A técnica de “Patte Noire” tem como base um teste americano, “As Aventuras de Blacky”. Foi criado por Louis Corman entre 1959 e 1961, e tem desenhos de Paul Dauce.
Apresentação:
É uma técnica bem estruturada
Existência de vários temas com significado ambíguo
Inteira liberdade de resposta.
Existe liberdade na caracterização dos personagens do frontispício quanto ao sexo, idade e relações de parentesco.
Como forma de distinguir o herói dos seus companheiros colocou-se uma mancha negra na pata esquerda.
Aplicação: Tempo de aplicação: de 60 a 90 minutos. Compreende cinco etapas: 1. frontispício 2. Temas 3. Preferências-Identificações 4. Questões dirigidas 5. Questões de síntese
Universo de Aplicação: Este teste pode ser aplicado desde a infância até à idade adulta através de pequenos cambiantes na instrução.
Características Características do teste: Liberdade absoluta para caracterizar os cinco personagens do frontispício. Liberdade para escolher as pranchas e ordená-las para fazer a narração. Liberdade para descrever a situação quanto ao passado e quanto ao futuro. Liberdade na interpretação da cena representada e dos sentimentos dos protagonistas. Liberdade na classificação final das pranchas em Agradáveis e Não Agradáveis. Liberdade para identificar-se em cada tema com um dos protagonistas.
Instruções para Aplicação
“Estas são as imagens onde estão representadas as aventuras do pequeno porco Pata Negra. Vês (apresenta-lhe o frontispício), Pata Negra está aqui, é o pequeno porco que se vê debaixo do título. (Vês o que está aqui escrito?) (Faz-se ler em voz alta, no caso da versão portuguesa e, se ele não sabe ler, lê-se-lhe.). Porque é que se chama Pata Negra?”
“Nestas imagens das aventuras de Pata Negra, não há uma história escrita. Gostaria que contasses tu a história. Mas antes, vais dizer-me se Pata Negra é um porquinho ou uma porquinha e dar-lhe uma idade. Vamos lá ver: Que vamos fazer? Um porquinho ou uma porquinha? Que idade lhe vamos dar?
Se a criança hesita diz-se:
“Sabes, é um jogo. Pode dizer-se tudo o que se quiser. Não é como na escola onde há boas e más respostas. Aqui todas as respostas são boas.”
“E os dois brancos pequenos, que fazemos? São porquinhos, porquinhas ou as duas coisas? Primeiro este (designa-se com o dedo)… agora estes … Que idade vamos dar a cada um?” - deve também perguntar-se se são irmãos ou irmãs de Pata Negra ou se não são da família.
“E os dois grandes, quem são eles? Este com mancha negra é…? E o grande completamente branco é…? Importa sobretudo não impor à criança que são pais porcos. Se não forem os pais de PN deve-se perguntar de quem são pais.
Temas (História)
Apresentar todas as imagens do teste à criança, sendo que para isso não se torna necessário que estejam por ordem:
“Aqui estão as imagens que representam as aventuras de Pata Negra. Vais olhá-las e contar-me uma história para cada uma. Podes escolher as imagens que te interessam mais e só contar uma história para essas. Olha bem para todas. Põe de lado aquelas que não te interessam e guarda as outras diante de ti para contares a tua história.”
“Agora conta-me, Pata Negra…”
Se a criança hesita, diz-se:
“Com qual vais começar?”
Para crianças mais velhas e adultos apresentar como um teste de imaginação:
“Suponha que estas imagens são destinadas à ilustração de um livro para crianças. Componha uma história que poderia acompanhá-las” ou “Componha-me um filme com as imagens que queira e conte-me o argumento”.
É importante •
Estimular o relato do tempo - o que se passou antes da cena e o que se passará depois.
•
Estimular a criança mais inibida ou hesitante através de perguntas não sugestivas mas
dinamizantes: “Vês mais alguma coisa?” “O que é que se está a passar?” “Explica-me
mais.” “Continua.” •
Dizer à criança que, a qualquer momento do teste, pode, se quiser, voltar a uma das
imagens que rejeitou, integrando-a na sua história.
No final do teste deve perguntar-se:
“Como vão terminar as aventuras do Pata Negra?”
Imagens Rejeitadas
Estas imagens devem ficar constantemente à disposição do sujeito. Quando tiver acabado de contar a história deve perguntar-se se não quer acrescentar uma ou mais imagens ao seu relato. Se a criança não quiser dizer nada sobre as imagens rejeitadas, não se insiste.
As Preferências - Identificações
Quando a criança tiver terminado o relato das aventuras de Pata Negra, reúnem-se de novo todas as imagens:
“Agora que já conheces bem todas as imagens, vamos jogar a um jogo: o jogo das imagens preferidas. Olha de novo para as imagens e põe-nas em dois montes - no da direita as imagens de que gostas e no da esquerda aquelas que não gostas.”
Após a escolha da criança, põem-se de lado as imagens NA (não gostadas), espalhando-se sobre a mesa as imagens A (de que gostou), convidando-se de seguida a criança a escolher aquela de que mais gostas de todas. Após a escolha pergunta-se porquê.
“No jogo das preferências imagina-se que se faz parte da história. Quem serias tu? Quem querias ser nesta imagem?”
Se a criança hesitar ou disser que não pode ser um porco:
“Sabes, é a brincar. Brincar a ser Pata Negra ou um dos outros.”
Posto isto, convida-se a criança a escolher a que mais gosta das que ainda há - continuando assim até à última imagem das que gosta - perguntando sempre o porquê da sua preferência e o que ela seria.
A partir da escolha da segunda imagem pode dizer-se à criança que pode, se quiser, não se identificar com nenhuma das personagens das imagens - se a criança diz que não está na imagem é necessário perguntar se é um dos outros ou se não é ninguém.
Após a análise das imagens A pega-se no monte das imagens NA e espalham-se diante da criança pedindo-se para escolher aquela que menos gosta de todas, depois a menos apreciada das que restam até ao final, perguntando-se sempre porque não aprecia e a identificação. Se a criança não souber explicar porque não gosta da imagem deverá dizer-se: “Supõe que o desenhador podia modificar a imagem. Que deveria mudar para que gostasses dela?”
As Questões Dirigidas
Convém reservar as questões dirigidas para depois das preferências/identificações, por oposição às questões dinamizantes do início, uma vez que as primeiras, tendem a dirigir a atenção sobre um ponto determinado que se deseja elucidar.
Convém, na primeira imagem, deixar a criança livre para dizer porque gostou ou não da imagem e depois identificar-se. Só depois chamar a atenção sobre a imagem ignorada perguntando o que pensa disso: “Vês algo mais? Vê esta parte do desenho. Não vês nada em especial?”. Poderá ser interessante pedir-lhe que se identifique depois novamente - a mudança de identificação poderá indicar inibição produzida por um efeito de censura.
Questões de Síntese
Após ter terminado o teste é conveniente fazer o ponto dos sentimentos da criança relativamente às diferentes personagens.
Para isso são colocadas questões de síntese:
“Contaste-me muito bem as aventuras do pequeno Pata Negra. É interessante não é? Então: Quem é para ti o mais feliz nesta história? Porquê? Quem é para ti o menos feliz? Porquê? Quem é para ti o mais gentil/simpático? Porquê? E o menos gentil/simpático? Porquê?”
No momento que considerarmos mais propício deveremos dirigir a investigação para as atracções afectivas no seio da família PN:
“Na família PN o pai tem uma preferência por um dos outros da família? E a mãe? E o PN tem uma preferência?
E os brancos pequenos?”
Para terminar:
“E tu quem preferes?” “Em que se vai tornar Pata Negra?” ou “O que será PN quando for grande?” “Que pensa Pata Negra da sua pata negra?”
É nesta fase que se pode apresentar a imagem La Fée (a fada) explicando-lhe que, é a fada madrinha de PN e que, este lhe pode pedir três desejos - pergunta-se então à criança para adivinhar os três desejos do Pata Negra.
Pode introduzir-se, sob a forma de 4º desejo, o Test du Bestiaire de Zazzo , mas de um modo mais projectivo, dizendo:
“Supõe que Pata Negra está cansado de ser um pequeno porquinho e que pede à fada para o transformar noutro animal. Em que animal pensas que ele quer ser transformado? E porquê?”
Apresentação do Teste As Pranchas
Frontispício 1.
Bebedouro (Auge)
2.
Beijo (Baiser)
3.
Batalha (Bataille)
4.
Carroça (Charrette)
5.
Cabra (Chèvre)
6.
Partida (Dèpart)
7.
Hesitação (Hesitation)
8.
Ganso (Jars)
9.
Brincadeiras Sujas (Jeux Sales)
10. Noite (Nuit) 11. Ninhada (Portée) 12. Sonho Mãe (Rêve M.) 13. Sonho Pai (Rêve P.) 14. Mamada I (Tétée I) 15. Mamada II (Tétée II) 16. Buraco (Trou) 17. Pequena escada (Courte Échelle) (esta prancha não consta nas tabelas) Fada (Fée)
Os temas das pranchas
1 Bebedouro (comedouro) Tema fiel
Outros temas
PN urina ostensivamente 1.Evasiva no comedouro dos pais enquanto a família 2.Oral dorme. 3.Reunião de família
Interpretação
Expressão da agressividade para com as imagens parentais. •
A delimitação dentro-fora (continente de confiança) – a vedação vista como separada •
•
Consistência ou precariedade dos suportes
Agressividade num contexto de reivindicação oral ou destrutividade, susceptível de provocar perda do objecto •
Sanção dos desejos agressivos pela autoridade parental (interiorização das regras) •
História Rejeitada:
Eleita em 1º Lugar: 6%
Freq:53%
2 Beijo Tema fiel
O pai e mãe abraçam-se e beijam-se. Atrás de um muro um porquinho observa.
Outros temas
1.Tema escotomizado 2.Tema de discussão ou conflito
Interpretação
•
Reconhecimento das identidades (confusão entre gerações) e diferenciação dos sexos •
•
História Rejeitada: 27%
Ressonância agressiva (disputa)
Individuação (precariedade identitária)
(iguais / gémeos) – apoiados para não cair Eleita em 1º Lugar: 17%F;11%M Freq: 72%
3 Batalha Tema fiel
Outros temas
PN e um dos porquinhos 1.Tema brancos mordem-se com escotomizado (jogo raiva. Outro porquinho ou tema oral) branco corre em direcção aos pais que acodem ao lugar da contenda
História Rejeitada: ¼ casos
Interpretação
•
Rivalidade fraterna
•
Culpabilidade
•
Contacto corporal (mesmo sendo agressivo)
•
Confusão dos espaços individuais
•
Procura de apoio ou limites firmes
•
Agressividade circular (forma de contenção)
•
Interiorização de regras
Eleita em 1º Lugar: 8%
Freq: 78%
4 Carroça Tema fiel
Outros temas
PN sonha que um homem 1.Sonho mete uns porquinhos numa carroça. Está a 2.Realidade empurrar um que resiste e grita. Os pais de PN e Tema dramático os outros pequenos contemplam a cena. Tema 1: levam o PN Tema 2: levam um irmão
História Rejeitada: 25%
Interpretação
•
Angústia de separação
•
Agressividade nas relações familiares
Dificuldades de diferenciação -mts personagens •
Equivalente de afecto depressivo (preto)hipersensibilidade •
•
Hostilidade contra o progenitor
•
Rivalidade edipiana (castigo pelo progenitor)
Eleita em 1º Lugar: 7%
5 Cabra Tema fiel
Outros temas
1.Cabra PN mama numa cabra gratificante enquanto esta o observa 2.Cabra frustrante ou agressiva 3.Tema agressivo de PN contra a cabra 4.Mamada escotomizada
História Rejeitada:
Interpretação
•
Relação com um substituto materno
Vivência de abandono e de perda (duplicação de imagem materna hostil) •
Por um caminho solitário 1.Partida feliz que conduz a uma montanha vai um porco 2.Partida infeliz de identidade imprecisa e cuja expressão não pode ver-se
Interpretação
•
Relação de dependência
•
Angústia de separação (solidão)
•
Contexto conflitual ou não
Pode ser estruturante quando existem dificuldades identitárias •
Procura de objecto de apoio (só 1 personagem) •
•
Vivência carencial (branco)
História Rejeitada: ¼ casos
•
Dialéctica dependência/independência
•
Representações de relação
Eleita em 1º Lugar: 10%
7 Hesitação Tema fiel
Outros temas
A mãe amamenta a um 1.Tema de exclusão dos porquinhos brancos de PN enquanto o pai come no comedouro com o outro. 2.Tema de evasão Nenhum deles parece prestar atenção a PN que 3.Tema de está um pouco mais atrás, ambivalência sozinho, em atitude equívoca, com o corpo inclinado para a mãe e a cabeça para o pai.
História Rejeitada:
Interpretação
•
Ambivalência
•
Rivalidade fraterna (ciúme)
•
Vivência de exclusão (invulnerabilidade)
•
Confusão dentro/fora
•
Depressão (sentimento de miséria)
•
Processo de identificação
Eleita em 1º Lugar: 5%
8 Ganso Tema fiel
Um grande ganso ameaçador, com as asas abertas apanha pela cauda um porquinho, o PN ou um branco, não se sabe. O Porquinho tenta fugir e chora. À parte, semi-oculto atrás de um pequeno muro outro porco vê a cena. Tema de castigo: representa a autoridade
Outros temas
Interpretação
•
Retorno punitivo contra si
Relação agressividade/punição (activa ou sofrida) •
•
Angústia de aniquilamento
A agressividade pode servir de suporte relacional •
que castiga o sujeito História Rejeitada:
Eleita em 1º Lugar: 8%
9 Brincadeiras sujas Tema fiel
Próximo de um monte de esterco dois porcos chafurdam e um deles salpica o pai com as suas patas traseiras. O terceiro olha a cena à distância. Não se sabe qual dos três é o PN.
Outros temas
1.Tema de simples regozijo 2.Tema de agressividade, contra o pai / mãe
História Rejeitada:
Interpretação •
Agressividade face a uma imagem parental
•
Referências identitárias
Dano da integridade corporal (esquema corporal) •
•
Vivência depressiva de perda do objecto
•
Interiorização dos interditos (sanções)
Eleita em 1º Lugar: 7%
10 Noite Tema fiel
Outros temas
É de noite e vê-se um 1.Tema estábulo iluminado pela escotomizado lua, dividido em duas partes por um tabique. 2.Tema em que PN De um lado do curral há vai reunir-se com os dois porcos grandes pais enlaçados, do outro dois porquinhos encostados e 3.Tema de partida um terceiro de pé apoiado no tabique e a olhar para os dois grandes. Não se distingue quem é PN. História Rejeitada: ½ casos
Interpretação
•
Curiosidade sexual
•
Delimitação dentro-fora
•
Separação e exclusão
Eleita em 1º Lugar: 4%
11 Ninhada Tema fiel
A mãe porca deu à luz três novos porquinhos que mamam enquanto ela bebe no comedouro. Os dois caseiros prestam-lhe cuidados. Em primeiro plano, separados da mãe por uma barreira, estão os três porquinhos que olham a cena com surpresa. Pode reconhecer-se o PN no centro.
História Rejeitada:
Outros temas
1.Agressividade contra a mãe. 2.Tema de escotomização da mãe, dos recémnascidos ou da mamada
Interpretação
•
Nascimento
•
Rivalidade fraterna
•
Relações precoces
Fonte de destabilização quando existem problemas de identidade •
•
Vivência depressiva (preto)
•
Separação
•
Frustração em relação à imagem materna
Eleita em 1º Lugar: 12%
12 Sonho Mãe Tema fiel
Outros temas
PN dormindo vê em 1.PN sonhando sonhos a sua mãe que lhe como ele será mais sorri. tarde 2.Tema do pai alimentador
Interpretação
•
Relação com a imagem materna
•
Diferenciação de papeis / sexos
•
Identificação
3.Tema da presença efectiva da mãe História Rejeitada: ½ casos Eleita em 1º Lugar:5,5%
13 Sonho Pai Tema fiel
PN dormindo vê em sonhos o seu pai que o olha
Outros temas
1.PN sonha como será quando crescer 2.Tema do pai alimentador
Dificuldade em estabelecer laços estáveis e estruturantes •
•
Relações objectais
•
Relação diádica
Eleita em 1º Lugar:
Freq: 70%
15 Mamada II Tema fiel
Outros temas
O mesmo que Mamada I, 1.Tema de no entanto inclui dois escotomização da
Interpretação
•
Rivalidade fraterna
porquinhos brancos que rivalidade fraterna chegam a correr 2.Tema de Oralidade frustrada, agressiva ou escamoteada História Rejeitada:
Eleita em 1º Lugar: 5%
16 Buraco Tema fiel
Outros temas
À noite, à luz da lua, vê- 1.Tema infeliz e de se PN que caiu num perigo buraco e que está a gritar 2.Tema feliz Tema de culpabilidade e de castigo 3.Tema de desobediência e fuga
História Rejeitada:
Interpretação
•
Solidão
•
Exclusão
•
Punição (culpabilidade)
•
Angústia de separação
•
Contexto depressivo
Individuação (forma/fundo, dentro/fora, corpo parcial) •
Eleita em 1º Lugar:7%
17 Pequena escada (Esta prancha não consta nas tabelas) Tema fiel
PN está em pé, sobre os ombros de um porco, também ele de pé encostado a uma árvore. Por cima, passarinhos
Outros temas
Interpretação
•
Holding
•
Transgressão e conflito (cumplicidade)
num ninho, num ramo.
História Rejeitada:
•
Pai suporte (apoio sólido ou defeituoso)
•
Individuação/separação e de diferenciação
•
mostra alegria, paixão ou comoção
Eleita em 1º Lugar:
PATA NEGRA (INTERPRETAÇÃO) Parte do princípio que os comportamentos adaptados expressam respostas adequadas às estimulações do meio. A elaboração de uma história seguida pressupõe a capacidade de integração de temas parciais e só se adquire com a idade (cerca dos 10 anos). Se a criança só retém uma imagem pode-se pensar que esta imagem tem algo de fascinante pela sua afinidade com a preocupação dominante.
1- Frontispício
Identificações
Identificação de tendência - o sujeito identifica-se com a personagem central da história: o que realiza a acção. Identificação de desejo - o sujeito substitui a identificação por uma que lhe traga mais prazer. Trata-se também de uma identificação de defesa por oposição à identificação de tendência. · Sexos · Idades
2- Temas Francos – Expressa a sua tendência de forma adaptada às imagens, geralmente são 3 A ou seja são Aceites, Agradáveis e Assumidas.
Camuflados – A censura domina a tendência inibindo-a, geralmente são 3 NA ou seja Não são Aceites, Não são Agradáveis e Não são Assumidas.
Triviais – A criança limita-se a fazer uma descrição fiel da imagem.
Originais – Qualquer tema que pela sua originalidade se desvia do tema esperado deve considerar-se como significativo.
2.1 - Temas Originais: a) Orais b) Anais c) Sexuais d) Agressivos e) Punitivos f) Dependência/Independência g) Sexo Invertido h) Pai Cuidador i) Mãe Ideal
3- As Defesas As defesas implicam um aspecto duplo, por um lado, a adaptação ao mundo em que vive a criança, pelo outro, a defesa contra os perigos que a ameaçam. Nos casos patológicos o aspecto defensivo aparece em primeiro plano.
Tipo de Defesas:
Negação - recusa de toda a realidade penosa, esquecer o passado doloroso.
Repressão - é negado o acesso à consciência e à motricidade da tendência que se vê reprimida no inconsciente.
Projecção - actua através de uma confusão entre o Eu e o Outro característica das primeiras fases da existência. O inconsciente projecta as tendências censuradas no mundo exterior através de um prejuízo da unidade da personalidade.
Formação Reactiva - a negação pode conduzir à transformação no contrário.
Sublimação - forma mais flexível e melhor adaptada de conciliar o prazer com a realidade num compromisso adequado.
Isolamento - ruptura entre o elemento intelectual e o elemento afectivo, reacção à distância.
Retorno contra si das moções agressivas - o sujeito prefere perder em vantagens materiais o que recupera no plano moral.
Regressão - suspensão do progresso da personalidade ou retrocesso.
Tendência e censura Tendência sem censura: A imagem é A, é revelado o tema e a tendência, a identificação é com o PN (o protagonista da acção proibida).
Grau elevado de censura : A prancha é rejeitada ou objecto de um tema inibido ou anódino, é classificada de NA, não é assumido o papel do herói. (tendência rejeitada três vezes)
Segundo grau : a tendência é expressa, a imagem é NA, a identificação com o herói é recusada. ( a tendência é rejeitada duas vezes)
Terceiro grau : a tendência é manifestada, a imagem é A, não é feita a identificação com o herói, mas sim uma identificação evasiva (a tendência é rejeitada uma vez)
O primeiro grau corresponde a um conflito muito importante. Se aparecer em muitos temas trata-se de uma defesa muito forte que actua contra várias tendências, traduz-se na vida do sujeito por forte inibição, carácter apagado e tímido, falta de expansão vital. Os graus dois e três revelam boa adaptação, primeiro a tendência e logo depois a reacção contrária. Uma prancha aceite, agradável e assumida (3A) configura as tendências conforme o princípio do prazer e não é objecto de qualquer proibição . Uma prancha não aceite, não agradável e não assumida (3NA) configura as tendências censuradas com mais força: as tendências reprimidas .
4- História e as questões
5- Regras de Interpretação A. Regra da Originalidade – Os temas originais, a sua frequência e a força expressa são fundamentais uma vez que revelam as maiores problemáticas. A originalidade pode ser manifesta nas tendências bem como nas identificações. B. Regra da Ressonância Afectiva – Expressões emocionais manifestadas relativamente a certas imagens ou a todas.
C. Regra da Defesa mais Forte – Importância das defesas utilizadas. C.1. Recusa da imagem – Vai de encontro ao principio do prazer isto porque a imagem poder representar temáticas muito conflituosas. C.2. Escotomização Parcial – Consiste na recusa parcial da imagem ou seja da parte que desperta maior angústia. C.3. Escotomização da Acção – Consiste na negação da acção representada ex: O João, uma criança com encoprese diurna, na imagem brincadeiras sujas disse “Os porquinhos estão-se a lavar”. C.4. Negação de sentimentos - Nos sujeitos mais maduros a negação adopta formas mais subtis: admite-se a acção no seu tema essencial mas de modo atenuado ou com um desenlace favorável. O sujeito pode negar a sua participação afectiva através de relatos fieis mas frios, falamos de uma estrutura obsessiva. C.5. Inibição - Pode revelar-se pela rejeição da prancha, ou por tempos de espera durante os quais o sujeito elabora a defesa e depois aparece um tema trivial. C.6. Transformação no Contrário – Devido a uma negação dos sentimentos a criança pode transformar o que sente no contrário ( ex: formação reactiva). Indicador que a situação representada causa mal estar ao sujeito, a troca da realidade pelo seu contrário. Para controlar melhor a pulsão proibida esta é substituída pela pulsão contrária C.7. Deslocamento – Forma subtil de negação em que por exemplo se desloca uma acção do herói para outro personagem através da racionalização. Deslocar a acção culpabilizável sobre outro personagem é uma forma de saciar a tendência por pessoa interposta sem estar obrigado a assumir a responsabilidade. C.8. Racionalização - Afirmar que não se percebe a imagem. Criticar a imagem como forma de esquivar-se ao tema. Fixar-se em pequenos detalhes como forma de evasiva. Defesa por desprestígio. C.9. Relação à Distância – Consiste em atenuar o significado da acção representada distanciando-se dos participantes ex.: Na carroça o homem leva outros porcos e a família do PN observa. Todas as imagens em que o herói está em perigo ou em situação de culpabilidade o sujeito sente-se tentado a dizer que não é ele. O distanciamento pode ser uma compensação de uma proximidade demasiadamente íntima com o temor C.10. Isolamento – Consiste numa descrição das imagens sem que haja uma expressão de emoções e sentimentos, ou poderá ser feita também através de uma excessiva focagem em detalhes periféricos. D. Regra das Identificações Dominantes · Identificação com o PN
Sexo: extraordinária frequência da inversão que pode indicar um transtorno importante da evolução. Idade: pode dar a própria idade, mas frequentemente dá uma mais baixa – tendências regressivas. Teste da idade de ouro: “Qual é a idade em que as crianças são mais felizes?”
Em média são esperadas 6 a 7 por teste, quando maior ou igual a 10, é uma identificação forte, revela rigidez e indica um desinvestimento nas relações afectivas , com excepção de si mesmo, e incapacidade de investir nos membros da família, auto-centramento. Pode ser sinal de narcisismo. Um número de identificações acima da média pode indicar boa capacidade para assumir as situações representadas. Isto pode ser sinal de boa adaptação, se os temas são ajustados, quer dizer ordenados consequentemente, de forma bem adaptada. Pode ainda caracterizar uma estrutura neurótica obsessiva que se manifesta por uma rigidez específica. Quando menor que 5, é uma identificação débil, resultante de um mal estar e culpabilidade intensas. Um número de identificações com PN inferior à média, em geral, implica uma culpabilização da maioria das tendências representadas. Frequentemente o tema dominante é um PN mau e infeliz, e triste com a sua mancha negra.
· Porquinhos brancos Muitas vezes os outros personagens do mesmo tamanho representam diferentes papéis e não pessoas diferentes. Os Porquinhos para além de rivais são objectos de identificação. Há que comparar os irmãos do teste com os da realidade, se correspondem ainda que parcialmente podemos concluir que a criança se situa numa relação. Se todos os elementos representam o sujeito podemos ter uma projecção narcisista. Ter em conta que a criança pode ocupar o lugar de um dos irmãos, tanto mais velho como mais novo. São esperadas 3 a 4 identificações por teste, Em metade dos casos é uma identificação de evasiva resultante da reprovação da tendência através da recusa em assumi-la. Muitas vezes é uma identificação regressiva. Por vezes, a criança atribui sistematicamente a um duplo do PN o seu desejo de ser um bom menino ou, o seu temor de ser castigado pelas suas maldades. Quando a identificação é com um dos recém-nascidos revela uma tendência regressiva muito forte.
· Pais Quando os porcos grandes não aparecem como pais podemos pensar na existência de um transtorno
nas relações do sujeito com os seus e, ou hostilidade, os pais são percebidos ou sentidos como frustrantes. São esperadas, em média, 2 a 3 identificações por teste, indiciam identificações progressivas, ou identificações com o agressor. Muitas vezes significa uma identificação com o Forte, o que é chamado de identificação com o agressor, ou seja, com quem tem a força, que falta ao herói para proteger ou castigar. Este tipo de identificação é uma transformação no contrário, para compensar um temor ansioso de impotência.
· Forte Assinalam-se, em média, 1 por teste, nos casos da identificação com o agressor no caso de Carroça, do Ganso ou da Cabra. Identificação através de animismo primitivo, no caso da Lua em Noite ou Buraco.
· Nenhum Surgem em média, 1 a 2 por teste, sendo a recusa à identificação uma reacção produzida por um certo mal estar já que o sujeito não quer participar na cena nem como espectador. Nas situações de solidão e de angústia (ex. Buraco e Partida). No caso de acontecer em todas as pranchas, trata-se de uma recusa global à identificação, indica uma atitude de desconfiança do sujeito que não quer comprometer-se de forma alguma. Um número importante de identificações com ninguém constitui um tema significativo de ansiedade.
Síntese interpretativa É possível deduzir de um protocolo de PN uma configuração da personalidade do sujeito. Ter em consideração que os temas são, na sua grande maioria, compromissos entre tendências e defesas. Os temas que expressam as tendências mais fortes são aqueles que não sofreram censura. Quando a defesa é muito forte, a tendência não pode expressar-se, o que não quer dizer que não seja forte mas sim que foi muito inibida.
1ª regra: Os temas camuflados correspondem às tendências que têm maior importância psicopatológica. 2ª regra: As tendências que se expressam abertamente podem ocultar outras tendências que foram inibidas. 3ª regra: quando as regras sociais não estão interiorizadas as pulsões manifestam-se sem nenhum travão, de modo selvagem.
· Quando a interiorização está adquirida podemos observar uma inibição com muitas imagens
rejeitadas e NA. Pode existir uma tendência auto-punitiva que se revela pelo paradoxo em que as imagens punitivas são assumidas e as imagens agressivas não. · A identificação com o agressor é mais frequente quando as regras estão interiorizadas mas sem ressonância afectiva. A flexibilidade que é sinal de boa adaptação, quando em excesso pode significar uma debilidade da personalidade que não suporta as frustrações.
Frontispício As leis gerais da personalidade infantil impõem aqui uma constelação familiar (a criança não pode conceber-se isolada nem em relação exclusiva com pessoas estranhas). ( 4/5 das pessoas) Permite à criança projectar a família ideal principalmente quando as relações com a família estão perturbadas.