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Este livro é dirigido principalmente a estudantes de pós-graduação nas áreas de Engenharia de Materiais Poliméricos e Engenharia Química. Nos primeiros capítulos são apresentados os fundamentos científicos
fundidos. Nos capítulos
1 da reologia de polímeros
1 intermediários são ,descritas as principais
lógica:
técnicas de medidas das qopriedad
:sses m a t e r i a i s . d m e n t e , n o s IÚltiinois
, são mostradas I
b i i c a ç õ e s tec-
esta c i ê n c i a .
Oswaldo Baptista Duarte Filho Reitor Maria Stella Coutinho de Alcântara Gil Vice-Reitora Oswaldo Mario Serra Truzzi Diretor da Editora da UFSCar
-
EdUFSCar Editora da Universidade Federal de São Carlos Conselho Editorial João Carlos Massarolo José Mindlin José Roberto Gonçalves da Silva Lucy Tornoko Akashi Maria Luisa Guillaumon Emmel Marly de Almeida Gomes Vianna Maurizio Ferrante Modesto Carvalhosa Paulo Sérgio Machado Botelho Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva Oswaldo Mário Serra Truui (Presidente) Maria Cristina Priore Secretária Executiva
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÁO CARLOS Editora da Universidade Federal de São Carlos Via Washington Luís, km 235 13565-905 - São Carlos, SP, Brasil Telefax (OXX16) 3351-8137 http://www.editora.ufscar.br e-rnail:
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Rosario Marcos
Ed São
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Para essa igualdade ser satisfeita, sendo o volume V arbitrário, o integrando deve ser igual a zero. Então,
A Equação (1.28) é chamada de equação da conservação da massa, também conhecida como equação da continuidade. Considerando um sistema de coordenadas retangulares ou cartesianas, a Equação (1.28) fica da seguinte forma:
em que vx,vye vZsão as componentes do vetor velocidade nas direções x, y e z, respectivamente. Em coordenadas cilíndricas, a Equação (1.28) fica da seguinte forma:
Pelo fato de polímeros fundidos serem fluidos de alto peso molecular, eles podem ser considerados, na maioria dos casos, como fluidos incompressíveis. Portanto, a Equação (1.31) é a mais utilizada em simulações de processamento de polímeros.
1.6.2 Equação da conservação da quantidade de movimento
O princípio da conservação da quantidade de movimento estabelece que a taxa de variação da quantidade de movimento de um fluido dentro de um volume fixo e arbitrário V será igual à soma do fluxo de quantidade de movimento através da superfície de contorno A mais as forças externas atuando no fluido. O fluxo de quantidade d e movimento pode ocorrer em razão d o escoamento d o fluido como um todo, de seus movimentos moleculares e das interações d o mesmo com as outras partes do fluido. Então, aplicando o princípio da conservação da quantidade de movimento para um fluido dentro de um volume V de área superficial A (Figura 1.15), tem-se que [10]:
em que vr,v, evz são as componentes do vetor velocidade nas direções r, 8 e z, respectivamente. Se o fluido for incompressível, ou seja, se sua densidade for constante, então a Equação (1.28) é simplificada e pode ser expressa como:
ou em coordenadas cartesianas,
-
em que
n é o tensor tensão total e &,o vetor aceleração da gravidade.
O termo do lado esquerdo da Equação (1.33) representa a taxa de variação da quantidade de movimento com o tempo no volume V. O primeiro termo do lado direito dessa equação expressa o transporte de quantidade de movimento através da superfície A, em razão do escoamento do fluido como um todo, também chamado de fluxo convectivo. O segundo termo representa o transporte de quantidade de movimento associado aos movimentos moleculares e as suas interações com - as outras partes d o fluido, representada pelo tensor tensão total O
n.
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último termo do lado direito da Equação (1.33) representa a força externa aplicada, no caso, a força da gravidade E.
Utilizando os mesmos argumentos para a dedução da equação da conservação da massa, tem-se:
É usual expressar a Equação (1.38) utilizando a derivada substan-
+ ;v.
tiva D / D ~ = (d/&)
Dessa forma, obtém-se:
A Equação (1.34) é conhecida como equação da conservação da quantidade de movimento, também conhecida como equação do
movimento de Cauchy.
-
Pode-se dividir o tensor tensão total
n em duas partes:
Observe que a Equação (1.38) é uma equação vetorial; portanto, quando essa é desenvolvida em um dado sistema de coordenadas, ela produzirá uma equação para cada direção. Assim, para um sistema de coordenadas cartesianas, tem-se, para a direção x:
em que 5 é o tensor tensão "viscoso" ou, simplesmente, tensor tensão, associado às propriedades reológicas do fluido (ver definição na Seção 1.5); P é apressão hidrostática ou termodinâmica,a qual é um escalar; e 6 é o tensor unitário ou tensor identidade, expresso por: Para a direção y,
-P+',,
n..= '1
[ 1';
'12
-P
E, para a direção z,
+ T,, '32
-P
+ z3,
Substituindo a Equação (1.37) na equação da conservação da quantidade de movimento (Equação 1.34), tem-se:
46
47
Considerando, agora, um sistema de coordenadas cilíndricas (r, O, z), tem-se, para a direção r:
Equações 1.22 e 1.23) é conhecida como eyuação reológica de estado ou
equqáo constitutiva do material. Essas relações entre tensão e taxas de deformação são as q finem reologicamente um material; logo, podem apresentar diferentes formas de acordo com o tipo de material. Por exemplo, um determinado fluido pode ter a relação entre tensão e taxa de deformação igual a uma constante, independentemente da deformação e do tempo. Esse tipo de fluido é chamado de Newtoniano ou com comportamento
Para a direção O,
Newtoniano. Os polímeros fundidos, em sua grande maioria, apresentam variação nessa relação, sendo ela dependente tanto da intensidade e do tipo de deformação como do tempo; essas relações ainda são dependentes da história termo-mecânica do material, ou seja, das deformações sofridas anteriormente por ele. Então, torna-se necessário obter experimentalmente ou por modelagem essas equações constitutivas, a
Para a direção z,
fim de obter o perfil de velocidades e pressões de um dado polímero sob dadas condições. Logo, para cada polímero, representado por relações do tipo p = p(T,P) e 7 = 7 (V;), haverá uma solução diferente das equações de conservação de massa e quantidade de movimento, ou seja, valores diferentes de C e VP serão obtidos. Mais adiante, alguns exemplos dessas equações constitutivas serão mostrados.
Logo, para se obter o perfil de velocidades, de tensões e de pres-
1.6.3 Equação da conservação da energia
sões durante o fluxo isotérmico de um dado material em uma dada geometria, ou seja, para obter V,7 e VP, deve-se resolver simultaneamente
Para obter a equação da conservação da energia ou simplesmente
as equações da conservação da massa (Equação 1.28) e da quantidade
equação da energia, deve-se aplicar o mesmo princípio de conservação
de movimento (Equação 1.38). Nessas equações, a densidade é repre-
utilizado para obter as equações da conservação da massa e conservação
sentada por uma equação de estado p(T,P), que varia de acordo com o
da quantidade de movimento. O princípio da conservação da energia
material. Da mesma forma, o tensor tensão 7 está relacionado a certas
estabelece que a taxa de aumento de energia de um elemento de fluido
propriedades do escoamento, como o próprio gradiente de velocidades, e também varia de acordo com o tipo de material. Arelação funcional
de volume fixo e arbitrário V é igual à soma das taxas de aumento dc energia, em razão do transporte convectivo, do transporte molecular
entre o tensor tensão e o vetor velocidade (ou taxas de deformação,
48
49
e do trabalho exercido no sistema pelo transporte molecular e pelas forças externas.Matematicamente, tem-se que:
O termo do lado esquerdo da Equação (1.42) expressa a taxa de aumento de energia do fluido, em que pE é a energia total por unidade de volume. No lado direito da Equação (1.42), o primeiro termo expressa a taxa de transporte convectivo de energia e o segundo termo, a taxa de transporte molecular, em que ij é o vetor fluxo de calor. O terceiro e o quarto termos correspondem, respectivamente, à taxa de trabalho exercida no sistema por transporte molecular e por forças externas. A energia total por unidade de volume pE corresponde à soma das energias internas e cinéticas agindo no volume V. Assim,
em que U é a energia interna por unidade de massa e (112) v2 = (112) V 1 é a energia cinética por unidade de massa. Substituindo a Equação (1.43) em (1.42), lembrando que o volume V é fixo e aplicando o Teorema da Divergência de Gauss nas integrais de superfície, obtém-se a seguinte equação:
-5v (õ.q)d~+ 5 [O (n Y)] v
50
(1.44)
dA
+ @E . Y ) ~ V v
Como o volume V é arbitrário, o integrando - na Equação (1.45) deve ser igual a zero. Lembrando que = - ~ +67 (Equação 1.35), obtém-se a equação da conservação da energia total:
n
O primeiro e o segundo termos do lado esquerdo da Equação (1.46) representam a taxa de ganho de energia por unidade de volume e a taxa de adição de energia por unidade de volume por convecção, respectivamente. No lado direito da Equação (1.46), o primeiro termo representa a taxa de adição de energia por unidade de volume por condução, o segundo termo mostra a taxa de trabalho exercida no fluido por unidade de volume devido à pressão, o terceiro termo mostra a taxa de trabalho exercida no fluido por unidade de volume devido às forças viscosas e o quarto termo representa a taxa de trabalho exercida no fluido, por unidade de volume, pelas forças de campo (gravitacionais). Pode-se separar da Equação (1.46) as energias cinéticas e internas por meio da equação da conservação da energia cinética, a qual é obtida a partir da equação da conservação da quantidade de movimento (Equação 1.38), multiplicando essa equação pelo vetor velocidade V, obtendo a seguinte equação:
51
e[O.?] + p&.Y
(1.47)
Subtraindo a Equação (1.46) da Equação (1.47), obtém-se a equação da conservação da energia interna ou equação da conservação
da energia térmica, expressa por:
a
-(pu) + - [ V . p ~ = ~ -] (V.g) - P (O.?) + (7 :O?) at
O primeiro e o segundo termos do lado esquerdo da' Equação (1.48) representam a taxa de ganho de energia interna por unidade de
A forma mais conveniente (e conhecida) de expressar a equação da energia é em função da temperatura. Essa equação pode ser obtida aplicando a relação termodinâmica:
L caril
dH=C,dT+ V-T - dP em que T é a temperatura e Cp,O calor específico a pressão constante. Substituindo a relação anterior na Equação (1.51), obtém-se:
volume e a taxa de adição de energia interna por convecção, respectivamente. O segundo e o terceiro termos do lado direito da equação representam a taxa de aumento de energia interna reversível por unidade de volume por compressão e a taxa de aumento de energia interna irreversível por unidade de volume por dissipação viscosa. A Equação (1.48) também pode ser expressa em termos da derivada substantiva,
No caso de fluidos incompressíveis, (a ln p/d ln T)p= O. Então, a Equação (1.53) pode ser simplificada para:
obtendo-se, então:
Em coordenadas cartesianas, a Equação (1.54) pode ser escrita
A energia interna por unidade de massa U pode ser relacionada i entalpia por unidade de massa H pela seguinte relação termodinâmi-
como:
ca:
Substituindo a Equação (1.50) na Equação (1.49), obtém-se:
52
53
e, em coordenadas cilíndricas,
1.7.1 Fluido Newtoniano (puramente viscoso)
A equação constitutiva mais simples para líquidos puramente viscosos é aquela em que o tensor tensão é proporcional à taxa de cisalhamento, ou seja,
A constante de proporcionalidade p Para solucionar a equação da energia, deve-se utilizar uma equação que relacione o vetor fluxo de calor tj com a temperatura, ou seja, determinar uma equação constitutiva para o vetor fluxo de calor. Uma dessas equações é a Lei de Fourier, que estabelece que o vetor fluxo de calor é proporcional ao gradiente de temperatura, ou seja:
é chamada de viscosidade
Newtoniana ou simplesmente viscosidade. Esse parâmetro representa
a resistência ao fluxo ou ao escoamento do material. Quanto maior a viscosidade de um material, maior será a sua resistência ao escoamento. Fluidos que durante o escoamento obedecem à equação constitutiva (1.57), ou seja, possuem viscosidade constante, são chamados de fluidos Newtonianos. Esses materiais apresentam a mesma resistência
ao fluxo, independentemente das tensões ou deformações aplicadas. Líquidos de baixo peso molecular como a água e os gases são fluidos em que k é a condutividade térmica do material ou polímero. O sinal
Newtonianos. No sistema internacional de unidades (SI),a viscosidade
negativo na Equação (1.56) indica que o calor irá fluir sempre da região
possui unidades de Pa.s. A viscosidade da água a 2S°C e pressão atmos-
de temperatura mais alta para a região de temperatura mais baixa.
férica é de 9,l x 10-5Pa.s. Polímeros fundidos e em solução apresentam um comportamento reológico que não obedece à Equação (1.57) e, por
1.7 Equações Reológicas de Estado ou Equações Constitutivas Como explicado anteriormente, as relaqões entre o tensor tensão e as taxas de deformaqão são chamadas de equações reológicas de estado ou equações constitutivas do material. Para uma ampla classe
de materiais, entre os quais estão os polímeros fundidos, as componentes de rijdependem somente das componentes de y, (ou de yiJ. A seguir, serão apresentados exemplos de algumas das equações constitutivas de polímeros fundidos mais comumente utilizadas.
54
isso, são chamados de fluidos não-Newtonianos. Porém, em algumas condições específicas, como será apresentado adiante, eles podem apresentar comportamento Newtoniano.
A Equação (1.57) também expressa uma característica importante dos fluidos (ou líquidos) puramente viscosos que é o fato de, ao aplicar uma tensão, o fluido se deformar continuamente a uma determinada taxa
dyij/dt. Já os materiais sólidos, pelo contrário, deformam-se a
uma dada deformação yij ao ser aplicada uma tensão rij.Essas características serão exploradas mais adiante ao abordar as equações constitutivas de fluidos viscoelásticos.
é possível observar que, em alguns processos de transformação de po-
1.7.2 Fluidos não-Newtonianos (viscosos)
límeros, como moldagem por compressão e calandragem, as taxas de
Na Introdução desse livro, foi ressaltado que os polímeros fün-
cisalhamento impostas são baixas, enquanto em outros, como extmsão
didos possuem características viscoelásticas, ou seja, apresentam com-
e moldagem por injeção, essas taxas são altas. Assim, dependendo da
portamento reológico tanto de sólidos elásticos como de líquidos vis-
magnitude dessa taxa no processo, o polímero poderá ter um compor-
cosos. No entanto, em muitas situações durante o processamento de
tamento Newtoniano ou não-Newtoniano.
polímeros, suas características viscosas são predominantes e os efeitos de elasticidade na solução do campo de escoamento (obtenção de
VP
V,
Newtoniano
e VT) podem ser desprezados. Dessa forma, é usual em muitos
casos utilizar equações constitutivas simplificadas que descrevam apenas o comportamento viscoso do polímero, como é feito, por exemplo, em cálculos analíticos do fluxo de polímeros fundidos em parafusos de extrusão (ver a Seção 7.2). Algumas dessas equações constitutivas são apresentadas a seguir. COMP
1.7.2.1 Fluido da Lei das Potências I
Experimentalmente, é observado que a maioria dos polímeros
-
taxas de cisalhamento a ele impostas são muito baixas, ou seja, quan-
(Figura 1.16). A taxas de cisalhamento intermediárias, a relação entre T$ e jijnão é uma constante; essa relação é chamada de viscosidade não-
Newtoniana ~ ( j ou ) simplesmente q. Quando jij+ O, a viscosidade é chamada de viscosidade a taxa de cisalhamento zero ou qo;quando
I02
Io3
r\, I o4
Log $(S.') Figura 1.16 Curva típica de viscosidade versus taxa de cisaihamento para um poiímero fundido a uma dada temperatura. COMP, CAL, EXT, INJ correspondem, respectivamente, ao intervalo de taxas de cisalhamento típicas dos processos de moldagem por compressão, cdandragem, extrusão e moldagem por injeção.
fundidos somente apresenta comportamento Newtoniano quando as do jij+ O ou quando são muito elevadas, ou seja, quando jij+
IO
INJ
EXT
CAL
I
Na região entre qoe q,, a viscosidade pode ser representada pela chamada Lei das Potências, expressa pela seguinte relação:
j, + m, ela é chamada de viscosidade a taxa de cisalhamento infinita ou r),. A viscosidade, tanto Newtoniana como não-Newtoniana, quantifica a resistência ao escoamento do material, como anteriormen-
em que m e n são conhecidos, respectivamente,como consistênciae
te explicado.
índice da Lei das Potências.
Na Figura 1.16, pode-se observar que a viscosidade é função de
j, decrescendo à medida que j aumenta. Esse é o comportamento tipico dos polímeros fundidos, mas não o único. Nessa figura, também 56
O valor de n é uma medida da "pseudoplasticidade"do polímero. Quando n = 1, a Equação (1.58) fica equivalente à do fluido Newtoniano, já que a viscosidade torna-se constante. Quando n < 1,a
viscosidade diminui com o aumento da taxa de cisalhamento e o po-
mento pseudoplástico é o mais comum em polímeros fundidos e é
+O
conseqüência do desenovelamento e da orientação das macromoléculas,
maior a pseudoplasticidade do polímero. Se n > 1,a viscosidade aumen-
promovidas pelas taxas de cisalhamento aplicadas. Quando essas taxas
ta com a taxa de cisalhamento e o polímero apresenta comportamento
são baixas, o gradiente de velocidades não é forte o suficiente para dese-
dilatante. O valor de n pode ser calculado a partir da inclinação da
novelar as macromoléculas e a viscosidade é elevada; quando essas taxas
curva log q versus log j.5 Na maioria dos polímeros fundidos, porém,
aumentam, as macromoléculas começam a desfazer os nós entre elas e
n = n(j). Se a viscosidade do polímero é expressa pela Equação (1.58),
a viscosidade começa a diminuir. Quando as taxas são elevadas, as ma-
então a sua equação reológica de estado será:
cromoléculas já desfizeram quase todos os nós entre elas e se orientarão
límero apresenta comportamento pseudoplástico;quanto mais n
7.. = q j.. = m j.." ?I
IJ
(1.59)
?I
É importante ressaltar que essa equação é válida somente no intervalo entre os patamares Newtonianos a baixas e altas taxas de cisalhamento, ou seja, entre qo< q < q_.
A Figura 1.17 apresenta as outras relações entre q e j observadas em materiais poliméricos.
na direção do fluxo, diminuindo a viscosidade. 1.7.2.2 Modelo de Ellis
O modelo de Ellis descreve a dependência da viscosidade em relação à taxa de cisalhamento, tanto para baixas taxas de cisalhamento como para altas, assim incorporando o primeiro platô Newtoniano. Matematicamente, esse modelo pode ser representado como:
em que z,, é o valor da tensão quando q = r42 e a-1 é a inclinação da curva log (qol q - 1) versus log (z/z ,,,). Essa equação prediz tanto o platô Newtoniano a taxas de cisalhamento baixas como a região de Lei das Potências, representando melhor Y
Figura 1.17 Relações entre q e j observadas em polímeros (intervalo entre
a viscosidade de um polímero fundido do que a Lei das Potências, já que abrange um intervalo maior de taxas de deformações (ou tensões).
qoe %,I.
O comportamento dilatante é observado em algumas soluções e emulsões de PVC e em alguns polímeros carregados. O comporta-
1.7.2.3 Modelo de Carreau-Yasuda
Esse modelo é ainda mais abrangente que o anterior, pois permite descrever o comportamento da viscosidade do material a baixas, médias
5 No Capítulo 5, que trata sobre reometria, é mostrado o procedimento da determinação dos parâmetros do modelo da Lei das Potências a partir de medidas experimentais. 58
e altas taxas de cisalhamento; matematicamente, esse modelo pode ser representado como: 59
1.7.2.5 Modelo de Cross
O modelo de Cross é semelhante ao modelo de Carreau-Yasuda, com a diferença de que não prevê o outro patamar Newtoniano a altas em que h, é uma constante de tempo e a é um parâmetro adimensional
taxas de cisalhamento, tendo, por isso, somente três parâmetros em vez
que descreve a região de transição entre Y
de quatro.
=
O e a região de Lei das
Potências.
O modelo de Cross pode ser representado por:
1.7.2.4 Modelo de Bingham
Esse modelo representa o comportamento da viscosidade de um material que necessita de uma tensão crítica para começar a escoar (ou a se deformar). Exemplos de materiais que apresentam esse compor-
em que z* é a tensão na qual ocorre a transição entre o primeiro pata-
tamento são: sangue e polímeros altamente carregados com partículas
mar Newtoniano e a região da Lei das Potências.
inorgânicas.
zy7 ou seja, a viscosidade do maConsidera-se que q = m, para zI
O modelo de Cross ainda pode ser alterado para considerar o efeito da temperatura, substituindo-se o valor de
qopor uma função
terial será infinita abaixo de uma tensão crítica zy.Acima dessa tensão
q,(T), conforme a equação a seguir, em que B e T, são parâmetros
crítica, o fluido escoará com uma viscosidade expressa por:
obtidos a partir do ajuste dessa equação a medidas experimentais de q, em diversas temperaturas:
;(
1
qo= Bexp 2 Esse comportamento é representado na Figura 1.18.
Com essa alteração, obtém-se o chamado Modelo de Cross Modificado, que é expresso pela equação:
1.7.3 Fluidos viscoelásticos (modelos lineares) Figura 1.18 Tensão de cisalhamento za versus taxa de cisalhamento j para um fluido de Bingham, mostrando a tensão crítica zy.
60
Na seção anterior foram mostradas algumas equações constitutivas para fluidos não-Newtonianos viscosos, em que as características 61
de elasticidade do fluido não foram consideradas. Nessa seção, serão apresentados alguns modelos que consideram essa elasticidade.
Como a mola e o amortecedor estão em série, a tensão total zij será igual à tensão na mola, que, por sua vez, será igual à tensão no amortecedor. Nesse caso, a deformação total no sistema yij será igual à
1.7.3.1 Modelo de Maxwell
soma das deformações na mola e no amortecedor, ou seja,
A equação constitutiva de Maxweil foi a primeira tentativa de descrever o efeito da viscoelasticidade de um determinado material. Esse modelo incorpora a idéia de um fluido que apresenta características tanto de um sólido elástico Hookeano6 como de um fluido viscoso
Derivando essa deformação total em relação ao tempo, obtémse:
Newtoniano. Nesse caso, o sólido elástico Hookeano é representado por uma mola com comportamento Tm = Gy,,,, em que T,,,é a tensão
yij= yin +y,
i dzij i p "
=--+-.r;.. Gdt
na mola, G é o módulo elástico e ym é a deformação da mola; o fluido viscoso Newtoniano é representado por um amortecedor com compor-
Rearranjando essa equação, obtém-se:
tamento T~ = py;,, em série, em que \ é a tensão no amortecedor, p é a viscosidade e ya é a taxa de cisalhamento no amortecedor. Um esquema simplificado desse modelo é apresentado na Figura 1.19. em que h = p/G é conhecido por tempo de relaxação. Quando h << 1, os efeitos viscosos são predominantes e a Equação (1.68) é reduzida à equação constitutiva do fluido Newtoniano (Equação 1.57). Pode-se observar que a Equação (1.68) é uma equação diferencial linear de primeira ordem. Assim, pode-se solucionar facilmente essa
I
amortecedor
equação, supondo, como condição inicial, que a tensão é finita para t = -ar>. Obtém-se, então, a equação de Maxwell na forma integral: .r;1.
Figura 1.19 Representação do modelo de M m e l l por um modelo mecânico de mola e amortecedor ligados em série. 6 Um sólido Hookeano é aquele na qual a tensão .rij é proporcional à deformação yij, sendo que a constante de proporcionalidade é expressa por G, conhecido como módulo elástico.Matematicamente temos que .r = Cry.
,
j [E . i (t?dtt ] (t-t')
=
4
em que t é o tempo presente e t' é o tempo passado.
A Equação (1.69) permite descrever o comportamento de um polímero em que a relaxaçao das macromoléculas é dependente das taxas de deformação experimentadas pelo material em tempos passados.
O modelo de Maxwell é um modelo viscoelástico linear, por
em que Ar é conhecido como "tempo de retardação"
poder ser matematicamente expresso por uma equação diferencial linear. Modelos viscoelásticos lineares são os modelos viscoelásticos mais
1.7.4 Fluidos viscoelásticos (modelos não-lineares)
simples, porém são aplicáveis apenas a situações em que as deformações são pequenas, o que limita seu uso em modelamento de operações de
Modelos viscoelásticos não-lineares são de grande complexidade,
processamento de polímeros. No entanto, o regime de viscoelasticidade
sendo geralmente modelos empíricos formulados a partir do princípio
linear é importante por ser possível correlacionar propriedades viscoe-
de que a relação entre os tensores tensão e a taxa de deformação é inde-
lásticas lineares com a estrutura molecular do sistema. No Capítulo 4
pendente da orientação do elemento de volume em um dado instante.
será visto que o modelo de Maxwell é um caso particular do modelo
Esses modelos são utilizados nos casos em que os modelos lineares
viscoelástico linear geral, em que o termo entre colchetes, na Equação
não são adequados, ou seja, nos casos em que as taxas de deformação
(1.69), é conhecido como módulo de relaxação G(t).
são elevadas. As operações de processamento de polímeros firndidos ocorrem a altas deformações. Portanto, o modelamento do compor-
1.7.3.2 Modelo de Jeffreys
tamento viscoelástico de polímeros durante o processamento requer o
Outros modelos viscoelásticos lineares podem ser obtidos expan-
I
uso de modelos viscoelásticos não-lineares. D e uma maneira geral, esses modelos são capazes de descrever qualitativamente os fenômenos não-
dindo a Equação (1.68) com derivadas de maior ordem para a tensão e
lineares; logo, o desenvolvimento de equações não-lineares que permi-
taxa de deformação, ou seja,
tam uma melhor descrição quantitativa desses fenômenos vêm sendo alvo de intensa pesquisa. A seguir serão apresentadas algumas equações constitutivas não-lineares que vêm sendo utilizadas para descrever o comportamento viscoelástico de polímeros fundidos em situações de altas deformações.
Nessa equação, os termos Ai e
ti são parâmetros que podem ser
determinados a partir de dados experimentais. Note que essa equação é linear, mas possui derivadas de ordem n.
O modelo de Jeffreys é um caso especial da Equaqão (1.70), em que são desprezadas as derivadas maiores que um. Dessa forma, ele é um modelo linear de primeira ordem. Matematicamente, tem-se:
I
1.7.4.1 Modelo de Criminale-Ericksen-Filbey
A equação de Criminale-Ericksen-FiIbey (CEF) é o modelo nãolinear mais simples capaz de descrever o comportamento pseudoplástico e as diferenças de tensões normais em cisalhamento dos polímeros fundidos. Esse modelo é expresso por:
em que Y , = (T,,- ~ , , ) / jé~O primeiro coeficiente de tensões normais e Y2 = (T,, - ~,,)/y2 é O segundo coeficiente de tensões normais. A derivada D/Dt é conhecida por derivada corotacional ou derivada de Jaumann, a qual é definida para um dado tensor A, como:
em que D/Dt é a derivada substantiva e 5 é o tensor vorticidade. No caso de um escoamento unidimensional entre placas paralelas (escoamento cisalhante simples), como mostrado na Figura 1.14, o modelo CEF fornece os seguintes valores para os componentes não-nulos da tensão:
Nessa equação, a é um parâmetro adimensional. De maneira geral, a Equação (1.75) consegue descrever qualitativamente o comportamento viscoelástico não-linear de polímeros fundidos. Existe uma grande quantidade de equações constitutivas não-lineares que não estão apresentadas nesse livro. Uma discussão aprofundada sobre a viscoelasticidade náo-linear, suas equações constitutivas e aplicações estão fora do escopo desse livro. Maiores detalhes podem ser encontrados nos livros de Bird [8] e Makosko [ l l ] . É importante salientar que quanto mais complexa a equação constitutiva utilizada maior a dificuldade de solução do problema. Assim, a solução conjunta das equações de conservação de massa, quantidade de movimento e energia para um determinado material, representado por qualquer uma das equações reológicas anteriormente descritas, em uma dada geometria, quase sempre envolverá o uso de métodos numéricos computacionais (elementos finitos, diferenças finitas, volumes finitos).
As Equações (1.74) mostram que o modelo de C E F é capaz de capturar o efeito viscoso não-Newtoniano (Equação 1.74a) e elástico não-linear (Equações 1.74b e 1.74c), em que as definições de diferenças de tensões normais podem ser verificadas. 1.7.4.2 Modelo de Giesekus
A equação constitutiva não-linear de Giesekus considera um termo quadrático na tensão e é expressa por:
reenovelamento ou reemaranhamento e a reduqão da perda de carga
retornar ao estado de equilíbrio representado por conformações alea-
em um tubo.
tórias das cadeias, as macromoléculas exercerão, então, uma tensão na camada de fluido mais próxima a elas, contra o bastão, promovendo o
2.1 Efeito de Weissenberg Esse efeito pode ser observado quando um bastão dentro de um
surgimento de tensões normais de intensidade maior. Pode-se observar,na Figura2.l,que,no caso do fluido Newtoniano, -- -PB > PA; para o fluido polimérico, PB < PA. As tensões normais que
-- --
recipiente contendo um polímero fundido ou em solução gira como
aparecem nesse tipo de fluxo tangencial estão representadas na Figura
mostrado na Figura 2.1.
2.2. No caso de um fluido Newtoniano, essas tensões são de intensidade similar. No caso de um polímero, a tensão na direção radial será maior do que na direção tangencial, por causa da tensão extra causada pelas macromoléculas contra o bastão em suas tentativas de voltar às conformações aleatórias de equilíbrio, como explicado anteriormente; nesse caso, portanto, zm > z,, e z,, - zm< O.Essa diferença nas tensões normais é a principal responsável pela tendência do fluido em subir pelo bastão
e pelo aumento na pressão com o decréscimo do raio, como mostra a Figura 2.2.
Figura2.1 Efeito de Weissenberg: (a) Fluido Newtoniano; (b) Fluido nãoNewtoniano; FÁ = pressão no ponto A; FB = pressão no ponto B.
No caso de um fluido Newtoniano (Figura 2.la), quando o bastão gira, observa-se que o nível do fluido na região adjacente ao bastão (ponto A) diminui, formando um vórtice "pua baixo". No caso de fluidos poliméricos ou em solução (Figura 2.lb), quando o bastão gira, há um deslocamento do material para o centro do recipiente e, conseqüentemente, o fluido sobe pelo bastão, formando um vórtice "para cima''. Esse fenômeno é chamado de "efeito de Weissenberg"e ocorre principalmente por causa do surgimento de diferenças nas tensões
normais. A rotação ou fluxo tangencial imposta pelo bastão orienta as macromoléculas adjacentes a ele; como o polímero sempre tende a
Figura 2.2 Representação das tensões normais no fluxo tangencial promovido pelo bastão; zm= tensão normal na direção do raio e zoe=tensão normal na direção 8. Para fluxos de cisalhamento simples que possuem somente uma componente da velocidade, a convenção para a definição das tensões normais é:
Direção 1-Direção da componente da velocidade (no caso, 8). Direção 2 - Direção ao longo da qual a velocidade varia (no caso, r). Direção 3 - Direção neutra (no caso, z).
O aparecimento do efeito de Weissenberg é usual em polímeros fundidos e reflete o conceito de que, no fluxo desses materiais, a diferença entre as tensões normais não é zero, como no caso de fluidos Newtonianos. Essa diferença de tensões normais é, assim, uma medida da elasticidade do material (tentativa de voltar às conformações aleatórias de equilíbrio).
2.2 Reenovelamento ou Reemaranharnento O fenômeno do reenovelamento ou reemaranhamento (recoil) em polímeros foi medido por Kapoor [I21 utilizando uma solução polimérica fluindo através de um tubo, pela aplicação de um gradiente de pressão. Um corante traçador foi utilizado para observar o perfil de velocidades. Na Figura 2.3 pode-se observar esse perfil de velocidades em diferentes tempos. Quando o gradiente de pressão é inicialmente aplicado, o polímero começa a fluir (Figuras 2.3a e 2.3b) até atingir o regime permanente (Figura 2.3~).Porém, se, nesse instante, o gradiente de pressão é
Figura 2.3 Esquema do fenômeno do reemaranhamento [12]: a) inicio do fluxo; b) transiente até o regime permanente; c) regime permanente; d) retirada do gradiente de pressão ou AP = O; e) e f) recuo do fluxo.
retirado, observa-se que o perfil de velocidades "recua"(Figuras 2.3d até
Esse efeito "incomum permite analisar qualitativamente o con-
2.3f), percorrendo o mesmo caminho anterior, porém em um tempo
ceito de viscoelasticidade e memória. Um polímero possui memória
maior. Isso ocorre em razão do reenovelamento ou reemaranhamento
quando seu comportamento no tempo atual é dependente de toda a
das moléculas do polímero, tentando voltar à sua conformação aleatória
história termomecânica anterior à que ele foi submetido e, se em repou-
de equilíbrio; contudo, o polímero não se reemaranhará completamente
so, ele tentará voltar, pelo mesmo caminho, às conformações aleatórias
até seu estado inicial mesmo após longos tempos, por causa dos efeitos
de equilíbrio. Para isso ele tem de ter a capacidade de armazenar ener-
viscosos (dissipação de energia), que não permitem que a recuperação
gia (elasticidade).A energia armazenada permite que o polímero tente
elástica, a qual está associada à memória do fluido, seja completa.
voltar ao estado inicial de conformação, mas, durante essa tentativa,
haverá também dissipação de energia na forma de calor (viscosidade), a qual retardará e impedirá parcialmente a recuperação total.
que o jato de água pode atingir maiores distâncias com pouca perda de carga. Io-'
-
1 Agua
2.3 Redução da Perda de Carga
2,3,4,5 - Soluções aquosas de 6xido de polietileno
A redução da perda de carga, AP, promovida pelo fluxo de fluidos poliméricos, pode ser observada em estudos de fluxo em regime turbulento de soluções de PMMA em monoclorobenzeno, de polisobutileno (PIB) em decalina, de carboximetil celulose (CMC) em água e de poli(óxido de etileno) (PEO) em água. A perda de carga através de um tubo de diâmetro D e comprimento L pode ser expressa como AP = P L - P,, em que P, e P, são as pressões de entrada e saída, respectivamente, de um fluido escoando através desse tubo. Essa perda está relacionada ao fator de atrito pela seguinte relação:
fn
s ,v--
-
O .C L m
a,
u
8
C
m
10"--
IO4
I
I02
Io3
I
Io4
I
Io5
Io6
Número de Reynolds (Re)
Figura 2.4 Fator de atrito faem função de Re para várias soluções aquosas de PEO (1= menor concentração de PEO, 5 = maior concentração de PEO).
em que Ü é a velocidade média do fluido. O número de Reynolds Re = D Ü ~ expressa / ~ a relação entre as forças de inércia e as forças viscosas atuando no fluido e é capaz de definir se o fluxo é laminar ou turbulento. Se a perda de carga de várias soluções aquosas de PEO, por exemplo, for medida em função do número de Reynolds, obtém-se um gráfico como o mostrado na 13gura 2.4. Pode-se observar pela Fígura 2.4 que, no regime laminar, a adição de PEO à água não modifica a relação entreA e Re, ou seja, não afeta a perda de carga; por outro lado, no regime turbulento, a adição de PEO à água reduz substancialmente o fator de atrito e, conseqüentemente, a perda de carga. Por causa desse fenômeno, soluç6es desse tipo podem ser utilizadas em combate a incêndios e na irrigação de lavouras, em
Esse efeito "incomum" exemplifica o conceito de plastifica9ã0, em razão da formação de pontes de hidrogênio, da água pelas macromoléculas de PEO.
2.4 Formação de Vórtices na Entrada Capilares Se a região de entrada de um capilar é analisada quando um fluido Newtoniano e um polímero estão escoando através dela, as linhas de fluxo irão seguir o padrão mostrado na Figura 2.5. Pode-se observar que no caso do fluido Newtoniano (Figura 2.5a), todas as linhas de fluxo são convergentes na entrada do capilar. No caso do polímero (Figura 2.5b), as linhas de fluxo centrais são convergentes,
porém as linhas de fluxo perto da parede podem divergir, chegando a formar vórtices.
O aparecimento desses vórtices provoca perdas de carga extras na região de entrada do capilar.A perda de carga de um fluido Newtoniano escoando através de um capilar de comprimento L é expressa por = PL- Po,em que PLe Porepresentam as pressões na saída AP = APCapiiar e entrada do capilar, respectivamente; contudo, quando o fluido é um
+ APentrda. polímero, a perda de carga é expressa por AP = APCapibr Essa perda de carga extra na entrada pode ser associada à elasticidade do material polimérico e aos gradientes de deformação elongacional que ocorrem na entrada do capilar, entre outros aspectos. É
importante lembrar (Equações 1.22) que gradientes de deformação elongacional ocorrem quando a componente da velocidade vi varia, (a)
(b)
Figura 2.5 Linhas de fluxo na entrada de um capilar de: (a) fluido Newtoniano; (b) polímero.
principalmente com i. No caso do capilar, se a componente principal for vz, por exemplo, então gradientes elongacionais serão expressos como dvZ/az e gradientes de cisalhamento, por &,/ar. Logo, toda
A formação de vórtices depende do tipo de polímero; por exem-
vez que houver uma mudança na seção transversal da geometria, por
plo, polímeros com ramificações longas, como o PEBD, formam vórti-
exemplo, quando o material está fluindo através de um cone (conver-
ces, enquanto polímeros lineares, como o polietileno de alta densidade,
gente ou divergente),gradientes elongacionais aparecerão.
PEAD, não formam vórtices, como pode ser visto na Figura 2.6.
Esses gradientes elongacionais afetam de forma diferente moléculas de baixo peso molecular e macromoléculas, como pode ser visto na Figura 2.7. Nessa figura,vzvaria com o eixo z, sendo menor no tempo t = O (maior raio) e maior no tempo t = t, (menor raio). A Figura
2.7a representa o fluxo de uma molécula de baixo peso molecular, como água, e a Figura 2.7b, uma macromolécula. Pode-se observar que a molécula de baixo peso molecular sofrerá aceleração na entrada do capilar; observa-se, porém, no caso da macromolécula, que enquanto a "cauda" está a uma velocidade menor, a "frente" estará a uma velocidade maior.
O resultado final será uma "elonga$io7'ou um estiramento da macroFigura 2.6 Linhas de fluxo na entrada de um capilar de: (a) PEBD; (b) PEAD.
molécula.
lado, materiais em que a viscosidade aumenta com o tempo a uma dada taxa de cisalhamento são chamados de reopéxicos. Ambos os fenômenos são conseqüência da quebra ou da formação de aglomerados, géis, ligações químicas e físicas das macromoléculas, interações entre partículas e macromolécu~as,entre outros motivos. Esse comportamento é diferente do comportamento pseudoplástico ou do dilatante estudados anteriormente. Como mostrado na Figura 1.17, o comportamento pseudoplástico e dilatante é dependente da taxa de cisalhamento, não do tempo.
A Figura 2.8 mostra curvas padrões da viscosidade versus tempo Figura 2.7 Fluxo na entrada de um capilar de: a) molécula de baixo peso rnolecular; b) macrornolécula.
de materiais tixotrópicos e reopéxicos.
A Tabela 2.1 mostra o comportamento de alguns polímeros em relação à formação desses vórtices [13]. Tabela 2.1 Tipos de vórtices observados em polímeros [13]. PEBD
Vórtices na entrada que aumentam com o aumento da taxa de extrusão
PS*
Vórtices na entrada que aumentam com o aumento da taxa de extrusão
PEAD
Ausência de vórtices
PP
Ausência de vórtices Ausência de-vórtices
Tixotrópico
Independente Reopéxico
7
* PS = poliestireno
A formação de vórtices na entrada de um capilar e a conseqüente perda de carga extra evidenciam o caráter macromolecular e a elasticidade dos poiímeros. Esse efeito é mais pronunciado durante as me-
didas de viscosidade feitas em um reômetro capilar, como será visto adiante.
2.5 Tixotropia e Reopexia Materiais em que a viscosidade diminui com o tempo a uma dada taxa de cisalhamento são chamados de tixotrópicos. Por outro
Tempo
Figura2.8 Comportamento tkotrópico e reopéxico.
É importante ressaltar que esse comportamento é obtido a uma taxa de cisalhamento constante. Assim, para diferenciar um material pseudoplástico de um tixotrópico, utiliza-se a curva de fluxo, ou seja, a curva de tensão de cisalhamento verszls taxa de cisalhamento. Se o
material for pseudoplástico, a curva de Amo obtida aumentando a taxa de cisalhamento (curva para "cima") coincidirá com a curva de fluxo
obtida diminuindo a taxa de cisalhamento (curva para "baixo"). Se for
Essa dependência em relação ao tempo de deformação de algu-
tixotrópico, esse comportamento não será observado, como mostrado
I
mas soluções de macromoléculas mostra que o tempo de duração da
na Figura 2.9 [14]. O comportamento tixotrópico é observado princi-
1
deformação influencia na resposta do material.
palmente em dispersões (tintas, cosméticos, pastas, xaropes, suspensões,
I
i
etc.).
p .k -C= Fluido pseudoplástico
T
Fluido tixotrópico
Fluido reopéxico
0
/
Y
Y
Curva para "cima" Curva para "baixo"
Y -----
Figura 2.9 Curvas de fluxo de fluidos pseudoplásticos, tixotrópicos e reopéxicos.
Um líquido tixotrópico [14] geralmente forma um "gel"; quando aumenta-se o tempo de cisalhamento, esse gel transforma-se em um "sol". Após a formação desse "sol", se o cisalhamento é interrompido por um longo período, a estrutura "gel"é novamente obtida. A mudança de "gel" a "sol" e de "sol" a "gel" será reproduzível inúmeras vezes. No caso de fluidos reopéxicos, embora as curvas de fluio sejam opostas às dos fluidos tixotrópicos, é necessário tomar cuidado para fazer essa classificação, porque a curva para "baixo", com valor de viscosidade maior, pode ser produto de reações químicas ou da magnitude das taxas de cisalhamento. Fluidos reopéxicos são muito raros, e a reversibilidade e repetitibilidade das curvas de fluxo é que irão diferenciar um fluido realmente reopéxico de um outro que tenha sofrido reações químicas (gelificação, cura, etc.).
Logo, a escolha de uma equação reológica de estado apropriada para cada polímero deverá ter como base o conhecimento de suas propriedades reológicas, incluindo viscosidade, elasticidade, viscoelastici-
!
dade, dependência com o tempo, etc.
Uma vez escolhida a equação reológica de estado apropriada para o polímero fundido, podem-se obter os campos de velocidades, pressões e temperaturas durante o fluxo desse material em uma dada geometria. A obtenção desses campos é fundamental para os diferentes processos de transformação de polímeros. Nesses processos, na maioria das vezes, o polímero é conformado no estado fundido, por meio de geometrias complexas, como ocorre na extrusão e moldagem por injeção. Logo, a solução das equações de conservação (Equações 1.28,1.38 e 1.54) torna-se também complexa e demorada. No entanto, pode-se aproximar a situação complexa para uma situação mais simples decompondo as geometrias complexas em várias geometrias simples. Assim, os campos de fluxos reais serão decompostos em vários campos de fluxos simples, os quais também são importantes para medir a maioria das propriedades reológicas de polímeros, já que a medição é feita em equipamentos de geometrias simples, como o reômetro capilar e o de placas paralelas. A seguir serão obtidos os campos de velocidades em geometrias simples, como tubos e placas paralelas, para um polímero fundido, utilizando equações constitutivas Newtonianas e não-Newtonianas. Os fluxos serão divididos em duas categorias, de acordo com o tipo de forqa principal imposta ao polúnero fundido:pressão ou arraste.
3.1 Fluxos de Pressão Fluxos de pressão são fluxos em que um gradiente de pressão AP é aplicado ou imposto ao sistema; assim, o polímero fundido escoará porque um gradiente de pressão foi aplicado à geometria onde esse
material está confinado. Esse tipo de fluxo também é conhecido como
Pode-se observar que o gradiente de pressão é aplicado na direção
fluxo de Poiseuille e é encontrado, por exemplo, nos reômetros capi-
z; assim, pode-se assumir que: o gradiente de pressão não muda com r
lares e nas matrizes de extrusão. Alguns exemplos desse tipo de fluxo
nem com 8, que componentes não-nulas da velocidade existirão apenas
serão mostrados a seguir.
na direção z e que essas componentes serão dependentes somente da direção r. Logo, as componentes do vetor velocidade V serão:
3.1.1 Fluxo de um fluido Newtoniano através de um tubo Nessa situação, a geometria simples é um tubo e assume-se que o polímero fundido pode ser representado pela equação reológica de um fluido Newtoniano (Equação 1.57). A Figura 3.1 mostra o tubo de seção circular de raio R e comprimento L. Essa situação pode ser encon-
v, = f (r)
trada, por exemplo, em canais de alimentação de um molde de injeção,
(3.1~)
no capilar do reômetro capilar e em matrizes tubulares de extrusão para Esse tipo de fluxo em que existe somente uma componente da
produção de perfis tubulares ou matrizes para fiação de fibras têxteis.
velocidade na direção principal do fluxo e essa componente varia com a direção perpendicular à direção principal é chamado de fluxo de cisalhamento simples.
A equação da conservação da quantidade de movimento (Equação 1.41) aplicada a esse escoamento ficará, então, da seguinte forma: Direção r:
Figura 3.1 Fluxo de pressão através de um canal de seção circular de raio R e comprimento L para um fluido Newtoniano.
Para o escoamento mostrado na Figura 3.1, considera-se que o perfil de velocidades é gerado pela aplicação de um gradiente de pressão externa AP no fluido e que as superfícies em que o fluido está contido
Direção O:
1
I
são rígidas e estacionárias. Considera-se, ainda, que o fluxo está em regime permanente ou estacionário (o perfil de velocidades não muda com o tempo). Como a seção transversal do tubo é circular, é conveniente utilizar coordenadas cilíndricas.
a r z , +1-e + (i, r 30 1
2
Direção z:
I
1
i I
I
aze,+r,-.r, r
Se for assumido que o polímero fundido é representado pela equação reológica de um fluido Newtoniano (Equação 1.57), então a única componente do tensor tensão para esse material será:
I
Como a pressão depende somente de z e a velocidade depende de r, a Equação (3.4), para ser válida, deve satisfazer a condição de que os termos do lado esquerdo e do lado direito da mesma equação sejam constantes. Então,
em que C é uma constante. Fazendo a ~ / a z= C e integrando essa equação, tem-se: já que as outras componentes desse tensor serão nulas porque as respectivas componentes do tensor taxa de deformação também são nulas (Equações 1.23). Substituindo a Equação (3.3) nas Equações (3.2), tem-se:
em que A é uma constante. A constante C precisa ser determinada; para isso, aplicam-se as condições de contorno, expressas pelas Equações (3.5a) e (3.5b). Temse, então:
já que nas outras duas Equações (3.2a e 3.2b) todas as componentes do tensor tensão são nulas. As condições de contorno para a pressão são:
em que AP = Pi-Pf. A Equação (3.7) pode ser escrita, então, da seguinte forma:
Integrando essa equação em r, obtém-se:
Para a velocidade, as condições de contorno são: vJr
= O) = vz
(3.6a)
I
em que C, é uma constante.
Pela Equação (3.6a), pode-se verificar que C, deve ser igual a zero. Integrando a Equação (3.11) com C, = 0, obtém-se:
Aplicando a Equação (3.6a) na Equação (3.12), determina-se a constante C, e chega-se à solução da Equação 3.7:
.
Y"=dr2pL Pode-se observar, pela Equação (3.16), que a taxa de cisalhamento varia linearmente com r e que é igual a zero em r = 0, mas apresenta valor máximo na parede, quando r = R. A tensão de cisalhamento é expressa por: 7 .
Pode-se observar, pela equação anterior, que o perfil de velocidades será parabólico quando o polímero é Newtoniano; esse perfil é mostrado na Figura 3.1. A vazão volumétrica Qserá expressa por:
Essa equação é conhecida como lei de Hagen-Poiseuille. Pode-se determinar a velocidade média Ü do polímero somando as velocidades ao longo da seção transversal e dividindo pela área desta, ou seja: 2x
dv --A P r
.
=PY,
=r APr
Assim, a tensão de cisalhamento também varia linearmente com r e apresenta valor máximo na parede, quando r = R.
3.1.2 Fluxo de um fluido não-Newtoniano através de um tubo Agora será resolvido o mesmo problema da seção anterior, com as mesmas condições de contorno, só que considerando que o polímero é não-Newtoniano, ou seja, sua viscosidade varia com a taxa de cisalhamento. Como visto na Seção 1.7.2, existem várias equações que expressam essa dependência. Para efeitos de simplificação, será assumido que o polímero fundido se comporta como um fluido da Lei das Potências e pode ser representada, em coordenadas cilíndricas, da seguinte maneira:
R
Substituindo a Equação (3.18) na equação da conservação da ) o escoamento em um quantidade de movimento (Equação 3 . 2 ~ para tubo, tem-se: I
A taxa de cisalhamento yrZno polímero será expressa por:
A viscosidade do polímero q é expressa pela Equação (1.58) ou:
A taxa de cisalhamento na parede será: Substituindo a Equação (3.20) na Equação (3.19), tem-se que:
D a Equação (3.23) observa-se que, à medida que n diminui, ou seja, quanto maior o caráter não-Newtoniano do fluido e maior a sua pseudoplasticidade, o perfil de velocidades tende a ficar mais plano no centro, formando um "pistão", e mais acentuado é o gradiente de velocidades perto da parede; esse tipo de fluxo é conhecido como fluxo tipo "pistão"( p l u g ~ o we) é mostrado na Figura 3.2.
Utilizando os mesmos argumentos do escoamento do fluido Newtoniano, chega-se à seguinte relação:
A solução dessa equação é a seguinte:
(a) (b) (c) Figura 3.2 Perfis de velocidade através de um tubo de: a) fluido Newtoniano
Por essa equação, observa-se que o perfil de velocidades não
(parabólico);b) fluido da Lei das Potências (fluxo tipo "pistão"),com n = 0,7; C)idem, com n = 0,2.
será parabólico e dependerá de n e m quando o polímero fundido é representado pela equação da Lei das Potências. Esses dois parâmetros variam de polímero para polímero.
A vazão volumétrica será expressa por:
A largura da região central ("pistão") aumenta à medida que o
I I I I I
E a taxa de cisalhamento será:
I
desvio do comportamento Newtoniano e a pseudoplasticidade do polímero aumentam. Esse resultado tem grande importância prática: quanto maior a pseudoplasticidade do polímero menor a orientação no centro, já que a taxa de cisalhamento será zero ao longo dessa região central. A taxa de cisalhamento para cada um dos perfis da Figura 3.2 é mostrada na Figura 3.3.
Como o fluido está confinado entre as placas paralelas, torna-se conveniente resolver o problema em coordenadas cartesianas. Para esse caso, as componentes do vetor velocidade serão:
Figura 3.3 Perfis de taxa de cisalhamento através de um tubo de: a) um fluido Newtoniano; b) um fluido da Lei das Potências, com n = 0,7 ;c) idem, com n = 0,2.
v,
=
Esse resultado mostra a razão da pouca orientação no centro, por exemplo, que compósitos de polímeros com fibras de vidro extrudados
0
(3.27~) Para o caso de fluidos Newtonianos (Equação 1.57), a equação da
conservação da quantidade de movimento reduz-se a:
através de matrizes circulares apresentam, e da morfologia "pele-núcleo" (esferulitas grandes no centro e lamelas altamente orientadas perto da parede) observada em moldados por injeção cilíndricos.
3.1.3 Fluxo de fluidos Newtonianos e não-Newtonianos entre
Como condições de contorno, tem-se:
placas paralelas
v, (0) = vx
O fluxo de pressão entre placas paralelas parte do mesmo princípio do fluxo através de um tubo, mudando apenas a geometria. A Figura 3.4 mostra essa geometria. AP
A solução da Equação (3.28) pode ser obtida resolvendo-a de forma similar ao problema do fluxo através de um tubo. Então, junto com as condições de contorno 3.29a e 3.29b7chega-se à seguinte solução: H
L
H
Figura 3.4 Fluxo entre placas paralelas, sendo B a distância entre as placas; L, seu comprimento; e W, sua largura.
A vazáo será traduzida pela expressão:
A taxa de cisalhamento j, pode ser obtida derivando a Equação (3.35) em relação a y, resultando em:
e a taxa de cisalhamento, por:
A taxa de cisalhamento na parede ou taxa de cisalhamento nominal será:
Pode-se observar que, nesse caso, a taxa de cisalhamento varia com yl'" e reduz-se à expressão obtida para o fluido Newtoniano quando n
=
1.A taxa de cisalhamento na parede jBpode ser obtida substi-
tuindo y por B. Agora, se o polímero pode ser representado pela Lei das Potências, a equação da conservação da quantidade de movimento fica da seguinte
3.2 Fluxo de Arraste Esse tipo de fluxo ocorre em razão do movimento de uma das superfícies em que o polímero está confinado. Assim, nenhum gradiente de pressão é imposto ao sistema e o polímero se movimenta pelo arraste proporcionado pela superfície móvel. Esse tipo de fluxo é encontrado,
Impondo as mesmas condições de contorno para o problema do
por exemplo, no interior de uma extrusora; nesse equipamento, um pa-
fluido Newtoniano, pode-se achar a solução dessa equação utilizando
rafuso ou rosca interno gira dentro de uma carcaça estacionária (barril),
os mesmos argumentos para achar a solução da equação do fluxo atra-
movimentando o polímero fundido em direção à matriz. O fluxo de
vés de um tubo; assim, a solução da Equação (3.34) será expressa por:
arraste também é encontrado nos reômetros de placas paralelas e cone
,r
*
1
e placa.
A Figura 3.5 mostra um esquema desse tipo de fluxo. Nesse caso, a superfi'cie superior movimenta-se a uma dada velocidade V,enquanto a superfície inferior está parada. e a vazão, por:
Da Equação (3.40) obtém-se a vazão, já que Q=v,A, em que A é a área da seção transversal entre as duas placas paralelas ou BW:
A taxa de cisalharnento j, será expressa por: Figura 3.5 Fluxo de arraste entre duas placas paralelas, sendo B a distância entre as placas; L, o comprimento das placas; W, a largura das placas; e V, a velocidade da placa superior.
Assume-se que a única componente não-nula do vetor velocidade é vx,a qual irá variar somente na direção y. Como não existe gradien-
Y,,
,=
v,
Se o polímero pode ser representado pela Lei das Potências, então a equação de conservação de quantidade de movimento reduz-se a:
te de pressão, então a equação da conservação da quantidade de movimento em coordenadas cartesianas (Equação 3.28) para um fluido Newtoniano reduz-se à seguinte forma: Nesse caso, q será substituído pela Equação (1.58) em coordenadas cartesianas ou:
As condições de contorno serão: Pode-se verificar facilmente que a solução da Equação (3.43) é a mesma que a da Equação (3.38); logo, o perfil de velocidades e, conseqüentemente, a taxa de cisalhamento são os mesmos tanto para um fluido Newtoniano como para um fluido de Lei das Potências. Integrando a Equação (3.38) e aplicando as condições de con-
No caso de uma extrusora, a taxa de cisalhamento Y na superfície
torno, obtém-se a solução do campo de velocidades para um fluido
do parafuso pode, então, ser facilmente calculada, como será visto no
Newtoniano:
Capítulo 7.
I
PROPRIEDADES REOL~GICASIMPORTANTES
NO
PROCESSAMENTO DE P O L ~ M E R O S
Nas operações convencionais de processamento de polímeros, como a extrusão e a moldagem por injeção, esses materiais ficam sujeitos a vários tipos de deformações, em virtude da complexidade da geometria desses equipamentos. Por exemplo, durante o processo de extrusão, o polímero sofre cisalhamento no interior da extrusora, pela rotação do parafuso, e sofre elongação no início da matriz, pela convergência da mesma (Figura 2.7); essa história termomecânica promove o aparecimento de tensões normais e, consequentemente, o fenômeno do inchamento do extrudado. Na moldagem por injeção também são observadas deformações de cisalhamento e elongação em regime transiente no parafüso recíproco, além de cisalhamento elevado dentro dos canais de alimentação e cavidades dos moldes. Essas deformações podem provocar aparecimento e armazenamento de tensões internas no moldado ou defeitos dimensionais na peça. A morfologia e, consequentemente, as propriedades mecânicas finais desses materiais e de suas misturas serão então determinadas por essas deformações e tensões. Assim, torna-se necessário conhecer o comportamento desses materiais, quando em situações de fluxo, para poder prever e compreender a sua morfologia final. Nesse capítulo serão apresentadas as propriedades reológicas mais importantes dos polímeros fundidos que afetam o seu processamento convencional.
4.1 Modelo Viscoelástico Linear Geral e Espectro de Relaxação No Capítulo 1 foi mostrado que a equação constitutiva de Maxwell (Equação 1.68) permite descrever o comportamento viscoe-
Iástico linear de um dado material. Nessa seção será mostrado o mode-
O procedimento utilizado para se chegar às Equações (4.2) e
lo viscoelástico linear geral, do qual a equação de Maxweii é um caso
(4.3), usando o conceito da tensão ser proporcional à soma das defor-
particular, e serão apresentados os conceitos de módulo de relaxação e
maçôes ou taxas de deformações infinitesimais sofridas anteriormente,
espectro de relaxação, que são propriedades importantes, pois, a partir
é conhecido como Princípio da Superposição de Boltzmann, que es-
delas, podem-se obter informações sobre a estrutura molecular de um
tabelece que todos os efeitos da história mecânica de um'corpopo-
dado poíímero.
dem ser considerados independentes e aditivos e a resposta do corpo
Para se obter a equação do modelo viscoelástico linear geral, con-
a esses efeitos é linear.
sidera-se que a tensão, em um dado instante t, é igual à soma das ten-
Pode-se observar que a idéia de deformações infinitesimais, ou
a uma série de pequenas deformações7 ou taxas de sões ou respostas
seja, gradientes de deslocamentos muito pequenos, limita o modelo
deformações j consecutivas sofridas pelo material nos tempos passados
viscoelástico linear geral a casos em que as taxas de deformação são
tl, tZ,t3... ti, OU seja,
pequenas. Então, para descrever fenômenos que ocorrem quando as deformações são grandes, como, por exemplo, a dependência da viscosidade com a taxa de cisalhamento na região da Lei das Potências, esse modelo não se aplica, sendo necessário a utilização de modelos
em que G(t-t,) (constante de proporcionalidade) é conhecido como
módulo de relaxação. Para deformações infinitesimais, tem-se, então,
viscoelásticos não-lineares. Considerando agora um caso de escoamento cisalhante unidimensional em coordenadas cartesianas, como o mostrado nas Figuras 3.1,3.4 ou 3.5, a Equação (4.2) fica da seguinte forma: t
.r, =
G(t - t') j, (t')dt'
em que t e t' são os tempos presente e passado, respectivamente . Essa
equação representa o modelo viscoelástico linear geral. Fazendo integração por partes da Equação (4.2), obtém-se uma forma alternativa de expressar esse modelo, em que, em vez do tensor taxa de deformação, relaciona-se a tensão ao tensor deformação, ou seja,
A Equação (4.4) é equivalente à equação de Maxwell (Equação 1.69) ou:
-[E t
.rl. (t) = j
(t-t')
(<')
Para o caso de um escoamento arbitrário, essa equação pode ser reescrita como: em que M(t - t') é conhecida como funqão memória.
Uma maneira fácil de obter uma representação física do modelo de Maxwell generalizado é imaginar que ele representa sistemas de Maxweil de mola-amortecedor (Seção 1.7.3.1) ligados em paralelo, Pode-se observar que as Equações (4.5) e (4.6) são casos particu-
como mostrado na Figura 4.1. A mola representa um material elásti-
lares das Equações (4.2) e (4.4), em que para esse modelo, o módulo de
co Hookeano e o amortecedor, um material viscoso, sem elasticidade,
relaxação G (t - t') é expresso pelo termo entre colchetes das Equações
como explicado anteriormente.
(4.5) e (4.6), ou seja, (I-I')
G ( ~ - ~ ' ) = E ~ =- G Ãe
h
--(I-I')
i
Analisando a Equação (4.2) observa-se que o modelo viscoelástico linear geral possui um termo que depende da natureza d o fluido, que é o módulo de relaxação G (t - t'), e outro que depende das características do escoamento, que é a taxa de deformação j,(t').
De
fato, observando a Equação (4.6), pode-se constatar que o módulo de relaxação do modelo de Maxwell depende apenas de dois parâmetros
+
inerentes ao material: a viscosidade e o tempo de relaxação.
A equação de Maxweil (Equação 4.6) pode ser generalizada a
Figura 4.1 Modelo de Maxwell generalizado interpretado como um sistema mola-amortecedor.
partir da idéia de superposição de vários modelos de Maxwell, ou seja,
Em vez de se utilizar o módulo de relaxação G(t - t') no modelo
Assim, obtém-se:
I
de Maxwell generalizado, é usual expressar as propriedades do polímero em termos de um espectro continuo de relaxaqáo, conhecido como espectro de relaxação H@). A relação entre o módulo de relaxação e o espectro de relaxação é expressa por [8]:
A equação anterior é conhecida como modelo de Maxwell generalizado.
I I
I
em que H(k) é o espectro de relaxação, h é o tempo de relaxação e s = t - t'.
Teoricamente, uma vez conhecida uma dada função viscoelástica linear, o espectro de relaxação pode ser calculado e todas as outras
quantidade de formas o u modos de relaxa@o, como será visto adiante) e maiores serão os tempos de relaxação do mesmo.
propriedades reológicas podem ser computadas de expressões analíticas exatas. A Figura 4.2 mostra o espectro de relaxação de quatro sistemas poliméricos, em que as curvas I, 11,111e IV mostram, respectivamente, o espectro de relaxação de uma solução polimérica diluída, um polímero amorfo de baixo peso molecular, um polímero amorfo de elevado peso molecular e um polímero amorfo de elevado peso molecular com ramificações longas [l5].
Log H
b
Log H
Log h Figura4.2 Espectro de relaxação de alguns sistemas poliméricos: I. solução polimérica; 11. polímero amorfo de baixo PM; 111.polímero arnorfo de elevado PM; IV. polímero amorfo de elevado PM com ramificações [15].
Peso molecular aumentando Log h Figura 4.3 Influência do peso molecular no espectro de relaxação de um polímero.
4.1.1 Estrutura molecular e espectro de relaxação
A relaxação de tensões pode ser visualizada em função dos efeitos que os movimentos por alterações térmicas promovem na orientação das moléculas poliméricas. Quando uma tensão mecânica é aplica-
Pode-se observar, comparando as curvas I1 e 111,o efeito do ema-
da a um polímero, introduzindo deformações nas cadeias, a entropia
ranhamento intermolecular no polímero 111, mostrado pelo apareci-
S do sistema decresce, pois menos conformações são adquiridas pelas
mento de dois picos de relaxação.
moléculas; portanto, a energia livre do sistema aumenta (lembrar que
Na Figura 4.3, o efeito do PM no espectro de relaxação também
G = H - TS, em que G é a energia livre; H, a entalpia; e T, a tempera-
pode ser observado; quanto maior o peso molecular do polímero mais
tura). Se a amostra é mantida nesse estado deformado, a relaxação de
largo será o espectro de relaxação (maior o intervalo de tempo, maior a
tensões ocorrerá como resultado do movimento das macromoléculas para voltar às suas conformações de equilíbrio (maior entropia), sendo o excesso de energia livre dissipado como calor.
A relaxação de tensões dependerá da multiplicidade de formas
alongar parcialmente para desemaranhar segmentos que produzirão
por meio das quais as macromoléculas recuperarão suas conformações
interações de longo alcance (Figura 4.5b). Esses segmentos se defor-
mais prováveis (mais estáveis), em razão dos movimentos térmicos.
mam com o fluxo e contribuem principalmente para a natureza elástica
Esses movimentos complexos da macromolécula podem ser expressos
do fluido. Eles são responsáveis pelos efeitos de recuperação elástica
como uma série deformas ou modos característicos que requerem vários
durante o cisalhamento e pelas grandes diferenças de tensões normais
graus de cooperação de longo alcance entre os segmentos das cadeias.
durante o fluxo. Em termos do espectro de relaxação, os segmentos res-
Assim, por exemplo, uma primeira forma ou modo seria pela translação
ponsáveis pelas interações de longo alcance estão associados aos longos
da molécula inteira, o que requer cooperação máxima de toda a cadeia;
tempos de relaxação, 3L > I/ j , e a sua contribuição aos efeitos viscosos é
uma segunda forma seria pelos movimentos dos finais de cadeia em di-
pequena [16].
reções opostas, requerendo menos cooperação, e assim por diante, como observado na Figura 4.4.
(a)
Segmentos que interagem a longa distância
(b)
Figura 4.4 Formas de relaxação de tensões de uma macromolécula: (a) sob tensão; (b) relaxando.
A cada uma dessas formas está associado um tempo de relaxação característico e, uma vez que existem muitas formas possíveis de rela-
Segmentos que interagem a curta distância
(a) (b) Figura 4.5 Esquema das moléculas de um polímero: (a) na ausência de gradientes de velocidade; (b) na presença de gradientes de velocidade [16].
xação durante um intervalo de tempo, o espectro discreto de tempos de
Contudo, dificilmente toda a estrutura original do polímero será
relaxação resultante pode ser aproximado por uma distribuição contí-
destruída pelo gradiente de velocidades. Alguns segmentos da macro-
nua.
molécula retêm a estrutura compacta emaranhada. Esses segmentos Isso pode ser mais bem interpretado observando uma única ma-
que produzem interações de curto alcance não serão deformados pelo
cromolécula em um solvente. Na ausência de gradientes de velocidade,
gradiente de velocidades e a sua contribuiçáo no plano das tensões será
a distribuição dos segmentos moleculares ou unidades monoméricas
percebida na viscosidade. Os segmentos com interações de curto alcan-
da macromolécula ao redor de seu centro de massa será tal que a maio-
ce estão associados aos tempos curtos de relaxação h < l/ j .
ria dessas unidades monoméricas estará localizada na vizinhança mais
Esses resultados mostram que os segmentos com interações de
próxima ao seu centro de massa, com uma distribuição Gaussiana,
longo alcance contribuem principalmente para a resposta elástica do
como mostrado na Figura 4.5a (conformação aleatória de equilíbrio).
fluido polimérico, enquanto os de curto alcance contribuem para a res-
Agora, sob um dado gradiente de velocidades, a macromolécula irá se
posta viscosa do polímero. Assi~n., a relaxação da molécula polimérica
durante o fluxo determinará a sua resposta a uma dada deformação
no elemento de fluido são chamadas de elongacionais ou extensionais.
ou tensão. Logo, todas as propriedades reológicas serão dependentes
Nesse caso, o tensor taxa de deformação apresenta apenas as compo-
do número de Deborah.
nentes normais, as quais, no sistema de coordenadas cartesianas, serão expressas por:
4.2 Propriedades em Regime Permanente Nessa seção serão estudadas as propriedades reológicas do polímero quando o fluxo está em regime estacionário ou permanente, ou seja, quando nenhuma dessas propriedades depende do tempo. As medidas experimentais de algumas dessas propriedades são obtidas em fluxos de cisalhamento simples, ou seja, o fluxo é cisalhante e o vetor velocidade possui apenas a componente na direção do fluxo, como mostrado na Seção 3.1.1; no caso do fluxo de arraste, considerando um sistema de coordenadas cartesianas, o vetor velocidade terá, por exemplo, as componentes vx = jy,v
Y
=O
e vz = O. Para esse caso, o tensor
taxa de deformação terá apenas duas componentes, que são iguais, em razão da simetria do tensor taxa de deformação (Capítulo 1). Tem-se, então:
Essas componentes do tensor taxa de deformação são relacionadas ao vetor velocidade (Equações 1.22 ou 1.23). Para o escoamento elongacional, é usual relacionar o campo de velocidades com uma taxa de elongação E. Assim, pode-se determinar o tensor taxa de deformação para esse tipo de escoamento sabendo as relações entre a velocidade e a taxa de elongação. De uma forma geral, para um escoamento sem cisalhamento, tem-se o seguinte campo de velocidades para um sistema cartesiano de coordenadas:
As propriedades reológicas em regime estacionário de cisalhamento são muito importantes para o processarnento de polímeros, pois influenciam fortemente as condições de processo, principalmente na moldagem por injeção e na extmsão, como será visto adiante.
Já em outros tipos de processamento de polímeros, como, por exemplo, o estiramento após a fiação de fibras poliméricas, o campo deformacional imposto ao material é sem cisalhamento e as deformações
em que b é um parâmetro que indica o tipo de deformação elongacional que o material está sofrendo e varia entre O r b I 1. Logo, o tensor taxa de deformação pode ser expresso em termos da taxa de elongação, ou seja:
q(j). A viscosidade é a propriedade reológica mais importante no processamento de polímeros fundidos,já que as vazões, quedas de pressão e aumentos de temperatura, que são parâmetros importantes nessas operações, dependem diretamente dessa propriedade. Escolhendo certos valores de b, obtêm-se certos fluxos sem cisa-
O e E > 0, tem-se o fluxo elongacional uniaxial; se b = O e E < 0, tem-se o fluxo elongacional biaxial; se b = 1, tem-se o fluxo elongacional planar. Esses três tipos de fluxo são mostrados na Figura 4.6 para um elemento de fluido no sistema de coordenadas cartesiano. lhamento. Se b
=
A viscosidade de um polímero é função da taxa de cisalhamento, ao contrário de um fluido Newtoniano, cuja viscosidade é constante. Então, se para um fluido Newtoniano basta conhecer um único valor de viscosidade,para o polímero fundido é preciso obter uma função que descreva a dependência daviscosidade em relação à taxa de cisalhamento (Seção 1.7.2.1).
A relação entre tensão de cisalhamento e taxa de deformação para um escoamento cisalhante simples, no sistema de coordenadas cartesianas, pode ser expressa por:
em que a viscosidade q ( j ) depende da taxa de cisalhamento. Na maioria dos polímeros fundidos, a curva de viscosidade versus taxa de cisalhamento apresenta duas regiões: uma a baixas taxas de
cisalhamento, chamada de platô Newtoniano ou patamar Newtoniano, Figura4.6 Exemplos de fluxos elongacionais em um material: a) sem elonga$20;b) uniaxial; c) biaxial; d) planar.
em que os valores da viscosidade independem da taxa de cisalhamen-
Uma vez definidos os fluxos cisalhantes simples e elongacional,
das Potências, em que a viscosidade decresce rapidamente com as taxas
serão mostradas, a seguir, as propriedades reológicas dos polímeros fun-
de cisalhamento (Figura 1.16). Na região da Lei das Potências, como
didos quando submetidos a esses tipos de fluxo.
explicado anteriormente, a viscosidade pode ser descrita pela seguinte
to, e outra a altas taxas de cisalhamento, chamada de região de Lei
relação:
4.2.1 Viscosidade em regime permanente de cisalhamento Quando um polímero é submetido a um campo de taxa de cisalhamento simples, esse irá apresentar uma resistência ao fluxo. A grandeza que indica tal resistência é conhecida como viscosidade em regime permanente de cisalhamento ou simplesmente viscosidade
Como a viscosidade é influenciada pela estrutura molecular do polímero, é possível obter correlações entre essa propriedade e a estrutura do polímero. Pela Figura 4.7 [17] pode-se observar que o peso molecular afeta mais intensamente a região de baixas taxas de cisalha111
mento. Por outro lado, será visto adiante que a distribuição de peso
-
A propriedade
molecular e a quantidade de ramificações afetam mais a região de altas
q(E)
é conhecida como viscosidade elongacio-
nal, viscosidade extensional ou viscosidade em regime permanente
taxas de cisalhamento.
de elongação e permite conhecer a resistência ao fluxo dos polímeros
Existem diversos modelos de viscosidade empíricos que descre-
em campos deformacionais de elongação ou campos deformacionais
vem a dependência da viscosidade em relação a taxa de cisalhamento,
livres de cisalhamento.
além do modelo da Lei das Potências. Esses modelos foram apresenta-
A taxa de elongação em regime permanente
dos no Capítulo 1 (ver modelos de Carreau-Yasuda e Ellis).
é muito difícil de
ser obtida experimentalmente; essa é a razão pela qual existem poucos dados dessa propriedade reológica em polímeros. Esse tipo de fluxo é encontrado principalmente no processo de fiação de fibras poliméricas, no sopro de filmes biaxialmente orientados, no sopro de parisons para garrafas e na termoformagem. A Figura 4.8 apresenta o comportamento dessa viscosidade para três polímeros [18]:
: Amostra A: Mw = 301.900 . Amostra B: Mw = 567.400 Amostra C: Mw = 606.800
LDPE (130°C)
-Figura 4.7 Curvas de viscosidade versus taxa de cisalhamento de vários polipropilenos isotácticos, i-PP, com diferentes pesos moleculares [17].
17 (poise)
PMMA (190°C)
Essa propriedade reológica é medida aplicando taxas ou tensões de cisalhamentos crescentes ao polímero fundido, como será mostrado no Capítulo 5. I 05 I o3
4.2.2 Viscosidade em regime permanente de elongação Considerando um fluxo elongacional uniaxial (Figura 4.6b), em que o campo de velocidades é expresso pelas Equações (4.13a) a (4.13c),
z, - z,,= q(&)&
I o5 Tensão (Nlm2)
I o6
I o7
Figura 4.8 Viscosidade elongacional versus taxa de elongação para três polímeros diferentes [18].
para o caso em que b = O e i: > 0, pode-se relacionar as tensões às taxas de elongação i: pela seguinte relação:
I o4
I
I
Se a viscosidade elongacional não varia com a taxa de elongação (ou tensão de elongação), então o fluido é chamado de Troutoniano;
a relação entre a viscosidade elongacional Troutoniana e a viscosidade
relaxação produzem maiores viscosidades elongacionais (maior número
Newtoniana é expressa por:
de enovelados); o tempo de relaxação característico de um polímero h, em cisalhamento, é expresso pela Equação (1.68). Assim, se dois polímeros, A e B, possuem o mesmo valor de qo,mas o polímero A possui
No caso específico de fiação, esse comportamento é extremamen-
maior valor de
v(&),então esse último polímero terá uma maior fração
te importante; por exemplo, para evitar a quebra do fundido durante a
de moléculas com longos tempos de relaxação (com maior quantidade
fiação, é necessário que as respostas elástica e viscosa do material sejam
de ramificações, por exemplo) que o polímero B e será mais difícil de
suficientemente rápidas para evitar que tensões de tração excessivas se desenvolvam no fio [18]. Quando um fio polimérico está sendo estira-
1 1
ser fiado [19]. Em compensação, o polímero B produzirá menores tensões de estiramento e poderá ser estirado a maiores velocidades do que o polímero A, sendo, então, mais facilmente fiado.
do, existirão pontos ao longo dele em que a seção transversal será menor do que a média; em tais pontos, a tensão será maior. Se o polímero apre-
Medidas experimentais de viscosidade elongacional mostram
sentar uma viscosidade elongacional que diminua com o aumento da
que, em poliolefinas e em PS, essa viscosidade aumenta até um valor
taxa de elongação (tension thinning), essas tensões elevadas produzirão
máximo e depois diminui, como mostra a Figura 4.9 [20].
uma diminuição ainda maior da área da seção transversal, o que, por sua vez, provocará o aparecimento de tensões ainda maiores, e assim sucessivamente, de forma que a não-uniformidade da seção transversal irá se propagar continuamente. Por outro lado, se o polímero tiver viscosidade elongacional que aumente com o aumento da taxa de elongação (temion stifening), as
tensões elevadas localizadas aumentarão a viscosidade elongacional até um ponto em que essa ultrapasse a tensão extra provocada pela redução da seção transversal; nesse caso, a não-uniformidade não aumenta e nem se propaga e, portanto, o sistema fica estabilizado. Logo, embora seja mais fácil fiar polímeros com viscosidade elongacional decrescente, os defeitos ao longo do fio irão se propagar mais rapidamente, podendo chegar à ruptura. Outro uso importante da viscosidade elongacional reside na caracterização da facilidade de fiação de polímeros com valores de q, similares, mas valores de T(&)diferentes. Sabe-se que longos tempos de
I
E (s")
(c)
& (s")
(d)
Figura 4.9 Viscosidade elongacional versus taxa de elongação para poliolefinas: (a) e (b) PEBD; (c) PEAD; (d) PS [20].
Portanto, esses polímeros enrijecem até uma dada taxa de elongação e amolecem com o subseqüente aumento dessa taxa.
4.2.3 Primeira e segunda diferenças de tensões normais
em que N, e N, são chamados simplesmente de primeira e segunda
dqerenças de tensões normais, respectivamente (item 1 .S. 1).
Quando um polímero está sujeito a um escoamento cisalhante
É importante relembrar que, para fluxos de cisalhamento que
simples, esse apresenta diferenças de tensões normais, ao contrário de
possuem apenas uma componente do vetor velocidade, a convenção
um fluido Newtoniano, como visto no Capítulo 2. Essa diferença é
para a definição das tensões normais é a seguinte:
responsável pelo chamado efeito de Weissenberg e pelo inchamento do extrudado.
-Direção 1:Direção da componente principal da velocidade
Observa-se que as diferenças de tensões normais em escoamen-
-Direção 2: Direção ao longo da qual a velocidade varia.
tos cisalhantes simples são proporcionais ao quadrado da taxa de de-
-Direção 3: Direção neutra.
formação ou cisalhamento. Então, podem-se definir duas diferenças de
Portanto, quando um polímero é submetido a um escoamento
tensões normais, em um sistema de coordenadas cartesianas, expressas
cisalhante simples, por causa dos efeitos de tensões de cisalhamento e
por:
tensões normais, o tensor tensão apresentará a seguinte forma:
em que Y ,e Y 2são chamados deprimeiro e sepndo coe$cientes de ten-
Para determinar mudanças na elasticidade, as medidas devem ser
sões normais, respectivamente. A medida dessas diferenças de tensões
realizadas, preferencialmente, a baixas taxas de cisalhamento, onde as
normais proporciona uma medida da elasticidade do fundido. Geral-
diferenças estruturais são mais facilmente detectadas. Pode-se relacio-
mente, para polímeros fundidos, Y, é positivo e Y2é negativo, sendo
nar o primeiro coeficiente de tensões normais Y1ao módulo de relaxa-
que o valor absoluto de Y, é muito maior que Y2[7].
ção G(s) pela seguinte relação[8]:
Outras medidas de diferenças de tensões .normais também são utilizadas, tais como: I
1
lim?--.O 2q I
-
] sG(s)ds.
_
o
j~(s)ds
Logo, se G(s) é determinado, pode-se calcular v,, como explicado anteriormente.
1
I
O peso molecular e a sua distribuição também afetam a primeira
y
e a segunda diferenças de tensões normais; por exemplo, quanto maior
,varia com o tempo de forma senoidal (ou cosenoidal), conforme
mostrado na Figura 4.10, essa deformação pode ser expressa como:
o peso molecular, maior a probabilidade de ocorrer emaranhamentos e,
y, (t) = yoeiw
portanto, maior a elasticidade do material e maior N,.
(4.25)
em que y o é a amplitude da deformação (positiva) e o é a frequência.
4.3 Propriedades em Regime Oscilatório
A representação de yF como uma função complexa implica que a deformação pode ser representada pela soma de sen ( ~ t e) cos ( ~ t )já,
Na seção anterior foram estudadas as propriedades reológicas em
que e'" = cos ( o t ) + i sen (ot).
regime permanente de cisalhamento ou de elongação, onde a tensão ou deformação aplicadas ao polímero não variam com o tempo. Nessa seção serão estudadas propriedades reológicas em regime oscilatório ou dinâmico de cisalhamento de pequena amplitude; nesse caso, a tensão de cisalhamento (ou a deformação) aplicada varia com a frequência. A amplitude da tensão ou deformação de cisalhamento deverá ser pequena o suficiente para assegurar que as medidas ficarão dentro do regime de viscoelasticidade linear. Essas propriedades são também conhecidas como propriedades viscoelásticas lineares. Nesse caso, o polímero é submetido a uma deformação (ou tensão) oscilatória de cisalhamento de pequena amplitude. Como os polímeros fundidos são viscoelásticos (ou seja, possuem uma resposta composta de uma parte elástica e outra viscosa) e as deformações são de pequena amplitude, as tensões (ou deformações) irão oscilar com a
Tempo
I
Figura 4.10 Flwo oscilatório em cisalhamento.
mesma frequência o,mas não estarão em fase com a deformação (ou com a tensão), exibindo, então, um comportamento viscoelástico linear. As propriedades em regime oscilatório podem ser obtidas, por exemplo, em um fluxo entre placas paralelas em que uma das placas se movimenta de forma oscilatória. Primeiramente, será definido o fluxo oscilatório; a partir daí será possível obter as relações que definem as propriedades viscoelásticas lineares. Considerando um fluxo em que a deformação de cisalhamento
Derivando a Equação (4.25) em relação ao tempo, obtém-se a taxa de cisalhamento, expressa por:
.
Y=-- dL- yoiwei' = yoie
iot
dt
em que jo = y
é a amplitude da taxa de cisalhamento (positiva).
A tensão de cisalharnento oscilará com a mesma freqüência, mas
I
tá associado à contribuição viscosa ou dissipação de energia em cada
estará fora de fase (atrasada), como mostra a Figura 4.10; essa tensão
1
pode ser representada por: 7,
associado à componente fora de fase com a de for maçã^,^ ou seja, esciclo, como mostrado na Fígura 4.11.
(t) = zoei(ot+S)
em que z o é a amplitude da tensão de cisalhamento, positiva, e 6 é o ângulo de defasagem em relação à deformação. Similarmente ao escoamento estacionário, deve-se encontrar uma relação entre a tensão de cisalhamento, expressa pela Equação (4.27), e a deformação y F,expressa pela Equação (4.25); então, dividindo a Equação (4.27) pela Equação (4.25), obtém-se:
em que G* é chamado de módulo complexo de cisalhamento. Real
Os termos entre colchetes da Equação (4.28) podem, ainda, ser
Figura 4.11 Relação entre C* e seus componentes.
definidos como:
z G' = 2cos(6) 'Yo
(4.29)
A Equação (4.28) pode, então, ser representada da seguinte forma: G* = G'+iG"
(4.31)
A relação entre G" e G ' é chamada de tangente do ângulo de fase 6 ou:
G'
é chamado de módulo de armazenamento em cisalbamento e
está associado à componente em fase com a deformação, ou seja, está associado à contribuição elástica ou ao armazenamento de energia em cada ciclo; G " é chamado de módulo deperda em cisaZbamento e está 7 Observe que G" está defasado 90" em relação à deformação.
Essa razão também é conhecida como coeficiente de amorteci-
I
A magnitude da viscosidade complexa será expressa por:
mento.
A magnitude do módulo complexo G*será expressa por:
IG*I = JG'Z+G"Z
(4.33)
Também é possível relacionar a tensão de cisalhamento com a
As relações entre as viscosidades dinâmica e imaginária e os módulos de perda e de armazenamento serão:
taxa de cisalhamento. Similarmente ao procedimento usado para relacionar a tensão i deformação, divide-se agora a Equação (4.27) pela Equação (4.26), obtendo-se a seguinte relação entre tensão e taxa de cisalhamento:
em que q* é chamada de viscosidade complexa. Os termos entre colchetes na equação anterior podem ser definidos como:
As propriedades G ', G ' ', q ' e q " são chamadas de propriedades
viscoelásticas lineares; essas propriedades, como são obtidas em regime oscilatório de pequena amplitude, são sensíveis a pequenas alterações no peso molecular, na distribuição de peso molecular e nas ramificaqões em polímeros. No caso de misturas poliméricas, o seu estudo permite analisar interações entre fases, como tensão interfacial, e mudanças na morfologia, entre outras.
A relação entre as viscosidades dinâmica e imaginária com G(s) será expressa por [8]:
em que q' é chamada de viscosidade dinâmica e está relacionada à contribuição viscosa ou à dissipação de energia em cada ciclo e q" é chamada de viscosidade imaginária e está relacionada à contribuição elástica ou ao armazenamento de energia em cada ciclo. Logo, a viscosidade complexa q* pode ser representada por:
As relações entre as viscosidades dinâmica e imaginária e o espectro de relaxação são expressas por [8]:
permitem obter informações sobre a estrutura molecular dos fundidos e, sobretudo, sobre sua viscoelasticidade. A Figura 4.12 mostra alguns exemplos dessas propriedades para polímeros fundidos [21]. 1
"
"
""'
""
""'
"
""
"
'
' '
1
m m m a aa
--h
- w w
Quanto menor a frequência e a amplitude aplicadas durante o fluxo oscilatório, maior a tendência de o polímero viscoelástico se comportar como um fluido Newtoniano, pois tanto a tensão como as taxas de deformação serão pequenas; logo,
O 0" oO o'
1o01o4
1
1
1
102
o (rad)
lim G' = O 0-0
É possível, ainda, fazer outra aproximação. Para a maioria dos polímeros fundidos, pode-se relacionar a viscosidade em regime permanente de cisalhamento com a viscosidade complexa, pela seguinte relação:
I o (rad) Figura 4.12 Propriedades reológicas em regime oscilatório em função da frequência para PP a 200°C [21].
(4.47)
É importante lembrar que essas medidas devem ser feitas dentro do regime de viscoelasticidade linear, com a tensão ou deformação aplicada possuindo baixas amplitudes. Assim, antes de realizar essas
Essa relação é conhecida como regra de Cox-Merz. As propriedades reológicas em regime oscilatório são importantes em quase todos os tipos de processamento de polímeros porque
medidas, é usual realizar uma varredura de G'e G" com a deformação ou com a tensão para a escolha das amplitudes corretas. Um exemplo desse tipo de varredura (no caso da tensão) é mostrado na Figura 4.13.
*I
q(j) = Iq (w), quando j =
I05
I04
*
K
103 F
102
1o'
Tensão (Pa)
Figura 4.13 Determinação do regime de viscoelasticidade linear; polímero: PP,T=200 'C, w= 1rad/s, reômetro de tensão controlada em geometria cone e placa.
200
220
240
260
280
300
320
340
360
380 400
Temperatura ("C)
Figura 4.14Janela de processamento para blendas ternárias de PEIIPEEW HX4000. Taxa de resfriamento: 9 C/min [22].
Pode-se observar pela figura que a tensão aplicada durante as medidas deverá estar no intervalo entre 2 e 400 Pa, para que as relações
Pode ser observado que o HX4000 acelera a cristalização do PEEK, embora esse último seja miscível com o PEI. Observa-se, tam-
(4.28) a (4.30) sejam válidas.
A janela de processamento de polímeros e de suas blendas
bém, que o PEI não apresenta uma temperatura de solidificação, po-
também pode ser analisada se q* é medida em função da temperatura
dendo ser processado, teoricamente, até a sua temperatura de transição
[22]. Ao aplicar uma taxa constante de resfriamento ao fundido, q*
vítrea Tg,que é aproximadamente 226'C.
sofrerá um aumento brusco na temperatura em que o polímero ou a
Estudos de degradação ou modificações químicas também po-
4.14 mostra essa janela
dem ser feitos se q* for medida em função do tempo. A Figura 4.15
de processamento para blendas ternárias de poli (éter-imida), PEI, poli
mostra f em função do tempo para três polímeros diferentes: PEI,
(éter-éter-cetona), PEEK e um LCP chamado HX4000, da DuPont
PEEK e HX4000, a T=385°C [22].
blenda irá cristalizar ou se solidificar. A
[22]. O PEEK e o LCP são cristalinos, enquanto o PEI é um polímero amorfo.
Zona terminal
i
Platô elastomérico
i i
Zona de transiçáo
i Zona
vítrea
PEI
- - - = - = - -
P '
O
Tempo (min.)
Figura 4.15 Viscosidade complexa q* em função do tempo do PEI, PEEK e um LCP, HX4000, a T = 385"C, na presença de nitrogênio [22].
Observa-se que a viscosidade do LCP HX4000 aumenta com o tempo, mesmo na presença de nitrogênio, o que permite concluir que esse polímero sofreu reticulação ou cura a essa temperatura. Os outros dois polímeros mantiveram-se estáveis à mesma temperatura.
Figura4.16 Variação de G rem relação à frequência para polímeros lineares fundidos.
A frequências aplicadas elevadas (zona vítrea), o equipamento de medida percebe o polímero como um material vítreo, pois os segmentos macromoleculares não podem se movimentar e responder tão rapidamente quanto a frequência aplicada o ; na transição vítrea-elastomérica, os segmentos macromoleculares movimentam-se e respondem à mesma frequência que a freqüência aplicada e o módulo cai. A
No caso de polímeros lineares fundidos, observa-se que G r varia
frequências menores, observa-se um platô elastomérico em razão dos
com a frequência aplicada o,de acordo com o esquema mostrado na
, é conhecido emaranhamentos; nesse platô, Gk = (217~) ~ " d l n o Gk
Figura 4.16.
como módulo deplatô. A freqüências bem menores, o desemaranhamento produz a zona final ou terminal. A largura do platô elastomérico e a largura e forma da zona terminal são funções da DPM. Em geral, pode-se concluir que toda informação sobre PM e DPM está na zona do platô elastomérico e na zona terminal, já que pela teoria da viscoelasticidade linear sabe-se que:
G"
limm->o
Ci)
-.-
= qo 0.06
-0-
Sample B
-A-
GPC ExpModulus GIMModulus
G' 2 o lim -= qoJ,
o->O CÙ2
em que R = constante universal dos gases e J é a chamada compliân-
Figura 4.17 Cálculo da DPM para PP a partir de dados experimentais de G' e G" (ExpModulus),utilizando um Go, teórico (GIMModulus) e por GPC
cia de equilíbrio. E m outras palavras, a baixas frcquências, G" depende do PM
~71.
(como será visto adiante, q, é proporcional ao PM), enquanto G ' é uma
Observa-se que a forma da curva de DPM é reproduzida, porém
função da DPM para um valor fixo de PM [23].
ela está deslocada para pesos moleculares maiores, ou seja, medidas re-
É possível fazer a determinação da curva de DPM a partir de
ológicas são mais sensíveis a pesos moleculares maiores.
dados experimentais de G'e G . Porém, a determinação dessa curva não é uma tarefa fácil [17], principalmente quando o polímero é cristali-
no, pois o intervalo de medidas dessas propriedades fica limitado pela temperatura de cristalização T do polímero. Outra limitação ocorre no cálculo do valor de G",; embora a teoria assuma que G., é constante e independente do peso molecular, na prática observa-se que o seu valor
DPM. A Figura 4.17 mostra o cálculo da DPM do PP a partir de G'e G" [17], usando curvas de cromatografia de permeação a gel, GPC, como padrão. é função da
Recentemente, foram utilizadas redes neurais para calcular a
i
DPM de PP a partir de G' e Gnmedidos experimentalmente [24]. Os resultados foram excelentes, observando-se uma ótima concordância entre os valores teóricos e as curvas de GPC. No estado sólido, medidas de G' e G" ou de seus similares em tensão, E' e E , proporcionam inúmeras informações; por exemplo, se ambas as propriedades forem medidas em função da temperatura, a freqüências baixas, é possível obter valores daTg,e outras transições abaixo em blendas [25],compósitos [26] e polímeros em geral [27]. No de Tg, caso de blendas, estudos de miscibilidade entre as fases [28; 29; 30; 311 e quantidade da fase imiscível [32] podem ser feitos. No caso de compósitos, a sua estabilidade dimensional também pode ser medida,
pois elevados valores de G" são uma indicação de reduzida estabilidade dimensional na interface [26].
Análises quantitativas também podem ser feitas utilizando varreduras das propriedades viscoelásticas lineares em função da tempera-
A Figura 4.18 mostra uma varredura do módulo d e armazenamento em tensão, E', do módulo d e perda em tensão, E , e da tan 6,
tura. A Fígura 4.19 mostra E em função da temperatura para um PP
em função da temperatura, de uma blenda imiscível de poli(su1feto de
propileno, EPR; o primeiro pico a -43°C corresponde à Tgdo EPR,
para-fenileno), PPS, e um LCP.
heterofásico, com diferentes porcentagens do elastômero de etilenoenquanto o segundo pico a 6°C corresponde à Tgdo PP. Pode-se observar que a altura do primeiro pico aumenta com o aumento da porcentagem de eteno; isso é um indicativo de que a quantidade da fase EPR também aumentou com o aumento da quantidade de eteno [32].
I2Ol
Ethene +6.8% 9.0% Ethene
-0-10.3% 6-13.0%
110
40
60
80
100
120
140
160
180
200
Ethene Ethene
220
Temperature("C)
Figura 4.18 Análise dinâmico-mecânica de blendas de PPS com um LCP. As temperaturas de transição vítreaTg do PPS e do LCP são 114,9C e 153,6"C,respectivamente [30]. 4
0 -60
Dois picos bem definidos nas curvas de E e tan 6 versus temperatura podem ser observados; esses picos correspondem às relaxações
~ -40
t -20
1
O
r 20
. 40
r 60
Temperature ("C)
Figura 4.19 Módulo de perda de PP com diferentes % de EPR [32].
da parte amorfa do PPS e da parte amorfa do LCP, ou seja, correspondem às Tg>Sde ambos os polímeros. Nesse caso, esses dois polímeros são imiscíveis. Por outro lado, se as curvas de E e tan F apresentarem somente um único pico, então as blendas podem ser consideradas miscíveis, já que terão um único Tg.
4.4 Propriedades em Regime Transiente Nessa seção serão estudadas algumas propriedades reológicas em regime transiente, ou seja, quando o campo de fluxo varia com o tempo até atingir o regime permanente. Essas propriedades são importantes
no processamento de polímeros porque permitem determinar as res-
duais no polímero após a sua saída da matriz de extrusão. A Figura 4.21
postas do material antes de ele atingir o estado estacionário.
mostra um exemplo dessa propriedade para um polímero fundido.
4.4.1 Relaxação de tensões após um súbito cisalharnento Em um experimento de medida de relaxação de tensões após um
-
súbito cisalhamento, aplica-se uma taxa de cisalhamento y, elevada e constante por um curto intervalo de tempo, de forma que yoAt E y.,
Interrompe-se esse cisalhamento e imediatamente medem-se as tensões ~ ( t )como , mostrado na Figura 4.20. Fluido em repouso
Fluido em repouso
t7"
Relaxação de tensões
Figura 4.20 Esquema do fluxo para o fenômeno de relaxação de tensões após um súbito cisalhamento.
A relaxaqão de tensões é então medida e o módulo de relaxação G(t, y,) é determinado pela seguinte relação:
109 t (s) Figura 4.21 Módulo de relaxação versus tempo para um polímero fundido.
4.4.2 Crescimento de tensões antes de atingir regime permanente de cisalhamento Nesse tipo de fluxo, o material é sujeito a uma taxa de cisalhamento constante j,, sendo, então, as tensões medidas em função do tempo até que o fluxo atinja o regime permanente (Figura 4.22). Na maioria dos polímeros, observa-se que essas tensões atingem um máximo para depois decrescer e atingir um valor constante. Esse fenômeno é conhecido como crescimento de tensões (stress overshoot).
Fluido em repouso
Fluido cisalhante estacionário
Na maioria dos polímeros fundidos, a relaxação de tensões é monotônica e mais rápida à medida que a taxa de cisalhamento j, aumenta. Essa propriedade é particularmente importante na extrusão, já que permite calcular os tempos necessários para a relaxação de tensões resi-
Figura 4.22 Esquema do fluxo para a medida de crescimento de tensões. 135
Nesse tipo de fluxo, pode-se determinar uma propriedade reo-
600
lógica que indica como e em quanto tempo as tensões atingirão seu de tensões antes de atingir regime permanente de cisalhamento ou q+(t, j,), é análoga à viscosidade em regime permanente ~ ( j )sendo , definida por:
-* I?
+c
-o-
PP homopolímero PP copolímero
400 300 200
J
em que z (t) é a variação da tensão de cisalhamento com o tempo e ?,é
O
a taxa de cisalhamento aplicada. Pelo fato de o fluxo atingir o regime permanente após um certo
-i-
500
valor estacionário. Essa propriedade, chamada função crescimento
I
I
I
I
50
1O0
150
200
tempo ( s )
Figura 4.23 Curvas de 3' versus tempo para PP homopolímero e copolímero
tempo t, tem-se que:
com eteno, a j,
=
10 s-I e T = 290°C [21].
Os experimentos de crescimento de tensões também permitem analisar o grau de interações interfaciais em polímeros carregados.
A Figura 4.23 mostra curvas típicas de q+(t,j,) em função do tempo para diferentes polímeros [21].Pode-se observar que existe um
vidro [33] tratadas com diferentes tipos de agentes de acoplagem per-
aumento de qt(t,j,) até um valor máximo. Esse máximo nas tensões
mitiram observar o grau de interação interfacial entre o polímero e a
está relacionado ao fato de que as macromoléculas, embora estejam
carga. Em ambos os casos, foi verificado que a altura do máximo de ten-
sendo deformadas continuamente, não conseguem relaxar e responder
sões era proporcional ao grau de interação polímero/carga. Concluiu-se
à deformação imposta, porque os seus tempos de relaxação são bem
que a interface PEAD/esferas de vidro ficava mais forte e mais elástica
maiores do que os tempos de duração do experimento; assim, ocorre
com a adição de um bom agente de acoplagem, permitindo, então, um
um acúmulo passageiro de tensões, pois as mudanças conformacionais
maior acúmulo de tensões, enquanto a interface PVC/esferas de vidro
das macromoléculas requerem tempo e ocorrem em um tempo maior
era plastificada pelo agente de acoplagem, permitindo a dissipação de
do que o associado à resposta viscoelástica.No caso particular da Figura
tensões.
4.23, pode-se concluir que o PP homopolímero acumula mais tensões que o PP copolímero (nesse último, o eteno lhe confere maior flexibilidade); porém, após 200 s, ambos já atingiram o regime estacionário.
Experimentos feitos com PEAD e PVC carregados com esferas de
Pode-se relacionar q+ao módulo de relaxação G(s) pela seguinte equação [8]:
ta, como pode ser observado na Figura 4.25 [21]. Essa propriedade é particulknente importante nos processos de extrusão e injeção. A
relação entre essa função e o módulo de relaxação é expressa por [8]:
4.4.3 Relaxação de tensões após cisalhamento constante
A propriedade de relaxação de tensões após cisalhamento constante é medida após o polímero ser sujeito a uma taxa de cisaihamento constante y, e ter seu movimento subitamente interrompido, como mostra a Figura 4.24. Após a interrupção do fluxo, o decaimento ou a relaxação de tensões é então medido. A propriedade reológica que descreve esse comportamento é chamada de função relaxação de tensões após cisalhamento constante e é expressa por:
Fluxo cisalhante estacionário
Movimento subitamente interrompido
i
tempo (s)
Figura4.25 Medidas de q-(j,)versus tempo para PP a j, 290°C [21].
=
10 s-' e 0,l
s-l a
Da W r a 4.25 observa-se, por exemplo, que 1s após ser cisalhado a 0,l s-', o PP acumula tensões da ordem de 7,s Pa; enquanto 1 s após ser cisalhado a 10 s-l, o polimero está completamente relaxado. Figura 4.24 Esquema do fluxo para a medida de relaxação de tensões.
Na maioria dos polímeros fundidos, a relaxação de tensões é monotônica e mais rápida à medida que a taxa de cisalhamento jo aumen-
4.4.4 Fluência após aplicação de tensões de cisalhamento
A propriedade de fluência de um polímero é medida quando esse material é submetido a uma tensão de cisalhamento constante
Essa propriedade é particularmente importante em processamento de polímeros sob pressão, como o mostrado na Seção 3.1. Sabe-se que
z = FIA = P; logo, um fluxo sob pressão equivale a um fluxo sob tensão. Após a saída do material do tubo (equivalente à retirada da pressão ou tensão), o polímero se reemaranhará. Se esse polímero, após a saída do tubo, é orientado e resfriado, como no caso da extrusão de filmes
4.4.5 Reemaranhamento após término do fluxo de cisalhamento Essa propriedade é observada quando a tensão .co é subitamente retirada do fluxo em regime permanente de cisalhamento de um po-
I
tensão, a deformação YF (O, t) quando t
=
Y(t) é medida em função do tempo;
+ W, obtém-se ?ljw(O, co) = Y
polímero, de acordo com o grau de reemaranhamento sofrido, e influenciará a morfologia final do filme tubular [35].
C
Iímero (Figura 4.28a). Nesse caso, observa-se que o polímero volta a se reemaranhar, recuperando deformações anteriores. Após retirada da
tubulares, essa orientação será sentida em maior ou menor grau pelo
A compliância de equilíbrio J é definida em füngão de Y , pela I
seguinte relação:
I
que corresponde ao reemara-
nhamento final, como mostra a Figura 4.28b
. I
Pode-se relacionar a taxa de cisalhamento inicial j, e o reemaranhamento Ym com G(s) por [8]: m
1 . _ Tempo
4.5 Exemplos de Propriedades Reológicas em Polímeros Yw
Exemplos do comportamento de polímeros, quando submeti-
Tempo
Y(b)
Figura4.28 (a) Esquema do fluxo; (b) comportamento da tensão e da deformação em função do tempo para a medida de reemaranhamento.
dos aos fluxos descritos na seção anterior, serão mostrados a seguir. A Figura 4.29a mostra q ( j ) e N,(j) para o PET a 290"C, a baixas taxas de cisalhamento [34]. Observa-se que o PET apresenta um comportamento Newtoniano, entre 0,02 e 4 s-'; porém, acima deste úitimo valor
O reemaranhamento (recoit) do polímero é descrito pela deformação de cisalhamento recuperável Yr(t) durante o teste. O reemaranhamento final (ou deformação recuperável final) é denominada Ym.
o seu comportamento segue a Lei das Potências. Em relação às tensões normais, observa-se que N, = O entre 0,02 e 10 s-l; porém, torna-se positiva acima dessa taxa, que é um comportamento característico da
maioria dos polímeros fundidos. Alguns polímeros, como os LCPS, apresentam, porém, valores de N,< 0, mesmo a taxas de cisalhamento
I I
As propriedades viscoelásticas Lineares G' ,G e q* para o PET a 290°C podem ser vistas na Figura 4.30a [34]. Essas mesmas proprie-
baixas, como mostrado na Figura 4.29 b [34]. Esses valores positivos e
dades são mostradas na Figura 4.30b, para o PP a 200°C [17]. Pode-se
negativos influenciarão no inchamento de extrudado.Valores positivos
observar que no caso do PET, q*(w) é constante entre 0,l e 200 radls;
prevêem inchamentos do extrudado, enquanto valores negativos prevê-
logo, G' = O. Esse resultado é similar ao comportamento das tensões
em pouco ou nenhum inchamento. Esse comportamento é verificado
normais mostradas na Figura 4.29a. Assim, ambas as medidas de elas-
na prática.
ticidade, embora feitas sob condições de deformação diferentes, produziram o mesmo resultado.
to-
b 11000
Elasticidade, N1
o [radls] (a)
PP isotático
1o-*
1o-'
1oO
1o'
102
r [s-ll
I
0.01
........ ........ . . I
I
0.1
1
......I
1o
......
(b)
Freqüência (radls)
Figura 4.29 (a) rl(q)e N, ( j ) para o PET a 290°C, a baixas taxas de cisalha-
(b)
mento; (b) N,(j) do LCP Vectra A950 a 290°C, a baixas taxas de cisalhamento [34]. 144
d ....
C7 -i-G' G" -Aviscosidade I
1O0
.
.+
Figura4.30 Propriedades viscoelásticas lineares de dois polímeros fundidos:
(a) PET a 290°C [34]; (b) PP a 200°C [17].
No caso do PP, observa-se que q*(o) diminui com a freqüência,
mação; esse reemaranhamento constitui a deformação recuperável. O
apresentando comportamento pseudoplástico; G' e G" foram medidos
material inelástico não recupera essa deformação.
na zona terminal (Figura 4.16) e apresentam ponto de cruzamento.
Em relação ao crescimento de tensões q+(t,7,) e à relaxação de
A Figura 4.31a mostra um esquema do comportamento padrão
tensões q-(t, j,), observa-se, na Figura 4.32, o comportamento para um
de um polímero viscoelástico e de um fluido puramente viscoso ou ine-
polímero fundido, no caso, um LCP [34]. No experimento de cresci-
lástico durante um experimento de relaxação de tensões após a inter-
mento de tensões, as amostras foram cisalhadas durante 400 s a dife-
rupção de um fluxo de cisalhamento; a Figura 4.31b mostra o compor-
rentes taxas de cisalhamento iniciais j,; no caso da relaxação de tensões,
tamento dos mesmos materiais durante um experimento de reemara-
após esse cisalhamento inicial, o experimento foi interrompido rapida-
nhamento após a retirada da tensão de cisalhamento.
mente e a relaxação de tensões foi novamente medida durante 400
S.
Pode-se observar que a altura do máximo de tensões (stress overshoot) aumenta à medida que as taxas de cisalhamento iniciais j, aumentam. Na maioria dos polímeros fundidos, observa-se, geralmente, um único máximo; nesse caso particular do LCP, dois picos são observados, provavelmente por causa das contribuições adicionais proporcionadas pelas tensões residuais interdomínios. Observa-se, também, que o reTempo
gime permanente não é obtido pelas amostras, mesmo após 400 s de cisalhamento. Finalmente, observa-se que a relaxação de tensões é mais
Fluido inelástico
estacionário
rápida quanto maior a taxa de cisalhamento inicial.
I O
Tempo
Figura 4.31 Comportamento de um polímero viscoelástico e de um fluido inelástico: (a) durante um experimento de relaxação de tensões; (b) durante um experimento de reemaranhamento.
Pode-se observar que a relaxação de tensões ocorre lentamente
I I
em um material viscoelástico, ao passo que, em um material inelástico,
Tempo [s]
essa relaxação ocorre instantaneamente. No caso de reemaranhamento,
(a)
o polímero viscoelástico se reemaranha até uma determinada defor-
3
P
0
a
5
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Shear stress (Pa)
Nesse capítulo serão estudadas algumas técnicas experimentais para medir propriedades reológicas de polímeros fundidos, ou seja, relações entre zqe j...A parte da reologia que se preocupa com a definição 'J
das geometrias dos equipamentos para realizar essas medidas e com as próprias medidas é chamada de reometria. As técnicas experimentais mais comuns são aquelas com base na aplicação mecânica de uma tensão ou uma taxa de cisalhamento, como ocorre na reometria capilar, na de placas paralelas, na de cone-placa e na de cilindros concêntricos (Couette). O tipo de geometria desses
reômetros é chamado de geometria controlável; isso significa que as tensões ou deformações mecânicas impostas ao material dentro de cada geometria serão predeterminadas pelo próprio equipamento, independentes do tipo de material.
Além das técnicas mecânicas de reometria, existem técnicas ópticas em que a tensão é determinada a partir das propriedades de birrefringência do polímero durante o fluxo. Essas técnicas permitem obter informações da influência do fluxo na orientação das macromoléculas. Porém, medidas ópticas são mais difíceis de serem realizadas e requerem que a amostra possua propriedadeS ópticas específicas, como transparência, o que limita largamente a sua aplicabilidade em diversos sistemas de interesse industrial [TI]. Recentemente, porém, técnicas não-invasivas adequadas ao estudo reológico de sistemas opacos, como a imagem por ressonância magnética nuclear (NMN) e técnicas com base em ultra-som vêm sendo utilizadas e consideradas como altamente promissoras, pois permitem a caracterização reológica de fluidos complexos, como polímeros fùndidos e em solução, sem possuir limitações quanto às propriedades ópticas do sistema.
Neste capítulo serão enfatizadas as técnicas mecânicas de reometria, pois são as mais difundidas tanto na pesquisa acadêmica quanto industrial. Porém, também será apresentada uma breve descrição das técnicas de NMRI e de ultra-som aplicadas na caracterização reológica de polímeros.
5.1 Reometria Capilar
5.1.1 Equações básicas
O fluxo que ocorre no interior de um capilar é o mesmo mostrado na Seção 3.1 (fluxo de pressão através de um tubo longo). A Figura 5.1 mostra o esquema de um reômetro capilar. O polímero, que está em repouso no reservatório ou barril, é empurrado por um pistão através de um tubo capilar de raio R e comprimento L=.Nesse capilar podese considerar que o fluxo está em regime permanente de cisalhamento
A medida de vazão em um tubo em função da pressão é a técnica
quando Lc>>Rc. Logo, o valor absoluto da tensão de cisalhamento na
mais utilizada para o estudo das propriedades reológicas de polímeros
parede rw(Equação 3.17) está relacionado i pressão P, ao longo do
fundidos, sendo esse o tipo de fluxo mais fácil de ser obtido em labo-
comprimento do capilar, pela seguinte relação:
ratório, o qual é denominado fluxo capilar, porque é utilizado um tubo de raio pequeno para minimizar os efeitos de aquecimento e a presença de gradientes de temperatura por dissipação viscosa, além dos efeitos
APR,
7, =-
2L" A queda de pressão AP é representada pela seguinte expressão:
inerciais.
O fluxo capilar é um exemplo de fluxo parcialmente controlável. Longe da entrada, onde o fluxo está completamente desenvolvido, as
em que P, é a pressão no barril ou reservatório e PLcé a pressão na saída
linhas de fluxo são sempre paralelas ao eixo do tubo, mas o perfil de ve-
do capilar.
locidades irá depender da natureza reológica do polímero. Geralmente as medidas feitas com reômetros capilares estão limitadas a taxas de ci-
Rese~at6rio
salhamento médias e elevadas (acima de 10 s-l); portanto, para obter o patamar Newtoniano na curva viscosidade versus taxa de cisalhamento é necessário o uso de outras técnicas de medida, como, por exemplo, a
Pistão
descida do pistão
reometria de placas paralelas. No entanto, como as taxas de cisalhamento desenvolvidas no processamento de polímeros são elevadas (Figura 1.16), o uso dessa técnica de medida é bastante útil para avaliar a viscosidade do material durante o processamento. Outras limitações no uso de reômetros capilares estão no aquecimento viscoso, na dependência da viscosidade com a pressão, nos efeitos na entrada do capilar e em outras instabilidades de fluxo [37; 141.
2Rc
Figura 5.1 Esquema de um reômetro capilar.
Para um fluido Newtoniano, o perfil de velocidades é parabólico (ver Equações 3.13 e 3.14) e pode ser expresso como: Assim, a equação reológica de estado de um polímero que segue a Lei das Potências poderá ser expressa por: em que Ü = Q/TCR: é a velocidade média. Esse perfil de velocidades é obtido considerando um fluxo plenamente desenvolvido,em que os efeitos de entrada (ver Seção 2.4) e saída do tubo são desprezíveis e não existe componente do vetor velocidade na direção radial. O valor absoluto da taxa de cisalhamento na parede
ywpode ser obtido a partir da Equação (5.3) (ver Equação 3.16):
Pode-se observar que se um gráfico dos dados experimentais (log APRC/2Lversus log ~ Q / T C Ré; )feito e se uma linha reta é obtida, a interseção dessa linha com o eixo y será m e a sua inclinação será n.
5.1.2 Correção de Rabinowitsch Se uma equação que relacione a viscosidade à taxa de cisalhaDefinindo a viscosidade q como:
mento de determinado polímero não estiver disponível, então não é possível obter a equação para o perfil de velocidades e para a taxa de cisalhamento na parede. Contudo, existe uma forma de calcular a viscosidade desde que se tenha um grande número de dados. Primeiro, pode
e combinando com as Equações (5.1) e (5.4), tem-se:
ser mostrado que, para um fluido específico a uma temperatura fixa, existe uma relação única entre a tensão de cisalhamento na parede zw e a taxa de'cisalhamento na parede yw;essa relação única é a viscosidade, Equação (5.5). Isso significa que, se dados experimentais de pressão em
Assim, se o fluido for Newtoniano, a sua viscosidade pode ser
função da vazão, comprimento de capilar e raio de capilar são obtidos,
facilmente calculada desde que se conheça a pressão, a vazão e as di-
todos esses dados devem estar na mesma curva quando um gráfico de
mensões do capilar.
~ Q / T Caersus R ~ APRcRLcfor obtido. Normalmente, esse gráfico é cons-
Para fluidos não-Newtonianos, se for conhecida uma expressão matemática específica para a função viscosidade, é possível obter equa-
Quando experimentos em reômetros capilares utilizando fluidos
ções análogas às do fluido Newtoniano. Se for assumido, por exemplo,
não-Newtonianos são realizados, a taxa de cisalhamento na parede é
que a viscosidade segue a Lei das Potências (ver Equação 1.58), então a
expressa por:
taxa de cisalhamento na parede (ver Equação 3.26) será expressa por: 154
truído utilizando escala logarítmica nos dois eixos.
A Equação (5.9) é conhecida como equação de Rabinowitsch e o termo (3 + b)/4 ,como correção de Rabinowitsch. Comparando a Equação (5.9) com a Equação (5.4), pode-se observar que a correção de Rabinowitsch representa o desvio do comportamento Newtoniano do fluido. Se o fluido obedece à Lei das Potências, então b
=
l / n e obtém-
se novamente a Equação (5.7). Pode-se concluir, então, que um gráfico de log T~ versus log yw, também conhecido como curva de fluxo,pode fornecer uma indicação da natureza do fluido. Se os dados podem ser ajustados por uma
Log (Y,)
Figura 5.2 Gráfico de tensão na parede versus taxa de cisalhamento aparente na parede (curvas de fluxo) para: (a) fluido Newtoniano; (b) fluido nãoNewtoniano que segue a Lei das Potências; (c) fluido não-Newtoniano que não segue a Lei das Potências.
linha reta com inclinação igual a 1,o fluido apresenta comportamento Newtoniano; se os dados se ajustam em uma linha reta com inclinação diferente de 1,então o fluido segue a Lei das Potências e a inclinação da reta é igual a n. Uma curva com comportamento não-linear indica que o comportamento do fluido não é Newtoniano e não segue a Lei das Potências, sendo necessário utilizar a Equação (5.9) para determinar a taxa de cisalhamento verdadeira na parede (Figura 5.2). O parâmetro b da Equação (5.9) pode ser determinado pela derivada da curva de
ln (APRc/2LJ versus ln ( ~ Q / T ~ R ;em ) , que os pontos obtidos experimentalmente podem ser ajustados por regressão não-linear, já que b = b(jw).Assim, a viscosidade pode ser calculada utilizando as Equações (5.1) e (5.5).
5.1.3 Efeitos e correções na entrada do capilar Como visto anteriormente, a queda de pressão teórica AP através de um capilar pode ser expressa pela Equação (5.2). Esse valor é correto quando o fluido é Newtoniano, de baixo peso molecular e o fluxo está plenamente desenvolvido, não apresentando vórtices na entrada, elasticidade, tempos de relaxação elevados, etc. Porém, na prática, quando as propriedades reológicas de polímeros fundidos são medidas, observa-se uma queda na pressão na entrada, como mostrado na Figura 5.3.
1
Reservatório
i
de pressão igual à queda de pressão extra resultante dos efeitos de entrada do capilar. O procedimento de correção dos efeitos de entrada no
Capilar
capilar é conhecido por correqão de Bagley. Para determinar o valor de e, utilizam-se vários capilares de diâ-
Po:imerosfundidos
metros 2Rc similares, mas com comprimentos L diferentes; gráficos de AP em função de L i R c , a uma mesma taxa de cisalhamento, são então obtidos. Como a vazão Q e o diâmetro do capilar 2 R são os mesmos para todos os capilares, então as taxas de cisalhamento yw serão as mesmas. Linhas retas são obtidas, para o caso de polímeros fundidos, im-
' a
'
=O
plicando que a correção na entrada é independente de L)Rc. A cor-
Comprimento
reção na entrada apropriada para cada taxa de cisalhamento é então
Figura 5.3 Pressão através de um capilar.
A pressão na entrada do capilar, isto é, em z
=
determinada por extrapolação dessas linhas até a pressão igual a zero; a interseção das retas com o eixo horizontal (Figura 5.4) corresponde
0, é menor que
ao valor de e.
P, para o caso de fluidos não-Newtonianos ou polímeros fundidos;
Para valores pequenos de L ) R não se obtém uma linha reta no
ou seja, ocorre redução na pressão de entrada do capilar por causa dos
gráfico de AP em função de L j R c e, assim, a extrapolação deve ser feita
efeitos não-Newtonianos mencionados anteriormente. Assim, torna-se
a partir da porção reta da curva.
necessário corrigir essa diferença na pressão de entrada, já que o seu valor influirá diretamente no valor de zw e, conseqüentemente, no valor de q. Um procedimento utilizado para a correção dessa diferença de pressão consiste em calcular o comprimento do capilar necessário para se obter um fluxo completamente desenvolvido. Da figura anterior pode-se observarque,se o capilar tivesseum comprimento (Lc+eRc),apressão na entrada desse capilar seria P,. Assim, zw pode ser expressa como:
Z, =
APR,
I
2(Lc + eR, O produto eRcrepresenta o comprimento do tubo capilar neces-
sário para obter-se um fluxo plenamente desenvolvido, com uma queda
LLR,
I
Figura 5.4 Gráfico para determinação da correção de Bagley.
A tensão de cisalhamento corrigida será então calculada a partir da Equação (5.11). Pode-se salientar que, se LIRc+ m, o valor de e será desprezível. Assim, na prática, essa correção é utilizada para valores de LÇ/R < 10.
5.1.4 Correção do atrito do barril em que:
A correção de atrito do barril é realizada para desconsiderar o
polímeros de baixa viscosidade, em que a força que o polímero exerce
F = força exercida pelo material no pistão (kgf); D, = 2R, = diâmetro do reservatório ou barril (cm); Dc=2Rc= diâmetro do capilar (cm);
no pistão é pequena e a força de atrito pode chegar a ser maior que a
Vxh= velocidade de descida do pistão ( c d m i n ) .
efeito da força de atrito entre o barril e o pistão na força total medida no pistão durante o ensaio. Ela é necessária em testes reológicos com
força do polímero no pistão. Essa correção é feita da seguinte forma:
Após a obtenção dos dados de F em função de Vxh,o seguinte procedimento é adotado para calcular a viscosidade ~ ( j ) :
a) Realiza-se o ensaio com o barril vazio (sem polímero), medindo a força de atrito para todas as velocidades em que serão
1.Antes de efetuar os cálculos, realiza-se a subtração das for-
realizadas as medidas.
ças de atrito medidas com o barril vazio, caso seja necessário
b) Realiza-se o ensaio com o polímero da maneira usual.
efetuar a correção do atrito no barril.
c) Antes de efetuar os cálculos, as forças medidas no ensaio
2. Calculam-se as tensões e taxas de cisalhamento experimen-
com os polímeros são decrescidas das respectivas forças de
tais de acordo com as equações (5.12) e (5.13).
atrito nas velocidades correspondentes, continuando-se, após
3. Faz-se a correção de Rabinowistch para a taxa de cisalha-
isso, com os cálculos.
mento, de acordo com o procedimento descrito anteriormente, obtendo-se Yw,corrigida, de acordo com a Equação (5.9). Para efetuar essa correção, é feito primeiro um gráfico dos dados
5.1.5 Pvocedimento para determinar a viscosidade em um reômetro capilar E m um reômetro capilar com velocidade constante, o pistão desce a uma velocidade constante Vxh;o polímero, ao fluir pelo capilar,
experimentais de log zw versus log jwSe o gráfico for uma
i
linha reta, calcula-se sua inclinação, a qual corresponderá ao
mento nesse tipo de equipamento são calculadas a partir das seguintes
1,o fluido é Newtoniano e nenhuma correção precisa ser feita. Porém, se n < 1 ou n > I , então corrige-se jw utilizando a Equação (5.7) ou (5.9). Caso os dados
expressões:
experimentais não produzam uma linha reta, mas uma curva
exerce uma força F contra o pistão. Logo, as tensões e taxas de cisalha-
valor de n; se n
=
similar à da Figura 5.2c, calcula-se, então, em cada j , o valor
de n e corrige-se cada taxa pela Equação (5.9). Nesse caso, n = n(yw).
4. Se necessário, faz-se a correção de Bagley obtendo-se 'w,corrigida
de acordo com a Equação (5.11). valor de q(y) = 'w,c,r,igida /~w,conigidp'
5.2 Reometria de Placas Paralelas e Cone-Placa Na reometria de placas paralelas e cone-placa, a medida das propriedades reológicas é feita a partir da imposição de um fluxo de arraste (Seção 3.2). Na Figura 5.5 são mostradas essas duas geometrias tradicionais que utilizam esse tipo de fluxo. Pode-se observar que o fluxo de
Figura5.5 Geometrias dos reômetros de: a) placas paralelas; b) cone e placa.
arraste é imposto pela rotação (no caso de fluxo permanente de cisa-
Se a geometria for de placas ou discos paralelos, como mostrado
lhamento) ou oscilação (no caso de fluxo oscilatório) da placa superior
na Figura 5.5a, as equações para calcular q(j), Yl e Y, são expressas
a uma velocidade angular Wo;essa placa pode ser tanto paralela à placa
por:
1
inferior (Figura 5.5a) como possuir forma cônica (Figura 5.5b). Logo,
d1n(Tq/2rrR3) dln jw
ambas as geometrias são controláveis.A amostra polimérica fica entre
as duas superfícies. Esse tipo de reômetro é utilizado para medir viscosidade a baixas taxas de cisalhamento (abaixo de 100 s-'), diferenças de tensões normais, propriedades em regime transiente e propriedades em regime oscilatório, entre outras coisas. Assim, essas geometrias permitem realizar uma caracterização reológica completa do polímero sob
‘y,(?,>-~2(?,>=
.
Yw
2
1
2+dln(~/n~2) dln jw
(5.15)
deformação de cisalhamento, sendo possível correlacionar os resultados com a estrutura molecular desse polímero. Como limitações, pode-se salientar a impossibilidade de medir propriedades reológicas a médias e altas taxas de cisalhamento, características dos processos de transformação industrial de polímeros.
Nessas equações, jw= W,R/ H = taxa de cisalhamento em r = R.
T
H = separação entre os discos; F = força necessária para manter constante a distância H entre os discos; niZ(O),' I C ~(R)
=
pressão normal medida no disco no centro e Nesse caso,
em r = R, respectivamente;
Pa= pressão atmosférica.
j = WJ+ = taxa de cisalhamento; Wo= velocidade angular do cone;
No caso de o disco superior oscilar senoidalmente, a uma freqüência o , com velocidade dependente do tempo W(t) = eoRe {ioei"'),
+
em que O0 é a amplitude angular, a viscosidade complexa q*(o) também
F = força necessária para manter a ponta do cone em contato
pode ser medida a partir das seguintes relações:
com a placa inferior;
=
ângulo entre o cone e a placa;
n,,(r)
=
pressão medida por transdutores de pressão localiza-
dos na placa. Pode-se observar que, no caso da geometria de placas paralelas,
q" = (2H Tocos 6) l(n;R4o€lO)
(5.19)
Nessas equações, To= amplitude do torque do prato inferior (dependente do tempo) e F
=
ângulo de fase (ver Equação 4.27).
No caso da geometria ser cone e placa, como mostrado na Figura 5.5b, as equações são expressas por:
a taxa de cisalhamento medida corresponde à taxa de cisalhamento na borda do disco ou placa, ou seja, no ponto r
=
R. Nessa geometria,
yw= jw(r), OU seja, a taxa de cisalhamento varia de acordo com r. No caso da geometria de cone e placa, a taxa de cisalhamento é constante ao longo de r. Logo, as propriedades medidas são independentes de r. Esta é a razão pela qual essa última geometria proporciona dados mais precisos. Como ocorre na geometria de placas paralelas, com esse tipo de geometria pode-se calcular q*(o), a partir das seguintes relações:
q" = (3@Tocos 6) /(2nR300,)
A Figura 5.6 [38] mostra uma curva completa de q ( j ) ,medida a baixas e altas taxas de cisalhamento, para um i-PP.
A Tabela 5.1 apresenta um resumo das propriedades reológicas que podem ser medidas por cada um desses equipamentos: Tabela 5.1 Propriedades reológicas que podem ser medidas em cada equipa-
mento [39]. Tipo de geometria
Propriedades que podem ser medidas
Capilar
q(j) a altas taxas de cisalhamento
Placas paralelas
q(j); y,;'u2; q*(m); G (t>%); q+o,V" 1; q-(t, v,); J(t,r,); yr(t).(Todas a baixas taxas de cisalhamento e baixas frequências)
Cone e placa
ri(?);Ti;'4% V*
(69;G (t,~,);q+(t,v, 1;
q-(t, y,); J(f z,); yr(t).(Todas a baixas taxas de cisalhamento e baixas freqüências)
5.3 Reometria Elongacional As medidas de viscosidade elongacional são muito difíceis de serem realizadas,já que a maioria dos equipamentos não consegue atingir o regime permanente; outras dificuldades estão associadas à não exisTaxa d e cisalhamento (11s)
tência de uma superfície não deformada sob a qual a tensão de defor-
Figura 5.6 Viscosidade em regime permanente de cisalhamento para PP, a várias temperaturas (valores na legenda correspondem a graus Celsius), medida por reometria de placas paralelas (baixas taxas de cisalhamento, até 1s-') e reometria capilar (altas taxas de cisalhamento,entre 30 e 3.000 s-I ) [38].
mação possa ser aplicada, sendo necessário sustentar a amostra em um banho de óleo, por exemplo. Por causa das grandes mudanças da forma que a amostra desenvolve durante o experimento, tornam-se difíceis a medida e o controle da área transversal e das tensões desenvolvidas.
As medidas a baixas taxas de cisalhamento foram feitas por reo-
Recentemente, porém, equipamentos comerciais com cinco tipos
metria de placas paralelas, com R = 5,O cm e H = 1,O mm. As medidas
principais de geometria têm sido desenvolvidos [40]; essas geometrias
a altas taxas de cisalhamento foram feitas por reometria capilar, utili-
podem ser resumidas da seguinte forma:
zando a correção de Rabinowitsch e atrito no barril, com Dc= 0,07620 cm e Lc= 5,10184 cm. Pode-se observar a excelente concordância entre
a) Aplicação de uma tensão de elongação a uma amostra ci-
ambas as medidas.
líndrica presa entre duas garras por meio de um peso (geometria de Munstedt).
b) Estiramento da amostra por meio de dois conjuntos de rotores, girando à mesma velocidade, mas em direções opostas (geometria de Meissner). c) Aplicação da tensão de elongação a uma amostra presa entre duas garras, uma fixa e a outra se movimentando a uma
5.4 Reometria de Torque No processamento de polímeros, as propriedades reológicas de-
dada velocidade.
pendem tanto dos parâmetros operacionais (temperatura, pressão, va-
d) Fiação de um fundido através de um capilar, utilizando um
zão, etc.) como dos estruturais (peso molecular, distribuição de peso
pistão e uma polia giratória, em que a força vertical pode ser
molecular, etc.). Assim, é recomendável medir propriedades reológicas
medida (geometria de Meissner).
como a viscosidade nas condições mais próximas ou similares às condi-
e) Utilização de fluxos convergentes produzidos por pressão
ções de processamento.
O reômetro de torque é um equipamento que utiliza geometrias
(geometria de Cogswell). Nos três primeiros casos, a amostra fica imersa em um banho de óleo de silicone; sua limitação, porém, reside nas baixas taxas de elongação (máxima de 1 s-l) que alcançam, não compatíveis com as encontradas nos processos industriais, principalmente na fiação de fibras, no sopro biaxial de filmes e mesmo na produção de filmes planos. No quarto caso, maiores taxas podem ser alcançadas, mas a limitação decorre da quebra do fundido durante o estiramento, após a extrusão. No quinto caso, uma "viscosidade elongacional aparente" é calculada; porém não se sabe com precisão como relacionar essa viscosidade aparente à verdadeira viscosidade elongacional. Essa viscosidade elongacional aparente ~ o d ser e medida em um reômetro capilar, utilizando a aproximação de Cogsweli do fluxo convergente na entrada de um capilar [41]. Nesse caso,
v(&)e i: podem ser
calculadas pelas seguintes equações, utilizando a correção de Bagley (Equação 5.11):
mais complexas, que reproduzem, em menor escala, as geometrias dos equipamentos convencionais utilizados industrialmente como misturadores e extrusoras, permitindo medir, inclusive, a viscosidade do material. Quando são feitas medidas em um reômetro de torque, geralmente utiliza-se um dos seguintes sistemas: a) Um misturador interno com pás ou rotores giratórios em miniatura, para estudar, principalmente, as propriedades de mistura dos polímeros. b) Uma extrusora de rosca simples em miniatura, com matriz capilar, para medir, inclusive, a viscosidade do material. c) Uma extrusora de rosca dupla, para estudar compósitos e blendas. Nesse reômetro, a amostra é colocada dentro de um dos sistemas descritos anteriormente; uma velocidade (em rpm) predeterminada é imposta ao sistema. O torque necessário para fundir, misturar e homogeneizar a amostra é então medido. Um gráfico de torque versus tempo é obtido. A temperatura dentro do sistema também é continuamente
monitorada. Gráficos de temperatura dentro da câmara versus tempo também são obtidos.
A Figura 5.7 mostra um esquema de um misturador interno com
Estas são as taxas de cisalhamento na superfície dos rotores.
rotores giratórios; pode-se observar que, como a distância entre os ro-
Nesse caso particular, se D,/2
=
19,65 mm, r, = 18,2 mm, r,
=
11,O
tores e a superfície interna da câmara do misturador variam de ponto
mm,y2= 8,6 mm, y, = 1,4 mm e n,, = 0,66n,,, para uma rotação máxima
para ponto, a taxa de cisalhamento também varia.
de 200 rpm, obtêm-se, então, as seguintes taxas de cisalhamento [42]:
I
Rotor esquerdo
Rotor direito
y(s-'>
I
Máximo (v,) Mínimo (y2)
1
1
272.27 26,79
1
- - -
179,70 17,68
1
Logo, o rotor esquerdo produzirá taxas de cisalhamento em sua supedície entre 272 e 26 s-l, enquanto o direito produzirá taxas entre 179 e 17 s-l. Como a viscosidade do polímero fundido depende da taxa Figura5.7 Esquema da geometria de um misturador interno utilizado no
de cisalhamento, esses dados mostram que, em cada ponto da superfície
reômetro de torque; Da,= diâmetro da câmara; r, =raio da maior seção do rotor; r, = raio da menor seção do rotor; y, = menor distância entre o rotor e a câmara; y2= maior distância entre o rotor e a câmara; n,, = velocidade do rotor 1 e n,, = velocidade do rotor 2 [42].
dos rotores, o polímero terá viscosidade diferente, não sendo possível, então, calcular uma única viscosidade a uma dada velocidade de rotação. Essa é a principal desvantagem desse misturador interno: a impossibilidade de medir um único valor de viscosidade a uma dada taxa.
Nesse tipo de câmara, os rotores giram em direção contrária um
Uma curva típica obtida em um reômetro de torque utilizando
do outro e a razão de rotação, nesse caso específico, é de 3:2 [42]. Por causa do formato desses rotores, as taxas de cisalhamento podem ser
um sistema de misturador interno pode ser vista na Figura 5.8.
calculadas somente nos pontos em que ocorre paralelismo das superfícies. No ponto em que a distância entre o rotor e a câmara é y,, por exemplo, pode-se calcular uma taxa de cisalhamento j.,. No ponto em que essa distância é y,, outra taxa de cisalhamento j, pode ser obtida. Se
,
as velocidades tangenciais nos raios r, e r, são v, e v,, respectivamente, então essas taxas serão expressas por (ver Equações 1.18 e 3.42):
iernpo (sj
Figura 5.8 Reograma obtido em um reômetro de torque utilizando um sistema de misturador interno.
Pode-se observar que a curva apresenta dados de torque, TQ,
1. Queda do torque, o que poderia caracterizar degradação do
temperatura e torque total, TTQ, em função do tempo. Nesse caso,
material.
2. Aumento no torque, o que poderia caracterizar formação de
a temperatura da câmara é prefixada; porém, em razão do aquecimento provocado pela liberação de calor durante a mistura, essa temperatura
ligações cruzadas ou cura, por exemplo.
irá variar durante o teste, dependendo da velocidade deste, da condu-
A energia necessária para a mistura também pode ser calculada a
tividade térmica da amostra e do sistema de refrigeração da câmara. O
partir do torque total T T Q p e l a seguinte relação:
torque total representa a energia total de mistura consumida até aquele instante. O trabalho total para misturar a massa polimérica W (em J/g) em que E é a energia mínima necessária para a mistura e N é o número
pode então ser calculado.
de rotações/min.
O primeiro pico da curva torque versus tempo representa o torque
A potência W gasta em HP-hr será expressa por:
necessário para a compactação ou o carregamento do material que se encontra no estado sólido. Pode-se observar que após esse pico aparece um vale, que representa o torque necessário para comprimir e misturar o material. O segundo pico representa o torque necessário para fundir o
Para o caso do misturador, a viscosidade pode ser calculada, apro-
polímero; a altura desse pico indica a quantidade de energia ou torque
ximadamente, pela seguinte relação:
necessária para fundir o material. O tempo necessário para atingir esse pico também é importante, pois, quanto maior esse tempo, maior será o tempo necessário de residência do polímero dentro da extrusora ou injetora, por exemplo. Quando ensaios com blendas são realizados, po-
em que .c é a tensão de cisalhamento em dynas/cm2, j é a taxa de ci-
dem-se observar dois picos de fusão pelo fato de que cada componente
salhamento em s-l,T é o torque em Nm e N é a velocidade das pás em
da blenda irá fundir de forma e a temperaturas diferentes; às vezes, a
rpm.
presença do segundo pico também pode ser atribuída à fusão de um t
lubrificante ou aditivo. Pode-se observar, também, na Figura 5.8, que, após a fusão, o polímero ou mistura tende a se homogeneizar; o torque, então, se estabiliza.Teoricamente, essa seria a resistência ao fluxo (ou viscosidade) de trabalho do material, ou seja, o ponto no qual ele deveria ser extrudado ou injetado. E recomendável realizar a extrusão o mais próximo possível desse ponto. Após a ocorrência dessas transições, pode-se observar, ainda, duas situações distintas:
h, k, e k são constantes geométricas que dependem das caracte-
rísticas do sistema (tipo de pás do misturador).
A geometria complexa do sistema produz taxas de cisalhamento variáveis ao longo da superfície dos rotores, como mostrado, de forma que o cálculo da viscosidade é aproximado. Se for assumido que a geometria dentro da câmara do misturador pode ser aproximada para uma geometria de cilindros concêntricos, então o valor de k será 541.
5.5 Técnicas Não-Convencionais
técnica são largamente encontradas na área médica, em que imagens do interior do corpo humano são obtidas com grande detalhe e resolução.
Recentemente, técnicas reológicas não-convencionais vêm sendo
O uso de técnicas de NMFU em engenharia vem sendo continuamente
utilizadas na caracterização reológica de polímeros fundidos e em so-
demonstrado. Atualmente, é possível encontrar, na literatura, aplicações
lução. Nessa seção, serão brevemente apresentadas técnicas reológicas
em diversas áreas [43], inclusive no estudo do fluxo e reologia de emul-
com base em imagem por ressonância magnética nuclear e velocime-
sões [44; 45; 461, suspensões [47], alimentos [48], polímeros fundidos
tria por ultra-som. O objetivo não é descrever com detaihe o princípio
[49] e em solução [50] e mistura em sistemas multifásicos [SI; 521.
dessas técnicas, mas mostrar suas características gerais e algumas apli-
Sistemas de campos magnéticos baixos vêm sendo desenvolvidos e sua
cações. A grande vantagem do uso dessas técnicas é a possibilidade de
utilização no estudo reológico de materiais é promissora por causa do
obter informações reológicas que são impossíveis de serem obtidas por
menor custo do equipamento. Os detalhes dos princípios da técnica e
técnicas mecânicas convencionais, como por exemplo, a distribuição de
implementação dos métodos para aplicações reológicas fogem do esco-
taxas de cisalhamento no interior da amostra e a orientação molecular
po desse livro e podem ser encontrados em outros trabalhos [53].
induzida pelo fluxo.
A grande vantagem de usar NMFU em medidas reológicas é que
Essas técnicas ainda não estão largamente difundidas, pois pos-
é possível realizar medidas não-invasivas do campo de velocidades em
suem custo elevado e ainda carecem de sistemas comerciais voltados
diferentes geometrias, tanto para sistemas transparentes como para
especificamente para aplicações reológicas. No entanto, por permitir
opacos. A aplicação de técnicas de ressonância magnética no estudo
uma caracterização mais detalhada do sistema, elas são altamente pro-
de reologia é também conhecida como Rheo-NMR. Basicamente, essas
missoras para aplicações em que é exigido maior entendimento dos
técnicas consistem em determinar o perfil ou o gradiente de veloci-
efeitos do fluxo na estrutura em micro e mesoescala.
dades do sistema e, a partir desses dados, obter a distribuição de taxas de cisalhamento. E m um experimento de Rheo-NMR, o sinal,,,S
5.5.1 Imagem por ressonância magnética nuclear Técnicas com base em ressonância magnética nuclear (NMR) consistem na detecção do sinal emitido por um sistema de "spins" nucleares sujeito à ação conjunta de um campo magnético estático e dinâ-
tectado está diretamente relacionado à velocidade ).
V
de-
do sistema, pela
seguinte relação [54]:
S,,
J
= p, (7, t) exp[iq(t)jdV = ps(T, t)[cos
mico. A aplicação de gradientes de campo magnético, ou seja, campos
v v em que V é o volume da amostra, ps(Y,t) é a densidade de "spins" no
magnéticos que variam com a posição, torna possível, por meio da aná-
sistema e q(t) é a fase. É possível ver, pela equação anterior, que SNMR é
lise do sinal de NMR, associar o sinal com a posição, obtendo-se uma
um sinal que oscila com o tempo. O campo de velocidades do sistema é
imagem.
extraído a partir da fase q(t), que é expressa por:
A obtenção de imagens através de sinais de N M R é conhecida por imagem por ressonância magnética nuclear (NMFU). Aplicações dessa
A tensão de cisalhamento zm é obtida por meio das medidas da
em que y, é a razão giromagnética, uma propriedade do "spin nuclear", é o
queda de pressão na seção do fluxo onde a medida de velocidade é feita.
valor do gradiente de campo magnético utilizado para extrair o campo
No Capítulo 3, foi visto que, no fluxo de um fluido em regime perma-
que, no caso do átomo de hidrogênio lH, é 42,6 MHdTesla;
de velocidades, que possui unidades de campo magnético por distância
nente no interior de um tubo, a pressão P e a tensão de cisalhamento zm
(Tesldm, no Sistema Internacional); e V é a velocidade média durante a
são correlacionadas pela seguinte expressão:
aplicação da seqüência de pulso em um experimento de Rheo-NMR. Uma aplicação interessante no uso de NMFU em reologia é a determinação da viscosidade por meio de medidas do perfil de velocidades por NMFU e queda de pressão utilizando transdutores de pressão no interior de um tubo. Esse método permite obter curvas de viscosidade de fluidos não-Newtonianos com uma única medida e de forma
1
Assumindo que na seção entre os transdutores de pressão a queda
1
de pressão é linear e integrando a equação anterior ao longo da seção
1 'I
transversal do tubo, obtém-se a seguinte equação para a tensão:
não-invasiva, o que faz com que esse método possa ser utilizado para medidas on-line em sistemas industriais [55]. A Figura 5.9 mostra um esquema desse sistema, que consiste em um fluxo através de um tubo em regime permanente. É importante salientar que, como a medida de
Dessa forma, é possível obter a viscosidade q em função da posi-
ção radial r, aplicando a definição de q em um ponto r, expressa por:
velocidade é feita diretamente no fluido, não é necessário fazer nenhuma hipótese a priori em relação ao perfil de velocidades. A partir do perfil de velocidades, a taxa de cisalhamento local ?(r) no interior do tubo pode ser obtida por meio da seguinte relação (Capítulo 1):
Note que, como a tensão e a taxa de cisalhamento são obtidas localmente e a velocidade é medida diretamente, nenhuma hipótese em relação ao perfil de velocidades é necessária. Dessa forma, o efeito não-Newtoniano é capturado por meio do perfil de velocidades e a curva de viscosidade em função da taxa de cisalhamento pode ser cons-
P.
/
Transdutores de pressão
o
truída por uma única medida. Ao contrário da reometria capilar, não é necessário fazer correção, pois a distribuição radial da taxa de cisalhamento é obtida diretamente do perfil de velocidades. Outra vantagem é que, pelo fato de as medidas poderem ser feitas em qualquer seção do
tubo, os efeitos de entrada podem ser desprezados, se for escolhida uma seção suficientemente longe da entrada do tubo. Figura
Esquema do fluxo onde são realizadas as medidas de viscosidade por NMR.
Estudos reológicos em outras geometrias também podem ser feitos, como em geometrias de cilindros concêntricos (Couette), placas
paralelas e cone-placa. Por exemplo, em estudos da reologia de siste-
mento de onda do ultra-som. Geralmente, essa restrição é facilmente
mas micelares e polímeros em solução em geometria cone-placa e ci-
satisfeita pela presença de pequenas impurezas suspensas nos fluidos.
lindros concêntricos por NMR, foi observada a presença de um perfil
Basicamente, essa técnica consiste em determinar o deslocamento de
de taxa de cisalhamento não uniforme. Esse fenômeno é conhecido
uma partícula entre dois pulsos de ultra-som durante o fluxo (Fígura
como bandas de cisalhamento (shear banding) e ocorre em razão das
5.10). O transdutor de ultra-som emite um pulso que interage com
mudanças nas conformações em mesoescala induzidas pelo fluxo [Sol.
uma partícula movimentando-se a uma velocidade v, que, por sua vez,
Esse exemplo ilustra o potencial dessa técnica, além de mostrar limi-
emite um eco proveniente do espalhamento da onda de ultra-som com
tações das técnicas mecânicas convencionais, em que não é válida a hi-
ela; esse eco é detectado em um tempo tde a posição p da partícula pode
pótese de escoamento com taxa de cisalhamento uniforme (Seção 5.2).
ser determinada pela seguinte equação:
Recentemente, técnicas de Rheo-NMR foram aplicadas no estudo do efeito do cisalhamento na orientação molecular de polímeros fundidos [56]. Isso mostra o grande potencial dessa técnica no estudo de reologia tanto em escala macroscópica como molecular.
5.5.2 Velocirnetria por Ultra-som, U DV
em que c é a velocidade do som no fluido. Com a aplicação de um segundo pulso após um intervalo tp,a velocidade da partícula pode ser determinada por meio da seguinte relação:
Similarmente à técnica de NMRI, técnicas de ultra-som para medir velocidades vem sendo utilizada na caracterização reológica de materiais. Apesar de essa técnica ser mais limitada em relação à NMRI, por não ser possível obter informações em relação à microestmtura e estrutura molecular do sistema, esta possui a vantagem de ser mais barata, além de permitir medidas não-invasivas em sistemas opacos e
em que os subescritos 1e 2 se referem à aplicação de dois pulsos de ultra-som sucessivos. Como o intervalo td, - td2é muito pequeno, ou seja, da ordem de milisegundos, é usual expressar essa diferença como um deslocamento de fase qS,OU seja,
possuir resolução temporal da ordem de 10 ms. Medidas de velocidade por ultra-som consistem em detectar deslocamento do líquido, em um dado intervalo de tempo, por meio do deslocamento Doppler da onda de ultra-som aplicada ao sistema. Essa técnica é conhecida por UZtrasound Doppler Wocimetry (UDV) e medidas reológicas utilizando essa técnica foram obtidas em sistemas não-Newtonianos tanto para fluxo em regime permanente [57] como para regime oscilatório [58]. Para ser possível a interação entre a onda de ultra-som e o fluido, é necessária a presença de partículas de tamanho menor que o compri-
Nessa equação, fe é a freqüência de emissão. Notando que a freqüência entre dois pulsos fd é o inverso do tempo tp e substituindo a Equação (5.41) na Equação (5.40), obtém-se a seguinte expressão para a velocidade v da partícula:
v=
C fd
2fecose
Note que a Equação (5.42) tem o mesmo resultado da conhecida equação de Doppler.
OUTROSPARÂMETROS QUE AFETAM
AS PROPRIEDADES
REOL~GICAS
As propriedades reológicas estudadas até aqui dependem, além do tipo de fluxo, de outros parâmetros como temperatura, pressão, peso molecular e distribuição de peso molecular do polímero. Neste capítulo será estudada a influência que esses parâmetros exercem nas duas principais propriedades reológicas: viscosidade e elasticidade. Viscosidade é Figura 5.10 Esquema do princípio de medida da técnica de UDV.
definida, aqui, como a propriedade que mede a resistência do polímero a um dado tipo de fluxo, que pode ser cisalhante e permanente, q ( j ) ,
Medidas de viscosidade similares e utilizando o mesmo procedi-
elongacional e permanente,
q(E), ou oscilatório, q*(o). A elasticidade
mento mostrado na seção anterior podem ser obtidas por UDV, con-
pode ser entendida como a propriedade que mede o armazenamento de
forme demonstrado na literatura para alimentos [57]. Portanto, essa
energia do polímero durante o fluxo cisalhante e permanente, N, ( j )e Je
técnica também pode ser utilizada na determinação on-line da viscosi-
(y), ou oscilatório, G'(o).
dade em função da taxa de cisalhamento de fluidos não-Newtonianos. Para sistemas de polímeros fundidos a altas temperaturas, devem ser
6.1 Parârnetros que Afetam a Viscosidade
utilizados transdutores adequados para operar a altas temperaturas. Atualmente, sistemas comerciais de UDV estão limitados a medidas em temperaturas até 150°C, o que limita consideravelmente sua utilização para polímeros fundidos.
6.1.1Temperatura :A
dependência da viscosidade em relação à temperatura pode ser
expMcada por meio da teoria do volume livre f [18]. Essa teoria assume que, a uma dada temperatura
To.;(T-S~OC),não existe volume livre
entre as macromoléculas; porém, esse volume livre aumentará linearmente com o aumento da temperatura. Na temperatura de transição vítrea Tg,O volume livre terá um valor finito fg.Assim, um coeficiente de expansão do volume livre a, pode ser definido por:
em que fg = 0,025 e a,= 4,8 x
Pela teoria de Williams, Landel e Ferry, a viscosidade q(y) a uma dada
é expressa pela relação 11, = ae(E',iRT) e à temperatura
temperatura T está relacionada à viscosidade à temperatura de transi-
q, = ae("1iRT2), então E poderá ser calculado; se o índice de potências n
ção vítrea qg pela seguinte relação:
é conhecido, então EYtambém poderá ser calculado.
T,, pela relação
Para entender o efeito da temperatura nas propriedades dos polímeros, é necessário lembrar que a viscosidade também varia com a taxa de cisalhamento. A uma dada temperatura, se as taxas de cisalhamento em que
são pequenas, o polímero estará emaranhado, ou seja, a velocidade de emaranhamento será maior ou igual à de desemaranhamento, pois a deformação é pequena. Porém, a taxas de cisalhamento maiores, essa situação se inverte e a viscosidade diminui.
são as constantes universais de WLF. No caso de polímeros fundidos, normalmente a dependência da viscosidade em relação à temperatura pode ser expressa por uma relação tipo Arrehnius, ou seja:
em que a e b são constantes. A constante b pode ser expressa como:
i' Figura 6.1 Curvas de fluxo para um polímero fundido a duas temperaturas
diferentes. em que E é a energia de ativação de fluxo.
A Equação (6.3) é válida somente para polímeros fundidos quan-
Em polímeros fundidos, a temperatura influencia muito mais
do as curvas de fluxo, em diferentes temperaturas, apresentam compor-
fortemente a região do platô Newtoniano do que a região da Lei das
tamento semelhante ou são paralelas (Figura 6.1). Nesse caso, é possí-
Potências; nessa última região, a inclinação da curva praticamente não
vel determinar a energia de ativação à taxa de cisalhamento constante
se altera com a temperatura, como pode ser visto na Figura 6.2. Pode-se
(EY)e tensão de cisalhamento também constante (E) [59]. É possível
observar, também, por essa figura, que a largura do platô Newtoniano
demonstrar que E, = (l/n) EY[59]. Se a viscosidade à temperatura TI
fica maior à medida que a temperatura aumenta.
log Y
Figura 6.3 Gráfico de viscosidade elongacional versus taxa de elongação em
diferentes temperaturas.
Figura 6.2 Gráfico de viscosidade q versus taxa de cisalhamento j de um
polímero fundido a diferentes temperaturas Ti. Dessa forma, dois fatos devem ser analisados:
1.A diminuição da viscosidade pelo aumento da temperatura.
A viscosidade complexa q*(o) apresenta dependência em relação à temperatura semelhante à dependência da viscosidade q(y), como
mostra a Figura 6.4.
2. O aumento da largura do platô Newtoniano com o aumento da temperatura. E m relação ao ponto 1, sabe-se que temperaturas elevadas aumentam os movimentos intermoleculares e o volume livre entre as moléculas; esse aumento de volume livre diminui o atrito entre as macromoléculas e, consequentemente, diminui a viscosidade. Mas o aumento da temperatura também aumenta a vibração molecular e a probabilidade de contatos intermoleculares (ponto 2); consequentemente, as
--
-
log(o)
velocidades de emaranhamento e desemaranhamento ficam similares
Figura 6.4 Gráfico de viscosidade complexa q*(o)em função da freqüência a
por mais tempo, aumentando a largura do patamar Newtoniano com
diferentes temperaturas.
o aumento da temperatura. Quando uma taxa de deformação elevada é atingida, a deformação se superpõe ao efeito da temperatura; nesse
ponto, o desemaranhamento ocorre e a viscosidade diminui. E m relação à viscosidade elongacional 9(E), pode-se observar que, da mesma forma que q ( j ) ,q(E) também diminui com a temperatura, como mostra a Figura 6.3.
6.1.2 Pressão Além da temperatura e da taxa de cisalhamento, a viscosidade q ( j ) de um polímero é dependente da pressão P; essa dependência pode ser expressa pela seguinte relação:
POLÍMERO
em que A e B são constantes para cada polímero; então, pode-se obserPoiímero de silicone
var que geralmente a viscosidade aumenta com o aumento da pressão.
8,6 x 10-7
A variação da viscosidade com a pressão é um fato importante na reometria e, conseqüentemente, no processamento de polímeros,
1,9 10.~
9,0 I O - ~
2,2 I O - ~
19,0 10-'
das distâncias entre as macromoléculas e como o aumento da pressão
A Figura 6.5 mostra curvas de viscosidade versus taxa de cisalhamento para PS a diferentes pressões. O mesmo comportamento tem sido observado em PP e no terpolímero de acrilonitrila-butadieno-es-
diminui essa distância, é esperado que um aumento de pressão aumente
tireno, AB S [60].
principalmente na moldagem por injeção. Como a viscosidade depende
a viscosidade. Por exemplo, o silicone possui, a 10.000 atm, 107vezes a viscosidade que possui a 1 atm. Contudo, nem todos os polímeros são diiatantes com a pressão; por exemplo, o PS é pseudoplástico em relação à pressão [I81. Geralmente o efeito do aumento da pressão possui equivalência
e 200 bar v 500 bar
com o efeito da redução da temperatura. Na Tabela 6.1 pode-se obser-
0
var, para o PEAD, a 220"C, sob uma pressão P igual a 108N/m2, que
1.000 bar . 242°C
-202°C
se essa pressão é multiplicada por (AT/AP)~~ = 4,2 x 10-7 K/Nm2, isto
162°C
equivale a um A T = 42 K, ou seja, elevar a pressão até 108Nm-2equivale a reduzir a temperatura até 178°C [18].
Tabela 6.1 Coeficientes de temperatura-pressão a viscosidade, entropia e volume constantes (.C/Nm-2)[18].
I
I 104
10
Io0
10'
Y (s")
102
103
I 104
Figura 6.5 Viscosidade versus taxa de cisalhamento de um PS fundido, mos-
trando a dependência da viscosidade em relação à pressão [60]. Pode-se observar que a viscosidade aumenta com a pressão a uma mesma temperatura. Porém, se a temperatura variar, a viscosidade a maior pressão não será necessariamente maior que a viscosidade a menor pressão, como se pode observar para o caso da viscosidade a 500 bar e 202°C em relação à viscosidade a 200 bar e 162°C.
6.1.3 Estrutura rnolecular
distribuições de pesos moleculares largas, a viscosidade decresce mais rapidamente do que para distribuições de pesos moleculares mais es-
Quase todos os polímeros lineares, como o PEAD, o PP e o PS,
treitas; ou seja, a pseudoplasticidade do material (inclinação da cur-
podem ter sua viscosidade a taxa de cisalhamento zero, qo,relacionada
va) aumenta com o aumento da DPM, como mostra a Figura 6.7.
ao peso molecular; essa relação é conhecida como relação de MarkHouwink :
em que K e a são constantes para um dado polímero. Até um valor crítico de M , , a é igual a 1; acima desse valor, chamado de Mc,a varia entre 3,4 e 3 5 , como pode ser visto na Figura 6.6. Esse valor corresponde aproximadamente a Mc= 15.000 g/mol e, teoricamente, equivale ao peso molecular no qual os emaranhamentos moleculares começam a exercer um efeito significativo na viscosidade. E m
Figura 6.7 Viscosidade versus taxa de cisalhamento para um polímero de
poliamidas, verifica-se que essa viscosidade, a um dado peso molecular
mesmo peso molecular M, mostrando a influência da distribuição de peso
fixo, é reduzida pela presença de ramificações longas. Estudos em PIB
molecular.
mostram que essa relação também pode se alterar com a distribuição
Outros estudos mostram, ainda, que a viscosidade depende de
de peso molecular.
Mwa baixas taxas de cisalhamento, como ilustra a Figura 6.8.
Figura 6.6 Viscosidade a taxa de cisalhamento zero versus peso molecular
Figura 6.8 Viscosidade versus taxa de cisalhamento mostrando a influência
médio, mostrando o peso molecular crítico Mc. Geralmente, se a distribuição de peso molecular aumenta, a taxa
de M," na viscosidade. I I
de cisalhamento em que ocorre a transição entre o platô Newtoniano
!
e a região da Lei das Potências diminui. Observa-se também que, para
I
Curvas experimentais para dois tipos de PEAD com DPM diferentes (Figura 6.9) exemplificam esse comportamento [61]. A amostra
B, que possui uma DPM mais larga que a amostra A, começa a desviar da viscosidade zero 11, a menores taxas de cisalhamento, o que pode ser atribuído ao menor grau de emaranhamento que ocorre quando a
qo=aM; exp 34
(5) "-
Se um gráfico de q/qo é construído em função de yh,, em que h,
DPM é larga.
é o fator de Bueche-Harding, expresso por:
1o0 1o-'
rilti" 1u2
então, é possível calcular a partir desse gráfico adimensional o valor da viscosidade do mesmo polímero, porém com peso molecular diferente,
Im3
em outra taxa de cisalhamento e em outra temperatura. No caso da viscosidade elongacional, a dependência com o peso
Figura 6.9 Viscosidade reduzida (rllqo)versus taxa de cisalhamento para
molecular ainda precisa ser melhor estudada; na Figura 6.10, é mostra-
PEAD com diferentes DPMs: (A) MV/MII=16; (B) Mw/Mn= 84 [61].
do um gráfico de viscosidade elongacional q(E) versus taxa de elongação
Evidentemente, polímeros com diferentes estruturas químicas apresentarão diferentes respostas às deformações. Por exemplo, um polímero alifático linear oferecerá menor resistência à deformação do que
E para várias distribuições de peso molecular do PEAD. Pode-se observar por essa figura que quanto maior a DPM, a uma mesma taxa de elongação, maior será q(E) [61].
um polímero com anéis aromáticos grandes em sua cadeia principal. Bueche estabeleceu uma relação entre a viscosidade de um polímero ramificado e a de um linear de mesmo peso molecular; essa relação pode ser expressa como:
em que q, é a viscosidade do polímero ramificado,
é a viscosidade do polímero linear, g é a razão entre os raios quadráticos médios do 1
polímero ramificado e do linear e E(g) é igual a $'I2, quando as cadeias estão emaranhadas, e igual a 1,quando as cadeias não estão emaranhadas; essa equação tem sido comprovada experimentalmente.
A viscosidade q, pode ser expressa também ao mesmo tempo como uma função do peso molecular e da temperatura de acordo com a seguinte relação:
Figura 6.10 Viscosidade elongacional versus taxa de elongaçáo para três
PEAD, com diferentes distribuiçóes de peso molecular: (A) Mw/M,= 84 2,20 x 10'); (C) Mw/M,= 8 (Mw= (Mw=1,68 x 105);(B) M w N n= 16 (MW= 1,66 x 105)[61].
o'?
2
0,
tensões normais de um PEAD e de um PEBD em fünção da taxa de cisalhamento e com diferentes distribuições de peso molecular [61].
B - MJM,
= 84 (PEAD)
o (rad)
Figura 6.13 Curvas de G'(o)e G(o)para um dado polímero, indicando
como a freqüência cùc se desloca com a variação do peso molecular e da distribuição de peso molecular [62].
6.2 Parâmetros que Afetam a Elasticidade Quando os materiais poliméricos fluem, as cadeias tendem a se desemaranhar à medida que sofrem cisalhamento ou elongação. Porém, alguns emaranhamentos ou nós temporários entre as macromoléculas
I 04
Io4
Io"
Io'
I02
Y(s-')
Figura 6.14 Primeira diferença de tensões normais wersus taxa de cisalhamento para polietilenos com diferentes distribuições de peso molecular [61].
Pode ser observado que a amostra A, que possui DPM mais estreita, é mais elástica que a amostra B, quando comparada em relação à taxa de cisalhamento. Outro parâmetro que mede a elasticidade é a compliância em regime permanente Je,definida por:
evitam que elas deslizem completamente umas sobre as outras. Assim, quando as forças de cisalhamento ou de elongação são retiradas, as moléculas tendem novamente a se emaranhar, provocando efeitos elásticos que se sobrepõem ao fluxo viscoso em razão do armazenamento de energia.
A elasticidade pode ser analisada por meio das medidas de tensões normais, N, ou N,, da compliança J: e do módulo de armazenamento G'(cù), entre outras. A Figura 6.14 apresenta medidas de diferenças de
A Fig-~ra6.15 mostra a variação de Je com a taxa de cisalhamento para dois PEAD. Pode-se observar que Je é maior para a amostra B, que possui DPM mais larga, em relação à amostra A, que possui DPM mais estreita.
Analisando essas curvas, pode-se observar que o platô elastomé-
A - MJM, = 16 (PEAD) B - MJM, = 84 (PEAD)
rico representado por G", (Figura 4.16) é independente do peso molecular; isso ocorre porque os movimentos difusivos de curto alcance dos segmentos macromoleculares, os quais são independentes do peso molecular, são muito mais rápidos que os tempos de observação; logo, mudanças conformacionais de longo alcance que provocam movimentos translacionais ficam restritas. Para calcular a DPM, Tuminello [64] utilizou valores de G'(o)e concluiu que a curva cumulativa de distribuição de pesos moleculares,
CDPM, deveria ser proporcional à curva de [G'(~)/G,O]O.~. Ainda, se forem comparadas as zonas terminais de dois cristais
o1 4
Io'
I02
I Io3
líquidos poliméricos (Vectra A900 e PET/6OHBA), pode-se observar o comportamento mostrado na Figura 6.17 [65].
W') Figura 6.15
Jc
versus taxa de cisalhamento para polietilenos com diferentes
distribuições de peso molecular [61].
A variação do PM também altera o comportamento do platô da curva de G'versus o;por exemplo, para PS, observa-se o comportarnento mostrado na Figura 6.16.
(a)
(b)
Figura 6.17 G' e G" em função da freqüência para dois cristais líquidos poliméricos: (a) VECTRA A900 e (b) PET/6OHBA [65].
A zona terminal do Vectra A900 fica fora da janela de freqüências experimentais utilizadas; isso indica que existe uma associação intermow (radls)
Figura 6.16 Variação de G'com o peso molecular para PS [63].
lecular muito forte do fundido nemático desse LCP.Já o PET/6OHBA não mostra essa dependência em relação à elasticidade e seu espectro é muito similar ao de um polímero amorfo.
Neste capítulo serão mostradas algumas aplicações da reologia de polímeros no processarnento desses materiais
7.1 Mistura em Geometria de Placas Paralelas No caso de blendas de dois fluidos Newtonianos, quando se tem um fluxo de cisalhamento simples, como mostrado na Egura 1.14, pode-se calcular a taxa de cisalhamento da fase dispersa (componente de menor concentração) y, pela seguinte relação [66]:
em que y é a viscosidade do componente de maior concentração, pt é a viscosidade do componente de menor concentração e
d>,
é a fração
volumétrica da fase de menor concentração. Pode-se observar que, se p/pt > 1,então:
Assim, se a fase de menor concentração possui viscosidade muito menor que a fase de maior concentração, então a taxa de cisalhamento na fase de menor concentração será maior que a taxa de cisalhamento nominal VJH e será, também, independente das viscosidades dos polímeros, dependendo somente da fração volumétrica. Se p/pt < 1,então:
7.2 Extrusão
Assim, se a fase de menor concentração possui viscosidade maior do que a fase de maior concentração, essa receberá uma taxa de cisalhamento menor que Vw/H.
7.2.1 Introdução
O processo de extrusão consiste na obtenção de produtos conformados por meio da passagem do material fundidos através de uma ma-
Isso permite concluir que, em uma blenda, se o polímero que es-
triz, formando, após sua solidificação, um produto de seção transversal
tiver em menor quantidade possuir viscosidade mais elevada do que o
constante. O processo é realizado a partir da fusão e homogeneização
polímero que estiver em maior quantidade, a sua mistura será dificul-
do material a uma dada vazão, pressão e temperatura [68].
tada.
O polímero, na forma de grãos ou em pó, é alimentado através da Outra aplicação da reologia está na determinação da morfologia
caçamba ou funil para a carcaça ou barril, que estão aquecidos, onde o
em blendas imiscíveis [67]. É possível predizer o tamanho máximo da
material é fundido e bombeado para dentro da matriz por meio de um
gota estável D em um fluxo de cisalhamento em função dessa razão de
parafuso ou rosca sem fim. Esse equipamento é chamado de extrusora
viscosidades. Assim:
e é mais que uma bomba, pois proporciona a energia térmica necessária
D=
para fundir o polímero, além de ser responsável pela mistura e homoge-
4v(rl, + 1) w(:Tr
+4)
quando q, < 2,5
neização do material fundido. Esse processo é empregado na cobertura contínua de fios elétricos, na fiação de fibras, na produção de filmes, chapas, tubos, "parisons" para garrafas e filmes biaxialmente orientados (filmes por sopro), entre outros usos.
7.2.2 Equipamento em que v é a tensão interfacial e qr= pl/p, a razão de viscosidades.
O primeiro caso prediz o tamanho da gota em fluidos Newtonianos; a quebra das gotas não ocorre quando qr> 4. O segundo caso prediz o tamanho da gota em polímeros fundidos a baixas concentrações
Uma extrusora de parafuso simples consiste basicamente de um parafuso e de uma matriz. O parafüso possui três zonas geometricamente diferentes, como mostra a Figura 7.1.
da fase dispersa. 8 Existem processos de extrusão em que o material não é fundido, como, por exemplo, a extrusão de massas cerâmicas e a extrusão de celulose.
Carcaça
+
resultante do elevado cisalhamento dessa zona; por isso, o parafuso para esse material não apresenta seção de dosagem. Como regras gerais, pode-se estabelecer que: a) Polímeros mais estáveis ao calor podem utilizar canais ra-
Parafuso
sos.
b) Polímeros mais viscosos podem utilizar canais mais profundos. Figura 7.1 Esquema do parafuso de uma extrusora.
A seção 1, chamada de zona de alimentação, geralmente possui canais profundos, ou seja, a altura do filete B é grande; o material nessa região estará praticamente no estado sólido. A maior parte da fusão do polímero ocorrerá na seção 2 ou zona de compressão. A seção 3, conhecida por zona de plastificação ou dosagem, possui canais rasos, ou seja, B é pequeno; essa seção está associada à dosagem e pressurização do
c) Canais rasos significam melhor mistura, maior geração de calor pelo atrito e, conseqüentemente, maiores temperaturas do fundido. d) Canais profundos produzem maiores mudanças na vazão provocadas pelas alterações na pressão.
A tabela 7.1 mostra as dimensões, em mm, de alguns parafusos típicos de extrusão.
material, que estará no estado fundido. Cada zona pode ser aquecida separadamente, possuindo uma
Tabela 7.1 Dimensões, em mm, de alguns parafusos típicos de extrusão.
temperatura diferente. Geralmente, a menor temperatura é imposta na zona 1, aumentando progressivamente até uma temperatura máxima na zona 3. A matriz normalmente está a uma temperatura menor que a da zona 3.
A razão entre as alturas do filete nas seções 1e 3, ou seja, B,/B,, é chamada de razão de compressão. Normalmente, a zona 1 é maior
para polímeros cristalinos, já que esses materiais requerem mais calor para fundir. A zona 2 geralmente tem 50% do comprimento total do parafuso, mas pode ter até 100% como no caso de PVC plastificado ou
5% quando o material a ser extrudado é a poliamida. Na zona 3 ocorre
Após o polímero deixar o parafuso, mas antes de entrar na matriz,
o maior cisalhamento do polímero. Alguns polímeros, como o PVC,
ele deve passar através de um prato rígido ou peneira (breakerplate), que
sendo extremamente sensíveis ao calor, não suportam o aquecimento
serve para alinhar o fluxo na direção axial e para filtrar e homogeneizar o fundido.
A medida que o polímero flui através da matriz, o material adquire a forma da seção transversal dessa matriz. Como ela exerce resistência ao fluxo, torna-se necessária uma pressão para forçar o material através dela. Essa pressão é chamada de pressão no cabeçote da matriz e é determinada pela forma desta, pela temperatura do fundido, pela vazão e pelas propriedades reológicas do fundido. É importante lembrar que a pressão na matriz é causada pela matriz e não pelo parafuso da extrusora. Se a vazão, a matriz, o polímero e as temperaturas na matriz são os mesmos, então não faz diferença se a extrusora é de parafiiso simples, duplo, etc., pois a pressão na matriz será a mesma. A Figura 7.2 mostra esquematicamente uma matriz de extrusão tipo fenda para produção de filmes para estudos de cristalização induzida por fluxo [69].
7.2.3 Princípios básicos No processo de extrusão, o polímero fundido deve ser conformado pela matriz a uma vazão Q e queda de pressão AP constantes. Dependendo da geometria e dimensões do parafuso, da velocidade de rotação do parafuso N, da matriz e das propriedades reológicas do polímero, haverá vazão e pressão de operação ideais. Essas vazão e pressão de operação ideais definem o ponto de operaqão da extrusora.
O cálculo teórico desse ponto de operação envolve o uso das equações de conservação da massa, quantidade de movimento e energia e a equação reológica de estado, mostradas no Capítulo 1. Middlemann [66] fez o cálculo do ponto de operação de uma extrusora de rosca simples utilizando as equações constitutivas do fluido
1.Aço inox; 2. alumínio; 3. canais de entrada do polímero; 4. canais de resfriamento; 5. orifícios para cartuchos de aquecimento; 6. orifícios para fixação; 7. fenda.
Newtoniano e do fluido de Lei das Potências, assumindo um fluxo isotérmico. É necessário relembrar que geralmente o polímero é alimentado na extrusora no estado sólido, sendo convertido em fundido entre as zonas 1e 2. Assim, a sua modelagem é válida somente para as zonas 2 e 3. Na zona 1 ocorre uma mistura de material sólido com fundido. Em uma extrusora, o parafuso gira enquanto a carcaça permanece estacionária. Na análise isotérmica Newtoniana, Middlemann [66] assumiu, porém, que a carcaça estava se movimentando (no lugar do
I
I
1
Vista lateral
1
,
I
I
Vista frontal
Figura 7.2 Esquema de uma matriz de extrusão, visando obter cristalização
induzida pelo fluxo [69].
parafuso) com a velocidade de rotação do parafuso, enquanto o parafuso permanecia parado. Essa hipótese foi elaborada para simplificar o tratamento matemático. Para simplificar ainda mais, a carcaça e o parafuso foram "desenrolados", como mostra a Figura 7.3.
Por causa do inchamento do extrudado (ver Seção 7.2.4.1), a se-
Assim, a carcaça se movimenta a uma velocidade U = nDN, em
ção transversal do produto final não possuirá as mesmas dimensões da
que N é o número de rotações/min. As componentes na direção x e na
seção transversal da matriz.
direção z dessa velocidade são Ux e Uz, respectivamente, possuindo os
Geralmente, os principais parâmetros que podem ser controlados durante a operação de extrusão são a freqüência de rotação do parafuso N, a temperatura na carcaça e a pressão na matriz.
seguintes valores:
quantidade de movimento para um fluido Newtoniano (ver Equações 1.38 e 1.40) fica reduzida a:
W - distância entre os filetes e - espessura do filete D - diâmetro do parafuso
Parafuso
Como condições de contorno, assume-se que: V,
(7.8a)
(y = O) = f (z)
0 - ângulo entre o filete e o eixo perpendicular ao eixo do parafuso
L - comprimento do parafuso Z - comprimento do parafuso "desenrolado"
O gradiente de pressão ap/az na direção z pode ser substituído Figura 7.3 (a) Esquema do parafuso de extrusora; (b) parafuso "desenrolado" [661.
por um valor constante expresso por:
Pode-se observar, ainda, que a taxa de cisalhamento na superfície do parafuso Yp pode ser calculada utilizando a Equação (3.42); ou seja,
Assumindo, ainda, que os termos inerciais da equação da conservação da quantidade de movimento não são importantes e que a velocidade na direção y é igual a zero, a equação da conservação da
A solução da Equação (7.7), sujeita às condições de contorno, Equação (7.8), resulta em:
em que Z
II
=
L/sene, e F, e Fp são fatores de forma; lembrar que
B w/2
Q, =
O -w/2
v, (x,y) dxdy. Nesse caso, assume-se que não ocorre fluxo B
na direção x, ou seja, vXdy= 0. O
207
A Equação (7.10) é conhecida como eguafáocaracte>-zSticadopara@o e pode ser reescrita da seguinte forma:
I
I
A vazão através de uma matriz Q pode ser relacionada à queda em que A e C são constantes geométricas do parafuso.
de pressão pela seguinte equação:
Analisando a Equação (7.11), pode-se observar que a vazão Q é produto de dois tipos de fluxo: o de arraste e o de pressão. Fluxos de arraste, conforme visto no Capítulo 3, são causados pelo movimento relativo de um ou mais contornos que contêm o fluido. No caso da ex-
em que k é uma constante relacionada à geometria da matriz.
trusora, o parafuso está girando dentro de um barril ou carcaça parados, o que provoca uma vazão de arraste Q,
=
A Equação (7.15) é chamada de equafáo caracteristica da ma-
AN. Fluxos de pressão, tam-
bém vistos no Capítulo 3, são causados pela presença de gradientes de
triz.
pressão em um fluido. Nesse caso, a vazão Qpp= ( C / ~ ) A éPdeterminada
A Tabela 7.2 apresenta diversos valores de k para diferentes tipos de matrizes, em que Lme Dmrepresentam o comprimento e o diâmetro da matriz, respectivamente; W é a largura da matriz de fenda, t, é a espessura da matriz e Dmm é o diâmetro médio da matriz anelar.
pela pressão na entrada da matriz. Em algumas matrizes, o polímero fundido cobre um substrato, como, por exemplo, fios de cobre, os quais se movimentam através da matriz; nesse caso, o fluxo é uma combinação de fluxos de arraste e de pressão.
A componente da velocidade do polímero na direção x será expressa pela solução da Equação 7.6:
Tabela 7.2 Valores de k para diferentes matrizes de extrusão. Geometria da
matriz
1/k, (cm9)
?,,(s-I)
128(L, +4Dm) Circular
e a componente da velocidade do polímero na direção z é expressa
Fenda (filmes)
por:
12L, Anelar (tubos)
v
AF' Y 1 " B 2p Y ( B - Y ) ~
=u
A potência K necessária para extrudar o polímero pode ser calculada a partir das componentes da velocidade do parafuso e é expressa pela seguinte relação:
em que jd = taxa de cisalhamento na matriz. No ponto de operação ideal, a vazão gerada pelo parafuso deve ser igual à vazão que passa através da matriz Q. Graficamente,
essa igualdade, para fluidos Newtonianos, pode ser representada como mostrado na Figura 7.4.
I
nenhuma vazão. A parte da potência associada à vazão é representada
I
por QAP. Tem-se, então, a seguinte relação [66]:
em que E, pode ser considerada uma medida da eficiência da extrusora. Se E, assume valores próximos de 1,então quase toda a potência fornecida gera vazão. No caso de utilizar a equação da Lei das Potências como equação constitutiva, a análise fica mais complexa, já que existirão várias equações características do parafuso, cada uma em função do índice da AP
Lei das Potências n. Middlemann [66] fez essa análise assumindo um
Figura 7.4 Curvas características da matriz e parafuso para um fluido
fluxo isotérmico. Primeiramente, ele definiu vazão e queda de pressão
Newtoniano.
adimensionais II, e H,:
Analisando a Figura 7.4, pode-se verificar que: a) A máxima vazão gerada pela extrusora será Q=AN, quando AP = O, ou seja, quando não existe matriz.
b) A inclinação da curva característica do parafuso é C/p; logo, o ponto de operação pode ser modificado se W, B, L e
0 mudarem ou se a viscosidade do polímero ou a temperatura do fundido também mudarem.
O cálculo das equações características do parafuso requer a so-
c) A inclinação da curva característica da matriz é km/p;logo,
lução das equações da conservação da quantidade de movimento e do
o ponto de operação pode ser alterado se a matriz, a viscosi-
fluido da Lei das Potências. As condições de contorno são as mesmas
dade do polímero ou a temperatura do fundido mudarem.
utilizadas para o fluido Newtoniano. As equações a serem resolvidas para um fluido da Lei das Potências, após as simplificações, são expres-
A vazão não é a única variável que interessa no processo de extru-
sas por (ver Equações 1.38 e 1.54):
são; a potência necessária para movimentar o parafuso é um parâmetro importante. A potência fornecida para a extrusora produz dois efeitos: cria um fluxo axial na direção z, que produz a vazão; e cria um fluxo transversal na direção x, que faz o polímero se misturar, mas não produz
I
I
As Equações (7.19) e (7.20) não possuem solução analítica, sendo
em que q. d = m jd n-1 é a viscosidade do polímero na matriz.
necessário, portanto, solucioná-las numericamente. Uma simplificação
Como descrito anteriormente para o fluido Newtoniano, o pon-
feita é considerar que vx é igual a zero. Como não se tem a solução ana-
to de operação pode ser encontrado graficamente; esse ponto será o
lítica, a solução numérica desse problema está apresentada na Figura
ponto de interseqão da equaqão característica do parafuso com a
7.5, que mostra um gráfico de vazão adimensional IIQversus queda de
equaqão característica da matriz. Porém, no caso de um fluido da Lei
pressão adimensional l3, para diferentes valores do índice da Lei das
das Potências, o ponto de operação irá depender de n. A Figura 7.6
Potências n. Nesse caso, I1, é expresso por:
mostra esquematicamente o ponto de operação para um fluido nãoNewtoniano que segue o modelo da Lei das Potências. Pode-se observar pela figura o aspecto não-linear de ambas as curvas.
/B)"-' é a viscosidade do polímero no parafuso. em que qs= m (u%
Figura 7.6 Curvas características da matriz e do parafuso para um fluido
Esse tipo de modelagem foi utilizado na simulação da extrusão de PEAD e suas blendas com polietileno de ultra alto peso molecular, n P
Figura 7.5 Vazão adimensional versus pressão adimensional para diferentes valores de índice da Lei das Potências n [66].
PEUAPM [70]. Equações reológicas de estado tipo Lei das Potências e
CEF (Equação 1.72) foram utilizadas. O ponto de operação foi calculado utilizando o método de diferenças finitas. Observou-se que, a bai-
A equação característica da matriz pode ser representada pela seguinte relação:
xa temperatura, o uso da equação CEF produziu melhores resultados. Alguns autores [71] fizeram análises mais realísticas do processo de extrusão. Ao contrário da análise descrita anteriormente, em que foi considerado que as três zonas transportam o polímero no estado fundido, foi analisada cada zona do parafuso separadamente. Assim, a zona 1
(alimentação) estará cheia de material sólido, progressivamente sendo
suas conformações aleatórias de equilíbrio. Isso produz encolhimento
compactado, que se movimenta sobre uma superfície metálica quente
longitudinal e expansão lateral. Pode-se observar, ainda, que:
a uma temperatura próxima à sua temperatura de fusão; as zonas 2 e
a) O inchamento do extrudado Be=DJDc, em que De= diâ-
3 estarão cheias de polímero fundido. As equações características de-
metro do extrudado e Dc= diâmetro do capilar ou matriz, au-
verão, inevitavelmente, envolver termos associados à transferência de
menta com o aumento da taxa de cisalhamento até um limite
calor, pois o polímero será fundido entre as zonas 1 e 2.
próximo à taxa de cisalhamento crítica jc;após esse limite, o
Quase todos os termoplásticos e elastômeros podem ser extruda-
inchamento do extrudado diminui.
dos, além de alguns termofixos. Para a produção de tubos, por exemplo, são utilizados, principalmente, PEBD, PEAD e PVC. Para a produção
PET e o PP. Para "parisons" de garrafas, são utilizados PET, PP e policarbonato, PC. de filmes uniaxialmente orientados, utilizam-se o
Para cobertura de fios elétricos, utilizam-se polietileno com ligações cruzadas, XLPE, PVC, EPR, entre outros. Para filmes biaxialmente
Matriz ou capilar
orientados, emprega-se PP, PEAD, PEBD, polietileno linear de baixa
Figura 7.7 Esquema do fenômeno do inchamento do extrudado.
densidade, PELBD, entre outros.
b) A uma taxa de cisalhamento fixa, o inchamento decres-
7.2.4 Fenômenos observados na extrusão em razão da elasticidade do polímero
ce com a temperatura, mas a máxima razão de inchamento Be aumenta com a temperatura, como pode-se observar pela Figura 7.8.
7.2.4.1 Inchamento do extrudado Esse fenômeno é caracterizado pelo aumento do diâmetro do
I
extrudado em relação ao diâmetro da matriz ou capilar (Fígura 7.7). Na região anterior à matriz, as moléculas poliméricas estão, quando fundidas, emaranhadas aleatoriamente. Na região de entrada da matriz ocorrerá um desemaranhamento considerável por causa das forças elongacionais. Dentro da matriz (ou de um capilar, no caso de um reômetro), o campo cisalhante manterá essa orientação. Quando o fundido sai da matriz, o movimento browniano, o qual provoca emaranhamento e reemaranhamento, faz com que as macrom&éculas tendam a voltar às
I
I
Figura 7.8 Inchamento do extrudado Be em função da taxa de cisalhamento
a diferentes temperaturas [18].
c) A uma taxa de cisalhamento fixa, o inchamento do extru-
1.000 átomos de carbono. Porém, em relação aos parâmetros molecu-
dado decresce com o comprimento da matriz L (Figura 7.9).
lares, os experimentos são conflitantes. Alguns autores afirmam que o inchamento aumenta com o peso molecular, enquanto outros afirmam o contrário. O mesmo ocorre em relação à DPM.
LID = 24,76 j = 200 s-' ...........
Figura 7.9 Inchamento do extrudado Be em função de L/R [18].
............ ............................................................... -
d) Quanto maior o tempo de residência dentro da matriz,
0,O
2,O
em que Dr é o diâmetro do reservatório e Dcé o diâmetro do
4,O
-~
50
&m
menor o inchamento do extrudado. e) O inchamento do extrudado aumenta com a razão DjD,
38
Figura 7.11 Inchamento do extrudado B versus número de ramificações longas/1.000 átomos de carbono h,,, para diferentes LíD e taxas de cisalha-
mento [72].
capilar (Figura 7.10). 7.2.4.2 Fratura do fundido
A fratura do fundido é caracterizada pelo aparecimento de extrudados irregulares, com diferentes formatos, como mostra a Figura
7.12 [18].
Figura 7.10 Inchamento do extrudado versus D P cpara diferentes taxas de cisalhamento [Ia].
Alguns estudos
[72]mostram que quanto maior o grau de ra-
mificações longas, maior é o inchamento dp extrudado, como ilustra a Figura 7.11, em que AL,,
é o número de ramificações longas por cada
Figura 7.12 Exemplos de alguns tipos de fratura do fundido [18].
Algumas observações podem ser feitas em relação a esse fenô-
Existem algumas teorias para explicar o fenômeno da fratura do
meno:
fundido. Assume-se, por exemplo, que ocorre uma propagação turbua) Acima de uma taxa de cisalhamento crítica yc, o extrudado
lenta originada na parede da matriz. Isso pode ser constatado experi-
fica irregular. O valor da tensão crítica gira em torno de 0,l e
mentalmente, já que se observa que, abaixo da tensão crítica, o polímero
1MN/m2 para a maioria dos polímeros.
flui continuamente e suavemente perto da parede; contudo, acima dessa
b) A taxa de cisalhamento crítica yc aumenta com a tempera-
tensão crítica, o polímero começa a se quebrar repentinamente e a se
tura (Figura 7.13).
fraturar. Também é observado que essa tensão crítica é dependente do material de construção da matriz, logo, a força de adesão polímero-matriz é um fator importante. Pode-se observar dependência da fratura do fundido em relação ao peso molecular. Nesse caso, supõe-se que a macromolécula adere à parede, sendo então tensionada axialmente por causa do emaranha-
mento com outras moléculas. A força de arraste dependerá do número de pontos de contato entre a macromolécula e a parede, ou seja, do peso molecular da macromolécula. T("C)
7.2.4.3 Pele de cação
Figura 7.13 Taxa de cisalhamento crítica versus temperatura para um dado
Esse fenômeno é caracterizado pela irregularidade superficial que
polímero.
se forma perpendicular à direção do fluxo. Esse fenômeno é diferente
c) A taxa de cisalhamento crítica aumenta com o aumento de
da fratura do fundido porque:
L/D (razão entre o comprimento da matriz e seu diâmetro), como pode ser observado pela Figura 7.14.
I
a) possui uma distorção perpendicular, enquanto a fratura do fundido produz um padrão helicoidal e irregular;
b) ocorre a taxas de cisalhamento menores; c) depende mais intensamente da temperatura, sendo reduzida pelo decréscimo desta; d) não depende do ângulo de entrada nem de L/d e de M , mas depende da DPM, em que a pele de cação aumenta com o decréscimo da DPM. Uma explicação para esse fenômeno pode ser dada pelo fato de que, quando o extrudado sai da matriz, o perfil de velocidades se altera
Figura 7.14 Taxa de cisalhamento crítica versw LID.
(Figura 7-15), ocorrendo aceleração das camadas mais próximas à pa-
dores, pára-choques de automóveis, barcos, etc. Enfim, pelo processo de
rede da matriz; como o fundido é viscoelástico, a componente elástica
injeção, é possível confeccionar uma imensa variedade de produtos de
(restritiva) permite o aparecimento de forças de tensão perto da su-
várias formas e tamanhos.
perfície. Eventualmente, essas forças superam a tensão do fundido e a
A maioria das máquinas de injeção é do tipo parafuso recíproco, como mostra a Figura 7.16.
superfície se rasga, liberando as tensões. Matriz
Barril de
alimentação
+
Molde
/-\ Cavidade
Polímero
Figura 7.15 Alteração do perfil de velocidades na saída da matriz [18].
Contudo, a origem da pele de cação é conflitante; existem autores que acreditam que esse fenômeno se origina na saída da matriz e resulta
Parafuso recíproco
Rese~at6rio
Figura 7.16 Esquema de uma máquina injetora.
Esse processo envolve quatro estágios principais: plastificação, preenchimento, empacotarnento e resfriamento.
de uma tensão crítica desenvolvida antes dessa saída em conjunto com
No estágio de plastificação ou fusão, a unidade de alimentação
uma aceleração crítica da parte superficial do extrudado; outros autores
opera como uma extrusora, fundindo e homogeneizando o polímero; o
acreditam que esse fenômeno se inicia no interior da matriz e resulta da
parafuso em rotação transporta o polímero para a sua frente. Para poder
falha de adesão do fundido à superfície metálica.
acomodar o material na frente do parafuso, é necessário que este se desloque para trás, formando, assim, um reservatório de material na frente
7.3 Moldagem por Injeção
do parafuso. Esse material acumulado não é imediatamente injetado, já que existe uma válvula entre a ponta do reservatório e o molde que se fecha durante o estágio de plastificação. No estágio de injeção ou pre-
7.3.1 Introdução
enchimento, o parafuso funciona como um pistão, deslocando-se para
O processo de moldagem por injeção envolve o enchimento rápi-
frente sem girar, sendo, então, o polímero injetado do reservatório para
do sob pressão de uma cavidade de um molde com o polímero, seguido
a cavidade do molde. O molde está, geralmente, a uma temperatura
da solidificação do mesmo para formar um produto [68]. Esse processo
abaixo da temperatura de solidificação do polímero.
é utilizado em termoplásticos, elastômeros e termofixos. As aplicações
Quando são injetados polímeros cristalinos, podem-se utilizar
de produtos feitos por injeção podem ser vistas em produtos de micro-
moldes quentes para permitir um maior crescimento dos esferulitos ou,
eletrônica, preformas de garrafas, telefones, carcaças de microcomputa-
ainda, fazer um recozimento da peça, a fim de aliviar tensões residuais.
1
220
Para diminuir o encolhimento e o enrugamento das peças, uma pressão
O estágio de resfriamento controla o ciclo total de injeção,já que
elevada (pressão de empacotamento) é mantida durante o resfriamen-
é a etapa com maior duração, e vai depender da espessura e do material
to. Esse estágio é chamado de estágio de empacotamento. Como a
com que o molde é feito, da condutividade térmica do polímero e das
densidade do poiímero dentro do molde está aumentando por causa da
propriedades mecânicas desejadas na peça.
diminuição do volume provocado pelo resfriamento, é necessário que mais poiímero fundido seja introduzido na cavidade do molde para que
Um molde geralmente possui quatro componentes principais, como mostra a Figura 7.18.
o material se mantenha com volume constante. Após o resfriamento, o molde é aberto e a peça é removida automaticamente, geralmente por meio de pinos de ejeção inseridos no molde. 4 Cavidade
7.3.2 Princípios básicos A pressão e a vazão na cavidade do molde durante o ciclo de moldagem por injeção podem ser representadas esquematicamente segundo a Figura 7.17. No estágio de preenchimento do molde, a pressão dentro da cavidade vai aumentando, mas a vazão de injeção mantém-se praticamente constante. No estágio de empacotamento, a pressão é constante, mas elevada, e a vazão vai diminuindo até chegar praticamente a zero, quan-
Figura 7.18 Esquema de um molde de injeção mostrando as partes principais [66].
do o material se solidifica.
A bucha faz a conexão entre o bocal da unidade de injeção e o molde. Os canais de alimentação distribuem o fundido para cada caPressão
vidade; a conexão entre ambos é feita por meio do ponto de injeção Vazão
(gate), que possui seção transversal bem menor que o canal de alimentação, o que aumenta a taxa de cisalhamento e, no caso de polímeros fundidos, faz com que a viscosidade diminua. Essas altas taxas e tensões de cisalhamento podem provocar grande aumento na temperatura do
Tempo
Figura 7.17 Pressão e vazão na cavidade em função do tempo para o ciclo de moldagem por injeção.
polímero fundido, em razão da dissipação viscosa. Quando o molde está preenchido, a pressão na cavidade aumenta rapidamente. Imediatamente após, ocorre o empacotamento do ma-
teria1 até que o material dentro do ponto de injeção se solidifique. O
a) Aumentar a temperatura do fundido para reduzir sua vis-
fundido dentro da cavidade começa a se resfriar, fazendo menos pres-
cosidade.
são contra as paredes do molde até que esta se iguala a zero. Contudo,
b) Aumentar a vazão de injeção, o que aumentará a taxa de
como mostra a Figura 7.19, se a pressão de injeção for aumentada, no
cisalhamento e diminuirá ainda mais a viscosidade do fun-
final do ciclo poderá existir pressão residual na cavidade, que fará com
dido por causa da pseudoplasticidade dos polímeros (Figura
que o polímero fique aderido às paredes do molde. O resultado será um
1.16 ou 1.17).
produto com muitas rebarbas e/ou deformado, sendo difícil de desmol-
c) Utilizar um fundido mais pseudoplástico, já que sua visco-
dar. Por outro lado, se for utilizada pressão de injeção muito baixa, isso
sidade diminuirá mais intensamente com pequenas variações
poderá fazer com que a pressão residual na cavidade fique igual a zero,
na taxa de cisalhamento (Figura 1.16)
quando o polímero ainda está fundido. O resultado será um produto com bolhas ou com marcas profundas.
1
Outro problema reológico que pode ser encontrado na moldagem por injeção está relacionado à dependência da viscosidade do polímero
Pressão elevada
fundido em relação à pressão. Normalmente, aumento na pressão provoca aumento na viscosidade do polímero; assim, na injetora ocorrerão grandes mudanças na viscosidade do fundido, desde a zona de dosagem e injeção até as cavidades do molde.
Pressão
As propriedades mecânicas serão, evidentemente, as mais afetadas pelas condições de processamento na moldagem por injeção. Brydson [I81 sugere que somente a temperatura do fundido, o tempo de injeção e a pressão de injeção influenciarão significativamente nas propriedades mecânicas do moldado. No entanto, sabe-se da elevada influência de Tempo
outros fatores, tais como temperatura do molde e velocidade de inje-
Figura 7.19 Pressão versus tempo para o ciclo de moldagem por injeção,
ção. Recentemente, trabalhos utilizando redes neurais têm permitido
mostrando perfis de pressão para injeção com pressão elevada e baixa [18].
correlacionar quantitativamente alguns parâmetros da moldagem por injeção com a morfologia e as propriedades mecânicas de PPS e suas
Quando são moldados produtos finos e longos, pode-se observar, em algumas ocasiões, que o material perto do ponto de injeção gruda
blendas com um elastómero termoplástico de estireno-etileno-butadieno, SEBS [73].
nas paredes do molde e o material nos extremos do moldado apresenI
ta' bolhas. Isso ocorre por causa de um desbalanceamento da pressão através do molde; então, é necessário reduzir essa pressão. Brydson [I81 sugere as seguintes soluções, caso não se deseje modificar o molde:
7.3.3 Simulação do processo Na moldagem por injeção, as quedas de pressão e as vazões são bem maiores que as encontradas na extrusão; assim, a taxa de aumento
de temperatura em razão do cisalhamento terá maior influência sobre todo o processo. Isso significa que aproximações isotérmicas proporcionam resultados pobres do ponto de vista da simulação. Toda análise,
A equação da conservação da massa, na forma integral, ficará (ver
então, deve ter por base a solução das três equações de conservação
Equação 1.28):
(Equações 1.28,1.38 e 1.54), juntamente com uma equação reológica de estado.
o
7.3.3.1 Solução analítica (fluido Newtoniano, fluxo isotérmico)
A solução analítica das Equações (7.23) e (7.24) é expressa por:
Para ilustrar a complexidade do fluxo em moldagem por injeção, Middlemann [66] solucionou o problema do fluxo isotérmico de um fluido Newtoniano dentro de uma cavidade na forma de um disco. A
em que A = - (3Q14.nH3)e p, é a pressão no ponto r
Figura 7.20 mostra um esquema dessa cavidade.
=
1/2(Dr).
Quando a pressão é constante, p, é constante e a vazão diminui à medida que a cavidade é preenchida, como mostrado na Figura 7.17.
Para esse caso, o tempo de preenchimento tPserá:
em que a = Dr/2R e B = H2po/3pR.
A vazão Q é representada pela seguinte expressão:
i Figura 7.20 Esquema da cavidade para a simulação do fluxo isotérmico de um fluido Newtoniano; Dr= diâmetro do canal de alimentação; Lr= comprimento do canal de alimentação;2H = espessura do disco; R = raio do disco.
Foi assumido que V = [vr (r, z, t) 0,0]. Assim, a equação da conservação da quantidade de movimento, em coordenadas cilíndricas, fica da seguinte maneira (ver Equação 1.41):
I I
I
Se a vazão Q f o r constante (Figura 7.17), o tempo de preenchimento é expresso por:
A pressão po aumentará com o tempo durante o preenchimento e será expressa pela seguinte relação:
c) O fluxo de calor é expresso pela Lei de Fourier (ver Equação
Na prática, na fase de preenchimento do molde, a pressão aumenta e a vazão permanece quase constante. Quando a cavidade está prati-
1.56).
camente cheia, a pressão atinge seu valor máximo (empacotamento) e
d)
depois começa a diminuir (resfriamento). Durante o empacotamento, a
podem ser considerados constantes.
vazão diminui com o tempo até chegar a zero.
e) O escoamento é quasi-estacionário.
7.3.3.2 Solução numérica (fluido não-Newtoniano, fluxo não isotérrnico)
I
A densidade, o calor específico e a condutividade térmica
Essa última hipótese deve-se ao fato de o número de Reynolds, característico do processo, ser muito baixo, o que permite que os efeitos
Como comentado anteriormente, a simulação do processo de injeção deve envolver a solução simultânea das equações de conservação
por causa da convecção da equação da quantidade de movimento pos-
da massa, quantidade de movimento e energia. A seguir, será mostrada
Com base nessas hipóteses, as Equações (7.30) a (7.32) ficam da
a modelagem matemática da fase de preenchimento do processo de injeção, assumindo fluxo não-isotérmico de um fluido não-Newtoniano
sam ser desprezados. seguinte forma: -
Equação da conservação da massa:
-
Equação da conservação da quantidade de movimento:
[74; 751. Para solucionar essas equações, é necessário utilizar métodos numéricos, pois, para esse problema, não existe solução analítica. As equações de conservação, na forma geral, ficam da seguinte forma:
- Equação da conservação da massa: - Equação da energia: -
Equação da conservação da quantidade de movimento:
-
Equação da energia:
Feita as simplificações em relação às características do escoamento, deve-se utilizar uma equação constitutiva ou reológica de estado que relacione o tensor tensão à taxa de deformação. Como o escoamento durante o processo de injeção é essencialmente cisalhante, a pro-
Para aplicar as Equações (7.30) a (7.32) na simulação da fase de
priedade reológica relevante é a viscosidade sob regime permanente de
preenchimento do processo de moldagem por injeção, algumas hipóte-
cisalhamento r\(y), sendo desprezadas as tensões normais, os efeitos
\
ses simplificativas foram consideradas:
elásticos e os efeitos elongacionais. Para esse caso, a equação do fluido
a) O escoamento é larninar.
de Lei das Potências (Equação 1.58) ou a equação de Carreau-Yasuda
b) As forças gravitacionais são desprezíveis.
(Equação 1.61) podem ser utilizadas.
Até o momento, as simplificações efetuadas não consideraram a
1
Como o escoamento é considerado unidimensional e o fluido in-
geometria do molde, com a qual é possível efetuar algumas simplifi-
compressível, a equação da conserva$io da massa pode ser utilizada
cações. As cavidades dos moldes de injeção podem apresentar formas
em sua forma integral. Assim, as equações de conservação da massa,
geométricas das mais variadas; no caso exemplificado, será assumido,
quantidade de movimento e energia na forma simplificada para a fase
porém, que a peça injetada possuirá uma espessura fina, da ordem de 0,s mm a 3,O mm. Será considerado, ainda, que a geometria será retangular, de comprimento L, largura w e espessura h, sendo h < < L, w,
de preenchimento e em coordenadas retangulares ficam reduzidas às i
seguintes formas:
- Equação da conservação da massa:
como mostrado na Figura 7.21. Ponto de injeção -2
em que Q é a vazão constante e conhecida.
Figura 7.21 Esquema da cavidade do molde de injeção; h
<<
L, w.
-
Equação da conservação da quantidade de movimento:
-
Equação da energia:
Como o escoamento ocorre em canais estreitos, a geometria do molde é simples e o escoamento é quasi-estacionário, pode-se considerar o escoamento como unidimensional. Dessa forma, o vetor velo-
As condições iniciais e de contorno são expressas por:
cidade possui apenas a componente na direção x, possibilitando que os
a) No ponto de injeção (x = O) a temperatura é uniforme e
gradientes de pressão sejam considerados nulos nas direções em que as
igual à temperatura do fundido e o escoamento pode ser con-
componentes do vetor velocidade são nulas.
siderado como plenamente desenvolvido, portanto:
Por causa da baixa condutividade térmica dos polímeros e pelo fato de a espessura ser muito menor que a largura e o comprimento do molde, pode-se considerar, então, que a troca de calor ocorrerá por condução apenas na direção da espessura z.
A transferência de calor
por convecção irá ocorrer na direção x. Por causa das altas viscosidades do polímero, a dissipação viscosa na equação da energia não poderá ser
b) Nas paredes do molde, a velocidade é nula e a temperatura
desprezada, sendo esse efeito bastante importante, principalmente para
do molde é fixa, portanto:
o caso de preenchimento da cavidade em tempos pequenos.
Assumindo simetria em y = 0, tem-se:
Espessura (mm)
C
Figura 7.22 Campo de temperaturas, em linhas isotérmicas, da simulação da fase de preenchimento do PET (C = centro do molde, P = parede do molde) i771.
c) A frente de fluxo é plana e avança uniformemente, sendo a temperatura constante e igual à temperatura da linha de centro da região imediatamente anterior à frente de fluxo.
A solução das Equações (7.36) a (7.38), submetidas:& condições (7.39) a (7.44), necessita de métodos numéricos. O procedimento para solucionar essas equações pode ser encontrado no trabalho de Hieber
P
.
Essa camada também pode ser visudizada na Figura 7.23, que mostra o perfil de velocidades na direção da espessura da peça, para uma dada posição na direção do fluxo, com diferentes vazões. Pode-se observar que, próximo à parede, a velocidade atinge valores iguais a zero.
[74], em que o sistema de equações foi resolvido pelo método das diferenças finitas; no trabalho de d'Ávila, Ahrens & Bretas [76], essas
VVVVVV
equações foram resolvidas utilizando o método dos volumes finitos.
A A A A A A
A Figura 7.22 mostra o campo de temperaturas, em linhas isotérmicas, para a simulação da fase de preenchimento do P E T [77], para um molde de L
=
20 cm, h = 2,O mm e w = 8 cm. A vazão foi variada
entre 5 e 20 cm3/s e as temperaturas do fundido e do molde foram estabelecidas a 290°C e 2S°C, respectivamente. O s valores foram obtidos para o instante em que o molde acabou de ser preenchido. Pode-se observar o elevado gradiente de temperatura, em razão da grande diferença entre as temperaturas do fundido e do molde e da baixa condutividade térmica dos polímeros. Na região próxima à parede do molde (P), pode-se observar, pelos valores de temperatura, que existe uma camada solidificada. No centro (C), a temperatura é máxima.
-
0 0,O
1
. 02
.
1
0,4
.
1
0,6
.
1
03
.
1
1O ,
Espessura (mm) P Figura 7.23 Perfil de velocidades na direção da espessura, a diferentes vazões, C
para PET (C = centro do molde, P = parede do molde) [77].
A Figura 7.24 mostra perfis de taxa de cisalhamento a diferentes vazões, em que se pode observar que essas taxas apresentam valor
máximo em uma região próxima à parede do molde; isso é observado pelo fato de o escoamento ser náo-isotérmico. Se o escoamento fosse considerado isotérmico, o valor máximo da taxa de cisalhamento seria observado na parede do molde, como mostrado na Figura 3.3.
Esse tipo de simulação para peças mais complexas é feito atualmente por meio de diversos programas de computação comerciais. O mais conhecido para aplicação em moldagem por injeção é o Moldflow. Nesse programa, a simulaqão da moldagem por injeção é feita pela solução numérica das equações de conservação, a qual envolve a discre-
tização da peça, chamada de domínio físico, em um número de subdomínios ou elementos. As variáveis dependentes (velocidade, pressão e temperatura) são então aproximadas dentro de cada elemento. Resumindo, o domínio contínuo é "quebrado" em muitos subdomínios conectados e as variáveis dependentes são aproximadas em todo o domínio. Essa discretização para uma cavidade tipo disco é mostrada na 0.0
04
02
C
0,6
0.8
1,O
Figura 7.26 [78]:
P
Espessura (mm)
Figura 7.24Taxas de cisalhamento a diferentes vazões para o P E T (C = cen-
tro do molde, P = parede do molde) [77].
O fato de o fluxo ser não-isotérmico faz com que a curva de pressão em função do comprimento do molde seja não-linear, como pode ser observado na Figura 7.25. Scale (80 mm)
O
5
10
15
20
Comprimento (cm)
Figura 7.25 Perfis de pressão ao longo do comprimento do molde, para PET i771.
Scale (80 mm)
Figura 7.26 Discretização em elementos (criação da malha) de uma cavidade tipo disco de um molde injeção; os elementos são triangulares [78].
O ponto central representa o ponto de injeção. Observa-se que a espessura da amostra é representada por um plano, uma vez que o
300.0
-
275.0
-
250.0
-
225.0
-
200.0
-
Moldflow considera a simetria em torno do plano central da cavidade e realiza a solução das equações de conservação somente em uma das metades da cavidade, assumindo que a outra metade terá resultados idênticos (essa é a chamada simulação 2,SD).
A solução das equações de conservação junto com uma equa-
9
ção reológica (no caso, esse programa utiliza a equação de Cross-WLF, Equação (1.65)) é feita por meio de métodos numéricos de elementos finitos e elementos de contorno. As Eguras 7.27 e 7.28 mostram resultados obtidos de taxa de
175.0
-
Normalized thickness
cisalhamento e temperatura com o uso desse programa, no elemento
(T) ou nó (N) indicado. A projeção da cavidade no plano r0 também é mostrada. 300 O
,
\c /
A
V>
2
250 O
-
2000
-
1500-
1000
-
5000
-
Shear rate: XY Plot Time = 0.2963[s]
A
4 ,
Figura 7.28 Perfil de temperatura em função da espessura normalizada para o tempo de 0,1497 s, obtidos na simulação da injeção do PET nas seguintes condições: Tmolde = 30°C,TinjeSáo = 29@C,Q= 65cm3/s e Pempmnmento = 600 bar
~781. AT1366
. -1 O00 -07500 65000 62500 O O000 02500 O 5000 O 7500
o O000
1
-1,000 -07500 -0.5000 -0.2500 0.0000 0.2500 0.5000 0.7500 1.000 1.250
.
Com o aumento da velocidade dos processadores computacionais, atualmente são disponíveis comercialmente pacotes genéricos, como o
CFX e o Fluent, que solucionam as equações de conservação para as mais diversas aplicações, desde reatores petroquímicos até operações de processamento de polímeros. Esses pacotes utilizam-se de métodos numéricos como os volumes finitos e podem englobar fenômenos como turbulência, efeitos não-Newtonianos e fluxos multifásicos em -
*
1 O00
.
1250
Normalized thickness Figura 7.27 Perfil de taxa de cisalhamento em função da espessura normalizada para o tempo de 0,2963 s, obtidos na simulação da injeção do PET nas seguintes condições: Tmolde= 3@C,TinjegáO = 2700C, Q=65cm3/se ernpacaramento = 300 bar [78].
geometrias tridimensionais arbitrárias. É usual chamar essa metodologia de fluidodinâmica computacional (CFD, do inglês computational
j u i d dynamics) [79].
7.3.3.3 Simulação da cristalização quiescente dentro do molde
A cristalização de um polímero pode ocorrer isotermicamente ou não-isotermicamente, sem a influência de taxas de deformação (crista-
lização quiescente) ou sob a influência de taxas de deformação (cristalização induzida por fluxo).
ln(1- X,) = -k ' tn
Para simular a cristalização quiescente [27; 32; 801 dentro de um
em que k' é a constante de Avrami. É importante lembrar que a crista-
molde na moldagem por injeção, é necessário utilizar as equações de
lização dentro de um molde de injeção ocorre sob elevados gradientes
conservaçãojuntamente com uma equação constitutiva da cristalização,
de taxas de deformação, temperatura e pressão, não podendo ser repre-
a fim de esta última ser incorporada na equação da energia. Geralmente
sentada satisfatoriamente pela equação de Avrami.
essa incorporação é feita por meio de um termo de geração de calor H
Como a equação de Nakamura não considera um tempo de in-
em razão da cristalização, sendo que o resto da formulação fica equi-
dução para o início da cristalização, é necessário utilizar uma expressão
valente à demonstrada anteriormente. Assim, para o caso da simulação
que considere esse fato. Essa relação é expressa por:
da fase de preenchimento de uma cavidade retangular, a equação da energia ficará da seguinte forma [75]:
t é o índice do tempo de indução, ti é o tempo de indução isotérmico e t, é o tempo de indução não-isotérmico. Quando t for igual em que
O termo de geração de calor durante a cristalização H incorpora as equações de cinética de cristalização. Esse termo é representado pela seguinte expressão:
a 1,o processo de cristalização tem início. Exemplos dessa simulação são mostrados a seguir, em que o material utilizado para a simulação foi o PP nas fases de preenchimento e resfriamento. A temperatura do fundido T e a temperatura do molde
em que AH, é o calor latente de fusão do polímero, X é o grau de
Twconsideradas foram 230°C e 2S°C, respectivamente. Os valores de L, w e hí2 foram de 15 cm, 2,s cm e 1,smm, respectivamente. O tempo
cristalinidade máximo do polímero e %/dt é a taxa de cristalização, a
de preenchimento do molde foi de 0,72 s [75; 761.
qual é obtida por meio das equações de cinética de cristalização tanto
A Figura 7.29 mostra um gráfico de temperatura versus espessu-
quiescente como induzida pelo fluxo. Nesse caso, foi utilizada a equação
ra para diferentes tempos de resfriamento na posição x
de Nakamura [75; 761, expressa por:
que se pode observar o resfriamento do material dentro da cavidade.
X
x_
i: 1
= 1- exp - / ~ ( ~ ) d t
em que X é a cristalinidade relativa no tempo t, K(T) é um parâmetro relacionado à taxa de cristalização e n' é o índice de Avrami. A equação de Avrami, válida para cristalização isotérmica e quiescente, pode ser representada por:
=
7,s cm, em
Com a diminuição da temperatura, por causa da troca de calor por condução, a cristalização pode ter início. Observa-se, pela Figura 7.30, o aumento do grau de cristalinidade ao longo da espessura, com o resfriamento do material. Para o tempo de 0,72 s, que corresponde ao final da fase de preenchimento, pode-se observar que apenas uma pequena região próxima à parede do molde iniciou a cristalização, pois apenas nessa região foram atingidas temperaturas para seu início. Como o PP
é um polímero que cristaliza muito rapidamente, verifica-se um grande gradiente de cristalinidade nas regiões entre cristalinidade relativa igual a 0,O e 1,O. Pode-se observar, também, que 15,7 s de resfriamento foram suficientes para o PP cristalizar completamente.
7.3.3.4 Cálculo da resistência da linha de solda utilizando propriedades reológicas
A resistência da linha de solda em produtos injetados pode ser melhorada com o aumento da temperatura do fundido; à medida que a temperatura aumenta, as cadeias irão se interdifundir mais rapidamente. Uma linha de solda é considerada "cicatrizada" quando as moléculas em qualquer lado da interface se interpenetram o suficiente para estabelecer uma rede efetiva de emaranhados. A interdifusão é descrita pela equação de movimento dentro de um tubo:
Q
..............,,,
em que 1é a distância percorrida durante a difusão, Dsé o coeficiente de
-
50
interdifusão e t é o tempo de difusão.
0.0
0.2
0.4
C
0.6
0.8
1.0
1.2
1.4
P
Espessura (rnm)
Se for assumido que uma interpenetração suficiente ocorre após
Figura 7.29 Gráfico de temperatura versw espessura para diferentes tempos
as cadeias terem difundido o equivalente a um raio de giro Rg,o tempo
de resfriamento no PP [75;761 (C = centro do molde, P = parede do molde).
para "cicatrização" t, será e?cpresso pela relação:
Qualquer estimativa do tempo de "cicatrização" requer o conhecimento de Ds.Esse coeficiente pode ser calculado a partir da determinação das propriedades viscoelásticas pela seguinte relação:
I
0.0
C
.
i
0.2
.
l
0.4
.
l
0.6
.
l
0.8
.
i
1.0
Espessura (mrn)
.
l
1.2
.
i
J
em que p, é a densidade do fundido, calculada a partir de reometria capilar, M é o peso molecular absoluto (na prática utiliza-se geralmente
1.4
P
Figura 7.30 Gráfico de cristalinidade relativa versus espessura para diferentes
tempos de resfriamento no PP [75,76] (C = centro do molde, P = parede do molde).
M,), M é o peso molecular crítico e q y,T
é a viscosidade a taxa de ci-
salhamento zero do peso molecular crítico e a uma temperatura S.
O peso molecular crítico Mc pode ser calculado a partir de propriedades reológicas pela seguinte expressão:
de cisalhamento, medido por yr (t) e G*(o)determinaram o tempo de relaxação do polímero e a estabilidade da bolha, respectivamente; finalmente, na região de fluxo elongacional, a Ti(€) determinará a quantida-
7.4 Sopro de Filmes
de de orientação molecular que poderá ser conseguida e a resistência ao puxamento pelos rolos.
7.4.1 Introdução
O processo de produção de filmes por sopro envolve a extrusão do polimero fundido, na forma de um tubo, por meio de uma matriz anelar, no centro da qual o ar é injetado, inflando o tubo até que atinja um diâmetro maior, como mostrado na Figura 7.31 [35]. Uma "bolha"
I
é então formada, cujas paredes são estiradas na direção da circunfe-
rência (pelo ar injetado) e na direção vertical, por rolos puxadores, ao mesmo tempo em que são resfriadas, conferindo, então, ao filme soprado uma orientação biaxial. Os parâmetros mais importantes desse processo são a razão de sopro, BUR soprado, R
=
=
I
R,/R (R, = raio final do filme
raio inicial do filme), a razão de estiramento Dr = V/Vo
(V = velocidade de puxamento,Vo= velocidade na saída da matriz) e a linha de congelamento, 2. Acima de 2, considera-se que o polímero está solidificado, com a sua estrutura cristalina e orientação congelaPolimero fundido
das. Estes dois últimos parâmetros moleculares dependerão, então,
1
Região de fluxo de cisalhamento
Ar
Figura 7.31 Esquema do processo de sopro de filmes [35].
ro. Pode-se observar que existem três tipos de fluxos durante o sopro. mento; entre a saída da matriz e o início da "bolha", o fluxo é uma mis-
Região de transição
H = espessura final do filme; H. = espesssura na saida da matriz.
das condições do fluxo, ou seja, das propriedades reológicas do polímeNa matriz de extrusão anelar, o fluxo é predominantemente de cisalha-
t
Região de fluxo elongacional
I
I
7.4.2 Correlação entre as propriedades reológicas e óticas
tura de cisalhamento com fluxo elongacional; e, até 2, o fluxo é pre-
O uso principal desses filmes ocorre na área de embalagens; con-
dominantemente elongacional. Na matriz, por exemplo, propriedades
seqüentemente, eles devem ter ótimas propriedades óticas e mecânicas
reológicas como r(?)e N , ( j ) determinaram a facilidade de escoamento do material e o inchamento do extrudado; na região de transição, propriedades reológicas como o reemaranhamento após término do fluxo
I
em ambas as direções. Durante o processamento, torna-se necessário,
l
então, otimizar essas propriedades óticas, principalmente o brilho e as opacidades interna e superficial. O brilho é um fenômeno reflexivo me-
dido em um ângulo predeterminado e, em geral, quanto mais lisa a
1
A figura mostra micrografias de microscopia de força atômica da
superfície de um filme, maior o seu brilho. A opacidade superficial é
superfície dos filmes soprados; pode-se observar que quanto menor a
conseqüência da rugosidade superficial, a qual, por sua vez, dependerá
deformação recuperável, maior a rugosidade superficial, maior a opaci-
das condições de processo, tais como BUR, Dr e Z, e das propriedades
dade superficial e maior a opacidade total. Essa morfologia superficial
reológicas do material. Já a opacidade interna é influenciada pelo arran-
é resultado da combinação de tempos de relaxação com orientação e
jo morfológico das fases cristalinas; por exemplo, se os tamanhos dos
cristalização. Para o PELBD puro, o valor de yr baixo resultou em um
diâmetros dos esferulitos se aproximarem dos comprimentos de onda
tempo de relaxação curto, permitindo, então, que as moléculas cristali-
da luz visível, maior será o valor dessa opacidade.
zassem rapidamente, sem a influência das tensões de estiramento bia-
Entre os polímeros mais utilizados para fazer filmes soprados, encontram-se o PEBD, o PELBD e o PP.
xiais. Essa cristalização rápida, quase quiescente, permitiu a formação
E possível mostrar que quanto maior G', maior a estabilidade da
de estruturas esferulíticas grandes e grossas; consequentemente, o filme
bolha e que quanto maior yr, menor a opacidade superficial até um va-
apresentou alta opacidade e maior rugosidade. Já na blenda PELBDI
lor limite e, consequentemente, menor a opacidade total do filme. Esse
PEBD 9040, o valor maior de yrresultou em um tempo de relaxação
comportamento é mostrado na Figura 7.32 para blendas de PELBD
mais longo que o primeiro; logo, a cristalização ocorreu sob influência
com PEBD.
das tensões de estiramento biaxiais, fazendo com que se formassem estruturas cristalinas pequenas, finas e orientadas. Conseqüentemente, os filmes dessas blendas tiveram menor opacidade total e menor rugosidade média. Por último, na blenda 80/20, yrfoi ainda maior, o que resultou em um tempo de relaxação ainda maior e em estruturas cristalinas menores, finas e ainda mais orientadas que as da blenda 90/10, além de valores menores de opacidade e rugosidade.
A correlação entre a opacidade total e y, mostrada na Figura 7.32, possui um valor limite mínimo, após o qual a opacidade total volta a aumentar com o aumento de yr. Esse comportamento é mostrado na Figura 7.33 [81] para vários PELBD. Nesse caso, o aumento posterior da opacidade é creditado à sobreposição da fratura do fundido sobre a
1
I
I
I
I
I
0,70
0,72
0,74
0,76
0,78
0,80
5
0,82
deformação recuperável. Pode-se observar que o PLBD ZN-1 possui
T,(%)
uma taxa de cisalhamento crítica (para início da fratura do fundido)
Figura 7.32 Relação entre a opacidade total e a deformação recuperável yr em filmes soprados de blendas de PELBD com PEBD [35].
menor que o PELBD ZN-2. Logo, antes de recuperar a deformação completamente, o PELBD ZN-1 fratura.
Opacidade total x deformação recuperável 30
-v m
25 20
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O *
$ 15 m o ,
.
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ZN-2
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Deformação recuperável (%) Figura 7.33 Correlação entre opacidade total e deformação recuperável para vários PELBD [81].
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Observa-se, ainda, pelas micrografias de força atômica, que a superfície dos filmes de metaloceno é tão irregular quanto a superfície dos filmes de PELBD ZN-1. Logo, as suas opacidades superficiais serão similares.
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