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SUM SU MÁRI RIO O
Edi ditt ora ora C C// Arte (2007-2 a Reimpressão) Editor: Fernando Pedro da Silva Conselho Editorial: Antonio Eugênio de Salles Coelho Eliana Eli ana Regina de Freitas Outra Lucia Gouvêa Pimentel Marília Andrés Ribeiro Maríli Mar íliaa Navais da Mata Machado Otávio Soares Oulci Regina Horta Ouarte
INTRODUÇÃO
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ARTE ART E COMO CULTURA E EXPRESSÃO
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1 - Cultura e ensino da a rt e Revisao: Maria Lúcia Gonçalves Ribeiro Ficha Catalográfica: Maria Holanda Vaz Holanda Vaz d e Mello Projeto Gráfico da Capa: Jorge Padilha Projeto Ilustrações da Capa: "Tríptico" de Ana Ana Amália, 19 1 9 97 Projeto Gráfico Projeto Gráfico do Miolo: Jefferson A. V Vieira ieira
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, armazenamento ou transmissão de partes deste livro, através de quaisquer meios, sem prévia autorização po r escrito.
Av. Guarapari, 464 31560-300 - Belo Horizonte Horizonte - MG Ce p 31560-300 PABX: (31) 3491-2001 com.a
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B238t
2 - A arte e a experiência segundo John D ew e y
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3 - Art Arte-ed e-educaç ucação ão pós pós-co -colon lonial ialist istaa no Br Bras asil il:: apr aprendi endizage zagem m tri triang angula ularr
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4 - Mário de Andrade e a arte-educação (anexos: (anex os: As escapatórias do amor e amor e Pintura e a s s u n t o)
Barbosa, Ana Barbosa, Ana Mae, 1936Tópicos Utópicos/Ana Mae Barbosa. Belo Bel o Horiz onte: C/Arte, 1998. 200p.: 33il. p&b - (Arte (Arte & Ensino) Ensino) ISBN: 978-85-87073-55-6 1. Arte Arte - Estudo e ensino 2. Arte e Arte e educação. COO: 707 CDU: 7.071.5
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5 - C it a ç ã o de i m a g e ns
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6 - D e Gauguin à A m é r ic a L a t i n a
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A ECOLOGI ECOLOGIA A DA DIVERSIDAD DIVERSIDADE E
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7 - A multicultur multiculturalidade alidade de que se precisa no Te rceiro Mundo
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8 - A multiculturalidade e os Parâmetros Curriculares Nacionais de 97/98
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9 - A mu lti c ult ur al id ad e da a rt e e do m u s e u
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10 - Educação e meio ambiente
Di reiros Dire iros e exclu xclusiv sivos os desta ediçã edição: o: Ed it ito o ra C/A rte
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,
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11 - Aprendendo a ver - Eileen Eileen Adams Adams
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O VISUAL VISUAL E O VERBAL
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12 - L e i t u ra da i m a g e m no v es ti b ul a r
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13 - A imagem verbalizada de Barbara Kruger
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14 - A pa la vra imá gica
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15 - Além do visual-verbal. Oswald: um olhar m ult id is c ipl in ar Além do
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ENTREVISTAS SOBRE MULHERES, ARTE E ENSINO
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16 - Tuneu aprendendo c om T a rs il a
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17 - Yolanda Mohalyi
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18 - Seonaid Robertson
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UMA
REFLEXÃO REFLEX ÃO SOBRE A AR ARTE TE N A UNIVERSIDADE
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Para Claudia Toni e Glaucia Amaral, pelos 15 an os d e amizade sem pre fiel e adequadamente resignificada, à med ida que se tr ansf orm am nossas vidas. ToMary! De] ong and Pat 5t sbr who helped meto understand thePosfeminis»: of the Para João Alexandre q ue se tornou muito mais int eressante e até mais feminista d epois que se apose ntou . Para minhas / meus amigas / os que se to rnaram alunas / os de p ós-graduaçã o e p ara @s alun@s que se to rnaram amig@s, em espe cial Lu cia Pim ente! que m e obrigou a publicar este livro.
APRESENTA ÇÃO
o segundo livro da Coleção A RTE
& ENSINO - TÓPIC OS UTÓ - traz o mais importante nome da arte-educação brasileira da aruali dade. AN A MAE BARBOSA dispensa apresentação, pois, além da grande produção de literatura na área, tem uma atu ação marcante junto aos órg ãos associativos nacionais e intern acionais .
E ste volume é u ma colet ânea de textos polêmicos publicados em vá rias épocas, principalmente quando Ana Mae esteve à frente da Direção do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, e que desper tam discussão e nova s buscas, c omo é do feitio d a C oleção. São textos esparsos no tempo de escrita, mas que se tornam presentes no temp o deste livro. Algumas palavras tiveram que ser reconduzidas ao tempo passado. Outras já na sceram no presente. Ma s todas estarão, certa mente , no futuro das conversas entre o s arte -educadores e demais pessoas interessadas em percorrer os caminhos d o conhecimento e da inovação fun damentada. A variedade do s temas e as linhas de aborda ge m v isam se r incentivadores e f acilitadores de reflexões sobre teori a e prática do ensino de arte. O agrupamento em blocos temáticos apenas formula um roteiro para leitura, n ão representando uma seqüência o brigatória. A Coleção ARTE & ENSINO contribui, com mais est a publicação, para fom entar os diversos aspectos possí veis para discussão nessa área que, po r ser tão rica e diversificada, necessita conquistar seu espaço de maneira contínu a e cada vez mais competente. i GOllvêa Piment el
Coordenadora da Coleção
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INTRODUÇÃO
D epois da m or te d as utopias esperançosas do mo dernismo, o utras utopias, ago ra qua se em for ma de d eclaração d e p rincípios, se i mp õem. As ut opias sem esperança de h oje, ne sse fim d e século, são uma tr ama de ideo logia e imaginação. .
É destas utopias qu e tr atam os tópicos desse livro. O núcleo central é o respeito à diversidade: diversidade dos códigos culturais; diversidade b iológica, gerando as expectativas d e equilíbrio e coló gico; diversidade de int erpretações e d e leitur as d a arte. Est e nucle am ent o n a diversidade nutre-se d o interesse pelas tações estéticas da s minorias e pela idéia de arte como uma pr odução que deve ser es tudada tendo-se em vista seu cont exto cultural.
Q uestiona-se o universalismo dos código s h egemônicos que pr eside os mu seus e elege- se a pl uralidade como prin cípio articulador do con heci me nto . Respeitando a pluralidade,experiências artísticas mu ltidisciplinares são analisadas e a liberdade avaliativa n a vida cultu ral é d ef e ndida. Relações entre o erud ito e o popular; a teoria e a p rática; o verbal e o visual; a e lite e as massas o rganizam o desejo de mudança que transparece nos textos. O livro é u ma h om enagem aos cole gas que trabalharam comigo no dos anos 80 e inicio dos 90, e que comp art ilharam dos esforços em direção à am pliação da capac idade de entendim ent o da arte por todas as classes soc iais. Circunscrever a arte ao g rupo dos poucos que p odem comp rá la é a atitude dominante e a m orte d o d esejo na arte . do livro, tr ês entrevistas ac er Na trilha das h omenagens, quase ao ca de mulheres artistas e/ou professoras comemora m: T ar sila, u ma artis ta que n unca ensinou mas q ue teve um aluno, um discípulo direto qu e a enca n tou;Yolanda Moh aly, uma a rtista que explorou c om seus alunos os mistérios da abstração e Seonaid R o b ert son, uma inglesa qu e, co nquistando, f oi con quistada p or suas a lunas brasileiras e pela " diferença".
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Tópicos UtóPI COS
Pretendemos que os diversos textos, escritos em diferentes tempos e para diferentes lugares, s e or ganizem de m odo a deixar transparente o dese nho do fio que os une. Agradeço a Luc ia Pimentel que costur ou comigo as relações entre os textos, a Edwin Parra Rocco qu e p ôs à minh a d isposição Fábio Uliani para ajudar, às tradutor as d os te xtos em inglês, a Jo rge Padilh a e Sylmara Belotti, a quem teria escolhid o com o filho s se m eu s filhos não os tivessem escolhido para mim. Finalmente meu muito o brigada a An a A mália, qu e tem toda minha admiração po r enfrentar cor ajosamente a di fícil pluralidade profissional de artista e arte-educadora, e a Frederico, qu e interferiu na escolha do título deste livro.
An a Mae Barbosa
ARTE COMO CULTURA E EXPRESSÃO
C ul tura e en s ino d a arte * E duc ação para o de se nvolvimento de diferentes c ó dig os c ulturais A Educ ação poderia ser o mais eficiente caminh o estimular a consciênc ia cultural do indivíduo, começando pelo rec onhecimen to e a preci ação da cultura local. Co ntudo, a educ ação form al no Terceiro M un do oci den tal f oi c ompletamente d ominada p elos có digo s culturais euro p eus e , mais recentemente, pel o código cul tur al norte-americano. A c ultura indí gena só tolerada na escola s ob f or m a de f olclo re, d e curio sidad e e de es o terismo; sempre c om o um a cul tura de segund a catego ria. E m contr aste, f oi a própria E uropa que, n a c on strução d o id eal mo der nista das artes, chamou a atenção para o alto valor das o utras culturas do leste e do oe ste, através da apreciação da s g rav uras jap on esas e d as escu lturas af ricanas. Desta forma, os art istas m od ernos euro p eus f o ram os p rim eiros a criar u m a justificação a f avo r do multic ulturalismo, apesar de an alisar a cultu ra d os outros sob seus próprios cânones de valores . S oment e no sécul o 20, o s m ovimentos de descolonização e de liber ação cri aram a possibilidade po lítica p ara que o s povos qu e tinham sid o d om inados r econ h ecessem su a pr ó pria cultur a e seus próprios valores.
Leitura cu ltural, id e ntidade c ultural, ecologia cultural A bu sca d e identidade cultural passo u a ser um dos o b jetivo s do s p aíses "recém-independentes", cu ja cultur a t in h a si do , at é e n t ão , instituci on almente definida pelos p od eres centrais m et rop olitan os e cuja his-
• Texto p roduzido p or encomenda do Bureau Interna cional de Edu cação d a Un esco para e mbasar a eiscussão do Congress o Internacional de Educa ção, em Genebra, em 1 992, qu e ab ordou o t ema Edu ca· ção e Cultura.Tradução de Renata Santana.
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Tópi cos Utópi cos
tória f oi escrita p elos colonizadores. P or ém, a identidade cultural não é um a f orm a fixa ou congelada, mas um processo d inâmico, enriquecido a través d o diálogo e tro cas com outras culturas. N este se ntido, a identidade cultural tamb ém é um problema para o mund o d esenvolvido. Apesar disso, a pr eocu pação c om o estímulo cultur al através da educação tem s of rido um a te abordagem nos mundos ind ustrializados e em vias de de senvolvimento, revelando d iversos significados através de diferenças semânticas. Enqu anto no Terceiro Mundo falamos sobre a necessidade de busca pela identid ad e cultural, os países industrializados falam sob re a leitura cultural e ecol ogia cultural. Assim, no mundo industrializado, a qu estão cultural é centrad a n o f orn ecim ent o d e informaçõe s glob ais e supe rficiais so bre diferentes camp os de co nheci mento (cultu ral literacy) e na ate nção equilibrada às diversas cultu ras d e cada país (ecologia cultural). N o Terceiro Mund o, no entanto, a id en tidade cultural é o inte resse central e significa necessi dade de ser capaz d e rec onh ecer a si pr óp rio, ou, finalmente, um a n ecessidade básica d e so brevi vê ncia e d e co nstrução d e sua pr ópr ia realidade. Os três termos aos quais nos ref e rim os acima con vergem em um p o nto comum: a noção d e diversida d e cultural. Sem a flexibilidade de encarar a diversidade cultural existe nte em qualquer p aís, não é p ossível tan to uma identificação cultural como u ma tur a cultural global o u , ainda, um a cu ltura eco lógica. Diversidade cultural: multicultur alismo, pluriculturalidade e interculturalid ade
Aqui, pa ra d efinir a diversidade cultur al, nós temos que navegar nov a m ent e através de u ma comple xa red e de te r mos . Alguns falam so bre multiculturalisrno, outros sobre pluriculturalidade, e temos ainda o t erm o mais aprop riado - inrerculruralidade . En q uanto os termos " m ulticultural" e "pluricultural" significam a coexistência e m útuo entendime nto de dif e ren tes culturas na mesma so ciedade, e o t erm o "i nrerculrural" significa a interação entre as d if er ent es culturas. Isto d everia se r o ob jetivo da educação int eressa da no d esenvolvimento cultural. P ar a alcançar tal objetivo, é necessário q ue a educação fo rneça um c onhecimento sobre a cultura local, a cultura de vá rios gru pos q ue caracterizam a nação e a cultura d e ou tras nações.
Arte co rno cultura e ex pr essão
baixas con tinuam a ser igno radas p elas instituições educacionais, mesmo pelos qu e estão envolvidos na educação destas classes. Nó s aprende mos co m Pau lo Fr eire a rejeitar a segregação cultural na educação. As d écadas d e lut a para salvar os oprimidos da ignorância so bre eles próp rios n os ensinaram qu e uma educação libertá ria terá sucesso só quando os pa rticipantes n o pr ocesso edu cacional forem capazes de identi ficar seu ego cultural e se o rgulharem dele . Isto n ão significa a d efesa de gueto s culturais, nem de excluir a cultura erudita d as classes baixas . Todas as classes tê m o d ireito de acess o aos códi gos da cultura erudita porque esses são os códi gos do minantes - os códigos do poder. É ne cessário con hecê-lo s, ser versad o n eles, mas tais có digos con tinuarão a ser um co nhecimento exterior a n ão ser que o indivíduo tenha dom inad o as referências cu lturais da própr ia classe social, a po rta de entrada para a assimilação do "outro" . A mo b ilidade social de pende da int er-relação en tre os có digos cu lturais das d iferente s classes sociais. Inter cult u ralidad e: a cu ltu ra do c o lo niz ado r e do o p rim ido
A d iversidade cultura l p resume o reconhecimento dos d iferentes có digo s, classes, grupos étnicos, crenças e sexos na nação, assim co mo o diálo go com o s diversos códigos culturais das vária s nações ou países , que inclu em até me smo a cultura dos primeiros colonizad ores. Os movimentos nacio nalistas radicai s, que pretenderam o fortaleciment o da identidade cultural de um país em isolamento, igno ram o fato de que o seu passado já h avia sido contaminad o p elo contato com out ras culturas e sua h istória interpe netrada pela história dos coloni zadores. Por outro lado, os colonizadores n ão p odem esq uecer q ue, historicamente, eles f o ram obrigados a in corp or ar os co ncei tos culturais que o oprimido p rod uziu acerca daq ueles qu e os colonizaram. Intercultur alid ade e cultura d o "o u t ro"
A d emanda pa ra identifica ção - "isto é ser p ara um ou tro " assegura a representação do sujeito, di ferenciado do "outro " em "a lteridade" 1. "Identidade é ser p ara si mes mo e para o outro; conseqüentemente, a iden tidade é encontrada entre nossas diferenças." 2 A função das artes na formaç ão da
Interculturalidade: alta e baixa cultur a 1
N o que respeito à cultura local, pode -se constatar que apenas o ní vel erudito desta cultura é admitido na esco la. As culturas de classes sociai s
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HOMI, R. Bhabha. Re membering fanon: self, psycl e and colonial condi tion. l n: K RUGER, Barbara e MARIANI, Phil. (ed.) R emaking hislory. NewYork: Dia Foundation, 1989, p.139.
2 lbidem.
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Tópicos UtÓPiCOS
como cult ura
image m d a ide ntidade lhe co nfere um papel característico dentre os co mple xos aspectos da cultura . Id entifi cação é sempre a produção d e " uma imagem de identidade e transformação do su jeito ao ass umir o u re jeitar aquela ima ge m reconh ecida p elo o utro"
o papel d a Arte
no desenvolvimento
cultural Através das artes t emos a representação simbólica do s tr aços espiritu ais, materiais, intelectuais e emo cionais qu e caracterizam a sociedade ou o grupo social, seu mo do de vida, seu sistema de valores, suas tradições e cren ças. A ar te, co mo u ma linguagem presentacional dos sentidos, tra nsmite sig que não podem ser transmitidos através de n enhum outro tipo de linguagem, tais co mo as linguagens di scursiva e científica. N ão podemos ente nde r a cultura de um país sem co nhecer sua arte. Sem conhece r as artes de uma socie dade, só pode mos ter conhecimento par cial de sua cultura. Aq ueles qu e estão en gajados na tarefa vita l d e funda r a identificação cultural n ão po dem alcançar um resultado significativo sem o conhecimento das artes. Através da p oesia, d os gestos, da im agem, as ar tes falam aquilo que a história, a so ciologia, a antropologia etc. não po dem dizer porque elas usam ou t ro s tip os d e linguagem, a discursiva e a científica, qu e sozinhas n ão são capazes d e d ecodificar nuances culturais. D en tre as artes, a art e visual, tendo a imagem como matéria-prima, torna po ssível avisua lização d e quem somos, o nde estamos e como sentimos. A a rte na educação como expressão pessoal e como c ultura é um important e instrumento para a iden tificação cultural e o d esenvolvimento. Através d as artes é possível de senvol ver a percepção e a imaginação, ap reender a realidade do meio ambiente , de senvolver a capacidade crí tica, pe rmitindo analisar a realidade p ercebida e de senvolver a criatividade de maneira a mu dar a realidade que foi a nalisada. "Relembran do F anon", eu diria que a arte capacita um homem ou uma m u lher a n ão ser um estranh o em seu meio ambiente nem est rang eiro no seu próprio país. El a supera o estado de despersonalização, inserindo o indiví du o n o lugar ao qual p ertence.
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Ib i dem.
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e.rp ress ôo
Arte -edu c aç ão e a c on sciência d e ci dad a ni a Contudo, n ão é só incluindo arte no cur rículo que a m ágica d e f avore cer o c resciment o in dividual e o compor tamen to de cidadã o c om o c onstru tor d e sua p rópria n ação acontece. Além d e rese rva r um lugar p ara a arte no currículo, o que está longe de ser realizado p elos E stados-m em bros da Unesco, é tam bém nec essário se preocupar como a a rt e é c oncebida e ensinada. E m min ha expe riência, tenho visto as artes visuais sen do ensinadas p ri ncipa lmente co mo desenho geom étr ico, ainda segu in do a tradição po sitivista , ou a arte nas escolas s endo utilizada n a comemoração de festas, na pr o dução de presentes estereotipados para os d ias das mães ou dos pais e, na mel ho r da hi pót eses, apenas com o livre ex pr essão. A f alta d e p reparação de p essoal p ara ensi nar a rtes é um pr o blema crucial, levando-nos a confun dir im provisação com criatividade. A anemia teórica d om ina a ar te-educação, que está f r acassando na sua missão d e f avorecer o c on hecime nt o n as e sobre artes visuais, organizado de f o rm a a relacio nar p rod ução artística c om ap re ciação estética e infor ma ção his tóri ca. E sta in tegração co r respon de à ep istemologia da arte. O conhecimento das ar tes tem lugar n a int erseção: experimentação, decodificação e i nf ormação. N as artes visuais, estar apto a prod uzir um a ima gem e ser de ler um a im agem são duas hab ilidades int er-relacionadas.
L ei t ur a vi su a l
Em nossa vida diária, estamos ro deados po r imagens imp ostas pela m ídia, ven de ndo produtos , idéias, co nceitos, co mportame nt os, slogans p olíti cos etc. Co mo resultado de nossa incapacidade de ler essas imagens, nós ap ren demos po r meio delas in conscientemente. A edu cação deveria p restar atenção ao discurso v isual. En sinar a gram ática visual e sua sintaxe at ravés da arte e tor n ar as crianças conscientes d a p rodução hu mana de alta qualid ade é um a f or m a de prepará-las para compreende r e avaliar todo o tipo de ima gem, c onscientizando-as de que estão apre nde ndo com estas imagens. Um currículo que integre atividades artísticas, hi stórias das artes e análise dos trabalhos artísticos levaria à satisfação d as n ecessidades e interes ses das c rianças, r espeitando ao m esmo tempo os co nceitos da discip lina a ser aprendida, seus valores, suas estruturas e sua especí fica contribuição à cultura. D essa forma, realizaríamos um equ ilíbrio ent re as du as teorias
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Arte como cultura e c xpres s õo
Tóp ícos
curriculares dominantes: aquela cen trada na criança e a centrada n o co nt eú do. E ste equilí brio c urricular começou a ser defendido no Reino U nido pel o Basic Design Mooement d urante os ano s 50, qu and o H arry T h ub ro n, V ictor Pasmore, Rich ard H amilton, Richard Smith , Jo e T ilson e E du ardo Pao lo zzi d esenvolveram sua arte de ensin ar a arte. Eles associa ram ativid ades artísti cas com o ensino dos princípios d o d esigll e informação científica sob re o ver, tudo isso com ajuda da tecnologia. Seus alunos estudaram gramática visual , sua sin taxe e seu voca bulário, domi nando elementos fo rmais, tais co mo: p on to, linh a, espaços positivo e negativo, divisão de áreas, cor, p ercepção e ilusão, signos e simulação, tr ansformação e p rojeção nas im agens prod uzidas pelos arti stas e também pe los meios d e c omunicação e publicidade. E les foram acusados de r acionalismo, mas hoje, após qu ase 70 anos de a rte-e ducação exp ressio nista n as escolas do mun do industrializado, chega mos à co nclusão d e que a livre-expressão não é uma preparação s uficiente p ara o entendimen to da arte.
Ap r eci aç ão d a Ar t e e des en volv iment o d a criativid a de Apreciar, edu car o s e avaliar a qu alidade d as im agens produzidas p elos artista s é um a ampliação n ecessária à livre-expressão, d e m aneira a po ssibilitar o de senvolvimento con tí nuo daqueles q ue, de p ois d e d eixar a esco la, não se tor n arão prod utores d e ar te. Através d a apr eciação e da decodificação de tr ab alhos artísticos, des envolvemos flu ência, flexibilidade, elaboração e o riginalidade os p rocessos b ásicos d a c riatividade. Al ém dis so, a educação da apreciação é fund amental para o d esen volvimento cultural de um p aís. E ste d esenvo lvimento só acontece quando uma p rodução artís tica de alta qua lidade é associada a um alto grau de entend iment o desta p ro du ção p elo público.
Ar te - ed u c aç ão p re pa ra n d o o públi co p ara a A r te U ma d as f u nções da a rte-educação é f azer a me diação entr e a arte e o pú blico. M useus e ce ntros culturais deveria m ser os líderes na pr eparação do público para o entendim ento do trabalho artístico. E ntretanto, p oucos mu seu s e centros cultur ais fazem esf o rço para facilitar a apreciação d a arte . As vis itas gu iadas são tão entendiantes, que a viagem de ida e volta aos museus é ,
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d e longe, m ais significativa para a crian ça. Ma s é import ant e en fatiz ar que museu s e cent ro s c ultu rais são uma contribuição insub stituível pa ra a meni za r a id éia d e in acessibilidade do trabalho artístico e o sentimento d e ign o rância do v isitant e. Aqueles qu e n ão têm educação escolar têm medo de e n trar no museu. E les não se sent em sufici ent es c onheced ores para p en etr ar nos " tem plos da cultura". É ho ra do s m useus aba nd on arem seu comporta m ento s acralizado e assumirem sua p arceria co m escolas, p orque somente as escolas pod em da r aos alunos de classe p ob re a e au to -segur ança para en trar em um museu. O s museus são lugares para a educação c on creta sob re a herança cultural q ue d everia p ertencer a to dos, não som ente a uma classe econó mica e s ocial pr ivilegiada. O s museus são luga res ideais p ara o contato com p adrões de avaliação da art e através da sua h istória, q ue p repara um co nsum ido r d e a rte crí tico não só para a a rte d e o nte m e d e h o je, m as também p ara as manifestaçõ es a rtísti cas do f u turo. O conhecimento da relatividade padrões da avaliação dos tem p os to rn a o indivídu o flexív el p ara cr iar padrõ es apro priados para o julgam ent o daquilo que ele ainda não conhece. T al ed ucação, cap az de desenvolver a auto -exp ressão, apreciação, de codificação e avaliação d os trabal ho s p rod uzi dos p o r o ut ros, assoc iados à c onte xtualização histórica, é n ecessária n ão só para o c rescimento i ndividual e enri queciment o d a na ção, m as tam bém é um instru mento p ara a profi ssionalização.
Ar te p ara o d ese nvolvim ento p rofiss iona l nú mero d e trabalho s e p ro fissões es tão d ireta o u indire ta Um m ente relacionados à ar te co mercial e d e propag anda , outd o ors, cinema, vídeo, à publicação de livros e r evistas, à pro du ção ele discos, fi tas e CDs, a so m e cenários para a te levisão, e to dos os cam pos d o d esigl1 para a m od a e indústria têxtil, design grá fico, de co ração etc. Nã o posso conceber um bom designer gráfico que não p ossua algum as i nf o rm açõ es d e hi stória da arte, co mo, p or exempl o, o co nhecime nt o sob re Bauhaus. N ão só design ers g ráficos, mas mu itos outros profiss ionais similares p o deriam ser ma is e ficientes se co nhe cessem , fizessem arte e tivessem dese nvol vido sua ca pacidade analítica atra vés da interpretação d os tr abalhos artísticos em seu con texto histórico. To mei conhec imento de uma p esquisa que co nstatou que os came ra da tele visão são mai s eficient es qu and o t êm algum con tato sistem ático co m apreci ação da arte. A interpretação de ob ras de arte e a in formaçã o histó rica s ão inseparáveis; send o uma a abordagem dia cr ónica h orizon tal do objeto e a
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TÓpicos Utópico s
Arte como cult uro
expr c ss õo
outra sua pr o jeção sinc r ónica ver tical. A interseção d essas d uas linhas de investigação pr odu zirá um entendim ent o crítico de com o os conceitos formais, visuais e so ciais aparecem na arte, como eles têm sido percebidos, re d efinidos, red esi gnados, distorcid o s, descartado s, r eapropriados, r eformulado s, justificado s e criticados em seus proce ssos co n str utivos. E ssa abordagem de ensino ilumina a pr ática d a a rte, me smo qu ando esta pr ática é m eramente c at ártica,
A arte e a experiênci a s eg un do Joh n D ewey " Arte pa ra o desenv olvim ento em o cional e afetivo Aqueles que defe ndem a art e na escola merament e para libertar a emoção devem lembrar que podemo s aprender muito pouco sobre no ssas emo ções se não f ormos cap azes de refletir sobre elas. N a ed ucação, o subjetivo, a vida interior e a vida emocion al de vem progredir, m as n ão ao acaso. Se a arte não é trat ada como um conhecimento, mas somente como um "gr ito da alma", não estamos oferecendo nem educação cognitiva, n em educação emo cion al.Word sworth disse: "A art e tem q ue v er com emo ção, mas não tão profundamente para nos redu zirmo s a lágrim as."
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conceito d e e xperiência articula toda a obra de Dewey, um conceito identific ado com a existência indi vidual e social. É a qualidad e estética qu e unific a a experiência enquant o reflexão. A qualidade estética d e um a experiência d e qu alquer natureza é a culminação de um processo. O pensamento de J oh n D ewey acerca das relações entr e a rte e experiência se manifesta ao longo de sua obra, mas t orna-se mais co nclusivo nos escritos "Individualidade e experiência de 1900" e "Pensam ent o e experiência", em D emocracia e Ed ucação , de 1916, e .Art nature and e xp eriente, d e 1925. Finalmente, a con su m ação d e sua experiência reflexiva sobre o assunto e clode no livr o A ' 1 as ex pe rieuce , que se torn ou, a p artir de sua publicação, em 1933, um desa fio p ar a os arte -edu cadores. Alguns teóricos como Herbert Read e Benedetto Croce criticaram este livr o po r excitar o pensamento sem apontar, entretanto, as soluções metodológicas para o ens ino da ar te. E sta, entretanto, é a funç ão que vem sendo d esempenh ada p or v ários intérpr etes d a obra de D ewey, a través dos mais d e 60 ano s se p assaram desde sua publicação. o c onc eito de exp eriência c onjunt a e intercornunic ant e com o f o rma de vida q ue define a d emo cracia par a ele, assim com o é c on ceito d e experiência indi vidual qu e d efine a intenção c on sciente. E xperiência, p ara D ewey, é a int eração da criatura v iva com as condições que a rodeiam. Aspectos e elem ent os do eu e do mund o qualificam a experiência c om emo ções e idéias. Con tudo, a experiência grávida de conhec im ento é experiência co mpleta. Uma e xperiência incompleta nada s ignifica. A s experiências inc omplet as a lienam e confund em o universo de significa dos v itais do ser h um ano. No s ano s 50, os trabalhos d e E dwin Z iegfeld e de B elle B oas tentaram decodificar na pr ática os pressup ostos reflexivos de A rt as experience. Na • Art igo publicado no An uário de I novações em C omunicações eArtes, 1991.
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T ó pk os
UtÓpi COS
década de 60 foi a vez de ]une McF ee, de K atherine D ewey e de Irving K aufman escreverem sub stanciosos artigos int erpretando as idéias d e D ewey, o u es te nderem suas idéias em d ireção à an tropo logia. Os an o s 7 0 f o ram mais pródigos, e, dentre um a alen tada lista de intér pretes de D ewey p ara a arte educação, tivemos Art hur Efland, E llio t E isner, G raeme Cha lmers, L arry Kanrner, Ralph Smith etc . A déc ada de 80 f oi busc ar as e xperience o pr incípio r ef o rmulador do ensino da a rte dit o p ó s-moderno, que confere à apreci ação ênf a se equili b rada co m o f azer. Br oudy foi o artífice deste novo entendim ent o da o bra de Joh n D ewey, p opularizado e excessivamente sistematizado nos E stados U ni dos p elo projeto da Getty Foundation. Conhecer signific a ter um a experiência e não apenas ter exp eriência. Uma experiência c ompl eta é tão íntegra que sua c onclusão é um a c onsuma ção e não uma cessaç ão. C onsumação é a concl usão signific ativa impregnad a pela apreciaçã o pe rvasiva que penetra o to do da e xperiência.
A experiência, seja qu al for o seu material (ciência, arte, filosofia e matemá tica), para ser uma exp eriência, pre cisa ter qualidade estética. É a quali dade estética que unifica a e xperi ência e nqua nto refle xão e emoção. Qualidade estética resu lta da consu mação apreciada e difere d a quali dade artística, que é específica, de m ateriais específicos, enquant o a qualidade est ética é co n atu ral a t od os o s materiais que cercam o s ritm os constant es da vida. Q ualidade e stética não é a penas o reconhecimento de sco lo rido e frio daquilo qu e f oi f eito, mas uma condição receptiva interna, que é a válvula prop ul sor a de futur as e xperiências. A qualida de estética de u m a experiência de qualquer natureza é a cu lminação de um processo. A exp eriência pode se r da nosa para o mu ndo e sua culmin ância in d e sejável, mas po de possuir uma qualidade estética . Po r exempl o, um médico operando um paciente de u m cas o inédito e co mplicado, p ond o para funcio nar todo o seu c onhecimento acumulado, o rganizando- o em funç ão da s itu ação nova, p ode che gar à conclusão de um a expe ricncia com qu alidade e st é rica, embo ra o p aciente morra .
Arte como cultura e e
xpre ss óo
será a experiência . Impr egnada p o r musgo, ba rro, outra s pedras, capim e flores do caminho, a culm inâ ncia e qualidade estétic a d a experiênci a será a integração do que ela tr ouxe consigo ao lo ngo do proces so, co nstituindo-se uma unidade en r iquecida em relação à unidade que iniciou a de scida. Dewey l embra q ue " os inimigos do estético não são nem o pr ático nem o intelectual, m as a lassidão dos fins indefinidos, a s ubmissão à co nven ção no s p rocedim ento s práticos e intelectuais".
Toda experiência é uma experiência estética sea experiência só cessa quan do cad a momento f oi explorado. O encerramento do circuito de ener gia é o oposto da suspensã o, da stasis, é po rtanto a culmin ância da ação. E sta culminâ n cia, a sensaçã o de completação, d eflagra a ener gia apreciativa e a emoção. qualidade estética é p ervasiva, e, e mb ora atinja seu po nto máximo no está gio da completação da experiência, ela permeia tod o o pr ocesso con tínuo de p ro duç ão e percepção qu e regula a experi ência. Co nhecimento e reconhecimento; c onstrução e r econ strução; produção e p ercepção da p ro du ção c orp orificam a experiência que tem a qualidade estética como elemen to unificador. A qualidade estética é a ap reciação consu m ató ria d if usa que pe n etr a toda a exp eriência, tornando-a significativa par a () ind iví d uo. " O esté tico não pode se r separado de mo do taxa tivo da experiência int elec tu al, já q ue esta deverá a presentar cunho est ético a fim de ser completa" (De wey) e s er co m pleta p ara ser significativa. O dif e re a ex periência e stética da art e da experiência esté tica de outra natu reza é o m ate rial. O ma terial d as artes consiste em " q ualidades"; o da experiência intelectual possui q ualidade própri a int rí n seca, mas são signos e símbolos que su bstituem o u tras coisas que p odem e m o ut ra expe ri ênc ia ser exper imentados qualitativamente .
Tod a ativid ade prática adquirirá qualidade estética sempre que seja integrada e se m ova p or s eus p róp rios ditames em direç ão à cu lmin ância.
expe riência artística, o f azer a rtístico, o trabalho com materiais d a A rt e, é fund amental, D ewey, para desenvolver as capacidades de pr odução - apreciação q ue constitui a experiência signific ativa em qu alque r áre a. Se gund o D ewe y, A a rte une mais que experiências de outra n atureza. As relações de fazer e p adecer, e a energia de id a e vinda que faz c om que uma experiência s eja u ma expe riência".
D ewey usa em as experieuce a idéia da experiênci a d e uma pedra que ro la de cim a de um a montan ha. O objerivo da pedra é chegar embaixo . A pedra teria uma experiência - resu ltado da cu lmin ância de um mo vimento contínuo. Qu anto mais a pedra revelar do seu caminho , m ais significativa
A experi ência ar tística é mais ins tan taneamen te unificável do ponto de v ista intelectual em ocio nal e p rático. Uma d estas propriedades poderá vir a se r mai s d ominante que a o utra de modo a car acteri zar a experiência c omo um t odo, m as su as inter- re laçôes são facilment e verificáveis e apreciáveis.
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T ópi cos Utópi cos
Arte como cultura e expressóo
Na experiência do pensamento, só qu ando extraímos um a solução é que as premissas surgem. Portanto é a soluç ão que torn a m anifestas as pre missas. A conclusão não é alvo separado e indep endente, m as a consumação de um movimento tanto nas artes como no pen samento. Entretanto, dada sua materialidade, o processo é mais facilmente verific ável nas artes. Numa obra de arte', diferentes aros, epi sódios,a contecimentos se m es clam materialmente e fundem-se numa unidade, em bora as partes n ão d esa pareçam nem percam seu caráter próprio quando isto sucede. É no camp o das artes que o processo da experiência signific ativa se tor na m ais evidente para o se r cognoscente. Nas artes, se revel a pela observação, pe rcepção e verificação direta quando a experiência po ssui uma unid ade. A existência desta un idade e stá constituída por um a qu alidade única (qualidade estéti ca) que pe netra rod a a experiência, ape sar da di ferença de suas parte s con stitutivas.
O artista incorpora a si pr óprio a atitude daquilo qu e p ercebe enqu anto trabalha. O fazer é artístico quando o result ado percebido é de tal natureza que suas qualidades, enquanto percebidas , controlam a produção. O processo de arte na produção está o rganicamente ligado com a estética d a apreciação.
N esta te se, o auto r d efend e as idéias de arte como pensamento visual reflexivo, revelando g rande influ ência do capítulo "Pensamento e experiên cia" do livro (1898). Fundamentado em citações de Dewey, e Sampaio defende a idéia de apreciação e gozo estético da natureza com o base para o desenvolvimento da capacidade de desenhar.
sobre a função da arte na educação dada a importância da estética na experiência intelectual
Na re alidade, D ewey propõe não só em Educação e sociedade, ma s tam bém em credo pedagógico, a experiência com o mundo fenomênico p ara excitar a con sciência acerca da r epresentação ima gética. Chega mesmo a de s crever uma aula e reproduzir d esenhos de crianças realizados pelo método de o bservação no livro e sociedade. É b em explicito, mo strando d ese nh os c on siderado s espontâneos de um a á rvo re feito s p or um a crian ça. Criti ca-os do p on to de vista da i mp ropriedade d a relação c om o objeto e mo stra desenhos d a mesma criança d epois qu e f oi levada a comparar seu desenho espontâneo c om um a árvore no parque. '
E sta o rganicidade é o ideal perseguido nas o utras áreas de conheci ment o e pen samento. A a rte n a educação é, p ortant o, essencial p ar a p ot encializar a o peracionalidade da experiência significativa em outras áreas. Por Outro lado, nas artes, o f a zer chega ao fim qu ando o res ultado é co nsiderado b om e a este julgamento se chega não po r juízo int electual. E mb ora a perc epç ão direta não se ja preponderante n a exp eriência de p ensa mento, é-lhe con atural, porque a qualidade est ética d e qu alquer experiência (inclusive a de p ensamento) de qualquer natureza d ep ende mais d a p ercep ção dir eta que do juízo intelectual, um a vez que se revela p or aquela sens ação de completação de que se explorou ao máximo todas as p ossibilidades, co mo no c aso d o m édico que fez uma belíssima operaç ão embora o d oente t enh a morrido.
Desenho considerado pobre
N o Brasil, as idéias de John Dewey sobre arte e experiência f o ram pacientes d e diferentes tratamentos epistemológicos. A id éia de integração da experiência se inter-relaci onou com a idéia de desenvolvimento da individualidade, através da inte gração orgânica c om o m eio ambiente, no caso da primeira tese defendida n o B rasil sob re J oh n D ewey. Tr ata-se d a t ese de N ereo Sampaio (1929) 1.
, Anísio Teixeira defendeu tese sobre Dewey,mas não no Brasil, e sim no Teachers College, da Columbia University (USA).
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Desenh o da mesma c riança
depois d e o bservar as árv ores
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Ut óp icos
T
A tese de N cre o Sampaio d em onstra um a pesquisa feita co m crianças de 6 a 10 anos qu e, levadas a ob s ervar o corpo human o, passando a m ão n o cont orn o da figura uns dos o ut ros, são capazes de artic ular melhor a r epre sentação d a figura h um ana. N ereo Sampaio se b aseou em trabalhos de D ewey nos qu ais o co ncei to de apreciação e de consumação da experiência ainda não estava muito bem explicitado. O D ewey de N er eo S ampaio é aind a naturalista e românti co. D uas out r ase xperiências, as d a Es cola N ova - Refo rma C arn eiro Leão, em P ern ambuco, e a d e Artus Perrel et, em Mi nas G erais- o peracionali zavam m ais dir et ament e estes co nceitos d e ap reciação e d e con su m a ção.' A experiência de Pernamb uco (feita p or p ro fessores p aulistas) inter pr etou o conceito de qualidade estética e consumação da experi ência através da pr á tica da Arte co mo expr essão de aula. Nã o f oi nada original esta scbo ols, nos E stado s U nidos, já misinter p retation de Jo hn D ewey. As haviam ado tado anos antes esta int erp retação . Co mo J oh n D ewey fal a da qualidade estética co mo con sumação da exp eriência, os educadores interpretam literalm ent e o conceito, exigindo qu e cada aula termin asse com um des enh o, ou dram atização, ou pin tura ou cerâ m ica, etc. Co nsuma ção foi entendida co mo rerrninalidade. H á um livr o, Escola N ova em (de J. Scaramelli), qu e t raz um verd adeiro relatório da s muitas au las "Dewian as" nas quais se ensi na so bre a vida d os p eixes: se di ssecam os peixes e p or fim s e desenham o s p eixes. O u, então, colhem-se f o lhas, aprend em-s e suas pa rtes e funções e, p or último, des enh am-se as f o lhas. É uma verdadeira int oxicação te mática que se preten dia p rovocar n o aluno. A rte era apenas o p on to final d a intoxicação. J á A rtus P err elet, em Minas G er ais, talve z t enha sido, das m anifesta ções "dewianas", no Brasil, a m ais fiel às idéias do mes tre. Pe rrel et veio ao Brasil, em 1927, com o g rupo de europeus qu e, a co nvite do governo, pretendia es tabelecer a refor ma educacional do Es tado de Minas Ge rais. E sta educadora trabalhava n a ép oca n o In stituto Je anJa cques Rousseau, um a in s tituição de van guarda educacional naquele t em po. Colega dos mais important es educadore s, co mo Claparede, Piaget e Bovet, Perrelet era , co mo t od o O I nstituto, co nsiderada discretam ent e influ enciada por De wey, em artigo s de jornais e de revistas escritos sob re seu
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Uma análise mais co mpleta da influência d e John Dewey no Bras il poderá ser encontrada no livro de BARBOSA, Ana Ma e. Re corte e colagem . São Paulo: Cortez, 1989.
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Arte come
e ex
prass õo
tra balho. C on sidero, con tudo, que embora citasse pouco J ohn De wey, dele assimilou muitos conceitos, inclu sive o de qu alidade estética c om o aprecia ção da experiência que ser viu d e base pa ra seu primei ro livro so br e o ensino do des enh o. Nu n ca c on segui localizar a prim eira ed ição des te livro, embora tenh a, em 1975, pe squisado nos arqu ivos d o antigo Institut o Je an Ja cqu es Rousseau e em sua bibli oteca. L ocalizei f amiliares da au tor a (em Ge nebra e n o Br asil), m as nu nca m e f oi p ossível d eterminar a data da prim eira edi ção de s eu livro. A s egunda edi ção, de 1922 , foi intensamente divulgada no s jor n ais euro peus. V árias re senh as e a rtigos f or am pro duzidos sobre a a uto ra e suas idéias. Perrelet p retendia ensin ar arte através d a a preciação do m eio ambien te sem deixar d e sistematizar o alfabeto da f o rma, linha, cor, vo lume, p ers pecti va e tc. Sua idéia ce ntral era apr eciação d a e xperiência. Co m o D ewey, recomendava qu e a escola n ão po deria pret ender estar segura de qu e a crian ça tivesse tido esta o u aquela expe riênc ia. Para sis tematizar o c on he cim ento era n ecessário, c om o n um lab o rató rio, provocar a ex periência n a s ala de aula, explorá-la e sistematizá-la. Para Per relet, o de senho e ra a gra fia do movi mento - uma co ncep ção ce rt a m e nt e ass im ilad a d as van gu a rd as a rtís t icas d a époc a, de sde o Im pressionismo até o F uturismo. E nt retant o, não p ode ria o profe sso r s upo r a experiência de m o vimento assimilada p or se u a luno, t eria (]ue p ro vocá-la. Assim, pa ra ela, era muito imp o rtante apr ender a graf a r ind ividualmente o m ov imento somente depois de percebê-lo e ap reciá-lo, s en do o profe ssor test emu nha des ta percepç ão e apreciação. O livro de Perr elet o prim eiro livro d e ens ino do desenho através da exp ressão co rp oral de que se tem notícia. Perrelet p unh a seus aluno s a a preciarem m ov iment os p rovocados por ela. Por exemplo, q ueria que os a lunos ap rend ess em a expr essão da c ur va em diver so s cont exto s: primeiro um jogo de s e cumprimentare m un s aos ou tro s, enqu anto part e d o g rup o o bservava qu e expressão tin ha o co rpo cur va do no ato d e c umprim entar. U m aluno aguava u ma plant a en quant o os ou tros observavam como seu c orp o se c ur vava para atingir o objetivo e qual a expressão e a qualidade d a linh a de seu corp o. M andava o bse rv ar os ninh os dos p ássaro s, u ma vas ilha red ond a, o s ch orões, a té retir ar dos alun os o con ceito de curva co mo flexibilid ade e continente que sup o rta um cont eúdo. Para isto f azia as crianças exp erimentarem bebe r água nas m ãos para o bser varem com o as encurvamo s e m forma de co ncha para cont er água.
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T ópicos
Arte (a mo cultu ro
e rp res sóo
Só d epois da apreciação d o c orpo em cur vatu ra, dos o b jeto s que con tinham curv as, d e entender a ex pressão da cur va, é qu e passava ao desenho, pe din do qu e d es enh assem algo q ue contivesse curva. O desenh o qu e pedia já n ão era ma is u m de senh o realista, ist o é, cópi a da realidade, porém algo evo cativo do o bjeto, valorizan do m ais a e xpressão da f or m a tr açada d o q ue sua c orre sp on d ência c om a realidade.
em seu último liv ro sob re n B.A.E. (D iscipline B ased Art E d ucatio n) o se gui nt e texto de D ewey:
Com o P errelet passou apenas dois ano s n o Brasil, deix and o seu livro sendo tradu zido em Minas G erais', o q ue ficou de seu métod o tão ligado à ap reciação f oram apenas os de s enh os q ue seus alunos aprese ntavam c om o resultado de um lon go trabalho ex ploratório. O trabalho exploratório f oi totalm ent e es q ueci do pelos ed ucador es que a seguiram, os quais se p reocu p aram apen as em fazer seu s alu nos desenh arem simplificadamente. C om o t empo isto ge ro u o terrível des enh o pedagó gico que nas décadas d e 40 e 50 d ominou os cursos normai s d o p aís. Pior: er a a p rofessora qu e f azia o dese n ho s implifica do d e uma casa, d e uma á rvo re, e os alunos tin ham que copiar a simplificação.
compreensão, de abs tração, de c xtr ação do que é significativo. Parape rceber, o esp ectador pr ecisa criar su a própri a exp eriên
E n fim , operou-se a detur pação da sofisticação teór ica de P errelet. E nqua nt o os alu nos de Perr elet p roduziam d e senh os simplificados, mas co m expressão pessoal, as escolas brasileiras assassin aram seu m é tod o, levando os alunos a r eproduz irem m assificadas simplificações form ais. O mov imen to com o f a ror de inte gr ação o rgânica da e xpe riência em D ewey e e m Perrelet era a pe dr a fundam e nt al, e a apr eciação p er vasiva co ntrolava a co nsu ma ção d a experiência. M e» credo pedagógico também f oi credo para P err elet , Hoj e, J oh n Dewey v em send o constantemente revisitado e revisado. O capítulo H aving an cp erience de as e xp eriente tem sido o m ais cit ado n os últi mos livros d e an e-educ ação escritos p or p rofessore s ingleses e n orte america nos qu e d efendem o f azer artístico aliado à co mpree nsão es tética. ..
Tod a u ma no va pe dagogia da arte prescreve a atenção para a arte na escola e m d ois se nt idos: o sentido cultural, isto é, arte com o cultura, levan do-se os alu nos a apreciar, co nhecer e analisar a herança artística que o s pre cede; e o sent ido expr essivo, ist o é, arte como expressão realiza da no s ateliês expl or and o o f azer indi vidual. Esta nova peda gogia se reclama herdeira de John D ewey e, entre as muitas citações do autor que c omprovam es ta descendên cia, as mais fre qüentes s ão ex traídas de H aving an experien ce. Por exemplo, R alph Smith cit a
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Há uma tradução,provavelmenten ão revisadapela autora, datadade 1930.
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"O arti sta selecionou, simpli ficou, cla rificou, abr eviou, co nde nso u seu desejo. O espectador tem de per c orr er tais operações de acord o com seu pont o de vista próprio e seu pr ópr io interesse. E m amb os os ca sos tem lug ar um ato de
cia. Sem o ato de recriação um obj eto nã o se rá pe rcebido co m o ob ra de arte."
N ovament e, D ewey e stá sendo tom ado, em p leno século XX, mu ito literalmente. Ralph S mith , co m e stas citações de D ewey, pretende d ef end er o ensino da Arte a través d a re + leitura d e obras d e A rte, es quece nd o -se d e q ue D ewey afir mo u q ue o re + co nhecim ent o apenas é c ómodo d em ais para u m a co nsciência v ívida. Su a obra está aí p ara ser pos ta em pr ática p elos arte-educadores de u m a m ane ira int egral e não ap enas pa ra ser re talhada em ped aços, e cada p edaço em cada m om ento histórico justificar esta o u aquela metod ologia do e nsino da arte. N o Br asil, d epois de haver influenciado profu ndamente o M ovimen to d a E scola N ova na década d e 30, D cwey caiu no os tracismo , ou pior , p assou a ser cr iticado a cerba dame nte . O s p o ucos autores bra sileiros (uns 3 o u 4) q ue escreveram sobre ele nas d écadas d e 80 e 90 f oram a té discrimina dos pelos grup os hegemónico s encastelados na Faculdade de Edu cação da U SP, d a Unicam p e da PUC -Sr. Como dizia D ewey, o mund o qu e expe ri m ent amos é re al m as n em s empre intelectualmen te c oe re nte e seguro." N os Es tados Unidos, o Cen tro de E studos D ewianos n a U niversida d e de Southern Illin ois em Carbo ndale continuou as pesquisas sob re sua o bra sem muit a visibilidade dur ant e os anos 80. A década de 90 ass iste a revit alização da influê ncia de J on h D ewey, qu e vem sendo ap on tado co m o pi on eiro da Pe dagogia Cultu ral (junto com P aulo Freire), d a Ped agogia Crí ti ca, d o C on strutiv i sm o, d o Multicultur al ism o . S ua o b ra ve m se n do reco nt extualizada p or femi nistas, educadores e po líticos, Entr e 96 e 97 f o ram publicados o ito livros sob re J o hn D ew ey nos E stados Un idos.
• Paráfrase de citação deJ onh Deweyem CAMPBEL. James. Und erstanding Dewe y. Chicago: Open Court Company, 1995, p.75.
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Tópicos UtÓpICOS
Arte -educ ação p ó s-co lo ni alista n o Br a sil: aprendizagem triangular A c onsc iência d e ser co lonizado dos brasileiros é titubeante, confusa e mal-explicitada. Precisaríamos de um d ecodificador cultural co mo Frantz Fanon para nos analisar, pois só alguém com o ele, psicananalista, ant ropó logo e anticolonialista, daria c ont a de nossa conturbada personalidade colonizada. Diferentemente dos o utros países América do Sul e da maioria do s países colonizados do mund o, depois de três séculos de dominação po rtu guesa, d e re pente no s vimos com o c apital do Reino Por tuguês.
O s anos anteriores de d o minação tinham sido muit o degradador es, com o, em ge ral, o foi a coloni zação européia. P roibido s de term os im p rensa, escolas sup eriores e mesmo um ensino prim ário e secundário organizados, f om os dom ados pelos jesuítas e mesmo eles ter minaram po r s er expulso s do Brasil pelo pod er central, configurado pelo Marquês de Pomb al. Até aí a hist ória é a me sma de qualque r país d escob ert o pelos euro peus. E stávamos conden ados à igno rância e a receber com o habitant es os p rision eiros e os indesej áveis do p aís que no s do minava. Entretanto, em 1808, co m receio d a invasão por tropas de Napoleão Bonaparte, o Rei de P ortugal tr ansferiu o governo, a C ort e, para o Br asil. U m pa ís qu e vivia à margem s e torna c ent ro, o poder c entral e a c olônia fundir am-se e confundiram-se. As decisões p as saram a ser geradas na colô nia qu e se m ascarou de império, em bora os int e resses a defender f o ssem ainda os dos colonizadores. A cum plicidade entre colonizados e c olo nizadores levou à indepen dência d o B rasil, doada p or o rdem de P ortugal, graças à in sistência d a Pr in cesa Leopoldina, qu e qu eria garantir algum poder p ara seus filhos , Para confirmar a cumplicidade colonizadores-colonizados, lembro que as revisões p ós-colonialistas têm sido mais rigorosamente c on den atórias das invasões culturais francesa e inglesa, po uco se criticando os portugueses e, no caso d o ensino da arte, ainda menos.
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Arte como c ult ura
o ensino da arte em Po rtugal e ra m uito deficient e e o que o reinado de D. João VI no Brasilproveu, muito mais avançado. Pelo m enos d esde c!ue Brasil fo ra tomado por Po rtugal, os pinto res e arquitetos p ortu gueses vi nh am reclamando do de scaso so frido pelas artes visuais em seu país. Por exemplo, Fr ancisco de H olanda, em seu livro D a Ciêllcia do D esenho, p ublica do em 1571, procurou dem onstrar a O. Jo ão III com o as art es e ram pouco p restigiadas e m P ortugal e tentou co nvencer o Rei de qu e o entendimento da p intura e do desenho eram essenciais para eficaz elaboração d e estratégias de guerr a. E muito s ou tros peroraram pela melho ria do ensino das artes em Po rtuga l n os séculos que se seguiram. Qu ando D. Jo ão VI a pa rtou no Brasil, para daí governar Po rtugal, criou as primeiras escolas de educação sup erio r: Faculdade de M edicina, para pr eparar m édicos para cuidar da saúd e da C orte ; Faculdades d e Di reito, para preparar a elite polí tica local; E scola Militar pa ra defe nder o de invasores e um a Academia de Belas-Artes, Portant o, o ensino das H umanidades come çou no Br asil p ela arte. Para criar a Academia Im perial de Belas-Arte s, D. João VI, a través d o Marqu ês de Marialva, que se achava n a Eu ropa , e d o naturalista Alexandre vo n H um boldt, qu e e stivera n o Brasil, co ntratou a rtistas q ue ensinavam no Instituto d e Fr ança e eram a vanguarda da época. O s a rtistas de ste Ins tituto, criado e d esenvolvido p or N apoleão Bo naparte, de pois de sua q ueda, passa ram a sofrer perseguições. Algun s deles, dentre vários co nvites recebidos par a trabalhar cm p aís estrangeiro, inclusive d e Catarina da Rússia, aceitaram vir para o Brasil. O ex-dir etor da Seção el e Relas-Artes do Mi nistério do Int erior de Na poleão, Joachim Lebreton, o grup o. E ram todos neoclássicos co nvi ctos e interf e riram ost ensivament e na m ud anç a de paradigma estético no Brasil. Q u ando chegaram, encontraram um barroco florescent e. Importado de P ortu gal, o barroco havia sido modificado pela força criado ra dos artistas e artífices br asileiros, c podemos dizer que já exis tia um ba rroco br asileiro be m diferente do português, do esp anho l e do italiano, mui to mais sensual, sedu tor e até mais kitscb) s e quisermos usar um a designação atu al, Ao chega rem, o s artistas franc eses instituí ram um a E sco la n eoclássica de linh as r etas e p ur as, c ontrastando com a abundância d e movim ent os do nosso barroco: instalou-se um prec onceito de classe baseado n a categorização estética. Barroco era coisa p ara o povo; as elites aliaram-se ao neoclássico, que p assou a ser símbolo de distinção social. Esse pr econceito contra o B ar roco c ontinua no Br asil com o v imo s a través da recepção d a crítica micli ática
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Arte como cultura e expre ss õo
T ópi cos UtÓpICOS
instituída à exposição organizada po r E manuel Ar aújo no Ce ntro Cultural Fiesp (São Paulo, jun ho-agosto, 98). Um crítico de grande pr estígio, escre vendo acerca da exposição, classificou o barroco brasileiro de tosco e imitativo, marcado pel a m ediocridade e in abilidade do artesanato popular, um a espécie de esqu ema d e artesanato em gra nde escala da igreja católica. N ão li o artigo p orque est ava f o ra do B rasil, mas, qua ndo voltei, essas "verdades" atribuídas Bravo estavam se ndo repetidas pelos estudantes d e arte e ao crítico da aplaudidas animad am ent e p elos minimalistas. Atitudes semelh antes no século passado impediram qu e, entre o b ar o neoclássic o n o B rasil, houvesse ricas negociações estilísticas, c om o aconteceu, po r exemplo, em Pr aga. Curiosam ente, hoje, os rec onst rucionistas, estudando este episódio , investem co ntra a F rança co m o invasora cul tural e não c ontra P ortugal, que en comen dou a intervenção em nossa cultura. E ste é um dos inúme ros exemplos em nossa hi stória do ensino da ar te qu e po de mos cham ar de perturbação da c on sciência col oni zada, deri vada da c onfu são de papéis: colonizado versus colon izador. roco e
Nem m esmo o m od ern ismo no B rasil ajudou na deci fração do enig ma, p or incluir em sua c on figuração a me sma prob lemática e falsa id ent ifica ção colonizado versus colonizador. Is so porque o pr ojeto do modernismo europeu foi int ensam ent e b aseado nas culturas coloni zadas ou pr imitivas. Por sua vez, essa s culturas, para se renovarem, socorreram- se do m od ernis mo europeu, dos valores ren ovados das metrópoles que incluí am int erpreta ções feitas pelos coloni zadores acerca dele s, os colonizados, o outro da his tória. Na verdade, importamos n ossos próprios valores di storcidos pel o co lonizador. En t retant o, n o Brasil, a voz precurso ra de O swald de A ndr ade conclamava pela atitude,defe ndida depois pelos pós-colonialistas c om oAlbert Memmi e Paulo F reire, de lutar p or u m lugar n a história, em bora se tratasse de um a história esc rita pela Eu ropa e de um lugar de signado, norninado pel o pr óp rio colonizado r.
O cubano Roberto Ret amar, na década de 70, atualizou o conceito de de And rade, canibalizand o-o, to rna ndo -o pós-colo nial na teo ria e co ntra discursivo na prática. Deglute , desc on strói e reorgani za as influênci as da E ur op a e dos Estados Unidos. N em mais a de p endência cultural, nem mais a busca inalcançável da originalidad e m ode rnista, mas adequação e elaboração em diálogo crítico c om os paí ses centr ais. O contra ataque ao ne ocolonialismo sug ere, no limiar do sécul o XX l , operações mais complexas d o que a sedutora id éia modernista do canibalismo / an tropo fagia. antropof agia de O swald
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Quem de glute quem?
Como d iz H omi B hab ha, n oss a existência h oje é m arcada p ela ten e brosa s ensação de sobrevivênci a, vivend o um pres ent e q ue não tem nome próprio, m as de signado p or um p refixo acrescentado ao passado. Trata-se do prefixo "p ós" do pó s-mod ernismo , d o pó s-coloni alismo, do pós-f em i nismo etc. Q uerem os ex plicitam ent e ultrapassar o passado sem deixá-lo de lado. A teoria do reco nhecimento que s ustenta as persistentes p ós -utop ias pós-colonialistas d e no sso tem po se co n figu ram no T erceir o Espaço de H orn i Bhab ha, n o co mb ate estereotipia c ultu ral de Ed ward Said, na alteridade secun dária de Sa nfo rd B udick, na s polí ticas de reconhec ime nt o das m in orias na d efesa d o sincreti smo visual sugeridas p or C harles Taylor e Susan emp reend ida po r Mosh c Barasch, nas libertárias abordagens da cultu ra co mo um qll i ll b em desenhado de Luc y Lippard, e em muitas o utras elocubra ções de teórico s da cultura e ng ajados nos movimentos p ós -colonialistas, p rinci palme nte na A ustrália e na Ín dia. C o rr eç õ es
Pr
oposta Triangu lar
no esf o rço dia logal entre o discurso pó s- mod e rno glob al e o pro cesso con sciente de diferenciação cultural t amb ém pós-mod e rno que, no ens ino da art e, surg iu a abordag em que ficou co nhecida no Brasil co mo MerodologiaT riangu lar, uma designação infeliz, mas uma ação reconstrutor a. Sist em atizada no Mu seu de Art e Co n te mp or ânea da USP (87 / 9 3), a Triangulação Pó s-Colonialista do E nsino da no Brasi l f o i ap elidada d e "m e todologia " p elos p ro f e ssores. Culpo -me p or ter aceitado o apelido e usa do a e xpr essão Metodologia T riangular em m eu livro A ;lI/clgellJ no E nsino d a Hoje, depois de anos de expe riment ação, estou co nvencida de qu e meto dologia é constr ução d e cada p ro f essor em su a sala de aula e gostaria de ver a expr e ssão P ro pos ta Tr iangu lar substitu ir a pre po te nte de signa ção Metodologia Triangular. E m arte e em educação, pr o blemas semân ticos nunca são ap enas semâ nticos, m as envolvem con ceirua ção. A P roposta Triangular deriva d e uma d upla triangulação. A primeira é de n atur eza e pistem ológica, ao de signar o s comp o nentes d o ensino / dizagem por t rês açõ es mentalmente e sensorialment e básicas, q uais sejam: criação (fazer ar tístico) , leitura da obra de arte e cont extualização. A segunda triangulação está na gênese da própria sistematização, originada em um a trí plice infl uência, na deglutição de três outras ab ordagens epistemológicas: as Escudas
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T ópi co s Utópicos
aiA ireLibre m exicanas, o C ritica]S /lI dies inglês e o M ovim ento de A p reciação E stética aliado ao D B AE Based Ar t E d tt c ation) americano. N o início d e u ma pesquisa aind a não-concluída sobre a História do E nsino da A rt e e m três p aíses latino-americanos (A rgentina, U rugu ai e Mé xico), m e entusiasmei com as ai A i re Li br e do México, incentivadas po r Jo sé Vasconcelos e, p rin cipalmente, c om a idéia de inter-relacion ar arte com o exp ressão e c om o cultu ra na op eração ensino-aprendizagem , c om o o f ez Best Maugard, o aut or do s livro s didáticos das E scnelas ai A ire L ibre. Surgidas d epois d a R evolução Mexicana de 1910, estas escolas se co nstituí ram num f ru tíf ero mo vimen to educacional, cuja id éia era a r ecuperação dos padrões d e a rte e a rtesa nia mexicana, a constitui ção de um a gra mática visual mexicana, o ap rimorame n to d a pro dução artística do p aís, o estímulo à apre ciação da arte loca l e o in centivo à expressão indi vidual. I Pode-se me smo dizer q ue as E scue/as ai A ir e Libre foram a sem ent e do mo vim ento mu ralista me xicano.
Na mesma época em que des cob ri as ai A ire Li br e, f ui aluna, no Rio de Jan eiro, d e um cur so de Tom H uds on, o invent ivo prof ess or do Paí s de G aies. To mei contato, en tão, c om o utra lin ha de ensino integradora da idéia de arte com o expressão e como cultu ra, especialme nt e at ravés d o trabalho d e Victor P asmare e Richard H amilton na U niversidade d e Ne wcastle, Posterio rmente, os textos de D avid T hi stlewo od e as con versas c om ele so bre o mov iment o d e C nt ical St udies, na Ingla te rra, muito e coaram na minha opção epistemológica. Além disso, as leitur as sob re o movimento d e apreci ação estét ica surgido no s E stados Unido s em meados do s ano s sob a in fluênci a de Manuel Barkan e d o qual o Co ng resso da Pen n S ta te, e m tornou se algo semelhante a um manif esto, refo rçaram m uitos po nt oS teóri cos. Posteriormente, o cantata com os construtores do Disciplined Based Ar t E d tlcatio fl (O BAE) a mericano, co mo Elliot Ei sner, R alph Smith e B rent son, muito estimularam me u posicion amento cul turalista em relação à s p oli ticas artísticas. Foi, entretanto, o movimento de crítica literária e e nsino da literatura americana Reader Responsequ e, em di álogo co m n o ssa especificidade ter ceiro mundista, inspi rou a design ação de " leitura de obra de Ar te" para um do s componente s d a triangulação ensino-aprendizagem.
, Acabo de terminar uma pesquisa mais aprofundada sobre as E scuelas aiAireLibre . O texto interpretativo será publicado em R evista da Universidade F ederal do Rio Grand e do Sul.
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( orno cultura
cxpr e ss óo
o m ovimento Read er Response não de spreza os eleme n to s f o rmais, ma s não o s pr io riza como os estrut ur alistas o fizeram ; valo riza o o b jeto, m as não o c ultu a, c om o o s deconstrutivistas; exalta a cognição, ma s n a mesma medi da con sidera a imp o rtância d o emocion al na co m p reensão d a ob ra de arte. O leito r e o o bjeto cons troem a resp osta à o b ra num a p iagetiana int erp retação do at o cognitivo e, mais ainda, v igotscjuiana in ter pretação de c ompreen são do mu ndo. Assimilação e acomod ação na relação leitor-o b jeto (r eader - r esponse) são os p rocessos fund amentais que se im põem . A o pção p elo f u nd am enta l se justifica, no caso de meu país, po is f un dam entais são no ssas necessidades ed ucacio nais. Tr ata-se de um país c om alta percentagem d e crian ças f o ra d a escola, muitas das q uais viv em na ru a, sendo destruí d as por aqueles qu e as deviam proteger e d e professores sem f or mação especí fica p orq ue a so cieda de pou co v alo riza a educação. D aí a ê nf ase na leitura: leitura de pa lavras, ges tos, ações, imagens, ne cessid ad es, de sejos, ex pectativas, e nfim, leitura de nós me smos e do mundo em que vivemo s. N um país on d e os politico s ganha m eleições atr avés da televisão, a alfab etização para a leitura é fundam ent al, e a leitu ra d a imagem artística, hum anizadora. E m arte-educação, a Proposta T riangular, que até pode ser co nsid erada elem ent ar se c omparada com o s parâm etros edu cacio nais e e stéticos so fisticados d as nações c ent rais, tem correspondido à reali dade do profes sor que tem o s e à necessidade de instr um en talizar o aluno para o m omento em que v ivem os, respon dend o ao v alor fun damental a se r bus cado em no ssa educação: a leitur a, a alfabetização. E ste princípio de leitura como interpretação cultural, com muita in fluência d e Paulo Fr eire, foi inicialmente experiment ado na or ganização, cur sos e o ficinas d o Festival el e Invern o de Camp os de J or dão em 1983, que podemos considerar a primeira e xperiência pó s-m oderna de ensino da a rte no Br asil. Contudo, a Proposta Tri angular, co mo sistema epi stemológico, só f oi sistem atizada e amplament e testada ent re os an os de 1987 e 1993, no M useu de Ar te Contempo rânea da USP, tend o como m eio a leitu ra d e ob ras o rigi nais. D e 1989 a 1992 f o i experimentada na s esco las da rede municipal de ensino de São Paulo, tend o co mo meio r eproduções de o br as de a rte e visitas aos originais do museu. E ste projeto f oi iniciad o no perí o do em que Paulo Freire foi Secretário de Educação do Municípi o d e São P aulo e foi conduzi do po r mim, depois p or Regina Machado e p or fim e por mais tempo por Chri stina Rizzi . Sua avaliação positiva a pós qu atro anos f o i extre mam ent e recompensadora .
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como
Ut6 p l (OS
Aind a em 1989, iniciou-se a ex p erimentação da P ro p o st a T riangu lar usa nd o-se o v íd eo p ara a leitura da ob ra de arte. A pesquisa fi n ancia da F und ação IO C H PE, coo r denada por Analicc Pillar e D cn yse Vieira, usando a Pro posta Tr iang ular e o ví d eo para leitur a da ob ra de arte, f o i feita co m quin tas séries das escolas p art iculares e p úblicas do mu nicípio de P or to Aleg re, co m cla sses-c on tro le e m am bos o s sis temas, p úb lico e p rivad o. N est as cl asses-c ont ro le u samos a pena s o f a zer ar tís ti co c om b oa ori entação m o dern ista e / ou exp ressio nis ta, sem c ont ato co m leituras de o bra s de a rte e se m q ue h o uvesse qu alq uer con te údo h istó ri co, e nfi m , s em a pre ciação nem discu ssão sobre o b ras de art e. T ivem os , d urant e a pe sq uisa , assess o rias ráp id as, mas m uito eficaz es, de Brc n t E lliot Eis ne r, Heloí sa Fe rraz e Mariazinha F usari, e ouvimo s co m ent ário s de Ralph Sm ith E ilec n Ada ms. O result ado foi q ue as crianças que tiveram um ensino b aseado na P ropos ta T riangular (com uso do vídeo), fim do semes t re, haviam se desenvolvido ma is, t anto na criação artí st ica q uanto na cap acidade de falar s o br e arte . D epois veio a fase de p rodu ção de m aterial escrito para orientar, sug e rir ativid ades, informar historicamente e estim ular o s professores no de cada vídeo da vide otcca de mais o u meno s 2 50 exemplares, organizada pela Fundação 10CHPE. Op e rando uma matrize ira a laser que foi doada Uni versidade Federal do Rio G rande do Sul, pre tendia-se for mar 25 outras videotecas distribu ir o material pelo Brasil, instituiç ões educacionais e/ ou museus capazes de conservá -las. Estas deveriam manter serviço per manente de empréstimo do s vídeos a p ro fessores e or ientar cursos, prepa rando pro f essores par a, a través Pro pos ta Triangular e do vídeo, explorar as po tencialidacles do ver. produzido um vídeo com as impressões da s criança s sobre as ex periências du rante a f ase de pesq uisa. O que mais me impressionou f oi o curto e incisivo d ep oimento de uma c rian ça d e 12 a nos; po br e, muito p ob re, pobreza d etectável visualmente, não só a través da roupa, mas do gesto e do olhar, disse: " po r nunca ninguém me falou sobre arte abstrata? G os tei muito de e nt ender is so" . So negação de inf or mação d as elites p ar a as clas ses po pulares é uma con stant e no B rasil, on de a m aioria do s po de ro sos, e até alguns educadores, acham que esta história d e criatividade é para criança rica. Segun do el es, os pobres p recisam so mente a prende r a ler, escrever e co ntar. O que eles não dizem , mas nós sabemos, é que, ass im, este s p obres serão mais f acilmente manipulados. A reação de grup os de arte-educado res do Rio G rande do Sul foi
e
feroz cont ra as no vas abor dagens culruralisras e /o u pós-modern as d o ensi no da art e, talvez p o rque conce nt ravam-se naque le E stado o s mod elos m ais pu ro s e e ficazes d e ensino mod ern ista da arte. Co mo não p odiam ir c on tra Fu nd ação 10 CH P E po rque de p en diam de seus p at rocín ios para o rganização de evento s e exp o sições, i n ves tir am co nt ra a Pr oposta T riangu lar, d ist orc en do -a malicio sam e nte , calculand o errada m ente q ue am eaç ariam o pod er qu e sup un ha m que eu tive ss e na Fundação. Foi u m erro de cálc ulo, p o is nunca tive po de r cm nen h um n ível de dec isã o d o P rojeto A rt e na Es co la da F u nd açã o IO C HPE, nem na Rede Arte na E sco la que pos terio rm ent e se co ns ti tuiu. D ep ois de ter orga niz ado t eo ricamente o p ro jeto , d e ter o ri ent ado a pri mei ra p es quisa co m muito ent usiasmo e d e te r s uger ido e f acilitad o a do s p ro fesso res estrangeiros co nvidados pa ra os p roj et e s d o MAC / USP para pales tras c co n sulto rias em Porto Ale gr e, m inha atividad e se lim ito u a co nsul tarias que se mp re con duz i com abso l ut a integridade. Mesm o estas, a part ir de 95, se re duziram drasticam en te. Os de trarorcs da mudança pro voc ada pela Proposta T riangu lar, em pr ime iro lugar, afirma ram se tratava de adaptaç ão o u có pi a do D BAE am ericano . O ra, como part ic ipante da soc iedade p ó s-m ode rna, não so u contra cópia, de sde ins crita no tempo e na locação ad e quad os e fr uto d e reconstr u ção . O mito da o r igin alidad e é m odernis ta, o pós-m o d ern ismo va lor iza mais imensamente a elabo ração dentre o s proces so s m entais envolvido s na criatividade. Con tudo, diria q ue a P roposTr iangular se o p õe ao D B1\E porqu e este disci plinariza o s componen tes da aprendizagem da separando -os em artístico, crí t ica de arte, estética e his tória da arte, rev ela ndo inclu sive um viés mo dern ista na de f e sa i mp lícita um c urrí cu lo desenhado p or dis ciplinas. É a contradi ção i nt rí n seca do DBAE , um sistema pa ra o e nsino da arre d e id éias p ó s-modern as, m as de const r ução m od e rn ista. Enq ua nt o isto, a Pr o po sta Trian gul ar designa açõ es c o mo compo n ente s c ur ricu lares: o fazer, a leitu ra a c on tex tualização. N a é poca d o M useu d e Arte C o ntempo râ nea, est a co ntex tualização era pr ior itariam ente histó ric a, d ad a a na tur eza ins tituição mus eu. Mas co m o passar do te mpo no s torn am os mais rad icais em relação de sd isciplinar ização e, em de designar co mo his tória da art e u m dos co mp o ne ntes da aprendizagem da a rt e, amplia mo s o esp ectro da ex p eriê ncia no mea ndo -a context uali z ação , a q ual po de ser h istórica , social, psico lóg ica, ant ropo lóg ica, geogr áfica, eco lóg ica, b i ológ ica etc., ass oc iando- se o p en sam ento nã o ap en as a uma dis ciplin a,
o fazer, a leitura, a contextualização 36
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Tóp IC OS Utó p IC OS como
a u m vasto conjunt o de sa be res disc iplinares ou não." C on textualizar é estabelecer relações. N este sentido, a contextualização no proc esso ensino-aprendizagem é a porta aberta para a int erdisciplinaridade . redu ção d a contextualização à hi stória é u m v iés m oderni sta . É através da c onte xtuali zação qu e se p o d e pratic ar um a educ ação em dire çã o à multiculturalidade e à ecol ogia, valores curriculares qu e definem a p edagogia p ós-m odern a ac ertad amente d efen dido s pel os Parâm etro s C ur riculares cionais (PC N) . No s dois últi mo s a nos, teses sobre arte-educação apon t aram par a a i mp ortância da contex tualização do ensino, dos c onceitos, das gen s pa ra um a educação comprom etida c om o so cial. Q u ero d estacar a d e M eio e E scolar Maria L uiza Sen e, intitulada A rteJ (1998)3 que diz, na p ágina 91: mas
"A transf o rmação ambientalvoltada à melhoria de lidade de vida para todos os habitantes das cidades e dos ses é uma das ações contextualizadoras das atividades ar tísti cas a serem desenvolvidas na e scola." conte xtualização é em si mesm a f o rm a de c onheciment o relativizada. Pesquisas sobr e a co gnição situada mo stram que o c onhecimento e o dimento são m ais facilmente efetivados se emoldurados pe lo sujeito. É es ta m oldura que designamos contextualização, a qu al p od e ser subjetivamen te el ou s ocial ment e c on stru ída. O utro equívoco mal-int encion ado é dize r qu e a P roposta Triangular se de stina ao t rabalho c om o código he gem ônic o e ur opeu e n orte-americano erudito d e arte. A P rop o sta Triangular é sistema cu ja prop osição d epende da re sposta qu e damos à pe rgunt a: " co mo se dá o c onh ecimento em a rte?" P or tanto, qu alquer c on teúdo, d e qualquer nature za visual e estética, p od e ser explorado, int erp r et ado e op eracionalizado atr avés da Prop osta Tri angular. Muit as f or am as experiências com P rop osta Triangul ar em exp osições de código p opul ar e de estética d o c ot idiano, co mo n a exp osição Carnauales-
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Por favor, não confundam com a herói ca luta por um lugar para a arte co mo disciplina nu m currículo já disciplinarizado, qu e só valoriza o co nhecimento disciplinar. Esta luta é necessária no momento e contexto cultural e m que vivemos, mas se o currículo abolir as discip linas ela cessará de ter sentido, assim como já não tem sentido rotular o co nhecimento que se quer construir em arte s através das disciplinas que compõem o sistema das art es. Orientadora : Preta. Ora. Maria Filismina Fusari.
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e xore ssoo
Combogós, e S ucatas e Moda. A esc olh a d o conteúd o com a q ual trabalhar d ep end e da id eologia do p ro fessor e do s códigos d e valo r da cultura do s alunos. Respo nd e, portan t o, a o utra p er gu nt a: que en sinar?" Q uando s e afirma que a V ide orcca da Re de Ar te na E scola é princi palm ent e de vídeos de arte eru dita, e u conco rdo. N ão feste jei so me nt e a chegada ao acervo do ví d eo d a expos ição que teve lugar no C entro P ompidou em P ar is, Os M ágicos d a T erra, c urada p or H ub ert M ar tin, qu e abriu os olh os e as in stituições européias pa ra a diversidade cultural sem a nt e po r barreiras d e raça, classe, gêne ro e nacionalidade. Além disso tamb ém r ecomendei a p ra do ví deo Vi da de Santeiro , d e Io ne Coel ho , b em co m o have r mai s pluralidade cultural e depuração crítica nos vídeos existe ntes, alguns n ão m uito bo ns. Mas, co m o já disse, o papel do c onsu ltor é rec omenda r c nã o d ecidir . Q uem de cide é a diretoria .
N a séria e mu ito bo a dissertação de me strado de Ro seane Martins Co elh o, de f e nd ida n a Universidade Federal d e Santa Catarina em acerca da D if usãodo Pr oiet oA rte na E scola da F undaçã o IO CH PE na s es colas pú blicas de F lorianôpo lis, ou tros equ í vo cos so bre a Pr opo s ta T riangular entre o s f esso res foram detecta dos . N este caso não s e t rata de má inten ção , m as d e interpretação errô nea do s pr ópri os p rofess or e s ou qu em os prep aro u. O err o m ais grave é o d e restringir o f azer artístico, p art e integrante d a triangulação, à re leitura obras. O utr o pen sar qu e há um a hi erar quia de atividades, isto é, p rimeiro a leitura da ob ra d e arte, d epoi s contextualização e finalmente o f a zer, a cr iação . E sta não é urna in terp retação co rreta.J á te ste mu n hei ou li relato s de trabalhos nas mais diferentes r egiões d o Brasil, com o Ro ndo n ópolis, Vit ó ria; Recife, C ar uar u e P alm eira d o s Í ndios, q ue co m eçavam com o f a zer e só então, a p ar tir da semelhança f o rmal ou o nteudística c om a o bra da c riança , o prof essor escolhia a o br a do i d a artis ta a s er analisada o u apreciada, co mo di zem os P arâmetro s Curriculares cionais (PC N). E m ou tros casos, c om o vi em F eira de Santana, Blu menau e J acareí, os prof esso res p odem c om eçar analisand o u m c ontext o s ocial e tó rico p ara d ep ois escolher as obras e o b jetos a serem dec odificados a partir das pistas dadas pel o co ntext o. E nem sempr e, felizmente, um prof e ssor in ven tivo u sa a mesm a seq üên cia dos co mponentes em d if e rentes aulas, com o me sm o g ru po de alu nos . S egund o Roseane Martins C oelho, com qu em tive a o po rt unidade de co nversar d em orad amente d epois de ler sua te se, o s
Orientadora : Preta. Ora. Mari a Luiza Belloni.
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Arce co rn o
Õpl COS U t6pi ( OS
pro fessores c he gam a d esignar os co mpo nentes d a P ro po sta Tria ngular d e N ão se tratam d e fases da aprendizagem, mas de pr ocessos mentai s que se i nt erligam pa ra op e rar a rede cognitiva da aprendizagem. Es te erro é d e somenos impo rtância compara do co m o engano de restringir o faze r a rtístico à re leitura. A releitura é um a atividade possível e qu anto m ais prob lematizadora mais criadora. A m elhor explicitacão sobre releitura qu e conheço no B rasil é a de A nalice P iliar, em um pequen o texto e/ou ap rese nta do em publicad o no da Red e Ar te n a E scola. Mas o perigo da reprodução impro du tiva ro nda as r eleituras. And o t ão alar mada c om a péssima q ualidade de pe nsame nt o visua l resultante de releituras, que me peguei o utro dia de sreco menda ndo com pletam ent e a releitura em uma pa lestra. U m a releitura d ivergente elo u s ub jetivada a mplia o universo da alteridade visual e exercita o p rocesso de edição de ima gens com o qu al no ssa cognição visual n aturalmen te trab alha. M as releitu ra c om o proc edi me nt o co nstante t ransforma o fazer artístico em me ro e xercício escolar. Ar tistas se ut ilizam d e p roced ime ntos mui to variados em suas pe squisas visu ais. A me sma diversidade de estímulos se d eve ex igir d o pro fessor de art e. Para f alar a verdade, a insis tência na releitu ra me provoca o medo d a cópia pela cópia. Qu ase mesma m an eira, m e assusta a idéia d o pr o f esso r qu e, a p re texto d e t raba lhar co m a leitura d a o bra d e a rte e co m a co nt extualização, longas p rele çôes discursivas, isto é, h isto ricize acerca de um art ista ou leia u ma o b ra p ara alunos red uzidos à passividade. Aind a n ão v i isto acont ecer, mas le mbro -me em uma reu nião d a Re de Arte n a Es cola da Fundação I OC H PE em C uritiba, ho rrorizei- m e com um a pro f e ssora d e Sant a Ca t arina, qu e justificou "t rabalhar somente o faze r a rt í s tico co m as cr ianças pe quenas po rque elas não têm paciên cia de ficar senta dinhas ou vindo a p rofess o ra f alar da vida do ar tista" . Tra balhar só o f a zer artístico com o alun o está b em, é um a opçã o legí t ima de um p rofessor mo d ernista p ode ser muit o com peten te c oncent r an do -se ap enas no d esenvolvim ent o d e um d o s asp ecto s da aprendiza gem d a ar te. O que está terrivelm ente equivoca do são o s conceito s de leitura da obra de arte e o de cont extualização. Leitura d a obra de art e é q ue stionamento, é busca , é descobe rta, é o despertar da cap acidade crítica , n un ca a redução do s alu nos a rec e ptá culos das in f or mações do professor, po r m ais in teligentes que elas se jam . A ed uca ção cultu ral que se pretende co m a Proposta Triangular é um a educação crític a d o conhecimento c onstruí do p elo pr óprio alu no, co m a m ediação do uma " ed ucação bancária" . professor, ace rca do mu ndo vis ual e
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cult uro
ex pr es s óo
Prop osta Tr ian gular é co nstr utivista, inrer acio nista, dialog al, rnulticulruralista e é pós -mod erna po r tudo isto e po r arti cular ar te co m o exp ressão e co m o cu ltura na sala de aula, sen do esta art iculação o d enom in a d or co mu m d e to d as as propostas pó s-modernas do e nsino da art e q ue cir culam internaciona lment e n a co nte mpora neidade . O g rand e gu arda-chu va dewiano, a articulação e nt re a educação a rtí s tica (criação) e a educação estética (apr eciação) , d efine o pós -mo d ern ismo em arte -educação, ou a co ntempor an eidade, se por h orror à palavra pós-modern ism o, p referir. É preciso, en tretanto, ficar claro que educ ação estética n ão é e nsinar es tética no sent ido de for mu lação sistemática classificações e d e teorias ,]ue produze m definições arte e análises acerca da beleza e da natur eza. Es te n ão é o pr incipal p ropósito da educação estética. O que chamamos de ed ucação e stética de c rianças, adolescent es e ad ulto s é principal mente a f o r mação do apr eciador de arte u sando a ter m inologia e o sentido consum ató rio que D ewey dava à experiênc ia ap reciativa. Com o profes so res, te m os q ue procurar co nhece r e stética para estar mo s pr e parados p ara o s que stionamentos estéticos q ue nec essariamente sur gem n o p ro cesso d e no ssos alu nos entende rem e co nhece rem ar te, qu er se ja fazendo art e o u interpretando o b ras de a rte. N este sentido, a estética tem um eno rm e p o ten cial esclarecedor e estim ulador d o questiona m en to reflexivo, ma tér ia-p ri ma da filos ofia da q ual a esté tica é lima subd ivisão ou filial. Crawf o rd (199 1) considera a es té tica uma d isciplina d e segund a o rdem: seu co meça quando as ou tras d isciplinas c om pletam s ua tare fa. D iz ele: de análise da beleza,no s tem "N ão m ais p o s co n te mporâ n eo s, a am plia seu ca mp o de questionamento acerca da natureza do o b jeto da arte e do car á ter de sua criação, apreciação, avaliação, co mo acerca das relações da arte com a sociedade, tud o isto podendo ser examinado em diferentes de complexidade. "
E m educação, a tar ef a da estética integrada na leitu ra da obr a ou do camp o de sen tido da a rte é a judar a cl arificar p ro blem as, a e ntend er no ssa exp eriência d a a rte, a disc rim inar ent re opçõe s, a tom ar decisões, a em itir juí zos d e valor .
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CRAWFORD. Donald."T he q uestions of aesthetics". ln : SMITH. Ralph a nd S IMPSON, Alan . Aesthetics a n d arts education. Urbana ano Chicago: University of Illinois P ress, 1991 , p.15.
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r óplcc s
Tradici on almente a qu estão mais imp or tante a ser re sp ondida pel a estética er a: o qu e é a rte? H oje a qu estão que pr evalece é a quela sublinha da p or Marce l Du ch amp e K ant : qu and o alg o, u m o bjeto, um a id éia ou um a atitude é a rte? O de sloc ame n to do f oc o da qu est ão so b r e " o qu e é arte?" p ar a a qu estão " qu and o é f oi r atificado pel as t eorias culruralistas, o u melh o r, mul ticulruralistas, d a art e. O co ntexto é c o m po n ente definidor da experiên cia a rtística e d a experiência es té tica. disto, os problemas d a p erc ep ção se ampliaram co ns ideravelme n t e na er a 'p ós-Duchamp ', te ndo em vista a compl exidade d as realidades virtuais. O seeing in e o seeing as d efini dos p or e \X'ittgenstein, re spectivamente, se combi na m em múltipl o s qu esti on am en tos . E sta r v isualmente con scient e das superfícies e di scern ir o qu e ne la se destaca (seeing in) clam a na Arte Co nt e m p o râne a p or seeing it as. N ão se trata apenas de um a pe rce pçã o do q ue es tá lá ne m tão po uco d e u ma ilu são , m as im aginação contextualizada ou cogn ição nos m old es dos siste m as saving as, desenha dos p ara f acilitar mult iplicidade n as m emórias d o s com p ut ado res. A resposta es tética, a través de o perações se nsoriais e fí s icas,é cognitiva. T tata-se de cognição qu e n ão se cent ra apenas e m ar te fatos , m as inclu i um a rede de en ergia qu e liga o arti sta à audiência, e amb os, arti sta e aud iência, ao co nt exto e a t od a a cul tu ra h er dada lat en te o u ativa. C om o diz Peter Ab b s, "A rte requer pa ra s eu ent e ndim ento u ma linguagem din âmica de p artículas e ve rb os, n ão d e inerte s su bs tan t ivos " ." Co mo no e st ud o d as p artícul as subatô micas, tamb ém n o cam po d a arte n ossos te r mos de veriam ser a queles liga d o s a m ov imento, inr er a ção, transf or m ação. D a m esm a m aneira qu e a natu reza d a m atéria nã o p o de ser sep arada d e sua ativida de , t am b ém a o br a d e arte n ão deveria ser co nceitualmente separad a d o com plexo campo n o qu al ela o pera. Fal and o-se em arte n a educação, o utras variáveis se m obilizam tor nando-se a próp ria exp eriência estética do profes sor, elem ent o definitivo d a exp eriência es tética do alun o. exposiçã o d o ado lesc ente e d a cr iança à arte n a escola d ep e nde da escolha d o profe ssor. A ex periência es tética p od e se r ma is o u m e n o s significante e valiosa em f u nção de sta e scolha. O p ro f ess or
Arte
c o rno cu ltura
expr e sv ôo
Um a d as int erpretaçõ es p ráticas m ais ade qua da s da Pro po sta T rian gu lar f oi re alizada p or A nt oni o B ian cho F ilho, na co n struç ão d e u m a pli cativo m ultimí dia pa ra o ens ino d a g eometria através da arte". Ali ás, especialistas têm me chamado a atenção para a adequação da Pr oposta T riangular às n e cessida de s d e reinvenção do sistema de com un icações em relação ao m eca nismo da con scie nt ização social. L eitura e con textualização pode m ser os de tr azer o d rama das ideologias para a logí stica9 da p ercepção d a r eali dad e v irtual. " E n velo pa das n as ex igências de p rodu ção e con sum o imediato, tecno logi as se tornaram convi n centes pri n cipa lmente p o rq ue p ar e cem fun cionar i nvisivelmente.?" A con textua lização pod e ser a med iação en t r e per cepção, h istó ria, po lí tica, identida de, e xpe riência e tecno logia, que trans formará a te cnologia d e mero prin cípio o pe rativo em u m m od o d e participação, t or n an d o v isí veis os mu nd o s p articipatórios do cons um o i mediato . dis to, é ó bvia a c om p ro vação d e que a co n te xtu aliza ção é op eracionalm e nt e conatu ral à lin gu agem h iper tex tua l. Pl uralidade de leituras
Seba stião Pedrosa, prof esso r U niversidad e Fe der al d e Pernam b uco, para sua te se d e d ou torado na U nioer siiy 0 sobre a in fluên cia / br itân ica n o ens ino d a a rte n o B rasil, entrev istou n o iníc io d os anos 90 tr ês ge raçõ es d e arte -educador es e qu ase to dos, co m ap enas um a exc eção, n om e aram a E CA e o M useu d e Arte Co ntempo rânea (Ml \C) da U niversid ad e d e São Paulo com o as instituições mais influ ent es n a arr e-educ ação em no sso paí s. R ealm ent e, d e 1989 a 1993, o M l\ C f oi um l abo rat óri o d e ex p erim ent a ção de en sino-aprendi zagem em arte com projeta s e ducaci on almente ousa d os, algun s em parceria co m o utras instit uições. M uit as idéias p o stas em p rática n o vinham se de senvolvendo n a E scola de Co m unicações e Art es ( ECA) d esde os a no s 80, n os programas d e pó s-gr adu ação e especiali zação q ue a quela e scola m ant ém .
d e arte p r ecisa co nhecer es tética para, pel o m enos, sa be r o que e sco lh er.
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WOLLHEIM, Richard. Pai nting as a n e tt . Prince ton. New Jersey: Princ eton University Pre ss, 1987 , p.4 5. ABBS, Peter. Delin ing the aesthetic field. ln: SMITH , R alph and SIMP SON, Al an. Ae sttietics and a rt e ducalion. Urbana a nd Chicago: University 01Illinois Press, 1991, p. 248 .
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• Dissertação de mestrado defendida no pr ograma de Arte e Tecnologia da I magem, linha de Pesquisa Multi midia, Hip er texto e RealidadeVi rtual, do Instituto de Artes da Universidad e de Brasi lia. Orientadora: Suzete Venturelli. Expressão usada por Paul Virilio.
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DRUCKRE Y. Timothy. C u / ture o n lh e br ink : id eologies o f te ctmolcçy . Seattle: Bay Press, 1994, p.2.
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cult uro e e.xpre ss õc
Tóp icos Ut Óp i COS
E. D. Hi rsch 12 define cuiturai litera cy , isto é, alfabetização cu ltu ral, co mo " co nhecimento bás ico nec essário pa ra um a alfabetização fun cion al e um a " poss uir ef etiva comunic ação nac ional "!' , S er culturalmente alfabet izado as infor mações b ásicas ne cessárias pa r a p ro sperar, florescer, ser b em-s uc edi do no mund o moderno" !" e vale para tod as as classes so ciais, acrescen ta H irsch. N a definição d os co nteú do s d a alfabe tização cu ltural do s a m ericanos, Hirsch inclui abstrata, expre ssioni smo abs trato, A cro po lis, Allen, Paul Cé zanne) expressionismo, im p ressionismo, cub ismo, Le on ardo da V inci, Michelangelo , Pablo P icasso, J ack son P olloc k, p ré -raf aelitas e mu itos outros artistas, m o numento s e conceitos ligado s às artes v isuais. O erro de H irsch f oi pensar qu e u m "dicion ário de cultura", o qual vei o a produzir de pois de sua pe squisa, iria resolver o pr oblema da alfabetização cultural. P rovav el me n te nunca leu Paulo Freire, p ois não sabe qu e a cult ur a de definições é m era educação bancária, simp les ar ma zen am en to de in f or m ação passivo. nã o se injeta, se pratica . A Proposta Triangular foi solução s egu ida e m comu m p elas e ducado ras que orientaram a apreciação d as ob ras n a ex pos ição da C oleção Ro bert o Ma rin ho em São Paulo, mas cad a u m a c on struiu seu mé to do, agiu e elabo ro u propos tas individuais centradas em sua s pr eocupações t eóricas e specí ficas e, principalmente, levaram os visitante s a co m pre ender f a zendo, co nstruind o suas im agen s através do f a zer artí stico. Usaram cami n ho s dif e rente s p ara realizar o ide al de G eor ge E . H ein, de qu e to das as atividades d es enhad as para a audiência de mu seus enga jem a ment e e as mãos . E sta experiência co mprova prime ir amente que leitura é inte rpretação, e d ep o is qu e as int er pr eta çõe s de um a o br a podem ser tão dif er ent es, tant o s quanto f o rem os interpretantes. Por outro lad o, as interpretações n ão estão sujeitas ao julgame nto de cert o e errado , mas podem ser julgadas p or ou tros critérios, com o o s d e serem m ais ou m enos con vin c en t es, o u co ere ntes o u ra zoáv eis, ou ilumi nad oras, ou abrangentes, o u inclu sivas etc. Int erp retaçõ es são qualificáveis e p or tanto algumas i nt erpretaçõ es p odem ser melhore s que outras. Interpre tações implicam visão do m undo, logo, p odem h aver interpretações contra ditórias e competitivas de u m mesm o tr aba lho.
HIRSCH. E.D. Culturalliteracy. N.Y.: Vint age B ooks, 1988 p. XV.
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Idem p.XI.
13
"Idem p. XIII.
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interpretações são qualificáveis. não certas ou erradas.
o obj ero d a int erp retação é a o bra, não o a rtista, p o rrant o u m a int er pretaç ão não pr ecisa in cluir a intençã o d o a rtista, mas não ne cessariament e d eve dados cap tados f or a d a o bra a través d a b iogra fia, d a vida d o o qu e era a bo minado pelos f or m alistas. Mé to do s d e int erpretação n ão têm interesse e m si m esm os, m as in te ressam ape nas p o rque reflete m teorias qu e busca m esclarecer c o mo a i nte r pretação é c on stru ída. Algun s m érod o s d ão maior i mp ort ân cia ao pap el d o ob servado r, co ncebe nd o -o co m o criad o r de realidades ; o ut ros, co nsid eran a imp os sibilidade d o s ignificado li teral, or ienta m e m direção à a nálise d as relaçõ es d e d ependência em f u nção do co nt exto. E há ainda o s qu e favo re cem o respeito à o bje tividade do observável. As teor ias da interp retação e seu s métodos os cilam en tr e maior ou me no r re spo n sabilidad e d a em oção, ou da razão, e evid ência n a d efinição d o de sentido, e m aior o u menor im p or tância d e um a d as três pe rsona gen s principais d o ato i nterpret ativo: int érprete, obra e contexto. Se fize rmos um inv ent ário das di f e rentes questões ligada s à da ob ra de arte, verem os q ue as variáveis acim a nomeadas estão s em p re p resen tes e lutand o p o r p rep onderância. São inúmeras as classificaçõ es d as abo rda interp ret a tivas. Para o mode rnismo, as mais im po rt ante s f o ram o for malismo e a icon ografia. A m bas priorizavam a obra e não o leit or ou o co n tex to ma s d ivergiam qu ant o à prio rização da forma ou do co nteú do na leitura d a ob ra. Para R o ge r Fr y, um dos p rimeiros form alistas moderno s v in culado s art es v isua is, a a nálise d e u ma o bra deve p rio rizar o s elem en to s d o d esigll: linha , for ma, co r, espaço, lu z, bem co mo as catego rias d o d esigl1: equilíbrio, o rdem , ritm o, p ad rão, co mpos ição. J á a iconografia de Panof s ky co nside ra cm p rim eiro lugar o ass unto, dep ois a co nvenção qu e pr eced e o tem a, e p or último dados culturais que definem o tema: o artista, o temp o. T ent and o uma aproxim ação m aior ao co n texto cul tur al, tem os u m a varian te d o f or m alismo, a teoria da G estalt de Arnheim que, estudando o s elem ent os d o design, asso cia co nceitos de interpretação po r apro ximação co m f o rm as e s ignificados anterior mente co nhecidos. O conhec imento anterior é o c on texto. Tamb ém m ais co ntexrualizadora é a iconologia, que in sere a obra em um p rogram a de co mp reen são mai s amplo, mais intertextual qu e a ico nog rafia, da nd o m ais relevância ao s dados culturais (Gombrich) e à ideol ogia (Mitch ell), algumas veze s n a prática é difícil distinguir entre as du as, c om o n o
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TÓp l
caso d a análi se f eita pel a N a tiona l G allery d e L ondr es da s o b ras d o s eu vo di fundid a p ela lingu agem midi ática, A an álise ep istemológica pr ocura conhecer pr o cesso e co nt eúdo in ter relacio nada m en te, e a an álise tele ológica busca res ponder q uestões ac erca da funç ão e p ro pó sito d a arte . O citacismo na p ó s-m od ernid ade ressuscitou a abo rdagem arqueo lógica, levan do a inq uirir ac erca d as f on tes o u o rigem da o bra o u d a imagem, se est á na tradição, s e é respo sta ind ivid ual o u da so ciedade et c. int erp retações p sicológicas e p sicoan alí t icas d irec iona m as rôes p ara as r elaç ões da ob ra co m a m ent e (sentim ent os, ide ação , o b sess õ es, rep res sões, eg o, id , es tado s de con sciênc ia et c.) e d a r epresenta ção d a psi que na ob ra et c . O s a sp e ct o s m ais im p o r ta n t e s de s tas qu es t õe s os p reco nstr utivos ou g ené tico s, qu e b uscam aclarar c o m o a me nte do au to r opera n a e na f o r m alização d o tr ab alh o, Me no s interesse t êm d es per os aspe ctos afet ivo s, m as há relevantes int er pr etaçõe s inves tiga m com o a m en te d o leito r o u a p reciador resp o nd e a o trabalho e c o nt rib ui p ara sua c o mp leta ção. U ma m udança m ais ra dical do f o co de atenç ão c entrad o no p ro d ut or e no o b je to pa r a c e nt rá -l o n o c o ns u m o f o i o p e r ad a p ela s te o r ias f e nomen o lógicas, cu jo e ixo prepo nderant e d e a nálise a na tureza d a ex pe ri ên cia esté tica d o o bs er vador. P ara Me rleau -Po nry, u m f en om eno logist a m e n os id ealista c m eta físico qu e seus m estres H u sse rl e Heidegg er, int erpre tar é percebe r. D an do pri m azia e xperiênc ia p er ce pt iva, considerava a pe rcepç ão co m o co nh ecim en to s ituad o, c or po rificado , reje ita ndo o tratam en to d o c or po co m o me ro m ecanism o de realização d a m en te e a idéia d e re flexão co mo super es tr u tura d a c on sciên cia. O pro cess o d e p er cepç ão f oi co n siderad o um f i m em si m esm o d o p on to d e v ista d a int erp reta ção . J á a P en om eno logia de G asron Bach elard , mais receptiva à im agina ção, abriu espaço p ara a reverb eração po ética. j \ Feno m en ologia H ermenêutica (G adam er e Rico eu r), n eg and o que a e s trutura po ssa so zinha ex plicar as ino vações d a linguagem , e xplo ra os co nflitos de inte rpretações, p o rqu e d ife renç a e o p osição de entendim ento são co narurais à n o ssa exp eriência c om o seres interpre tante s. O pap el dos costu mes, das co n venções e d as p r es supo sições n o ente ndim en to da o b ra f oi especia lmente d estacado p o r G adam er e pe los teór icos da recepção Gauss, I se r) . Na T eoria da Recepção, uma in terpretação centr ad a no pr o dut o r el ou na o bra p ouco re vela a cerca da e stética comu nicativa. É a i nt erp retação da
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corno
express õo
relação dial ética e nt re p r od ução e c on s umo q ue ilum ina o e nte n dime nto do pap el d a ar te na soc iedad e e relativiza o aut oritarismo in terp retativo resul das teorias qu e p roclamam a autonom ia d a o b ra d e a rte. F iliad a à E st é rica d a R ecep ção, a teor ia Reader se r ef er e a u ma l eitura críti ca in flue nciada pela su bjetividade do leitor, p o rém co m a ten ção especial ao c on tex to. N em a auto no mia da o bra, nem a a uto no mia d o leito r. Am bo s são med iatizad os p elas cir cunstân cias d o contexto. O con texto co ntor na o pro cesso d e significação e deter mina v alor; p o r isso n ão há significad o estável nem valo r uni vers al. A s t e or ias d a in t erp retação m ais co nt emporâ neas, co m o a sem io logia, sem ió tica ,0 d eco nstr ucionism o !" e o f emin ismo, t êm c m co m um a ê n fase as de sign am co m o ab ordagen s cu ltura listas no c ontexto cultur al. leitur a d a o bra d e a rte e spe cialm ente, o de co ns trucio nism o e o f e m inis mo são i denti ficados co m o sistem as d e i nterpre tação p ó s-m o dern os. O sem iólog o N o rrnan B ryson, em s uas in te rp retações, as socia o car á ler s o cial d a ima g em sua r ealidade c om o s igno . E le ch am a at enção p ar a a d inâmica d a leitura da a rt e e d o s si ste mas d e sign o s or ienta m a circ ulação d o ve d o r e da cu ltu ra p ela ima ge m . E ntr eta n to, mai s conrunde n te a bo rdage m c on tempo rân ea leit ura d a o br a d e a rt e é o c1 ec on stru cionis mo . Trata -se d e ve r q ualqu er o br a co m o se s e t ratasse d e u m d up lo stat ement: um explícito e o utro esco ndido, q ue só pod erá ser e ntend ido no conte xto da dife rença, da op osiç ão e d o d eslocamento daquilo que é m anifestame n te para as m argens, p eriferia e vice-versa, Ob viamente, é de D er rida , () f or m ula d or do d eco ns truci o nism o, o m elh o r e xem plo de uma leitu ra clcsco ns truc ion ista im ag em, ao Vincent van G ogh Os Sapatos ( 1886, M use u Van Go gh, A msterdam ). D errida p õ e e m o p osição a inr erpre raç ão d esse qua dro co m o au to biog rafia, f eita p or Me yer Scha piro e a d e Mar tin H eidegger, q ue o interpr eta co m o o st atement ac erca do m u nd o de uma m ulher campo n esa. D eco nstru indo a p rópria p o laridade q ue o o rien ta, D errida pergu nta: " co m o Heidegge r e S chapiro sabem qu e o s sa pa to s f o rm am u m p ar ? O ()ue um p ar? O que é um p ar de sap ato s? D e luvas? De pés ?" etc. O é
De rrida qu estio na é a idéia de par co mo est ru tura. Es ta sua leitur a é uma m etá f o ra d e sua atirud e crítica cara cterizada pela d eco nstru ção das diferen ças e o posições ent re p ares d e signi ficados
autores que preferem a grafia "desc onstrucionismo". Como amba s são permitidas. fico com "deconstrucionisrno", que é minhapreferida,
" Há
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r ópicos Utópicos
consagrados pe lo pe nsame nto o cidental. Sua a bo rdagem a nalítica, bu s cando várias unidades p ossíveis, se dá p or m eio da foc alização em pont os n os qu ais uma op o sição bin ária tal co mo significant e-signi ficado, literal-figu ral, pr e sença-ausência, natureza-cultura, d entr o-fora, o rdem-desordem , m asculinofem inino etc ., m anejada cirurgicamente e re co sturada po r um a linha de a rgu m ento, revela incongru ências n o di scurso e rompe a veladura colocada sobre m últiplos sentidos. da análise de Os S apatos d e Van G ogh a presenta da em T he T rutb in Pail1t il1g, livro publicado em f r ancês em 1978 e em inglês em 1987, doi s o u tros estudo s de D errida a mp liam as im plicações dec on strucionistas nas artes espaciais. T rata-se de um ensaio s ob re os dese nhos d e A nroni n Ar taud, produzidos qu ando int ern ado em asilo com o louco e de um texto pa ra u m catálogo do Lo uvre so bre ceguei ra e auto -retrato. Am bo s demon stram o d eslocament o do int eresse p elo código h egem ónico p ara a produ ção p erifé rica das minorias." Fin alm ent e, também a co laboração de D errida co m P eter E isemmann é exp licitadora d a n atur eza d o d econstruc ioni sm o n as artes espaciais. Pode mos dizer qu e Ei semm ann , q ue provo ca a instabilidade g eo m étrica na a rqui tetura, encontrou na atitude filosófica de sequilibrante de Derrida o seu du plo. T rata-se em am bos d o m esmo mov iment o co nstante de b usca em dire ção a pontos d e reequilibr ação qu e p or sua vez d ão ori ge m a n ovas desequilibrações.
Arte
cultura
e ro re ssõ o
caso do quadro Portrait oj M lle. C harlott e d ll V ai d'Ognes (c1800). E ssa o b ra estava no Metr op olitan Museurn o f Art d e N ew Yor k , co m o um tr ab alho de jacques-Louis Da vid e co nsiderada de ex traordinária q ualidade, um a da s m ais impo rt an tes d o f a moso neoclássico francês. D esco briu-se, post erior m ente , te r sido pintada p or Constance Marie Charpentier (176 7-1849) . I mediata m ent e d epois p assou a ser des consid erada p elos críticos, viam ne la a tri bu tos f e mininos sempre ne gativos. C hega ram dizer: "é poesia, não art es pl ásticas," literá ria em de plástica", " tem um char me mui to evi " inteligentemente esconde sua fra qu eza" , "é u m a mistura d e a titudes su tis qu e n ão co nvence, só ser ve p ara revelar o espírito f e minino" ." D eve-se a críticas e historiadoras como Ab igail Solo mo n- G o deau, Mary Ga rr ard , L inda N o chlin, G iselda P ollock e L ucy Lippard, e a a rtistas com o [udy C hicago e Ana Me nd ieta, e studos e ob ras que ques tiona ram o cód igo heg emó nico masculino. E ste é um assunto ao q ual vo ltarei em m eu p róximo livro. A go ra, ao men cionar o f e minismo, quis apenas abrir o leque int erpretativo p ara incluir, as mui tas abo rdagens de leitura da obra d e a rte, um a q ue eleve t er e sp e cial significação para a educação porqu e a ed ucação é exe rcida principalmen te po r mulh eres que necessitam de inst rument al teó rico qu e re f or ce seus cgo s cu lturais, t ão d esq ualificados pe la so ciedad e d as a rtes d om inada pelo s ho m ens.
O d eco ns trucionismo n ão é um m étodo qu e se ap lica à dec odificação de um texto o u imagem, é um a atitude crítica não-hierarquizada. D e um a man eira geral, a pós-modernidade libertou o s m éto do s, transformando -o s em atitudes, prop ostas elo u abordage ns. Por ú ltimo, quero me referir ao feminismo, que tam b ém é mu ito mais uma atitude de p en samento crítico, co ntex tualizado r e de smistificador da hegemonia e do pode r, do que me ra f err am en ta de codificadora . O feminism o f oi de in ício reinvindicat ório, denunciando a a nulação da m ulh er pe lo pod er d os h om en s qu e f a ziam a his tór ia, como é o caso de Go m brich, qu e n ão m enciona n enhuma mulher em sua S t ory oj Ar t. Outras denúncias escand alosas convenceram acerca da c aracterística p atriarcal do s cânones do min ant es n a a rt e o cidental. Um d os exemplos mais gri t an t es foi o
te Derrida tem outros estudos ace rca de artes plásticas , como o s sobre Valeria Adam i e Gerard Tilu s
Carmel e o sob re Marie-Françoise Plissart.
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" Informações encontradas em ADAMS, Laurie Schneider. Ttie metnoaot oçieeotart. NewYork: Icon Editions, 1996.
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lo orcos A ecologia do diver sidade
ficou claro qu e o s problemas d e multi culturalidade circundavam os estudo s de intelectuais dos E stados Unidos e Europ a. B asta dizer qu e entre m eus companheiros d e re sidência, qu atro estavam escrevend o livros so bre o assunto. En tretanto, o preconc eito de cla sse não era ass unt o pert inente ao conceito de mul ticulturalidade de n enhum dele s. N ão podemos reclamar po r uma multiculturalidade da multicultu ralidade ou m et a m ulticulturalidad e. I sso ainda não existe. Por isso tem os, n o Terceiro Mund o, qu e produzir no ssas próprias p esquisas, nossas próprias análises e nossas p róp rias ações para superar os preco nceitos de classe existentes em n ossos países, a r espeito dos có digos culturai s co nfiguráveis. Sabemos que há no Br asil pre conceito co ntra a p rópria idéia de multicultu ralismo. Para uns é coisa d e fe minista hist érica ou d e 'crioulo' co mo tenho ouvido d esrespeitosamente ser dito. Para Outro s é invenção de am eri cano que n ão tem nada que ver c onosco porque, di zem , v ivemos nu m a d e mocracia racial e as m ulheres aqui têm aces so ao poder e os negros não são discriminados. O crítico de c inem a n orte- ame ricano Ro b ert Starn, em entrevista à F olha de S . Paulo ( 4/7/ 95), lembra q ue o multi cultur alism o tem tu do a ver co m o B rasil. O modernism o de M ário de Andrade, a antrop ofagia de Oswald d e Andrade e a tropic ália de Caetan o e G il s ão exempl o s d e um conceito de mu lticulturalidade ma is amplo do q ue os que o s a meri canos es tão ma nejando.
A Multiculturalidade e os Parâmetros Curriculares N a ci o nais de 97/98 Pre anuncia-se a possibilidade de que os p rob lemas de di versidade cul tural c omecem a ser tr atados nas Esc olas do B rasil, pois, sob a d esignação de " plu ralidad e cultur al") se tornaram temas tra nsversais no s Parâmetros Cur riculares N acionais (PCN) editados pe lo M EC em 97 / 98.
E ntretanto, m ais q ue me r o tema de estudos de t odas as disciplinas, as q ue st ões de multi culturalidade só serão resolvidas pel a fl exibilizaçã o de ati tudes e valores. P or outro lado, não se tra ta de problema transversal, m as b ásico para um a educação que se configure como d emocrática. A parte geral d os P CN que trata d os temas transversais, especialmen te a quela dedicada à p luralidade, he rmética, c om u ma linguagem baseada ter min ologia pedagógica livresca q ue será p ou co op eracionalizável. Aliás, n ão sei po r qu e os P CN a do taram a expressão "pluralidad e" em vez da de signação " multiculruralidade", pela q ual o p roblema da div ersidade é conhecido, debatido e avaliado, já há mu itos anos, tanto pela educação co mo pela arte. T alvez tenha sido m ais um a manif e stação d o espírito colonialista de C esar Coll, o espanhol qu e pr o jetou os pa r âmetros cur riculares para todo o nosso país. Talvez qui sesse escamotear a o rigem de suas idéias e se mo s trar o riginal escond endo a sua fonte d e inspiração no Cu r rícu lo N acio nal In glês, qu e a do ra os temas tr an sve rsais, n om ean d o u m d eles d e "rn ulticulruralidade" . Sabemo s que a ordem de Cesar Co ll aos brasileiros era para não citar ninguém nos parâmetros, mas me par ece que ele foi mais am bicioso, chegando até mes mo a t orn ar as idéias dos outros irreconhecí veis p ara parecerem novas. Co m isto desterrirorializou, desistoricizou e de spo litizou os PCN. N o ta se q ue as elaboradoras d os P CN de arte fizeram muit a f orça para recup era r algu ma h istória sem infringir as regras es tabelecidas p or C esar C oU. Mas sem no meação a história se transforma em mera moldur a despo litizada .
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TÓpicOS Ur óprcos
A e cologia d a d rver s.cc de
A p ermissividade citacista p ós-moderna n ão é escamoteadora em lação à origem das idéias ou imagens apropriadas. Pelo contrário, in siste n a tran sparência das ações apropriativas. O desprezo pelas aspas, que v êm do substituídas p ela int erpretação dos textos e idéias dos qu e pensaram antes de nó s, clam a p or n om e ação clara e autoria ex plícita. Trat a-se d e um antiacademicismo r espeitoso com as idéias d os outros. A era d o co mputador ins taurou até um a nova categoria de autor : aquel e que estabelece ligações entre textos e e ntre idéias, e já vemos registrado, pr incipalmente em estudos qualit ativos, p or exemplo, que este ou aquele foi antes estabelecido por fulan o o u cicran o na Internet ou em a ulas. A mo rte do autor é argumento ficcional de Foucault ou fantasma pico. I ronicament e, a morte da ut opia também já foi anunciada. N o excelen te livro Ensaio sobre o textopoé tico em context o A ntonio Riserio diz: " Co nfe sso qu e, ob servando o mund o que m e é d ado observa r, socie dade s e cultura s co ntem po râneas, n ão consigo encon trar q uaisquer indí cios ob jetivos qu e apontem , c om se gu rança, para o desapare cimen to da figur a do aut o r. Penso mesmo que seria necessária u ma gigantesca e p rofun da revo lução cultural p ara ab olir o autor da humanidade. Ma s u m a revolução c om pletament e diferente dessa que estamos viven do agora. P ois, até ond e p osso ver, a cult ur a rnidi ática informátic a não mos tra nenh uma inclinaçã o especial pa ra ab rir m ão da assinatu ra. E se n ão há p ressão n esse sentido , com o antecipar o u dar de barato o sumiço d o autor?"!
Qu ais as m ás intenções d e Cesa r C oIl assassinando nossos auto res, os autores de além-mar que já d eglutimos e co m eles no ssa história? N este livr o que voc ê está lendo p rocuro um caminho p ara a m inha libertação acadêmica: evito notas d e p é d e página, cito autores n o texto e não cito O livro na bibliografia po rque a lguns textos são antigos e não os tenho na ínte gra. Mas prefiro "errar" di zend o de quem são as idéia s se m pr ecisar o livro de o nde v ieram a me ap ropriar das idéias dos outros s em info rmar ao leitor que estou me apropriand o d e a lguém. Por isso quero deixar claro q ue d evo muitas das " minhas" idéias sob re multiculturalidade a G raham Chalmers, a suas inúmeras publicações sob r e o
, RISERI O, Antonio. Ensaio Amad o, 1998, p. 147.
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sobre o t exto poét ico em co ntexto digital. Salvador: Fund ação Casa
de Jorge
.iss unt o, a suas palestras inspiradoras e, prin cipalmente, quando tr abalhamos junto s n a l nternationai S oaety of Education tbroligh Art, à sua atitude em de fesa diversidade de normas politicas da instituição para atender às diferenças socioeco n ômicas d o Terc eiro Mu nd o. É b om le mbr ar qu e encontram os nos president es Marie Françoise Chavanne e E Ilio t Eisner todo apo io e empe nho em prol d o entendimento das di f e rent es condições e int eresses do m un "s ubdes envolvido " .
O ideal m esmo será começar indagando: po r que o pr ofessor de arte pre cisa trazer para sua sala d e aul a a pr eocupação com as di f e renças cul tu rais?A resposta, embora pareça ó bvia, f oi a té agora pouco considerada pe los ed ucado res: em uma sala de aula, espe cialmente na escola pública, se relacio nam ind ivíduos de dif e rent es g r upos culturais que terão sempre que lidar c om ou tros indivíduos também de diferen tes culturas e su bculturas.
Os g ru po s culturais qu e se imbricam p odem ser iden tificados pela raça, gê nero, o pção s exual, idade, locação geográfica, rend a, idade, classe so cial, o cupação, educação, religião etc. As pr incipais que stões que norteiam a atitude mu lticulturalista no en sino da arte são: 1. C om o diferentes grup os culturais podem encontrar um lugar arte e m s uas v idas?
a
2. E ntender que g ru po s cu lturais d if e rentes têm tamb ém necessidade mas que o próprio conc eito de arte po de diferir de um g rupo cultural para o utro.
el a arte,
A co nsciência de q ue estas qu estões são b ásicas, embora pa reçam sim ples, a judar ia a: 1. C om preender que a arte pode c onferir identidade às pessoas a rrn de símbo los. Um exemplo: a A rte Haida, a Arte C o nt emp orânea no nadá e a Art e Marajoara no Br asil. Po r qu e a Ivlarajoara p erdeu sua f o r ça para c on f erir identidade e a Ar te H aida, também indígena da mes ma ca, to rn ou-se dignificadora pa ra os seus descendentes e respeitada pe los in divíduos de outras culturas, inclusive domi nantes? Atitud es pó s-colonialistas podem se r alimen tadas p ela atitude pluralista em relação à cultu ra. Um a criança negra qu e visite um mu seu que exiba arte ou 'artefato' af ricano p oderá de lá sair com seu ego cultural r ef o rçado pel o c on h ecimen to, a pr eciação e identificação com os valores v ivenciais e estéticos da Arte Af ricana, ou completamente despossuído culturalmente e desidentificado com a gên ese de sua cultura, dependendo da orientação que o profissional do
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Ut ópicos
museu qu e o receba der à sua visita. Já vi orientadores de mu seu, ao falarem de Ar t e Af ricana, se r ef erirem ap enas à escravidão e aos fazeres manuais dos escravos pa ra contextualizar os objetos e, em n enhum m oment o, se referi rem às suas qu alidades estéticas. E ntretanto, qu ando se con f r ont avam co m a arte de código e uro peu e nor t e americano- branco, a contextu alização era instituci on al e a apreciação transcendental, apelando p ara a sensibilidade es tética, a valoração eco nómica e a identifica ção co m stattts social. 2. Sensibilizar pa ra p roblemas d e d eficiência física e diferença d e ra ças, nacionalidade, naturalidade, classe soc ial, religião. 3. Liberta r-se de atitudes discriminatórias em relação a pessoas de o ri gem é tnica e /ou cultural di f e rente. 4. Ser capaz de resp on d er à diversidade racial, cultural e de gê nero d e maneir a positiva e socia lmente responsável. É através da co ntextualização de p rodu tos e valores estéticos qu e a atitude multi culruralista é desenvolvida. D aí minh a oposição à triangulação explicitada p elos P CN , I' a 4' séries, qu al seja ação, apreciação e reflexão. Cons idero que reflexão é o per ação envolvida tanto n a ação co mo n a apre ci ação. In sistir em destacá-la seria subscrever a estética escolástica, qu e despre zava a arte "interessada" no socia l e temia o ape lo aos sentidos, isto é, à se nso rialida cl e e à sensualidade co natural à arte, como Platão já antes o de m on str ara. E xarcebava a int electualização da arte co mo correção aos seus aspectos se nsoriais considerados enganadores da m ent e. A estética escolástica não dá conta da arte contem po rânea da qual devemos também e principalmen te tratar. Para uma triangulação cognoscente, que impulsione a perc epç ão da cultura do outro e relativize as nor m as e valores da cultura de cada um , teríamos qu e con siderar o faze r (ação), a leitu ra d as obras de arte (apreciação) e a co ntextualização, quer seja histórica, cultural, socia l, eco lógica etc. As elaborado ras do s P CN pref eriram de signar a d ecodificação d a obra de arte c om o "a preciação". Costumo usar a exp ressão " leitur a d a obra de arte" em lugar de "a p reciação" por temer que o t er m o apreciação seja inter pretado c om o um mero deslumbramento que do arrepio ao suspiro ro mântico. A palavra "leitura" suge re um a int erpretação para a qu al co laboram um a gramática, um a sintaxe, um campo d e sentido decodific ável e a poéti ca pessoal d o d ecod ificador. Continuo preferindo a subs tituição do term o apreciação por ou tro qualquer, mais p róximo ao esforço intel ectu al decodificad or e me n os sujeito
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A e
coloq lo do
uma possí v el a pro ximação b anal ou ep itelial com obra. Um certo da asso ciação do term o "leitu ra" com a decodificação semió tica parec e influenc iado n a sua rejeição. mudança N os PCN de Arte de 5' a 8' séries, elabo rados posterior me nte, as elab or adoras o ptaram p or um a abordagem mais co loquial mais inquirido ra. N eles fo i f eita a subs tituição d o term o " reflexão" pelo termo " co ntextu É claro q ue trata-se d e mudança de c onc eito c não apenas de te r mo. ênfase na contextualização é essencial em todas as vertentes da co ntemporânea, que r se ja baseada em Paulo F reire, Vygotski, App lc, 11( ') S ou ge nericame nte cons trutivista, para parecer origi nal co mo (luis Ccsar Coll. Sem o exercício d a contextu alização co rremos o risco de qu e, do po nto de vista d a ar te, a pl uralidade c ultural se limite a uma abordage m rame nt e aditiva. rnulticulruralidadc aditiva vem sen do veemente criti cada p or logo s, antro pólogos, educadores e ar te-ed ucadores. P or a bordagem entendemos a atitud e de apenas adicionar à cultura dominante algun s t ópi cos relativos a ou tras culturas. 1I ulticulmr alidade não é apenas f azer cocar no dia dos Índios, nem tão pouc o f a zer ovos de Páscoa ucranianos,ou do brad uras • japonesas, ou q ualque r ou tra atividadc clich é de outra cultura. O ( jue pr ecisa mo s é mant er um a atmos fera inve stigadora, sala de aula, ace rca cultu- \ ras comp art ilhadas pelo s alunos, ten do em vista q ue cada u m de nós pa rrici no exercício da v ida cotidiana de mais de u m g rupo c ul tu ral, Por exemplo: eu m e d efino ao m esmo tempo c om o m ulher do p onto de vista de gênero, nordestina d o po ntO de vi sta da locação cultural, a rte educadora do pont o d e vista da o cupação, branca do po nt o de vista da etnia, hetero ssexual do pont o de vista da opção sexual, classe méd ia do pont o d e vista da renda. Portanto, p ert e nço a alguns grupos de cultura dom inante, mas tam bém p ertenço a g rupos c ulturais d iscriminados, com o o de rnulhc rcs e de n or d estinos em São Paulo. A lém disso, como arte-e duc ado ra, so u discriminada po r artistas, h istoriadores e c rí ticos, os g rupos d omin ant es n a área de arte . D iria qu e para ter mo s uma ed ucação mulriculruralista crítica em a rt e é necessário: 1. Pr omover o entendimento de cruzamentos culturais,através da iden tificação de similaridades, pa rticularm ente nos papé is e f u nções da arte, den tro e entre gr upos culturais. 2. Reco nh ecer e celebrar diversidade racial e cultural em a rt e em nossa
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\
,
r
Utópicos
sociedade, enquanto tam b ém se p ot encializa o o rgulho pela h erança cultu ral em cad a indivíduo. 3. Incluir em tod os os aspectos do ensino d a arte (produção, aprecia ção e co nt extualização) p ro blematizações acerca d e etnocentrismo, estereó tipos culturais, preconceitos, discriminação e racismo. 4. E n f atizar o estudo de g rupos particulares e/o u minoritári os do ponto de v ista do poder com o mulhe res, índios e n egr o s. 5. Possibilitar a co nfrontação d e problemas, tais com o r acismo, sexis mo, excepcionalidade fí s ica ou mental, participação de moc rática, pa ridade d e poder. 6. E xaminar a dinâmica de diferentes cultur as. 7. D e senvolver a consci ência acerca d os m ecanismos de manutenção da cul tur a d entro de grupos so ciais. 8. Incluir o estudo ac erca d a tr ansmissão d e va lores. 9. Q ue stion ar a cultura d ominante, latente ou m anifesta, e t od o tipo de opressão. 10. Destacar a relevância d a informação p ara a flexibilização do g os to e do juízo acerca de outras culturas. E mb ora isto esteja com cara d e 10 mandament os da multicultur alidade em a rte, arriscaria di zer que não são um regulam ent o n em r eligião, m as lem bret es p ós-críticos que , s e postos em pr ática, de smentiriam muitos do s p re conceitos culturais, c om o, por exemplo, a idéia de qu e a melh or a rte é a p roduzida p elos europ eus e a de que p intura a ó leo e a escultura em m ármo re são as m ais important es f or mas de arte. Es tas idéias só reforçam o có digo hegemônico. Outra idéia precon ceituosa de qu e a m elhor arte tem sid o pro duzida p or homens, tamb ém seria desmentid a se a con textualizássemos em relação ao papel secund ário que as so ciedades têm d eter minado p ara as mu lher es. A di f e rença hier árquica entre a rt esanato e arte, qu e é tam b ém pre conceituosa, seria c onte stada se analisássemos o va lor dos sa beres dos pobres e d os ricos auferido pe la c ultura do min an t e. Para chegarmos à d esmistificação de mui to s pr econceitos, é necessário discutir: 1. a função da a rt e em d if e rentes culturas; 2. o papel do artista e m dif e rentes culturas; 3. o p apel de quem decid e o que é art e e o qu e é arte de boa qu alidade em diferent es culturas.
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R ecologia d o d iver sidade
Es tas discussões co ntribuiriam para:
1. o respeito às diferenças; 2. o reconhecimento d e m anifestações cultu rais qu e nã o se en caixam no sistema de valores qu e subscrevemos; 3. a relativização d e valores em relação ao tempo. Atividades c om o identificar as forma s de arte que importam em uma variedade d e culturas e subculturas seria u ma estratégia que p oderia levar a um a atitud e multicultu ralista. Educação multiculturalista permite ao aluno lidar com a diferença d e m od o positivo n a arte e n a vi da. N ão adianta nada f ugir d o uso de p alavras co m o b ranco, n egro, raça etc. A chamada lingu agem politicamente correta, com o diz Glori a Steinern", f oi criada pelas femini stas para ironizar o com po rt amento masculino, que busc ava escamotear a discriminação. O engraçado é que todos levaram a sério. E n tretanto a luta ant idiscriminatória c on siste em f alar a verda de aber tamente, d ar o v erdadeiro n om e que designa o pr econ ceito, e n ão ad ap tar-se aos novo s tempos multi culturalistas através de de sign ações científicas o u sup os tamente respeitosas com o etnia em ve z de raça, a fro brasileiro em vez de n egro. Ao substituirmos raça po r etnicidade, um princípio de or ganização socioeconômico e de coesão, in advertidamente n eg amos a história d o r acis m o. I sto significa qu e a r esponsabilidade dos brancos pe la exploração e opres são dos negros e índi os é suavizada pela de missão da história. C ontinuare às Bandeiras de B rech eret com o mo s a m ostrar a n ossos aluno s o uma magnífica o br a d e arte , s em analisar o fato de que ela comemora um episódio colonialista d e nossa história, n o qual a matança e a escravizaçã o dos nativos, dos índi os, atingiram proporções d izimadoras. O politicamente co rreto é um clichê. O que acontece, em geral, é que mud ou a linguagem m as o preconceito p erm anece, agora disfarçado. Militância multi culturalista é compr omi sso c om a de sm on t agem de preconc eitos e n ão com lingua gem a tenuante. O que se está ob servando em todo o m undo é que a m odaglobalizadora de estabelecer currí culos n acionais ou outros euf emismos, com o standards nacionais e até parâm etros nacionais, resulta n o desenvolvimento do p oder de c ontrole do gov erno sobre a educação, m as n ão numa melhoria de quali dade das escolas e do ensino.
, STEINEM, Gloria . A f eminista tranqü ila . Entrevista ao Jornald o Brasil. Caderno Mulh er. p. 1,13/9/1997 .
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A e cologia d a orv er srcode
Na h á qui nze a nos , h avia maior a tenç ão à e duca ção mu lti cu ltural d o que agora, depo is del a h aver se torn ad o o brigató ria com o tema trans versal a tr avés d o C u rrícul o N acion al. S e gun d o os c ríticos de educa ção ingle ses, a h ip ót ese d e que a tra nsversalidade tem ática s eja tão ameaçad ora pa ta os p ro f e ssor es qu ant o o a inter disciplinar idade po de a ap atia n o qu e se ref ere te mas cr oss na I nglater ra. Se lá, ond e já um a tr ad ição d e lut a p or in t erd iscip lin arid ad c (Sum me rhill f oi u m ex em p lo) aco nt ec en d o isto , im agine no B rasil, o nd e a d es con fiança interdisciplinar e a fa lta d e d isp osição para n avegar p or ma is d e u ma dis ciplina levo u a l\ N PPAV - A sso cia ção Nacio na l d e Pes qu isa e ANPAP) aprovar a exclusão da P ó s-gr ad uação em Visuais (nã o arre-ed uca ção d a á rea de arte s d o CNPq e d a CAPES . E ssa tem o aval d est as d u as enti dades d everiam estar lutan d o p ela mel ho ria d a e d u
°
ca ção, p oi s g ov ern am ent ais e g overno tod o o dia em nossa cas a at ravés d e jo rn ais televisões afi r m ar a pr ioridade d e su as aç õ es em relaçã o à ed ucação . E nq u anto isso , em u m a r eun ião (9 d e o utu b ro d e 1997) de ap enas 12 pes so as' , sem n en hu m ar te-educad or pr ese nte , a AN PPAV vo to u a elimi na ção d a a r te-educ ação p elo f a to d e ser dif ícil d ecidir q ua n do u m pro jeto apr e sent ad o é de arte o u d e ed ucação. Trata -se de me ra intole râ ncia inte rdi sciplin ar desrespeito pel a ep iste m ologia d a arre. N ão se sab e a ind a a de cisão d a CAPES e d o CN Pq, p ois n un ca re s p o nde ram cartas e ab aixo -assina do s d os a rt e-ed ucadores p rotestando contra a d iscriminação
q ual fora m vít im as.
Coisas c om o e sta n os f aze m te m e r p elo desenvolv ime nt o das aventu ras co gni tivas q ue u ltr ap assem fr o n teiras d isciplina res e / o u cu ltu rais.
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Os professores presentes nesta reunião e que aprovaram por un animidade a exclusão de arte-educa ção d a área d e a rtes do C NPq e da CAPES e ram no momento coordenadores dos p rogramas de pós graduação em artes visuais de várias universidades brasileiras: Ora Glacy Antunes de Oliveira (UFG); Dr. Heitor Capuz zo Filho( UFMG); Dr. João Evangelista Silvei ra (ECAlU SP); Ora Maria A mélia Bulh ões (UFRGS) ; Ora Maria Celeste de Almeida Wa nner Dra Piedade Carvalho (UFF); D r Rogério Medeiros (UFRJ) e os represen tantes das artes no CNPq . Ora. lcl éa Catani e CAPES, Ora. Sonia Go mes Pereira. Sinto ter de dizer que estes professores nunca dera m atenção e muito men os resposta aos apelos posteriores dos arte-educado res expressos em cartas e abaixo-assinados ap rovados por assembléia no Cong resso Nacional d a Federação Nacional de Ar te-Educadores do Brasil ( Dez.97, Macapá) e da As sociação de Arte-Educadores do Distrito Federal (Brasilia , Nov 97).Três outros professores que também condenaram exclusão a area de arte-educação naquele fatídico ) Encontro da ANPPAV procuraram se desculpar e serão corajosos o suficiente para reverem suas posições no futuro . São eles: Dr. .João Jurandir Spinelli (Unesp); Dr. Elyeser Sztrum ( UNB); Dra.Helena Ja nk (Unicamp).
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Tópicos UtÓp ICOS
A e col c qro d o dr ver s roco c
Aprendendo a ver Eilecn Adams Minha primeira experiência co m m eio ambiente f oi como professora S chool, d e 1974 a 1976, trabalhando no Front D oor Pr ojea de arte na (pro jeto Porta d a Frente) 1 e, d epois, co mo dire tora do Projeto de Desenvol vimento Curricular Ar ! and lhe Buil! E nuironment (Ar t e e o Ambient e Construído)", Além disso, lecionei no cur so superior de en sino do d esign n o C ollegeasAr!, em Lon dres, e em vá rio s cursos n a E scola P olitécníca d e Birmingh arrr' . P assei a dedi car-me n a p esq uisa em temp o int egral a p artir d e 1985. N est e ensaio pretendo relacionar asp ectos da estética e do design c om a questão do m eio ambiente. Qu e ro explic ar o rece nte de senvolvimento d es se aspecto do e nsino de ar te e d o design, bem como co nsiderar as p ossibilida des futuras. N o m omento, essa é a minha principal pre ocupação . Atu alm en te trabalho como p esquisadora no p ro jeto A pr endendo a Ver. O enf oque d a pes quisa é o trabalho em escol as bas eado na experiência ambi en tal e através d ele são desenvolvidos: • o conhecimento estético e de design; • um a resposta sensível ao lugar; • as habilidades crí ticas e discriminatórias (desenvolvimento d a capacida de d e julgamento); • as habilidades de d esign (dar forma ao ambiente e lidar com mudanças).
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Projeto Porta da Frente; B oletim de Edu cação Ambiental, n. 96, Abril d e 1976 . Ver (1) ADAMS , E. & WARD, C. Arte econ strução amb iental . Londres: Longman ( 1982) ; (2) ADAMS , E. & BAYNES, K. Arte e a construçã o a mbiental: atividade s d e est udo. Londres: Longman Resources Unit (1982); (3) ADAMS , E. Arte e cons trução a mbiental.Equip es de trabalho. Londres: Longman Resour ces Uni! (1982 ).
, Escola Politécnica da Cidad e de Birmingham. Arte e co nstrução am biental . Artig o resultant e do trabalho de alunos do DPSE e PGCE ( 1983).
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E sta área relacio na c onc eitos artístico s, d e design e con ceitos ambie ntais e, com o tal, ne m sempre encont ra espaço específico no currículo escolar. E nt ret ant o, no que diz respeito ao currículo oficial, pode ser inc orpor ada com o parte da d isciplina de arte e design, design e tecnologia, além d e educação am biental. I sto diz respeito ao currículo "f o rmal" o qu e os p ro fessores pr etend em ensinar. G ostaria d e incluir ta mbém considerações s ob re o cu rrí culo " inf o rm al" - o que os estud an tes aprendem entre eles, e o currículo " oculto" - o que eles apren de m pelo simples fa to d e participarem do am bi ente escolar. A imp or t ância dessa s áreas a mpliou-se a través do me u envo lvimento atravé s de Paisagens , on de apro fundei com ou tro p rojeto de pesquisa, as o portu nidades edu cacionais p ara melhorar a qu alidade ambiental em área s escolares. D urante os últimos quin ze a nos, me u trabalho es teve ligado à filoso fia e p rática d e uma área d o currículo de arte e design que se en c ontra no meio ambiente e que procura desenvolver diferentes m aneiras de ver - através dos olho s d o artista, d o crítico e d o E sse tr abalho come çou como urn a ren tativa d e explicar a a ruaç ão do s professores d e ar te e atravessou diversas f ases, atravé s d a ex periment ação, crítica e aperfeiçoam ento, atingindo ago ra o estágio ad equado para inte grar o c urrículo escolar. N o início d os ano s 70, havia um int eresse crescente nos assuntos ambientais, p articularmente o m eio ambiente urbano , o qu e m ot ivou algu mas iniciativas o ficiais com o o Relatório Sk effington, em 1969 4• N o e ntanto, o meio ambien te " n atural" era mais enfatizado c omo f o nte de e stímulo s ou re f erência para t rabalhos de o bs ervação. N as esco las primárias eram emol durados croquis que servi am co mo ilustr ação pa ra trabalhos d e designo N as esco las secundárias, cro quis e foto gra fias eram colocados em po rtif ó lios como ma terial de re ferência, d estinados ao tr abalho em d iferentes tip os de media. O meio ambien te era us ado como fonte de estímulos, com o mo delo, com o "p ista" para idéias, tendo s eu enfoque prin cipal n a natureza. Os professores de art e su punham que o "e studo ambiental" era responsabilid ad e da discipli na d e g eografia - e se f osse c riado um espaço dirigido especificamente p ara estudo s am bientais, seria o cupado por um biólogo.
Du r ant e a déc ada de 70, o estud o da arquitetura f oi ministrado em po ucas esc olas, abordando principalmente história e o desenvolvimento de
Relatório Skeffington, P essoas e lugare s . Londres: HMSO (1969).
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A ec o logia d o
TÓpicOS Utópicos
estilo s de a rquitetu ra. A his tória d a a rt e pareci a m ais r elacionada c om a histó ria de pintura. Ne m tod os os professores de art e t i nham conhecimento de que s ua ori ent ação s e des tinava a o ensino da art e e da arquitetur a. A crítica c om o e st udo ainda n ão é p opul ar hoje . O s p rof ess ore s en caravam a críti ca com s enti do ne gativo. Fi ca vam indeci sos s obre co mo lid ar co m es tu dos d e crític a em relação ao ambiente e a c hava m difícil re lacionar esse as pecto com seus conteúdos d e ensino. D a m e sm a forma, o e studo d o desigll era cada vez mais v isto co m o ter rit ório do p rof e ssor de art esan ato ou tecn ologia, e o estud o a mbiental de semp enh ava apenas um p eq uen o p apel e m seu t rabalho, emb ora o c urríc ulo d o c urso d e design in cluísse um s ubs tanc ial c omponente ambiental.
Foi m uito difícil p ara os profe ssores a dotarem a ti tud es di fer ente s s em e stímulo ou a poi o de fora d e s ua classe . A fim de pro videnciar um ca talisador par a tal m ud ança, muito s a rqui tetos e p rojetistas am b ientais foram e nc oraja d o s a tr abalhar ao lad o d e p rofessore s p ara d e sen volver as p ec tos c ríti cos e de aprofundamento d o es tu do a mbiental. S eu pr ópri o trabalho reivindica di s criminaçã o e julg ament o em r elação a ass untos ambi ent ais e eles es tão in te re ssados e m lid ar c om m ud anças. O ap oio quanto à i mportância da a rte e d o d esign em e duc ação e pa ra o e nvo lvimento de a rquitetos e p rojetistas foi d ado a p artir d o rel atório E mi ronmenta]educationin urban areas (Educação amb ienta l em áreas u rbanas)". "A educação ambiental urban a d eve ajudar a s a se conscie ntizar, compreender, analisar e, final m c.ite, \ feiçoar as edificações. Sua p reocupação pr incipal deve ser dar as p essoas a p articipar mais ef etivamente na for mação seu m eio am biente local. Isto nã o é u m problema único sua es sê ncia, d eve nd o reportar- se t ambém a as pe cto s ambientais de problemas tra dicionais, variando desd e as ciên cias naturais, através d a geografia história da arte, ar quitctura e planejamento. D evo incluir comp onent es visuais de clesign e d eve envolver tan to a experiência d ireta com o o re sultado
n as conclusõ es qu e fizeram p arte de um Tud o isso foi E ducation (D e sign n a educação relatóri o d e 1 973 , en tirulado Design iII Roya! College of A rf. O r elatório revelou que o estud o de arte e de sign n as esco las limita do a pro jete s g ráficos e d e p ro dut o s, com
DO
ênfase n a criação o b je tos. Hav ia p o uca evid ência de estud os c rí t icos e nenhuma evidência de p rojetas ambientais. O p rojeto Fr ont Door (p ort a da F rent e) v eio r esp on de r diretamente a es sas conclusõ es. N aquela épo ca, d ois especialistas e m e studo s de a rte fo ram p ar ticula rm ente influentes para a prom oção d o tr abalho am biental n as escolas: D an Sh ann on , o rientando assuntos de arqu itetura e pl anejamento ; e R alph Jeffrey, um do s cri adores do p rojeto "A e a Construção Ambiental p ara E scolas" . D an Sh ann on promoveu o can tata entre profe ssores, arquitetos e pro jetistas; Ralph Jeffre y 1
acadêmico." (Conclu são 2) ''As r espostas estéticas f or maram das áreas m ais importantes e mais negligenciadas. to tal de arcn ção para a ed uca ção v isual, as pe ssoas rem, f oi sempre reiter ada p elo s ent revistados; eles con sidera ram este p onto um a caracterí sticas mais p reoc upantes , nosso sistema edu cacional, o que aca rre tou as co n seq ü êr« mais de sastrosas. A p reservação de um sentido de lugar " II J ' conhecimento de suas raízes f oram ab orda dos com o parti cularmente vitais, qu ando tant os tiveram experi êncr.i II, segund a mão. Praz er, curiosidade e u m sentiment o de elll .11' tamen to, quando apr opriados, d evem s er ativamente cn r I
um i nteresse p articular n a crític a c omo um e stu do.
Vário s docum ent os curriculares e p rogram as d e avali ação elaborados apoiavam e ssa área de e studo, encoraj and o o pe ns am e nto c rítico e a ha bilida de de pl anej amento, e m b or a ainda h o uves se re sistênc ia entre os p rofess ores
em lida r c om uma áre a n a qual ele s sentiam que h avia f a lta co mpetência pe ssoal e profi ssi on al. A ê nfase d o ensino de arte co ntinuava o rie nta da p ar a o trab alho de expre ssão e o mod elo do a rtista co ntinuava send o a grande influênci a so b r e o q u e f oi e como f oi ensinado c om relaçã o ao tr abalho
amb iental. P ara muito s prof essores de arte, a experiên cia de seu pr ópri o trei -
jados." (Conclusão 12)
n amento - p ara muito s d eles c om o pintore s - te ve um profundo e feito em sua a tuação c om o p rof ess ore s e d esafios de ampliar sua aru a ção para um territóri o p o uco famili ar am eaçava a id entidade d e s eu desempenh o.
Colégio Real de Arte s. Des ign na educação ger al . Unidade Educacional de Projet os ( 1979) .
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Algum as entidad es tiv eram influência na cri ação do inte rc âu
inr erprofissi on al na educação : E uropean Arcbit ectural H eritage Year (A I1'I , I"
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HALL , Peter. E ducação ambie ntal em á reas urbanas . Londres, DoE (1979).
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ópicos Utópicos
A eco logia do
outras re er nc as var a as Patrim ónio Ar quitet ônico E uro peu), o School Counci l (Co nselho de E scolas), e o Royal Institut e of Britisb Arc hitects (I nstituto Real B ritânico d e Ar quitetos) , e as associaçõe s regio nais de arte . Esc ritórios de ar quitetura e centros de estu do s ur banos ajudaram a facilitar essa q uestão.
H avia tam b ém o p erigo de que a cre sc ente p opularidade d o a pr endi zado, b aseado em u nidades, te nderia a e nf a tizar a realidade soc iopo litica, à custa d os interesses es téticos e de d esign , e fosse neglige nciada a im portância da perc epção ind ividual, a éti ca su bjetiva e s ua respo sta corre sp ondente: "A cidad e, como a conh ecemos, a suave ci dade d a ilu são, mit o e pe sadelo é t ão real, talvez mais real, do qu e a d ura cidade q ue po dem os loc alizar n os m apas, n as es tatí sticas, em artigo s espe cializado s sobre so ciologia e arquite tu ra u rbana .':"
A ê nfase d ada - an álise quan titativa - fez c om q ue ficas se muito difícil intro du zir estu dos qualitativos, enfatizand o a ava liação e a f ormação d e jul game nt o. E nq uant o a qualid ade ambiental e o i mp acto ambie nt al to rnaram se ag ora ass untos de natu reza pr ópria. O interesse at ual ness es a ssun tos em círculos nobre s, na rn ídia, na so ciedade, n o gov erno e em filas de ô nibus, tud o apo nta p ara o novo despertar d e int eresse n essa área - o m eio a mbiente o nde vivemos, trabalhamos e nos d ivertim os, com o qu e ele se pa rece, co m o ele é se ntido, como so mos p or el e afera dos e co m nós o a fetamos. E specialistas t êm dito nos últimos an os: ...a es sência da co ntribuição que a a rt e n os dá a qui se situa no julga me nto e dec isão... ...a co nstituição e info r maç ão des ses julg amen tos pela ex periência e enriquecim ento é a p rincipal finalidade da arte na escola... ...espe ra-se que os alu nos tenham um co nhecime nto crí t ico d e seu me io ambiente, s ua q ua lidade e seu estilo (ou a falta deste) n o proj eto de su a casa, ves timenta e a dorno, e de como as co isas pod em ser melho radas ... ...as pr incipais habilidades dese nvolvidas pel a prática da arte são : a habilidad e de comunicar-se v isualme nte e o p oder d e discriminação - o r eco n hecim ent o de que, c on forme o Relatório N ew som, " os alun os sã o p essoas que têm a ca pacidade d e for mar um julgamento correto"... ...tradição e antec edentes são men os úteis ago ra com o guia s n um a situação de m udanças a celeradas, e po r isso há uma maior nec essidade de u m
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RABAN , Jonathan . C idade suav e.
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senso de julgam ent o co nstr utivo. T ant o faz se resp on dermos, p or exe mplo, a novos produto s de co nsumo, a r ecentes mani festações a rtísticas o u a rações d o meio ambiente com interesse, au toc on fian ça e bo m julgame nto, ou, ao co nt rário, co m u ma vu lnerável falta d e co nhecime nt o. Isto vai depender em parte da qualidade d o proces so educa cion al.i." O p ropósito a l on g o prazo d o P rojeto de Ar t e e C on str uç ão Am bi e nt al era de capacita r as pessoas a to mare m um a posição mais cri ativa e participativa na form ação de se u meio ambient e no futu ro . Is to re-emergiu agora co m o um a preocupação em in iciativas, t ais co m o o E st etas .Actions Progr amme (programa d e A tivida des P at rim on iais) e os pr o gr am as de refur bisbmen t (recup eraç ão c o m un itária), o nde os m o radores s ão en coraja dos a assu m ir um co ntro le m aior na f o rmação a dm i n is t ração d e seus a r redores. I st o r e- emer giu , n a co nsci ê nc ia am b ie nt al, co mo um a qu es tão p ara a co nserv ação, re abilitaçã o, re nova ção e h er anç a. R e- emergiu em es fo r ço s re n ovados p or pa rte d e i nstitui çõ es e g rupos de p ressão p ara aume ntar os níveis d e i nt er esse, co m p re en são e p re o cupaçã o ta nto d o p úblico p ro fissio nal co m o l eigo. R e-cm cr giu n a retó rica g ov ern am en ta l co m o a n ec essid ade de m aio r r esponsabi lidade pesso al pe lo m eio a mbie nt e e engajam ento d e cidada nia . R e- crncr giu co m o u m co nce ito de m ídia em inco ntá veis pr o gramas d e televisão sobre a r ecu pe raç ão d as cid ades, arqu it et u ra m od ern a e projeto s ambientais. Ap a rece a ind a em tan t as o utras co mp e t ições e programas (Es ta concI ama p ar a um a p rêmio s a BBC tem It 's My m elhor"). Sim, mas o que t em tud o isso a ver co m arte e desigll n o co nt exto educ ação ambiental? Tem tud o a ver, sobre tu do se tivermos uma vi são de noss a tarefa e a relacio narm os com qu estões de educação em T em tu do a ve r co m o dese nvo lvime nto d o co nhecimento, da compr Cl'll s:l() e d a p reocupação com a qu alidade estética e do designo Se co mpar armos ( l ressurgimento d o int eresse o ficial e d o público em ass un tos am bientais, a a te nção sem precedentes que arualmente está s end o dispensada à ção, a queles env olvido s c om a educação d e ar te e design precisam estar d a importância de se u ca m po d ea tuação em áreas que estão atualm ente scn do examinadas b em mais detidamente: es tética, q ue e nv olve ex periência scn so rial, co n siderações quant o à for ma e à aparên cia; crítica, qu e envolve
, Departamento de Educação e Ciência : Papéis de comentários: Curriculo 5-16.
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