A INFLUÊNCIA NEOPLATÔNICA NA TRADIÇÃO HÉRMÉTICA DE MISTÉRIOS EXCERTO DA APOSTILA DO CURSO DE FILOSOFIA OCULTA
Fernando Liguori
rie neste momento o seguinte fantasmata fantasmata na sua mente: Imagine que você caminha por um corredor longo, muito, muito longo. Ele é longo porque se estende desde a Antiguidade até os dias de hoje. Este corredor é a Tradição Hermética de Mistérios e nós podemos rastrear o início desse corredor desde a ocupação grega do Egito, quando houve uma profunda confluência de culturas, a egípcia e a helênica. Esse processo de encontro desencadeou uma profunda reflexão e reação filosófica que marcou o nascimento da Tradição Hermética. No entanto, sua gênese pode ser rastreada muito tempo antes, já com Pitágoras. 1 Mas só foi a partir de 200 d.C. que a Tradição Hermética começou a ser disseminada através de seus cânones filosófico e mágico: o C ORPUS HERMETICUM e os PAPIROS MÁGICOS GRECO-EGÍPCIOS. Este longo corredor é cheio de pequenas janelinhas como portas de sacrários nas paredes e no teto. De dentro de cada uma destas janelinhas se precipita um braço e mão. Este braço e mão que se precipita para fora da janelinha, no entanto, trata-se de uma das tradições que alimentam a Tradição Hermética, que dão a ela vida e existência desde a Antiguidade. A Tradição Hermética é uma confluência de culturas, um conjunto de práticas mágicas e místico-filosóficas demóticas (egípcias), coptas (cristãs) e gregoromanas, abarcando em seu escopo cosmovisões neoplatônicas distintas
C
1 Pitágoras
foi o grande iniciador da Civilização Ocidental. A Escola Pitagórica foi a primeira sociedade secreta nascida no Ocidente e ela influenciou todas as escolas de mistérios que o Ocidente produziu. O neoplatonismo tardio, o que inclui a escola e sistema de Jâmblico, é o ápice de uma pirâmide cujas bases estão na Tradição Pitagórica. O sistema filosófico de Jâmblico trata-se de uma elaboração do platonismo de Plotino acrescido da influência da Tradição Pitagórica e dos O RÁCULOS CALDEUS e cuja a meta consiste na transformação do homem no sentido de sua deificação, quer dizer, unificação de sua Alma, bem como a sua assimilação à ordem do cosmo. mo. É somente nestas condições que a teurgia, que é a própria ação dos deuses, deuses, pode ser executada. O homem não começa ou inicia a teurgia. Ela já ocorre o tempo todo e é a própria ordem do cosmos, um continuum com continuum com o qual o teurgo se sintoniza através sintoniza através do rito teúrgico. É um exercício litúrgico conatural a a própria condição humana e pode ser realizado por qualquer Alma encarnada e que seja sábia o suficiente para compreendê-lo. É uma Arte Mística para àqueles que não precisando de um representante representante de Deus, estão preparados para serem Sacerdotes de Sacerdotes de sua própria salvação, a unificação e unificação e iluminação da iluminação da Alma. A linhagem espiritual de Jâmblico, portanto, é muito antiga, fazendo parte de uma tradição que remonta não apenas aos O RÁCULOS CALDEUS ou a Platão, mas antes deste, deste, o próprio Empédocles e a Tradição Órfica.
como as cristãs, pagãs, árabes e judaicas. 2 Cada braço e mão, portanto, tem todo o conjunto de membros completos para dentro da dentro da janelinha, todo um corpo doutrinal, corpo doutrinal, místico, mágico e religioso a ser explorado. A teurgia neoplatônica de Jâmblico nesta perspectiva trata-se de uma dessas janelinhas que compõem o grande corredor da Tradição Hermética de Mistérios. Vamos nos debrular um pouco sobre a influência neoplatônica greco-romana na Tradição Hermética *** cultura helênica (grega) como os romanos a identificavam não se limitava as terras que compunham a Grécia apenas. Culturalmente, se não politicamente, todo o Mediterrâneo e o Mar Negro faziam parte da cultura helênica. A língua grega fora a língua do comércio e da filosofia e as ideias carregadas pela língua dos gregos penetravam profundamente todas as culturas com as quais ela se encontrava. Os valores culturais gregos de síntese, harmonia, moderação etc. por séculos foram absorvidos pelas nações vizinhas a Grécia e disseminadas do Ocidente ao Oriente na Antiguidade. Após as campanhas de conquista de Alexandre Magno no início do Séc. IV a.C., o estilo de vida e a política grega foram assumidos por muitas nações conquistadas como o Egito, Síria, Israel, Mesopotâmia e Pérsia. No escopo geral da Tradição Hermética de Mistérios a cultura grega foi responsável pela introdução de ideias inovadoras e sofisticadas, bem como a implantação de uma língua capaz de expressá-las. A tradição grega começa com os primeiros filósofos conhecidos como pré-socráticos. Eles foram também chamados de filósofos naturalistas naturalistas e se dedicavam a estudar a natureza e a cosmologia, chegando a concepção do homem e da mente. Eles analisaram e categorizaram os Elementos Fogo, Água, Ar, Terra e Éter. A Pitágoras (570-495 a.C.), mago, xamã, curandeiro e filósofo, são dadas honras e louvores por ter desenvolvido uma ciência holística que via a unidade perpassando todo o cosmos em suas múltiplas formas. O avô do epicurismo, Demócrito (460-360 a.C), afirmava que todas as coisas são constituídas de átomos materiais. A partir de Sócrates (469-399 a.C.) inicia-se o projeto da filosofia que se materializa completamente nas mãos de Platão (428-348) e Aristóteles (384-322), onde as investigações sobre a mente se aprofundaram muito além daquilo concebido anteriormente pelos pré-socráticos, além de um desenvolvimento completo da natureza da Alma humana. No entanto, o filósofo mais importante para o desenvolvimento da Tradição Hermética foi Platão, sem sombra de dúvidas. Mas tudo o que Platão disse acerca da magia (mageia ( mageia)) e que é relevante ao hermetismo trata-se de um conhecimento pitagórico. Nessa perspectiva, não apenas a filosofia rastreia suas origens em Pitágoras, mas também a magia e a Tradição Her-
A
2 Veja a sequência de instruções na
Lição 1: A Tradição Hermética de Mistérios. Mistérios .
mética. Se é em Pitágoras que rastreamos as fundações da Civilização Ocidental, concluímos que a magia está presente e faz parte consistente da gênese do Mundo Ocidental, da Tradição Hermética, da Filosofia. A magia já foi chamada de yoga de yoga do ocidente por ocidente por isso; ela constituiu a prática religiosa fundamental por meio da qual a Alma do homem ocidental podia se iluminar desde os primórdios da humanidade. Através da vivência interior das experiências que os magos e filósofos do passado experimentaram e que deram a eles sentido e direção, o mago do presente resgata a Tradição Hermética nas memórias de sua Alma. O termo tradição vem tradição vem do latim traditio que traditio que significa trazer , entregar . Ao reviver interiormente as experiências dos magos de outrora nós trazemos a trazemos a vida das profundezas de nossa Alma e da memória do Mundo a Tradição Hermética e quando ensinamos alguém no trabalho sacerdotal, seja na palavra, na ação ou na liturgia, entregamos, entregamos, transmitimos a tradição. Pitágoras nos conta a tradição, foi um iniciado nos Arcanos e Mistérios egípcios, tendo sido admitido nos colegiados de mistérios de vários templos. As tradições filosóficas que emergiram após Aristóteles, o platonismo e neoplatonismo, o estoicismo e neopitagorismo etc., aceitavam muitas ideias de Platão e Aristóteles, mas nem todas. A partir do Séc. III essas tradições, principalmente o neoplatonismo tardio, aceitavam Pitágoras não só como uma referência filosófica, mas essencialmente sacerdotal, nascendo dessa interpretação a teurgia neoplatônica de Porfírio (233-305 d.C), Jâmblico (245-325 d.C), Proclo (412-485 d.C.) e Juliano o Filósofo(330-363 d.C.). A teurgia neoplatônica influenciou profundamente a Tradição Hermética e Jâmblico, muito antes de Agrippa (1486-1535), foi o filósofo que mais influenciou a história da magia. Muitos estudiosos discordam que Pitágoras tenha sido iniciado nas escolas de mistérios egípcias porque a sua escola, a tradição pitagórica, apresentava ideias que não eram encontradas na cultura egípcia. Isso levou outros estudiosos a argumentarem que Pitágoras criou seu sistema próprio a partir dos ensinamentos que recebeu enquanto estava no Egito. Seja como for, na tradição pitagórica há um tipo de dualismo natural entre matéria e espírito. Esse dualismo natural é encontrado em tradições hindus, o que nos leva a dar algum crédito a teoria de que essa cosmovisão seja herdada de uma fonte comum entre os gregos e indianos, a cultura indo-européia 3000 anos antes. Esse dualismo natural não é encontrado entre os egípcios ou sumerianos que seguindo no caminho contrario, não viam distinção entre matéria e espírito. Na sua cosmovisão animista, espírito e matéria participam de uma mesma substância. Podemos dar crédito então a Pitágoras por ter criado a primeira escola de mistérios do Ocidente, a Escola Pitagórica, que sintetizava elementos gregos (indo-europeus) e egípcios dentro de um sistema que pudesse ser operado a partir da vontade individual de seus aderentes. Essa síntese pitagórica inclui elementos órficos transmitidos sob o prisma da visão de Pitágoras. Contudo, foi a estrutura que Platão deu ao conhecimento de Pitágoras que o
tornou duradouro até os dias de hoje. A filosofia de Platão resgata essa dualidade natural entre o reino das Formas (princípios eternos) e o Mundo Físico, um pálido reflexo dos princípios reais pelos quais ele foi modelado. O Mundo Físico pode ser mensurado pelos sentidos, mas o reino das Formas somente pode ser acessado pela Inteligência, o nous. nous. O sistema filosófico de Platão tinha o objetivo de descobrir uma maneira correta para se educar a Alma na intenção de que ela pudesse vir a conhecer os princípios eternos e, portanto, agir em acordo com eles. Essa ideia de Platão foi transmitida a inúmeras escolas de iniciação e, notavelmente, para a Tradição Hermética de Mistérios. A Tradição Hermética é rica em grandes personalidades, gigantes do passado sobre os quais nós nos debruçamos. O termo se debruçar sobre os ombros de gigantes significa gigantes significa que nós damos valor a tradição e nos baseamos no Conhecimento Arcano transmitido por esses gigantes, pensando a partir deles e garantindo assim nossa inserção na tradição. Alguns desses gigantes são personagens históricos, outros são místicos e muitos gigantes históricos ganharam com o tempo inúmeras descrições míticas. Eles são nossos ancestrais espirituais herméticos, herméticos, inpirações-guia de nossa própria senda mística e mágica. Muitos textos e papiros antigos exaltam a memória destes mestres ancestrais, invocando suas virtudes. Muitos desses textos são atribuídos a estes ancestrais como uma forma de reverenciá-los e de homenageá-los, mantendo vivas as suas memórias. Entre os gregos muitos foram gigantes da Tradição Hermética como Apolônio de Tiana (15-100 d.C.), Apuleio de Madura (125-170 d.C.), Plotino de Roma (203-270 d.C.), Porfírio de Tiro, Jâmblico de Cálcis, Juliano o Filósofo e Proclo Diádoco. Vamos passar a uma pequena análise desses ancestrais gregos da Tradição Hérmética de Mistérios. Nós veremos que todos esses ancestrais herméticos foram filósofos. Como demonstrado acima, a tradição filosófica está entrelaçada e contribuiu com a tradição hermética desde Pitágoras e a Escola Pitagórica. Mas o que se entendia por filósofo na Antiguidade tratava-se de alguém que imbuído de graça e virtude espirituais, causava profundas mudanças naqueles que estavam aptos a um estilo de vida ascético e disciplinado pelo qual conquistavam a purificação requerida para retornarem ao centro, centro, quer dizer, para que pudessem retornar a Uno. A ascese filosófica envolve o desapego das paixões e o cultivo das virtudes através de uma vida moralmente correta e digna. Essa purificação abria caminho para henosis, henosis, a experiência de unidade com o Absoluto. No entanto, o pensamento filosófico moderno se distanciou largamente da arte sacerdotal (theougia (theougia), ), o que degenerou completamente a filosofia ao longo do tempo, resultando hoje em abortos filosóficos como filosóficos como movimento revolucionário (marxismo). Essa é a razão pela qual os filósofos de hoje carecem do poder transformador da consciência. Eles são, ao contrário, engabeladores com discursos sofísticos bem intrincados e de dialética aristotélica degenerada e materialista. Damáscio (458-550 d.C.), considerado o último filósofo neoplatônico, neoplatônico, já dizia isso em vida: Eu tenho de fato conhecido alguns que são filósofos exteriormente esplêndidos em sua rica memória de
muitas teorias, em perspicaz flexibilidade de seus inúmeros argumentos, no constante poder de sua extraordinária percepção. Ainda dentro eles são pobres em assuntos da alma e eles são destituídos de verdadeiro conhecimento. conhecimento .3 O contato com um filósofo na Antiguidade tardia era uma oportunidade de extraordinária transformação espiritual. Em seu artigo, P LATONIC TANTRA, Gregory Shaw diz: As diz: As pessoas não mais vêm aos filósofos para [terem] a experiência da divina presença, para o darsham, para transformação, porque aos filósofos de hoje falta o poder de transformar . Essa palavra utilizada por Shaw, o darśan, é sânscrita e traduz-se como uma visão do divino e divino e na tradição védica ela ocorre na forma da compreensão de um conhecimento ou verdade universal. É considerada uma visão porque visão porque ela ocorre quando a Alma participa de elevados planos existenciais. Quer dizer, o contato com um filósofo garante o darśan, permitindo a Alma participar dos planos de luz e perfeição. Dessa maneira, você constatará pela breve apresentação que segue sobre estes gigantes que não se tratam de filósofos como o compreendemos nos dias de hoje. A filosofia moderna perdeu completamente essa profundidade espiritual presente nos filósofos da Antiguidade. Nosso trabalho particular, portanto, é nos debruçar sobre os ombros deles para resgatar e estar inseridos nessa tradição filosófica da Antiguidade. Para tal, nos unimos filosofia e teurgia em um só exercício místico, mágico e iniciático. A teurgia neoplatônica, que envolve ritual e prática meditativa em estilo de vida ascético e disciplinado confere o caminho para tal: a restauração da perfeição da Alma.
APOLÔNIO DE TIANA Nascido no primeiro século da era cristã, Apolônio foi filósofo e taumaturgo. Sua vida nos é conhecida através de Filolastro, que organizou sua biografia. Apolônio era um pitagórico. Isso significa que ele vivia de forma ascética e disciplinada, evitando alimento animal e retirado ao silêncio e meditação. Ele foi educado em um templo dedicado ao deus Asclépio em Aiga. Após completar seu período de educação e iniciação no templo de Asclépio,4 Apolônio de Tiana viajou a Índia onde estudou com sacerdotes brâmanes. Posteriormente ele retornou a Grécia onde começou a efetuar proezas (taumaturgia), extinguindo pragas, ressuscitado mortos e praticando fascinações mágicas. Os seus discípulos diziam que ele não morreu, mas foi arrebatado nos céus. APULEIO DE M ADURA Lúcio Apuleio foi um filósofo medio-platônico que ganhou notoriedade por sua obra, O ASNO DE OURO, mas tudo indica que ele foi um proficiente taumaturgo neoplatônico. neoplatônico. No tempo em que viveram ele e Apolônio de Ti3 Citado por Gregory Shaw no artigo
PLATONIC TANTRA. mister notar que muitos magoi na magoi na Antiguidade agiam em nome do deus Asclépio, padrinho da medicina. Como vimos nas nossas lições anteriores, esses magoi eram magoi eram paidagogos persas que praticavam ritos de cura nas cortes gregas. Para uns eram sábios, para outros feiticeiros embusteiros. Foi o caso de serem altamente criticados pela medicina hipocrática em uma tentativa de criminalizar seus ritos e feitiços de cura.
4 Faz-se
ana era perigoso ser considerado um teurgo, mago ou feiticeiro no Império Romano. Por isso a maioria deles afirmava estudar a arte, arte, no entanto, praticar a ciência. ciência. Sobre Apuleio caiu à acusação de praticar feitiçaria ( goēteia). A acusação foi feita pela família de uma viúva dez anos mais jovem do que ele. Consta que Apuleio lançou sobre a jovem viúva um feitiço para casar-se com ele. Os detalhes sobre ritos e iniciações descritos em sua obra O ASNO DE OURO demonstram que Apuleio conhecia bem as técnicas da Arte dos Magi. Ele conta a história de Lúcio, portanto é quase autobiográfica sua obra, que trata de um jovem estudante de filosofia que se lançou as práticas de magia (mageia (mageia)) e feitiçaria ( goēteia) na busca pelas chaves da autotransformação. Sua jornada lhe levou a Tessália, uma região tradicionalmente associada à prática de feitiçaria. Lá ele chegou a se envolver com uma jovem e bela bruxa chamada Pótis. Ela teria transformado Lúcio primeiro em um pássaro e depois em um asno através de sua bruxaria. A palavra utilizada para descrever bruxaria foi pharmakon, pharmakon, o que é muito interessante, pois essa palavra está diretamente associada a medicinas (bebidas medicinas (bebidas extasiantes, quer dizer, poções mágicas, unguentos etc.), indicando a natureza da experiência. Ela lhe diz para comer algumas rosas para que pudesse voltar à forma humana, no entanto, ele teve muitos outros problemas para retomá-la até que a deusa Ísis interveio em sua ajuda. Após esse episódio, Lúcio foi iniciado no culto de mistérios de Ísis.
PLOTINO DE ROMA Porfírio de Tiro foi discípulo de Plotino. No início de sua obra, A VIDA DE PLOTINO, ele descreve o mestre como uma Alma envergonhada de viver encarnada na matéria. Mas não vergonha entendida como desprezo. Plotino compreendia a incompletude da Alma humana na condição de encarnada na matéria. Para Plotino a encarnação da Alma ou condição humana trata-se apenas da imagem de uma imagem, imagem , por isso ele não deixava pintar ou esculpir sua forma encarnada. Nascido em Licópolis, sua vida foi marcada por austeridade, renúncia e ascetismo. Aos vinte e oito anos, cansado e desanimado com os professores de Alexandria, Plotino começou a frequentar as aulas de um filósofo discreto, Amônio Sacas (175-242 d.C.), precursor e iniciador da tradição filosófica neopltônica. Plotino permaneceu com Amônio por onze anos, até ter a oportunidade de viajar ao Oriente para aprender lá a filosofia dos persas e dos hindus como complemento ou coroação da filosofia que aprendera com Amônio. Para tal, Plotino embarcou em uma jornada com o Imperador Gordiano (225-244 d.C.) em sua marcha contra os persas. No entanto, o imperador foi assassinado e Plotino teve de se refugiar em Antioquia, tendo visto a morte bem de perto. Impossibilitado de permanecer em rota para o Oriente, ele decidiu abrir uma escola em Roma, capital do Império.
Porfírio descreve Plotino com uma mente altamente concentrada e o poder da clarividência, no entanto, exageradamente impaciente devido a problemas na visão, o que dificultava ler e corrigir o que escrevia. Para evitá-lo, diz Porfírio que Plotino ordenava suas ideias de tal maneira a escrevê-las de uma só vez, sem pausas ou interrupções. Foi Porfírio que organizou a obra de Plotino, hoje conhecidas como E NÉADAS:
Enéada I: I.1. O que é o animal e o que é o homem I.2. Sobre as virtudes I.3. Sobre a dialética I.4. Sobre a felicidade I.5. Se a felicidade aumenta com o tempo I.6. Sobre a beleza I.7. Sobre o bem primário e os outros bens I.8. Sobre os males e de onde provêm I.9. Sobre o suicídio Enéada II: II.1. Sobre o cosmos II.2. Sobre a rotação celeste II.3. Sobre a influência dos astros II.4. Sobre a matéria II.5. Sobre o que está em potência e o que está em ato II.6. Sobre a qualidade e a forma II.7. Sobre a compenetração total II.8. De II.8. De como asa coisas vistas de longe parecem pequenas II.9. Contra os gnósticos Enéada III: III.1. Sobre a fatalidade III.2. Sobre a providência – Livro 1 III.3. Sobre a providência – Livro 2 III.4. Sobre o daimon III.5. Sobre o amor III.6. Sobre a impassibilidade das coisas incorpóreas III.7. Sobre a eternidade e o tempo III.8. Sobre a natureza, a contemplação e o Uno III.9. Miscelênia Enéada IV: IV.1. Sobre a essência da alma – Livro 1 IV.2. Sobre a essência da alma – Livro 2 IV.3. Problemas acerca da alma – Livro 1 IV.4. Problemas acerca da alma – Livro 2
IV.5. Problemas acerca da alma – Livro 3 IV.6. Sobre a percepção e a memória IV.7. Sobre a imortalidade da alma IV.8. Sobre a descida da alma aos corpos IV.9. Se todas as almas são uma só
Enéada V: V.1. Sobre as três Hipóstases principais V.2. Sobre a gênese dos posteriores ao primeiro V.3. Sobre as Hipóstases cognitivas e sobre o que está além V.4. Sobre de que maneira o posterior ao Primeiro procede do Primeiro. Sobre o Uno V.5. Que os inteligíveis não estão fora da Inteligência. Sobre o Bem V.6. O que está mais além do Ente não pensa V.7. Se existe Formas dos indivíduos V.8. Sobre a beleza inteligível V.9. Sobre as Inteligências, as Ideias e o Ser Enéada VI: VI.1. Sobre os Gêneros do ser – Livro 1 VI.2. Sobre os Gêneros do ser – Livro 2 VI.3. Sobre os Gêneros do ser – Livro 3 VI.4. Sobre o Ente, uno e o mesmo, está em todas as partes – Livro 1 VI.5. Sobre o Ente, uno e o mesmo, está em todas as partes – Livro 2 VI.6. Sobre os números VI.7. Como existe multiplicidade de ideias. Sobre o Bem VI.8. Sobre o voluntário e sobre a vontade do Uno VI.9. Sobre o Bem ou o Uno Porfírio organizou as E NÉADAS por assunto, não por data ou na ordem que foram escritas. No estudo deste cânone neoplatônico, podemos entender assim: a perfeita ordenação que parte do homem (ENÉADA I) passa pelo mundo sensível (ENÉADAS II e III) chega à Alma (ENÉADA IV), ascende à Inteligência (ENÉADA V) e culmina no Uno ou Bem (E NÉADA VI). Um traço marcante da obra de Plotino é a assimilação que faz de doutrinas platônicas, aristotélicas e estoicas. Nós veremos com mais detalhes na segunda parte desta lição a henologia cosmológica cosmológica de Plotino. Plotino tem importância no fato de que foi um dos filósofos mais importantes depois de Sócrates (469-399 a.C.), Platão (428-348 a.C) e Aristóteles (384-322 a.C.). Seu pensamento era essencialmente místico, silencioso, contemplativo e meditativo. Seu método era aquele mesmo de Platão, a dialética entendida originalmente no sentido metafísico e ontológico, não no sentido lógico-metodológico aristotélico ou no sentido estoico. Em Platão, a dialética não se tratava de um método, mas de um estilo de vida cuja finalidade era libertar a Alma humano do cativeiro no mundo da
geração, elevando-a a uma condição incondicionada. Essa dialética platônica coinsiste de duas etapas: a primeira em transcender o sensível em direção ao inteligível; a segunda em ascender paulatinamente até o último plano inteligível. Se Amônio Sacas foi o precursor do neoplatonismo, foi Plotino que cristalizou sua filosofia, influenciando profundamente o pensamento de dois filósofos fundamentais e que muito contribuíram para Tradição Hermética de Mistérios, a saber, Jâmblico e Proclo.
PORFÍRIO DE TIRO Por muito tempo, Porfírio foi pouquíssimo valorizado como pensador e filósofo, tendo sido considerado por muitos estudiosos apenas um erudito divulgador do sistema e concepções de Plotino. No entanto, isso vem mudando com o tempo. As novas pesquisas sobre ele demonstram um filósofo profundamente interessado em metafísica, cosmologia e ritos de iniciação, pelo menos no início de sua carreira. Se o Ser, a Vida e a Inteligência em Plotino são características essenciais do Espírito, em Porfírio elas se tornam hipóstases. Instigado pelos arcanos teúrgicos dos Oráculos Caldeus e pela metafísica de Plotino, Porfírio construiu um intricado sistema: Pai ou Substância [o Uno] Vida [Potência] Inteligência
Substância Vida [Potência] Inteligência Substância Vida [Potência] Inteligência Substância Vida [Potência] Inteligência
Como veremos na segunda parte dessa lição, onde poderemos nos debruçar sobre a cosmologia e metafísica dos principais filósofos neoplatônicos, neoplatônicos, o sistema de Porfírio é tão erudito e elegante quanto o sistema de Plotino. Nosso filósofo nasceu em 233 d.C. em Tiro, na Fenícia, com o nome de Malco. Em Alexandria foi aluno do gramático Apolônio, que viveu e morreu no Séc. II, e de um reitor romano chamado Minuciano que também viveu e morreu no Séc. II. Em Atenas, Malco estudou com Cássio Longino (213-273), que também fora aluno de Amônio Sacas. Foi Cássio que verteu seu nome sírio, Malco, para sua versão grega, Porfírio. Também foi Cássio o responsável por encaminhar Porfírio para estudar diretamente com Plotino, por volta de 263 d.C. Como editor, Porfírio organizou as E NÉADAS de Plotino. Como comentador, interpretou a descrição da Gruta das Ninfas que Ninfas que se lê no Livro XIII da ODISSÉIA de Homero, de modo que descobriu mais que alegorias físicas e éticas estoicas, mas também os símbolos místicos dos pitagóricos. Todas
essas camadas de ensinamentos já estavam presentes na filosofia de Amônio Sacas, mestre de Plotino e Cássio Longino. Como escritor Porfírio escreveu SOBRE A ABSTINÊNCIA DE CARNE , onde aconselha o vegetarianismo praticado pelos pitagóricos e C ONTRA OS CRISTÃOS , em que apregoa o culto dos deuses. Se foi em Pitágoras e Platão que Porfírio buscou inspiração para uma vida de filosofia, foi em Aristóteles que ele buscou inspiração para lógica. Ele teceu dois comentários sobre às C ATEGORIAS de Aristóteles mo Órganon, sendo eles: A EXPOSIÇÃO DAS CATEGORIAS DE ARISTÓTELES POR INTERROGAÇÃO E RESPOSTA e o ISAGOGE. Esses comentários foram uma resposta direta a Plotino, que havia depreciado essa parte da obra de Aristóteles em detrimento de Platão acerca dos gêneros do ser. A intenção de Porfírio era harmonizar a doutrina lógica – material – de Aristóteles com a doutrina teológica – espiritual – de Platão. Existem outras obras atribuídas a Porfírio como o C ONHECE A TI MESMO que ele teria dedicado a seu aluno, Jâmblico. Alguns pesquisadores relutam em crer que essa e outras obras foram realmente escritas por Pofírio, mas existe um consenso que sim. Como veremos a seguir, a reforma que Jâmblico propunha no neoplatonismo de Plotino incomodava profundamente Porfírio. Quando visitou Nicomédia para tratar dos interesses dos gregos, quer dizer, impedir o avanço do cristianismo, Porfírio exaltou os cultos de mistérios, a tradição órfica, a astrologia e a teurgia com seu culto a imagens e sacrifícios. No entanto, ele atribuía os resultados da prática da teurgia apenas efeitos parciais no caminho da henosis ou henosis ou união com o divino. A defesa que Porfírio fez da teurgia foi feita apenas como uma apologia ao exercício da religião pagã. Sua intenção era proteger a história da cultura greco-romana já bem fundamentada e estruturada em uma antiga tradição, daí sua luta contra os cristãos. No entanto, ele não considerava a teurgia como um exercício adequado a sua própria filosofia. Para Porfírio, a experiência máxima da união neoplatônica com o divino transcendente só poderia ocorrer verdadeiramente pela ascese espiritual. Tecnicamente, Plotino e Porfírio conviviam bem com uma harmonia encontrada entre a tradição filosófica e a religião pagã romana. Mas Jâmblico foi por outro caminho, introduzindo na filosofia o exercício de práticas místico-helênicas.
J ÂMBLICO DE C ÁLCIS Jâmblico foi um reformador! Como filósofo ele soube avaliar com precisão os problemas de seu tempo, oferecendo ao paganismo e a filosofia helênica uma saída lúcida a prática religiosa politeísta politeísta que na sua época passava por uma perseguição radical do cristianismo que se espalhava como fogo no território de palha do Mediterrâneo desde o Séc. I d.C. Foi a reforma que Jâmblico fez no politeísmo pagão que possibilitou uma intricada classificação de criaturas espirituais jamais vista até então. Ao revisar e reformar a ontologia neoplatônica, Jâmblico abriu caminho para futuros filósofos e escolas de mistérios classificarem e estruturarem cosmologias distintas. Jâmblico influenciou profundamente a Tradição Hermética de
Mistérios. Antes de Cornélio Agrippa (1486-1535) no fim da Idade Média, ele foi o responsável por uma síntese que mudaria completamente a história da filosofia e da magia. Jâmblico nasceu em Cálcis, na Síria, em meados do Séc. III d.C. 5 No seu tempo o centro de furor intelectual era Alexandria e nada mais natural a um intelectual sírio helenizado buscar seus primeiros professores no âmago deste furor. Antes de se encontrar com a filosofia neoplatônica, ele estudou filosofia neopitagórica em Alexandria. Jâmblico foi um profundo admirador da filosofia pitagórica, influenciado sobretudo por Nicômaco de Gerada (60-120 d.C.) e isso formou profundamente o seu pensamento. Sua obra conta uma coleção de dez tratados sobre pitagorismo, alguns deles perdidos, outros em fragmentos e apenas dois completos sobreviveram. Em Alexandria ele também estudou aristotelismo na escola do peripatético Anatólio (falecido em 283 d.C.), um cristão que veio a se tornar bispo de Laodiceia. 6 Posteriormente Jâmblico procurou Porfírio de Tiro que fora aluno de Plotino para estudar neoplatonismo, enviado por Anatólio. 7 Foi Porfírio quem introduziu Jâmblico na metafísica neoplatônica, o que foi decisivo para formação de sua filosofia. Inicialmente, o encontro entre os dois foi promissor, fato comprovado por Porfírio ter dedicado sua obra CONHECE A TI MESMO a Jâmblico. Mas essa relação entre os filósofos logo se degradou devido às profundas divergências entre eles. O maior desacordo entre os filósofos foi devido a interpretação e avaliação da relação entre filosofia e a prática ritualística pagã e religiosa, em particular, a teurgia. A divergência entre ambos foi tão profunda que em pouco tempo eles se separaram e Jâmblico não tomou apenas uma postura crítica a Porfírio, mas essencialmente hostil. O seu D E MYSTERIIS foi escrito para refutar a argumentação de Porfírio contra a teurgia e em seus comentários sobre o TIMEU de Platão, Jâmblico cita Porfírio trinta e duas vezes. Delas, vinte e cinco vezes em desacordo a Porfírio e em linguagem bem pejorativa.8 Jâmblico chega a acusar Porfírio de barbaresca vanglória. vanglória.9 A crítica de Porfírio a religiosidade helênica e a prática da teurgia coroaram a obra de Jâmblico, pois ela foi fundamental a inspiração e concepção de sua escola neoplatônica de filosofia e teurgia na Síria no início do Séc. IV. O novo olhar de Jâmblico sobre o neoplatonismo e o politeísmo religioso encontrava singela sincronia no homem helenizado de seu tempo, que ansiava tanto por um aprofundamento filosófico quanto por uma prática religiosa pagã lucidamente fundamentada. Olimpiodoro (495-570), um dos últimos filósofos pagãos a ensinar na escola de Alexandria no Séc. VI 5 A
datação de seu nascimento e morte é altamente controversa entre os estudiosos mais especializados por conta de informações que hoje nos chegam sobre o casamento de sua filha. 6 Hoje é aceito entre alguns pesquisadores pesquisadores que este professor de Jâmblico, Anatólio, não seria de fato o peripatético, mas um aluno de Porfírio de Tiro. Não parece verossímil visto o denso e carregado material aristotélico encontrado na obra de Jâmblico. 7 Provavelmente Porfírio e Anatólio se conheceram por volta de 250 d.C. (a data é incerta) em Alexandria. Porfírio teria dedicado a Anatólio o seu escrito Q UESTÕES HOMÉRICAS. 8 Veja John Dillon, I AMBLICHI CHALDENSIS. 9 Giovanni Reale, P LOTINO E O NEOPLATONISMO, p. 151.
d.C., em seu comentário ao FEDRO de Platão exalta as diferenças na a interpretação de Jâmblico – e de Siriano (falecido em 437 d.C.) e Proclo que seguiram Jâmblico – em detrimento das interpretações de Plotino e Porfírio. Ele diz: Alguns diz: Alguns põem em primeiro lugar a filosofia, como Plotino, Porfírio e muitos outros filósofos; outros, porém, põem em primeiro lugar a arte sacerdotal como Jâmblico, Siriano e Proclo. Proclo.10 O destaque dado a Jâmblico reside no fato dele saber interpretar os problemas dos pagãos letrados de seu tempo, encontrando saídas promissoras a justificativa religiosa politeísta do paganismo helênico, que sedento estava por ritos soteriológicos de aplacação de deuses e daimones. daimones. Enquanto Plotino se preocupou em criticar os gnósticos e Porfírio em criticar os cristãos, Jâmblico optou por não criticar ninguém, se limitando apenas a expor lúcida e positivamente o paganismo helênico em sua forma greco-síria. Para fazê-lo com eficiência Jâmblico precisava apresentar uma rigorosa fundamentação teórica; era preciso refundamentar e reestruturar em níveis conceituais todo o politeísmo da última fase da cultura helênica. Para resolver essa questão Jâmblico buscou na ontologia neoplatônica, estimulado sobretudo a partir dos O RÁCULOS CALDEUS, toda fundamentação para o politeísmo. O apego à teurgia pelo paganismo popular e filosofia helênica tardia foi o ponto significativo que possibilitou Jâmblico fazer sua reinterpretação e síntese. O Logos era Logos era julgado insuficiente para garantir os fins últimos da matéria, sendo para isso importante a intervenção dos deuses propícios. O que jâmblico fez foi possibilitar uma comunhão entre a mística filosófica e a transcendência fecunda da adoração ritualística. Nos termos do yoga hindu, um casamento entre o jñāna e o bhakti. bhakti. Em seu DE MYSTERIIS, Jâmblico refuta Porfírio apresentando a teurgia como um exercício litúrgico metarracional: através ações rituais, amuletos, estatuetas, pedras, ervas e nomes bárbaros torna-se possível acessar os deuses dos planos inteligível e intelectual de luz e perfeição e comungar de suas virtudes. Ele diz: Não é o pensamento que une os teurgos aos Deuses; já que, em tal caso, o que poderia impedir os filósofos teóricos de alcançar a união teúrgica com os Deuses? Mas a verdade não é essa. A união teúrgica é produzida com o cumprimento de ações inefáveis que agem acima de toda possibilidade de compreensão da inteligência e do poder dos símbolos inefáveis, compreensíveis somente aos Deuses. Por isso não é com o pensamento que realizamos aquelas obras. 11
Essa passagem não apenas nos indica que a teurgia pode nos levar a um nível de união com o divino transcendente em que as construções filosóficas não podem e revela também a distância entre a interpretação neoplatônica de Plotino e Porfírio por um lado e Jâmblico e Proclo por outro. A argumentação de Jâmblico seguindo esse caminho joga por terra os argu10 Citado em Giovanni Reale, P LOTINO E O 11 Jâmblico, DE MYSTERIIS, 2, 11.
NEOPLATONISMO, p. 159.
mentos de Porfírio, demonstrando que a teurgia é uma atividade que está muito além da especulação, razão e inteligência, não podendo ser mensurada e muito menos compreendida através do exercício filosófico apenas. Mas não é a prática da teurgia que leva o teurgo até os planos de luz e perfeição dos deuses. Isso reforçaria os argumentos de Porfírio, demonstrando a impassibilidade comprometida dos deuses. Ao invés disso é o poder divino que desce como graça sobre os teurgos. Jâmblico diz que durante a teurgia o teurgo se veste com a capa dos deuses. Este poder divino que desce como graça sobre o teurgo, por outro lado, liberta-o do reino da geração, reconduzindo sua Alma as moradas das virtudes e dos deuses. Isso é uma comprovação daquilo que gosto sempre de repetir: não é o teurgo que inicia a teurgia; ao contrário, ele apenas participa da teurgia dos deuses em operação no movimento do cosmos. Isso significa que a teurgia é uma iniciativa dos deuses mais do que dos homens. Pierre Hadot esclarece esse ponto de maneira incontestável nas seguintes palavras: Se pudéssemos obter a união perfeita com os Deuses por meio m eio da contemplação, então seria por nossas forças que alcançaríamos o divino. Os Deuses seriam movidos, então, por seres inferiores. Ao contrário, se eles mesmos escolhem as práticas, incompreensíveis aos homens, mediante as quais podemos esperar nos unir a eles, então eles permanecem imóveis em si mesmos e mantêm a iniciativa.12
Então Jâmblico nega definitivamente as alegações de Plotino que dizia ser possível conquistar por esforço próprio a união com o Bem. Para Jâmblico J âmblico isso era uma impossibilidade. São os deuses que derramam sobre o teurgo suas virtudes de luz e perfeição. E dessa reforma de Jâmblico os cristãos copiaram a recepção da graça divina através dos sacramentos litúrgicos. Na união com o Bem Jâmblico dizia que três tipos de virtudes se derramavam sobre o teurgo: as virtudes hieráticas, as virtudes sacerdotais e as virtudes teúrgicas. Isso demonstra que a prática da teurgia estava intrinsecamente conectada a ética de Jâmblico. E qual a importância disso? Algo de fundamental no sistema de Jamblico: a Alma humana é envolta em um corpo etérico de luz chamado de ochēma. Este corpo de luz está fadado a permanecer após a morte perdido na região sublunar. Para evitar isso, a teurgia possibilita este corpo de luz a receber as virtudes hieráticas dos deuses hipercósmicos, sendo estas as únicas que possibilitam uma união permanente com o Bem e iluminação da Alma, constituindo por esse motivo uma purificação tão poderosa na estrutura da Alma que ela tornava-se pura, equivalente a Alma dos anjos e arcanjos. Porfírio escreveu uma epístola chamada Carta a Anebo. Anebo. Nela ele questiona um aluno da escola neoplatônica síria de Jâmblico acerca da prática da teurgia, a qualidade dos qualidade dos deuses e suas concepções das hipóstases de Plotino. O tom de Porfírio é de pura incredulidade a prática da teurgia, seus ritos, iniciações e sacrifícios, bem como o conteúdo filosófico da es12 Pierre Hadot, O que é F ILOSOFIA ANTIGA?, p. 281.
cola. Mas quem responde a carta é o próprio Jâmblico. O texto dessa resposta é o que nos chegou com o nome D E MYSTERIIS, rebatizado por Marsílio Ficino (1433-1499) na Idade Média. Em sua resposta a Porfírio, Jâmblico disserta sobre filosofia, teologia e teurgia. O tom de Jâmblico é o de um theios ànēr , quer dizer, um homem divino, investido da autoridade de um sacerdote egípcio na persona na persona de de Abamon, podendo dessa maneira discorrer livremente sobre metafísica neoplatônica, teologia egípcia e ritos teúrgicos de sacrifício aos deuses. As preocupações de Jâmblico iam muito além de especulações filosóficas. Em sua resposta a Porfírio ele demonstrou estar profundamente preocupado com a manutenção dos costumes helênicos, propondo uma reforma na tradição pagã, uma reforma que pudesse fazer frente aos avanços do cristianismo. cristianismo. Jâmblico viveu em um período conturbado. O Séc. III d.C. foi o palco de disputas e perseguições religiosas. A ordem social estava completamente abalada por conta da crise política; as estruturas do Império estavam carcomidas por conta das dificuldades na sua organização dinástica. As fronteiras do Império eram invadidas ao Norte por legiões de bárbaros. Por outro lado, o cristianismo estava em franca expansão tanto no Ocidente quanto no Oriente. A resposta de Jâmblico a Porfírio é fruto direto de toda essa tensão e inquietação espiritual entre os Sécs. III e IV, quando a expectativa da sociedade helênico-romana pagã estava completamente degradadas e apolítica imperial indicava uma mudança drástica no senso religioso e cultural. Dessa maneira Jâmblico demonstrou que ainda era possível reestabelecer à ordem no cosmos. Sua resposta foi uma síntese das tradições helênicas. No meu livro A CONVERSAÇÃO COM O SAGRADO ANJO GUARDIÃO eu havia dito que Roma caiu quando trocou a piedade aos deuses pela tradição cristã. Vamos nos lembrar que até aquele momento o Império Romano e seu poder político havia se estabelecido com a ajuda de intelectuais, muitos deles neoplatônicos que se preocupavam com a manutenção da ordem cósmica sancionada pela autoridade dos próprios deuses. O cristianismo representou um novo paradigma ideológico que buscou conquistar e massacrou a piedade helênica pagã. Como vimos acima, diferente de Plotino e Porfírio, Jâmblico preferiu não atacar de frente o cristianismo. Ao contrário, ele procurou preservar e demonstrar como a cultura helênica e a piedade aos deuses consistiam práticas ainda mais eficazes as necessidades do homem grego. E sua metafísica foi tão intricada que ela não só mudou a forma de pensar o neoplatonismo por mais dois séculos, mas influenciou profundamente o cristianismo e o islamismo. Ao aproximar a filosofia da religiosidade soteriológica pagã, Jâmblico infundiu um novo fôlego no paganismo helênico, oferecendo um meio termo para salvação da Alma: um caminho entre o ascetismo místico de Plotino e Porfírio e os ritos hieráticos da religião pagã. A conquista última de um filósofo neoplatônico é a união com o Bem em uma experiência
transcendental conhecida como henosis. henosis. No sistema de Plotino e Porfírio essa experiência espiritual era puramente vivenciada através do método meditativo-contemplativo no trabalho do Logos. Logos. Mas a conquista desta experiência trata-se de um trabalho penoso. Porfírio escreveu que Plotino só alcançou a henosis apenas henosis apenas quatro vezes no curso de sua vida e que ele mesmo apenas uma vez, já com sessenta e oito anos. A escola de Jâmblico oferecia uma alternativa mais rápida: a teurgia. A henosis não henosis não precisaria apenas ser buscada no trabalho com o Logos, Logos, mas também através de ritos teúrgicos que utilizavam pedras, ervas, fragrâncias, imagens, encantamentos mágicos, sacrifícios de sangue e invocações aos deuses. Através da teurgia era possível alcançar a henosis sem henosis sem a necessidade de um processo severo de ascetismo e renúncia. Como veremos na segunda parte dessa lição, Jâmblico substituiu a metaontologia hipostática de Plotino por uma coesa estrutura hierárquica onde estão organizados deuses, anjos, daimones e daimones e Almas em uma nova e avançada teologia avançada teologia neoplatônica. O contato com essas criaturas espirituais através dos ritos hieráticos da teurgia permite a Alma purificar-se, enriquecer-se e ascender aos planos de luz e perfeição para se unir ao Bem.
JULIANO O FILÓSOFO Flavius Claudius Iulianus Augustus, também conhecido como Juliano o Filósofo, foi o último imperador do Império Romano que publicamente seguiu o helenismo, a religião do mundo greco-romano. Ele era um homem de ascendência ilírio-greco-romana e governou como o que pode ser descrito um Rei Filósofo, Filósofo, similar a regência de Marco Aurélio (121-180 d.C.). Juliano foi uma figura altamente controversa na história política e religiosa do Império Romano. Sua fama e sucesso estão ligados à sua tentativa – primeiro como governador das Gálias e depois como Imperador de Roma – de reviver o espírito do helenismo. Ele nasceu em 332 d.C e em 355 aos vinte e quatro anos recebeu o título de César para, em 361, ser elevado ao posto supremo da hierarquia romana, o cargo de Imperador. Durou muito pouco; em 363 ele foi brutalmente assassinado em batalha. Por razões ligadas às circunstâncias de sua vida, Juliano não compreendeu bem o cristianismo e as causas que levaram ao seu sucesso. Ele disse: Parece-me oportuno expor aqui a todos as razões pelas quais me convenci de que a doutrina sectária dos galileus é uma invenção forjada pela malícia humana. Não tendo nada de divino e explorando a parte irracional de nossa alma, inclinada ao fabuloso e ao pueril, conseguiu fazer passar por verdade um amontoado de ficções monstruosas.13 Aluno de Máximo de Éfeso (310-362 d.C.), filósofo neoplatônico e um hábil teurgo reconhecidamente taumaturgo, Juliano buscou em Jâmblico a saída: Consegue-me todos os livros de Jâmblico sobre o meu homônimo [Juliano o Teurgo]. [...] Tenho uma paixão louca por Jâmblico em filosofia e pe13 Juliano, CONTRA OS CRISTÃOS .
lo meu homônimo em teosofia, e julgo que os outros não são nada em com paração a esses. esses.14 Embora deveras criticado pelos historiadores da filosofia que alegam que ele é que foi insano ao se aproximar da teurgia, seus esforços foram bem recebidos pela população greco-romana que ainda estavam em processo de reeducação cultural. Um herege para igreja, mas um salvador para os pagãos, Juliano gozou de muita popularidade em reestabelecer o paganismo helênico na cultura greco-romana. Para fazer o resgate da tradição helênica, Juliano buscou nas províncias de Roma sacerdotes da antiga fé. Embora já houvesse sacerdotes na sociedade romana, a ordem hierárquica estrita ou a coerência organizacional eram mínimas, na melhor das hipóteses. Muito do sacerdócio de Juliano foi construído em redes bem estabelecidas e pré-existentes de sacerdócios provinciais herdados da Antiguidade, mas com o objetivo de criar uma hierarquia muito mais unificada. Ser um membro do sacerdócio de Juliano era muitas vezes uma mera ocupação de meio período, e até mesmo o que pode ser considerado o ofício mais importante, o Pontifex Maximus, Maximus, frequentemente desempenhava suas funções paralelamente às suas responsabilidades políticas. O Ponti fex Maximus foi Maximus foi encarregado de questões religiosas como chefe da organização religiosa endossada pelo Estado, e seria o único a nomear os altos sacerdotes provinciais. Estes altos sacerdotes estariam encarregados dos assuntos religiosos de cada província, tendo a capacidade de nomear e administrar seus próprios sacerdotes sob sua autoridade. Para esta posição, Juliano escreveu: As escreveu: As qualidades que são apropriadas para um sacerdote neste alto cargo são, em primeiro lugar, a justiça, a bondade e benevolência para com aqueles que merecem ser tratados assim. Qualquer sacerdote que se comporte injustamente a seus semelhantes e impiamente contra os Deuses, ou seja arrogante, deve receber uma advertência ou ser repreendido com grande severidade. severidade.15 A reforma de Juliano introduziu uma ênfase na piedade pessoal dos sacerdotes, que deveriam evitar lugares de má reputação, viver em isolamento e serem diligentes em honrar os deuses. Em vez de se entregarem à vida na cidade, eles eram encorajados a se retirar nos templos. Esperavase que os sacerdotes organizassem obras de filantropia e tivessem o cuidado de manter suas vestes sacerdotais limpas. Tudo era uma mistura de rituais tradicionais, mito e crença com a vida interior platônica que Jâmblico tanto havia defendido décadas antes. Mas o fato de que Juliano enfatizou a devoção interior ao invés da proeminência na vida pública como a qualificação central para o ofício sacerdotal, é o que fez essa reforma verdadeiramente diferenciar-se do antigo sacerdócio e, em vez disso, assemelhar-se ao sacerdócio cristão. A reforma helênica de Juliano tornou-se uma religião politeísta, mas também assumia formas panteísta e monista. 14 Juliano, EPÍSTOLAS, 12. 15 Juliano, EPÍSTOLAS, 26.
Sua estrutura interior era neoplatônica, notavelmente derivada da reforma de Jâmblico. Os sacerdotes deveriam ser educados na filosofia dos grandes filósofos da Antiguidade, viverem de maneira ascética e manterem a piedade aos deuses.
PROCLO DIÁDOCO Da mesma maneira que Porfírio se encarregou de escrever sobre a vida de seu mestre, Plotino, Marino de Nápoles, nascido por volta de 440 d.C., se encarregou de escrever sobre a vida de seu mestre, o último dos grandes neoplatônicos tardios, Proclo Diadoco. A afeição, carinho e cuidado com que escreve sobre a vida de Proclo o descreve como uma criatura quase mítica, um santo. O que é inequívoco, pois além de mencionado por Marino é citado por outros autores como Martano no seu V IE DE PROCLUS, nosso filósofo viveu um estrito código de conduta baseado nas virtudes. Ele diz: O exercício de um filósofo neoplatônico é aquele das virtudes. É o cultivo das virtudes que lhe confere união com o Bem. Ora, não seria estranho partici par da companhia do Bem sem compartilhar de suas virtudes? Não seria estranho um participante da mais alta graça ser um homem moralmente corrupto? Proclo era um homem de virtudes, físicas, morais e políticas. políticas. Proclo nasceu em Bizâncio em 412 d.C. e morreu em 485 em Atenas. Quando jovem, era possuidor de uma mente profunda e inquiridora, por isso teve uma educação de alto nível. Estudou gramática na Lícia e retórica, latim e direito em Alexandria. Logo que terminou seus estudos de matemática e filosofia aristotélica em Bizâncio, decidiu conhecer as escolas de Atenas após uma espécie de epifania com a deusa Minerva. Aos dezessete anos Proclo foi aceito na casa de Plutarco (350-432 d.C.), um filósofo neoplatônico que dirigia uma escola em Atenas, a Academia Platônica, no início do Séc. V. Proclo permaneceu ao lado do mestre até a sua morte, quando o sucedeu como líder da Academia. Sob a instrução de Plutarco, Proclo estudo Aristóteles, Platão, orfismo e foi iniciado na tradição dos ORÁCULOS CALDEUS. Como Plotino, Proclo gozava de boa influência, aconselhava políticos, militares e pessoas comuns sobre várias questões, principalmente aquelas de justiça. Sua presença nos relata Marino, causava temperança em todos que o cercavam. Marino também conta que Proclo escreveu intensamente até os setenta anos, quando já não tinha mais tanta disposição. Sua catalogação pode ser dividida como: 1. Comentários: Na Academia de Atenas as obras de Aristóteles serviam como introdução ao pensamento platônico. Proclo produziu extensos comentários às obras de Aristóteles e Porfírio, este último servindo de introdução à lógica. Nada desse material sobreviveu. Ele também fez comentários aos principais diálogos de Platão. 2. Tratados ocasionais: Sobre a providência; providência; Carta a Aristócles; Aristócles; Dez problemas sobre a providência; providência; Para purificar a doutrina de Platão; Platão ;
Dezoito argumentos sobre a eternidade do mundo contra os cristãos; cristãos ; Sobre a existência do mal ; Sobre as três mônadas (Verdade, Bondade, Proporção). Proporção). 3. Manuais para iniciantes: Introdução a filosofia de Platão; Platão; Introdução geral a filosofia de Aristóteles; Aristóteles; Introdução a Isagoge de Porfírio. Porfírio. Euclides; Elementos da física e 4. Tratados sistemáticos: Elementos de Euclides; Elementos da teologia; teologia; Elementos da teologia platônica. platônica. 5. Matemática e astronomia: Comentário sobre o Livro I dos Elementos de Euclides; Euclides; Esboço sobre a teoria astronômica. astronômica. caldeus; Sobre o sacrifício e a magia; magia ; 6. Tratados teúrgicos: Filosofia dos caldeus; Arte hierática. hierática. 7. Hinos: Sete hinos ao todo. A filosofia de Proclo é uma síntese de toda tradição espiritual grega: da filosofia à poesia; da religião popular à tradição de mistérios; dos mitos às crenças de fé. Toda a cultura helênica como veio a configurar-se na era imperial era objeto de estudo e reaplicação filosófica. Em cada aspecto da cultura helênica Proclo encontrava uma revelação sagrada. Entendemos então que se trata de uma filosofia refinada com alto grau de aplicação no dia-a-dia. Para Proclo três são os caminhos para a verdade: a filosofia, o mito e a fé. Através da filosofia o homem pode ser conduzido ao Absoluto por meio da razão, o próprio Logos. Logos. Além da razão a Alma é dotada com a fantasia. Através do mito, quer dizer, suas contradições, a fantasia pode levar a transcendência no Absoluto. O mito impele a Alma a transcender a razão em um arrebatamento pelo qual ela experimenta a verdade. Mas é por meio da fé que a Alma se une completamente ao Absoluto. Essa união não é apenas entre a Alma e o Bem, mas entre todos os deuses, a Alma e o Bem. Uma união que une a Alma não só ao Bem, mas tudo o que participa das virtudes do Bem, os heróis, daimones e daimones e todo o cosmos. Para Proclo a fé é uma virtude teúrgica, teúrgica, pois ela proporciona a união metarracional com o divino. O sistema de Proclo se estabelecia sobre esses três pilares. Com o estudo e comentário das obras de Aristóteles e Platão, exercitava-se a razão (Logos); Logos); com estudo e comentário das obras de poetas e dramaturgos (Homero, Hesíodo, Orfeu etc.), bem como da teologia grega e de outros povos, exercitava-se a fantasia; com o exercício da teurgia exercitava-se a fé. Como podemos ver, trata-se do mesmo programa de Jâmblico. A virtude teúrgica é teúrgica é a mais cobiçada na cobiçada na filosofia de Proclo, pois ela é a potencia que pode unir definitivamente a Alma ao Bem. Foi da filha de Plutarco que Proclo aprendeu os segredos dos ritos teúrgicos. Praticando a arte dos caldeus Proclo era agraciado com visões teúrgicas deslumbrantes e o contato com criaturas espirituais de todos os tipos. Marino o descreve como um taumaturgo: provocava chuvas, previa terremotos, causava o desaparecimento de animais e mantinha contato necrúrgico com a
Alma do pitagórico Nicômaco. Proclo estava convencido de que pertencia a cadeia hermética, hermética, quer dizer, uma longa cadeia de vida à qual estão presas aquelas Almas que vivem uma vida filosófica. Como podemos observar, Proclo reuniu todos os aspectos do neoplatonismo tardio em si, de durou por mais algum tempo em Atenas e também na escola de Alexandria, já sobre uma nova perspectiva. A tradição grega neoplatônica influenciou profundamente o desenvolvimento da Tradição Hermética de Mistérios, como ficou claro até aqui. Agora vamos passar a análise da influência persa (iraniana) no hermetismo.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ADDEY, Crysrtal. Divination and Theurgy in Neoplatonism: Oracles of Gods. Gods . Ashgate, 2014. AQUINO, Santo Tomás de. As de. As Virtudes Morais. Morais. Eclesiae, 2012. ______________. Comentário ______________. Comentário à Metafísica de Aristóteles (vols. Aristóteles (vols. I & II). Vide Editorial, 2016. ______________. Questão ______________. Questão Disputada sobre a Alma. Alma. Realizações, 2014. BAL, Gabriela. Silêncio e Contemplação: Uma Introdução a Plotino. Plotino . Paulus, 2007. DILLON, John M. Iamblichi Chalcidensis. Chalcidensis. The Prometheus Trust, 2009. JÂMBLICO. De Vita Pythagorica. Pythagorica. Hakkert, 1965. ______________. On the Pythagorean Way of Life. Life . Liverpool University Press, 1989. ______________. The Mysteries of the Egyptians, Chaldeans and Assyrians. Assyrians . Bertram Dobell, 1831. HADOT, Pierre. O que é Filosofia Antiga? Antiga? Loyola, 2017. KAHN, Charles H. Pitágoras e os Pitagóricos. Pitagóricos. Edições Loyola, 2001. LEWY, Hans. Chaldean Oracles and Theurgy . Ed. M. Tardieu. Etudes Augustiniennes, 1978. MATTÉI, Jean-François. Pitágoras e os Pitagóricos. Pitagóricos. Paulus, 2000. NARBONNE, NARBONNE, Jean-Marc. A Jean-Marc. A Metafísica de Plotino Plotino. Paulus, 2001. PLOTINO. Tratado das Enéadas. Enéadas. Polar, 2000. REALE, Giovanni. Platão. Platão. Edições Loyola, 2017. ______________. Plotino e o Neoplatonismo. Neoplatonismo. Edições Loyola, 2017. ______________. Pré-Socráticos e Orfismo. Orfismo. Edições Loyola, 2017. TAYLOR, Thomas. The Chaldean Oracles of Zoroaster . Kshetra Books, 2007. UŽDAVINYS, Algis. Philosophy & Theurgy in Late Antiquity . Angelico Press, 2010.
Sobre o Autor: Fernando Liguori é hermetista praticante e escritor interessado em Neoplatonismo, Tradição Salomônica, Magia na Antiguidade, Filosofia, Filosofia, Yoga, Tantra, Āyurveda, Xamanismo e Cabala Crioula. É líder e fundador do Colegiado da Luz Hermética, Hermética, uma Escola Neoplatônica de Iniciação que inclui uma Igreja de Ciências Herméticas (Ecclesiae (Ecclesiae Lvx Hermeticae) meticae) e a Ordem das Irmãs de Seshat , cujo trabalho é apresentar os Arcanos de Mistério da Tradição Esotérica Ocidental sob uma perspectiva feminina e para mulheres apenas. Nós celebramos os Mistérios & Arcanos da Iniciação através do conhecimento inspirado transmitido por Pitágoras, Sócrates, Platão, Aristóteles, Plotino, Jâmblico, Dionísio, o Areopagita e Marsílio Ficino. Somos uma comunidade teúrgica ecumênica fundada na cidade de Juiz de Fora (MG). Nós nos esforçamos para nos engajar na veneração do divino e alcançar o autoconhecimento celestial.
© 2018 Colegiado da Luz Hermética © 2018 Fernando Liguori & Priscila Pesci https://srikulacara.wixsite.co https://srikulacara.wixsite.com/teurgia-br m/teurgia-br
[email protected] Colegiado da Luz Hermética
Av. Barão do Rio Branco, 3652/14 Alto dos Passos – Juiz de Fora – MG 36 025020 Publicação registrada sob o nº 569.146 no Escritório de Direitos Autorais do Autorais do Ministério da Cultura/Biblioteca Cultura/Biblioteca Nacional. Todos os direitos reservados e protegidos pela lei 9610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste documento pode ser utilizado ou reproduzido – em qualquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação, etc. – nem apropriado ou estocado em sistema de banco de dados ou mídia eletrônica, sem a expressa e xpressa autorização do autor.