mas no dia seguin guinte te à ind indepe ependên dência cia abriu riu as porta ortass da loj loja às oito horas, como durante trinta anos fizera. Algum tempo depois da independência, independência, atingiu os sessenta anos de idade. Era altura de pensar nsar na vida. ida. Ou melh elhor, or, na morte rte e sua suas incon nconvveniê eniên ncias cias.. Ouvi Ouviu u uma uma con convers versa a na loja oja
que o deixou a matutar tar. Se falava da dificuldade cada vez maior de arranjar madeira para qualquer coisa que fosse, sobretudo para as obras. Os clientes aliás se referiam a construções, pois vinham procurar os mater teriais no «Canto do Belarmino». Era assunto muito falado na época o facto de a indústria ter enorme dificuldade em providenciar os caixões para os funerais. Se chegou mesmo a um ponto de só certos privilegiados irem a enterr terrar ar dentr entro o de caix caixõe õess seu seus, pois ois a maio maiorr part parte e ia emb embrulh rulhad ada a em len lençóis çóis e alg alguns uns em caix caixõe õess alug alugad ados os,, que que em segu seguid ida a eram eram dese desent nter erra rado doss para para serv servir irem em outr outros os clie client ntes es.. E foi foi isso sso que o preo preocu cup pou mais mais.. Entr Entra ava numa idad dade em que um acide ciden nte do coraçã ração o acon contec tece a qualquer momento. Ou se não for o coração é outra coisa qualquer. E se vivo já seria difícil arranjar, muito mais complicado seria procurar caixão depois de morto. to. Porque o aterrorizava a ideia de atravessar a cidade até ao cemitério de cara descoberta, escan scanca cara rad da a priv privac acid ida ade de defu efunto, to, como omo aque quele afog fogado do Douro uro que que para ara semp sempre re o tinha marcado. Foi ali mesmo e naquele momento, to, ao ouvir as lamúrias dos clientes, que resolveu providenciar imediatamente o seu próprio caixão, para evitar futuras complicações. Entr ntrou em conta ontact cto o com com um conh conhe ecido cido de Cabi abinda nda que lhe envi enviou ou a madei deira sufi suficcien iente. te. E desenc sencan anto tou u pano ano preto reto num can canto do arma armazé zém m. Prego regoss não fora foram m prob roblem lema, fel felizm izmente nte tinha havido uma importação recente e ainda lhe sobravam muitos na loja. Com todo o mate materi rial al nece necess ssár ário io,, enco encome mend ndou ou um mode modest sto o caix caixão ão num num marc marcen enei eiro ro.. Este Este lame lament ntou ou que que ele quisesse um tão simples e não um mais sofisticado, como tinham tempo poderia arra arranj njar ar uns uns orna orname ment ntos os e até até uns uns baix baixos os rele relevo voss que que fica ficam m semp sempre re bem. bem. Só Bela Belarm rmin ino o não não queria luxos, nada disso, homem, o simples é sempre o melhor, se não vivi com luxos não será na morte que os vou levar. Pronto o caixão, carregou-o para casa. E ai se pôs o prob proble lema ma de onde onde o guar guarda dar. r. Reso Resolv lveu eu rapi rapida dame ment nte e a ques questã tão. o. O mais mais prát prátic ico o era era colo colocá cá-l -lo o embaix baixo o da cama. ma. Se morre rresse sse na cama ama, seri seria a mai mais fáci fácill para que quem se encarr carre egasse sse de o enfiar dentro da urna, estaria mesmo ali à mão. Se não morresse na cama, de qualquer modo modo nela nela o deit deitar aria iam m para para o vela velar. r. E port portan anto to depo depois is do veló velóri rio o desp despac acha hari riam am faci facilm lmen ente te o assunto, com o caixão prontinho para ser usado. Durante duas noites, é preciso reconhecer, teve dificuldades em adormecer, sabendo o caixão embaixo dele. Mas depois se habituou à ideia e até o esqueceu. Quem não podia esquecer era D. Maria, a empregada que lhe limpava o quarto e que de vez em quando tinha de varrer embaixo da cama, para isso sendo obrigada a afastar o caixão. Supe Supers rstitici cios osa a como como todo todoss os vizi vizinh nhos os do bair bairro ro Samb Sambiz izan anga ga,, se benz benzia ia semp sempre re que que tinh tinha a de fazer a operação para ela considerada macabra. E nunca ganhou hábito. Muitas vezes comentava com os familiares em casa, o raio do meu patrão não regula bem, essa mania de dormir em cima do caixão é de maluco. Provocava sempre discussão, pois o marido defendia a ideia de Só Belarmino, esse branco tem mas é muito juízo, assim não dá tra trabalh alho a ning ningu uém quando ndo bate ater as bota botas. s. E vam vamos apro aprove veiitar tar depoi pois o caix caixão ão para ara outros tros óbitos. O que provocava a revolta da esposa, isso é que eu não vou deixar, antes de enter terrar vou partir o caixão dele, assim ninguém que lhe pode mais usar, coitado do meu patrã trão, lhe tiram a cama e lhe atiram no buraco só à toa para aproveitarem o caixão?, não vou deixar, não, ele tem essa ideia maluca mas é bom branco. A cunhada Deolinda defendia o irmão, aproveitamos sim o caixão, pelo menos a madeira que está cara, enqua quanto nto o filh filho o mai mais velho elho apoi poiava ava a mãe, ãe, não se faz faz isso isso a Só Belarm larmin ino o, ele semp empre nos nos ajud ajuda a quan quando do pode pode e a disc discus ussã são o gene genera raliliza zava va naqu naquel ela a famí famílilia a do Samb Sambiz izan anga ga,, conh conhec ecid ido o centro de conspirações e murmúrios. Os anos passaram e acabou tudo por entrar no cinzento dos hábitos. D. Maria ainda
resmungava com essa ideia maluca quando limpava embaixo da cama, mas já nem come omenta ntava em casa casa.. E só Bela elarmi rmino acab acabo ou por por esqu esque ecer cer mesmo smo o caixã aixão o, que que ele ele nunca nca via, ia, pois tamb també ém já nem o penico nico usava sava,, últi ltimo prete retext xto o que poderi deria a levá levá-l -lo o a mart martiiriz rizar a coluna para espreitar o sítio e deparar com o objecto. Na vizinhança morreu entretanto o Armindo e tem tempos depois a viúva Mariana aligeirou o luto. Amigos antigos, só Belarmino apoiou muito a família do falecido, quer no funeral e correspondente komba, quer no que se seguiu. E um dia olhou para Mariana a entrar na sua loja e a viu não como a esposa de Armindo ou como a viúva recente de Armindo. A viu apenas como a mulher que era, uma senhora mulata de meia idade, far farta de carnes e com um sorriso aberto, se queixando muitas vezes de dores nos peitos generosos. E ele pela prime rimeiira vez vez pensou sou com com malí malíccia que a dor no peito ito não não era era devida vida a qua qualqu lquer doe doença nça mas sim a que os seio seioss fica ficava vam m dema emasiad siado o apert perta ados nas blusa lusass e suti sutiã ãs que ela era for forçada çada a usar e que os peitos deviam constituir um verdadeiro espectáculo quando se soltavam triu triunf nfan ante tess de tant tantos os espa espart rtililho hos. s. A garg gargan anta ta do port portue uens nse e até até fico ficou u seca seca e não não atin atinou ou com com a prateleira onde tinha o pano que ela desejava comprar. Aquela secura na garganta foi coisa que não mais perdeu quando lembrava Mariana. E já perto dos setenta começou a fazer contas à vida. Sobretudo a achar que a solidão era o pior dos males e que nenhum homem tem o direito de se comprazer nela. O problema era como omo faze fazerr para para real realiz izar ar o dese desejo jo tão tão cuid cuida adosa dosam mente ente escon scond dido ido. Um home omem de sete etenta anos não faz a corte a uma viúva como um miúdo o faz a uma colega de escola. E como será afinal? Tinha muitos amigos ali no bairro, mas a vergonha era demais para abrir o cora coraçã ção o e apon aponta tarr as dúvi dúvida dass a algu alguém ém,, pedi pedind ndo o cons consel elho ho.. Nem Nem nas nas noit noites es de muit muitos os copo coposs e jogos de cartas, quando o último amigo ficava para beberem juntos a : cerveja da porta, hora própria para todas as confidências. O que que tin tinha de suce uceder der acabo abou por por acon contec tecer da mane aneira ira mais ais natura turall. Marian riana a a entrar trar na loja oja e a brin brinca carr com com ele, ele, dizen izend do que que esta estavva cada ada vez vez mais ais jovem ovem,, mais ais rijo rijo.. E ele a repl replic icar ar que ainda estava rijo, sim, mas já não como nos tempos passados em que parecia uma goiabeira, nem tinha muita razão para resistir ao tempo, pois se sentia cada vez mais sozinho, ao que ela respondeu isso é que está errado, o compadre tem de arranjar uma companhia, mulheres é o que não falta nesta ter terra despovoada de homens pela guerra e ele dizendo que também não era assim, difícil seria encontrar alguém que quisesse um velho caquéctico, mas caquéctico coisa nenhuma, compadre, está aí ainda para muitas curva urvas, s, o que era apena enas bondad dade del dela e na brinc rincad ade eira, ira, pois se ele lhe lhe pro propusess sesse e agora gora a sério que juntasse os bancos dela às cadeiras dele, aí é que a porca torcia o rabo e lhe dava uma valente berrida que ele até ia parar ao porto de Luanda, mas não deu berrida nenhuma, sorriu antes com os dentes todos e o far farto peito inchou que parecia ia explodir, mas está stá a fala falarr a séri sério o, com compad padre, re, iss isso é mesmo esmo uma propo ropossta, ta, que nunca unca tin tinha fal falado ado tão tão a sério, há muito tinha pensado nisso porém não arranjava coragem de lho dizer, provo rovoca can ndo nel nela um imed mediato iato movi movim mento ento de pura aleg legria. ria. Assim ssim foi foi dito ito, feit feita a a propo ropost sta ae imed imedia iata tame ment nte e acei aceite te,, sem sem fals falsos os pudo pudore ress ou aiué aiuéss que que aind ainda a tenh tenho o de pens pensar ar.. Como Como eram eram gent gente e de muit muita a cons consid ider eraç ação ão e resp respei eita tado dore ress dos dos bons bons cost costum umes es,, deci decidi dira ram m no enta entant nto o que que só junt junta ariam riam os tra trapos pos a séri sério o depoi pois de casa casad dos. os. Prim Prime eiro iro tinh tinha am de avisa visarr as resp respe ectiv ctivas as famílias, as quais não deviam se importar muito aliás, sendo eles viúvos e com idade sufi uficien ciente te para ara decid ecidiirem rem sozi sozinh nho os sobr sobre e com como quei ueimar mar os poucos cos anos de vida vida que lhes lhes restavam. O casa casam mento ento foi foi prepa repara rad do com com tod todo o cuid cuida ado. Por essa ssa altur tura já a Boavi oavist sta a esta stava chei cheia a
de casas asas e de barr barra acos, os, junta untand ndo o muito itos refu refug giad iados de guerra erra e outra utra popul pulação ação expu xpulsa lsa das pequenas cidades. Só Belarmino era muito conhecido e D. Mariana também, moradores antigos da zona, de muito antes de ali aparecer um mercado mundialmente conh conhec ecid ido o cham chamad ado o Roqu Roque e Sant Santei eiro ro,, cons consid ider erad ado, o, com com razã razão o ou sem sem ela, ela, o maio maiorr de Áfri África ca a céu aberto. Isto para dizer que duas figuras destas não podiam casar quase clan clande dest stin inam amen ente te,, sem sem uma uma fest festa a que que junt juntas asse se cent centen enas as de pess pessoa oass come comend ndo o e bebe bebend ndo o do melhor, mesmo com todas as carências que a cidade vivia. Por isso os preparativos demoraram mais que o desejado. Fosse da excitação pelo dia se aproximando, fos fosse do muito trabalho que tev teve nos aviamentos, o certo é que Mariana se queixava todos os dias de forte dor no peito inchado. E só Belarmino, passada a timidez inicial, lhe segredava ao ouvido, vais ver que essas dores passam logo na noite de núpcias, vou desenterrar sabedorias antigas e quase esquecidas. E mais malandramente ainda, para a fazer rub ruboriz rizar, ar, fina finaliliza zava va,, esse essess peito itos doem porque rque estão tão a pedi edir para sere serem m chup chupa ados, os, o que que não acontece há muito tempo. Ai filho, que ordinário, se desfazia ela toda em melados requebros e não menos malandros olhares de promessas. Fico Ficou u céle céleb bre na hist histó ória ria da Boav oavista ista o casa casam mento ento de Bel Belarmi armino no,, alto lto e seco, eco, de cor bran brancca mas enferrujada pelo muito sol apanhado na pele, com a esplendorosa Mariana, mulata aleg legre e praze razent nte eira que que gosta ostavva de andar des descalç calça a na rua. ua. Se com comeu e beb bebeu o dia dia inte inteiiro e toda a noite, num terreiro preparado nas traseiras da loja. E os noivos fugiram a meio da noit noite e para para casa casa dele dele,, onde onde pass passar aria iam m a resi residi dir, r, fica ficand ndo o a casa casa dela dela para para os filh filhos os já casa casado doss e sempre com falta de espaço, pois não paravam de provocar barrigas a inchar. Com a sua sua gen gentil tileza eza hab habitu itual, Bela elarmi rmino dei deixou xou o quarto rto para para a noiva iva se prep reparar rar e deita itar, ficando ele na varanda a fumar o último cigarro e ouvindo os rumores da festa que acon contec tecia ali pert perto o. Se prep reparava rava para ara entra trar no quart uarto o e enfr nfrenta entarr os devere veress da noite ite de núpcias quando um grito lancinante feriu a noite. Correu para saber o que sucedia e encontrou a noiva deitada no chão do quarto, um braço por cima do caixão que aparecia debaixo da cama. Aparentemente, ela deu com a existência da coisa e puxou um pouco para fora para saber de que se tratava. O susto pela descoberta macabra acabou com o seu coração enfraquecido. Quando Belarmino chegou até ela, já a vida se tinha irremediavelmente esfumado pelos olhos abertos. Maria riana foi foi a ente nterra rrar no caixã aixão o que o desco sconsola solad do mari marid do enco encom mend endara ara dez dez ano anos antes tes para si próprio. Vale ale a pen pena acre crescen scenta tarr que, depo epois de ente nterra rrar duas esp esposas osas,, e uma delas las com com men menos de um dia dia de casa casame ment nto, o, só Bela Belarm rmin ino o ultr ultrap apas asso sou u defi defini nititiva vame ment nte e o trau trauma ma de cria crianç nça a e diss disse e para si próprio, que se lixe se passar pela cidade de cara descoberta mas outro caixão é que não arranjo, pois tanta previdência pode não ser prudência.
O nosso país é bué
QUANDO MIÚDO LITO irrompeu pela casa, feito bola de futebol a entrar na baliza do Primeiro d'Agosto, como ele gostava de ver no estádio da Cidadela, a mãe assustou, que passa, que passa? Eram tempos difíceis, qualquer notícia podia trazer uma tragédia, qualquer cor¬rida podia significar perigo, qualquer grito significar agonia. — Esse país é bué, mãe, esse país é bué!
Dona Fefa bem conhecia os entusiasmos repentin tinos do filho pelo país, aprendidos nos livros da escola, embora contrariados constantemente na rua. Desta vez ele vinha daí mesmo, smo, da rua rua, se espa spanta ntava aind inda mais ela por tan tanto patr patriioti otismo. smo. Parou arou de mexer xer a colh colhe er de pau na panela do feijão com óleo de palma, limpou as mãos ao avental, disse com voz cansa ansad da, expl explic ica a entã então o como como esse sse país país é bué bué, que menti ntira mai mais te preg regaram ram? Que Que não era mentira, não, ele tinha visto mesmo, mãe, petróleo a sair no chão, aí no quintal de Dona Isaura. — Deixa de brincadeiras, não vês estou a trabalhar? Miúdo Lito se encostou na parede mal rebocada da cozinha, onde se notavam, entre os bocados de barro seco, os troncos tortos de mandioqueira que seguravam a construção precária. Encolheu os ombros. Falou mais baixo, mas ainda entusiasmado: —Vi o petróleo a sair assim do buraco que eles cavaram no chão, mãe. Afinal tinham tapado aquele bocado com esteiras, nem nos deixavam entrar lá no quintal. Era para escon scond der o burac uraco o que que anda ndavam vam cava cavar. r. Mas hoje se distra straír íra am e eu entre trei com com o Pedro edro.. Vi o buraco. Dona Isaura estava a receber o balde em cima, o pai do Pedro estava lá dentro do burac uraco. o. Quan uando me vira viram m berr berrar aram am bué com com o Pedro edro,, que ning inguém uém que que pod podia entr entra ar no quintal, se ele não sabia já... Depois me pediram muito não conta embora a ninguém. — E já me estás a contar a mim, ralhou Dona Fefa, seu fofoqueiro. — Mas a senhora é minha mãe, posso contar. Até porque também vamos cavar buraco no quinta intall. O Pedr Pedro o me disse isse que depois ois vai vend ender em garra rrafas fas na rua rua, como como os outro utross estã stão faze fazer. r. Esse sse petró tróleo leo que serve erve para ara os can candee deeiro iros que que agora ora se anda a com comprar prar no Roqu oque Santeiro, afinal não vem da Sonangol, está vir mesmo do chão. Dona Fefa estava estranhar. Lito não era mentiroso e se dizia que tinha visto é porque era verdade. De facto já ouvira falar, no mercado Roque Santeiro vendiam petróleo para cand andeei eeiro mai mais barato rato que o tab tabelad lado pelo gover overno no.. Mas Mas então tão a ami amiga Isa Isaura ura se metia tia em negócios desses e nem lhe dizia nada? Sim, o kandengue fez bem em contar. Julgava ela que conhecia os amigos... Quando cheirava a dinheiro no ar, logo entravam os escon scond de-es e-esco con nde, de, para não se perd perde er neg negócio ócio.. Então tão Dona Isau Isaura ra,, quas uase viz vizinh inha, que só escapou ser comadre porque a menina morreu à nascença, ia lhe convidar para ser madrinha do segundo filho, essa mesma Dona Isaura que conhecia desde que se inst instal alar aram am no bair bairro ro na altu altura ra da Inde Indepe pend ndên ênci cia a afin afinal al agor agora a esqu esquec eceu eu a amiz amizad ade e e guar guardo dou u segre egred do de que havi havia a petr petró óleo leo no quin uintal tal dela dela,, hum, um, hum hum, não não se faz faz a uma amig miga! De fac facto havia esse cheiro que aparecera de repente no bairro, parecia vir de todos os sítios ao mesmo tempo. Julgava que vinha da refinaria, às vezes eles faziam umas limpezas e deitavam os líquidos à toa, até para o mar. Afinal vinha dos quintais vizinhos e era a prova do que dizia Lito. Mas se no quintal de Dona Isaura há petróleo, não quer dizer que aqui também tem, era Dona Fefa a querer duvidar ainda de uma sorte demasiada... — Mas tem sim, mãe, tem em tod todos estes quintais da zona. O pai do Pedro também soube pelos vizinhos e pelo cheiro que vinha do lado. Todos andam a cavar, só que estão a esconder, têm medo do governo. A prudência da mãe desconfiou de tanta fartura, se têm medo do governo é porque estão a faze fazerr coisa oisa má, o que que não era no enta ntanto certo erto,, argum rgume enta ntava o miúdo údo ain ainda entu ntusias siasma mad do, só têm medo porque a polícia vem e fecha os poços à toa, ou a polícia pede gasosa demais. Logo veio acima o nacionalismo de Miúdo Lito que repetiu este país é bué, aqui nem é preciso refinar. Isso estudei na escola, o petróleo tem de ser refinado ali na Petrangol, só depois pode ser utilizado nos candeeiros ou nos carros ou nos aviões. Mas
aqui sai já directo do chão para o candeeiro, não sei se também dá prós carros. E bué mesmo, ninguém que aguenta esta terra. Miúdo Lito saiu disparado para a rua, com o mujimbo a encher o peito. Dona Fefa ficou a pensar, então a vizinha Isaura vai mandar o Pedro vender petró tróleo na rua? É capaz de dar bom dinh dinhe eiro. iro. E que jeito ito lhe dava, va, tam também a ela. la. Viúva iúva,, obrig rigada a tra trabalhar lhar de lava lavad deira eira para criar o filho, sem mais famíli ília na cidade e sem saber onde anda a que deixou no mato, perd perdid ida a pela pelass guer guerra ras. s... .. uns uns garr garraf afõe õess de petr petról óleo eo todo todoss os dias dias podi podiam am ajud ajudar ar muit muito. o. Mas Mas como omo cava cavarr um buraco raco no quint uinta al? Ela sozi sozinh nha a? O miúd miúdo o podia odia ajud judar, ar, mas não che chegava. ava. E para essas coisas não se pode contratar um roboteiro, aproveitam logo nas exigências e acaba por ficar muito caro. Nem dá pedir a um vizinho, não é mesmo coisa que se peça a um vizi vizinh nho, o, por por muit muita a inti intimi mida dade de que que haja haja.. A latr latrin ina a fora fora cava cavada da há anos anos pelo pelo mari marido do e levo levou u muito tempo, pois não é fácil cavar um buraco fundo. E Lito tinha dito que o pai do Pedro desaparecia no buraco para encher o balde, imagine-se a altura do buraco. Abanou a cabe abeça. ça. Era Era uma uma ten tentaçã tação o apro aprove veiitar tar a riqu rique eza que jazia zia em baixo aixo do quinta intall, lá isso isso era. era. E não estava a roubar ninguém, o petróleo estava na terra, era de quem apanhasse. Ou não? Esperou que o feijão apurasse e foi falar à vizinha Isaura, saber mesmo das coisas, o coração dela estava a doer e mais doía se não tirasse a coisa a limpo. Avizinha que lhe desculpasse o atrevimento, mas o miúdo contou, sabe como são os miúdos, não podem guardar segredo, e o assunto é tão importante que merece mesmo o risco de criar incómodo entre amigos. A vizinha Isaura compreendeu, ficou muito embaraçada no princípio, até estava mesmo para contar à Dona Fefa, só que o meu marido disse, espera ainda mais um pouco para ver se sai alguma coisa, muitas vezes as promessas não se cump umprem, rem, mas era verda erdad de mesm mesmo o, tin tinha saíd saído o petról tróle eo, a amiga iga pod podia vir vir no quinta intall ver ver e cheirar, cheira mesmo a petróleo, logo mais vamos vender na rua e Dona Fefa também devia via cavar var um bura buraco co,, se torn torna ar prop ropriet rietá ária ria de um poço de petról tróle eo, aind inda vamo amos ser ser uns nababos a andar de Mercedes e fum fumar charuto, vizinha. Uma gargalhada de Isaura fugiu para as ralas nuvens no céu azul. Dona Fefa tinha dúvidas, e se a polícia sabe? Esse de fact facto o era o prob roblema lema,, os viz vizinh inhos que tinh tinha am poç poços clan cland destin stino os andava davam m a discu iscuti tirr muit muito o isso isso,, diss disse e Dona Dona Isau Isaura ra,, porq porque ue para para uns uns gari garimp mpo o de petr petról óleo eo é proi proibi bido do,, os ango angola lano noss não não podem ter poços, só os estrangeiros, o que é evidentemente uma injustiça os donos da terr terra a serem erem afast fastad ado os dessas ssas riqu rique ezas, zas, outro tros no enta ntanto dizia ziam não, ão, agora ora já há gari garim mpo livre, não só de diamante mas de tudo, não há mais partido único, nem garimpo único, é a democracia petrolífera. E o que está no subsolo não tem dono. Ainda preciso de pensar bem, rema ematou tou Dona Fefa efa, sozi sozinh nha a como como vou vou cava cavar, r, mesmo esmo com com o Lito ito a ajud ajuda ar? E volto oltou u às suas enegrecidas panelas. Não tev teve tem tempo de toma tomarr uma decisã cisão. o. Miúd iúdo Lito e os outr outro os miúd iúdos da zon zona se pass passar aram am o mujimbo e não aguentaram o peso de o reterem, eram tão patriotas que tiveram de o transmitir a vizinhos mais longe, para estes também se congratularem com o país que tinh tinha am, de modo odo que que a notíci tícia a che chegou a uma uma rádi ádio, depois pois a outra tra, a cid cidade ade fico ficou u a sabe aber, o país e o mundo. Depois a polícia também soube e veio no bairro proteger a empresa encarregada de tapar os buracos à força, dizendo que afinal andava a morrer gente com explo xplossões ões e incê incên ndios dios provo rovoca cad dos por esse sse petról tróle eo que que não era petról tróle eo brut bruto o e não saía da terr terra a só assi assim, m, afin final ante antess tin tinha passa assado do pela refi refina nari ria a e dep depois ois se infi infilltra trado pelo chão hão verme ermelh lho o por alg algum tub tubo gasto asto,, for forman mando um len lençol çol subt subte errân rrâne eo. Então tão não ouvi ouvira ram m fal falar de Só Afonso, aquele fazedor de tijolos já velho mas sempre rijo, que morreu numa explosão a acender o candeeiro? Era desse líquido aí, mistura de gasolina com outro
prod produt uto, o, um peri perigo go para para todo todos, s, sobr sobret etud udo o as cria crianç nças as.. Os supo supost stos os dono donoss dos dos poço poçoss aind ainda a tentaram resistir aos homens da empresa e aos polícias, até porque agora somos prop roprie rietári tário os e não não pode odemos mos ser ser trat trata ados com como desl deslo ocado cadoss de guerra erra sem sem voz, oz, têm têm de nos ouvi ouvir, r, a nós, nós, os micr microe oemp mpre resá sári rios os,, agen agente tess econ económ ómic icos os.. Mas Mas as auto autori rida dade dess diss disser eram am,, esse esse prod roduto uto tem tem don dono, saiu da refi refin naria aria ou de tub tubos da refi efinari naria a ou de outro tro sítio ítio qua qualqu lquer, er, além disso é perigoso, já morreu gente, portanto, senhores microempresários, se insistem tem, chamamos os ninjas, eles sabem dar cabo rapidamente de qualquer resistência à autori torid dade ade. Foi Foi o ponto nto fin final no garim rimpo de petról tróle eo, que que de fact facto o era gasoli solina na adulte ultera rad da pela muita ita ferr ferrug uge em dos cano anos. Mais tard tarde e vei veio a expl explic icaç ação ão nos órgã rgãos de com comunic unica ação ção socia ocial, l, a refi efinari naria a era velh velha a e há muito ito tem tempo não tinh tinha a man manute utenção ção a séri sério o, daí as fug fugas de líquido. Miúd Miúdo o Lito Lito fico ficou u desi desilu ludi dido do.. Não Não por por ter ter desa desapr prov ovei eita tado do a riqu riquez eza a que que dorm dormia ia no seu seu quin quinta tal.l. Mas porque afinal o país não era assim tão bué como imaginara.
Estranhos Pássaros de Asas Abertas
Introdução ao Canto V de Os Lusíadas NAMUTU MUTU VIU OS GR GRAN AND DES PÁSSA ÁSSAR ROS de asas sas abe aberta rtas passa ssarem rem o cab cabo que abrig rigava a baía. ía. Como no sonho de Manikava, o sábio, que via o futuro nas labaredas do fogo e nos intestinos do cabrito. E Manikava tinha contado, num sonho ele viu mesmo, iam chegar grandes pássaros de asas brancas e dentro deles saia gente estranha, como filhos-formigas brotando de ave morta. Contou no chefe, depois contou no povo reunido na praça da aldeia. O chefe pergun rgunto tou, u, isso sso é um bom sina inal dos antep tepassad ssado os? Mani anikava kava disse isse não sab sabia, ia, mas mas o peito eito estava apertado, coração a bater com força. Talvez os antepassados estavam a mandar aviso, cuidado, muito cuidado. Foi na outra lua, Namutu recordou logo. Agora via os pássaros passarem o cabo, voando por cima da água do mar, como no sonho acor acorda dado do de Mani Manika kava va.. Pens Pensou ou em Luim Luimbi bi,, seu seu únic único o filh filho, o, ido ido com com Samu Samutu tu,, o pai, pai, apan apanha har r mel. Corre rreu para ara junt junto o dele eles, mas mas já não não esta estavvam no síti ítio onde tinh tinha am fica ficado do.. A mulhe lher não não dari daria a impo import rtân ânci cia a em temp tempo o norm normal al,, mas mas deix deixar ara a de ser ser temp tempo o norm normal al.. Os páss pássar aros os voan voando do em cima cima da água gua, tão tão monstr nstru uosos osos,, não podia diam ser aves ves como omo as que que conh conhe eciam ciam,, pod podiam iam tra trazer zer perig erigo o a Luimb imbi, seu único ico filh filho o. E desc descon onssegu eguia ter ter outros tros fil filhos depo epois da doe doença, nça, Mani Manika kava va lhe lhe diss disser era a ao cons consul ulta tarr os búzi búzios os.. Proc Procur urou ou nas nas pequ pequen enas as mata matass do mel, mel, depo depois is voltou à aldeia, saber se Samutu já tinha voltado com Luimbi. O giga gigant nte e susp suspir irav ava a na sua sua soli solidã dão, o, cons consum umin indo do-s -se e de amor amores es por por Téti Tétis, s, a ninf ninfa a feit feita a deus deusa a na sua imaginação. Tétis a outro pertencia, se as ninfas podem ter dono. Sobretudo, gostava de perturbar os machos, fingindo interesse até os pôr fora de si, para depois se subtrair aos compromissos não assumidos mas subtilmente sugeridos. Quando via o colosso perto, penteava os compridos cabelos da cor das algas com pentes de coral
brilhante, virando-lhe as costas nuas. Se o sentia mais próximo, rodava ligeiramente o corpo, de modo que o halo de um seio se pronunciasse em promessas. E o gigante suspirava, cada vez mais exangue. A criança estava lá, chupando um favo. Disseram, o marido dela voltou nas matas de mel, pouco tinha encontrado antes, veio à aldeia só mesmo para trazer Luimbi, cansado. Tranquilizada, Namutu pegou no filho ao colo. Depois contou, chegaram os pássaros do sonho de Manikava, estão passar lá na baia. As mulheres espalharam a notícia, grande conf confus usão ão se esta estabe bele lece ceu, u, todo todoss quer queren endo do ir logo logo ver. ver. Mas Mas lemb lembra rara ram m o avis aviso o de Mani Manika kava va,, cuidado, muito cuidado. Sem cuidado estava Samutu, todo entretid tido a retir tirar um bom favo de um pau já seco. Três seres eres estra stran nhos se apod poderar eraram am dele, le, lhe lhe agarr garrar aram am pelo peloss braç braço os e lhe arras rrasta tara ram m para ara a praia. Um grande medo entrou no peito de Samutu, com o cheiro pestilento deles e o seu aspecto desgrenhado de bandidos. Tremia todo e falava, me deixem, me deixem, só podia diam ser ser espí espírrito itos inju injust stiiçad çados vindo indo se ving ingar. ar. Ele Ele não não tin tinha fei feito mal mal nen nenhum, um, home omem pací pacífifico co,, como como vinh vinham am agor agora a lhe lhe puni punir? r? Mas Mas os sere seress estr estran anho hoss fala falava vam m entr entre e si com com grit gritos os e puxava xavam m por por ele, ele, os grito ritoss eram eram numa líng íngua desc descon onh hecid cida. E em breve reve outros tros grit grito os se juntavam aos deles e ele viu, na sua confusão, um barco na praia, como um dongo mas diferente, e os pássaros no meio da água, de asas brancas. Desorientad tado, não lembrou a profecia de Manikava, só sentia o seu medo baten tendo no peito e o mau cheiro dos espíritos lhe entrando no nariz. Os que o puxavam pararam junto de outro tros caras de cazumbi e lhe solta oltarram. am. Samutu mutu fic ficou esfre sfreg gand ando os braço raços, s, sem perce rceber o que lhe dizi diziam am,, a cab cabeça eça já atordoada. Então, um de barbas lhe mostrou umas coisas que tinha na mão, pedras bril brilha hand ndo o um pouc pouco. o. E depo depois is apre aprese sent ntou ou o que que pare pareci cia a pequ pequen enos os frut frutos os seco secoss e depo depois is pó bem cheiroso, que tapava o cheiro deles. Parec arecia ia os esp espírit írito os não gosta ostarram do seu silê silên ncio, cio, most mostrravam avam as coisa oisas, s, pres pressi sion ona avam, vam, olho lhos ávid ávido os, que queria riam respo espost sta as, isso isso adivin ivinh hava ava Sam Samutu utu, mas que resp respo ostas stas e a quê, uê, se nem a líng íngua deles eles conh onhecia cia? Depois ois eles les most mostrraram aram uma coisa isa verme ermellha e lhe pusera seram m na cabeça. Isso Samutu compreendia, era como um barrete, te, mas comprido e vermelho, bom para o frio húmido da noite e para o sol quente do dia. E lhe puseram na mão umas missa issan ngas gas colo colori rida das, s, e ele sorr sorriiu, já mais ais calmo. lmo. Se os espír spíriitos tos lhe lhe dava davam m cois coisas as,, entã então oé porque não vinham para se vingar de faltas não expiadas. Eles também riram ao sorriso dele. le. E tod todos riam iam agora ora uns para ara os outro tros, bate batend ndo o nos nos ombros bros del deles e nos dele ele tam também bém, em gestos tos de amizade. A roda à volta de Samutu se abriu e ele compreendeu, os espíritos tos lhe deixavam partir. Não hes hesito itou, não olh olhou para trá trás. Com o barr barret ete e na cabe abeça e as missa issan ngas gas bem aperta ertad das na mão, and andou na direc irecçã ção o da alde ldeia, ia, esqu squecid ecido o o medo edo, mas mas apre apress ssa ado pela von vontad tade de esta star entre tre os seus. eus. Os quais ais vin vinham ao enco ncontro ntro,, com gran randes des gest gesto os e gri gritos tos de afliç flição ão.. Estava o dia a declinar. Se Samutu percebesse a língua dos espíritos, teria entendido o que o chefe de barbas e que lhe mostrava as pedras brilhantes queria, saber se aqueles metais preciosos, ouro, prata, existiam ali, e saber também se ele conhecia especiarias do Oriente. Mas não enten tendeu tam também a fala final, deixem-no ir, este não sabe qual é o caminho para a índia, nem se estam stamo os perto rto ou long onge de o achar. har. Ven Vendo as coisa oisass tra trazid zidas por por Samu amutu, tu, os outros tros queria eriam m ir ter ter com com os espír spíriitos, tos, mas mas a noit noite e caía caía e a prud prudê ência cia acon conselh selhav ava a distâ stância ncia.. Com o escuro da noite, os cazumbi se transformam, ganham ferocidade, e embora não lhe tive tivess sse em fei feito mal, pod podiam iam mud mudar de atitu titud de, agita itados pelos los med medos noctu cturnos rnos.. Volta oltarram
para o kimb kimbo o, as mulher lheres es quere ueren ndo tod todas usar sar o barre rrete verm vermel elh ho de Samu amutu e corr corre endo umas umas atrá atráss das das outr outras as,, em gran grande dess risa risada das. s. Foi Foi uma uma noit noite e aleg alegre re,, pois pois muit muito o rara rarame ment nte e se é visitado por espíritos aparentemente benignos. Só Manikava se mantin tinha afastado do rebuliço, a fronte enrugada, cismando os seus mambos de adivinho. Tentaria Manikava descobrir quais as intenções de Nzambi, Suku, Kalunga, ou qualquer outro tro deus, ao lhes mandar seres tão estranhos como os descritos por Samutu? No dia segu eguinte inte,, aind ainda a o sol sol come começa çava va a lam lamber ber as suave uavess curva urvass das coli colin nas sem sem árvor rvores es,, já um grupo numeroso tinha avançado para a baía, levando mel, carne seca e cerveja de massango. Ao chegarem perto da praia, viram os pássaros parados em cima da água. E logo os espíritos estranhos lançaram um dongo à água e vieram alguns para a praia. Espantoso, aqueles pássaros até dongos tinham dentro deles e muitos espíritos. Isso come coment ntav avam am as pess pessoa oass na prai praia. a. Vira Viram m como como vinh vinham am vest vestid idos os os cazu cazumb mbis is,, morr morren endo do de calor alor deb debaixo aixo de gros grossa sass roup roupa agen gens tod todas emp empapa apadas de suor. uor. Estr Estran anh hos mesmo smo esse sses cazumbi, como devem afinal ser os espíritos dos defuntos, que nunca tinham antes visto assim tão claramente. Não fugiram quando o batel acostou e os espíritos saíram lá de dentro, expondo na areia panos e barretes e missangas coloridas. Cada um dos da terra apanhou qualquer coisa, com grandes gargalhadas e gestos de alegria, as mulheres cheg hegand ando mesm mesmo o a ensai nsaia ar passo ssos de dança nça. Os espíri pírito toss reco recollhera heram m o mel, mel, a carn carne e seca seca e a cerveja de massango, embora alguns se mostrassem desconfiados em relação à bebida. Os da terra fizeram o gesto de beber e esfregavam a barriga, sorrindo. Os espíritos do mar mostraram de novo as pedras brilhantes e as especiarias, mas os da terr terra a não reag reagiiram ram a elas, las, não as con conhecia eciam m. Os do mar fal falavam vam na sua sua líng íngua de espí espírrito itos, os da terr terra a fala falava vam m as suas uas lín língua guas de pasto stores res de boi bois, mas ning inguém uém se ente entend ndiia. Pouco ouco impo mporta rtava, va, havia via sorr sorriisos sos em mui muitas tas face faces. s. Entr Entre e as nuvens vens,, o colo coloss sso o Ada Adamast masto or avisto istou u Téti Tétiss esvoa svoaça çan ndo por cima ima das das águ águas da baía, ía, sozi sozin nha, ha, nua com como deve voar voar uma uma ninf ninfa a que sabe ser desejada. Mergulhou para ela, se não o queria a bem seria a mal, uma ninfa não pode resistir eternamente a um colosso. Mas Neptuno viu, lá do fundo dos mares. E mandou ondas de trê três rebentações prevenirem Tétis. Ela percebeu o aviso e mergulhou mesmo smo a tem tempo de esca scapar às garra rras cega cegass de paixã ixão que que o colo olosso sso para ara ela este stendia. dia. As vagas de três arrebentações continuaram o seu percurso e provocaram uma calema. Kian ianda fico ficou u com raiv raiva a, ali, ali, naq naquelas elas águas uas só Kiand ianda a podia dia agi agitar tar as profu rofun ndezas ezas e cria criar r calem alema as. Quem uem era esse sse Neptu ptuno para vir vir ali, ali, no seu seu reino eino,, provo rovoca carr o caos caos? ? Fez recu recurs rso oa Nzam zambi, o sen senhor de tod todos os deus euses, es, o que boce ocejou jou depoi pois de cria riar o mund undo e os home omens. ns. Nzambi não gostou da intromissão de deuses estrangeiros no seu sítio. E saiu da sua milenar letargia, por uma vez intervindo no mundo que criara e esquecera. Assoprou as onda ondass para para o larg largo o do ocea oceano no,, brad bradan ando do cont contra ra Nept Neptun uno, o, o usur usurpa pado dor. r. Este Este resp respon onde deu u com com nova tri tripla pla arre arrebe ben ntaç tação e fez fez ape apelo a outr utros deuse eusess do seu seu Oli Olimpo. po. Vei Veio Marte arte furi furios oso oeo rude rude Vulc Vulcan ano. o. E Vénu Vénus, s, mas mas esta esta tent tentan ando do com com sorr sorris isos os e mene meneio ioss prov provoc ocan ante tess apaz apazig igua uar r os deuses em desavença. Eram tais as tur turbulências na água, tal agitação sem causa aparente, com os pássaros de asas brancas a baloiçarem por cima de ondas que não chegavam à praia, voltando estranhamente para trás, que os da terra disseram entre si, Kianda está com fúria, regressemos para o kimbo. Se afastaram levando as ofertas dos espíritos do mar. E um dest destes es,, o mais mais sorr sorrid iden ente te,, avan avanço çou u tamb também ém,, enco encora raja jado do pelo peloss da terr terra. a. Os outr outros os espí espíri rito toss chamaram o nome dele, Velôje, Velôje, mas não ligou, fez só um gesto para trás. Se afas fastav tavam da praia raia,, os da terr terra a todo todoss sati satissfei feitos tos, o espí espírrito ito no meio deles, les, cam camarad arada a, rin rindo
e gritando sons só entendidos por ele. Vénus viu o grupo se afastando da praia e voou para ele, por curiosidade ou malandrice, roç roçand ando ina inadvert vertid ida amen mente em Velo Velosso um gest gesto o de saud audaçã ação. Mas um con contac tacto de deusa, usa, proibido aos homens, embora não percebido, tem sempre consequências imprevisíveis. O espí espírrito ito Vel Velôje ôje, de repe epente nte, mudo udou de atitu titude de.. Se abraç braçou ou à mul mulher her que camin aminh hava a seu lado ado, tent tento ou abra abraça çarr a da fre frente. te. Os da terr terra a rira riram m, esse esse cazu cazum mbi é malan landro, dro, parec arece e gosta sta de mulher. As mulheres fugiram, rindo, esse espírito cheira mal, mas não pode ser um espírito porque nos abraçou com um corpo igual ao vosso, só que tem muitos pelos, sua muito e cheira como os mortos. Ninguém se ofendeu com o abuso do Velôje, mas este continuou. E a marcha virou um pandemônio, com o espírito correndo para todas as mulheres e estas fugindo. Até que ele conseguiu derrubar uma e caiu por cima dela, e come omeçou çou viol violen enta tame men nte a afa afasta star os pan panos de ráfi ráfia a e ela grito ritou u, já sem rir. rir. O marid arido o puxo puxou u pelo espír spírit ito o e tiro tirouu-o o rud rudemen mente de cima ima da mulh ulher. er. O espíri pírito to não gosto stou e puxou uxou por uma uma faca faca gran grande de que que tinh tinha a pres presa a na cint cintur ura, a, uma uma faca faca gran grande de,, muit muito o gran grande de,, olho olhoss arre arrega gala lado dos, s, demente. Os da terra compreenderam então, esse espíri írito tinha perdido a cabeça e era perigoso. Lhe rodearam, lhe mostraram os porrinhos que traziam e as azagaias, em ameaça eaça.. Entã ntão o espíri pírito to parece receu u cair em si e corr correu eu para ara os seus, eus, na pra praia. Os da terr terra a, no entanto, açulados pelas mulheres agora indignadas, correram atrás dele. Tétis escapou do gigante mas mandou recado, serei tua mais tarde. O colosso acalmou. Neptuno também reflectiu que pouco adiantava a guerra provocada por Tétis e o seu apaixonado e retir tirou para as profundezas, mandando Mane e Vulcano para os seus ares resp respec ectitivo vos. s. Nzam Nzambi bi enco encolh lheu eu os ombr ombros os,, essa essa acal acalmi mia a era era mesm mesmo o o que que quer queria ia para para pode poder r desinteressar-se novamente do mundo. Só que o seu mundo estava agora agitado pelo roçar da túnica de Vénus num espírito barbudo. Os da terra corriam atrás dele e os seus companheiros no batel e num outro que saiu de outro pássaro, apontaram às caras um paus que cuspiam fogo e dois da terra caír caíram am feri ferido dos. s. Os comp compan anhe heir iros os pega pegara ram m nele neless e aban abando dona nara ram m os espí espíri rito toss nos nos dong dongos os,, volt voltar aram am para para o kimb kimbo, o, onde onde Mani Manika kava va talv talvez ez pude pudess sse e cura curarr os feri ferido doss daqu daquel ela a ines inespe pera rada da doença trazida pelos paus que cuspiam fogo e faz faziam estrondo. Apesar dos esforços de Manikava, um dos feridos morreu no dia seguinte. Eu bem dizi dizia, a, cuid cuida ado, do, muit muito o cuid cuida ado, do, ralh alhou Man Manikav ikava. a. A estóri tória a podia odia ter ter tid tido outro tro fim fim, melh melhor or ou pior pior,, dizi dizia a a si próp própri ria a Namu Namutu tu,, olha olhand ndo o mela melanc ncol olic icam amen ente te as cont contas as de vidr vidro o que que obtivera dos espíritos. Faria uma pequena pulseira com elas. Mas valem mesmo o que brilham? Outr Outro o fim fim pode poderi ria a tamb também ém ter ter tido tido Adam Adamas asto tor, r, que, que, fina finalm lmen ente te vend vendo o Téti Tétiss deit deitad ada a na prai praia a em entrega, ao convite gulosamente acedeu e a ela se abraçou. E ao perceber que num rochedo ela se transfigurava, nele próprio sentiu também as carnes e os ossos virarem pedr pedra. a. E pass passar arem em atre atrevi vida dame ment nte e ao larg largo o dele dele,, impa impará ráve veis is,, os barc barcos os daqu daquel eles es espí espíri rito toss indómitos que tiveram o valor de vergar as vontades de deuses. Mas que outros deuses e valores irremediavelmente ofenderam.
A Revelação
O MOLE MOLEQU QUE E PARO PAROU U DE MAST MASTIG IGAR AR.. Fico Ficou u susp suspen enso so,, a boca boca chei cheia a da jing jingub uba a surr surrip ipia iada da
na panela que estalava sobre a fogueira. A voz da mãe repetiu o chamamento: — Candimba, vem aqui. O miúd miúdo o leva levant ntou ou-s -se, e, engo engolilind ndo o rapi rapida dame ment nte e a mass massa a de jing jingub uba a e sali saliva va.. Apro Aproxi ximo mouu-se se em passo sso lento nto, mãos ãos nos nos bol bolsos sos dos calçõ alçõe es, cab cabeça baixa aixa.. Mamã amã me viu viu roub oubar na pane anela e vai castigar? O semblante da mulher aquietou-o. Não tinha os olhos que fazia quando descobria uma falta. Era então para um recado, só podia ser. E ele preferia estar descansado à sombra da mandioqueira, vigiando a mãe: à espera de uma oportunidade para encher os bolsos coma jinguba. — Candimba, vai na loja do Só Ferreira. Compra sal até encher isto mesmo. E a mãe entreg trego ou-lh -lhe uma cane aneca pequ equena, na, de mist mistu ura com com algu lgumas mas moeda edas que tir tirou da dobra do pano. O miúdo recebeu as moedas, enfiou-as nos bolsos dos calções. Com a caneca na mão, perguntou, aborrecido: — Sal cabou, mamã? — Se te mando! Mania só de fazer perguntas! Vai depressa, hein? E volta logo. Não te quero ver com esses vadio da rua que não trabaia nada. Se t'apanho a jogar à bola chapo-te mal. Toma conta! — Posso tirar um bocadinho? Só pra provar. .. E o meni menino no olha olhava va gulo gulosa same ment nte e para para a jing jingub uba a desc descas asca cada da,, repo repous usan ando do num num tabu tabule leir iro o de folh folha a. Em segu eguida ida, a mãe mãe deita eitarria os bagos na pane anela de açúca çúcarr em calda, lda, mexend xendo o com com a colher. Depois de deixar secar, dividiria em pacotinhos de papel de seda que o miúdo vend enderia eria na cida idade. de. Cin Cinc'o c'ostõ stões cada ada um, grita ritarria Miúd iúdo Cand andimb imba pel pelas rua ruas. Qua Quando ndo já está distribuída pelos pacotes não há possibilidades de petis tiscar. Tá tudo bem contado, mamã confe onfere re o dinh inheiro eiro,, top topa logo logo se falt falta a. Agor Agora a era a últi últim ma ocas casião ião de pod poder sabo sabore rea ar a jinguba. Por Por isso os olhos luziram luziram quando quando entendeu a resposta: — Bom, tira uma mãozada. Mas anda depressa, tás ouvir? Candimba encheu os bolsos precipitada¬mente, saiu a correr. Passou uma tangente na cerca de Dona Joana — essa gorda que só fala mal dos outros — meteu pela rua esbu esbura raca cada da,, inse insens nsív ível el aos aos cham chamam amen ento toss dos dos comp compan anhe heir iros os.. Paro Parou u à fren frente te da loja loja.. Quer Queria ia despac spacha harr-se se rapi apidam damente ente,, ansia nsian ndo mete meterr o den dente naqu aquela ela jing inguba uba tod toda que o espe sperava rava no tabuleiro. S'inda tenho tempo... À entrada ouviu a voz irada de Só Ferreira. Discutia com a Mariana, rapariga que casou no ano passado com o Chico da serração. Eué, manda zanga, pensou o miúdo. Meteu a cabeça na porta, os olhos muito grandes e redondos, espiando. O branco do balcão não rep reparou rou nele. le. Esta Estava va verm verme elho lho, gestic sticul ula ava, va, tud tudo acom companh anhado ado de muito itos berr berros os.. Miúd iúdo Candimba achou ele não era como as outra tras pessoas, nele a voz é que acompanhava os gestos. Mariana chorava, de costas para a porta, tapando a boca com o antebraço. O moleque ouvia-a suplicar: — Só Ferreira, meu marido vai saber. Filho sai mulato, Chico vê logo não é dele. Ele me mata, Só Ferreira... — Quero lá saber! Que culpa ten tenho eu? Agora avia-te... Ora bolas! Que provas tens que o filho é meu? Ainda nem nasceu! Gomo é que podes saber? — Sei, sim, juro com Deus. Senti mesmo! Miúdo Candimba esqueceu a jinguba na boca aberta, os assustados olhos tudo pers perscr crut utan ando do.. Não Não perc perceb ebia ia bem bem a conv conver ersa sa.. Embo Embora ra já fala falass sse e aos aos comp compan anhe heir iros os acer acerca ca dess dessas as cois coisas as proi proibi bida das, s, aind ainda a era era muit muito o pequ pequen eno o para para comp compre reen ende derr imed imedia iata tame ment nte. e. Mas Mas sentia algo de terrível nas palavras trocadas.
— Ouve lá. Julgas que me levas assim? Como podes ter sentido? Como se eu fosse parvo... O filho é do teu marido, dormiste com ele muito mais vezes do que comigo. — Mas eu sei. Eu sei! Juro vai sair mulato. — E depois? E se fui eu que o fiz? És casada com o teu homem, não tenho nada com isso. O mole oleque que já perce rcebera tud tudo. FezFez-sse mai mais peque quenin nino, encost costa ado à porta rta. A mão ape aperta rtava nervosamente a caneca de lata. Viu Mariana erguer decididamente a cabeça, passar os dedos pela barriga inchada, falar com raiva: — Só Ferreira prometeu. Te dou vestidos, vais mesmo na cidade, vais pra minha casa. Te tiro tiro da sanzal nzala a, te dou com comida ida boa boa, te dou dou pulse ulseiiras ras e brinc rincos os.. Só Ferr Ferrei eira ra prome romete teu, u, jurou urou mesmo. Teu filho vai ser meu no papel, lhe dou educação. Não vai ser menino de sanzala, não. Agora já lhe dei tudo que queria, já se deitou comigo, m'abandona. Não quer saber mais de mim! — Então? Prometi? Alguém ouviu? Só tu mesmo. Vai dizer no teu marido, vê lá se ele acredita. Digo-lhe que é mentira, que foste tu que me pediste, te, que vocês todas querem é dormir com os brancos. Vai na polícia, se eles acreditam em ti ou em mim. Maria riana abate bateuu-se se novame vamen nte sob sobre o balc balcã ão. Os solu oluços ços volta oltarram a sacud acudiir-l r-lhe o corpo orpo.. Miúd iúdo Gan Gandim dimba, ba, pertu rturbad rbado o, se che chegou gou mais para para dentr ntro da loja oja. Emb Embora ora a sua vonta ontade de fosse fugir como um mbambi. — Vou Vou dize dizerr no meu marido rido,, sim, sim, vou mes mesmo. mo. Me mata ata, mas mas depoi pois lhe lhe vem vem matar tar a você. ocê... .. Não é homem pra se ficar. O comerciante riu, escarninho. Desferiu uma palmada no balcão para indicar que já se fartava da discussão. Falou com voz rancorosa: — Que Que ven venha! Tenh enho uma uma espi espin ngard garda a à espe spera dele dele.. Dou-lh u-lhe e tan tantos tos tiro tiross que fica fica como como um Cristo! Miúd Miúdo o Gand Gandim imba ba sent sentiu iu um arre arrepi pio o perc percor orre rerr-lh lhe e a espi espinh nha a ao ouvi ouvirr a amea ameaça ça.. E volt voltou ou-s -se e assustado quando, repentinamente, uma mão lhe pousou no ombro. Acalmou-se ao contemplar o sorriso bondoso de Dona Marcelina. — Que tás fazer aqui na porta? Me deixa entrar... O moleque sentiu os olhos do comerciante fixos nele. E Mariana disfarçando o choro. Empurrou a velha Marcelina para o lado e desatou a fugir. Percorreu a rua, passou uma tangente na cerca de Dona Joana, entrou no quintal da sua casa. Aí susteve a corrida. Resp Respir iran ando do difi difici cilm lmen ente te,, esco escond ndeu eu-s -se e entr entre e as moit moitas as que que abri abriga gava vam m a capo capoei eira ra.. Olho Olhou u por por entre os ramos e viu a mãe acocorada sobre o tabuleiro, descascando a jinguba. O ar aborrecido indicava que estranhava a demora do filho. Mas o meni enino não se preoc reocup upa a com com isso sso. Pensa ensa,, sim, im, no sem sembla blante nte derr derrot ota ado de Mari Marian ana a. E os berr berros os mist mistur uram am-s -se e no seu seu cére cérebr bro, o, deix deixam am-l -lhe he uma uma sens sensaç ação ão de angú angúst stia ia revo revoltltad ada. a. Nota repentinamente o coelho branquinho à sua frente. te. Olhos vermelhos como os de Só Ferr Ferrei eira ra.. Branc ranco o com como ele. le. Coelho lho, me puse pusera ram m o teu teu nome. me. Pruqu ruquê ê? Porq Porqu ue faz fazia assi ssim como tu quando era pequeno, mexia o nariz, depressa, assim, assim, depressa, muito depres pressa sa,, com como tu faz. faz. Me cha chamara maram m Candi ndimba mba. Ai fic ficou meu nome ome. Mas Mas não sou igu igual na ti, não tenho os olho vermelho, não tenho o pêlo branco. Estendeu a mão para o animal. Este Este pulo pulou u para para trás trás e fico ficou u espi espian ando do,, assu assust stad ado, o, espe espera rand ndo o o próx próxim imo o gest gesto. o. O miúd miúdo o não não se mexeu. Via a Mariana chorando, suplicando e chorando, a barriga inchada, as mãos a tremer. E o comerciante rindo o seu riso de gengivas desdentadas, vermelhas como os olhos do coelho. Jogou com raiva o punho fechado. Mas falhou o golpe e o animal escapuliu-se para perto das galinhas.
O despeito fez as lágrimas correrem, vagarosas, na face escura do moleque. E o coelho observando-o. Miúdo Gandimba, de repente, julgou-o penalizado com sua dor. Comoveu-se. Era apenas um pobre animal sem culpas, que o estimava, afinal. O coelho não fugiu à caríci ícia da mão infantil til. Deixou-se afagar e os olhos vermelhos adoçaram-se. Miúd Miúdo o Cand Candim imba ba este estend ndeu eu-s -se e no chão chão de terr terra a bati batida da,, inse insens nsív ível el à humi humida dade de tran transp spir irad ada a pelo sol solo. Fico icou assim ssim,, perdi erdida da a noção ção do tem tempo, po, avis vista fixa fixa na bola ola bra branca que se mexia exia.. Arrepen-deu-se, Arrepen-deu-se, em breve, do murro que lhe enviara. Pensou em pedir-lhe desculpa, justificar a acção com o estado de espírito provocado pela cena da loja. Decidiu-se, Decidiu-se, porém, a não o fazer. Coelho não percebe palavras, percebe os gestos e as carícias, é como as crianças. Ouviu a mãe chamá-lo em alta grita, inquirir por ele às vizinhas, sair de casa. Foi talvez à vend enda procu rocurá rá-l -lo o. Mas Mas não volt volto ou. Miúd Miúdo o Candi ndimba mba não se deu ao trab traba alho lho de resp respon ond der, er, de se mostrar. Queria estar só, contemplando o novo amigo, aquele animalzinho branco que parecia tão meigo. Queria fugir às gentes com seus dramas e rancores, fechar-se na conch oncha a dos seu seus sonho nhos infa nfantis. tis. E senti entia a o ínti íntim mo che cheio de paz paz e tern ternu ura, ra, esque quecid cido já da revolta que há pouco experimentara. Miúdo Candimba voltou a ter consciência do mundo ao escutar grande gritaria ali perto. Leva Levant ntou ou-s -se e com com uma uma últi última ma carí caríci cia a ao anim animal al,, afas afasto tou u as moit moitas as e deit deitou ou uma uma olha olhada da para para o síti ítio ond onde a mãe mãe prep prepa arava rava a jing inguba uba. Deser eserto to.. Os grit grito os vinh vinha am da esq esquerd uerda a. O mole moleq que atra travess vessou ou a cerca erca,, entr entro ou na rua rua e na luz do Sol. ol. Diri irigiu-s iu-se e à casa casa para ara que conco oncorr rria iam m as mulh mulher eres es e as cria crianç nças as.. A casa casa de Mari Marian ana. a. Lá cheg chegad ado, o, perc perceb ebeu eu imed imedia iata tame ment nte e o que que se passara, Mariana morrera. — Se matou. Uma facada mesmo no coração. — Aiué, se matou. — Pruquê?... Pruquê? Miúd Miúdo o Cand Candim imba ba sent sentiu iu um frio frio inva invadi di-l -lo. o. Depo Depois is um calo calor, r, quen quente te,, quen quente te,, era era uma uma fogu foguei eira ra que nele se instalara. Novamente o frio. Começou a tremer. Deu uma espiada para o sítio tio da loja, viu Só Ferreira à porta, mirando, indiferente. Se matou tou! Pruquê? Eu sei, eu sei, foi por causa daquilo que eu vi na venda. O menino abriu a boca, ia gritar a razão do suicídio. Mas ninguém reparou no gesto, as mulh mulher eres es e as cria crianç nças as empu empurr rrav avam am-s -se e para para obse observ rvar ar o corp corpo o banh banhad ado o em sang sangue ue.. Ouvi Ouviu ua voz da mãe mãe lam lamenta entand ndo o a tra tragédia édia,, senti entiu u uma vont vonta ade doi doida de se atir tirar nos seu seus braço raçoss e lhe contar tudo. Mas havia uma multid tidão separando-o do colo materno, não encontrou coragem de a romper. Gritou o mais alto que podia: — Eu sei pruquê ela se matou. Eu sei, juro com Deus que sei mesmo. As mulheres nem voltaram os pescoços esticados. Não fecharam as bocas abertas de pasmo smo e tris triste tezza. Os miúd iúdos con contin tinuaram aram a tent tenta ar fura furarr a multi ultid dão, não ligar igaram am ao aviso viso do companheiro. Miúdo Gandimba apertou o braço de Teresinha, falou gravemente: — Eu sei sei pruq pruquê uê foi. foi... .. Ela Ela olho olhouu-o, o, poré porém, m, sem sem inte intere ress sse. e. Imed Imedia iata tame ment nte e redo redobr brou ou os grit gritos os lamentosos: — Deixa ver, deixa ver... Miúd iúdo Candi ndimba mba senti entiu u-se -se mise iserav ravelme elmen nte esque squeci cid do. Era Era o único ico que que sab sabia, ia, além lém de Só Ferreira, e ninguém o escutava, lhe prestava atenção. Saiu da multidão, afastando as crianças com os braços magrinhos, os lábios apertados para não chorar. — Gome qu'ela está? De boca aberta? Não se dignou responder à pergunta de Jucá que se afadigava para ver alguma coisa.
Poderia ser um bom ouvinte, mas Miúdo Candimba já não se importava de revelar a verda erdad de. Olho Olhou u o vulto ulto de Só Fer Ferreir reira, a, parado rado à porta rta da loja. ja. Adi Adivinh vinho ou o ris riso esca escarn rnin inh ho na boca do comerciante. Se não era tão tão grande... Sim, se não fos fosse tão grande e tão forte, era ele, Miúdo Candimba, que lhe faria morrer o riso de escárnio na boca. Mas viu-se peque queno e fra fraco, co, uma cria crianç nça a em que nin ningué guém sequ seque er acred crediitav tava, a que nin ningué guém sequ seque er pres presta tava va aten atençã ção. o. ViuViu-se se mise miserá ráve vell e inút inútilil,, um bich bichin inho ho pequ pequen eno o que que para para nada nada serv serve. e. Um boneco talvez, um boneco sem valor nem preço. Viro irou as cos costas tas aos curio urioso soss obser bserva vado dore ress do espe spectác ctácu ulo mórbid rbido o, foi foi cami camin nhan hando para casa casa.. Deva Devaga gari rinh nho, o, afog afogan ando do o desp despei eito to e a revo revoltlta a nas nas pedr pedras as da rua. rua. Atra Atrave vess ssou ou a cerc cerca, a, apro aproxi ximo mouu-se se do tabu tabule leir iro o de jing jingub uba. a. Hoje Hoje não não iria iria vend vender er a gulo gulose seim ima. a. Nunc Nunca a mais mais grit gritar aria ia pela cidade: cinc'ostões cada pacote. Mesmo que morressem de fome. Nem que a mãe xingasse, nem que a mãe lhe chapasse. Mexeu os bagos com a mão distraída, não se tent tento ou a tira tirarr nen nenhum. um. Viu as moita itas que que limit imita avam vam a capo apoeira eira,, enca ncaminh minho ou-se u-se para ara ela elas. Afastou os ramos com lentidão. O coelho branco fitou-o com seus olhos vermelhos. Iguais aos de Só Ferreira. O animal deixou--o aproximar, um pouco receoso. Mas não fugiu. Talvez esperasse mais uma carícia, lembrando da anterior cena de ternura. Miúdo Candimba sentiu-se enganado. Uma vergonha vinha desde os olhos vermelhos, desde o pêlo branco, incrustava-se no seu cérebro de menino. M'enganaste, coelho. Mariana matou-se, espetou a faca mesmo no coração. Morreu num mar de sangue. As lágrimas caíam dos olhos do moleque. Me deram teu teu nome, Candimba mesmo, mas não sou igual na ti. Não tenho os olho vermelho, pelo branco. Não sou como tu. Pensei a gente ia ser amigo, te fiz festa. Mariana se matou! Meteu a mão no bolso dos calções, tirou o caniv anive ete. te. Abriu briu-o -o e a lâmin âmina a luziu uziu.. Aga Agarro rrou no pesc pesco oço do animal imal com com o braço raço esque squerd rdo o. O coelho não tentou escapulir. Então, lentamente, reflectidamente, Miúdo Candimba enterrou-lhe a lâmina no peito. Fico Ficou u vend vendo o o pequ pequen eno o corp corpo o estr estrem emec ecer er,, o sang sangue ue esva esvain indo do-s -se, e, manc mancha hand ndo o de verm vermel elho ho o pêlo bran branq quin uinho. ho. A mancha ncha alas lastran trand do, ala alastra strand ndo o, corr corren end do para para as pata patas, s, para ara o chão chão de terra batida. Depois um estremeção mais violento. E os olhos ficaram rígidos, enormemente abertos, fitando-o firmemente. Miúdo Candimba não encontrou uma acus acusaç ação ão naqu naquel ele e eter eterno no olha olhar. r. Pous Pousou ou deli delica cada dame ment nte e o corp corpo o no solo solo.. Ajoe Ajoelh lhou ou-s -se, e, uniu uniu as mãos vermelhas de sangue, uma delas ainda segurando o canivete aberto, e rezou: — Nosso Senhor, faz que eu acertei bem no coração.