As Bases Psicológicas da Educação Musical – Edgar Willems Capítulo 1 Willem illems, s, em As bases psicológicas da Educação Musical, distingue dois conceitos: •
Rudimen udimentos tos – entendido como o começo do ensino musical,
•
sem discriminação do seu valor psicológico. Bas ase es – Refe Referem rem-se -se à educaç educação ão e dizem dizem respei respeito to aos aos seus seus princpios fundamentais, fundamentais, v!lidos desde o começo at" ao #m dos estudos.
Muitas pessoas estão aptas a dar à criança os primeiros elementos, os rudimentos da m$sica% muitos professores podem dar aos alunos as primeiras noç&es de solfe'o, da pr!tica instrumental, e mesmo (armonia% poucos estão estão em condiç&es condiç&es de enraizar enraizar as primeiras primeiras bases bases na vida musical. musical.
Apesar de muitas crianças apenas começarem o estudo musical na escola primária, Willems sugere que podem começar a educação a musical entre os trs ou os quatro anos de idade, quer na escola como em aulas particulares! "#
%$As primeiras mani&estaç'es musicais de uma criança, ligam(se ao seu meio &amiliar, destacando o papel da mãe, que torna poss)*el, e por *e+es determinante, um despertar de um sentido r)tmico e auditi*o da criança! s podem m se serr esti estimu mulad lados os de uma uma &orma &orma fenómenos sonor sonoros os e rtmic rtmicos os pode precoce atra*-s de canç'es de em.alar, canç'es de saltos, ou canç'es de di*ertimento!
/ó por *olta dos trs, quatro anos - poss)*el ao pro&essor de m0sica o empreendimento de um tra.al1o e)ato e contnuo. *egundo +illems, elenca como primeiro elemento fundamental da m$sica, o ritmo. a pr!tica, contudo, o ponto de partida " o fenómeno sonoro ue representa um ponto de partida dos esforços pedagógicos. som pode ser associado a um movimento do corpo. Ritmo e som estarão unidos no canto. ouvido musical, a imaginação sonora e a conseu/ncia direta dos dois 0 a melodia 0 devem constituir os elementos de base, o centro do desenvolvimento musical. A melodia, permanecer! sempre, como o elemento essencial e mais caracterstico da m$sica. ritmo " um elemento pr"-musical, assim como a vibração sonora. ritmo e a melodia
são indispensá*eis 2 m0sica! "#3% Alguns pequeninos não são capa+es de cantar uma canção nem de repetir corretamente um 0nico som! pro&essor encamin1á(los(á para a m0sica
por
meio
de
pequenos
instrumentos
sonoros
*ariados!
Primeiramente a curiosidade, em seguida o interessem le*arão a criança a recon1ecer e a imitar os sons! A sua *ersatilidade e4ige uma escol1a .astante grande de instrumentos para satis&a+er os seus gostos e a sua necessidade de *ariedade! 5irar(se(á partido da necessidade de mo*imento e do gosto que a criança tem pelo ru)do, &a+endo(a e4ecutar mo*imentos, e mesmo ritmos, com o au4)lio de pequenos instrumentos r)tmicos, entre os quais nós consideramos em primeiro lugar, os pau+in1os de madeira! ritmo, o ru)do e o som associar(se(ão ao canto para preenc1er as primeiras liç'es! Podem ser dadas assim liç'es de uma 1ora, sem &atigar as crianças! 6ogo
que
as
crianças
possam
cantar,
serão
as
canç'es,
acompan1adas por mo*imentos r)tmicos, que tomarão o primeiro lugar nas liç'es dos pequeninos! Por-m, antes de mais, queremos c1amar a atenção para a import7ncia da educação sensorial e para o despertar do instinto r)tmico! A criança reage em geral mel1or do que o adulto, do ponto de *ista sensorial8 e não - raro at- que a criança nos espante e nos &orneça elementos no*os, preciosos para o estudo psicológico do desen*ol*imento auditi*o! 9, portanto, a idade por e4celncia para desen*ol*er a sensorialidade! ouvido musical e a 1reparação musical dos peueninos
ilustram amplamente a nature+a desta sensorialidade e as possi.ilidades da sua educação! Esta sensorialidade - um dos elementos primeiros do dom; musical e merece, por esse &acto, toda a nossa atenção! ós opomos este instinto ao cálculo m-trico, que não - senão um meio de o canali+ar, a ?m de se tomar conscincia dele e de poder tradu+i(lo em *alores musicais grá?cos, o que - indispensá*el para a escrita e para a leitura musicais! >o in)cio da educação musical, nunca serão demasiados os cuidados dispensados 2s ra)+es da @o*em planta! e*emos descon?ar dos resultados super?ciais, particularmente daqueles o.tidos pela prática instrumental! s progressos no campo da t-cnica instrumental, separada da musicalidade, dão ores em n0mero maior do que aquele que as ra)+es podem alimentar! Por isso, os alunos sens)*eis, tm &requentemente a impressão de que &a+em um tra.al1o que ultrapassa a sua capacidade e que e4ige o au4)lio do pro&essor at- nos mais pequenos detal1es, o que pro*a que se trata mais de adestramento que de educação! 9 muito importante que a criança viva os factos musicais antes de tomar consci/ncia deles. >ós dir)amos de .om grado que o drama; da
educação musical, e em todo o caso a sua maior di?culdade, se encontrará na passagem da *ida natural, instinti*a, 2 *ida consciente, dominada! Estra transição, que se situa em todos os per)odos da educação musical, de*eria poder e&etuar(se sem pre@udicar a reali+ação natural dos trs estádios que a e*olução implica: *ida inconsciente, tomada de conscincia, *ida consciente8 ou então, se quisermos: s)ntese inconsciente "sincretismo%, análise e s)ntese consciente! este ponto de *ista, as canç'es, que são um ato musical sint-tico inconsciente, são da maior import7ncia! Mas necessário ainda sa.er escol1(las!
canto, na criança, - mais do que uma simples imitação, e desperta nela qualidades musicais cong-nitas ou 1ereditárias: sentido do ritmo, da escala, dos acordes, at- mesmo da tonalidade, etc!
As Canções: Capítulo II
canto desempen1a o papel mais importante na educação musical dos principiantes8 ele re0ne de &orma sint-tica – em *olta da melodia – o ritmo e a 1armonia8 ele - o mel1or dos meios para desen*ol*er a audição interior, c1a*e de toda a *erdadeira musicalidade! /e encararmos o canto so. o 7ngulo da psicologia musical, somos le*ados a distinguir di*ersas esp-cies de canç'es8 umas &a*orecem o dom)nio do ritmo, outras preparam o ou*ido musical, ou por meio de inter*alos melódicos determinados, ou pela 1armonia que elas &a+em pressentir! 9 preciso tam.-m encarar o caso da criança que mal consegue repetir um som! Craças 2 iniciati*a e ao tato do pedagogo, a criança será le*ada insensi*elmente para a m0sica atra*-s de canç'es muito simples, partindo de um c1amamento ou de um mo*imento! >ão con1ecemos casos desesperados, nem entre os pequeninos, nem entre crianças da escola primária que não conseguiam cantar com os seus camaradas8 mesmo adultos, supostos amusicais, tm conseguido cantar! >estes 0ltimos, as di?culdades são muitas *e+es tri.utárias de condiç'es ps)quicas, de atitudes &alsas, nem sempre &áceis de modi?car! Principais g-neros de canç'es: "6a preparation musicale de tout( petits% •
2anç&es para a fase inicial o
Partindo do c1amamento u(u;, so.re a terceira menor
o
descendente! Partindo de um pequeno salto 1op(1op(1op; Pode(se tam.-m partir de uma pala*ra: .om dia;,
o
adeus;, sim(sim;, não(não; •
2anç&es mimadas
o
Dmportantes nos @ardins de in&7ncia! >ão se trata aqui a questão do ritmo, mas sim a m)mica
o
e ritmo plástico, pró4imo da dança! >estes grupos in&antis, o desen*ol*imento geral passa
o
antes do musical e di+ respeito aqui, antes de tudo o •
mais, 2 linguagem, 2 m)mica e 2 .ele+a do mo*imento! 2anç&es populares oriundas do g-nio da sua raça nde a .ele+a e o gosto musical de*em passar antes o o
das preocupaç'es pedagógicas( educador encarregar(se(á, mais tarde, de &a+er uma escol1a @udiciosa e de insistir particularmente so.re as canç'es populares interessantes do ponto de *ista r)tmico, dos inter*alos, dos acordes ou dos modos!
Estes trs tipos e canç'es são importantes para o in)cio! ertas canç'es o&erecem *antagens marcadas para o desen*ol*imento do instinto rtmico, para o estudo dos compassos e dos *alores de duração! A criança
canta, por e4emplo, de &orma impecá*el, e sem que disso se d conta, sem)nimas, colc1eias, semicolc1eias na canção os Relógios; "c1anson des pendules%, .alançando(se regularmente de uma perna so.re a outra, ao andamento de sem)nima! Para uma canção como Em noites de Ferão; "au clair de la lune%, por e4emplo, as crianças .atem, &acilmente, um após outro, o ritmo, os tempos, o primeiro tempo de cada compasso ou a su.di*isão .inária dos tempos! Assim parte(se, não da teoria mas sim da prática, para o estudo dos compassos, e pode esta.elecer um contacto natural entre os elementos m-tricos e o instinto r)tmico! esta &orma o aluno une a cincia 2 arte musical! >ós denominamos 2anç&es de 3ntervalos aquelas que começam por um salto melódico caracter)stico! Particularmente interessantes são aquelas que começam pelos inter*alos de terceira, de quinta, de se4ta e de s-tima! itemos para a se4ta maior: Mirandum "Mal.roug1 sGen *a(t(en guerre%8 para a s-tima menor: Mamã, como =e que os .arcos "Maman les pGtits .ateau4;! .ser*emos tam.-m que as canç'es que começam por quarta como la Marseillaise; não dão, de &acto, senão uma quinta in*ertida "salto da dominante para a tónica%, ao passo que a *erdadeira quarta e4ige uma partida da tónica "salto da tónica para a su.dominante%! ertos inter*alos como a s-tima maior, &altam nas canç'es populares, mas não - di&)cil preenc1er essa lacuna8 as pala*ras in*erno;, por e4emplo, ser*em .em
para começar com uma s-tima maior! Aquilo que propomos para os principiantes encontra tam.-m a sua aplicação com alunos mais a*ançados que estudarão neste sentido, com pro*eito, os mais .elos temas caracter)sticos da literatura clássica, rom7ntica e moderna! Dnter*alos interessantes podem ser encontrados nas o.ras musicais! E compete ao pro&essor a@udar o aluno a tornar(se consciente da sua sensi.ilidade aos inter*alos!
anç'es simples podem ser uma a@uda preciosa para o in)cio da pr!tica instrumental, onde o sentido do ritmo e o ou*ido musical de*eriam
ter sempre o seu lugar! Para o piano, por e4emplo, o principiante procurará tocar de ou*ido algumas canç'es, ainda que se@a só com um dedo8 em seguida, as canç'es na e4tensão de quinta serão um .om suporte musical para e4ercitar os cinco dedos na primeira posição da mão so.re o teclado! e princ)pio, antes de tocar a canção ao piano, - pre&er)*el &a+er cantar as canç'es com as pala*ras "que a@udam a memória musical%, em seguida so.re lá(lá(lá;, com transposição para di&erentes tonalidades e, ?nalmente, na tonalidade de ó com o nome das notas! Assim a ordem natural respeitada: primeiro o som, depois o nome, e em seguida a reali+ação instrumental! >o caso de uma criança com &alta de ou*ido – o que - sempre lamentá*el para começar o estudo de um instrumento ( os pro&essores podem *erse o.rigados a mudar a ordem8 partirão dos dedos, seguidos do ou*ido8 quanto aos nomes, estes de*eriam, em todo o caso preceder os dedos! &acto de a audição, neste caso *ir em 0ltimo lugar, - lamentá*el! E no entanto certos pro&essores adotam esta ordem mesmo com alunos que tm .om ou*ido, a prete4to de que os resultados t-cnicos; são mel1ores e mais rápidos! E contudo, não - *erdade que - mais musical, mais art)stico, partir do som e dar 2 criança uma preparação r)tmica e auditi*a antes de empreender o estudo instrumentalH As canç'es, tão &a*orá*eis para a educação do ritmo e da melodia, podem tam.-m ser*ir de introdução inconsciente ao mundo 1armónico! Muitas melodias &a+em pressentir os acordes8 uma melodia cantada em c7none - tam.-m uma preparação para a 1armonia8 *m em seguida as canç'es a duas *o+es, por *e+es e4clusi*amente em terceiras, como por e4emplo certas melodias italianas ou do 5icino "cantão da /u)ça%!
e4istir
na
prática
musical8
a
*erdadeira
musicalidade
-
su?cientemente atraente por si própria!
A prima+ia do canto e da melodia, na prática musical, &oi posta em rele*o por mais de um g-nio do passado! Wagner escre*eu: canto, o canto e ainda o canto! canto - de uma *e+ para todas a linguagem pelo qual o 1omem se comunica aos outros musicalmente órgão musical mais antigo, o mais *erdadeiro, o mais .elo, - a *o+ 1umana8 e - só a este órgão que a m0sica de*e a sua e4istncia!; Para 5elemann cantar - o &undamento da m0sica em todos os seus aspetos;! Mo+art, educador eminente disse que quem não sa.e pois que a m0sica cantada de*e ser em todos os tempos a ?nalidade de todos os instrumentistas, *isto que, em toda a composição, - necessário que nos apro4imemos do natural!; Ians *on BulloN ia mesmo ao ponto de a?rmar que quem não pode cantar "com uma *o+ .ela ou não% não - ao cantar que o aluno desco.re, como por encanto, o sentido de uma peça e, pelo mesmo meio, o andamento real, o &raseado e os di&erentes mati+es agógicos, din7micas ou plásticos! Dsto quanto ao canto! Em relação 2 melodia, não era necessário, no passado, de&ender a sua causa! ontudo IaOdn escre*eu: Dn*entai uma .ela melodia e a *ossa m0sica, qualquer que se@a a sua nature+a, será .ela e agradará certamente! 9 a alma da m0sica, - a *ida, - o esp)rito!; Pode(se tam.-m di+er com Am.ros, o c-le.re 1istoriador da m0sica: Apenas a melodia, mesmo se ela - cantada a uma só *o+, re0ne todos os elementos da arte musical, pois ela le*a, alem do mo*imento r)tmico, o conte0do 1armónico!; E4iste uma relação direta entre a melodia e os sentimentos 1umanos! E - por essa ra+ão que Beet1o*en pde di+er: A melodia - a linguagem a.soluta pela qual o m0sico &ala a todos os coraç'es;! /c1umann pensa*a que se se ti*er um coração reto, se se ti*er aprendido alguma coisa, e se se cantar como uma a*e so.re o ramo, da) sairá a m0sica mais autntica;! Mas se a melodia te*e o seu lugar de 1onra na m0sica do passado8 na 1ora atual ela so&re uma depreciação em &a*or do ritmo e da 1armonia! instrumento, tam.-m, op'e(se por *e+es 2 nature+a melódica da m0sica! ertas tendncias musicais &a*orecem atualmente os elementos &)sicos e intelectuais do 1omem, 2 custa da sensi.ilidade, dos sentimentos e da ele*ação da alma! 9 e*idente que, do ponto de *ista pedagógico, - necessário descon?ar grandemente da depreciação da melodia e da sensi.ilidade! 9
claro que não se trata de sentimentalidade, mas de sensi.ilidade a&eti*a, emoti*a, que di+ respeito ao amor pelo som, tanto no que ele tem de mais material como no que ele tem de espiritual! coração pode atingir grandes realidades o.@eti*as8 o &acto de que estas são de ordem irracional e que a sua e4istncia - di?cilmente demonstrá*el não diminui o seu *alor! Pode admitir(se que certos compositores, ao especiali+ar(se numa dada direção, *alori+em determinado elemento, em detrimento dos outros! Alguns, com uma audácia discut)*el, &a+em tá.ua rasa do passado a ?m de tomar um no*o ponto de partida! om o tempo, poder(se(á desco.rir o *alor dos no*os elementos propostos em su.stituição daqueles que se dese@a eliminar! ão necessário, para isso, re@eitar os *erdadeiros *alores tradicionais, os que estão em 1armonia com as grandes leis, mas transcendem as pequenas regras restriti*as! Repetimos: - preciso, atra*-s da m0sica, alcançar o 1omem nos seus *alores *itais!
O Ritmo: Capítulo III esde os antigos gregos at- aos nossos dias, 2 parte de ma interrupção durante a idade m-dia, a nature+a do ritmo tem sido o.@eto de muita discussão! Alternadamente, na sua conceção, o ritmo - n0mero, mo*imento, ordem, organi+ação, proporção, *ida, &orma, inteligncia,
instinto, &orça, repetição, altern7ncia, simetria, duração, intensidade, medida, repouso, *ontade! Para o pedagogo, o aspeto ?losó?co ou meta&)sico do ritmo não entra, ou entra pouco, em lin1a de conta! Apenas a prática do ritmo importa8 mas esta para ser e?ca+, tem toda a *antagem em ser apoiada por uma su.( estrutura psicológica que todo o educador pode estudar e pr 2 pro*a! Podemos, portanto, perguntar(nos: que - o ritmoH e, consequentemente, como de*emos a.ordá(lo para o estudar e rece.er dele a contri.uição caracter)stica que nen1um outro elemento nos pode darH Que atitude 1umana - necessário adotar para satis&a+er os imperati*os do ritmo, para poder con1ec(lo, senti(lo, *i*(lo e utili+á(lo com per&eito con1ecimento na prática musicalH A.ordamos aqui um pro.lema de maior import7ncia e a respeito do qual as opini'es estão muito di*ididas! aspeto psicológico da questão de*eria contudo poder satis&a+er o educador, o qual de*e despertar o instinto r)tmico nos principiantes