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UFCD 3543 PSICOLOGIA DA VELHICE
Índice
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Objectivos Gerais Introdução Gerontopsicologia 1– Contextualização do tema 2– A Gerontopsicologia 3– Principais alterações relacionadas com o envelhecimento 4– Emoções – Transtornos emocionais no envelhecimento 5– Personalidade 6– Tarefas Evolutivas da Velhice 7– A Morte e o Luto 8– Aspectos Cognitivos do Envelhecimento Bibliografia
Objectivos Gerais
Enunciar a importância da gerontopsicologia no reconhecimento dos problemas que se colo cam à pessoa idosa.
Reconhecer a importância da sexualidade na velhice.
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No final desta UFCD os formandos deverão ser capazes de:
Introdução
A compreensão dos processos de envelhecimento que transformam a velhice num momento feliz ou num verdadeiro naufrágio constitui o objecto de estudo de numerosos cientistas. O desafio do século XXI não será dar tempo ao tempo, mas dar qualidade ao tempo. O envelhecimento é um fenómeno que pode ser apreendido a diversos níveis: biológico, porque as alterações se traduzem com a idade num aumento das doenças, por modificações do nosso aspecto, tal como a nossa forma de nos deslocarmos, ou ainda pelas rugas que pouco a pouco sulcam a nossa pele; social, com a mudança de estatuto provocada pela passagem à reforma; finalmente psicológico, com as modificações das nossas actividades intelectuais e das nossas motivações. O conjunto dessas modificações constitui o objecto de estudo da gerontologia.
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A psicologia do envelhecimento é um ramo da gerontologia, encontra-se em plena expansão e integra-se cada vez mais na formação dos psicólogos, bem como na formação de todas as pessoas susceptíveis de trabalharem com idosos.
Unidade 1 – Gerontopsicologia
1. Contextualização do tema Ao longo das últimas décadas, tem-se assistido a um progressivo envelhecimento da população tendo este fenómeno despertado o interesse sobre as problemáticas em torno do envelhecimento, velhice e idoso. Este envelhecimento da população deve-se a factores demográficos, pelo aumento da população idosa em proporção à população jovem, e população em idade activa. Este fenómeno deve-se a factores como: Diminuição da mortalidade infantil Aumento da longevidade Diminuição da natalidade Melhoria das condições sócio-económicas Melhoria dos cuidados de saúde
O envelhecimento da população é um fenómeno universal. Como principais consequências deste envelhecimento populacional destacam-se:
Diminuição da população activa Aumento dos reformados
Aumento das despesas com a Segurança Social
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Aumento da população dependente Página
Ao nível Económico
Alterações nas relações familiares Ao nível Social
Alterações nas relações profissionais Conflito de gerações Aumento da necessidade de instituições de assistência ao idoso
Aumento da população doente ou em risco Ao nível dos
Aumento do consumo de cuidados diferenciados
Cuidados de Saúde
Necessidade de pessoal e de instituições especializadas
2. A Gerontopsicologia A Gerontopsicologia, ou Psicologia da Velhice, é a parte da Psicologia do Desenvolvimento que estuda: - os idosos - o processo de envelhecimento - a velhice
E procura compreender e explicar o comportamento, as atitudes, a personalidade, as emoções e os aspectos individuais e interpessoais do idoso.
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Assim, defende que o envelhecimento não é uma doença, mas sim um processo natural que sofre influências tanto da herança genética como do estilo de vida e do ambiente, embora afecte todos os nossos órgãos e sistemas. Por este motivo, nem todas as pessoas envelhecem da mesma maneira, nem ao mesmo ritmo.
3. Principais alterações relacionadas com o envelhecimento Perante os idosos lidamos com: alterações de aparência, lentificação geral (mobilidade, raciocínio), alterações ósseas, alterações neurológicas, alterações gastrointestinais e do metabolismo, alterações ao nível da sexualidade e alterações sensitivas (órgãos dos sentidos). No organismo registam-se uma série de alterações, tanto físicas como psicológicas e funcionais. Em seguida, encontramos uma descrição mais pormenorizada das alterações que ocorrem nos diferentes sistemas e órgãos do nosso corpo.
Pele e anexos Um dos sinais mais evidentes da passagem dos anos é a mudança que se produz no aspecto da face. Aparecem rugas, manchas ou pigmentação irregular. Aparecimento de cabelos brancos e da cálvice. Diminui a sudação, com o aumento da secura cutânea e menor adaptabilidade às alterações atmosféricas, em especial ao frio. As unhas tornam-se mais frágeis, lascam e partem-se com mais facilidade. Crescem mais lentamente, mas em alguns casos engrossam de modo peculiar, principalmente nos pés.
Olhos Os olhos tendem a afundar-se por diminuição da gordura orbitaria. Devido à perda de elasticidade do cristalino (e consequentemente da capacidade de acomodação) produz uma redução da capacidade de focagem de objectos próximos, o que obriga à utilização de óculos para ler, escrever, coser…
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A diminuição do tamanho da pupila (que adquire uma forma irregular) e a diminuição na velocidade de resposta à luz são alterações que explicam a deficiente adaptação aos locais escuros e às mudanças bruscas de iluminação.
Ouvidos O tímpano torna-se mais espesso e acumula cera, com formação de tampões. Com a idade, o ouvido interno e o nervo auditivo sofrem um processo de degeneração, com perda da capacidade auditiva para altas frequências.
Boca A boca tende a secar em virtude da menor produção de saliva e de alteração na sua qualidade. Também diminui o paladar, tornando-se mais lento o reflexo nauseativo, com aumento das possibilidades de engasgamento. As gengivas ficam mais finas, diminuindo a sua superfície, reduzindo a sua capacidade de suportar a pressão de uma prótese dentária e lesionando-se com mais facilidade. Os dentes tendem a separar-se, sendo frequente a sua perda progressiva. Podem também ficar mais escuros, devido à perda de esmalte e aos depósitos de minerais.
Nariz Pode aumentar de tamanho, perde-se a capacidade e os pêlos aumentam em número e em grossura.
Constituição corporal
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Reduz-se a massa muscular total, enquanto aumenta a gordura corporal, o que provoca alterações no peso e no aspecto, até mesmo 50% do peso corporal. Isto explica a grande facilidade com que os idosos se desidratam, tanto por perda de água como por diminuição da sede ou dificuldade de ingerir líquidos.
Sistema Musculoesquelético Produzem-se alterações nos músculos, nos ossos e nas articulações, que se repercutem tanto na forma como na mobilidade e nas actividades da vida diária. Origina-se uma perda geral de massa óssea, sobretudo na mulher depois da menopausa. Os ossos mais frágeis (devido à osteoporose que se instala), tornam-se mais predispostos a fracturas, a deformação nas vértebras, contribui para a postura “curvada” de muitos idosos. O envelhecimento repercute-se, fundamentalmente, na mobilidade das articulações. Outro efeito observado é a diminuição da estatura (aproximadamente 5cm no homem e 3cm na mulher). Endurecimento e rigidez dos tendões. Dão origem a: - diminuição da força - diminuição do tónus muscular e da velocidade contracção Como tal: - os movimentos ficam mais lentos - a capacidade de reacção diminui Aparelho Respiratório Variadíssimas alterações funcionais diminuem o reflexo da tosse, reduzem as trocas de ar, aumentam as secreções e dificultam a expectoração. Muitas vezes é necessário ensinar os idosos a tossir eficazmente.
A partir dos 50 anos, o tamanho do fígado diminui bem como o fluxo sanguíneo.
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As alterações funcionais podem afectar a função motora, secretora, de absorção ou todas simultaneamente. Em geral, o trânsito de alimentos fica mais lento, com menor absorção de substâncias e tendência à prisão de ventre.
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Aparelho Digestivo
Aparelho Circulatório Alterações anatómicas nos tecidos e na função cardíaca que dão origem a modificações importantes no funcionamento cardíaco. Em repouso, não mostra grandes alterações quando comparado com as pessoas mais jovens. Em exercício, os idosos não conseguem alcançar uma frequência cardíaca tão elevada como os jovens. Assim, a capacidade do idoso para realizar exercícios intensos fica limitada.
Aparelho Genital Após a menopausa, ocorre uma diminuição importante na produção de hormonas responsável pelas alterações do aparelho genital. Perda de pêlos públicos, diminuição do tamanho dos ovários, trompas e útero. Vagina mais curta, menos elástica e menos lubrificada – relações mais dolorosas e aumenta o risco de infecções vaginais. Nos homens ocorrem menos alterações anatómicas, mas são significativas as alterações fisiológicas: erecção mais lenta, diminui a sensibilidade peniana e aumenta a próstata.
Rins
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Altera-se a capacidade de concentração e diluição de urina. Como muitos fármacos são eliminados por esta via, os seus níveis podem estar aumentados no sangue, com prováveis efeitos tóxicos secundários.
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Diminui o fluxo sanguíneo renal, com perda da maioria das funções renais.
Sistema Nervoso
Efeito da Idade
Gosto
Muito fraco
Olfacto
Muito fraco
Cinestesia (movimento)
Muito fraco
Tacto
Forte
Temperatura
Forte
Dor
Forte
Equilíbrio
Muito forte
Visão
Muito forte
Audição
Muito forte
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Modalidade
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As alterações no sistema nervoso central (SNC) afectam diferentes níveis: sensoriais, motores, capacidade intelectual e comportamento. São afectados a percepção, a memória recente, o sono, a coordenação motora e o controle muscular. A perda de memória (especialmente a recente). Diminuição da capacidade de aprendizagem de novas aptidões. A capacidade de recordar é mais lenta e implica mais esforço. Pode debilitar-se a vontade (motivação) e perder-se a capacidade de adaptação a novas situações. Diminuição da capacidade de comunicação e do estado de ânimo. O idoso pode apresentar uma mentalidade pré-depressiva.
No plano psicológico Espera-se uma diminuição tendencial do funcionamento intelectual e modificações no comportamento. O envelhecimento cerebral é um processo diferencial que se manifesta com gravidade variável conforme a pessoa. Podem observar-se diferenças interindividuais acentuadas. Podem observar-se perfis de envelhecimento diferentes, conforme os modos e histórias de vida. A neuroplasticidade, embora menos eficaz, observa-se no idoso. Efeitos muito positivos dos programas de optimização dos recursos cognitivos em pessoas idosas (melhoramento do funcionamento cognitivo).
4. Emoções – Transtornos emocionais no envelhecimento António Damásio alertou-nos para a importância das emoções, segundo este autor somos 80% emoção contra 20% de razão. Daí que o estudo das emoções mereça algum destaque. Associado ao envelhecimento estão um conjunto de perdas que o idoso deve integrar e que podem ter graves consequências na sua auto-estima, auto-imagem e nas actividades do seu dia-a-dia.
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A Ansiedade entendida como um estado subjectivo acompanhado por várias combinações de sinais e sintomas. Em alguns idosos pode ser difícil distinguir entre sintomas
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Destacamos, com especial atenção as Perturbações de Ansiedade.
de ansiedade e sintomas de doenças físicas (palpitações, dispneia, dor torácica), uma vez que dão mais atenção aos sintomas físicos.
Assim, destacam-se as seguintes perturbações de ansiedade: Ansiedade situacional – situações comuns que também afectam as outras faixas etárias (exames médicos, dentista…) Ansiedade de adaptação – pode ocorrer durante ou depois de períodos de crise pessoal evidente (mudanças de casa, institucionalização, reforma…) Ansiedade fóbica – medo excessivo ou irracional de uma situação particular (receio de não ser capaz de fazer alguma coisa que até aí fazia, medo de ter um episódio de incontinência…) Perturbação de pânico – situações primeiramente avaliadas como sendo de causa física e só com as sucessivas repetições é que são enviadas para a psiquiatria.
Sabe-se, também, que o nosso estado emocional influência o nosso estado físico. Esta pode ser exercida de forma directa, uma vez que, qualquer circunstância que conduza ao aumento da ansiedade, fúria ou depressão tem probabilidades de se reflectir como agravamento agudo duma doença física preexistente. Por exemplo: a dor crónica ou intermitente pode ser exacerbada por ansiedade ou depressão. Ou, então, esta influência pode ser Indirecta, na adesão ao tratamento, medicação ou às indicações do médico.
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Por sua vez, a Depressão agrava com frequência: ▪ Dor crónica ▪ Obstipação ▪ Perda de energia
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Mais concretamente, a Ansiedade pode agravar algumas condições físicas como: ▪ Dor aguda ▪ Angina de peito ▪ Dor crónica ▪ Hipertensão ▪ Obesidade ▪ Depressão
▪
Fraqueza
5. Personalidade A personalidade retrata o nosso modo de pensar, de sentir, de agir ou de reagir a situações quotidianas. Por vezes, a propósito da forma como determinada pessoa, que julgávamos conhecer muito bem, reage em certa situação e nos surpreende, dizemos “não a julgava assim”. Isto significa que esperamos que a pessoa reaja de certa maneira, porque possui tal ou tais traços de personalidade. Nós possuímos uma representação daquilo que somos e possuímos também uma representação daquilo que julgamos que os outros pensam de nós. O estudo do envelhecimento da personalidade reconduz à questão da estabilidade e das mudanças desta estrutura. Assim, vamos abordar 3 teorias acerca da personalidade.
Abordagem Psicométrica
Como principais autores destacam-se: CATTELL, EYSENK, COSTA E McCRAE.
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A Personalidade é, assim, uma Estrutura Homogénea, com forte determinismo hereditário, resistente ao envelhecimento.
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Para esta abordagem a Personalidade é uma combinação de traços e caracteriza-se por uma presença mais ou menos forte de cada um deles.
Estes últimos apresentaram o Modelo “Big Five”:
Abordagem Desenvolvimentista Evolução descontínua da personalidade por fases universais, durante toda a vida. Sem estabilidade estrutural (sofre transformações ao longo do ciclo vital) Principais autores: JUNG, ERIKSON e LOEVINGER
JUNG A Personalidade organiza-se em redor de duas orientações opostas: extroversão/introversão. Estão presentes em todos os indivíduos, equilibram-se para permitir a integração das limitações do ambiente e os desejos e fantasmas do inconsciente. Na juventude domina a extroversão (traduz-se pela necessidade de afirmação do eu e realização pessoal). Na 2ª metade da vida aumenta a introversão (análise dos sentimentos pessoais).
ERIKSON Personalidade resulta do jogo de oposições entre o eu e os outros. O idoso gera a contradição entre integridade e desespero. (8 estádios) O adolescente estrutura as relações sociais em redor da fidelidade. O jovem adulto em redor do amor. O adulto em redor da atenção e cuidado aos seus. O idoso em redor da sabedoria.
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Personalidade como um integrador, que permite estruturar as interacções entre o indivíduo e o seu ambiente. Cada estádio caracteriza-se por um tipo específico de integração. A qualidade do envelhecimento determina o acesso ao último estádio: “Integrado – resolução dos conflitos internos”
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LOEVINGER
Abordagem Cognitiva e Sociocognitiva Rogers e Maslow: Evolução da personalidade em função das características pessoais e do seu ambiente específico. Bandura: “determinismo recíproco” - o ambiente determina o indivíduo, tanto como o indivíduo determina o seu ambiente. WHITBOURNE: Personalidade preenche um papel central de identificação (quem sou eu?) Cenário e história de vida integram-se numa construção única: a identidade da pessoa. Personalidade é resultado da dinâmica permanente sob o controlo da actividade do indivíduo.
6. Tarefas Evolutivas da Velhice Tendo em conta o processo de envelhecimento, sabemos que a velhice não pode ser vista como uma etapa isolada das restantes. Sabemos que a passagem à reforma corresponde a um dos momentos mais importantes da reestruturação dos papéis sociais, sendo considerada como a componente social da velhice.
Paralelamente, não nos podemos esquecer que os actuais idosos nasceram num tempo e espaço social bem diferente do actual e viveram tempos intensos de mudanças. Por isso, é
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Podemos também dizer que outros dos papéis de transição é o tornar-se avó. Assiste-se a um aumento da longevidade, que se pode traduzir na coabitação de diferentes gerações, isto é, a uma complexificação das relações familiares. Desta forma, pode esperar-se, por um lado, que as famílias passem mais anos a cuidar dos pais do que dos filhos; por outro, que as crianças conheçam os avós e até bisavós numa fase plena de autonomia.
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Este acontecimento arrasta consigo uma transição, uma mudança de papéis, tendo uma dupla significação: por um lado, representa o afastamento do circuito laboral e de produtividade em que o indivíduo está envolvido; por outro lado, tal afastamento oferece a contrapartida do direito a um repouso remunerado.
necessário atender que a diferenças no sistema de valores e estilos de vida, que podem muitas vezes conduzir a conflitos geracionais e a visões diferenciadas.
7. A Morte e o Luto Actualmente, a esperança média de vida aumentou significativamente, no entanto, se trata apenas de manter o idoso vivo, mas sim de lhe proporcionar mais anos de vida com respeito pela sua dignidade. Quando trabalhamos com idosos devemos tentar ajudar a superar e lidar com as perdas e não podemos esquecer que existem perdas a vários níveis:
Perda de familiares e amigos – vazio e solidão ligados à necessidade de intimidade Perda de papéis sociais – dependência e inutilidade Perda de saúde – fragilidade e ameaça, necessidade de segurança e controle Perda de habitação
A pessoa idosa está mais confrontada com a morte. Está consciente que poderá ser confrontada com uma doença incurável e dá-se conta da morte das pessoas próximas ou que conhecia, o que provoca sentimentos confusos, angústias, tristeza e, às vezes raiva.
Levar a pessoa a ultrapassar as angústias para atingir a aceitação.
Criar um ambiente calmo e caloroso.
Solidariedade da sua presença.
Fazer massagens.
Ouvir as histórias dos idosos.
Acariciar a sua mão.
Deixá-los exprimir a sua dor e o seu medo.
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No apoio ao idoso devemos:
O acompanhamento na morte faz parte do direito que toda a pessoa tem de morrer em dignidade.
O Processo de Luto 3 fases do luto de Pincus
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Choque, sentimentos confusos (solidão, tristeza e incredulidade)
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Negação
Fase Intermédia – 3 características ▪
Necessidade de negociar com a morte através de sentimentos de culpabilidade e responsabilidade
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Tenta compreender a razão da morte – trabalho psicológico
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Procura da pessoa falecida – sente-se a presença, ouve-se a voz, há períodos em que a pessoa se torna mais presente.
Fase da recuperação ▪
Desaparecem os sentimentos atrás referidos
O Luto Patológico o Perduração dos sentimentos por 2/3 anos o Culpabilidade desmedida, perturbações do apetite, excessiva baixa autoestima, morrem de tristeza o As 5 fases de Kubler-Ross (Cinco fases por que passam as pessoas quando sabem que vão morrer)
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Fase Inicial – semanas seguintes à morte
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Recusa ou Negação (após o choque emocional) – erro de diagnóstico, mudam de médico, voltam-se para a religião.
Estado de Cólera – após a aceitação do diagnóstico aparecem os sentimentos de frustração e injustiça e, por vezes, comportamentos negativos e maldosos para com os outros.
Fase de Negociação – contrato com Deus ou qualquer força superior, pode aparecer perda de lucidez.
Depressão – sentimentos de mágoa, de culpabilidade ou vergonha face à doença.
Aceitação – aceitação da morte, conduz á paz interior.
Em suma, é importante referir que as pessoas idosas devem permanecer integradas na comunidade, esta deve apoiar iniciativas ou instituições.
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É importante evitar o isolamento social – solidão ▪ Promoção de encontros e festas. ▪ Participação activa na vida e nos actos da comunidade – fazendo o idoso sentir-se útil. É fundamental valorizar o idoso ▪ Aproveitar e usar o património humano e cultural do idoso ▪ Viver em solidariedade com o idoso (visitas e apoio domiciliário) ▪ Evidenciar a dimensão positiva da dependência (aceitação dos seus próprios limites) ▪ Criar uma imagem positiva da velhice (recuperar os valores dos idosos)
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▪
8. Aspectos Cognitivos do Envelhecimento Ao longo do processo de envelhecimento, assistimos a uma alteração das funções cognitivas, o chamado envelhecimento cerebral é universal, embora varie de pessoa para pessoa em gravidade. Este é um processo normal mas que pode ser influenciado por factores como a escolaridade ou a doença. De uma maneira geral, o envelhecimento cerebral caracteriza-se por: Lentificação dos processos mentais: o Diminuição das sensações e percepções o Diminuição das respostas motoras o Diminuição da rapidez de decisão o Diminuição da capacidade de resolver problemas o Diminuição da capacidade de aprendizagem de aptidões Memória o Diminuição da memória recente (daí a dificuldade em fazer novas aquisições) o Manutenção da memória passada Atenção e Concentração o Diminuição da capacidade de atenção e concentração
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No que concerne à Inteligência e ao Pensamento não se pode afirmar que haja um declínio acentuado com o avançar da idade, no entanto, como é afectada por outros aspectos pode assistir-se a um declínio desta função.
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Pensamento o Diminuição do pensamento abstracto o Manutenção do pensamento concreto o Rigidez conceptual
A fadiga mental, o desinteresse e desmotivação, a diminuição da capacidade de atenção e concentração, geralmente, provocam alterações na inteligência, podendo originar o declínio da mesma. A performance intelectual é, também, influenciada pelas aquisições anteriores, pela escolaridade, pelo próprio nível socioeconómico e pelas actividades desempenhadas pela pessoa. O envelhecimento é acompanhado por um ligeiro declínio nas aptidões psicomotoras em especial relacionadas à coordenação, à agilidade mental e à percepção, motivo pelo qual os idosos têm um desempenho menos satisfatório quando submetidos a situações que exigem rapidez de execução, longa duração ou quando só estimulam as aptidões não verbais. Por outro lado, no idoso verifica-se uma diminuição do pensamento abstracto e uma manutenção do pensamento concreto, pelo que há um declínio da criatividade e uma tendência a uma certa rigidez conceptual. A profundidade do saber e da experiência, a capacidade de fazer julgamentos, assim como, a capacidade de compreender as relações sociais e as suas convenções parecem resistir ao envelhecimento, aquilo a que vários autores chamaram de inteligência cristalizada. Por sua vez, a compreensão de dados novos de natureza espacial ou verbal, a flexibilidade mental parecem diminuir, aquilo a que se chama de inteligência fluida. As alterações na Memória e Aprendizagem dos idosos parecem resultar de alterações a nível orgânico, no Sistema Nervoso Central. As principais modificações observadas no envelhecimento ao nível destas duas funções estão relacionadas com uma diminuição da motivação, com as limitações resultantes do estado de saúde e das experiências prévias de aprendizagem. De facto, na maioria dos idosos verificamos que o processo de assimilação de novas informações é mais lento, há uma maior dificuldade na organização e utilização das informações armazenadas e há uma diminuição da memória a curto prazo, nomeadamente da memória visual e auditiva a curto prazo. Por este motivo, embora se conserve a capacidade de aprendizagem, esta está lentificada. Salienta-se o facto de se verificar durante o processo de envelhecimento uma conservação da memória a longo prazo, há uma maior facilidade em recordar memórias e conteúdos antigos. Em suma, com o envelhecimento verifica-se:
Perda de memória, sobretudo a curto prazo Diminuição da capacidade de atenção e concentração Fadiga mental e perda de iniciativa e motivação Alterações do comportamento e do humor
- Diminuição da auto-imagem e auto-estima
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O processo de envelhecimento, com todas as consequências a ele inerentes, vai ter repercussões ao nível psicológico. Assim, destacamos que, com o envelhecimento podem observar-se os seguintes aspectos:
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9. Aspectos Psicológicos do Envelhecimento
- Diminuição da motivação e uma tendência ao conformismo - Tendência à introversão e ao isolamento - Acentuação de alguns traços de personalidade, como o distanciamento afectivo, o egocentrismo, uma atitude defensiva, rigidez e resistência à mudança. - Aumento do sentido estratégico - Vivência da proximidade da morte e das perdas
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- Alterações ao nível do desempenho (resultado das limitações físicas e cognitivas inerentes ao envelhecimento).
Bibliografia
7 – Bibliografia Berger, L. & Mailloux – Pairier,D. (1995). Pessoas idosas, uma abordagem global. Lisboa. Lusodidacta. pp.123-142. Bize, P.R. & Vallier. (1985). Uma vida nova: a terceira idade. Lisboa/São Paulo. Editora Verbo. pp.59-69; 184-190. Botelho, Maria Amália Silveira. (2000). Autonomia funcional em idosos. Porto. 1ª edição. Laboratórios Bial. pp.28; 33-38; 40. Correia, Martins (2003). Introdução à Gerontologia. Universidade Aberta, 1ª edição. Fernandes, A. (1997). Velhice e Sociedade: Demografia, família e políticas sociais em Portugal. Oeiras. Celta Editora. Paul, C. & Fonseca, A. (2005). Envelhecer em Portugal: Psicologia, saúde e prestação de cuidados. Manuais Universitários, 42. Lisboa, Climepsi Editores. Quintela, Maria João & Campos, Lurdes. (s.d.). Dar saúde aos anos. Contributos para a promoção de saúde e qualidade de vida do idoso. Câmara Municipal de Loures. pp.37-67. Salgado, M. A. Envelhecimento, um desafio para a sociedade. A Terceira Idade. São Paulo: SESC Simões, António. (1982). Aspectos da Gerontologia: No ano internacional da terceira idade. Revista Portuguesa de Pedagogia. XVI. pp.39-96.
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Sousa, L., Figueiredo, D & Cerqueira, M. (2004). Envelhecer em família. Porto. Colecção Idade do Saber.