INGLÊS
CADERNO DO PROFESSOR
ENSINO FUNDAMENTAL
A N O S
F I N A I S
Nos Cadernos do Programa Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho/CEEJA são indicados sites para o aprofundamento de conhecimentos, como fonte de consulta dos conteúdos apresentados e como referências bibliográficas. Todos esses endereços eletrônicos foram verificados. No entanto, como a internet é um meio dinâmico e sujeito a mudanças, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia Tecnologia e Inovação não garante que os sites indicados permaneçam acessíveis ou inalterados após a data de consulta impressa neste material.
A Secretaria de Desenvolvimen Desenvolvimento to Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação autoriza a reprodução do conteúdo do material de sua titularidade pelas demais secretarias do País, desde que mantida a integridade da obra e dos créditos, ressaltando que direitos autorais protegidos* deverão ser diretamente negociados com seus próprios titulares, sob pena de infração aos artigos da Lei no 9.610/98. * Constituem “direitos autorais protegidos” todas e quaisquer obras de terceiros reproduzidas neste material que não estejam em domínio público nos termos do artigo 41 da Lei de Direitos Autorais.
Inglês : caderno do professor. São Paulo: Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (SDECTI) : Secretaria da Educação (SEE), 2014. il. - - (Educação de Jovens e Adultos (EJA) : Mundo do Trabalho modalidade semipresencial, v. único) Conteúdo: v. único. Ensino Fundamental Anos Finais. ISBN: 978-85-8312-042-1 (Impresso) 978-85-8312-077-3 978-85-8312-077 -3 (Digital (Digital)) 1. Inglês – Estudo e ensino. 2. Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Ensino Fundamental Anos Finais. 3. Modalidade Semipresencial. I. Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação. II. Secretaria da Educação. III. Título. CDD: 372.5 FICHA CATALOGRÁFICA Tatiane Silva Massucato Arias – CRB-8 / 7262
Geraldo Alckmin Governador
Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnol Tecnol ogia e Inovação
Nelson Luiz Baeta Neves Filho Secretário em exercício
Maria Cristina Lopes Victorino Chefe de Gabinete
Ernesto Mascellani Neto Coordenador de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante
Secretaria da Educação
Herman Voorwald Secretário
Cleide Bauab Eid Bochixio Secretária-Adjunta
Fernando Padula Novaes Chefe de Gabinete
Maria Elizabete da Costa Coordenadora de Gestão da Educação Básica
Mertila Larcher de Moraes Diretora do Centro de Educação de Jovens e Adultos
Adriana Aparecida de Oliveira Adriana dos Santos Cunha Luiz Carlos Tozetto Virgínia Nunes de Oliveira Mendes Técnicos do Centro de Educação de Jovens e Adultos
Concepção do Programa e elaboração de conteúdos Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação Coordenação Geral do Projeto
Equipe Técnica
Ernesto Mascellani Neto
Cibele Rodrigues Silva, João Mota Jr. e Raphael Lebsa do Prado
Fundação do Desenvolvimento Administrativo – Fundap Wanderley Messias da Costa
Diretor Executivo
Maria Etelvina R. Balan, Maria Helena de Castro Lima, Paula Marcia Ciacco da Silva Dias, Rodnei Pereira, Selma Venco e Walkiria Rigolon
Márgara Raquel Cunha
Diretora de Políticas Sociais Coordenação Executiva do Projeto José Lucas Cordeiro
Coordenação Técnica Impressos: Dilma Fabri Marão Pichoneri Vídeos: Cristiane Ballerini Equipe Técnica e Pedagógica Ana Paula Alves de Lavos, Cláudia Beatriz de Castro N. Ometto,
Clélia La Laina, Elen Cristina S. K. Vaz Döppenschmitt, Emily Hozokawa Dias, Fernando Manzieri Heder, Herbert Rodrigues, Laís Schalch, Liliane Bordignon de Souza, Marcos Luis Gomes,
Autores Arte: Carolina Martins, Eloise Guazzelli, Emily Hozokawa Dias, Gisa Picosque e Lais Schalch; Ciências : Gustavo Isaac Killner, Maria Helena de Castro Lima e Rodnei Pereira; Geografia: Cláudia Beatriz de Castro N. Ometto, Clodoaldo Gomes Alencar Jr., Edinilson Quintiliano dos Santos, Liliane Bordignon de Souza e Mait Bertollo; História : Ana Paula Alves de Lavos, Fábio Luis Barbosa dos Santos e Fernando Manzieri Heder; Inglês: Clélia La Laina e Eduardo Portela; Língua Portuguesa: Claudio Bazzoni, Giulia Mendonça e Walkiria Rigolon; Matemática : Antonio José Lopes, Marcos Luis Gomes, Maria Etelvina R. Balan e Paula Marcia Ciacco da Silva Dias; Trabalho: Maria Helena de Castro Lima e Selma Venco (material adaptado e inserido nas demais disciplinas)
Gestão do processo de produção editorial Fundação Carlos Alberto Vanzolini Mauro de Mesquita Spínola
Equipe de Produção
Presidente da Diretoria Executiva
Assessoria ped agógica : Ghisleine Trigo Silveira
José Joaquim do Amaral Ferreira
Vice-Presidente da Diretoria Executiva
Editorial : Carolina Grego Donadio e Paulo Mendes Equipe Editorial: Adriana Ayami Takimoto, Airton Dantas de
Araújo, Amanda Bonuccelli Voivodic, Ana Paula Santana Gestão de Tecnologias em Educação
Bezerra, Bárbara Odria Vieira, Bruno Pontes Barrio, Camila
Direção da Área
De Pieri Fernandes, Cláudia Letícia Vendrame Santos, David
Guilherme Ary Plonski
dos Santos Silva, Jean Kleber Silva, Lucas Puntel Carrasco,
Coordenação Executiva do Projeto
Mainã Greeb Vicente, Mariana Padoan de Sá Godinho, Patrícia
Angela Sprenger e Beatriz Scavazza
Pinheiro de Sant’Ana, Tatiana Pavanelli Valsi e Thaís Nori
Gestão do Portal Luis Marcio Barbosa, Luiz Carlos Gonçalves, Sonia Akimoto e Wilder Rogério de Oliveira
Cornetta Direitos autorais e iconografia: Aparecido Francisco, Camila Terra
Hama, Fernanda Catalão Ramos, Mayara Ribeiro de Souza, Priscila Garofalo, Rita De Luca, Sandro Dominiquini Carrasco
Gestão de Comunicação
Apoio à produ ção: Bia Ferraz, Maria Regina Xavier de Brito e
Ane do Valle
Valéria Aranha
Gestão Editorial
Projeto gráfico-editorial e diagramação: R2 Editorial, Michelangelo
Denise Blanes
Russo e Casa de Ideias
CTP, Impressão e Acabamento Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
Caro(a) professor(a) É com muita satisfação que a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, apresenta o Caderno do Professor do Programa EJA – Mundo do Trabalho para os Centros Estaduais de Educação de Jovens e Adultos (CEEJAs), que atende a uma antiga demanda dos educadores e da sociedade: a de uma proposta pedagógica que reconheça as especificidades dessa modalidade de ensino. Este material tem o objetivo de estabelecer um diálogo com você, professor, visando apoiar, subsidiar e ampliar as possibilidad possibilidades es de construção do conhecimento junto aos estudantes, e auxiliar na articulação dos conteúdos propostos em cada disciplina, tendo como eixo norteador o mundo do trabalho. O intuito é colaborar na organização do processo tanto de ensino quanto de aprendizagem, ajudando a contextualizar as temáticas propostas. Os apontamentos, as indicações e as orientações gerais aqui apresentados pretendem fomentar seu trabalho de orientação dos estudantes e de planejamento e realização das oficinas, podendo ser aprimorados e complementados. Desejamos que este Caderno do Professor contribua com seu trabalho!
Secretaria da Educação Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação
SUMÁRIO
Apresentação
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A escolarização de jovens e adultos no Brasil e no Estado de São Paulo Princípios e concepções do Programa
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O mundo do trabalho como eixo integrador Levantamento de conhecimentos prévios Problematização e contextualização Orientação de estudos na Educação de Jovens e Adultos Por que aprender a ler textos longos e difíceis?
Conhecendo o Caderno do Professor
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Conhecendo o Caderno do Estudante
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Os vídeos do Programa Inglês
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Guidelines
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Volume 1
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Volume 2
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Volume 3
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Volume 4
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APRESENTAÇÃO Este Caderno do Professor compõe os materiais didáticos do Programa Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho, produzidos especialmente para os Centros Estaduais de Educação de Jovens e Adultos (CEEJAs). Além dele, você está recebendo os materiais destinados aos estudantes: os quatro Volumes do Caderno do Estudante, os vídeos que complementam e problematizam os conteúdos abordados nos Cadernos e, também, os dois vídeos de Orientação de estudo. Esses materiais foram elaborados para atender a uma justa e antiga reivindicação de professores, estudantes e sociedade em geral: poder contar com materiais de apoio específicos para os estudos desse segmento. Afinal, você que atua nessa modalidade de ensino sabe que estudar na idade adulta demanda maior esforço, dado o acúmulo de responsabilidades (trabalho, família, atividades domésticas etc.), e que o ato de estar diariamente em uma escola é, muitas vezes, um obstáculo para a retomada dos estudos, sobretudo devido à dificuldade de se conciliar estudo e trabalho. Nesse contexto, os CEEJAs têm se constituído em uma alternativa para garantir o direito à educação aos que não conseguem frequentar regularmente a escola, tendo, assim, a opção de realizar um curso com presença flexível. No entanto, propor um material didático para esse contexto é um desafio. Por isso, buscou-se estabelecer uma maior interlocução com os estudantes, favorecendo um diálogo mais claro e acessível, a fim de provocá-los e, ao mesmo tempo, estimulá-los a estudar, sem banalizar os conteúdos desenvolvidos. Além disso, procurou-se favorecer um ensino emancipador, um dos principais objetivos do Programa. Para tanto, considerou-s considerou-see necessário ampliar significativamente o grau de autonomia dos estudantes, de modo a contribuir com a formação de sujeitos críticos que leiam o mundo e nele ajam, transformando-o, como apontava Paulo Freire em Pedagogia do oprimido (1970). Assim, para facilitar os momentos de estudo, os Cadernos são consumíveis, o que permitirá aos estudantes ter espaço para realização da maior parte das atividades – e também possibilitará a você um maior acompanhamento do percurso de aprendizagem de cada estudante. Os Cadernos foram organizados em Unidades, cada uma delas dividida em diferentes Temas. Foram também criadas seções para favorecer o autoestudo e, ao mesmo tempo, possibilitar a concretização dos princípios pedagógicos defendidos pelo Programa, como levantamento de conhecimentos prévios, contextualização, problematização e desenvolvimento de procedimentos de estudo, entre outros. Além disso, para ajudar os estudantes a compreender melhor alguns dos assuntos tratados nos Cadernos das diferentes disciplinas, todos os Volumes contam com vídeos produzidos especialmente para o Programa, que explicam, exemplificam e ampliam os conteúdos tratados no material impresso, sendo um importante recurso didático. Este Caderno do Professor, por sua vez, foi planejado com o intuito de apoiar a organização do seu trabalho pedagógico no CEEJA. As orientações propostas visam contemplar os momentos em que os estudantes procuram o CEEJA para esclarecer dúvidas ou participar de atividades programadas. Aqui, você encontrará orientações e sugestões específicas para cada um dos Volumes 9
do Caderno do Estudante, organizadas nas seguintes seções: Oficinas , Ativi Atividades dades compl complemen ementares tares , Roteiros para exploração dos vídeos do Programa e Recursos para ampliar a compreensão dos temas . Além disso, é importante que você conheça os objetivos e os conteúdos desenvolvidos nos Cadernos do Estudante, bem como o teor dos vídeos que os acompanham, de modo a melhor planejar sua atuação. O Programa EJA – Mundo do Trabalho conta ainda com um site exclusivo, que você poderá visitar sempre que desejar: . . Nele, além de informações sobre o Programa, você acessa os Cadernos do Estudante, os Cadernos do Professor e os vídeos de todas as disciplinas do Ensino Fundamental – Anos Finais, ao clicar na aba Conteúdo CEEJA. Lá também estão disponíveis os vídeos de Trabalho, que abordam temas bastante significativos para jovens e adultos; para encontrá-los, basta clicar na aba Conteúdo EJA. No site, você tem acesso ainda à Sala dos Professores, um espaço virtual no qual pode postar comentários e dúvidas, além de compartilhar suas experiências com outros docentes desse segmento. Bom trabalho!
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A escolarização de jov j ovens ens e adultos no Brasil e no Estado de São Paulo Os dados relativos à escolarização no Brasil e no Estado de São Paulo mostram que ainda há muito por avançar no tocante à Educação de Jovens e Adultos (EJA). As Pesquisas nacionais por amostra a mostra de domicíli do micílioo (PNAD, 1997, 2011, 2012) apontam que a taxa de analfabetismo entre pessoas de 15 anos ou mais no Brasil diminuiu entre 1997 e 2011 (de 14,7% para 8,4%, respectivamente). No entanto, em 2012, essa taxa subiu para 8,5%, indicando um aumento de 300 mil novos analfabetos em relação à pesquisa de 2011. No que diz respeito ao Estado de São Paulo, dados da PNAD 2012 – compilados pela Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional e veiculados pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) – indicam que 3,81% da população com 15 anos ou mais ainda está em condições de analfabetismo, embora esse porcentual tenha sido reduzido em relação a 2007, quando a taxa encontrava-se em 4,61%. Em relação aos anos de escolaridade, 34,83% da população com 25 anos ou mais tem no máximo oito anos de estudo, e apenas 69,50% da população de 18 a 24 anos concluiu o Ensino Médio. Por que isso acontece? Antes de se abordar diretamente a questão da Educação, é importante falar da formação social do Brasil e de seus desdobramentos na construção de uma desigualdade social profunda. A síntese descrita por Gilberto Freyre em Casa-grande e senzala (1933) ilustra parcialmente a relação de subordinação que esteve presente em nossa história – posto que o autor acreditava haver uma relação afetiva entre senhor e escravo. A dimensão da escravidão é um elemento diferencial entre os povos e carrega, ao longo de sua história, desdobramentos que provocam diferenciações entre os iguais. Os dados do Censo nacional de 1890, por exemplo, apontavam que 82,63% da população com mais de 5 anos era analfabeta e, em 1950, essa taxa ainda era de 57,2% (Paiva, 1990). Professor, esse é um ponto de partida que auxilia a compreender as razões da ausência de escolarização para grande parte da população. Na história mais recente, tal aspecto é combatido legalmente, garantindo-se o acesso à educação, embora a dívida educacional seja ainda expressiva quando se identifica o número de jovens e adultos com baixa escolaridade. Partindo dessa compreensão, é possível apoiar-se em Álvaro Vieira Pinto (1983), que afirma ser equivocado considerar os estudantes jovens e adultos como pessoas sem capacidade, desinteressados, maldotados ou preguiçosos, marginalizando-os cada vez mais. Ao contrário, é preciso reconhecer esses estudantes como seres produtores e portadores de ideias e conhecimentos valiosos. É fundamental, portanto, compreender que a EJA é, sobretudo, um resgate da dívida social que se tem com os excluídos do direito de estudar na idade adequada. Trata-se de um direito universal de todos os cidadãos brasileiros, assegurado pela Constituição Federal de 1988: Art. 208. O dever do Estado E stado com a educação educaç ão será efetivado mediante m ediante a garantia de: I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria. 11
No entanto, ainda antes da consolidação da Constituição Federal de 1988, nos anos 1970, com a Lei federal n o 5.692/71, que instituiu o Ensino Supletivo no País, a possibilidade de um trabalho mais específico passou a ser desenhada para o público da EJA. Foi naquele momento histórico que se consolidou a criação dos Centros de Estudos Supletivos, ou Centros de Educação Supletiva, também denominados Núcleos Avançados de Estudos Supletivos. O Estado de São Paulo optou pela denominação Centro Estadual de Educação Supletiva (CEES). Contudo, segundo Rita de Cássia Morete (2010), naquele período, pela demanda da mesma lei, enquanto o número de salas do Ensino Fundamental era ampliado, contraditoriamente, o ensino de adultos era reduzido drasticamente no que dizia respeito ao atendimento à demanda, uma vez que o ensino para o público da EJA poderia ser organizado de diversas formas e em diferentes modalidades. Assim, na tentativa de atender as necessidades e expectativas de um público que, por vezes, tem pressa – porque não obter a certificação de escolaridade em um curto período pode significar, para um trabalhador, a demissão ou, se desempregado, a dificuldade de concorrer a determinada vaga –, entre 1971 e 1976 ofereceram-se diversas modalidades a esse público, criando-se, inclusive, o Serviço de Ensino Supletivo em 1976. No que diz respeito ao Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos (CEEJA), o projeto de implementação aconteceu também em 1976, sendo que as atividades iniciaram-se apenas em 1981, nas dependências do Centro Estadual de Educação Supletiva Dona Clara Mantelli, no município de São Paulo (Morete, 2010). Nesses cinco anos – do estabelecimento do convênio entre o Ministério da Educação e Cultura e a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo ao início do funcionamento –, organizou-se a infraestrutura e preparou-se a equipe profissional a fim de elaborar novas propostas curriculares e material didático autoinstrucional que atendessem às perspectivas e aos desafios da EJA, proporcionando possibilidades de rompimento com uma escola tradicional. Na reorganização do sistema educativo, conferida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei federal n o 9.394/96), a Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de ensino “destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental e Médio na idade própria” (art. 37). Ainda segundo a LDB, em seu artigo 37, parágrafo primeiro: Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos que não puderam efetuar os estudos na idade regular oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
A LDB garante, portanto, uma modalidade de estudo organizada de forma modular, semipresencial e individualizada, tal como a proposta dos CEEJAs, uma vez que, em sua maioria, os estudantes que frequentam essa modalidade de ensino são de uma realidade diferenciada da dos estudantes que se mantiveram no ensino regular. Um dos elementos mais fortes de diferenciação é o fato de estarem inseridos de alguma maneira no mundo do trabalho – e, para grande parte deles, essa é a questão central que os pressiona e os desafia por diversas razões, das quais a mais objetiva é a sobrevivência, ainda que não seja a única: persistência por uma vida melhor e valorização da vida também perpassam a trajetória de cada estudante. 12
Em outras palavras, concebe-se neste Programa uma modalidade de ensino pautada no diálogo reflexivo e crítico, pelo respeito e pela valorização da cultura dos estudantes, assim como pelo reconhecimento deles como pessoas com capacidade intelectual e direito à educação formal. Compreende-se, portanto, que cada estudante é sujeito de seu processo de aprendizagem. Nos momentos presenciais, será necessário dialogar com os estudantes e favorecer as condições necessárias para que eles possam construir o conhecimento de forma analítica e sistematizad sistematizada. a. A consolidação dessa modalidade de ensino proporcionou, ao trabalhador que não dispõe de tempo para frequentar a escola regular, a oportunidade de concluir os estudos nas etapas do Ensino Fundamental e Médio em qualquer época do ano. Com a Resolução SE n o 3/2010, foram estabelecidas normas para a organização dos cursos de EJA, confirmadas, posteriormente, pela nova LDB (2013). Os CEEJAs deveriam, a partir de então, adotar materiais didáticos que atendessem às Propostas Curriculares dos cursos de Ensino Fundamental e Médio da rede pública regular do Estado de São Paulo, garantindo o desenvolvimento efetivo do currículo oficial. É nesse contexto, e tendo em vista a necessidade de oferecer material didático-pedagógico específico para os CEEJAs, que a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, estão oferecendo o Programa EJA – Mundo do Trabalho. Os Cadernos do Estudante, os Cadernos do Professor e os vídeos foram produzidos a partir de uma concepção que leva em conta os interesses e as necessidades dos estudantes trabalhadores. Tal premissa se concretiza tanto pela seleção de temas relevantes para a formação desses jovens e adultos quanto pela organização dos conteúdos, pautada em uma ação permanente de levantamento de conhecimentos prévios, problematização e contextualização da realidade. Assim como para outros segmentos da Educação, é essencial saber quem são esses estudantes, como vivem e quais seus conhecimentos, para que o planejamento possa considerar interesses e vivência, e para que eles próprios se conheçam e se reconheçam, construindo sua identidade individual e de grupo. No caso do CEEJA, esse mapeamento é necessário para que os estudantes possam identificar as próprias experiências e conhecimentos prévios, uma vez que o estudo deverá ser autoinstrutivo, estabelecendo estratégias de confronto entre os conhecon hecimentos já construídos e os novos, que farão mais sentido quando articulados ao cotidiano dos jovens e adultos. Acredita-se, portanto, que este Programa possa contribuir para que os estudantes jovens e adultos valorizem e reexaminem sua vivência e seu olhar sobre a realidade, e também compartilhem sua cultura e origem, com abertura para romper preconceitos.
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Princípios e conce concepções pções do Programa O mundo do trabalho como eixo integrador É pelo trabalho, sobretudo, que os indivíduos se afirmam como sujeitos, contrapondo e tentando romper e enfrentar certa realidade, modificando, assim, o mundo e a si mesmos. Ao produzirem algo, os trabalhadores mudam não só a natureza sobre a qual atuam, mas também a própria maneira de vivenciar a realidade e percebê-la. É por esses motivos que, sem negar a dinâmica das diversas áreas de conhecimento, mas procurando não encerrá-las em gavetas separadas, este Programa propõe o “mundo do trabalho” como eixo integrador dos conteúdos, a fim de facilitar a compreensão dos temas desenvolvidos e favorecer uma visão não estanque entre os conteúdos e a vida de cada estudante, como possibilidade de motivação e articulação que provoca novas relações entre diferentes dimensões e conhecimentos. Nessa direção, o currículo do Programa, proposto originalmente para utilização na EJA presencial, conta inclusive com a disciplina Trabalho. Essa opção foi feita com o intuito de estreitar o diálogo entre Educação e trabalho, não em uma perspectiva pragmática e utilitarista, mas reflexiva e crítica. O objetivo central dessa escolha foi o de considerar as expectativas e os interesses de jovens em busca do primeiro emprego ou de adultos que desejam encontrar ou manter seu posto de trabalho ou procuram uma nova recolocação profissional. Para tanto, os materiais abordam temas como direitos relacionados ao trabalho, previdência social, tecnologia e trabalho, inserção da mulher no mercado de trabalho, trabalho por conta própria, saúde e trabalho, assédio moral, sindicalismos e estratégias relativas à busca de um emprego, entre outras temáticas de extrema significância para se entender as transformações no mundo do trabalho e que permeiam o cotidiano dos estudantes da EJA. Assim, embora a grade curricular para os CEEJAs não contemple tal disciplina, o conteúdo foi desenvolvido de forma interdisciplinar, considerando-se os vínculos e as convergências com os demais campos do conhecimento. Alguns temas, bem como a indicação de vídeos sobre trabalho, foram incluídos nas disciplinas que compõem o currículo dos CEEJAs. Além disso, os Cadernos e vídeos produzidos para a EJA presencial podem ser acessados na íntegra pelo site do Programa. A sugestão é que essas temáticas possam ser desenvolvidas, por exemplo, em oficinas ministradas por professores de diferentes disciplinas, o que pode motivar os estudantes a frequentarem o CEEJA mais assiduamente.
Levantamento de conhecimentos prévios Na vida cotidiana, as pessoas utilizam o que sabem no momento de construir novas aprendizagens, ou seja, acionam sempre os conhecimentos prévios para avançar. No caso dos estudantes dos CEEJAs – que não contam com sua intervenção direta, professor –, é necessário que eles se certifiquem de que, muitas vezes, já possuem alguns conhecimentos acerca do que vão estudar e, portanto, não estão partindo do zero, pois assim podem se sentir inclusive mais seguros nos momentos do estudo. 14
Para você, professor, o acesso a esse universo permite orientar e ajustar adequadamente sua intervenção pedagógica, tanto no que diz respeito à seleção de conteúdos e atividades como à proposição de grupos de trabalho em que os estudantes possam também aprender uns com os outros – quando se realiza uma oficina no CEEJA ou mesmo nos momentos em que os estudantes o procuram para sanar dúvidas. Conhecer o que eles já sabem antes de se propor uma atividade complementar propiciará boas situações de aprendizagem para que os estudantes avancem. Os estudantes da EJA, de modo geral, desconhecem o quanto já sabem, em razão dos inúmeros percalços vividos nas trajetórias escolar e pessoal; por isso, é fundamental legitimar os saberes, as experiências e os conhecimentos construídos pelos estudantes jovens e adultos ao longo da vida. A legitimação dos conhecimentos ocorre na medida em que são considerados, respeitados respeitados e valorizados em sala de aula, de forma intencional e sistemática. Por isso a importância da seção O que você já sabe? , que inicia cada um dos Temas do Caderno do Estudante.
Problematização e conte contextualização xtualização A problematização e a contextualização são princípios essenciais de todo e qualquer processo de ensino e aprendizagem. Pelo fato de os estudantes dos CEEJAs não poderem contar com seu apoio direto, professor, faz-se ainda mais necessário que o próprio material procure favorecer a construção de novos sentidos e motivar esses estudantes. Por esse motivo, o material produzido busca dialogar com a realidade e as necessidades desses jovens e adultos, para que eles se percebam como sujeitos autônomos nesse processo, estabelecendo relações entre a vida cotidiana e o que estão estudando. A problematização dos conteúdos tem papel fundamental na relação entre teoria e prática, bem como no diálogo com a visão de mundo e com os interesses dos estudantes. O cotidiano, muitas vezes percebido apenas como recurso para ilustrar uma informação, é objeto de estudo fundamental, porque somente com base em uma reflexão sobre a realidade é possível transformá-la. A contextualização, por sua vez, tem relação direta com a problematização, visto não ser possível problematizar nenhum conteúdo sem que ele seja contextualizado. O tratamento contextualizado do conhecimento é um recurso pedagógico necessário para que os estudantes possam ter um papel verdadeiramente ativo em seu processo de aprendizagem. Professor, sempre que possível, tanto nas oficinas como nos encontros presenciais, procure propiciar momentos específicos nos quais os estudantes possam expressar conhecimentos, opiniões, dúvidas e experiências, de modo que a problematização e a contextualização realizadas por você possam fomentar o interesse dos estudantes. Nessa perspectiva, é importante que eles se sintam acolhidos e à vontade nos momentos em que forem ao CEEJA, para que percebam que, no espaço escolar, eles têm vez e voz, e que são reconhecidos como cidadãos plenos.
Orientação de estudos na Educação de Jov Jovens ens e Adultos O Programa EJA – Mundo do Trabalho tem por objetivo não somente possibilitar aos estudantes a conclusão do Ensino Fundamental – Anos Finais, mas também favorecer a continuidade da sua trajetória de formação na escola e fora dela. Assegurar o direito à educação é também garantir condições para que os jovens e adultos dos CEEJAs se apropriem de 15
instrumentos essenciais para a construção de conhecimentos que ampliem seu grau de autonomia. Essas aprendizagens que envolvem o ato de estudar são importantes nessa direção. Para tanto, é fundamental ao processo educativo levar em conta as especificidades dos estudantes dessa modalidade de ensino, conhecendo e considerando a trajetória de vida desses jovens e adultos – e compreendendo-as no contexto de desigualdades que marca a formação social do Brasil. Compreender esse histórico, e suas repercussões ao longo do processo de ensino e aprendizagem, permite a você encontrar saídas para um desafio. Se, por um lado, cabe a você auxiliar na sedimentação da autonomia dos estudantes, por meio da construção de conhecimentos, por outro, é preciso considerar que esses jovens e adultos não tiveram oportunidade de se apropriar de diferentes estratégias e procedimentos de estudo, também cabendo a você, então, criar as condições para que isso se torne possível. Para auxiliá-lo nessa tarefa, o material produzido para os estudantes dos CEEJAs optou por garantir momentos específicos em todas as disciplinas para a realização de ações que envolvam o ato de estudar, que contribuirão também para a vida profissional desses jovens e adultos. Nos Cadernos do Estudante, a seção Orientação de estudo busca ajudar os estudantes a se apropriarem do ato de estudar, por meio da exploração de diferentes procedimentos: identificar a ideia central de um texto; grifar aspectos mais relevantes em função dos objetivos de leitura; produzir anotações com base nas leituras; organizar esquemas, resumos, fichamentos; realizar pesquisas na biblioteca e na internet etc. Vale salientar, ainda, que se incentiva neste material a prática de registros (ver Mills, 2009) que ajudem na organização e seleção de informações, tais como a produção de relatórios, comentários e fichamentos, para que os estudantes historiem e compartilhem suas novas aprendizagens. Foram também produzidos dois vídeos específicos sobre a importância do ato de estudar. Esses vídeos enfocam a relevância de se desenvolver o hábito de estudo, mostrando aos estudantes que estudar também se aprende, e contemplam alguns procedimentos de estudo propostos no Caderno do Estudante, como grifo, anotação, resumo, esquema e listas, entre outros. Sugere-se que esses vídeos sejam utilizados até mesmo em oficinas interdisciplinares, com foco, por exemplo, no desenvolvimento de pesquisas. Além desses recursos comuns a todas as disciplinas – e considerando que os procedimentos de estudo se ancoram na leitura e na escrita –, há uma Unidade específica sobre o tema “estudar também se aprende” no Caderno do Estudante de Língua Portuguesa – Volume 2, como também o vídeo Estudar: como se aprende? . Esses podem ser materiais de apoio para o seu trabalho, professor, principalmente durante as oficinas realizadas. Dessa forma, ao mesmo tempo em que os estudantes se apropriam dos conteúdos de diferentes campos do conhecimento, eles poderão desenvolver maior grau de autonomia em relação ao estudo.
Por que aprender a ler textos longos e difíceis? Muitas vezes, com a intenção de facilitar o processo de aprendizagem, acredita-se que simplificar os textos a serem lidos pelos estudantes, a fim de torná-los menos complexos e/ou mais curtos, é a melhor alternativa para que aprendam. Contudo, é preciso questionar o efeito de tal opção: oferecer aos estudantes da EJA apenas textos curtos e simples os preparará para 16