Uso de EPIs e EPCs em Centro Cirúrgico e CME.
Introdução
Segundo Roig e Posso, as relações do homem com o trabalho devem ser encaradas como um processo interativo para o qual concorrem inúmeros fatores de ordem biológica, psicológica, social e econômica, legal, entre outras. Ao desempenhar o trabalho, estamos sujeitos a fontes potenciais de risco, e a sua incidência pode ser de maior ou menor gravidade dependendo das características especificas de cada risco. Risco é a possibilidade da ocorrência de episódios de perigo, é o medo ou receio de qualquer coisa, evento ou fato que possa causar algum dano ou um mal. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT, 1989), o risco é a possibilidade real ou potencial capaz de causar lesão e/ou morte, danos ou perdas patrimoniais, interrupção do processo de produção ou de afetar a comunidade ou meio ambiente; é uma combinação da probabilidade de que ocorra um acontecimento perigoso com a gravidade de lesões ou danos á saúde da pessoa, causados por ele. Os hospitais, de uma forma geral, apresentam uma variedade de fontes de potenciais de risco para os pacientes e trabalhadores. Isso é mais acentuado no Centro Cirúrgico e nos Centros de Materiais e Esterilização. (Posso, MBS; Sant’ana, ALGG – 2007)
Os funcionários que trabalham nas CMEs e CCs, enfrentam em sua labuta diária, riscos biológicos, ergonômicos, físicos e químicos. A seguir, trataremos a respeito dos métodos para a prevenção de acidentes e incidentes no trabalho, e das responsabilidades aplicadas aos trabalhadores de CC e CME, referentes ao uso dos EPIs e EPCs. Objetivo
Mostrar quais os riscos químicos e biológicos em uma Central de Material e Centro Cirúrgico, quais os EPIs e EPCs utilizados com o objetivo de reduzir ou até mesmo excluir quaisquer meios de acidentes.
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Palavras-chave: EPIs em Centro Cirúrgico e Central de Materiais, EPCs em
Centro Cirúrgico e Central de Materiais. Biossegurança em Centro Cirúrgico e Central de Materiais. O que é EPI e EPC? EPIs: De acordo com Hirata MH et al. os equipamentos de proteção
individual são utilizados para minimizar a exposição do trabalhador aos riscos de acidentes, reduzir as consequências dos riscos ao qual o trabalhador ficou exposto. São alguns exemplos de EPIs e suas respectivas aplicações:
Luvas: são barreiras de proteção, previne ou reduz a possibilidade
de
contaminação
ou
transmissão
de
microorganismos. Protegem o trabalhador no contato com produtos químicos, evitando intoxicações, queimaduras entre outros. Nenhuma luva protege de todos os produtos.
Óculos de segurança: Protegem os olhos contra salpicos, borrifos, gotas e impactos decorrentes da manipulação de produtos químicos, biológicos ou que apresentem riscos físicos.
Mascaras e protetores faciais : protegem os olhos e face contra riscos de impactos de fragmentos sólidos, de poeiras, partículas, líquidos, vapores e radiações não ionizantes.
Protetores auriculares: proteção contra ruídos excessivos que possam causar perda de audição.
Toucas e gorros: evitam acidentes e contaminações por microorganismos, poeiras e ectoparasitos em suspensão.
Protetores para membros inferiores: utilizados para proteger os pés contra derramamentos e salpicos.
Aventais ou jalecos: Protegem a pele do corpo.
A lavagem das mãos é indispensável, mesmo com a utilização das luvas e outros EPIs. Somente através desse método, conseguimos uma real diminuição dos micro-organismos que possam causar algum mal ao trabalhador ou ao seu paciente. EPCs: Segundo Hirata MH et al., são equipamentos que protegem a
integridade dos trabalhadores de uma forma coletiva. São equipamentos que ficam a disposição de todos, não sendo de uso exclusivo de uma única pessoa. São alguns exemplos de EPCs: 2
Manta corta-fogo: usada quando o incêndio se estende as roupas do trabalhador, apagam o fogo por abafamento.
Lavadores de olhos: Lavam os olhos, no caso de contatos com agentes agressivos.
Extintores de incêndio: podem ser de água pressurizada, espuma química, pó químico, espuma mecânica. São utilizados para combater focos de incêndio.
O uso dos EPIs e EPCs em CC e CME
Hirata MH descreveu os riscos biológicos como “decorrentes da exposição a agentes do meio animal, vegetal, micro-organismos e/ou de seus produtos. Entre eles podemos citar as bactérias, fungos, protozoários, metazoários, entre outros, que podem estar presentes oferecendo riscos biológicos, ou seja, riscos de contaminação a si ou a outrem. Podem estar presentes em aerossóis, gotículas, poeiras, em instrumentos, água, alimentos, culturas e amostras biológicas (escarro, urina, sangue, fezes, entre outras secreções), entre outros ”. Existem classificações de acordo com os grupos de risco. É necessário fazer uma avaliação cuidadosa dos agentes infecciosos, para classificá-los e manipulá-los de forma adequada e segura, de acordo com o risco ambiental que eles apresentam. Cabe lembrar que o enfermeiro do CC e o responsável técnico da central de material e esterilização, detém uma enorme responsabilidade na escolha dos métodos de prevenção a contaminação por agentes biológicos e pela esterilização dos materiais. A responsabilidade se estende também aos produtos que precisam ser submetidos ao reprocessamento, não podendo negligenciar o treinamento dos funcionários que irão manipulá-los. A orientação e a cobrança sobre o uso de EPIs pelos funcionários, bem como a cobrança dos EPCs que devem ser fornecidos pela instituição para a segurança de todos, individual e coletivamente, também são funções do enfermeiro. Porem, a atenção sobre as normas de segurança, o gerenciamento, a avaliação criteriosa dos riscos envolvendo praticas de reuso dos materiais de uso único é uma obrigação de todos, funcionários e instituição (Hirata MH, 2007). 3
Os aspectos de segurança para desinfetantes químicos: dependendo da formulação podem ser potencialmente nocivos, podem causar irritações na pele e mucosas, olhos, vias respiratórias, podem ser inflamáveis, voláteis, ou corrosivos. O enfermeiro deve dar total atenção aos aspectos de segurança dos funcionários que trabalham em contato direto, na limpeza e esterilização dos materiais contendo agentes infectantes ou que apresentem um risco físico, averiguando, providenciando e exigindo o uso correto dos EPIs. Entre esses EPIs, estão as mascaras luvas adequadas a cada tipo de substancia que será manipulada, botas, gorros, aventais impermeáveis e óculos de proteção. A escolha dos equipamentos de proteção individual e coletiva para o uso dentro dos CCs e CMEs, dos laboratórios de analises físico-químicas, de manipulação de micro-organismos e/ou organismos geneticamente modificados deve ser cuidadosa, sempre objetivando o máximo de segurança com o mínimo de desconforto, a facilidade de uso e de acesso aos que irão utilizar os EPIs e EPCs. O CC e a CME, compartilham do mesmo problema: trabalhar por um período longo, manipulando materiais que podem produzir riscos a saúde e ao meio ambiente. As substancias manuseadas e os tipos de equipamentos operados podem resultar numa série de acidentes, como intoxicações, envenenamentos, queimaduras térmicas e químicas, contagio por acidentes biológicos, incêndios ou explosões. Esses riscos podem ser minimizados com o uso de EPIs e EPCs de forma correta. Os EPIs devem oferecer segurança com o mínimo de desconforto e sem tirar a liberdade de movimento de quem o usa. Sua classificação deve ser feita de acordo com a parte do corpo que protege: proteção para a cabeça, corpo membros superiores ou inferiores (CIPA, 1992). Os empregados são obrigados a usar EPIs e são responsáveis por sua guarda e conservação, segundo a norma regulamentadora NR06, da portaria nº 3.214 de 1978 Controle de contaminação por produtos biológicos
Para a manipulação de produtos biológicos, devem ser tomadas varias precauções que serão abordadas a seguir:
Limpeza, 4
Desinfecção,
Esterilização,
Descontaminação e
Antissepsia.
Estas ocorrem dentro de vários setores do hospital, mas o setor que mais necessita desse tipo de atenção é a CME, e o uso adequado dos EPIs e EPCs é de importância vital. Proteger as mãos com luvas adequadas a cada tipo de substancia ou material manuseado, tomando os devidos cuidados no momento do manuseio, nunca voltando o material contra o próprio corpo é um exemplo disso. Outro exemplo também é o uso do protetor auricular contra ruídos provenientes das maquinas da CME. Na coleta ou manipulação de sangue ou outros fluidos corpóreos, os trabalhadores devem vestir gorro, avental, luvas, óculos de proteção, mascara facial, e se o trabalhador estiver com alguma lesão no corpo, deverá usar luvas e aventais ou outro EPI que proteja o sítio lesado. Os equipamentos de proteção para ressuscitação boca a boca devem estar localizados em locais estratégicos, de fácil acesso, e seu dispositivo deve ser individual, pois a saliva é considerada um material contagioso. O descarte adequado dos materiais pontiagudos ou perfuro cortantes, contaminados, devem ser feitos em local apropriado (o lixo não deve estar em cima de bancadas, ou no chão, onde podem ser molhados), não se esquecendo do uso dos EPIs. A limpeza e manutenção do ar condicionado é dever da instituição, e entra na classificação de EPC. O local de trabalho deve ser arejado, no caso do centro cirúrgico, o ideal é que haja pressão positiva no ambiente, com a utilização de filtro HEPA. Mas essa não é a realidade da maioria dos centros cirúrgicos dos hospitais brasileiros. Os uniformes, aventais ou roupas de trabalho devem ser compatíveis com o tipo de atividade a ser desenvolvida, no caso, o CC e a CME utilizam uniformes fornecidos pela instituição. Conclusões
Ao analisar na bibliografia a respeito do uso de EPIs e EPCs, sabemos que as instituições fornecem esses equipamentos em quantidade suficiente 5
para a troca destes, durante o período de trabalho, porem, o trabalhador não tem acesso à escolha desses materiais. Foram destacados também alguns sentimentos negativos em relação ao seu uso, como sufocação, incômodo, desconforto, calor, dificuldade na utilização, entre outros (Ribeiro e Ribeiro). Podemos concluir que o uso dos EPIs nas CMEs e CC são indispensáveis para a proteção individual e coletiva. Vimos que em casos onde haviam acidentes químicos ou biológicos, as “falhas” na ut ilização eram uma constante. A informação, treinamento e conscientização continuam sendo o principal quesito para uma proteção eficiente, para que se atinja um nível de excelência quanto ao uso desses produtos, visando à qualidade de vida no ambiente de trabalho ( Manual SOBECC).
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Referências Bibliográficas
Carvalho, R. e Bianchi, E. R. F. (ORGS) - Enfermagem em Centro Cirúrgico e Recuperação Hirata M H, Filho JM - Manual de Biossegurança – Editora Manole – 2007. Neves Hcc, et al . - Segurança dos trabalhadores de enfermagem e fatores determinantes para adesão dos EPIs. Revista Latino-Americana De Enfermagem – 04/2011 OIT – Organización Internacional Del Trabajo. Enciclopédia de Salud y Seguridad del Trabajo. Madrid: Ministério del Trabajo y Seguridad Social - 1989 Posso MBS - As fontes dos riscos físicos e químicos – Incidentes sobre membros da equipe cirúrgica [tese]. São Paulo: Escola de Enfermagem da USP de São Paulo; 1988 Posso MBS, Sant’anna ALGG – Enfermagem em Centro Cirurgico e Recuperação – (ORGS) Ed. Manole 2007 cap. 18, 336.
Ribeiro R P, Ribeiro PHV - Indicadores de satisfação e de condições de trabalho em CC e CME. Revista Latino-Americana de Enfermagem. Roig JC – Trabajo e salud. En Forma: Enciclopédia de la Salud – 1996 56-57 SOBECC / Nacional-SP Centro de Material e Esterilização
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