A GESTAÇÃO DO ESPAÇO PSICOLÓGICO DO SÉCULO XIX DISPOSITIVOS DE CONSTITUIÇÃO DAS SUBJETIVIDADES CONTEMPORÂNEAS A modernidade trás o sujeito como fundamento de um mundo convertido em objeto de conhecimento e controle. Dois modelos de sociedades: Sociedades holistas Sociedades individualistas Sociedades holistas Dominância das formas coletivas e hierárquicas da existência social. As identidades que os indivíduos assumem se definem a partir da posição que ocupam no quadro social estratificado e hierarquizado Limitam as possibilidades de individuação. Sociedades individualistas O sujeito auto-fundante - cada indivíduo particular se constitui como sujeito de sua privacidade para nas esferas públicas fazer valer seus direitos, como sujeito econômico, jurídico. Os indivíduos gozam de uma precária e discutível independência dos vínculos e obrigações, ficam reduzidos à condição de objetos , se concretizam na presença de uma autoridade responsável pela efetuação dos procedimentos disciplinares. Espaço psi nasce da articulação das 3 LIBERALISMO MOV. ROMÂNTICOS Liberdade e Liberdade igualdade entre de os homens desenvolvimento das potencialidades, das personalidades Separação público e privado Fecundidade da vida coletiva Exaltação dos valores nacionais etrata a R etrata realidade interior Exaltação dos sentimentos y
y
y
y
y
REGIME DISCIPLINAR Identidades manipuláveis, debilmente estruturadas Controla e individualiza Controle da vida e do corpo Disciplinar Centralização administrativa y
y
y
y y
y
y
LIBERALISMO Séc XIX apogeu do liberalismo individualismo Separação das esfera privadas e individuais Sociedade individualista, individualista, indivíduos indivíduos portadores portadores de personalidades personalidades soberanas, soberanas, identidades identidades auto -contidas Sociedade 1ª Fase do Liberalismo Jusnaturalismo : reconhece nos indivíduos direitos inalienáveis Sociedade e Estado fruto de uma uma convenção entre entre hom ens Contratualismo : Sociedade Liberalismo econômico : combate a intervenção do Estado nos problemas econômicos Negação do absolutismo estatal : limitação do poder Estado mediante divisão de poderes Estado como bem absoluto Embora moralmente neutro Seu objetivo é escolher sua maneira maneira de ser no mundo mundo É um bem absoluto porque o indivíduo é visto como fim e não como meio (persuasão) A categoria indivíduo não é inata é construída historicamente A categoria indivíduo A categoria indivíduo é um dos modos de subjetivação
O
modo hegemônico de organização da subjetividade na modernidade O indivíduo do individualismo pré -existe ao social que se organiza para atendê -lo As sociedades individualistas Exigem para sua reprodução a criação ou permanência de dispositivos que preencham a função instituinte Incentivar e exprimir suas potencialidade concebidas como naturais O Conceito de indivíduo Foi elevado ao nível de bandeira política de realidade econômica pelo liberalismo O Homem na sua constituição mais íntima é o centro e o fundamento de u m mundo e cultiva-se a proteção de sua privacidade Séc. XIX: Triunfo do liberalismo Considera a natureza humana como base da própria lei natural, cuja única realidade é a liberdade do homem. Triunfo do cientificismo que reconhece uma só natureza material, que engloba e explica o mundo dos valores e o mundo dos fatos. Positivismo Doutrina: o que é possível conhecer são unicamente os fenômenos e as suas relações , não a sua essência. As causa íntimas permanecem impenetráveis, desconhecidas. Concilia-se com o empirismo que ensinava que todo o conhecimento se reduz aos dados da experiência sensível . Primazia da razão de pensar em relação ao sentimento de vontade. Contesta o racionalismo ± surge o cientificismo propondo que os fatos só são con hecidos pela experiência . Positivismo como método Procura das leis, das relações constantes que existem entre os fenômenos. A ciência é a sistematização do bom senso. Somos simples expectadores dos fenômenos exteriores. Pela observação e experimentação se irá descobrir as relações constantes que ligam os fatos (cuja importância é básica na reforma econômica, política e social da sociedade). Indução Leis da coexistência e da sucessão Regularidade de certos fatos, a existência de outros fatos ligados aos p rimeiros Parte de dados particulares (fatos, experiências, enunciados empíricos) e, por meio de uma seqüência de operações cognitivas, chega a leis ou conceitos mais gerais, indo dos efeitos à causa, das conseqüências ao princípio, da experiência à teoria Dedução dessas leis por via da conseqüência e correlação = fatos novos que escaparam a observação direta mas que a experiência verificou Processo de raciocínio através do qual é possível, partindo de uma ou mais premissas aceitas como verdadeiras O MOVIMENTO ROMÂNTICO Foi um movimento cultural e estético de exteriorização das experiências privatizadas. Tem seu início na Escócia, Inglaterra e Alemanha, mas ganha proporções revolucionárias na França a partir do fim do século XVIII, mais precisamente a Revolução Francesa (1789). Surge como reação ao Iluminismo e ao Neoclassicismo, surge como literatura popular para atender aos anseios da burguesia, apoiada no idealismo. Na França assume um tom mais moralizador do que crítico, refletindo a oposição dos li berais conservadores aos revolucionários. Na França o Romantismo expressa os sentimentos dos descontentes com as novas estruturas. O que explica as atitudes saudosistas ou reivindicatórias que pontuam todo o movimento. Na Alemanha, o Romantismo valoriza o individualismo, a liberdade e os valores nacionais. O Romantismo representa os anseios da classe burguesa, na época em ascensão. O R. abandona o classicismo e caminha ao lado do povo, da cultura leiga. Ao R. coube a tarefa de criar uma linguagem nova, ide ntificada com os padrões da classe média e da burguesia. Enquanto o classicismo observa a realidade objetiva, exterior e a reproduzia do mesmo modo, sem deformar a realidade, o R. deforma a realidade, exposta pelo crivo da emoção. A arte romântica inicia u ma nova e importante etapa na literatura ± efervescência social e política, esperança e paixão, luta e revolução .
uma nova atitude do homem perante si mesmo, está voltado para a espontaneidade, os sentimentos e a simplicidade. Nenhum movimento artístico foi tão rebelde e revolucionário. Surge com o liberalismo e ressalta o eu individual , divulgado pela Revolução Francesa: Enquanto a Rev. Francesa chega ao poder, quebrando a hierarquia social, o Romantismo destrói as regras e as formas preestabelec idas, ressalta a realidade subjetiva. QUAL A SUA FORMA DE INDIVIDUALISMO? Da liberdade positiva da autonomia, auto - engendramento Transformação dos sujeitos naquilo que eles de fato são ± constituição de uma personalidade singularizada Perda das identidades convencionais: tornar-se o que verdadeiramente se é, contrapondo-se ao conservadorismo, aos papéis e as máscaras socialmente convencionais. É a configuração do indivíduo no sentido de autônomo, de auto -afirmativo, definido, personalizado, singularizado Desenvolver suas potencialidades mesmo que a custa de crises, loucuras ou de agregações DE QUE MODO OS MOVIMENTOS ROMÂNTICOS FAZEM ISTO? Restauração de formas orgânicas da vida social. Restauração de valores autênticos. Restauração de modos de relação entre os homens e o mundo físico e histórico que trariam de volta a integridade, a espontaneidade e a fecundidade da vida coletiva e individual. Os indivíduos constituídos sob os ideais R. valorizam prioritariamente o auto -crescimento Consideram suas interioridades e tentam permanentemente preservá -lo da vida competitividade e turbulenta das grandes cidades, constituindo, no seu conjunto o que vem a ser chamado de civilização intimista. A defesa romântica das paixões, dos im pulsos, dos estados alterados da consciência. A defesa da absoluta liberdade da criação e transfiguração. REGIME DISCIPLINAR Exige-se do Estado uma intervenção mais positiva e uma certa administração da vida social. O Estado deveria intervir e administrar os comportamentos individuais, mediante o controle mais planejado, instaurando novas modalidades de poder. O Utilitarismo de Bentham irá substituir a crença e a defesa intransigente dos direitos naturais dos indivíduos pelo cálculo racional da felicidade . As instituições participam do controle Educacionais, corretivas, de saúde e lazer assumem funções disciplinares e preventivas. A família, o lar, progressivamente abandonam a função que lhes era própria no século XVIII, de espaço da liberdade A família adota práticas de treinamento precoce e de normatização das crianças jovens e adultos. Final do século XIX e ao longo do século XX Aprofundamento e à expansão das práticas disciplinares. Práticas de exame, avaliação, programação, novos exercícios Formas de controle invadiram todos os refúgios em que os indivíduos liberais procuravam se abrigar e foram apresentando-se a estes de forma positivamente sedutora, convincente e eficaz. Esperava-se e alcançou-se sucesso ³A construção de subjetividades disciplinadas, úteis, cada vez mais treinadas para o desempenho de papéis que lhes são delegados e principalmente dóceis e domesticadas´. Aporte da institucionalização: capitalismo A institucionalização da subjetividade teve como um dos aportes o capitalis mo, a preservação da força de trabalho e a integração aos aparelhos de produção da população. A medicina caridosamente dirigida aos ³ pobres doentes´ : cuida do bem estar físico da população e ganha poder de polícia médica : se encarrega dos corpos. A população torna-se objeto de investigação e vigilância e intervenção ± põe-se em destaque a corpo Alvos do disciplinamento A infância e a família foram alvos privilegiados: tornaram -de instituições reguladas por normas rígidas onde o corpo limpo da criança e be m cuidado era responsabilidade da família. A cidade também foi objeto de medicalização: condições de moradia, alimentação, moral. Amplia-se o poder médico: os médicos acumulam a tarefa de ensinar a população a se cuidar, fortalecendo seu papel administrati vo sobre a v ida dos indivíduos. Escola: difusora e produtora dos ideais de igualdade. Retrata