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CONTRI CONT RIBUI BUIÇÕ ÇÕES ES DE VY VYGOT GOTSK SKYY PAR ARA A O DE DESE SENV NVOL OLVI VIME MENT NTO O DA CR CRIA IANÇ NÇA A NO PROCESSO EDUCATIVO: ALGUMAS REFLEXÕES
Rogério Drago1 Paulo da Silva Rodrigues 2
contribuições de Resumo : Este estudo tem como objetivo central discutir teoricamente algumas contribuições Vygotsky para repensarmos a educação e o desenvolvimento da criança em idade escolar. O teto est! estruturado a partir da ideia central de "ue o ser #umano $ um ser em permanente desenvolvimento desenvolvimento e $ por meio do O%&'O "ue nos desenvolvemos desenvolvemos e nos #umani(amos. #umani(amos. )ssim* o teto aborda* de modo objetivo* conceitos como o brincar e se papel no desenvolvimento* a percepção* a mem+ria* a a,etividade* a imaginação* a linguagem* dentre outros conceitos "ue correspondem -s ,unções psicol+gicas superiores "ue são tipicamente ,unções #umanas. O entendimento e breve esclarecimento dos conceitos abordados no teto podem contribuir para "ue a escola veja a criança e seu desenvolvimento desenvolvimento por um vi$s dial$tico. Palavras-chave : esenvolvimento in,antil/ Vygotsky/ 0rocesso educativo.
Introdu!o
e acordo com Vygotsky* a educação $ a in,luncia premeditada* organi(ada e prolongada no desenvolvimento de um organismo3 4apud 5)'&678* 299* p. ;<=. 7esse sentido pensar a educação da criança e do ser #umano de modo mais amplo $ pensar num conteto de possibilidades de interações sociais intersubjetivas estabelecidas ou "ue se estabelecem num processo de trocas mediadas pelo con#ecimento* pela cultura e pela #ist+ria inerentes a todos os seres #umanos* pois* como lembra >acci 4299* p. 1?@=. ) educação* de acordo com a vertente da 0sicologia russa* $ colocada em desta"ue* por partir do pressuposto de "ue os seres #umanos apropriamAse da cultura para se desenvolver e tamb$m para "ue ocorra o desenvolvimento da sociedade como um todo. 8em a transmissão dos resultados do desenvolvimento s+cioA#ist+rico da #umanidade seria impossBvel a continuidade do processo #ist+rico.
7osso interesse por Vygotsky* nessa perspectiva de estudo* an!lise e desenvolvimento #umano* se d! principalmente pelo ,ato de "ue ele via o ser #umano como possuidor de #ist+ria* cultura e ,erramentas culturais e sociais de trans,ormação da realidade* possuidor de materiais "ue possibilitam a concreticidade das coisas vivas e inanimadas. ) psicologia s+cioA#ist+rica concebe outor em Educação* 0ro,essor )djunto do Centro de Educação da %>E8. 2 5estrando em Educação 00DE%>E8* 0ro,essor do 8istema 5unicipal de Ensino de Vit+ria.
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o #omem 4num sentido amplo= como um ser dotado de cultura e #ist+ria "ue l#e são anteriores e "ue cabe a este ser* num processo interativoAmediati(adoAmediador* de trocas interpessoais com os outros membros de sua esp$cie* se apropriar* produ(ir e reprodu(ir a sociedade - "ual pertence. )l$m disso* cabe ressaltar "ue a base dos estudos de Vygotsky ,oram crianças e jovens abandonados* +r,ãos ou pessoas "ue se perderam da ,amBlia* "ue apresentavam doenças derivadas da desnutrição* de,icientes* com distFrbios emocionais* transtornos de conduta* envolvidas em delin"uncia* dentre uma s$rie de caracterBsticas decorrentes de um perBodo intenso de instabilidade econGmica* polBtica* cultural e social pelo "ual passou a 'Fssia na d$cada de 1<29 e "ue est! associada tanto ao perBodo "ue abrangeu a 0rimeira Duerra 5undial "uanto a 'evolução 'ussa e a Duerra Civil 'ussa 4DHE8* 2992=* o "ue tem muito a ver com a realidade de grande parte das escolas pFblicas brasileiras. 7esse sentido* o desenvolvimento de pes"uisas* estudos e an!lises "ue tratam da educação de indivBduos "ue possuem identidades muito peculiares* ora marcadas por condições econGmicas e socais des,avorecedoras* ora por de,icincias* ora por se acreditar num potencial "ue talve( não corresponda ao padrão eigido pelas escolas* numa proposta de estudo e trabal#o baseada nos pressupostos vygotskyanos* necessitaAse "ue seja ,eita uma visita a alguns dos principais conceitos dessa teoria para "ue se ten#a uma id$ia geral sobre a concreticidade dos sujeitos presentes na escola* independente de "uais"uer caracterBsticas de ordem ,Bsica* mental* social* ,amiliar ou sensorial. 0ara tanto* este estudo* ora apresentado* tem como objetivo revisitar alguns conceitos de Vygotsky para entender um pouco mais a pr!tica pedag+gica num processo "ue veja o ser #umano em sua plenitude e em seu processo de #umani(ação.
D$&(o9&ndo o+ V;9ot%<;: 4o%%$=$($d&d"% d" +"d$&!o
e acordo com Vygotsky 42991* p. I9=* 7a educação J...K não eiste nada de passivo* de inativo. )t$ as coisas mortas* "uando se incorporam ao cBrculo da educação* "uando se l#es atribui papel educativo* ad"uirem car!ter ativo e se tornam participantes ativos desse processo3. iante disso* este di!logo "ue estabelecemos com Vygotsky e seus pressupostos* $ necess!rio para "ue se observe "ue o pensamento vygotskiano envolve uma s$rie de outras ações "ue inter,erem sobremaneira no desenvolvimento das ,unções psicol+gicas superiores "ue são especB,icas dos seres #umanos em processo de sociali(ação e "ue a educação* "uando ,undamentadas em bases te+ricas s+lidas* pode ser o momento propBcio para "ue o ser #umano entre em contato com ,erramentas sociais "ue possibilitam seu pleno desenvolvimento. 7o "ue se re,ere ao brincar* segundo Vygotsky 41<<1* p. 1;;=* as maiores a"uisições de uma criança são conseguidas no brin"uedo* a"uisições "ue no ,uturo tornarAseAão seu nBvel b!sico de ação real e moralidade3. O brin"uedo entendido como o ato de brincar* para a criança* pode representar um momento de etrema importLncia* pois* $ um momento em "ue ela pode representar atrav$s do simb+lico* aspectos presentes em sua realidade.
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7o ato do brincar a criança vivencia e concreti(a situações "ue* geralmente* j! viveu ou ainda vive* seja em seu conteto social cotidiano seja em sua ,antasia volitiva e desejada* pois* na in,Lncia* a imaginação* a ,antasia* o brin"uedo não são atividades "ue podem se caracteri(ar apenas pelo pra(er "ue proporcionam. 0ara a criança o brin"uedo $ uma necessidade3 4MON65 e 8O%)* 2991* p. ;<=. P no brin"uedo "ue a criança aprende a agir numa es,era cognitiva* ao inv$s de uma es,era visual eterna* dependendo das motivações e tendncias internas* e não dos incentivos ,ornecidos pelos objetos. 4VQDO&8RQ* 1<<1* p. 19
O objeto* então* durante a brincadeira pode deiar de ser usado con,orme suas caracterBsticas sugerem para incorporar outra coisa* como por eemplo* um celular poder vir a ser avião* carro* guitarra e uma in,inidade de representações simb+licas* isto pelo ,ato de "ue Vygotsky via na brincadeira o mel#or meio de uma educação integral "ue tivesse como eio norteador o pleno desenvolvimento das ,unções psicol+gicas superiores tBpicas dos seres #umanos. )l$m disso* seus estudos sugerem "ue o brincar est! intrinsecamente relacionado ao desenvolvimento da percepção* da mem+ria* da a,etividade* da imaginação* aprendi(agem* linguagem* atenção* interesse* ou seja* um le"ue enorme de caracterBsticas pr+prias dos seres #umanos. O brin"uedo possui esta importLncia no processo de aprendi(ado e desenvolvimento* pois* segundo Vygotsky 41<<1* p. 11I=* eles criam uma (ona de desenvolvimento proimal na criança. 7o brin"uedo a criança sempre se comporta al$m do comportamento #abitual de sua idade* al$m de seu comportamento di!rio/ no brin"uedo $ como se ela ,osse maior do "ue $ na realidade3. Como decorrncia ou estritamente ligada aos processos mentais ad"uiridos e desenvolvidos no brincar* a percepção do mundo - volta da criança se revela e gan#a ,orça* vida. 7o inBcio do desenvolvimento in,antil* a percepção* segundo Vygotsky 41<<@* p. 2I=* est! ligada imediatamente - motricidade* "ue constitui apenas um dos momentos do processo sens+rioA motor integral e "ue* somente paulatinamente* com os anos* começa a ad"uirir uma not!vel independncia e a libertarAse dessa coneão parcial com a motricidade3* ou seja* a percepção do mundo vai sendo modi,icada a partir do momento em "ue o indivBduo vai eercitando suas ,unções de mem+ria* de linguagem* de a,etividade* de imaginação* condu(indoAo a uma* cada ve( mais* independncia em relação a seus atos e ao mundo ao seu redor. )ssociada ao desenvolvimento da percepção e como condição essencial para o desenvolvimento global da criança* a mem+ria j! eiste e $ bem ,orte desde a mais tenra idade. 7os primeiros anos de vida* a mem+ria $ uma das ,unções psB"uicas centrais* em torno da "ual se organi(am todas as outras ,unções. ) an!lise mostra "ue o pensamento da criança de pouca idade $ ,ortemente determinado por sua mem+ria. 4VQDO&8RQ* 1<<@* p. ;;=
)ssim* enganaAse "uem pensa "ue a criança pe"uena não consegue se recordar de ,atos "ue acontecem em sua vida. Ela não s+ se recorda como tamb$m os epressa em ,orma de linguagem oral* gestual e na atividade do brincar. )spectos "ue parecem banais para os adultos* para as crianças podem representar momentos de trocas e enri"uecimento s+cioApsicol+gico e R"#$%t& FACEVV ' V$(& V"()& ' N*+"ro , ' -u(./D"0. 1223 ' 4. 53678
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cultural "ue* com o passar do tempo* serão eercitadas com o uso de sBmbolos mnemGnicos. Essa mudança trans,orma a mem+ria* "ue passa a ser vista como pensamento. 8e para a criança pe"uena pensar $ recordar* para o adolescente recordar $ pensar. 8ua mem+ria est! tão moldada - l+gica* "ue memori(ar se redu( a estabelecer e encontrar relações l+gicas e recordar consiste em buscar um ponto "ue deve ser encontrado. 4VQDO&8RQ* 1<<@* p. ;=
essa ,orma* podeAse supor "ue a mem+ria vai dando lugar ao pensamento "ue* no decorrer da vida* con,undeAse "uase "ue instantaneamente com a mem+ria. EntendeAse "ue ambos os processos camin#am lado a lado e "ue a mem+ria se constitui como mais uma ,erramenta #umana "ue pode ser ativada a "ual"uer momento para buscar algo "ue poder! ser Ftil em determinado est!gio da eistncia. 0or$m* cabe ressaltar "ue alguns ,atos da mem+ria* por não serem usados com ,re"Sncia tendem a desaparecer e a dar lugar a outras in,ormações "ue precisam ser ar"uivadas no c$rebro. )tualmente temAse material mnemGnico "ue permite recordar coisas do passado recente ou mais remoto* como por eemplo* a ,otogra,ia* o vBdeo* as gravações em !udio* dentre outras* "ue na verdade se constituem como ,erramentas criadas pelos #omens para esse e outros ,ins. %m outro ,ator "ue merece ser destacado nessa busca e apro,undamento te+rico $ o "ue se re,ere - emoção. Vygotsky em v!rios momentos de seus estudos associa o processo de desenvolvimento e comportamento ao processo interativo entre o organismo e o meio perpassado pelas emoções. 8egundo ele* as emoções ,uncionam como um regulador interno do nosso comportamento e "ue associadas aos estBmulos eternos podem levar o #omem a inibir ou eteriori(ar essas ou a"uelas emoções. Tuando associadas ao processo educacional* as emoções tm o papel de in,luenciar sobre todas as ,ormas do comportamento #umano. 7en#uma ,orma de comportamento $ tão ,orte "uanto a"uela ligada a uma emoção. 0or isso* se "uisermos suscitar no aluno as ,ormas de comportamento de "ue necessitamos teremos sempre de nos preocupar com "ue essas reações deiem um vestBgio emocional nesse alunado. 4VQDO&8RQ* 2991* p. 1;?=
Entendendo o processo de desenvolvimento pro,undamente marcado pelo aspecto emocional* podeAse salientar "ue nesse conteto a imaginação tamb$m possui ,unção crucial* tanto no sentido de suscitar novas emoções e desdobramentos mnemGnicos "uanto pelo ,ato de desencadear uma s$rie de ,atores novos a cada momento "ue ,a(em com "ue a criança possa vivenciar aspectos "ue nunca poderão ser realmente vividos* como* por eemplo* ir para a Uua* passear num deserto* ou at$ mesmo coisas mais banais como utili(ar um computador* andar de avião* con#ecer uma determinada cultura. V!rios momentos da obra vygotskyana levam a crer "ue ele estava certo ao a,irmar "ue a ,ormação de uma personalidade criadora projetada em direção ao aman#ã se ,a( pela imaginação criadora encarnada no presente3 4VQDO&8RQ* 1<<* p. 19@=. ) imaginação pode ser vista como uma mola propulsora de novos sentimentos "ue associados mem+ria* ao pensamento e -s emoções* contribuem para "ue o #omem deie sua marca social R"#$%t& FACEVV ' V$(& V"()& ' N*+"ro , ' -u(./D"0. 1223 ' 4. 53678
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no mundo* bem como desenvolva novas ,erramentas sociais tanto para o bem "uanto para o mal* mas* acima de tudo* para mostrar seu potencial criador "ue o di,ere dos outros animais* isto pelo ,ato de "ue o #omem $ o Fnico animal "ue consegue planejar antes a"uilo "ue colocar! em pr!tica depois* ou seja* planeja e concreti(a seu plano. e acordo com essas proposições* cabe ressaltar "ue para Vygotsky 41<<* p. 19@= esses ,atores não podem ser desassociados do conteto #umano* uma ve( "ue: O #omem #aver! de con"uistar seu ,uturo com ajuda de sua imaginação criadora/ orientar no aman#ã uma conduta baseada no ,uturo e partir desse ,uturo $ ,unção b!sica da imaginação e* portanto* o princBpio educativo do trabal#o pedag+gico consistir! em dirigir a conduta do escolar na lin#a de prepar!Alo para o porvir* j! "ue o desenvolvimento e o eercBcio de sua imaginação são uma das principais ,orças no processo de alcance desse ,im.
iante do at$ a"ui eposto* não se pode analisar a criança e seu desenvolvimento na teoria s+cioA#ist+rica sem ,alar sobre a linguagem e seu papel ,undamental para o processo s+cioA psicoAeducacional e constitutivo do ser #umano num conteto geral. 6sso pelo ,ato de "ue ten#o percebido "ue tudo no #omem se desenvolve basicamente atrav$s da linguagem* seja ela oral* gestual* escrita* dentre outras. 8egundo Vygotsky* a criança $ um ser social e desde os seus primeiros momentos de vida ela j! ,a( parte de um todo macrossocial o "ual* por sua ve(* poder! inter,erir em seu comportamento #umano atrav$s de mediati(ações constantes entre este ser e a linguagem. )l$m disso* segundo ele* o indivBduo $ ,ormado pelo entrelaçamento de duas lin#as distintas: uma de origem biol+gica e outra de origem s+cioAcultural. ) de origem biol+gica abarcaria a"uelas caracterBsticas biologicamente de,inidas para todos os seres #umanos* en"uanto "ue as de ordem s+cioAcultural estariam relacionadas aos aspectos apreendidos e cristali(ados no comportamento #umano durante os processos de trocas mediati(adas com os outros. Essas trocas* de acordo com a teoria s+cioA#ist+rica* se dão basicamente atrav$s da linguagem. ) linguagem libera a criança das impressões imediatas sobre o objeto* o,ereceAl#e a possibilidade de representar para si mesma algum objeto "ue não ten#a visto e pensar nele. Com a ajuda da linguagem* a criança obt$m a possibilidade de se libertar do poder das impressões imediatas* etrapolando seus limites. 4VQDO&8RQ* 1<<@* p. 122=
0ercebeAse "ue a linguagem $ ,ator determinante para o desenvolvimento do brincar* da mem+ria* da percepção* da emoção* da imaginação* dentre outros ,atores* isto pelo ,ato de "ue $ por meio da linguagem "ue a criança constr+i a representação da realidade na "ual est! inserida3 4MON65 e 8O%)* 2991* p. 2;=. ) linguagem ,uncionaria* então* como o elo "ue uniria todas as outras ,unções psicol+gicas superiores e a realidade eistente* ou* dito de outra ,orma* podeAse di(er "ue tudo o "ue eiste realmente eiste por causa da linguagem* ou seja* tudo o "ue nos rodeia e ten#a sido criado pela mão do #omem* todo o mundo da cultura J...K* tudo $ produto da criação e da imaginação #umana3 46dem* p. 1;I=. Conse"Sentemente se concreti(am atrav$s do uso de signos "ue R"#$%t& FACEVV ' V$(& V"()& ' N*+"ro , ' -u(./D"0. 1223 ' 4. 53678
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servem tanto para representar algo "uanto para ,a(erAnos recordar algo* imaginarmos coisas* pensarmos al$m de nosso conteto. Como a teoria desenvolvida por Vygotsky ,undamentaAse no ,ato de "ue o aprendi(ado condu( ao desenvolvimento* j! "ue o comportamento #umano ,unciona como uma superaçãotrans,ormaçãosuscitação constante de aprendi(ado e desenvolvimento durante toda a sua eistncia saliento "ue a linguagem* como instrumento social de mediação entre eu e o outro* ,unciona como ponto de partida para o aprendi(ado e o desenvolvimento. )l$m disso* a linguagem sendo vista sob este prisma pode ser entendida como a base para todo o processo constitutivo da subjetividade #umana. 6sto por"ue por tr!s de cada pensamento #! desejos* necessidades* interesses e emoções* ,a(endo com "ue a compreensão do "ue di(emos dependa substancialmente da interação do nosso ouvinte com essa base a,etivoA volitiva3 46bidem* p. 1?=. ) criança* então* imersa no mundo da linguagem* segundo Mobim e 8ou(a 42991=* passa a con#ecer o mundo no mesmo momento em "ue o cria e interage com ele* j! "ue: Tuando a criança se apropria da linguagem* revelando seu potencial epressivo e criativo* ela rompe com as ,ormas ,ossili(adas e cristali(adas de seu uso cotidiano* iniciando um di!logo mais pro,undo entre os limites do con#ecimento e da verdade na compreensão do real. 4p. 1<=
7esse processo de superação e descoberta ocorre a todo o momento* perpassado pela linguagem* pelo jogo simb+lico e as outras ,unções psicol+gicas superiores do #omem* o surgimento de (onas de desenvolvimento "ue* como dito anteriormente* são a marca caracterBstica do desenvolvimento #umano. essa ,orma* Vygotsky via "ue entre o con#ecimento j! ad"uirido e o "ue poderia ser dominado pelo #omem 4no caso a criança= num ,uturo pr+imo com a ajuda de outros colegas mais capa(es eou um adulto* eistia uma (ona intermedi!ria "ue ele denomina de (ona de desenvolvimento proimal. Ou seja* sendo a aprendi(agem anterior ao desenvolvimento* esse por sua ve( s+ se d! a partir do momento em "ue novas aprendi(agens ,orem sendo conseguidas* num processo ininterrupto de a"uisição e superação de obst!culos de ,orma constante e dial$tica. )ssim* a (ona de desenvolvimento proimal de,ine a"uelas ,unções "ue ainda não amadureceram* mas "ue estão em processo de maturação* ,unções "ue amadurecerão3 4VQDO&8RQ* 1<<1* p.
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pelos adultos a criança est! em condições de ,a(er bem mais* e ,a(er compreendendo com autonomia. 4VQDO&8RQ* 2991* p. ;@9=
Con%$d"r&>"% F$n&
%$Entendendo "ue o processo educativo #oje precisa abranger uma proposta de educação para todos os indivBduos* independente de suas caracterBsticas ,Bsicas* mentais* socais* sensoriais e intelectuais* por$m* a partir das caracterBsticas inatas de todos os seres #umanos* a teoria s+cioA #ist+rica d! grandes contribuições para a reestruturação de uma pr!tica pedag+gica centrada no indivBduo inserido na coletividade* pois tem elementos te+ricos importantes para a busca do entendimento de como se d! o processo de desenvolvimento da pessoa de,iciente incluBda na educação regular. e acordo com o modelo #ist+ricoAcultural* os traços de cada ser #umano estão intimamente relacionados ao aprendi(ado* - apropriação do legado do seu grupo cultural. O comportamento e a capacidade cognitiva de um determinado indivBduo dependerão de suas eperincias* de sua #ist+ria educativa* "ue* por sua ve(* sempre terão relações com as caracterBsticas do grupo social e da $poca em "ue ele se insere. )ssim* a singularidade de cada indivBduo não resulta de ,atores isolados* mas da multiplicidade de in,luncias "ue recaem sobre o sujeito no curso do seu desenvolvimento. 4'EDO* 2992* p. 9=
Esse di!logo em associação ao processo de #umani(ação do ser tra( - tona esclarecimentos acerca do papel desempen#ado pelo outro no processo de ,ormação e desenvolvimento subjetivo do indivBduo* "ue não deia de ser um dos principais pressupostos para a plena inclusão social e escolar de pessoas ecluBdas dos contetos regulares/ al$m de aspectos pr+prios dos seres #umanos W mem+ria* imaginação* linguagem* dentre outros W "ue se di,erem das caracterBsticas dos outros animais e "ue* apesar de di,erenças ,Bsicas* mentais* intelectuais eou sensoriais* ,a(em parte da essncia de &OO ser #umano* ou seja* de,iciente ou não* rico ou pobre* al,abeti(ado ou não.
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