UIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS GEOGRAFIA DE MINAS GERAIS PROFA. DORALICE BARROS Resenha do texto: ARRUDA, M. A do N. Mitologia Mitologia da Mineiridad Mineiridade. e. O Imaginário Imaginário mineiro na vida política e cultural do Brasil.
(Cap V: “Cultura e Política”, p. 198-344). Milton Carvalho.
O presente texto refere-se ao quinto capítulo, denominado “Cultura e Política”, da obra Mitologia da Mineiridade. O Imaginário mineiro na vida política e cultural do Brasil, fruto das
pesquisas de doutorado da socióloga e professora titular da Universidade de São Paulo, Maria Arminda do Nascimento Arruda. Trata-se de uma resenha composta, inicialmente, por um parágrafo que trará os apontamentos gerais gerais relacionados relacionados ao que é tratado no capítulo e, posteri post eriorm ormente ente,, por uma abordage abordagem m crític críticaa das formul formulaçõe açõess teórica teóricass apresen apresentada tadass e discutidas pela autora. À luz do “lugar da memória”, Arruda inicia o capítulo realizando um resgate da obra de autores pertencentes pertencentes ao gênero memorialísti memorialístico co minei mineiro. ro. Com a ressalva ressalva da generalizaçã generalizaçãoo e brevidade do que aqui se expõe, pode-se falar que Arruda apresenta a idéia de que a cultura mineira funda-se em um “mineirismo”, uma subcultura regional, muito influenciada pelos áureo áureoss tem tempos pos da mine minera raçã çãoo e pe pelo lo perío período do (“ex (“exte tens nso, o, mo modor dorren rento. to... ..”) ”) pos poster terio iorr de decadência dessa atividade (fala-se até de uma ruralização do espaço mineiro). Com base no cotidiano abstraído dos memorialistas mineiros, aponta pra uma “mineirice” enquanto hábitos e costumes dos mineiros, como isso se forma e suas relações com o espaço vivido e construído, chegando a noção de uma “mineiridade”. A mineiridade relaciona-se à prática social, ao tempo e ao espaço e enseja uma origem mineira, uma identidade original do ser mineiro. Nesse sentido, a autora, a partir da relação da memória com a história de Minas, aponta apo nta para para um umaa miti mitififica caçã çãoo da minei mineiri ridad dade, e, um umaa repr repres esent entaç ação ão do ser ser minei mineiro ro,, seu seu imaginário, e de Minas, representação essa interior e exterior. No tocante à “vivência da política”, Maria Arminda faz uma tentativa de identificar como essa mineiridade aparece no discurso de alguns personagens políticos da história de Minas. É apresentada a concepção de que a mineiridade na política alcança níveis ideológicos e essa ideologia aparece muito na representação de Minas politicamente e culturalmente no Brasil (aquela velha história de Minas como a síntese do Brasil) e tem grande relevância (histórica) na manutenção de uma unidad uni dadee nac nacio iona nal.l. Por Por fim, fim, Arru Arruda da vai vai bu busc scar ar no “hor “horiz izont ontee da lite literat ratur ura” a” o mito mito da mineiridade. Percorre desde a Minas dos poetas do arcadismo, passando pelo modernismo belorizontino das obras, por exemplo, de Drummond e Nava, chegando à mineiridade inscrita
na obra roseana. A mineiridade é pensada no tempo, e a constatação do mito representado pela sacralização do passado, da valorização de uma origem mineira, de uma identidade original. É a partir dessa formulação central na obra de Maria Arminda, da mineiridade como pensamento mitológico, é que proponho apontar uma inquietude em relação ao que normalmente chama-se de história oficial. “... uma história que teria por função recolher, em uma totalidade bem fechada em si mesma, a diversidade finalmente reduzida do tempo; uma história que permitiria nos reconhecermos em todo lugar e dar a todos os deslocamentos passados a forma da reconciliação; uma história que lançaria sobre o que está atrás dela um olhar de fim de mundo. Essa história dos historiadores constrói para si um ponto de apoio fora do tempo; ela pretende tudo julgar de acordo com uma objetividade apocalíptica; isso porque ela supôs uma verdade eterna, uma alma que não morre, uma consciência sempre idêntica a si mesma.” (FOUCAULT, Michel. Arqueologia das ciências e
história dos sistemas de pensamento. 2ªed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, [1994] 2005 (Coleção Ditos e escritos, v.II), p.271.
A crítica caminha, sobretudo, no sentido de discutir a idéia de uma origem mineira, de uma mineiridade original. O apontamento crítico, que reforça à dimensão mitológica da mineiridade muito bem trabalhada pela autora, caminha para a noção de que a construção de uma identidade original mineira é dissimuladora/dissimulante de atos (políticos), que oculta interesses e pretensões existentes nas relações (sociais) no cotidiano formado/em formação no/do mundo moderno.