Cm Ia d Imag Proa. Dra. Maria Emília Sardelich e Proa. Ms. Noeli Baisa dos Sanos
Compreensão e interpretação de imagens
Apr A pres esen entAção tAção olá, uma! Que alegria poder comparilhar desse momeno ão especial que vocês esão vivendo! Se considerarmos que o momeno é sempre o presene, a alegria será uma consane! Poder comparilhar desse espaço de discussão e roca de experiências, para nós, é de grande imporância. Somos seres hisóricos e por isso seres em consrução. Não há limies para o espaço da aprendizagem. As roneiras serão nossa responsabilidade, e cada um de nós deve busc buscar ar ampli ampliá-l á-las as ara aravé véss das das roca rocass de de um apre aprendi ndiza zado do cola colabor borai aivo vo!! Nas páginas seguines, com coneúdo adapado do exo Leiura Leiura de Imagens Imagens e Culura Culura Visual: Visual: desenredand desenredandoo conceios conceios para para a práica práica educa educaiva iva , de Maria Emília Sardelich (evisa Educar, n. 27, p. 203–219, Ediora UFP, Curiiba, 2007), esaremos nos compleando e complemenando aravés de análises, reexões e quesionamenos das imagens sempre presenes em nosso dia-a-dia. Esse aprendizado pode vir por meio de uma conversa, uma leiura, uma visia ao cinema ou navegando navegando na inerne! Na sociedade conemporânea, discue-se a necessidade de uma ala beização beização visual por meio de: leiura leiura de imagens imagens e compre compreens ensão ão críica da Culura Visual. Frequenes mudanças de expressões e conceios diculam o enendimeno dessas proposas para o currículo escolar e a deerminação do reerencial eórico para o mesmo. mesmo. Ese espaço de esudo em como oco apresenar os conceios undamenais das proposas de leiura de imagens e Culura Visual, sinalizando suas proximidades e disâncias. di sâncias. Conrasando alguns reerenciais reerenciais eóricos da anropologia, are, educação, hisória, sociologia e sugerindo linhas de rabalho em ambienes de aprendizagem, cujo inuio é reeir sobre nossa permanene ormação ora como dicenes, ora como docenes. Enm, ese é um espaço de rânsios. Sejam bem-vindos!
DADOS DA DISCIPLINA EMENTA Conhecer Conhecer e experimenar ex perimenar leiuras de imagens a parir par ir de abordagens ais como: ormalisa, culuralisa, conexualisa e semióica; Compreensão Compreensão e inerpreação de imagens em conexos variados. 172
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ObjETIvOS • Compreender conceitos de imagem; • Discutir e contextualizar contextual izar as diferentes abordagens compreensão compreensão da
imagem;
• Interpretar e construir imagens a partir de narrativas visuais.
UNIDADE 1: CONCEITOS DE IMAgEM 1.1 LEITUrA DE IMAgENS OU ENTENDIMENTOS IMAgéTICOS UNIDADE 2: COMPrEENSãO CríTICA DA CULTUrA vISUAL 2.1 IMAgEM E IMAgINárIO: UMA rEfLExãO PEDAgógICA
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Un IDADe 1 UnIDADe ConCeItos Con CeItos De IMAGeM IM AGeM Na vida conemporânea, quase udo do que conhecemos, em relação ao conhecimento produzido, chega-nos via Tecnologias da Infor-
mação e Comunicação (TICs) que, por sua vez, constroem imagens do
mundo. Nômades Nômades em nossas próprias própr ias casas, capuramos imagens, muias vezes, sem modelo, sem undo, cópias de cópias, no cruzameno de inúmeras signicações. Imagens para deleitar, entreter, vender, vender, que nos
dizem sobre o que vesir, comer, aparenar, pensar. O crescene ineresse pelo visual em levado hisoriadores(as), anropólogos(as), anropó logos(as), sociólogos(as) sociól ogos(as) e educadores(as) educadores (as) a discuirem discu irem so bre as imagens e a necessidade necess idade de uma alabeização alabe ização visual, vi sual, por meio de leiura de imagens e Culura Visual. Podemos Podemos nos pergunar sobre o porquê de uma “culura” visual? Essa culura exclui o não visual e ou aqueles privados desse senido? A proposa da Culura Visual é a mesma da leiura de imagens? Podemos Podemos uilizar as duas expressões ex pressões como sinônimas? Que proessor(a) pode desenvolver essas aividades no conexo escolar? A Culura Visual não será mais uma, enre anas ouras expressões, ex pressões, para conundir con undir os(as) os(as) proessores(as)? proessores(as)? Anna Annaer eres esaa Fab Fabris ris (1998 (1998)) nos nos auxilia auxilia a comp compre reen ende derr o iner ineres esse se pelo pelo visual no mundo conemporâneo. A auora observa que a imagem especular, própria do enascimeno, não é apenas resulado de uma ação arísica, e sim ruo de um cruzameno enre are e ciência. A perspeciva é bem mais do que a aplicação de leis geoméricas e maemáicas, ela é um modelo de organização e racionalização de um espaço hierarquizado. É a possibilidade de esruurar o espaço a parir de um deerminado pono de visa, aquele de um sujeio onisciene, capaz de udo dominar e deerminar. Essa auora desaca que o lapso de empo no qual o arisa do enascimeno organizava uma nova visualidade coincide com o desenvolvimeno da imprensa, com uma nova maneira de armazenar e disribuir disri buir o conhecimeno, ineressada na preservação do passado e na diusão do presene. Esse período buscava um novo esilo cogniivo baseado na demonsração visual. As imagens com perspeciva enavam ornar o mundo compreensível à poderosa gura que permanecia em pé, no cenro da imagem, no único pono a parir pari r do qual era desenhada. Esse esilo cogniivo se esendeu aé a oograa e o vídeo, mas, como as ecnologias disponíveis no mundo conemporâneo redenem os conceios de espaço, empo, memória, produção e disribuição do conhecimeno, esamos em plena busca de uma oura
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episemologia e, se necessiamos de ouro modo de pensameno, consequenemene ambém necessiamos de oura visualidade. E por alar em compreensões, leiuras e enendimenos, você já se pergunou o que é uma imagem? Segundo Maria Lucia Basos (2006), a palavra imagem eve origem no laim imago , que, no mundo anigo, anigo, sigsignicava uma espécie de máscara de cera moruária com ns riualísicos. Nesse senido, a palavra imagem, nascendo da more, rouxe-nos a ideia de prolongar a exisência aravés de noções de duplo e da memória. Para Plaão, a imagem é imiadora e enganosa, desvia-nos da verdade, seduzindo as pares mais racas da nossa alma. Em conraposição, para Arisóeles Arisóeles,, a imagem imagem educa educa e leva-nos leva-nos ao conhe conhecimen cimeno o jusamen jusamenee pelo pelo prazer que nos proporciona. Tais conceios, mais que verdades absoluas, são enaivas de compreender esses espaços bi e ridimensionais carregados de signicados, anseios, sonhos. Alguns auores armam que as imagens não dizem nada e que o senido que supomos esar presenes em sua superície nada mais seriam do que os senidos do nosso olhar. Marine Joly (1996), ao denir conceios de imagem, delimia see caegorias relaivas ao ermo. A primeira delas é relaiva à “imagem enquano mídia”. Tal caegoria relaciona a compreensão do conceio imagem (xa ou em movimeno) como sinônimo de supore/coneúdo, ais como a TV ou a publicidade visual. A segunda caegoria caegoria reere-se às “imagens lembranças”, um exemplo é o livro bíblico Gênesis que descreve Deus criando o homem a sua imagem e semelhança. Esse conceio de imagem reere-se ao nosso poder de associação e reconsrução imaginaiva relaivo “ao belo, ao bem e ao sagrado”. A erceira caegoria é a de “imagem “imagem e origens” reerenes aos regisros da aividade humana em conexos comuniários. A quara quar a imagem e psiquismo relacionam o conceio de imagem a relações individuais com o próprio corpo, à capacidade associaiva e analíica por via da criação e conexualização em espaços surreais, ais como o universo onírico ou o u nossas impressões rene a dierenes esímulos. esímulos. A quina caegoria reere-se ao conjuno de imagens cienícas, ais como as provenienes de exames médicos, radiograa, ou mesmo um regisro simbólico de curvas lineares presenes em um elerocardiograma, ou aquelas provenienes provenienes dos dierenes campos de invesigação cienica, ais ai s como as produzidas por saélies (Ver (Ver Figura 1). A sexa caegoria caegoria “novas “novas imagens” imagens” engloba as imagens direamene criadas por aparelhos e programas produores de imagens ais como sowares de criação e composição gráca. “Imagem-Proteu” é a sétima caegoria e abrange uma miscelâne mi scelâneaa de reerências, esruuras e maeriais. Uma insalação arísica pode ser caegorizada como “imagem proeu”, devido à diversidade de signicados e maeriais inrínsecos a sua consrução consr ução..
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fiua 1: Imaem Imaem de galia em Espial.
SAIbA MAIS PROTEU, apelidado de “O Velho do Mar”, lho dos Titãs Oceano e Tétis, é o pastor dos animais marinhos de Posídon. O deus reside na ilha de Faros, próxima da d a embocadura embocadu ra do Nilo. Como todas toda s as divindades divindade s do mar, mas num grau mais elevado, Proteu tem o dom de se metamorfosear: é assim que, para escapar a Menelau, de regresso de Troia, ele se transformará sucessivamente em leão, serpente, pantera, javali, em água e numa árvore. Habitualmente, é representado como um homem com cauda de peixe. Certas tradições tardias fazem de Proteu um rei do Egipto a quem Helena teria sido conada durante a guerra de Tróia. Proteu é o herói epónimo de uma ópera de D. Milhaud (1914) e de uma peça de Claudel (1914), “grande bufonaria” onde aparece toda a fantasia do personagem. Instalação é um gênero de obra de arte que ocupa um ambiente (uma sala ou até um museu inteiro), que pode ser percorrido pelo espectador. Criada a partir da década de 1960, quando era chamada de “ambiente’’, esse tipo de trabalho buscava acabar com a passividade do público. Em vez de car parado olhando uma tela ou escultura, o espectador era convidado a imiscuir-se na obra, a passear por ela. A instalação busca ampliar o contato do público com a obra. Parte da premissa de que é limitante apreciar uma obra só com o olhar. A ideia é explorar outros sentidos, como tato e audição. É por isso que muitos trabalhos passam a incorporar sons e o espectador deve tirar os sapatos para entrar em certos tipos de instalação. Artistas brasileiros tiveram uma atuação pioneira com esse tipo de obra. Em
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1966, por exemplo, Hélio Oiticica montou um trabalho no qual o público andava descalço sobre areia, espiava o que havia dentro de tendas e acabava em frente a um aparelho de televisão. t elevisão.As instalações afrontam o caráter comercial da arte. Com ela, o artista tentava evitar que sua obra acabasse numa mansão, onde seria exclusividade de um grupo de privilegiados. A ideia é de que a obra deve permanecer num espaço coletivo. Daí a diculdade que há em colocar esses trabalhos dentro de uma casa ou apartamento. apar tamento. Não foram feitas para isso. Hoje, instalação abarca todo tipo de técnica. Recorre a pinturas, esculturas, objetos, música, poesia, materiais naturais como pedra e terra e até o teatro. Algumas instalações incorporam o ritmo da natureza, usando, por exemplo, ores que murcham. Vem daí outra de suas características: são efêmeras. Fonte: Guia Especial da 23º Bienal Internacional de São Paulo. HACQUARD,Georges. Dicionário de Mitologia Grega e Romana. Tradução: Maria Helena Trindad Trindadee Lopes. Lop es. Lisboa: Edições Asas, 1996.
Vilém Flusser (2002), (2002), ao reeir sobre o conceio de imagem, imagem, pariculariza o ermo imaginação (imagem (imagem + ação), ou seja, nossa capacidade de recompor duas das quaro dimensões presenes em uma imagem. Segundo ele, o plano (alura + largura) em uma imagem relaciona-se com duas ouras dimensões: dimensões: empo e espaço espaço.. A imporância e a singularidade do olhar enconram-se jusamene na possibilidade imaginai va proporcionadas pelas imagens, ou seja, nosso espaço de reconsrução de senidos. A reconsrução do empo e do espaço em uma imagem é de responsabilidade do observador obser vador.. O olhar é o responsável responsável por azer um scanning, ou seja, um movimeno de varredura que absrai cenas do nosso conexo concreo. Ne Nesse sse processo não linear, a circularidade direciona o olhar acerca das caracerísicas e signicados presenes na imagem. Para olhar uma imagem, não há, necessariamene, um pono de parida ou de chegada. Cada pare pode ser observada de orma individual ou em sua relação conjuna. Considerando que cada ser possui um olhar, ruo de suas vivências sociais, a imagem realmene realmene dá asas a nossa imaginação! As oo oogra graas as da aeron aeronav avee 14 14 Bis Bis de de San Sanos os Dumo Dumon n (Fi (Figur guraa 2) 2) enr enram am na caegoria “imagem écnica”, esruurada pelo lósoo Vilém Flusser. Desde que a oograa oi invenada, esse processo de consrução de imagens passou a ocupar o coidiano das pessoas. Nesse novo processo, a imagem não é ruo r uo direo da mão do produor, como nas imagens radicionais, mas sim, ruo r uo de uma sínese mecânica processada no inerior de um aparelho. Nesse caso, caso, oda a poéica poéica muda. Com o adveno da oograa, imporane impor ane será dominar a máquina a m de rabalhar odas as suas possibilidades de consrução imagéica. O aparelho para gerar imagem não esá à mercê da visão visão que capa al imag imagem em.. Que surpree surpreende nden ne! e! Para Para consrui consruirmo rmoss ima177
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gem écnica não precisamos er uma visão biológica pereia, pois a responsabilidade não enconra-se no processo de consrução/eiura da imagem, mas sim no enquadrameno do nosso olhar. Um olhar que pode, inclusive, ser simbólico e, meaoricamene, dar-nos a condição de dizer: ver com olhos da mene ou com os olhos do coração...
fiua 2: Imaens da aeonae 14 bis de Aleto Santos Dumont. Auto desconhecido. 23 de outuo de 1906. fonte: http://www.dominiopulico.o.
Nesse conexo, o perigo das imagens écnicas esá em sua suposa objeividade que az com que, aos olhos do observador, ornarem-se janelas para o mundo ao invés de absrações passíveis de inúmeras inerpreações. Finalmene, na hisória da humanidade, a imagem independe da visão de seu produor para exisir. exisir. No lme Janela Janela da Alma , o escrior José Saramago advere que, para que nós possamos conhecer as coisas, “há que dar-lhes a vola, dar-lhes a vola oda” . Penso que a “vola oda”, no conexo da compreensão e inerpreação de imagens écnicas, seja ir além dessa suposa objeividade. 178
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No campo das Ares Visuais, desde os primórdios, o homem busca ormas de absrair o universo do qual az pare. A primeira “vola” (pararaseando Saramago), relaiva à produção de imagens, Flusser sugere que enha sido a manipulação de volumes, absraindo o empo ao seu enorno, ao produzir objeos ridimensionais poradores de signicados. Para ele, o segundo geso absraidor esaria ligado à visão, que, ao perceber o volume ao seu enorno, absrai empo e espaço, imaginando cenas bidimensionais. O erceiro geso, geso, seria a absração das rês dimensões (empo, espaço e volume), resulando no conceio que imagina cenas unidimensionais. Texos poéicos, como exemplo os de Saramago são exemplos de cenas unidimensionais. O que Flusser (2008) chama de quaro geso absraidor é o ao de aperar eclas de aparelhos geradores de imagens. Para esse geso, basa que o produor da imagem apere uma ecla, pois udo mais é de responsabilidade do programa inserido em al aparelho. Porano, imagens xas e em movimeno, produzidas por aparelhos, são imagens zerodimensionais. São códigos binári binários os que ao sere serem m comb combina inados dos,, por por meio meio dos dos prog progra rama mass que que os prod produuziram, remonam essa ilusão de realidade. Nesse senido, independe o ipo de projeor ou supore, são odas elas, imagens écnicas. Há nesse geso graves implicações. A primeira delas é nossa oal submissão ao programa e aparelho gerador dessa imagem. A segunda é que quano maior a sensação de consrução de realidades, menor nosso grau de quesionameno em relação a elas, em relação aos aparelhos e programas e oda uma lógica de consumo que a ela dá susenação. De consruores de imagens, com a manipulação desses aparelhos, passamos a capadores de imagens. As implicações que se somam nesse processo valem a pena ser discuidas e reeidas, principalmene no conexo do ensino de ares visuais.
DICA DE fILME Para discutir e reetir assista ao documentário Janelas da alma. Nesse lme, dezenove pessoas com diferentes graus de deciência visual, da miopia discreta à cegueira total, falam como se veem, como veem os outros e como percebem o mundo. O escritor e prêmio Nobel José Saramago, o músico Hermeto Paschoal, o cineasta Wim Wenders, o fotógrafo cego franco-eslovefr anco-esloveno Evgen Bavcar, o neurologista Oliver Sacks, a atriz Marieta Severo, o vereador cego Arnaldo Godoy, entre outros, fazem revelações pessoais e inesperadas sobre vários aspectos relativos à visão: o funcionamento siológico do olho, o uso de óculos e suas implicações sobre a personalidade, o signicado de ver ou não ver em um mundo saturado de imagens e também a importância das emoções como elemento transformador da realidade, se é que ela é a mesma para todos. Fonte: http://www.i http://www.interlmes.com/lme_13649_Janela. nterlmes.com/lme_13649_Janela. da.Alma-(Janela.da.Alma).html
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1.1 LEITUrA DE IMAgENS OU ENTENDIMENTOS IMAgéTICOS? A expressão leiura de imagens começou a circular na área de comunicação e ares no nal da década de 1970 com a explosão dos sisemas audiovisuais. Essa endência oi inuenciada pelo ormalismo, undamenado na eoria da Gesal, e pela semióica. Na psicologia da orma, a imagem se consiui na percepção, já que oda experiência eséica, seja de produção ou recepção, supõe um processo percepivo. Essa abordagem enende enende a percepção como uma elaboração aiva, uma complexa experiência que ransorma a inormação recebida. recebida. Gomes Filho (2000), em seu livro Gesal do Objeo apresena a seguine undamenação eórica para o ermo Gesal: Sisema de leiura visual da orma apresena uma eoria nova sobre o enômeno da percepção. Segundo Segu ndo essa ess a eoria, o que aconece acon ece no cérebro cé rebro não é idênico ao que aconece na reina. A exciação cerebral não se dá em pono isolados, mas por exensão. Não exise, na percepção da orma, um processo proces so poserior poseri or de associação associa ção das varias sensações. s ensações. A prip rimeira sensação já é da orma, já é global e unifcada. (...) Não vemos pares isoladas, mas relações. Iso é, uma pare na dependência de oura pare. Para a nossa percepção, que é resulado de uma sensação global, as pares são inseparáveis inseparáveis do odo e são oura coisa que não elas mesmas, ora desse odo. O posulado da Gesal, no que se reere a essas relações psicofsiologicas, pode ser assim defnido: odo processo consciene, oda orma pscilogociamene percebida esa esreiamene relacionada com as orças inegradoras do processo fsiológico cerebral. A hipó hipóes esee da Gesa Gesal, l, para para explic explicar ar a orig origem em dessas dessas orç orças as ine inegr grad ador oras as,, é ariaribuir ao sisema nervoso cenral um dinamismo auo-regulador que , à procura de sua própria esabilidade, ende a organizar as ormas em odos coerenes e unifcados. Essa organizações,originarias organizações,originarias da esruura cerebral, cerebral, são, pois, es pon ponân ânea eas,s, não não arbi arbir rar aria ias,s, inde indepe pend nden ene em men ene e de nos nossa sa von vonad adee e de qualqualquer aprendizado. A escola da gesal, colocando o problema nesses ermos, vem possibiliar uma resposa a muias quesões aé agora insolúveis sobre o enô enôme meno no da perc percep epçã çãoo. (GOME (GOMESS FILH FILHO, O, 2000 2000,, p. p. 19) 19)
Nessa concepção, a imagem passa a ser compreendida como signo que incorpora diversos códigos e sua leiura demanda o conhecimeno e a compreensão desses códigos. Essa abordagem de “ensinar a ver e ler” os dados visuais oi inuenciada pelo rabalho de udol Arnheim(1980), dedicado a deermin deerminar ar as caegorias caegorias Ar and Visual Visual Percepio Percepionn , de 1957, dedicado visuais básicas básicas mediane mediane as quais a percepção percepção deduz esruuras esruuras e o produor de imagens elabora suas congurações. Arnheim caalogou dez caegorias visuais: equilíbrio, conrase, gura, orma, desenvolvimeno, espaço, luz, cor, movimeno, dinâmica e expressão. Nesse modelo, o es180
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pecador desvela nas imagens os esquemas básicos, explora a imagem em uma inegração das várias caegorias visuais aé descobrir a conguração que, por si mesma, possui qualidades expressivas. No Brasil, Fayga Fayga Osrower, Osrower, arisa ari sa e eórica da are, oi uma das divuldiv ulgadoras dos rabalhos de udol Arnheim. A rnheim. As abordagens abordagens desenvolvidas desenvolvidas por Osrower (1983, 1987, 1990) em cursos e enconros com proessores enaizavam as relações enre os aspecos ormais e expressivos das imagens. Como desaque, podemos ciar a experiência de Fayga em um curso desenvolvido desenvolvido com operários operários da Encadernadora Encadernadora Primor S/A do io de Janeiro. No livro Universos da Are , a auora auora descreve descreve o processo processo meodológico, meodológico, baseado nas Leis da Gesal, aplicado no curso e apresena emocionanes depoimenos acerca do rabalho desenvolvido e da imporância do azer pedagógico em are, em que, segundo ela, “nesse azer, cada um de nós cona”. cona”. Segue abaixo abaixo recho que encerra o livro: Fui me despedir deles. Novos agradecimenos, abraços, palavras calorosas. Quando pari, acompanhada pelos direores, um dos operários se pôs em nosso caminho e disse: – Eu queria cumprimená-la mais uma vez e ambém azer um pedido à direoria. – Sim? – Precisamos de ouro curso. – Que curso? – Um curso de Filosofa – respondeu o operário. (OSTROWER, 1991, p. 349)
Oura obra que undamenou a endência ormalisa da leiura de imaPrimer o Visual Visual Liegens oi a da desenhisa Donis Dondis (1997), A Primer publicada em 1973 1973 pelo Massachu racy , publicada Massachusets sets Insiu Insiue e o Tech Technolo nology gy. Dondis inroduziu o conceio de alabeismo visual, e seu livro propõe um sisema básico para a aprendizagem, idenicação, criação e compreensão compreensão de mensagens visuais acessível a odas as pessoas e não somene àquelas especialmene ormadas como projeisas, arisas e eseas. Apoiando-se no sisema proposo por Dondis para uma “alabeização visual”, alguns proessores começaram a aplicar um esquema de leiura de imagens undamenado na sinaxe visual, v isual, que desaca a disposição dos elemenos elemenos básicos, básicos, são eles: eles: pono, pono, linha, orma, direção direção,, om, om, cor, cor, exura, exura, escala, escala, didimensão, movimeno e luz em direção à composição. Em seu livro, Sinaxe raduzido,, a auora, auora, além de descrever descrever odo da Linguagem Visual , , íulo raduzido o processo de alabeização visual, ambém apresena alguns exercícios com nalidade de aplicação dos coneúdos esudados. esudados. A proposa da leiura de imagens imagens de endência ormalisa gesaliana gesaliana undamena-se em uma “racionalidade” “racionalidade” percepiva percepiva e comunicaiva que jusica o uso e o desenvolvimeno desenvolvimeno da linguagem visual v isual para aciliar a comunicação. No conexo escolar, essa práica eseve, geralmene, a cargo dos (as) proessores(as) de are, porém não oi hegemônica enre ele(as). Hernandez (2000) denomina de “racionalidade” o conjuno 181
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de argumenos e evidências que jusicam a inserção da práica arísica no conexo escolar. A presença de uma racionalidade não represena, necessariamene, uma hegemonia, pois dierenes ormas de racionalidade podem conviver no mesmo espaço e empo, sendo que uma pode esar mais consolidada que oura. A racionalidade moral enende que a práica arísica conribui para a educação moral e o culivo da vida espiriual e emocional; a expressiva susena ser a are essencial para a projeção de emoções e senimenos que não poderiam ser comunicados de nenhuma oura orma. A práica práica arísica é ene enendida ndida como uma orma de conhe conhecimen cimeno o que avorece o desenvolvimeno inelecual para a racionalidade cogniiva e, por m, a racionalidade culural compreende o enômeno arísico como uma maniesação culural, sendo os arisas responsáveis por realizar as represenações represenações mediadoras de signicados em cada época e culura. Essa orma de racionalidade esá presene nos Parâmeros Curriculares Nacionais (PCNs), ao considerar o objeo arísico, nesse caso as imagens, como produção culural, documeno do imaginário i maginário humano, sua hisoricidade e sua diversidade (BSIL, 1997, p. 45).
Abordagens mais voladas para a quesão eséica da leiura de imagens de obras de are êm-se apoiado nas invesigações de Ot (1984), Abigail Housen Housen (1992), douora em Educação, Educação, e Michael Parsons (1992), um dos mais imporane are-educadores nos E.U.A. No Brasil, o sisema de apreciação de Ot enconrou ressonância em unção de sua apresenação no curso que o Museu de Are Conemporânea da Universidade de São Paulo Paulo promoveu em 1988. ober Willian Ot, proessor da Universidade da Pensilvânia, Esados Unidos, desenvol veu a meodologia Image Waching aching (Olhando Imagens) para estruturar a relação do apreciador com a obra de are. Sua meodologia oi-se congurando em unção dos desaos como proessor responsável responsável pela práica de ensino e pelo eságio supervisionado deparameno de Are e Educação de sua universidade, com uma audiência heerogênea em relação ao conhecimeno, conhecimeno, vivências arísicas ar ísicas e museísicas. Fundamenando-se em John Dewey e Edmund Feldman, O (1984) descreveu seu sisema de apreciação no gerúndio. Segue abaixo a proposa do auor: Olhando – para deixar deix ar claro que se raava de um processo ariculado em seis momenos: • Aquec Aquecen endo do (ou sens sensibil ibiliza izand ndoo): o edu educa cador dor prep prepar araa o poen poencia ciall de de per per-cepção e de ruição do educando. • Descrevendo: o educador quesiona sobre o que o educando vê, percebe. • Analisando: o educador apresena aspecos conceiuais da aná an á lise li se ormal. • Interpretando: o educando expressa suas sensações, emoções e ideias,
oerecendo suas resposas pessoais à obra de are. A re, am• Fundamenando: o educador oerece elemenos da Hisória da Are, pliando o conhecimeno e não o convencimeno do educando a respeio do valor da obra. • evelando: o educando revela, por meio do azer arísico, o processo vivenciado. 182
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Os esudos de Abigail Housen (1992) parem do posulado que o desenvolvimeno em deerminado domínio se az na direção a uma maior complexidade do pensameno, congurando eságios desse desenvolvimeno. Dessa orma, as habilidades para a compreensão eséica crescem cumulaivamene à medida que o leior vai evoluindo ao longo de eságios. São eles: • Narraivo: o que é iso? • Consruivo: como iso é eio? • Classicaivo: quem e por quê? • e-criaivo: o que, como, como, quem, por que e quando? Nessa mesma linha de raciocínio, Michael Parsons (1992) arma que um grupo de ideias, de ópicos eséicos (ema, expressão, aspecos ormais, juízo juí zo)) prevalecem e são enendidos de orma cada vez mais complexa, do pono de visa eséico, em cada um dos eságios de desenvolvimeno. Ambos os auores concordam com que nem odos os adulos alcançam os eságios mais elevados de compreensão eséica, eséica, já que o que mais avorece o desenvolvimeno eséico é a amiliaridade com as imagens das obras de are, pois o desenvolvimeno desenvolvimeno depende das experiências arísicas de cada pessoa. Os esudos de Parsons undamenam o rabalho de Maria Helena Wagner ossi (2003). Para essa auora, uma aividade de leiura de imagens deve considerar o desenvolvimeno psicológico e a amiliaridade do leior com as imagens a serem lidas. ossi não uiliza apenas imagens do mundo da are, como Parsons, mas lança mão daquelas vindas ambém da publicidade. Criica o enoque ormalisa de leiura eséica que, segundo ela, vem sendo priorizado no ensino de are no Brasil e conaminando a educação básica, básica, reduzin reduzindo-s do-see a um roeiro roeiro prees preesabe abele lecido cido de pergu perguna nass que não respeia a consrução dos leiores nesse domínio. A acea acea semióica semióica inroduziu, inroduziu, no modelo modelo de leiura leiura da imagem, imagem, as noções de denoação e conoação. A denoação reere-se ao signicado enendido “objeivamene”, ao que se vê na imagem “objeivamene”, à descrição das siuações, guras, pessoas e ou ações em um espaço e empo deerminado. A conoação reere-se às apreciações do inérpree, àquilo que a imagem sugere ao leior. Esse modelo vem sendo uilizado por alguns professores que propõem a leitura de imagens da arte (SANTIBÁNEZ; VALGANÓN, 2000; CUZ, 2001) ou da publicidade (JOLY, 1996; BAET, 2003). A abordagem ormalisa inuenciada pela semióica enaiza a leiura da imagem a parir dos seguines códigos: códigos: • Espacial: reere-se ao pono de visa do qual se conempla a realidade, acima/abaixo, esquerda/direia; • Gesual e cenográco: dizem respeio às sensações que nos produzem os gesos, vesuário, maquiagem, cenário; • Lumínico: esá ligado aos eeios de senido causados pela one de luz ronal que achaa as guras dando-lhes irreal. De cima para baixo, acenua os volumes; de baixo para cima produz deormações inquieanes; • Simbólico: remee às convenções, como: pomba simboliza a paz, caveira, a more; 183
Compreensão e interpretação de imagens
• Gráco: em que as imagens omadas de pero ou de longe; • elacional: az reerência às relações espaciais.
Por ouro lado, anropólogos, sociólogos e hisoriadores examinam o uso de imagens como one documenal, insrumeno, produo de pesquisa ou, ainda, como veículo de inervenção políico-culural (FELDMAN-BIANCO; LEITE, 1998). No contexto dessas novas
perspecivas eórico-meodológicas, vem-se armando a endência de consruir o conhecimeno, uilizando-se da dimensão imagéica como documeno, documeno, apesar do pequeno número de pesquisadores “visualmene “v isualmene alfabetizados” (SAMAIN, 1998). De qualquer forma, for ma, o uso de imagens
na pesquisa hisórica é crescene apesar das diculdades e dos limies imposos pelo meio acadêmico a esse ipo ipo de pesquisa. Uma dessas diculdades é a resisência de alguns eóricos em aceiar a aproximação, o rascunho, o movene, a criação, a imaginação e os senimenos como campos argumenaivos do do conhecimeno (CUNHA, (CUNHA, 2001). Ciro Flamarion Cardoso e Ana Maria Mauad (1997) adverem para o encanameno do pesquisador de imagens diane das relíquias que o passado não sucumbiu. Ler uma imagem, hisoricamene, é mais do que apreciar o seu esqueleo aparene, pois ela é consrução hisórica em deerminado momeno e lugar, e quase sempre oi pensada e plane jada. Por exemplo, exemplo, ano oógraos como pinores negociam o cenário das imagens que produzem, mas essa negociação não é aleaória, pois visa a um público e ao que se quer mosrar a esse público. O cenário preparado aproxima a imagem de ouros ineres i neresses ses ou inenções como, por exemplo, apresenar uma deerminada realidade e ou aleração da realidade. No enano, mesmo que se consiua uma realidade monada ou alerada, ruo da imaginação de um ou mais componenes, a imagem xada não exise ora de um conexo, de uma siuação. Pedaços desse conexo são enconrados ano no inerior da imagem quano no seu exerior. O inerior corresponderia ao próprio própr io cenário com seus uensílios e aperechos, as pessoas com suas roupas, cabelos, modos e posuras corporais. O exerior corresponderia, de um lado, ao próprio supore da imagem, as écnicas de produção no momeno da criação; e, de ouro, às perspecivas geradas pela novidade nas pessoas em geral. Trabalhando no campo hisoriográco, Miriam Lichiz Moreira Leie (1996) arma que a imagem não comunica com clareza, pois pode orjar or jar realidades cujo coneúdo ulrapassa a primeira impressão e que só será aprendido por meio de uma disposição especial de senidos, paricularmene pela consância do olhar. Assim, para que a ampliude de possibilidades da one iconográca não se ransorme num empecilho, a auora desaca dois elemenos decisivos para a leiura da imagem: um bom conhecimeno de base écnica e uma boa dose de criação arísica. ar ísica. Para a auora, “decirar” uma mensagem visual é uma area que pode ser iniciada pelo coneúdo manieso, pela unanimidade de compreensão, preensão, sem deixar deix ar de considerar o seu coneúdo laene. No coneúdo manieso, as conradições e os conios são, em geral, pouco obser vados, aingindo apenas as expecaivas dos responsáveis pela imagem, imagem, não só do seu produor, mas ambém daquele que encomendou a obra. 184
Compreensão e interpretação de imagens
Caminhando para a ase dos coneúdos laenes, laenes, deve-se considerar inormações undamenais que responderiam a pergunas do ipo: ipo: como as imagens oram geradas? Por quem? Para quem? Por quê? No âmbio da documenação, Valle Gasaminza (2001) reere-se aos aspecos indicados para caalogar uma imagem e desaca que uma leiura ineligene da imagem, seja o leior um documenalisa ou não, demanda as seguines compeências: • Iconográca: reconhecimento de formas visuais; • Narraiva: esabelecimeno de uma sequência narraiva enre ele-
menos que aparecem na imagem e elemenos de inormação complemenar, como iulo, daa, local ec; • Eséica: aribuição de senido eséico à composição; • Enciclopédica: idenicação de personagens, siuações, conexos e conoações; linguísico-comunicaiva: aribuição de um ema; • modal: inerpreação do espaço e empo da imagem. A abordagem de leiura lei ura críica cr íica das imagens de Kellner Kelln er (1995) (1995 ) em inspirado o rabalho de educadores engajados numa pedagogia da imagem. A pedagogia da imagem siua-se no marco eórico dos Esudos Culurais, para o qual a educação não esá resria às ormas legais, organizadas por dierenes d ierenes sociedades, quase sempre aravés aravés da insiuição escolar. Em qualquer sociedade, há inúmeros mecanismos educaivos presenes em dierenes insâncias socioculurais. Grande pare desses mecanismos em como unção primeira educar os sujeios para viverem de acordo com regras esabelecidas socialmene, e, esando inseridos na área culural, são revesidos de caracerísicas como prazer e diversão; mas esses mesmos mecanismos ambém educam e produzem conhecimeno. Esse auor opõe-se à abordagem abordagem ormal e ani-hermenêuica, armando que nossas experiências e nossas idenidades são, socialmene, socialmene, consruídas sobre uma gama variada de imagens, discursos e códigos. Para Kellner, a publicidade é um exo social mulidimensional, com uma riqueza de senidos que exige um sosicado processo de inerpreação, sendo imporane indicador de endências socias, modas e valores. Apesa Ap esarr do cresce cre scene ne iner i neress essee pelo pe lo visu v isual al,, a expre ex pressã ssãoo “lei “ leiur uraa de imagem” não é consenso enre arisas, educadores, hisoriadores, sociólogos e anropólogos, já que, para vários pesquisadores desses campos, não é possível “ler” uma imagem. Aasando-se dessa polêmica, em uma verene ineracionisa e signiicaiva da leiura, Smih (1999) sugere eviarmos inermináveis discussões semânicas sobre deinições de leiura e pensarmos no processo da leiura. Para ele, os bens simbólicos produzidos pela humanidade codiicam-se de diversas ormas e manêm uma esreia relação enre si, expressando o que se convencionou chamar de semiose culural, essa ampla rede de signiicações. A recepção desses bens simbólicos pode ser compreendida como leiura, à medida que odo recore na rede de signiicações é considerado um exo. Pode-se enão ler o traçado de uma cidade, um filme, uma coreografia. Imagem Imagem e
escria são códigos que se enconram em consane ineração.
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Un IDADe 2 UnIDADe CoMpr Co Mpreensão eensão CrÍtICA DA CULtUR VIsUAL Siuando-se no marco dos Esudos Culurais, Bolin e Blandin (2003) são conrários à denominação de “visual” ao rabalho dos docenes com as imagens, já que a expressão pode resringir a aividade educaiva diane da gama gama de experiências que as imagens ísicas e viruv iruais provocam. espondendo a essas observações, Michell (1995), em uma de suas primeiras publicações, já adverira que, apesar de a noção “visual” consiuir uma dimensão dierene da linguagem verbal, isso não implica que a Culura Visual não manenha relação com as ouras linguagens e ou senidos. Para ele, a Culura Visual inclui essa relação com os ouros senidos e linguagens. linguagens. A quesão levanada por Bolin e Blandin (2003) siua-se em uma correne mais “resriiva” da Culura Visual. Barnard (2001) idenicou duas verenes undamenais nos esudos de Culura Visual. Uma das endências, a mais “resriiva”, enaiza o visual e raa de normaizar, prescrever seus objeos de esudo como sendo a are, o design , as expressões aciais, a moda, a auagem auagem ec. A oura verene oma a culura como raço que dene o esudo; logo, reere-se aos valores e idenidades consruídas e comunicadas pela culura via mediação visual, como ambém a sua naureza coniiva devido aos seus mecanismos de inclusão e exclusão de processos ideniários. Tomando a culura como raço que dene o seu esudo, Mirzoef (2003) arma que a visualização v isualização caraceriza o mundo conemporâneo. conemporâneo. Essa caracerísica não signica que, necessariamene, conheçamos aquilo que observamos. A disância enre a riqueza da experiência visual na culura conemporânea e a habilidade em analisá-la cria a oporunidade e a necessidade de converer a Culura Visual em um campo de esudo. O auor arma que esse esudos são uma “áica para esudar a genealogia, a denição e as unções da vida coidiana pós-moderna a partir da perspectiva do consumidor, consumidor, mais que do produtor” (MIRZO (MIR ZOEFF, 2003, p. 20). Enaiza que não se raa de uma hisória das imagens nem das imagens em si mesmas, mas sim da endência de plasmar a vida em imagens ou visualizar a exisência, exi sência, pois o visual vi sual é um “lugar sempre desaane de ineração social e denição em ermos de classe, gênero, identidade sexual e racial” (MIRZOEFF (MIR ZOEFF,, 2003, p. 20).
Segundo Mirzoef, a Culura Visual é uma esraégia para compreender a vida conemporânea e não uma disciplina acadêmica. Desaca
que a cultura pública dos cafés do século XVIII, exaltada por Jurgen
Habermas, e o capialismo impresso do mundo ediorial do século
Compreensão e interpretação de imagens
XIX, XIX , descrito por Benedict Anderson, foram aspectos particulares de
um período e cenrais para a análise produzida por esses auores, apesar das múliplas alernaivas que poderiam er escolhido. Ao modo desses auores, Mirzoef az uso da caracerísica de plasmar a vida em imagens ou visualizar vi sualizar a exisência, ex isência, para esudar a conemporaneidade. Esse auor auor busca compreender a resposa dos indivíduos e dos grupos aos meios visuais de comunicação em uma esruura esr uura inerpreaiva uida. Assim, a noção de Culura Visual é nova precisamene por cenrar-se no visual como um lugar de criação e discussão de signicados, disanciando-se das obras de are, dos museus e do cinema para ocalizar sua aenção na experiência coidiana. Do mesmo modo que os Esudos Culurais raam de compreender como os sujeios da culura de massa buscam senido no consumo, a Culura Visual dá prioridade à experiência coidiana do visual, ineressa-se pelos aconecimenos visuais nos quais o consumidor busca inormação, signicado ou prazer conecado com a ecnologia visual. O auor dene a ecnologia visual “como qualquer orma de disposiivo desenhado para ser observado e/ou para aumentar a visão natural, abarcando da pintura a óleo até a televisão e a Internet” (MIRZOEFF, 2003, p. 19).
Nessa concepção, concepção, a Culura Visual carrega uma proposa bem mais ampla que a de leiura de imagens baseada baseada no ormalismo ormali smo percepivo e semióico. Trabalhar Trabalhar nesse enoque amplo é aceiar a capacidade de as imagens serem mediadoras das “velhas e novas ormas de poder, como ambém de ensaios conradiscursivos de novas ormas de sociabilidade” (MORZA, 2004). De base socioanropológica, o que signica ocalizar o conhecimeno ano nos produores dessas experiências quano no conexo socioculural em que são produzidas. As noçõe noçõess de visão visão e visual visualid idad adee são são bási básicas cas para para o ene enendi ndime men noo da Cu Cul-lura Visual. Walker e Chaplin (2002) denem a visão como sendo o processo siológico em que a luz impressiona os olhos e a visualidade como o olhar socializado. O sisema óico de um brasileiro, europeu ou aricano não são dierenes, o que os dierencia é modo de descrever e represenar o mundo, já que possuem dierenes maneiras de olhar para o mundo, o que, consequenemene, consequenemene, dá lugar a dierenes sisemas de represenação. represenação. O ausraliano Paul Duncun (2002) é ouro auor que se siua nessa verene, já que, para ele, ele, a Culura Visual vincula-se aos Esudos Culurais relacionados às práicas signicanes, ano em ermos das experiências vividas viv idas pelas pessoas como da dinâmica esruural da sociedade. Para Duncun (2002), as práicas signicanes são sempre um meio de esabelecer e maner o poder, porém as pessoas podem recusar ou negociar o signicado dessas práicas. O auor rejeia a noção de culura como um renameno pessoal ou como produo de uma sensibilidade deerminada, por ser muio seleiva, e ambém nega a noção anropológica de culura como práica de vida, por ser muio ampla. Ele adoa uma concepção de culura como práicas signicanes, não como objeos especícos, mas sim como relações sociais, valores, crenças e práicas das quais os objeos são uma pare consiuiva. 187
Compreensão e interpretação de imagens
Em meio à sauração visual da vida v ida conemporânea, seja em seus aspecos de vigilância, v igilância, espeáculo, prazer, prazer, conrole ou manipulação, manipulação, Duncun (2003) oerece algumas pisas sobre como rabalhar com a Culura Visual em ambienes de aprendizagem. aprendizagem. Em sua abordagem, abordagem, os areaos visuais podem ser os mais mai s variados, das oograas pessoais aos souvenirs da cidade. No rabalho com as oograas amiliares, propõe ano a aprendizagem dos códigos desse ipo de oograa, como ambém a reexão sobre como e por que esses códigos se ransormam. Para isso, sugere que os(as) educandos(as) alem de suas experiências ao ser oograados(as), oograados(as), ao mesmo empo em que examinam pinuras das amílias de séculos passados, observando dierenças ormais nas posuras, na expressão acial, nas vesimenas, no cenário, na ação e o que isso pode implicar nas relações amiliares. Também Também propõe quesionar se a oograa amiliar é sexisa, sex isa, se exclui na mesma medida que inclui e, porano, se esruura uma alsa ideia de vida v ida amiliar, se chega a ser um jogo de poder de um lado da da câmara oográca ou de ambos ambos os lados. Hernandez (2000) adiciona a expressão “compreensão críica” em sua abordagem da Culura Visual. Para esse auor, o vocábulo “críica” signica avaliação e juízo que resulam de dierenes modelos de análise, como, por exemplo: o semióico, esruuralisa, desconsrucionisa, inerexual, hermenêuico e discursivo. Preerindo uilizar os ermos represenações e areaos visuais ao invés de imagens, undamena sua proposa em ideias provenienes do pós-esruuralismo e do eminismo pós-esruuralisa e usa o conceio de culura no senido socioanropológico, próximo da experiência coidiana de qualquer grupo aual e/ou passado. Percebe a imporância da Culura Visual em ermos de economia, negócios, ecnologia e experiências coidianas. Na abordagem abordagem da compreensão críica, críica , a Culura Visual é enendida como um campo de esudo ransdisciplinar, mulirreerencial que pode omar seus reerenes da Are, Arquieura, Hisória, Psicologia Culural, Psicanálise Lacaniana, Consrucionismo Social, Esudos Culurais, Anropologia, Esudos de Gênero e Meios, sem resringir-se nessas reerências. Essa ampla e abera proposa enaiza que o campo de esudos não se organiza com base em nomes de areaos, em aos e/ou sujeios, mas sim em relação aos seus signicados culurais, vinculando-se à noção de mediação de represenações, valores e idenidades. Para Hernandez, um esudo sisemáico da Culura Visual proporciona proporc iona uma compreensão críica crí ica do seu papel e unções unções sociais, além das relações de poder às quais se vincula, indo além da apreciação ou do prazer. prazer. Hernandez (2007) aribui mobilidade ao campo de esudo, pois a cada dia, incorporam-se novos aspecos ano às represenações quano aos areaos visuais, ornando obsoleas as aproximações resriivas. Em sua abordagem não há recepores nem leiores, mas sim consruores e inérprees, à medida que a aproximação não é passiva nem dependene, pendene, e sim ineraiva, coidiana e pessoal. Uma primeira mea a ser perseguida, nessa abordagem, seria explorar as represenações que as pessoas, a parir das suas caracerísicas sociais, culurais e hisóricas, 188
Compreensão e interpretação de imagens
consroem da realidade, ou seja, compreender o que se represena para compreender as próprias represenações. Trabalhar na linha da compreensão críica da Culura Visual “não pode car à margem de uma reexão mais ampla sobre o papel da escola e dos sujeios pedagógicos nesses empos de mudança” (HENANDEZ, 2002, p. 3). Nesse senido, os(as) educadores (as) devem esar aenos(as) ao que se passa no mundo, nos saberes, na sociedade, nos sujeios, apresenar apresenar proposas imaginaivas e ransgressoras ransgressoras que que possi biliem aos(as) aos(as) educandos(as) educandos(as) elaborarem elaborarem ormas de compreensão compreensão e auação na parcela do mundo que lhes oca viver, de orma que possam desenvolver desenvolver seus projeos de vida. v ida. A siuação que o(a) educador( educador(a) a) cria para iniciar o processo de aprendizagem sinaliza sua orienação educaiva, o lugar que desina ao(a) educando(a) e a si mesmo(a). Nesse senido, já não cabe mais ao(à) educador(a) se pergunar o que os(as) educandos(as) não sabem e se propor a ensinar-lhes, mas pergunar-se sobre o que já sabem e como ampliar as conexões para que, junos, possam organizar ouros discursos com os saberes que odos possuem. A abordagem da compreensão críica não enaiza nem as represenações nem os areaos visuais, pois, ao rabalhar na perspeciva de projeos de rabalho, a ênase recai na consrução de uma hisória comparilhada. Mais do que pensar em represenações e areaos, o(a) educador(a) necessia pensar no que o grupo de rabalho quer aprender e o que pode aprender. Essa abordagem impõe uma mudança na orma radicional de orgao rganização do conhecimeno escolar, requerendo dos(as) educadores(as) aenção especial aos objeos da Culura Visual do grupo com o qual rabalhe, ou seja, as imagens das capas dos cadernos e pasas dos(as) educandos(as), suas revisas, seus programas de elevisão, seus grupos musicais e jogos preeridos, suas roupas e seus ícones populares. A compreensão críica dessas represenações e areaos visuais compreende dierenes aspecos, a saber: • Hisórico-anropológico: as represenações e areaos visuais são ruos de deerminados conexos que as produzem e as legiimam. Dessa orma, é necessário ir além de uma abordagem percepiva, daquilo que se vê na produção, para expliciar a conexão enre os signicados dessa produção e a radição: valores, cosumes, crenças, ideias políicas e religiosas que as geraram. geraram. • Eséico-arísico: esse aspeco reere-se aos sisemas de represenação. O aspeco eséico-arísico é compreendido em relação à culura de origem da produção e não em ermos universais. • Biográco: as represenações e areaos omenam uma relação com os processos ideniários, consruindo valores e crenças, visões sobre a realidade. • Críico-social: represenações e areaos êm conribuído para a conguração aual das políicas da dierença e das relações de poder em sociedade. Esses dierenes aspecos esão inerconecados, cabendo aos(às) educadores(as) omenarem sua compreensão, ao esimular relações enre a produção e seus conexos de produção, disribuição e consu189
Compreensão e interpretação de imagens
mo, bem como os eeios na consrução dos processos ideniários. Como pisas de caminhos possíveis em um rabalho de compreensão críica da Culura Visual, Hernandez (2000, 2002) sugere: • Explorar os discursos sobre as represenações que consroem relaos do mundo social e avorecem deerminadas visões do mundo e de nós mesmos. • Quesionar a enaiva de xar signicados nas represenações represenações e como isso aea nossas vidas. • Discuir as relações de poder que se produzem e se ariculam por meio das represenações e que podem ser reorçadas pela maneira de ver e produzir essas represenações. represenações. • Elaborar represenações por procedimenos diversos, como orma, resposa e modo de diálogo com as represenações represenações exisenes ex isenes.. • Consruir relaos visuais, uilizando dierenes supores relacionados com a própria idenidade e conexo socioculural que ajudem a consruir um posicionameno. posicionameno. Como podemos perceber, nesse percurso pelos reerenciais da Are, Anropologia, Anropologia, Educação, Educação, Hisória e Sociologia, a abordagem da Culura Visual em sua verene culural amplia a proposa ormalisa eséica e semióica da leiura de imagens. Por raar-se de uma abordagem mulirreerencial e ransdisciplinar, um rabalho de compreensão críica da Culura Visual, nos mais variados ambienes de aprendizagem, pode ser desenvolvido por qualquer educador(a) que deseje e se disponha a problemaizar as represenações sociais de menina, menino, mulher, homem, amília, criança, adolescene, adulo, velho, pobre, rico, preo, branco, branco, proessor( proessor(a), a), esudane esudane,, escola, escola, enre anas ouras possíveis, possíveis, nas imagens dos livros didáicos, dos cadernos, das revisas, dos oudoors , , da elevisão, dos carões posais, dos brinquedos, das obras de are ec. O oco de um rabalho de compreensão críica da Culura Visual não esá no que pensamos sobre as represenações, represenações, mas no que a parir delas nós pensamos sobre nós mesmos. O que alam de mim as represenações de mulher, rabalhadora, proessora, esposa, consumidora? O que não alam de mim? O que alam e não alam das pessoas iguais a mim e dierenes de mim? O que posso pensar de mim a parir dessas dierenes represenações? Por que deerminadas represenações são sempre recorrenes? Que ineresses são saiseios com essas represenações? A represenação represenação reierada de deerminados emas e/ou grupos sociais nauraliza e simboliza um deerminado grupo social ou um ema como normal, aceiável. Como nós, os(as) educadores(as), emos sido represenados(as)? Como nós, os(as) educadores(as), emo-nos represenado? Quais as dierenças ormais nas posuras, expressões aciais, vesimenas, cenários e ações dos(as) educadores(as), educadores(as), em represenarepresenações dos séculos XVIII, XIX, XX e XXI? E nas representações dos(as)
esudanes? De que maneira essas represenações vêm enando (ou conseguindo) “xar” deerminados signicados para esses papéis? Como oram geradas essas represenações? Por quem, para quem e por que oram geradas? Que cenários êm sido privilegiados nas represenações do espaço escolar nesses úlimos rês séculos? O que ainda não 190
Compreensão e interpretação de imagens
incluímos nas represenações da escola? Que ambiene de aprendizagem essas represenações represenações acabam por xar? xar? Trabalhar na perspeciva da compreensão críica da Culura Visual pode nos auxiliar a enconrar ouras ormas de compreensão da realidade, de represenações que não as hegemônicas, e discuir reieradas represenações de passividade, indierença, apaia e roina dos sujeios em seus ambienes de aprendizagem. aprendizagem.
2.1 IMAgEM E IMAgINárIO: UMA rEfLExãO PEDAgógICA Falar sobre imagem e imaginário, sob o pono de visa pedagógico, é um convie a reeir sobre quais imagens povoam o universo dos nossos alunos. Que ipo de empo e espaço emos enconrado nessas superícies inerpreaivas? Em nenhum ouro empo da hisória do homem, as imagens esiveram ão presenes, mediando nossos olhares, diando “modismos”, padrões sociais. As imagens são consideradas espelhos, modelos de condua, de padrões eséicos. Ciando Vilém Flusser, em seu livro Filosofa da caixa prea, vivemos o momeno da idolaria, onde “O homem ao invés de se servir das imagens i magens em unção do mundo, passa a viver em unção das imagens”. E quais as implicações em vivermos em unção das imagens? Nos ambienes de sala de aula, os gosos, os gesos, as expressões da “onda” são uma enaiva de reprodução de espaços elevisivos consruídos por via das imagens écnicas, imagens consruídas e vinculadas por via de aparelhos. A moda, os gesos são diados pelo seriado Malhação Malhação (ede Globo) Globo) ou por grupos no melhor esilo “ebelde” de ser. ser. Nesses Nesses processos de aculuração, suas menes, corpos, idenidades são moldadas sem a menor preocupação reexiva. Nas revisas, voladas para o público jovem, com raras exceções, os exos e as imagens esão sempre a serviço de uma marca e/ou de uma campanha publiciária. O que exise como oco não são pessoas em processos de consrução social e sim um público alvo. Alvo da submissão imposa pelo que muios chamam de “o poder da imagem” em prol do lucro e da venda, não apenas de produos, mas ambém de valores. E nossa práica pedagógica? Esá permeada pelo quesionameno, quesionameno, pelo convie à reexão sobre esses mecanismos? Em jogos on-line, ais como Couner Srike (Figura 3), campeão na preerência juvenil, o apelo às imagens alamene realisas e elaboradas ransorma os espaços viruais em uma exensão da “realidade”, assim como no lme Marix Marix. Nesses jogos, ganha quem airar melhor, quem zer mais víimas e assim assim nossos nossos jovens jovens reprodu reproduzem, zem, sem o menor menor quesio quesioname namenno, os noiciários dos elejornais diários. Onde, quando e como reeir sobre ais práicas, ais imagens? Em casa, não há empo. É preciso azer silêncio para assisir ao elejornal sensacionalisa que az uso das imagens para ganhar na audiência. O silêncio ambém é soliciado no momeno de assisir a elenovela. No culo à inormação elevisiva, desconhecer desconhecer os úlimos aconecimenos da novela é quase um crime. 191
Compreensão e interpretação de imagens
fiua 3 – Cena do joo Counte Stike
Querendo ou não, esses signos esão presenes em nossas salas de aula, nas esampas dos cadernos, camiseas, bonés ou nas imagens geradas pelas câmeras poráeis dos aparelhos celulares. Nesses conexos, a unção de mediação da imagem acaba perdendo espaço para uma nova meáora: a de ser janela para espaços exeriores e aparenemene inoensivos. Quando imagens se ornam janelas, perdemos a ânsia pela conesação, e, nesse momeno, ais reexões ganham expressões do ipo “uma imagem vale mais que mil palavras”; e, por valer “mais”, pensamos, reeimos de “menos”. E o que dizer de nossos livros didáicos? Aparenemene Aparenemene adequados para processos de ormação social, conceiual e sisemáica, escondem imagens ão “inoensivas” quano às ciadas aneriormene. Sim, aé nesses espaços legiimados do saber, as práicas de subordinação por via da imagem são veiculadas sem o menor quesionameno. quesionameno. Neles, assim como nas propagandas publiciárias, o pedreiro é sempre alguém com caracerísicas nordesinas, as empregadas empregadas domésicas são sempre negras ou “aro-descendenes”, o moivo de piada da urma é sempre o “gordinho”, a loira é sempre a burra, a mãe esá sempre em vola do “orno e ogão”, o pai sempre de erno e gravaa senado lendo o jornal, esperando ser servido. E, nesses quadros, as imagens acabam por rearmar valores, ransormando os recursos de “ransmissão do conhecimeno” em veículos de armação, conrmação, legiimação de preconceios e manuenção de equívocos sociais, hisoricamene consruídos. Mas o que dizem essas imagens orjadas? O que azer? Abandoná-las? Isolar-se em uma caverna como na metáfora de Platão? Se assim
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Compreensão e interpretação de imagens
o zer, ainda esaremos vivenciando as sombras dessas suposas verdades. Quais as chances dos jovens enconrarem na escola um espaço de discussão e de (re)signica (re)signicação ção de suas idenidades? São muias as quesões, e a proposa é insigar, insigar, propor reexões. Somos pare da engrenagem social, e a responsabilidade de consruir espaços mais coerenes de reexão ambém é nossa. A proposa de quesionar já já é o princípio. Propor discussões e reexões será o caminho. caminho. Sensibilizar olhares e signicar imaginários, eis a grande quesão!
SAIbA MAIS Counter-Strike Counter-Strike (também abreviado por CS) é um popular jogo de computador, mais especicamente um “mod” de Half-Life para jogos online. É um jogo de tiro em primeira pessoa baseado em rodadas no qual equipas de contra-terroristas e terroristas combatem-se até a vitória. Requer muita estratégia, trabalho de equipa, e habilidade para ser um vencedor. É acessível através do Steam. O jogo inicialmente era para ser um mod para o Unreal Tournament, mas a Valve Software viu uma oportunidade no jogo e compro-o. Em 2005/2006 saiu Counter Strike Source, source porque utiliza o motor gráco Source, dando uma nova física e melhores grácos ao jogo. O Counter-Strike foi um dos responsáveis pela massicação dos jogos por rede no início do século, sendo considerado o grande responsável pela popularização das LAN houses no mundo. O jogo é considerado um “desporto “desporto electrónico”. Muitas pessoas levam-no a sério e recebem ordenados xos, existem mesmo clans prossionais, e que são patrocinados por grandes empresas como a Intel e a NVIDIA. Pelo mundo existem ligas prossionais onde o Counter-Strike Counter-Strike está presente, como o caso da CPL (que encerrou suas atividades em 2008), ESWC, ESL, WCG e WEG. No caso da ESWC funciona da seguinte forma: cada país tem as suas qualicações no qual qualquer clan pode ir a uma qualicação em uma lan house em qualquer parte do mesmo país, passando depois às melhores equipes, as melhores equipes de cada país encontram-se depois no complexo da ESWC, localizado em Paris, para disputar o lugar da melhor equipe do mundo de Counter-Strike. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Counter-Strike
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