Contos African Africanos os Histórias da Cultura afro, contadas pelos povos de língua portuguesa.
1
Contos Africanos - Histórias dos Povos de língua Portuguesa
Contos Africanos Histórias dos povos de língua portuguesa. Organizador: Professor David José dos Santos
2
David Santos – Zangu Cultural
©Coprig!t 2"1# $ David %os& dos Santos Capa' David %os& dos Santos (ditora)*o e pro+eto editorial' Zangu Digital
odos os direitos dessa edi!"o reservados # $angu cultural %%%.zangucultural.co& contato'zangucultural.co& ,
Contos Africanos - Histórias dos Povos de língua Portuguesa
Sumário Apresenta)*o. Ananse/ 0endas de Angola1 A r* ainu13 0enda de S %orge14 A 0enda da orige5 do povo Hua5$o 6vers*o 2721 A 0enda da orige5 do povo Hua5$o 6vers*o 17 – 22 A 0enda da orige5 dos 89ises –22 0enda das :uedas de ;gua do Dala 60unda72# A 0enda do
il!a –,2 A 0enda da ?a@ela e o Caracol –,, A 0enda da 0ua feiticeira e a sua l!a –,# A 0enda das duas 5ul!eres –,4 A 0enda do !o5e5 c!a5ado 8a5arasot!a –#1 #
David Santos – Zangu Cultural
A 0enda do
Contos Africanos - Histórias dos Povos de língua Portuguesa
estre Didi4, Do5a ou So5a43 ?riot4. Parte B' L5a BnfMncia (Etraordin;ria44 So$re o rgani@ador e Autor'4/ >ontes i$liogr;cas /"
3
David Santos – Zangu Cultural
Apresentação (ste livro visa trazer ao grande p)*lico, a ri+ueza eistente nos contos de orige& africana. (st"o a+ui reunidos alguns contos dos países africanos, +ue co&o nós do -rasil, participa& da Co&unidade de Países de íngua Portuguesa / CPP. Histórias ricas e& aprendizado e &ensagens, co&o s"o tipica&ente todas as 0istórias oriundas das culturas africanas. Culturas +ue se *aseia& na oralidade co&o principal for&a de ensinar e aprender, co&o o principal &étodo de perpetuar seus con0eci&entos. Culturas onde a 1u&a 2palavra3 é sopro, for!a, possuindo o poder de cria!"o4 5lé& de alguns contos oriundos de 5ngola, 6o!a&*i+ue e 7uiné/-issau, voc8 encontrar9 nestas p9ginas, contos so*re os Ori9s cultuados nas religies afro/*rasileiras, 0istórias lindas, +ue des&istifica& a de&oniza!"o criada so*re essas entidades. ;o fi& do livro, voc8 ainda ter9 u&a espécie de * Con0ecer9 os personagens respons9veis por &anter essa tradi!"o viva entre as co&unidades de cultura africana, os Do&as e os 7riot?s> @& teto so*re 6estre Didi, u& porta/voz da cultura Aetu / nag< na -a0ia, co& livros editados até no eterior. 7ostaria só de le&*rar, +ue n"o se trata de u&a pu*lica!"o acad8&ica, &as de u& livro voltado para u&a leitura despretensiosa, voltada para o lazer, onde de for&a su*li&inar, .
Contos Africanos - Histórias dos Povos de língua Portuguesa
pretende&os +ue voc8 se apaione pelos contos africanos, e +ueira sa*er cada vez &ais, con0ecer cada vez &ais. (nt"o... se& &ais B *oa leitura4
4
David Santos – Zangu Cultural
Ananse (stran0a&ente, a*ri o livro co& u& conto +ue n"o pertence aos povos africanos participantes da CPP Co&unidades dos Países de íngua Portuguesa. 5*ro essa pu*lica!"o co& u& conto de orige& ganesa, &ais precisa&ente falando, da civiliza!"o 5s0anti. O conto de 5nanse, o Ho&e& 5ran0a, +ue segundo o povo 5s0anti, é o dono das 0istórias, foi ele +ue soltou as 0istórias pelo &undo. ;"o é atoa +ue u& dos sí&*olos adinAra 2conunto de sí&*olos +ue representa& conceitos3 &ais i&portantes é o 5nanse ;tontan a teia da aran0a, +ue si&*oliza criatividade, sa*edoria e as co&pleidades da vida. Si&*olo presente no &eio da logo da $angu Cultural.
5nanse ;tontan
/
Contos Africanos - Histórias dos Povos de língua Portuguesa
(nt"o, pedi&os licen!a a 5nanse para contar suas 0istórias, e nada &el0or +ue co&e!ar contando a sua própria 0istória. 5nanse ou 5nasi, trata/se de u&a lenda africana, +ue eplica co&o as 0istórias c0egara& ao &undo, ela parte do princípio, no +ual o &undo antigo era &uito triste, pois n"o eistia& 0istórias para sere& contadas. A História.
Houve u& te&po e& +ue na erra, n"o 0avia 0istórias para se contar, pois todas elas pertencia& a ;Ea&e, o Deus do Céu. 1%aAu ananse, o Ho&e& 5ran0a, deseava co&prar as 0istórias de ;Ea&e. 5ssi& poderia contar tais 0istórias para o povo de sua aldeia. @& dia, deseando se encontrar co& ;Ea&e, 5nanse teceu u& teia i&ensa de prata, +ue se estendia até o céu, e por ela su*iu. 5o c0egar ao céu, 5nanse falou a ;Ea&e, +ue deseava co&prar suas 0istórias. 5o ouvir a+uilo ;Ea&e riu &uito de 5nanse, falando e& seguida: / O pre!o das &in0as 0istórias, é +ue voc8 &e traga Ose*o, o leopardo de dentes terríveis, 6&*oro, os &ari&*ondos +ue pica& co&o fogo e 6oatia, a fada +ue nen0u& 0o&e& viu. ;Ea&e i&aginava, +ue desta for&a, faria 5nanse desistir da ideia, &as 5nanse apenas respondeu: /Pagarei seu pre!o co& prazer, ainda l0e trago FanEsi9, &in0a vel0a &"e, a seta fil0a de &in0a avó. Outra vez o Deus do Céu riu &uito e respondeu: /Ora 5nanse, co&o pode u& vel0o fraco co&o voc8, t"o pe+ueno, pagar &eu pre!oG 1"
David Santos – Zangu Cultural
Desta vez, 5nanse n"o respondeu, virou/se e desceu pela sua teia de prata +ue ia do c0"o até o céu. oi pegar as coisas +ue ;Ea&e eigia. Correndo por toda selva, final&ente encontrou Ose*o, o leopardo de dentes terríveis. Iue falou assi& +uando perce*eu sua c0egada: /50, 5nanse4 oc8 c0egou na 0ora certa para ser o &eu al&o!o. /O +ue tiver de ser ser9. disse 5nanse, +ue continuando ainda disse: / 6as pri&eiro va&os *rincar de ogo de a&arrarG Ose*o +ue adorava ogos e *rincadeiras, logo se interessou. / 6as co&o se oga este ogoG / co& cipós, eu a&arro voc8 pelo pé co& o cipó, depois desa&arro, aí, é a sua vez de &e a&arrar. 7an0a a+uele +ue a&arrar e desa&arrar &ais depressa. / disse 5nanse, respondendo a pergunta do leopardo. / 6uito *e&, rosnou o leopardo 9 planeando devorar o Ho&e& 5ran0a assi& +ue o a&arrasse. 5nanse, ent"o, rapida&ente a&arrou Ose*o pelo pé, e +uando o leopardo estava *e& preso, pendurou/o a&arrado a u&a 9rvore dizendo: /5gora Ose*o, voc8 est9 pronto para encontrar ;Ea&e. 5nanse cortou u& fol0a de *ananeira, enc0endo u&a ca*a!a co& 9gua e atravessou o &ato até a casa de 6&*oro. 5o c0egar, colocou a fol0a de *ananeira so*re sua ca*e!a, derra&ando u& pouco da 9gua so*re si, e o resto so*re a casa de 6&*oro dizendo: 11
Contos Africanos - Histórias dos Povos de língua Portuguesa
/(st9 c0ovendo, c0ovendo, c0ovendo, voc8s n"o gostaria& de entrar na &in0a ca*a!a para +ue a c0uva n"o estrague suas asasG /&uito o*rigado4 $u&*ira& os &ari&*ondos entrando dentro da ca*a!a do Ho&e& 5ran0a, +ue a tapou rapida&ente. 5pós prender 6&*oro na ca*a!a, ele a pendurou na &es&a 9rvore +ue prendera Ose*o, *e& ao lado do leopardo dizendo: /5gora 6&*oro, voc8 esta pronto para encontrar ;Ea&e. Depois, foi esculpir u&a *oneca de &adeira, co*rindo/a de cola, da ca*e!a aos pés, foi e a colocou aos pés de u& fla&*oEan onde as fadas costu&a& dan!ar. K sua frente, colocou u&a tigela de in0a&e assado, a&arrando u& cipo e& sua ca*e!a, e foi se esconder e& u& ar*usto prói&o, onde esperando, segurava a outra etre&idade do cipó. Passados alguns &inutos c0egou 6oatia, a fada +ue nen0u& 0o&e& viu, o )lti&o ite& pedido por ;Ea&e. (la veio dan!ando de u&a for&a +ue só as fadas africanas sa*e& dan!ar, indo até os pés do fla&*oEant. 9, ela avistou a *oneca e a tigela de in0a&e e disse: / -e*8 de *orrac0a. (stou co& &uita fo&e, poderia &e dar u& pouco do seu in0a&eG 5nanse puou o cipó de for&a +ue parecesse +ue a *oneca sinalizava u& si& co& a ca*e!a, co& o sinal de aprova!"o, 6oatia co&eu todo in0a&e, agradecendo após o *an+uete. / -e*8 de *orrac0a, &uito o*rigada. 6as a *oneca n"o respondeu. 5 aus8ncia de resposta deiou 6oatia *rava, +ue e& to& de a&ea!a falou: / -e*8 de *orrac0a, se voc8 n"o &e responder, eu, eu vou te *ater. 12
David Santos – Zangu Cultural
( co&o a *oneca continuo para, 9 +ue 5nanse n"o puara o cipó, 6oatia deu/l0e u& tapa na *oneca, ficando co& a sua &"o presa na *oc0ec0a c0eia de cola. O +ue só serviu para au&entar a irrita!"o da fada, +ue nova&ente a&ea!ou> / -e*8 de *orrac0a, se voc8 continuar a n"o &e responder, eu vou l0e dar outro tapa. Co&o 5nanse continuara se& &eer o cipó, a *oneca continuo parada. 6oatia deu/l0e u& outro tapa, ficando agora co& as duas &"os presas. 6ais irritada ainda, a fada tentou se livrar co& os pés, +ue ta&*é& ficara& presos. 5nanse ent"o saiu de tr9s do ar*usto, carregou a fada até a 9rvore onde se encontrava& presos Ose*o e 6&*oro e disse: /6oatia, voc8 est9 pronta para encontrar ;Ea&e. 5pós deiar Ose*o, 6&*oro e 6oatia, 5nanse foi até a casa de FanEsia, sua &"e, seta fil0a de sua av<. 5o c0egar, ol0o para sua &"e e disse: / FanEsi9, ven0a co&igo, irei d9/la a ;Ea&e e& troca de suas 0istórias 5nanse co&e!ou a tecer u&a i&ensa teia de prata e& volta do leopardo, dos &ari&*ondos de 6oatia, depois u&a outra teia, +ue ia do c0"o até o céu, +uando ter&inou, su*iu por ela carregando seus tesouros. Ca&in0o até os pés do trono de ;Ea&e e o saudou: /;Ea&e4 5+ui esta o pre!o +ue vocL pediu por suas 0istórias, Ose*o, o leopardo de dentes terríveis, 6&*oro, os &ari&*ondos +ue pica& co&o fogo e 6oatia, a fada +ue nen0u& 0o&e& viu. ( co&o pro&etido, ainda l0e troue FanEsi9, &in0a vel0a &"e, seta fil0a de &in0a avó. 1,
Contos Africanos - Histórias dos Povos de língua Portuguesa
;Ea&e ficou &aravil0ado, +uase n"o acreditando no +ue via. C0a&ou todos de sua corte dizendo: / O pe+ueno 5nanse, troue o pre!o +ue pe!o por &in0as 0istórias, de 0oe e& diante, e para se&pre, elas passa& a pertencer a 5nanse e ser"o c0a&adas de 0istórias do Ho&e& 5ran0a4 Cante& e& seu louvor4 5nanse, ficou &aravil0ado, desceu por sua teia de prata carregando o *a) das 0istórias de ;Ea&e, 0istórias +ue ele con+uistara e passava& a ser suas. C0egando e& sua aldeia, o Ho&e& 5ran0a a*riu o seu *a), e destas for&as as 0istórias se espal0ara& pelos +uatro cantos do &undo. (nt"o gra!as a 5nanse, as 0istórias c0egara& a este livro. O*rigado 5nanse4
1#
David Santos – Zangu Cultural
Lendas de Angola. 5ngola, país da costa ocidental africana, cuo território é li&itado a norte e a nordeste pela Mep)*lica De&ocr9tica do Congo, seu vizin0o a leste e a $=&*ia, ao sul te&os a ;a&í*ia e a oeste o seu litoral e *an0ado pelo 5tl=ntico. 5 presen!a portuguesa é datada do século N, co& a c0egada do eplorador portugu8s Diogo C"o, onde &antivera& contato principal&ente co& as popula!es do litoral. 5 col
1