I
^ I
I
I I
Questões Fundamentais no Debate Atual
á
GERHARD F. HASEL
TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO
Questões Fundamentais no Debate Atual
Digi Di gital taliza izado do por:
Jolosa
GERHARD F. HASEL
TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO
Questões Fundamentais no Debate Atual
Digi Di gital taliza izado do por:
Jolosa
GERHARD F. HASEL
Questões Fundamentais no Debate Atual
A JUEWP
GERHARD F. HASEL TRADUÇÃO DE JUSSARA M ARINDIR AR INDIR PINT PINTO" O" SIMÕES ARIAS
Todo s os direitos reservado s. Copyright © 1988 da Jun ta de Educaç ão ReJigiosa e Publicações da Convenção Batista Brasileira. Kdicão em Portuguê s au toriza da , m ediante co ntrato, pela William M. herd m an s Pub lishing Co., G ra nd R apids, Michigan USA. Copyright © 1972 by William B. Eerdmans Publishing Co. É proibida a reprodução do texto, no todo ou parcialmente, sem a expressa autorização do editor. Tra duçã o do original em inglês: New Testam ent Theology: Basic Issues in Current Debate,
HA S-TEO
T e o lo g i a d o N ov o T e s l a m e n l o : q u e s t õe s i u n d a m e n t a i s 110 debate amai trad. de Jussara Marindir Pinto Simões Arias. Rio de Janeiro. Junta de E ducação Religiosa c Publi cações, 1988 193p.; 20.5 — título original: New Testament Theology: basie is sues in the e u r r e m d e b a t e . — ínciui b ib lio g r af ia . 1. Novo Teslamenio — Teologia — 1. Título. CD D
225
Capas: QueilaMallet Código p a ra P edidos: 22.108 Ju nta de Ed ucaç ão R eligiosa e Publicações da Convenção Batista Brasileira Caixa Po stal 320 — CEP : 20001 Rua Silva Vale, 781 — Cavalcanti — CEP: 21370 Rio de Janeiro, RJ, B rasil 3.000/1988 Im presso em gráficas própria s
Sumário ABREVIATURAS..................................................................................
7
IN T R O D U Ç Ã O ......................................................................................
9
1. PRIMÕRDIOS E DESENVOLVIMENTO DA TEOLOGIA DO N T ................................................................................................. 13 Da Reform a ao Ilu minismo ............................................................ 13 A Era do Ilum inismo ....................................................................... 17 Do Iluminism o à Teologia Dialética ............................................ 25 Da Teologia Dialética até o P re se n le ............................................ 43 2. M ETO DOLOGIA NA TEO LOG IA DO N T ............................. 58 A Abordagem T e m á tic a .................................................................. 58 A Abordagem E xiste ncia lista ......................................................... 65 A Abordagem Histórica .................................................................. 80 A Abo rdagem da Histó ria da S a lv a ç ã o ........................................ 87 Observações F in a is ........................................................................... 104 3. O CENTRO E A UNIDADE DA TEO LO GIA DO N T ........... A Questão .......................................................................................... A Busca do Centro do N T ................................................................ A n tro p o lo g ia .................................................................................. História da S a lv a ç ã o .................................................................... Pacto, Amor e O utras Propostas .............................................. C risto lo g ia ............................. ......................................................... O Centro do NT e o Canon D entro do C â n o n .............................
110 110 113 113 116 120 121 128
4. A T EO LO G IA DO NT E O A T ..................................................... Padrões de Desunião e Desco ntinuidade ................................... Supervalorização do N T/ Desvalorização do A T .................. Desvalorização do N T / Supervalorização do A T ..................
133 134 135 138
Padrões de Unidade e Continuidade ............................................ Conexão H istó ric a ......................................................................... Dependência Escritura i .............................................................. V o ca b u lá rio .................................................................................... T e m a s ............................................................................................... Tipologia ............................................................................................ Promessa-cumprimento .................................................................. História da Salvação * ....................................................................... U nid ade de Perspectiva .................................................................. . PROP OSTA S BÁSICAS PARA UMA TE OL OG IA DO NT: UM A ABORDAGEM M ÚLTIPLA ............................................ Bibliografia Sele cio nada.................................................................. ín dice de Nomes de A u to re s............................................................ ín dic e de Assuntos ...........................................................................
142 144 144 145 146 147 149 151 151 158 171 187 191
Ab A b re v ia iattu ra s AUSS BTB BT B C BQ EOTH ET EvTh IDB ID B IBD Sup. JB L JB R NN N N T T NTS N TS OTCF PTNT SBT SB T T hQ ThLZ ZAW ZN W ZThK
Andrews University University Seminary Studies Biblical Theology Bulletin Catholic Biblical Quarterly Essays on Old Testament Hermeneutics, Hermeneutics, ed. Claus W csterm anti (Richm ond, Va ., 196 1963) Expository Expo sitory Times Evangelische T heologie heologie In I n t e r p r e t e r s D icti ic tioo n a r y o f the th e B i b l e , 4 vols. (Nash ville, 1962) In I n t e r p r e t e r 's D icti ic tioo n a r y o f the th e B ib le . S u p p le m e n t a r y Volume Volume (Nashville, 1976) Jour Jo urna na l of of Biblic Biblical al L iterature Jou rnal rn al of Bible Bible an d Religion Religion R. Morgan, The Nature o f New Testam ent Theol Theolog ogvv (SBT 11/25; Londres, 1973) New Ne w T e s ta m e n t S tud tu d ies ie s The Old Testament and Christian Faith, ed. B. W. Anderson (New York, 1963) D a s P r o b le m d e r T h e o log lo g ie d es N e u e n T e s ta m e n ts , ed. G. Strecker (D arm stad t, 1975) Studies in Biblical Theology Theologische Quartalschrift Theologische Theologische L iteraturzeitung Zeitschrift Zeitschrift für alttestam entliche W issenschaft issenschaft Zeitschrift für neutestam entliche W issenschaft issenschaft Zeitschrift für Theologie und Kirche 7
In I n tro d u ç ã o A teologia do Novo Testamento está hoje inegavelmente em crise. Isto não quer dizer que não haja interesse no estudo acadêmico da teologia do NT ou que haja falta de monografias com o título de Teologia do Nóvo Testamento ou similar. Na realidade, nos aproxi madamente duzentos anos de existência da disciplina Teologia do NT N T , n u n c a h o u v e u m a d é c a d a e m q u e m a is de d e z d ife if e r e n tes te s teo te o log lo g ias ia s do NT fossem publicadas, tendo este evento ímpar ocorrido entre 1967 e 1976.1 1976.1 E ê surp reend ente que nenh um do doss estudios estudiosos os que pr p r o d u z ira ir a m e s tes te s t r a b a l h o s c o n c o r d e a r e s p e ito it o d a n a t u r e z a , f u n ç ã o , método e escopo da teologia do NT. Norman Perrin, da Universida de de Chicago, começa um recente artigo em jornal sobre a teologia do NT com com a afirm ação categórica: “ O estudo estudo acadêm ico da Teologia Teologia do NT está hoje num estado de con fusã o.” 2 O estudioso alem ão póspós1 A prim eira teologia do NT desta dé cada foi pu blicad a por por H. C onze lm ann , G n i n dr d r is s d e r T h e o lo g ie d e s N e u e n T e s t a m e n t s (Munique, 1967), trad. ingl.: Air A ir O u t l in in e o f t he h e T h e ol o l og o g y o f t he h e N e w T e s t a m e n t (New York, 1969); K. H. Schelkle, Theologie des Neuen Testaments, 4 vols. (Düsseldorf, 1968, 74), trad. ingl.: T h e o l o g y o f t h e N e w T e s t a m e n t , 4 vols. (Collegeville, Minn., 1971,77); W. G. Kümmel, D i e T h e o l o g ie d e s N e u e n T e s t a m e n t s n a c h s e i n e n H a u p t z e u g e n : J e s u s - P a u l u s Jo J o h a n n e s (Gõttingen, 1969), trad. ingl.; T h e T h e o l og o g y o f t he he N e w T e s t a m e n t A c c o r d i n g to I t s M a j o r W i tn e s s e s : J e s u s -P a u l- J o h n (Nashville, 1973); J. Jeremias, N e u t e s t a m e n t l i c h e T h e o lo g ie . E r s t e r T e il: il : D i e V e r k ü n d i g u n g J e s u (Gütersíoh, 1971), trad. ingl.: N e w T e s t a m e n t T h e o lo g y : T h e P r o c l a m a t i o n o f Je s u s (New York, la B iblia II e t IT ITT: Nuevo T estam en to, 1 vols. 1971); M. G. Cordero, Teologia de la (Madri, 1972); G. E. Ladd, A T h e o l o g y o f t h e N e w T e s t a m e n t (Grand Rapids, M ich ., 1974), trad. trad. port.: T e o lo lo g ia ia d o No N o v o T e s t a m e n t o , (Rio de Janeiro, JUERP, 1985); C. R. Lehmann, B i b l i c a l T h e o lo g y , 2: N e w T e s t a m e n t (Scottdale, Pa., 1974); E. Lohse, Grundriss der neutestamentlichen Theologie (Stuttgart, 1974); L. Gop lo g ie ie d e s N e u e n T e s t a m e nt n t s , 2. vols. (Gõttingen, 1975-76); S. Neill, Je J e su s pelt, T h e o lo T h r ou ou g h M a n y E y e s . I n t r o d u c t io i o n t o th th e T h e o lo lo g y o f N e w T e s t a m e n t (Nashville, t a m e n t in i n T u l k i n ti ti n f a t u t k i m u s (Porvoo-Hel1976); A. T. Nikolainen, U u d e n T e s ta sinki, 1971). 2 N. Perrin, “Jesus and the Th eology of the New T esta m en t” , consu ltar na Ca tholical Biblical Association, Denver, Colo., 18 a 21 de agosto, 1975.
9
bu b u l t m a n n i a n o E . K ã s e m a n n r e to r n o u n o v a m e n te a a s p e c tos to s e s s e n ciais da teologia do NT. Num ensaio recenle sobre o assunto, ele faz uma reflexão a respeito do ensaio programático de William Wrede, escrito escrito em em 1897,3 e con conclui clui que nesta “ p en etraç etr ação ão sem pa r, reflexão reflexão radical e concentração brilhantemente concisa sobre o essencial, o autor Wrede revelou o beco sem saída em que nos encontramos hoje — ou ao q u a l n o v a m e n te r e t o r n a m o s ” .4 E s t a a v a lia li a ç ã o n ão d e ixa ix a de se relacionar relacio nar com as opiniões de de Jam es A. Ro bin so son.5 n.5 R. M organ, org an, da Universidade de Lancaster, está seguramente certo ao afirmar que “A teologia do Novo Testamento é um ponto crucial no debate teol teológi ógico co con tem po rân eo ."0 Este Este de bate prossegue com força total e às vezes vezes se se inflam a. Muitos problemas básicos no debate contemporâneo sobre a teolo gia gia do NT não estão desvinculad de svinculados os daqueles daqu eles da teologia do A T .7 Em ambos os casos casos,, o debate se se preo cup a com com pro blem as fun dam entais, e não com aspectos periféricos. Podemos ilustrar a afirmativa com a questão do lugar de Jesus na teologia do NT. R. Bultmann começa sua famosa teologia c o m o enunciado: “A mensagem de Jesus é mais uma pressuposição para a teologia do NT do que uma parte da teologia teologia em em si. ” 8 Ele acha que a pró pria pr ia teologia teologia do NT come ça com a íeologia de Paulo. Após uma longa reflexão, Perrin aceitou o dictum de Bultmann. Perrin agora crê que a proclamação de Jesus é “a pres suposição suposição ddoo Novo Novo T estam es tam en to” .9 Como tal, não é em si um a p ar te da teologia do NT. Enquanto Bultmann inclui a “mensagem de Jesus” como uma parte de sua história da religião como introdução à teologia teologia do N T ,10 ,10 E. K ãsem ãse m an annn e G. Strecke Stre cke r começam com eçam suas confe confe rênc ias sobre a teologia do NT com a teologia de Pa u lo .11 .11 H . Co Conzel nzel mann omitiu uma parte sobre a mensagem de Jesus, em sua teologia 3 W. Wrede, “Uber Aufgabe und Methode der sogenannten neutestamentlichen Theologie”, D a s P r o b l e m d e r T h e o l o g i e d e s N e u e n T e s t a m e n t s , ed. G. Strecker (Darmstadt, 1975), p. 81-154, trad. ingl.: "TheTask and Methods of ‘New Testa ment Theology'”, por R. Morgan, T h e N a t u r e o f N e w T e s t a m e n t T h e o l o g y (SBT 2/25; L. Londres, 1973), p. p . 68-116. 4 E. Kãsemann, ‘‘The Problem of a New Testament Theology", N e w T e s t a m e n t S t u d i e s 19(1973), p. 237. 5 J. A*. Rob inson, ‘‘T he Future of N ew Testa m ent T heo logy” , R e l i g io u s S t u d y R e view 2 (1976), p. 17-23. 6 R. Morgan, T h e N a t u r e o f N e w T e s t a m e n t T h e o lo l o g y, y , p. 1. 7 Veja Gerhard F. Hasel, Old Testament Theology: Basic Issues in the Current De 1975). b a t e (2 .a ed.; Grand Rap ids, Mich., 1975). o l og o g y o f t he he N e w T e s t a m e n t (Londres, 1965), I, p. 3. 8 R. Bultmann, T h e ol 9 N. Perrin, T he h e N e w T e s t a m e n t : A n I n t r o d u c ti t i o n (New York, 1974). Ver o titulo do 12.° e do último capítulos. 10 Bultmann, T h e o lo lo g y o f t h e N T , I, p. 3-32. 11 G. Strecker, ‘‘Das Problem der Theologie des Neuen Testaments”, D a s P r o b l e m d e r T h e o l o g ie d e s N T , p. 1-31, esp. 30; Kãsemann, “ T he h e P r ob o b le le m o f a N T T h e o logy", p. 243.
do NT. W . G. K üm m el12 e E. Lohse1-’ en co ntram -se no outro extremo. Ambos apenas começam a proclamação de Jesus. J. Jere mias é antigo particip an te deste debate e tra ta da mensagem de Jesus em um volume inteiro sobre a teologia do N T .'4 O estudioso britânico S. Neill afirm a sem hesitação, em seu último trab alh o sobre a teologia do NT: “ T od a teologia do Novo T estam ento tem que ser um a teologia de Jesus ou não é abso lutam ente n a d a .” 15 Profundos problemas históricos, teológicos, filosóficos e metodoló gicos se escondem atrás destas posições díspares. Os problemas que subjazem a estes posicionamentos podem ser melhor apreciados e entendidos com base no desenvolvimento histórico dos estudos do NT em geral e da teologia do NT em particular. Esta é a razão para começarmos nossa discussão das questões básicas no debate contem porâneo sobre a teologia do NT com um exame histórico dos prim órdios e do desenvolvimento da teologia do NT (Capítulo 1). É evidente que o presente tem suas raízes no passado e não pode ser adequada mente entendido sem o seu conhecimento. A seleção de assuntos, no corrente debate, em termos da questão da metodologia (Capítulo 2), os vários problemas associados ao centro do NT (Capítulo 3) e a variedade dc aspectos relacionados à teologia do NT e ao AT, isto é, o relacionamen to entre os Testam entos (Capítulo 4) não pretendem ser exaustivos e completos. Eles buscam abordar aqueles fatores e questões que parecem exercitar os estudiosos contemporâneos de várias escolas de pensamento e que são grandes problemas não resol vidos. Nas bases de nossa discussão, tentamos fornecer algumas sugestões preliminares para se fazer teologia do NT (Capítulo 5). Uma farta bibliografia procura servir como fonte para estudos e pesquisa pessoal. Esperamos que o leitor se sinta estim ulado a se empenhar em pensamentos informados e criativos à medida que for se familiarizando com as questões básicas, no debate atual sobre a teologia do NT.
12 13 14 15
Kümmel, The Theology of the N T, p. 22-135. Lohse, G rundriss der ntl. Theologie. p. 18*50. Jeremias, N T Theology: Th e P rncla m u ti on o f Jesu s { 1971). Neill, Jesus Th rou gh M an y h'y es, p. 10.
1
Primórdios e Desenvolvimento da Teologia do N T Este capítulo oferece um exame histórico das principais tendências dos primórdios da teologia bíblica. Damos uma ênfase especial ao desenvolvimento da teologia do NT1a partir do início do século XIX2 às primeiras décadas deste século. O debate atual sobre o escopo, propósito, natureza e função da teologia do N T3 tem suas origens no passado e com freqüência no passado distante. A teologia do Novo Te stam ento é a fonte principal d a teologia bíblica e, p ortan to, devem ser estu dadas ju n tas .
A. Da Reforma ao Iluminismo A Igreja pós-NT dos primeiros séculos do cristianismo não desen volveu nenhuma teologia bíblica nem do NT. A razão foi o dictum de que o conteúdo dos escritos canônicos, se corretamente entendido, era idêntico ao dogma da Igreja e tido como de validade universal.4 1 Entre as principais histórias da teologia do NT se enco ntram as seguintes: R. Schnackenburg, N e u te sta m en tlic h e Theologie . S ta n d d e r F orschung (2.a ed.; Munique, 1965), trad. ingl. feita da primeira edição de 1963: N ew T e sta m e n t Theology Today (Londres, 1963); H.-J. Kraus, D ie b ib lis c h e Theologie . Ih re G e s c h i c h t e u n d P r o b l e m a t i k (Neukirchen-V luyn, 1970); O. Merk, B ib lisch e T h eo logie des Neuen Testam ents in ihrer A nfa ng szeit (Marburgo, 1972); W. Harrington, T h e P a t h o f B i b l i c a l T h e o l o g y (D ub iim , 1973); L. G opp elt, Theologie des N euen T esta m en ts (Gõttingen, 1975), p. 19-51; G. Strecker, “Das Problem der Theologie des Neuen Testaments”, em D a s P ro b lem d e r T h eologie d e s N eu en T e s t a m e n t s (Darmstadt, 1975), p. 1-31. 2 A primeira teologia do NT do século foi publicada por G. L. Bauer, B ib li sch e T h e o lo g ie d e s N e u e n T e s t a m e n t s ( L eipzig, 1800-1802). 3 Isto tem sido radicalm ente questionado por J. M. R obinso n, "D ie Zukunft der neutestam entlichen Th eologie” , N eues T e sta m e n t u n d c h ristl ic h e E xis ten z. F est sch rif t f ü r H . B raun zu m 70. G e b u rtsta g am 4. M a i 1 9 7 3 , ed. H. D. Bctz (Tübin gen, 1973), p. 387-400; trad. ingl.; “The Future of New Testament Theology", R elig iou s S tu d ies R evie w 2(1976), p. 17-23. 4 O. Kuss, "Zur Hermeneutik Tertuilians". Schriftauslegung, Beitrage zur Herme n e u tik d es N T u n d im N T , ed. ]. E m st (M unique, 1972), p. 55-87.
13
D uran te a Idade M édia, a Igreja Católica Ro m ana considerava o NT, como o AT, uma parte da tradição eclesiástica.5Não se lia o NT fora da ou contra a tradição, porém mais ou menos interpretado pela tradição ou levado a harm oniza r-se com ela. A Refo rm a libertou-se da tradição eclesiástica e da teologia escolástica 6 e usou como bra do de guerra o princípio p rote stan te da "sola scrip tura ” .7 Com este princípio, a Es critura passou a não mais ser in terpre tada pela tradição. Reconheceu-se na Es critura uma autoridade superior à tradição, que resultou na auto-interpretação da Escritura (,sui ipsius interpresf e se tornou a fonte do desenvolvimento subseqüen te d a teologia bíblica. Entre os reformadores, a contribuição de Martinho Lutero foi particula rm ente sig nificativa.9 Ele rejeitava fundam entalm ente o sentido quád ruplo da E sc ritu ra 10 e desenvolveu sua “ nova” he rm e nêutica entre 1516 e 1519. A ênfase no contraste entre “letra e espírito” (littera et spiritus),'1 a distinção determinante de “lei e evangelho” (lex et evangelium ) , 12 e o princíp io cristológico “ O que manifesta Cristo” (was Christum treibet ) 13 m arca m a essência da “nova” hermenêutica da “sola scriptura” de Lutero. O princípio da “sola scriptura” funciona, para Lutero, de duas maneiras: (1) a dis tinção entre Cristo e Escritura, isto é, a verdadeira Escritura é a "que manifesta Cristo”, e (2) a diferença resultante entre lei e 5 W. G. Kümmel, The New Te stam ent: The H istory o f the Investigation o f Its P ro b le m s (Nashville. 1972), p. 13-19. 6 Impulsos decisivos nesta direção são encontrados no hum anismo , particularm ente através de Erasmo (cf. E. W. Kohls, D ie T h eologie d e s E ra sm u s CBasiléia, 1966], I, p. 126 e ss.; H, Sch litigensiep en, “ Erasm us ais E xeg et” , Z e its c h r ift f ü r K irch en g e sc h ich te II [19 29 ] p. 16-57), Lauren tius V alia (cf. E. M ühlen berg , “ Laurentius Valia ais Renaissancetheologe", Z T h K 66 [1969], p. 466-480), e Cajetan (G, Hennig> C a j e t a n u n d L u t h e r (Stuttgart, 1967). Estes hum anistas consideravam que a Bihlia e a tradição se aproximavam, mas a autoridade eclesiástica permanecia suprema. 7 A função da “ sola scriptura" no período pré-Reforma é resum ida por H. Obermann, T h e H a r v e s t o f M e d i e v a l T h e o l o gy (2.a ed,; Grand Rapids, Mich.. 1967), p. 201. 361-363, 377, 380-390. 8 G, Ebeling, “The Meaning of ‘Biblical Theology"’, W o r d a n d F a i t h (Londres, (1963), p. 81-86. 9 Ver K. Holl, “Luthers Bedeutung für Fortschritt der Auslegungskunst” G e sa m m e lte A u fs a tz e z u r K irc h e n g e sch ic h te (6.a ed.; Tübingen, 1932), I, p. 544582; F. Hahn, “Luthers Auslegungsgrundsàtze und ihre theologischen Voraussetzungen ” , Z e itsc h rift f ü r syste m . Theo lo gie. 12 (1934), p. 165-218; G. Ebeling, “Die A nfange von Luthers H ermeneutik” , Z T h K 48 (1951), p. 172-230. 10 Ver suas conferências sohjre Gálatas (W A 57, p. 95 e s.) e Romanos (W A 56, p. 175-439) e tamb ém W A 2, p. 249 e ss.; W A 5, p. 644 e ss. 11 Ver, por exem plo, W A 3, p. 11-17, 254-257, 456 e s. 12 Por exemplo, W A 4, p. 45-49, 97, 135, 174-176. P. Schempp, L u th ers S tellu n g z u rH e ilig e n S c h rift (Munique, 1929), p. 70-78. 13 Ver W A , DB 7, p. 384; W A 3, p. 492; W A 4 , p. 379; W A 39 1, p. 47; Teses 41, 49, 51; cf. Ebeling, W o r d a n d F a i th , p. 82 e s.