Resumo da obra
O livro O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá – Uma História de Amor conta a história do romance entre os dois personagens do título. Os outros animais, no entanto, não aceitam tal relacionamento, devido à impressão preconceituosa que têm do Gato. A pressão deles leva ao rompimento dos amantes, ocasionado o casamento dela com outro e o suicídio do Gato.
O livro O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, de Jorge Amado, se constrói a partir do motivo de denunciar o preconceito, que leva as pessoas a tomarem atitudes injustas e condenáveis. A sociedade cria modelos de comportamento e aparência, e aqueles que destoam de tal padrão logo l ogo são mal vistos, sendo automaticamente excluídos. O livro também faz uma crítica à visão conservadora e fechada da sociedade burguesa, que impede as pessoas de viverem de forma livre, sendo obrigadas a agir de acordo com os preceitos. O livro se aproxima de três estilos narrativos: a novela, o romance e a fábula. A história dá tratamento aprofundado ao roteiro e conta a história do protagonista Gato Malhado, relacionando os outros personagens em função dela, o que se assemelha a uma novela; se aproxima também das características de um romance, pois contém uma narrativa longa, literária e ficcional, trabalhando com o psicológico dos personagens, ao expor, por exemplo, os sentimentos do Gato; no que se refere r efere à fábula, podemos associá-la à personificação dos animais, que apresentam comportamentos humanos no livro. Todos os personagens refletem condutas e pensamentos de seres sociais, como o Papagaio Reverendo, que simboliza os hipócritas: ele se faz de virtuoso, mas na verdade é um falso, interesseiro, que não segue os dogmas e condutas que ele próprio prega; os pais da Andorinha são o típico casal burguês, de visão conservadora, que simboliza a ignorância patriarcal; a Andorinha é a jovem querida por todos, todos, de visão mais avançada avançada da sociedade, apresentando um traço de rebeldia, ao contestar certos valores; a Velha Coruja simboliza a experiência e a sabedoria, fazendo o tipo t ipo intelectual, que enxerga a vida de uma forma crítica; o Gato Malhado, considerado a “escória” pela sociedade. É o sujeito feio, diferente, esquisito, que não segue os padrões impostos; a Vaca Mocha é o tipo de pessoa preconceituosa, aberta apenas àqueles com quem se identifica, excluindo os demais, julgando-os inferiores; o Rouxinol é o tipo conhecido como “mauricinho”, de comportamento convencional, que segue as tendências, sendo o “genro ideal”, o “bom partido”.
O comportamento dos animais faz uma denúncia clara ao preconceito. O Gato, simplesmente por não ter atitudes ati tudes convencionais e de ser feio, é excluído. Situações como a do impedimento da união entre os protagonistas ilustram o conservadorismo, que dita normas rígidas e leva muitas pessoas à infelicidade, como ocorre com os protagonistas. As razões da discriminação discriminação são a pouca abertura da da sociedade perante as as diferenças e a importância exacerbada que se dá à aparência, considerando
como certa apenas a imagem idealizada, da qual o Gato destoa. O preconceito aumenta porque o Gato se mostra fechado, sendo pouco sociável, piorando sua imagem. O romance entre os protagonistas é mal visto por envolver animais que, numa concepção ortodoxa, não se combinam, mesmo porque o Gato é visto como um ser inferior, enquanto a Andorinha é da alta sociedade. Os temas abordados no livro de Jorge Amado se identificam muito com a realidade: a exclusão de grupos minoritários, como os homossexuais e os deficientes físicos e mentais, e o casamento entre pobres e ricos, muitas vezes impedidos. Podemos comparar também com a África, excluída pela mídia e tratada com descaso pelas potências, por não corresponder às exigências do mercado consumidor e de possuir uma cultura que foge aos padrões europeus. O livro cita a obra “Romeu e Julieta”, no sentido de retratar um amor
impossível, que acaba com um final infeliz. Podemos associar também ao conto “O patinho feio”, no que diz respeito à exclusão do personagem devido à
sua aparência, como ocorre com o Gato Malhado. Há grande conotação na obra. A coruja é geralmente identificada com a sabedoria; o papagaio é aquele que só repete o que os outros dizem; a andorinha representa a liberdade, no caso do livro, associada à liberdade de pensamento; a cobra simboliza a maldade. No nome das personagens há também um significado implícito. Andorinha Sinhá revela que se trata de uma jovem com status na sociedade; a Velha Coruja demonstra que esse animal é idoso; a denominação malhado em relação ao Gato pode ser explicada pelo significado da palavra, mancha, manchado, e de outro verbete, “malhadiço”, que significa criticado, o que se associa ao fato de o Gato possuir listras pelo corpo, “manchas”, e de ser sempre criticado. O título da obra é simples, assim como o próprio livro, de narrativa fácil e história já muito explorada. Mas, sob esse formato convencional de literatura, encontra-se grande profundidade.
