DESMISTIFICANDO O FUNCIONAMENTO DE UM ESTERILIZADOR COMO FUNCIONA UMA AUTOCLAVE
Por: Robson Victor da Rocha
INDICE
INTRODUÇÃO................................................................................................................ ESTERILIZAÇÃO POR VAPOR....................................................... VAPOR........................ ......................................................... .................................. ........ DIAGRAMA BÁSICO DE UMA AUTOCLAVE ....................................... ........... ...................................................... ............................ .. PRINCIPIO DE FUNCIONAMENTO............................... FUNCIONAMENTO......................................................... .................................................. ........................ INSTRUMENTAÇÃO...................................................................................................... O VASO DE PRESSÃO............................ PRESSÃO........................................................ ...................................................... ........................................... ................. INSUMOS (ÁGUA, AR, ELETRICIDADE, VAPOR)............................. VAPOR)....................................................... ................................ ...... ITENS DE SEGURANÇA....................... SEGURANÇA................................................ ................................................ ............................................. .......................... .... PREPARO E CARGA DE MATERIAIS........................ MATERIAIS.............................................. ................................................ ............................ .. MANUTENÇÃO PREVENTIVA........................ PREVENTIVA................................................ .................................................... ......................................... ............. PRINCIPAIS PROBLEMAS E COMO IDENTIFICÁ-LOS.................. IDENTIFICÁ-LOS............................................ ..................................... ........... CONCLUSÃO........................................................................................................ REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................... BIBLIOGRÁFICAS................................................... .................................................... .................................. ........
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INTRODUÇÃO
Assim como outros milhares de equipamentos, sejam médicos, residenciais, etc., na maioria das vezes utilizamos mas não compreendemos o seu funcionamento. Então, porque entender como funciona uma autoclave? A importância de se entender o princípio de funcionamento de uma autoclave está na necessidade de compreendermos os sinais que um aparelho de esterilização dá durante o seu funcionamento o que pode ajudar a prever ou entender as causas e conseqüências de possíveis falhas que na maioria das vezes passam despercebidas aos nossos olhos mas que podem gerar conseqüências desastrosas ao paciente. Ninguém consegue distinguir a olho nu um material que fora submetido a esterilização de outro que ainda não passou por uma autoclave, daí a importância dos testes de esterilização mas principalmente dos instrumentos de leitura presentes em um painel de autoclave. Fazendo a leitura adequada dos instrumentos de medição podemos saber se o equipamento está com a temperatura adequada, se está com pressão excessiva ou com baixa pressão e então prever possíveis falhas no processo. Nosso objetivo é fazer com que você perca o receio, desmistifique e entenda como funciona uma autoclave para tirar o máximo proveito possível do equipamento com segurança e sem colocar a saúde de outras pessoas em risco. Sabemos que a CME não se resume somente ao esterilizador, sendo a CME o "conjunto de elementos destinados à recepção, preparo e esterilização, guarda e distribuição
do material para as unidades do estabelecimento de saúde " (BRASIL, 1987). O principal “elemento” de uma C.M.E são os operadores que devem ser detentores do conhec imento
global das diretrizes e tecnologias envolvidas no processo, daí a importância de ir além do apertar botões e conhecer os princípios de funcionamento de qualquer esterilizador.
ESTERILIZAÇÃO POR VAPOR Dentre os principais processos de esterilização destaca-se o método de esterilização por vapor, por ser o meio mais barato, eficiente e difundido de esterilização existente no mercado existindo desde meados do século XIX desenvolvido pelo físico e biólogo Charles Chamberland (1851 – 1902). O método ideal de esterilização por calor utilizando vapor é a utilização de vapor saturado e seco (no máximo 5% de umidade em seu volume). Quando o vapor da água é injetado na câmara interna da autoclave e entra em contato com a parede fria do material a ser esterilizado este se condensa e transfere o calor latente. Ao condensar e umedecer a parede do material a ser esterilizado o vapor sofre uma contração imediata de volume deixando lugar para a entrada de mais vapor que continua condensando-se e transferindo mais calor latente. Esse processo continua até que o material atinja a temperatura do vapor, cessando a condensação da água destruindo os microorganismos através da desnaturação e coagulação das proteínas. Para entender melhor o que significa calor latente imagine uma barra de ferro que receba ou perca certa quantidade de calor. Esse calor que a barra ganhou ou perdeu é denominado de calor sensível, pois ele provoca apenas variação na temperatura do corpo, sem que aconteça mudança no seu estado físico, ou seja, se o corpo é sólido continua sólido e o mesmo acontece com os estados líquidos e gasosos. Diferente do calor sensível, quando fornecemos energia térmica a uma substância, sua temperatura não varia, mas seu estado físico se modifica, esse é o chamado calor latente. Esta é a grandeza física que informa a quantidade de energia térmica (calor) que uma unidade de massa de uma substância deve perder ou receber para que ela mude de estado físico, ou seja, passe do sólido para o líquido, do líquido para o gasoso e assim por diante.
DIAGRAMA BÁSICO DE UMA AUTOCLAVE
PRINCIPIO DE FUNCIONAMENTO A figura 1 mostra o diagrama básico de um esterilizador a vapor de dupla porta e seus principais componentes. O funcionamento básico de um esterilizador vai depender do perfil de ciclo programado. O perfil mais comum nas autoclaves a vácuo é aquele utilizado para a esterilização de materiais sólidos, tais como metais, vidrarias, vestimentas, etc. O ciclo de materiais sólidos não é indicado , contudo, para produtos envasados em frascos herméticos ou não, líquidos em geral, meios de cultura e em ciclos de descarte de materiais altamente contaminados. Para estes produtos existem perfis de ciclo específicos que demandam alterações sutis no diagrama da figura 1. O perfil de temperatura e pressão no tempo para a esterilização de materiais sólidos é basicamente o demonstrado na figura 2. Passemos agora para uma descrição do funcionamento para o perfil da figura 2: Ao ligarmos o esterilizador no perfil de ciclo para sólidos e estando o suprimento de vapor presente na entrada (N), a válvula (E) abrirá, deixando entrar vapor na câmara externa – C.E. A pressão de vapor da C.E será indicada pelo manômetro (K). A principal função da C.E é promover o aquecimento das paredes internas da câmara interna – C.I, evitando a formação de condensado durante a injeção de vapor. A C.E aquecida também auxilia na fase de secagem, irradiando calor no material a ser processado. Uma vez fechadas as portas (J), pode-se iniciar o processo de esterilização. O primeiro passo é o chamado pré-vácuo, que consiste na remoção do ar no interior da câmara através de pulsos alternados de vácuo e injeção de vapor. No primeiro instante desta fase a bomba de vácuo (G) (que na verdade deveríamos aqui chamar de conjunto de vácuo já que a prática é formado por um conjunto de componentes, cujo principal elemento é a bomba de vácuo) é ligada até que a C.I (H) atinja um determinado nível de vácuo demonstrado pelo manovacuômetro (L). Após atingir o nível pré-determinado, o conjunto da bomba de vácuo pára e a válvula de injeção de vapor na C.I (C) é aberta até que o vácuo atinja um valor próximo ou acima do zero relativo, concluindo assim um pulso de vácuo. Esta fase é repetida tantas vezes quanto necessário para que se garanta a plena remoção do ar no interior dos materiais a serem esterilizados. Uma particularidade a ser ressaltada nos sistemas de vácuo é que na maioria dos equipamentos presentes no mercado a queda de pressão é obtida através de um tipo de bomba conhecida como ‘’bomba de anel líquido’’. Neste tipo de bomba uma linha de água
entra e sai da bomba passando por uma câmara (ou carcaça) na qual gira um rotor (excentricamente à carcaça) dotado de palhetas que, através da força centrífuga fazem com que o líquido compressor (no caso a água) seja impulsionado contra a parede cilíndrica interna do corpo, adquirindo o formato de um anel ( de onde vem a denominação ‘’Bomba de Vácuo de Anel Líquido’’), gerando vácuo em um de seus pórticos. Tal processo, apesar de simplificar
os sistemas de vácuo para esterilizadores a vapor, tem por inconveniente a necessidade de disponibilidade de água em abundância em temperaturas recomendamente menores que 15°C. A fase de pulsos de vácuo, além de remover o ar presente no sistema, também tem por finalidade fornecer energia térmica aos materiais a serem submetidos ao vapor esterilizante antes da injeção definitiva deste, diminuindo a condensação na transferência de energia e, conseqüentemente, facilitando a secagem final. A fase seguinte ao pré-vácuo é chamada de rampa de aquecimento, onde o vapor é injetado pela válvula (C) até que seja alcançada a temperatura de esterilização préprogramada. Nesta fase e na seguinte, um sensor de temperatura ligado ao ponto (F) regula a abertura da válvula (C) para que a temperatura de esterilização permaneça dentro da banda de controle definida. Na fase seguinte, chamada de fase de exposição, espera-se por um
tempo pré-determinado para que o vapor penetre em todo o material a ser processado e atinja a letalidade mínima esperada, garantindo a esterilidade dos artigos. Durante a fase de exposição as válvulas de vapor nas C.I e C.E devem modular compassadamente para manter os parâmetros de temperatura do sistema e o manovacuômetro (L) irá oscilar sutilmente apontando uma mínima variação de pressão na câmara interna. Ao término desta fase, não havendo nenhuma falha no sistema, os artigos processados já poderão ser considerados estéreis. A penúltima fase do ciclo de esterilização é a chamada ‘’fase de secagem’’. Nesta fase a bomba de vácuo (G) volta a ligar enquanto que a válvula (C) é fechada, criando-se novamente vácuo na C.I. A presença da atmosfera em vácuo aliada à radiação de calor pelas paredes de câmara graças à presença e vapor na C.E (I) faz com que o vapor e parte do condensado restante sejam retirados do material processado, secando-o. A fase de secagem geralmente é caracterizada por uma grande atividade da bomba de vácuo que permanece ligada por um tempo determinado. Após a fase de vácuo de secagem, temos a última fase que consiste no restabelecimento da pressão atmosférica no interior dos pacotes esterilizados . Nesta fase, a bomba de vácuo (G) desliga e a válvula de aeração (D) é aberta, quebrando o vácuo no interior da câmara pelo ar que passa pelo filtro (A). A qualidade e a correta manutenção do filtro de aeração é vital para o sucesso da esterilização, sendo que a injeção de ar contaminado ao término do ciclo poderá comprometer por completo o s ucesso do processo de esterilização. Uma vez restabelecida a pressão atmosférica no interior dos pacotes, o ciclo termina e a porta de descarga pode ser aberta. Como pudemos observar o funcionamento básico do esterilizador é simples. Todavia, temos que ressaltar que os quesitos de instrumentação e de segurança do vaso de pressão tornam o esterilizador um equipamento de média complexidade, já que o processo tem que ser desenvolvido dentro de parâmetros bem restritos, com repetibilidade e segurança.
INSTRUMENTAÇÃO Um bom esterilizador é aquele que alia eficiência (em termos de letalidade), velocidade e exatidão de parâmetros. Para alcançar estas premissas é imprescindível que o conjunto conte com instrumentos adequados. No caso da esterilização por calor úmido, podemos dizer que as principais variáveis de processo são Temperatura, Tempo e Pressão. Desta forma, sensores de temperatura, temporizadores e controladores de pressão são os dispositivos críticos . Se considerarmos que pequenas variações de temperatura demandam grandes variações de tempo para mantermos uma letalidade mínima, quanto mais exato o sistema de controle, mais eficiente será o processo de esterilização. A NBR-ISO11134:2001 determina em seu anexo A que o controle de temperatura tenha exatidão de ±1% ou melhor, na faixa de 50°C a 150°C, sendo ajustados na faixa de + 0,5% na temperatura de esterilização, enquanto o controle de pressão tenha exatidão de +1,6% ou melhor, na faixa de o a 5 bar. Nos equipamentos atuais,a medição é feita por sensores ligados a placas de conversão analógico-digital (que convertem o sinal do sensor em sinais binários, compatíveis com o sistema digital), sendo que o conjunto sensor-placa deve permitir uma resolução tal que possa obter a leitura da faixa de temperatura ou pressão melhor que o preconizado pela norma. O ideal é que o conversor tenha resolução de pelo menos 10 bits e que os sensores utilizados alcancem esta resolução. Quanto à calibração dos instrumentos, é sempre conveniente que o sistema permita a verificação de todo o conjunto (a chamada calibração em malha fechada), pois assim podemse minimizar os erros do sistema, melhorando sua exatidão. As NBRs também preconizam que um sistema de registro da temperatura deva estar incorporado ao esterilizador. Este sistema de registro pode ser uma impressora, um registrador gráfico ou qualquer outro dispositivo que permita a gravação permanente dos parâmetros de processo. O registro de todo o processo, com a finalidade de permitir a rastreabilidade também é condição das Boas Práticas de Fabricação.
MANÔMETRO (CÂMARA EXTERNA)
MANOVACUOMETRO (CÂMARA INTERNA)
O VASO DE PRESSÃO Para que um esterilizador a vapor apresente segurança de operação, seu vaso de pressão (câmara e tubulações sob pressão) deve ser dimensionado de forma adequada. A NBR 11816:2003 – ‘’Esterilização – Esterilizadores a vapor com vácuo, para produtos de saúde’’ estabelece como referência normativa para projetos de vaso de pressão a ASME, Seção VIII, Divisão I, II e III E SEÇÃO I, II, III, V E XI:1998 – ASME Boiler and pressure vassel code, assim como a portaria do Ministério do Trabalho n° 3214/78 – NR13:1997 – Caldeiras e Vasos de Pressão no que se refere à inspeção e segurança de operação. Um aspecto a ser salientado nos modernos esterilizadores é a utilização de li gas de aço inoxidável altamente resistente a corrosão. Entre estas ligas, as mais utilizadas são o aço inoxidável AISI-304, AISI-316 e o AISI-316-Ti. O tipo de acabamento da superfície da câmara também é algo a ser observado: esta deve ser lisa (preferencialmente polida ou eletropolida), sem ângulos retos que possam acumular material e sem rebarbas ou sinas de solda aparentes. A porta do vaso é um ponto crítico de segurança. Existem no mercado as portas concêntricas de travas radiais (também conhecidas como tipo “aranha”) e as portas de
movimentação longitudinal à câmara (conhecidas como porta tipo guilhotina). Atualmente as portas tipo guilhotina são as mais utilizadas, frente a sua segurança e facilidade de uso, com um forte apelo ergonômico. Por fim, temos que estar atentos a um dispositivo muito importante e previsto na NR13, que é a válvula de segurança do vaso (item B da figura 1). Um esterilizador pode ter, tipicamente, de uma a três válvulas de segurança para proteção das câmaras interna, externa e gerador de vapor (quando existir). Esta(s) válvula(s) deve(m) ser puramente mecânica(s) (sem acionamento el étrico), com certificado de calibração e com os pontos de regulagem lacrados, para garantir a total segurança no caso de sobre-pressão.
INSUMOS ÁGUA A qualidade da água para geração de vapor, grosseiramente falando, é como o combustível de seu carro; Se for de qualidade duvidosa ou “batizado” vai implicar em mau
funcionamento do motor além do desgaste prematuro dos componentes internos. Da mesma forma se comporta a água que irá se transformar em vapor, viajar por toda a tubulação da autoclave e impregnar o instrumental cirúrgico e tecidos. Se não estiver adequadamente tratada poderá entupir a tubulação, acelerar o desgaste e queima das resistências, manchar e corroer a câmara interna e externa além de danificar todo o instrumental cirúrgico. Segundo a norma NBR ISO 11.134:2001 a qualidade da água para geração de vapor deve ter os seguintes parâmetros mínimos: CONTAMINANTE VALOR LIMITE Resíduos de evaporação ≤ 15mg/l Silício ≤02mg/l Ferro ≤0,2mg/l Chumbo ≤0,05mg/l Cádmio ≤0,005mg/l Resíduos de metais pesados ≤0,1mg/l Cloretos ≤03mg/l Fosfato ≤0,5mg/l Condutividade ≤50µs/cm PH 6,5 a 8 Aparência Incolor, límpida, sem sedimentos Dureza ≤0,1mmol/l A maioria das autoclaves que dispõem de sistema de geração de vapor incorporado possuem um sistema de osmose reversa instalado para tratar a água, mas que necessita de cuidados especiais. Antes de se instalar um sistema de osmose reversa é preciso conhecer a qualidade da água através de uma análise físico-química para garantir o bom funcionamento do sistema. Essa análise pode ser feita pelo sistema de abastecimento de água l ocal. A partir do funcionamento do sistema faz-se necessário a supervisão constante para que se defina o momento de substituição dos cartuchos do sistema primário (filtros de polipropileno e carvão ativado). Via de regra a substituição deve ser feita a cada 03 meses, porém de acordo com a qualidade da água essa substituição se faz necessária a cada 02 meses ou até mesmo mensalmente. O operador pode facilmente verificar a coloração do cartucho transparente que é o primeiro filtro e notando que esse se encontre saturado (com coloração escura e presença de lodo) poderá acionar a manutenção ou até mesmo realizar a substituição dos filtros.
SISTEMA DE OSMOSE REVERSA
AR COMPRIMIDO Todas as válvulas para suprimento de vapor ou ar nas câmaras interna e externa do equipamento, suprimento de água para bomba de vácuo e exaustão da câmara interna, são de acionamento pneumático e controladas por solenóides. Esta forma de acionamento faz com que as operações de carga e descarga sejam mais rápidas e seguras e que também apresentem menor desgaste dos componentes. O ar comprimido fornecido para a operação destes dispositivos pode ser proveniente de uma central de ar comprimido ou de um compressor de ar instalado junto à autoclave. A linha de alimentação de ar comprimido deve possuir um cavalete de ar comprimido dotado de filtro separador de umidade, redutor de pressão, manômetro e dependendo do tipo de válvula pneumática, lubrificador de linha. A pressão deve ser regulada entre 4 e 6kgf/cm². Pressões superiores a 6kfg/cm² podem travar as válvulas e abaixo de 4kgf/cm² não são suficientes para o acionamento.
CAVALETE DE AR COMPRIMIDO
ENERGIA ELÉTRICA Um bom suprimento de energia elétrica é fundamental para o correto funcionamento de uma autoclave. Além de estar devidamente dimensionado é importante que o quadro elétrico fique perto do equipamento e ao alcance do operador para que este possa intervir em caso de necessidade. Segundo as normas técnicas vigentes o fornecimento de energia elétrica segue os seguintes parâmetros: 220 VCA + 5% para alimentar o CLP. 380 VCA + 10% -5% -3~ para alimentar o Gerador de Vapor e Bomba de vácuo. Tensões tanto abaixo quanto acima do recomendado prejudicam o funcionamento do aparelho, alem de expor o operador a riscos desnecessários. É recomendável a instalação de um Estabilizador de Tensão de potência não inferior a 500VA para proteger o comando e solenóides contra oscilações de tensão. De extrema importância também é a qualidade do aterramento que deve ser exclusivo para a autoclave, não estando atrelado a nenhum outro dispositivo. O equipamento jamais deve funcionar sem o aterramento podendo descarregar corrente elétrica na carcaça.
SUPRIMENTO DE VAPOR Nos casos onde a única alternativa for à utilização de vapor gerado em caldeiras tradicionais, e distribuído em tubulação de aço carbono, cuidados especiais devem ser previstos próximo aos pontos de utilização para melhoria da qualidade deste suprimento. O vapor deve ser fornecido para as autoclave em estado saturado, com título mínimo de 0,95 (95% de vapor e 5% de condensado) livre de impurezas e com pressão entre 2,6 e 2,8 kgf/cm². O vapor com excesso de umidade (acima de 5% de condensado), causa uma troca térmica menos eficiente e dificuldade de secagem do material esterilizado. Além disso são nas gotículas de condensado que se concentram o material particulado e outros contaminantes, que podem causar manchas no material a ser esterilizado e iniciar um processo de sedimentação e corrosão da câmara e do instrumental. Quando o vapor for gerado em caldeiras construídas em aço carbono e com distribuição em linhas de suprimento do mesmo material, deve ser previsto um conjunto com filtro sanitário após a estação redutora. A solução mais econômica consiste em instalar um conjunto para filtragem na rede de alimentação de vapor das autoclaves.
ESTAÇÃO REDUTORA DE VAPOR E FILTRO SANITÁRIO
SEGURANÇA As autoclaves são fabricadas de modo a garantir tanto a segurança do operador através de dispositivos que evitam o superaquecimento e a geração excessiva de pressão quanto a do paciente através de um CLP – Comando Lógico programável que monitora o ciclo, faz os ajustes necessários e impede que o equipamento prossiga ou finalize um ciclo sem que os principais fatores do processo de esterilização estejam alcançados. Para garantir segurança ao operador a autoclave deve contar com válvulas de segurança lacradas e calibradas pelo fabricante instaladas no Gerador de vapor e na câmara interna. Essas válvulas têm a função de liberar a pressão em caso de mau funcionamento evitando que ela ultrapasse os níveis de segurança do esterilizador. Possui também termostato de segurança para impedir o superaquecimento das resistências e CLP com os seguintes dispositivos: Garantia de que a porta só será liberada com a pressão interna da câmara igual a pressão atmosférica. Dispositivo que impeça a abertura simultânea das portas (em caso de autoclave com barreira). Impossibilidade de se alterar o ciclo depois que esse já foi iniciado.
VÁLVULA DE SEGURANÇA
TERMOSTATO
PREPARO E CARGA DE MATERIAIS Boas Práticas na Montagem e Conservação de Cargas: As Boas Práticas de Esterilização dão uma série de orientações para favorecer o processo de esterilização e garantir por um bom período a sua não contaminação. Nisso incluem-se as medidas que facilitam a secagem da carga o que é um importante quesito para garantir uma estocagem correta e reduzir os riscos de contaminação do material esterilizado. O processo de esterilização a vapor apóia-se no tripé: tempo, temperatura, e umidade. Essas três condições são essenciais para que ocorra a esterilização no processo de vapor. Se qualquer destes falhar a esterilização está comprometida. É facilmente aceitável que o tempo e a temperatura são importantes para a esterilização mas nem sempre se compreende o papel da umidade. Com toda certeza podemos afirmar que: SEM A UMIDADE NÃO OCORRE A ESTERILIZAÇÃO NA AUTOCLAVE A VAPOR. A umidade com calor proporciona a ruptura das membranas protéicas que protegem os esporos destruindo-os ou inviabilizando sua reprodução. A umidade é inerente ao processo de condensação do vapor sobre os materiais. Seu volume é decorrente da massa do material aquecido, ou seja, quanto mais material e quanto mais pesado for, mais umidade (condensado) vai se formar. A embalagem influi grandemente no processo de esterilização e secagem. Embalagem significa: caixas, cestos, contêineres, tecido de algodão, tecido sintético, não tecido sintético (SMS, TNT), papel, grau cirúrgico, papel crepado, tyvek, etc. Pela enorme diversidade de tipos de embalagem podemos desde já afirmar que seu desempenho também é muito variado. A finalidade da embalagem é: 1. permitir a organização e manipulação adequada do material 2. conservar a integridade física e funcional dos materiais 3. permitir a entrada e a saída do vapor e conseqüentemente a esterilização e a secagem 4. preservar a esterilização durante e após o processamento 5. permitir o transporte estéril e racional do material até a área de uso Assim a escolha de um padrão de embalagem numa CME deve levar em conta vários fatores para que haja um balanceamento adequado entre custo, eficácia e produtividade. Em outras palavras, ao se decidir por um tipo de embalagem a enfermagem deve considerar a garantia de esterilização e secagem acima de qualquer outro fator (custo, praticidade). Isso permitirá economia de processamentos e garantia de disponibilidade do material quando necessário. Para economia de tempo no processo de esterilização, de consumo de energia e garantia de secagem seguem algumas sugestões práticas: Tenha em mente ao preparar uma carga a necessidade de remoção do ar da câmara da autoclave, da penetração do vapor e a saída do vapor e re-evaporação da umidade do material. Sempre que possível faça cargas homogêneas. Não é obrigatório mas você obterá melhores resultados com cargas de características físicas mais homogêneas. Por exemplo colocando só os metais numa carga, em outra só os tecidos. Caixas e pacotes de tamanhos semelhantes também favorece o processo. Nunca carregue excessivamente a câmara. Um método empírico para avaliar o peso máximo de uma carga em uma autoclave é: divida por dez o volume, em litros, da câmara e
transforme o resultado em kilogramas. Ex. para uma câmara de 500 litros o peso máximo da carga é: 500/10 = 50 kg., para uma câmara de 350 litros é; 350/10 = 35kg. Essa é a carga máxima. Quando desejar um processamento mais rápido trabalhe com a metade da carga máxima. Sempre faça caixas com peso individual inferior a 5 kg. Além de ser prejudicial a saúde do trabalhador (manipulação de caixas pesadas), as caixas muito pesadas são difíceis de secar. Quando o peso da caixa for muito grande ou ela for muito volumosa divida em caixas menores. As caixas devem ser sempre bem perfuradas, em todos os lados inclusive na tampa e no fundo. Se tiver prateleiras internas essas também devem ser bem perfuradas. Para cargas volumosas e de pequeno peso (tecido, plásticos) deixe sempre um espaço vazio em torno dos pacotes de cerca de 20% do volume da câmara. Esse espaço serve para a circulação do vapor e favorece a distribuição térmica homogênea. Use campos e mantas de tamanho adequado ao tamanho das caixas.O excesso de embalagem dobrado sobre as caixas prejudica a saída do vapor dificultando a secagem. Nunca coloque embalagem no material dentro da caixa. Além de desnecessário isso cria uma segunda barreira à penetração do vapor a também dificulta grandemente a secagem. Basta colocar um campo absorvente ou compressa aberta no fundo da caixa protegendo o instrumental. Não monte caixas de instrumental com grande número de peças (mais de cinqüenta peças). Como regra geral caixas menores esterilizam mais rapidamente e secam melhor. Caixas grandes e com muito material demandam mais tempo de secagem e devem ser de preferência colocadas para esterilização inclinadas sobre seu lado maior. Caixas de material ortopédico são críticas e devem seguir ao máximo essas recomendações. Uma prática usual e de bons resultados é deixar a porta da câmara aberta (ou entreaberta) por cerca de vinte minutos e depois retirar a carga deixando esfriar por mais vinte minutos antes de guardar. Esta prática contribui para promover uma boa conservação do material. Ao se proceder dessa forma fazendo um resfriamento lento e gradativo do material impede qualquer choque térmico. Isso também evita a recondensação de umidade sobre o material. A manipulação do material frio é mais segura e não tende a estragar a embalagem. O “tempo de prateleira” não é definido apenas pelo tipo de embalagem ou tipo de
esterilização mas sim por uma validação de processo que leva em conta todas as variáveis do processo de esterilização e de armazenagem. As mais recentes exigências de validação do processo de esterilização levou ao desenvolvimento de autoclaves mais precisas e automatizadas com controles de tempo e temperatura de processo padronizados conforme Normas Internacionais. Por vezes autoclaves antigas ou autoclaves não validáveis, nas quais a temperatura de processo é excessiva, não têm dificuldade em secar mas ao custo da deterioração dos materiais e ausência do controle do processo de esterilização.
Abaixo exemplo de carga inadequada e carga adequada para esterilização.
CARGA INADEQUADA
CARGA IDEAL
MANUTENÇÃO PREVENTIVA A Autoclave é um equipamento eletromecânico, ou seja, composto de itens eletrônicos (CLP, impressora, Transdutores, etc) e mecânicos (válvulas, motores, rolamentos, portas) e assim como o seu automóvel precisa realizar revisões periódicas para troca de óleo, alinhamento, balanceamento, etc., para garantir a segurança e vida útil, o esterilizador também necessita de revisões periódicas e programadas visando manter o bom funcionamento, substituir itens de desgaste natural (guarnições, filtros, etc) para evitar paradas inesperadas no equipamento. Sempre exija do profissional que realizou a manutenção relatório das atividades e não tenha receio de questionar em caso de dúvida o que realmente foi executado. Importante: Segundo as normas de esterilização deve ser feito sempre um ciclo com Bowie & Dick e indicador biológico ao final de qualquer intervenção técnica junto com o profissional que realizou o serviço. Essa é a única forma de se certificar que o equipamento realmente está em condições de uso. Abaixo os principais itens de manutenção preventiva que podem ser realizados pelo operador e os que somente podem ser realizados pela assistência técnica especializada:
O QUE? Limpeza das partes externas do esterilizador com produto especifico Limpeza de superfície da câmara interna
QUEM? Operador
QUANDO? Diariamente
Operador
Diariamente
Limpeza do dreno da Câmara interna
Operador
Diariamente
Lubrificação da guarnição da porta
Operador
Semanalmente
Reaperto dos contatos elétricos
Equipe de A.T
Mensalmente
Observar a tubulação de água e vapor e retirar se necessário os vazamentos Limpar o Gerador de Vapor
Equipe de A.T
Mensalmente
Equipe de A.T
Trimestralmente Trimestralmente
Efetuar a limpeza da impressora e substituir a fita.
Equipe de A.T ou operador Equipe de A.T
Substituir os elementos filtrantes do primeiro estágio do sistema de osmose reversa. Substituir a guarnição da porta Substituir as guarnições do gerador de vapor
Equipe de A.T ou operador Equipe de A.T Equipe de A.T
Trimestralmente Anualmente
Substituir as válvulas de segurança Substituir as membranas da osmose reversa
Equipe de A.T Equipe de A.T
A cada 02 anos A cada 02 anos
Substituir o filtro hidrofóbico de entrada de ar.
Trimestralmente Trimestralmente
PORQUE? Higienização e conservação do equipamento Higienização e conservação do equipamento Evitar entupimento e dificuldade de exaustão Manter o bom funcionamento da porta e aumentar a vida útil da guarnição Evitar mau contatos, curtos-circuitos e mau funcionamento. Evitar vazamentos ou rompimentos da tubulação evitando acidentes. Higienização e conservação do equipamento Peça de desgaste natural Manter o bom funcionamento e aumentar a vida útil da impressora. Peça de desgaste natural Peça de desgaste natural Manter o bom funcionamento e evitar vazamentos Atender a norma NR 13 Tempo máximo de vida útil de uma membrana.
Observar e relatar no livro de ocorrências da C.M.E faltas de suprimentos (ar, água, energia elétrica) para posterior consulta. Não tente funcionar o equipamento se não tiver certeza de que quaisquer destes suprimentos estejam atendendo plenamente para evitar danos ao seu equipamento.
PRINCIPAIS PROBLEMAS E COMO IDENTIFICÁ-LOS Mais da metade das ocorrências de atendimento técnico podem ser evitadas com medidas simples. Tendo em mente o principio de funcionamento da autoclave fica fácil identificar e na maioria dos casos resolver uma pane sem a intervenção da assistência técnica. PROBLEMA Display do comando não acende ou apaga. Movimento de abertura e fechamento das portas realizado com dificuldade
CAUSAS PROVÁVEIS Disjuntor desligado Estabilizador desligado Falta de energia Falta lubrificação da porta Guarnição com problemas
POSSÍVEIS MEDIDAS Ligar disjuntor do CLP Ligar Estabilizador Contatar equipe de manutenção predial. Lubrificar guarnição Substituir guarnição
Falha na bomba de vácuo Entrada de ar na câmara interna Vapor úmido
Verifique se não há falhas de tensão Guarnição da porta pode estar danificada Se estiver trabalhando com vapor de rede, entre em contato com a equipe de manutenção predial Redimensione a carga ou aumente o tempo de secagem Checar a qualidade da água Verificar a qualidade do vapor de linha
Pacotes saem molhados Preparação de carga inadequada Pacotes, instrumentais manchados
Impressora não imprime Porta não abre Positivando teste biológico
Câmara interna não atinge temperatura
Acumulo de água no fundo ou porta da autoclave Demorando para liberar porta no final do ciclo Subida de pressão na câmara interna antes de se iniciar o ciclo. Oscilação na temperatura Oscilação na leitura de pressão
Qualidade do vapor/água
Impressora pode estar desabilitada Papel enroscado Falha na bomba de vácuo Guarnição enroscando Vapor úmido Tempo de exposição incorreto Remoção de ar insuficiente Falha na penetração de vapor Falta de vapor Vazamento de vapor da câmara interna Vazamento de ar para a câmara interna Desnivelamento da autoclave Dreno entupido Filtro de ar saturado Vazamento de ar comprimido para a câmara interna. Acumulo de água no dreno Falha de aterramento
Habilitar impressora Desenroscar o papel Verificar energia elétrica ou disjuntores Lubrificar guarnição de silicone Verificar suprimento de vapor. Reprogramar adequadamente o ciclo Verificar bomba de vácuo Verificar a dimensão da carga Verificar suprimento de vapor. Verificar guarnição de silicone da porta. Verificar guarnição de silicone da porta. Nivelar a autoclave de forma que o condensado corra para o dreno. Limpar dreno da câmara interna Substituir filtro de ar. Substituir guarnição de silicone da porta. Realizar limpeza do dreno. Verificar aterramento da máquina.
Existem vários outros problemas que podem aparecer a qualquer momento, porém necessitam da visita da equipe de assistência técnica para identificar e solucionar as falhas. Procuramos mostrar possíveis causas prováveis que o próprio operador pode verificar e tomar as medidas cabíveis, seja solucionando o problema, contatando a equipe de manutenção do hospital ou acionando a equipe de assistência técnica especializada. Identificar as causas de problemas apresentados agiliza o atendimento e diminui consideravelmente o tempo em que o equipamento ficará parado.
CONCLUSÃO
É fundamental para qualquer colaborador de uma C.M.E saber os princípios de funcionamento de uma autoclave para guiar o equipamento e não ser guiado por ele. Entender os princípios de funcionamento de uma autoclave significa otimizar o tempo de trabalho, melhorar o desempenho e rendimento do turno, trabalhar com segurança e principalmente, garantir a segurança do paciente. Esperamos com esse resumo dar um passo em direção ao entendimento e a desmistificação de um equipamento tão essencial quanto antigo em qualquer unidade de saúde.
BIBLIOGRAFIA
Manual de Manutenção do Esterilizador Baumer HI-VAC Plus Manual de instalação do Esterilizador Baumer HI-VAC Plus Manual do usuário do Esterilizador Baumer HI-VAC Plus Gerenciamento da Central de Material e Esterilização para Enfermeiros, Maria Lúcia Pimentel de Assis Moura. Esterilização por Vapor de Baixa Temperatura e Formaldeído / João Francisco Possari.- 1. edição.- São Paulo: látria, 2003 Conceitos Básicos de Esterilização, Esterilização e Qualificação – Baumer S/A Principio da Esterilização por Calor Úmido – Como funciona uma autoclave: Gerson R. Luqueta Esterilizador a Vapor com vácuo – aspectos mecânicos e de instrumentação necessários para obtenção de um artigo estéril: Gerson R. Luqueta Esterilização por calor e a cinética de morte microbiana: Gerson R. Luqueta NBR 11816:2003 – “Esterilização – Esterilizadores a vapor com vácu o, para produtos de saúde” NBR 11134:2001 – “Esterilização de produtos hospitalares – Requisitos para validação e controle de rotina – Esterilizador por calor úmido”.