UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ - UVA INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ESTADUAL DO MARANHÃO ± IDEM CURSO DE PEDAGOGIA ENIDE CHRISTINE DE CARVALHO MEIRELES
4) ABORDAGEM TRIANGULAR
Nesse instante é possível que nos recordemos de nossos primeiros anos de escola e, quem sabe, daquelas aulas de artes, ou seja, onde nossas criatividades não tinham importância, eram apenas rabiscos sem lógica, por os professores não conhecerem as técnicas sistematizadas e códigos, sem levar em consideração as características próprias dos alunos. Antes do professor dá aula de arte, ele tem que está preparado pra tal função, pois o que observamos é que os professores estão ali somente para cumprir horário, não lembrando, que a arte faz parte de nossa cultura, por isso, deve ter atenção especial e também ser transmitida (expressada) de maneira educativa e contextualizada. Em sua vida cotidiana o aluno se depara com vários tipos de arte, portanto o professor deve tomar as vivências dos mesmos atuando como mediador de conhecimento para novos saberes a serem aprendidos. O professor de arte precisa saber de arte, saber apreciar e conseqüentemente saber fazer a leitura da obra e do artista, contar a história dele, os materiais usados em sua pintura, falar sobre o tema, sua técnica artística e assim fazer com que os alunos aprendam a interpretar aquela obra e até mostrar diferenças ou igualdades entre as obras expostas de uma certa época e os dias atuais. O que tem acontecido, na maioria das vezes, é que não há integração entre os conteúdos técnicos e pedagógicos. Contudo, as práticas educativas é que verdadeiramente podem determinar as ações da escola e seu comprometimento social com a transformação. O ensino, por mais simples que pareça, envolve uma atividade complexa, sendo influenciado por condições internas e externas. Diante dos fatos ocorridos foi necessário criar propostas pedagógicas no ensino da arte, visando os métodos de ensinar. Uma dessas propostas foi a ³Metodologia Triangular´ que tem como principal fundadora a professora Ana Mae Barbosa, que no início foi dita por ela que era uma metodologia do ensino de arte, porém foi acatada como esperava e analisada que a ³Metodologia Triangular´ não era uma receita, então
por volta de 1998 foi chamada de ³Proposta Triangular´. A professora Ana Mae Barbosa manifesta-se sobre essa alteração da seguinte maneira: ³Depois de anos de experimentação estamos convencidos de que a metodologia é a construção de cada professor em sala de aula e gostaríamos de ver a expressão Proposta Triangular substituir a prepotente designação Metodologia Triangular.´ (BARBOSA, 1988, p.37).
Por ser uma proposta que propicie o desenvolvimento de um olhar mais crítico, possibilitando uma leitura de mundo através da consciência histórica e da reflexão crítica sobre os momentos, as ideias, as produções do homem trabalhando sua contextualidade. A ³Proposta Triangular´ apóia-se em três pilares: a Apreciação (Leitura da Obra de Arte), a História da Arte (Contextualização), e o Fazer Artístico (Criação). Segundo Ana Mae Barbosa: ³A leitura da obra de arte de arte é enriquecida pela informação histórica e ambas partem ou desembocam no fazer artístico´. A leitura da obra entra na categoria Apreciação podendo assim fazer uma releitura da imagem, falar sobre uma pintura num outro discurso, julgando e interpretando as qualidades das obras, compreendendo os elementos e as relações estabelecidas no todo, pois não existe uma leitura única e correta sobre uma imagem, mas sempre existirão múltiplas leituras possíveis, ou seja, releitura no sentido do Fazer Artístico significa fazer a obra de novo acrescentando ou retirando informações; a História da Arte, não é apenas o estudo dos Movimentos Artísticos e seus respectivos artistas, mas também no contexto em que surgirá a releitura no Fazer Artístico, como por exemplo, a utilização de reproduções de obras de arte a serem apreciadas, ou as obras originais que se encontram nos museus, mostrar que a arte não está isolada de nosso cotidiano, de nossa história pessoal. É de fundamental importância, analisar essas experiências, principalmente quanto aos procedimentos pedagógicos, pois o que acontece são muitos equívocos quando se questiona vivências com a arte. Vale salientar que a ³Abordagem Triangular´ ao ³como fazer´, envolve, também, estratégias, a definição de objetivos, a seleção e a organização de conteúdos e também aprender a fazer, fazendo.
Segundo Ana Mae Barbosa (2002): ³Para o modernismo, dos fatores envolvidos na criati vidade o de máximo valor era a originalidade. Atualmente, a elaboração e a flexibilidade são extremamente
valorizados.
Desconstruir
para
reconstruir,
selecionar,
reelaborar, partir do conhecido e modificá-lo de acordo com o contexto e a necessidade são processos criadores, desenvolvidos pelo fazer e ver Arte, fundamentais para a sobrevivência no mundo cotidiano´. (BARBOSA, 2002, p. 18).
Portanto, as questões aqui abordadas são adotadas como diretrizes gerais para o ensino da arte, voltado para a democratização no acesso à cultura e a arte, onde a mesma abre portas por um caminho onde o impossível não existe. Neste contexto a História da Arte não tem um fim em si mesmo, como afirma a professora Ana Mae Barbosa, cabe ao professor compreender suas diretrizes. Pois é fato que a lei 5.692 não trouxe a universalidade pretendida, contudo, todo educador quer educar transmitir os seus conhecimentos para que os seus alunos estejam preparados para transmitir os seus próprios conhecimentos, esperando que esses que estão sentados nos bancos da escola atinjam o momento certo de executar suas tarefas e assim, possam ser seres realizados. No entanto, há que se considerar também que o aspecto sócio-culturais da educação proporcionada pela arte, está ligada a um contexto histórico e cultural. No Brasil, considerada muitas vezes como privilégio das elites, a arte não possui o reconhecimento devido no âmbito escolar e na sociedade. Mário de Andrade disse uma vez que a arte é: ³Um elemento vital, mas um elemento da vida´. Este tipo de discussão é, concreto e vivo, podendo ser observado, compreendido e apreciado. É preciso educar para criar na arte como na vida. A arte em geral resulta da ação do homem e seu meio, é a representação harmônica do universo, concretizado pelo homem seja através da música, desenho, pintura, interpretação, dança ou através de um simples gesto. Há uma distorção em relação à disciplina e a colocação de seus conteúdos, pois até hoje as aulas de artes são confundidas como terapia, descanso das aulas sérias, o momento da decoração, da preparação para festas, datas comemorativas, e muitas outras
posturas e ações equivocadas em torno da disciplina. Não pensamos aqui que a educação se restringe apenas à instituição escolar, acontece que um dos problemas centrais do sistema de ensino brasileiro continua sendo o seu alto grau de exclusão, e somente a partir dos estudos de Ana Mae Barbosa e outros autores foi possível compreender que, entre outros princípios, a concepção do ensino da arte está na interdisciplinaridade como conhecimento, está baseado no interculturalismo e na aprendizagem dos conhecimentos artísticos, a partir da inter-relação entre o fazer, o ler e o contextualizar arte.