Análise do filme “Uma mente Brilhante”: principais alterações psicopatológicas O filme conta a história de John Nash, que foi um matemático brilhante, já que revolucionou a teoria da matemática, inclusive ganhando o Prêmio Nobel (ao final do filme existe uma cena muito bela quando recebe o prêmio por seu legado). No começo do filme não verificamos nenhum traço da Esquizofrenia aparente: John é apenas um solitário, rodeado de livros e apaixonantes ideias sobre a matemática na Universidade. Gosta muito de disputar e ganhar, apresentando pouca tolerância para frustração (visível quando seu rival intelectual ganha dele em um jogo). Contudo, ele apresenta os traços de Esquizofrenia, todavia mantem sua função cognitiva de modo intacto. Uma Uma das das alte altera raçõ ções es das das funç funçõe õess psíqu síquic icas as que que ocor ocorre rem m com com Nash Nash é na Sensopercep Sensopercepção. ção. Dentre os tipos de ilusão mais comuns, encontram-se encontram-se as alucinações. alucinações. Em boa parte do filme várias cenas demonstram John tendo alucinações, principalmente visuais e auditivas foram muito presentes no filme. O personagem vivenciou um constante estado alucinatório ao longo de todo filme, inclusive não imaginamos que Charles, amigo da universidade, é na verdade uma alucinação. John acredita em tudo que ouve e pensa, sem que o mesmo ou quem esteja perto perceba a situação (há uma cena em que o psiquiatra e a mulher estão junto dele e ele vê F., sendo confrontado confrontado pelo psiquiatra psiquiatra se naquele naquele momento conseguia conseguia vê-la e ele respondeu que sim). Cabe salientar que as alucinações de Nash eram do tipo alucinações visuais comple complexas xas ou config configura uradas das,, pois pois incluí incluíam am figura figurass e imagen imagenss de pessoas pessoas (vivas (vivas ou mortas, familiares ou desconhecidas). O personagem também apresenta ideias delirantes persecutórias ao ouvir vozes e acreditar que outros conspiravam contra o mesmo, acreditando também que está sendo espionado ou seguido (uma cena clara é a perseguição do personagem de Ed Harris com John em um carro ou mesmo no dia da apresentação do trabalho de John). Ressaltando ainda, que os delírios, eram muitas vezes sistematizados, com conteúdo variável, porém de temática frequentemente bizarra. Relativo às ideias de auto referência, o mesmo acreditava que certos jornas, revistas, propagandas, passagens de um livro ou qualquer outra situação do meio em
que vive era particularmente dirigida a ele (ele conseguia ver códigos em tudo, até uma simples folha de jornal ou num inocente anúncio de revista). Nash apresentava muitas ideias bizarras, pois acreditava o tempo todo que estava sendo perseguido, espionado, vivendo numa realidade totalmente distorcida; muitas cenas mostram como se ele estivesse mandando os códigos que ele conseguia decodificar para o governo, um serviço prestado secretamente, sendo que para entregar o documento era necessário acessar a senha que estava no chip implementado em seu braço (uma cena muito particular). Seu dia a dia era traduzir códigos secretamente para o governo, muitas vezes chegando criar pessoas e situações (o filme mostra John em um local de aparente grande atividade governamental e um estilo muito confidencial de trabalho). A exaltação do humor, embora ainda não estudamos, está presente também. As ideias persecutórias não respeitam tempo e espaço-as ideias persecutórias de John inclusive o impediam de desfrutar na companhia de outras pessoas, pois todos ao seu redor poderiam ser inimigos. Assim, John se afasta de várias pessoas de seu convívio, o que piora os sintomas da esquizofrenia, pois o convívio social é um fator positivo para melhora da saúde mental. A Orientação também é outra alteração psicopatológica encontrada. John ao mergulhar em seus delírios perde o referencial de orientação espacial e temporal. A orientação temporal se daria no momento em que ele passa quase um dia inteiro nas questões secretas do governo e chega à casa muito tarde, de madrugada e sua esposa discute com ele, sendo que ele tranca-se no quarto e não a atende. Com relação a questão espacial ele caminhou até o lugar secreto e depois teve que caminhar por horas até chegar em casa. Na função psíquica da Atenção, John Nash apresentou algumas alterações também, tais como: vigilância; estar desperto, lúcido e ter a consciência clara e sem alterações, estava qualitativamente alterada, pois John também apresentava uma desorientação delirante, ou seja, estado delirante em que a pessoa não tem discernimento completo de sua identificação pessoal ou lugar no tempo e espaço em que se encontra, acreditando estar vivenciado um lugar e tempo diferente do atual. A distraibilidade que consiste na dificuldade do paciente em se concentrar no que se passa à sua volta porque a atenção é muito facilmente desviada para fatores irrelevantes ou externos, também ocorreu com John, vide a facilidade para focar sua atenção em um único estímulo.
Outras questões que envolvem alterações psicopatológicas relacionadas ao filme: - comportamento bizarro: comportamento que é estranho e incompreensível aos outros. Inclui comportamento que pode ser interpretado como uma resposta a alucinações auditivas ou interferência com o pensamento. Muitas pessoas ao redor de John o viam conversando com seus “amigos”, sendo que na verdade eram alucinações, o que suscitou cenas tristes e engraçadas em determinados momentos do filme; - necessidade de sono reduzida: John dormia menos, mas não se queixava de insônia. O tempo extra acordado era ocupado com atividades excessivas. Ao mesmo tempo mostrava uma atividade mental excessiva; - atividade agitada: atividade excessiva, tal como excitação motora, torcer as mãos, andar de um lado para o outro, tudo habitualmente acompanhado por uma expressão de angústia mental; - discurso difícil de entender: discurso que torna a comunicação difícil por causa da falta de organização lógica ou organização compreensível; - pensamentos acelerados: vivencia os pensamentos que ocorrem em sua cabeça, ou os outros observam fuga de ideias e acham difícil seguir o que o doente está dizendo, ou o interrompem por causa da rapidez e quantidade do discurso; - diminuição da libido: perda ou redução clara/ persistente do interesse ou impulso sexual em comparação com o nível antes do início da doença. Interessante ressaltar que um dado momento do filme, em conversa com o médico e na presença de sua mulher, John ressalta que as alucinações (amigos dele Charles, William Parcher e a sobrinha de Charles) voltaram de forma mais intensa com a retirada abrupta, pois alegava que o remédio não o deixava cumprir suas obrigações conjugais com a esposa; - os sintomas psicóticos respondem aos neurolépticos: John era medicamentado pelo seu médico Dr. Rosen (psiquiatra) com neurolépticos que colaboravam para atenuação dos sintomas da esquizofrenia.
O USO DO CHOQUE INSULÍNICO NO TRATAMENTO DA ESQUIZOFRENIA O grande avanço no tratamento de psicoses por choque ocorreu em 1927, através da descoberta de um jovem neurologista e neuropsiquiatra polonês chamado Manfred J. Sakel. Descobriu acidentalmente, ao causar convulsões com uma dose excessiva de insulina, que o tratamento era eficaz para pacientes com vários tipos de psicoses, particularmente a esquizofrenia. Em 1930 ele começou a aperfeiçoar aquilo que se tornou conhecido como a "Técnica de Sakel" para tratar esquizofrênicos. A comunicação oficial desta técnica foi feita em setembro de 1933, e foi entusiasticamente recebida. Até então, nenhum tratamento biológico para esquizofrenia estava disponível. A abordagem de Sakel foi um método fisiológico prático e efetivo para atacar a mais debilitante e cruel das doenças mentais. Mais de 70% de seus pacientes melhoraram após a terapia por choque insulínico. Dois amplos estudos realizados nos EUA deram a ele fama e ajudaram sua técnica a se expandir rapidamente ao redor do mundo. De acordo com o estudo entre 1757 casos de esquizofrenia tratados por terapia por choque insulínico, 11% tiveram uma pronta e total recuperação, 26.5% apresentaram uma grande melhora e 26% tiveram alguma melhora. O segundo estudo, realizado, tiveram uma taxa de melhora de 63%, com 42% dos pacientes ainda em boas condições mentais após dois anos de seguimento. O entusiasmo inicial foi seguido pela diminuição no uso da terapia por coma insulínico, depois que estudos controlados adicionais mostraram que a cura real não era alcançada e que as melhoras eram na maioria das vezes temporárias. Contudo, como o método de Sakel é a mais amena e menos deletéria de todas as técnicas, estava ainda em uso até recentemente em muitos países. Alguns tratamentos polêmicos, como a lobotomia e o choque insulínico já foram banidos da medicina, mas o eletrochoque permanece como uma alternativa de tratamento, inclusive para a esquizofrenia. O eletrochoque é um tratamento antigo na psiquiatria, que antecede o arsenal farmacológico que hoje temos à disposição para tratar as doenças psiquiátricas. A internação continua sendo hoje necessária em alguns casos, mas a grande maioria não precisa dela para seu tratamento. Internações prolongadas, como as que eram praticadas antigamente, em que o paciente ficava por meses ou anos internado,
mostraram ser prejudiciais em longo prazo para a doença e seus portadores. A falta de estímulos para uma vida produtiva, a rotina manicomial, o distanciamento da família, a escassez de relações afetivas, enfim, os isolamentos da sociedade e do mundo tornavam os pacientes mais retraídos e apáticos, permitindo que os sintomas negativos da esquizofrenia se cronificassem. O retorno ao lar ficava mais difícil à medida que o tempo de internação se prolongava. A hospitalização é necessária quando se esgotam os recursos ambulatoriais para tratamento e quando o paciente oferece risco à sua vida ou à sua integridade. A internação visa garantir o início do tratamento, abrandar os sintomas mais agudos e as alterações de comportamento que estão colocando-o em risco. A família deve estar presente a todo o momento para evitar que esse período signifique uma ruptura nas suas relações, já que, na maioria dos casos, a internação é cercada de conflitos de ambas as partes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DALGALARRONDO, P.
Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais .
Porto Alegre: Artmed, 2008.