Escrito JUL 6 2010 p or M G | RECURSOS co m 0 COMENTÁRIOS
É consensual entre os investigadores que as insígnias militares estiveram quase sempre presentes entre os combatentes como sinais de identificação e de reconhecimento. Os cavaleiros da idade média, cobertos de ferro da cabeça aos pés, usavam pinturas decorativas para se poderem identificar e diferenciar. A partir do século XIII as insígnias tornaram-se uma espécie de património familiar familiar,, que os cavaleiros tinham direito como herança, sendo mais do que um elemento identificativo para passar a ser uma imagem de marca, de honra e glória familiares, modelo de virtudes heróicas, de património familiar ao qual se exigia respeito. Segundo o heraldista francês Cadet Gassicourt , no seu livro “L’hernetisme dans l’art heraldique”, o símbolo é o alicerce de todas as religiões, assim como toda a ciênci a, mas enquanto estes símbolos podem ser vistos por todos homens, sua interpretação é normalmente reservada aos iniciados. Este autor assume que o mesmo ocorreu com a heráldica, em que a simbologia, apesar de estar disponível para todos, só era interpretada e compreendida por aqueles que tinham o mesmo código de valores. Num mundo mundoccheio de simbolismo profundo, como foi o medieval, seria totalmente contra toda a lógica supor que os símbolos nasceram do acaso. É perfeitamente razoável considerar que todos os móveis e peças heráldicas características do mundo medieval não apareceram de forma aleatória, ao gosto e capricho, mas antes como o reflexo dos tempos heróicos dos cavaleiros e torneios, onde se enfrentavam os lutadores que, tapados pelas suas armaduras, eram forçados a usar distintivos que se foram transmitindo de geração em geração. Através destes símbolos os cavaleiros revelavam a sua personalidade, as suas características e as suas crenças, a sua herança familiar. Honra, orgulho e glória caminhavam lado a lado na utilização dos símbolos que se construíram como marcos individuais. Os emblemas, as cores, os números, todos os elementos heráldicos escolhidos para compor o escudo não foram assim tomados ao acaso, mas para responder às aspirações sociais das famílias famílias,, dando-lhes uma identidade que estava para além do nome, e onde se reflectiam as motivações, a ideologia e as características que se pretendiam cultivar e afirmar na sociedade. Daí o simbolismo profundo de cada figura representada nos brasões e escudos familiares.