Universidade Federal de Pernambuco Pernambuco Departamento de História Cadeira: História da África Jadson Tavares dos Santos Junior Resumo: O texto do capítulo V do livro África Negra História e Civilizações de M´Bokolo, intitulado, A África na esteira dos tráficos escravagistas – séculos XV-XVIII, vai tratar de maneira profunda e detalhada os efeitos do tráfico negreiro. O autor faz seu recorte, como podemos notar no título, do período mais movimentado do tráfico no continente, os períodos da expansão marítima européia, de exploração dos outros continentes, e da forma compulsória de escravidão. M´Bokolo nos deixa bem clara que as zonas de sombra e as polêmicas são bem maiores do que as certezas, demonstrando no decorrer do texto que ele trabalha com um estudo um pouco mais focado no documento, sem muitas hipóteses a serem levantadas, devido a complexidade e a profundidade do assunto. M´Bokolo dívida o estudo e a abordagem do tem em três fatores demografia, economia e social: a demografia fazendo uma análise das de questões como “o que o tráfico negreiro europeu causou a população africana? Como eles superaram as dificuldades impostas pelo colonizador? ” Para isso o autor se baseou nos registros de batismo e de recenseamento de Angola de uma parte do período do século século XVIII, e se preocupando preocupando sempre em tratar das diversas diversas camadas da população e destacando para a grande quantidade de mulheres entre as idades de procriação. Os efeitos deste tráfico são vários, em primeiro lugar lu gar as guerras, que crescem muito neste período devido a o incentivo das metrópoles européias para conseguir mais prisioneiros que seriam vendidos como escravos. Essas guerras se estenderiam até o interior da África, desestabilizando as sociedades do continente e também trata das doenças e catástrofes naturais como, grandes secas e enchentes e as pragas de gafanhotos; O segundo fator, a economia, mostra a força devastadora destrutiva com que o tráfico negreiro atinge a economia do continente africano, seu subdesenvolvimento, sua estagnação econômica de vários e vários anos e que são refletidos até hoje. O autor mostra o que este comércio trouxe de positivo para o continente europeu, como por exemplo o dinamismo do comércio. O autor aponta também para algumas outras formas de comércio que existiam na África, como as redes de comércio haussa e a diula, estabelecendo estabelecendo também a conexão deste continente com o Oceano Índico mostrando a complexidade desta relação endógena e exógena com as sociedades da costa Suaíli e outras. E o terceiro fator apresentado pelo autor é o social, mostrando as alterações na estrutura social, as mudanças
nos meios políticos, religiosos , as disputas entre “homens novos”, comerciantes ricos, e a antiga aristocracia, senhores da terra, reis, etc. Outra consequência social dos tráficos negreiros foi, em quase todas as regiões atingidas, a generalização da escravatura interna. O autor ainda apresenta diversos outros assuntos no meio social como, a decadência da condição das mulheres, com o desequilíbrio gerado pela grande exploração dos homens, as diversas culturas da África sofreram com o tráfico negreiro, a degeneração dos antigos Estados, abordando mais especificamente o reino do Kongo a partir da chegada dos portugueses e de suas relações com esta sociedade. M´Bokolo fala ainda o problema das fontes, as diversas formas do comércio português, com seus objetivos exclusivamente exploratórios. O autor ainda mostra como os portugueses agem diante das dificuldades encontradas pelos africanos, diante das crises sociais. Ele da o exemplo do imperador do Monomotapa, que perante as revoltas de seus vassalos promete ao rei de Portugal em troca de sua ajuda conceder-lhe todos os seus bens, a ajuda foi obtida, a revolta vencida e a promessa paga com várias exigências dos portugueses. M´Bokolo também trata da guerra do comércio e da religião, tratando dos vários impérios existentes na costa do ouro africana, o de Oyó,Benim,Daomé, Ashanti. As guerras e revoltas contra os cristãos travadas pelos mulçumanos africanos também é abordada, mostrando que a partir da religião os africanos ao mesmo tempo que eram escravizados eram incentivados pelas leituras, pelos ideais de valores a lutar por sua liberdade. O autor fala também sobre da retomada do cristianismo, como uma forma de suporte às aspirações de todas as ordens sociais, também as revoltas e a formação dos quilombos. Trata também do começo do processo colonial, as implatanções das colônias européias em várias partes de África, salientando fatores como a mestiçagem, a aculturação. Por fim o autor trata da parte oriental da África, também conhecida com a costa Suaíli, mostrando a dinâmica comercial do Índico, a expansão cultural Suaíli, a “africanização” gerada pela migração de portugueses para Moçambique. Enfim o autor trás uma quantidade enorme de informações relevantes e interessantes, um excelente texto para se aprofundar no tema.
Referência bibliográfica: M,Bokolo, Elikia. África negra: história e civilizações. Salvador, EDUFBA; São Paulo: Casa das Áfricas, 2009.
