Resenha do livro "Arte Educação Contemporânea. Consonâncias Internacionais". Ana Mae Barbosa (r!.. #ão $aulo% Corte&' ))* Autora% Teresa Eça Esta antologia de textos organizada por Ana Mae Barbosa revela bem o seu traço, a sua força empreendedora e a sua capacidade de entender as diferenças e as similitudes no mundo da arte educação. A selecção é criteriosa e abrangente. As origens dos autores são diversas, gente oriunda dos vrios continentes !ue enri!uece o livro com teorias, conceitos e relatos de experi"ncias em arte#educação bem variados. $ partida parece uma colect%nea de grandes autores, de peritos sobre educação art&stica e, com facilidade recon'ecemos as grandes vis(es sobre a educação art&stica do nosso tempo Mas depois ol'ando mel'or mel'or é muito mais do !ue isso, é um livro !ue levanta polémicas, !ue traz novas vis(es e novos desafios para a arte educação, os exemplos focados não se reduzem aos exemplos de estudo da cultura ocidental, nele a arte de outras culturas e sobretudo de Africa tem um lugar de desta!ue, e sobretudo é uma colecção de textos originais integrando vozes frescas !ue falam sobre temas bem prementes na nossa sociedade. A 'ist)ria da arte e processos do seu ensino, tema da parte primeira do livro é re* visto a partir dos %ngulos da 'ist)ria da arte, da cr&tica, da sociologia, da lingu&stica e da semi)tica com autores como Ed+ard ucie*-mit', onald -ouc/, Annie -mit' tratando o dif&ci dif&cill conceito conceito de 'ist)r 'ist)ria ia da arte, e 0ac!uel 0ac!ueline ine 1'anda 1'anda , a ultima ultima autora autora com um excelente excelente ensaio sobre maneiras de ler e interpretar interpretar obras de arte, apelando para narrativas narrativas plurais. A segunda parte do livro cu2o tema versa sobre as leituras da obra e do campo de sentido sentido da arte é essencialmen essencialmente te te)rica , Brent 3ilson 3ilson a partir de uma breve 'ist)ria 'ist)ria do ensino art&stico art&stico comenta comenta a!ui o seu perfil dese2ado de ensino da arte na era p)s*moderna. p)s*moderna. Ana Mae Barbosa comenta comenta o papel educador dos museus na sociedade, sociedade, fala do problema da desvalorização da educação nos c&rculos art&sticos e culturais, tecendo duras e bem fundame fundamenta ntadas das cr&tic cr&ticas as ao sistema. sistema. Ana Mae reflecte reflecte também também sobre o uso das nov novas as tecnologias tecnologias na divulgação divulgação da arte, de como elas podem ser fabulosas ou redutoras. redutoras. avid T'istle+ood trata um problema também bem complicado sobre os conceitos de moderno, contempor%neo e vanguarda na arte , de como tudo isso é relativo, de como é dependente da falta de informação ou do excesso de informação . 4err/ 5reedman fala*nos de como algumas informaç(es sobre arte podem ser constru&das socialmente e de como é importante valorizar todo o tipo de con'ecimento !ue os alunos vão ad!uirindo fora da escola, con'ecimento muitas vezes apreendido através da cultura de massa. E para finalizar esta parte Ana Amlia Barbosa num relato muito vivido reflecte sobre estratégias de releitura da obra a partir partir da proposta proposta triangul triangular ar !ue visa visa o desenvo desenvolvi lviment mentoo do sentido sentido cr&tico cr&tico da criança. A terceira parte do livro é dedicada 6 interculturalidade, termo muito pr)prio !ue ouvi pela primeira vez da boca da pr)pria Ana Mae Barbosa, até então eu apenas tin'a ouvido falar de multiculturalismo, o termo tão divulgado no mundo anglo sax)nico. 7o2e eu prefiro o termo intercultural por!ue me parece muito mais tolerante, mais aberto 6 interacção e 6 mestiçagem como diz Marin 1ao. 8s ensaios desta secção incluem um relato sobre a experi"ncia do ensino da arte na 9igéria por 0imi Bola A:olo apelando para a necessidade necessidade de preservar identidades identidades culturais culturais no curr&culo, curr&culo, precisamos precisamos com urg"ncia de repensar a !uestão da diversidade de culturas culturas e evitar 'egemonias culturais. 7eloisa -alles
re*conta*nos aspectos da arte africana, fazendo*nos pensar nas 'ist)rias negadas do colonialismo. Marin )pez 1ao faz*nos re*e!uacionar o ol'ar sobre o outro e o ol'ar do outro na educação art&stica, !uest(es importantes !uando se pretende fazer educação para a paz, ob2etivo tão debatido na confer"ncia mundial da educação art&stica promovida pela ;nesco em <==>. Este texto é bastante longo, mas prend"*nos a tenção desde o in&cio com uma descrição de propostas de trabal'o interessant&ssimas. 5lvia Maria 1un'a Bastos parte da abordagem da arte#educação baseada na comunidade, ideia muito difundida 'o2e em dia e !ue apresenta vrias vantagens do ponto de vista da educação intercultural, para relatar um estudo de caso onde se promoveu o estudo das artes locais abrindo a escola 6 comunidade. ?ra'am 1'almers no seu ensaio re*e!uaciona as suas posiç(es anteriores sobre o pluralismo cultural, confessa !ue o seu livro !ue escreveu seis anos atrs não era assim tão radical !uanto isso e !ue agora mais do !ue nunca é necessrio tomar posiç(es e incentivar o sentido cr&tico das crianças. @ara mim esse livro foi uma refer"ncia e o seu autor é dos poucos arte educadores a afirmar bem alto !ue precisamos fomentar uma pedagogia da 2ustiça, não uma pedagogia de integração onde se trabal'a lado a lado mas uma pedagogia de trabal'o de grupo para fazer algo 2untos. aniel esta, @atr&cia -t'ur e 1'ristine Ballenge*Morris como 2 é costume nos seus textos tratam com extrema clareza de linguagem temas de reconstrução social, cultura visual, multiculturalismo, cultura, identidade e curr&culo são os conceitos revisitados por este grupo no seu artigo intitulado Cuest(es de diversidade na educação e cultura visualD comunidade, 2ustiça social e p)s* colonialismo onde se fala longamente sobre o fen)meno do terrorismo e se pergunta o !ue significa democracia na era da cultura visualF @ara acabar esta selecção de textos sobre interculturalidade Ana Mae convidou Belidson ias, Belidson é uma pessoa fascinante !ue se tem dedicado 6s !uest(es das representaç(es de género e sexualidade na arte, foi ele !uem um dia me explicou os pressupostos da teoria !ueer, coisa de !ue eu tin'a ouvido vagamente falar sem nunca ter percebido muito bem, mas Belidson é )ptimo para explicar coisas complicadas e isso v"*se no seu artigo onde ele foca o ol'ar !ueer, de !ue modo esse ol'ar pode ser uma ferramenta Gtil na interpretação ou na anlise cr&tica dos artefactos da cultura visual. A !uarta parte deste livro incide sobre Hnterdisciplinaridade no ensino da arte Mic:ael @arsons inicia a secção com uma abordagem pr)pria de interdisciplinariedade , ele confessa !ue trabal'ar com o curr&culo integrado não é fcil nem para professores nem para os alunos e !ue existe o perigo de a arte ser por vezes tratada de forma ligeira. Art'ur Efland apresenta uma visão de imaginação através de uma perspectiva cognitiva e reflecte sobre o papel da imaginação no campo da educação art&stica e da educação em geral. 4it ?rauer, Iita Hr+in, Alex de 1asson e -/lvia 3ilson analisam por meio de imagens e de textos um estudo de caso de dois artistas e professores durante a realização de uma pes!uisa sobre o programa Aprendendo através da Arte, um pro2ecto interdisciplinar !ue envolvia a cooperação entre artistas e escolas e segundo essa pes!uisa este tipo de programa tem muitas vantagens, por exemplo o desenvolvimento profissional dos professores e a colocação positiva da arte na aprendizagem das crianças. A Gltima parte do livro é dedicada 6 Avaliação da aprendizagem nas artes visuais com um texto explicativo dos conceitos bsicos e diferentes papeis da avaliação por oug Boug'ton, ele fala também de alguns desafios colocados por teorias e prticas p)s* modernas, alguns camin'os poss&veis como por exemplo a avaliação aut"ntica !ue utiliza instrumentos muito mais complexos do !ue o teste sumativo, uma selecção criteriosa de trabal'os !ue ilustrem processo e produto onde o aluno possa exprimir a sua voz e !ue se2a
avaliado com critérios transparentes e ade!uados, critérios abertos !ue permitam 2ulgamentos globais por!ue são pass&veis de gerar um maior grau de concord%ncia entre os avaliadores. -eguidamente aparece o texto de Maurice -evign/ e Marguerite 5airc'ild sobre a cr&tica de arte no ensino de artistas, reflectindo sobre o tipo de linguagem usado na aprendizagem tradicional da arte, de como essa linguagem permite 2ulgamentos de valor ou !ualidade muito amb&guos, de como as cr&ticas feitas por professores ou pelos colegas interferem no trabal'o. Este segundo texto elucida*nos bastante sobre 2ulgamentos e avaliadores, e fez*me lembrar experi"ncias terr&veis de avaliação !uando era aluna da Escola de Belas Artes do @orto. E para terminar esta 'ist)ria da avaliação Ana Mae convidou Enid Jimmerman, tal como o seu marido muito con'ecida pelo trabal'o !ue desenvolveu sobre avaliação nas artes visuais, Enid traz*nos de novo o tema da avaliação aut"ntica relatando alguns processos e instrumentos espec&ficos para as aulas de arte como por exemplo o portef)lio e referindo alguns critérios !ue utilizam estratégias mGltiplas, Enid previne !ue para !ue se faça avaliação aut"ntica é necessrio desen'ar programas ade!uados !ue ten'am em conta a voz de todos os intervenientes do processo de aprendizagem e finalmente a autora ilustra as suas recomendaç(es com um exemplo prtico o pro2ecto Artes. @ara concluir esta resen'a gostaria de dizer !ue adorei ler este livro, todas as partes me tocaram profundamente, me fizeram pensar e me fizeram !uestionar os meus pressupostos, é um livro !ue como a gente diz em @ortugal mexe connosco, d*nos vontade de ler mais, de fazer mais perguntas, de aprofundar os t)picos e sobretudo de reflectir sobre as nossas pr)prias ideias sobre arte#educação, um livro acess&vel ao pGblico com especial interesse para a comiKunidade de professores de artes visuais não s) na América atina mas também em outras partes do globo, ac'o !ue era muito bom !ue a!ui em @ortugal os professores e sobretudo os governantes !ue t"m o poder sobre o futuro da educação art&stica o lessem !uem sabe isso poderia servir para re*pensar a nossa educação art&stica demasiado formalista.
A arte educação em um conte+to ,tnico Marcelo Manzatti, -ão @aulo L-@ N
Q#=, !ue prev" a introdução 6 7ist)ria e 1ultura Afro*Brasileira no ensino bsico. -ilva criticou ainda a forma como a P=>Q#= se constituiu U através de uma alteração 6 ei de iretrizes e Bases da Educação LB, em seu artigo <> A U mas a colocou como positiva, por permitir uma abordagem m&nima do tema, de forma transversal, e não somente através da !uestão do trfico negreiro, da guerra e da fome, nas aulas de ?eografia e 7ist)ria. ;ma das propostas dessa abordagem, na ;niversidade, v"m a partir da !uestão daLs linguagemLns, a partir de uma proposta da pr)pria E1A#11A. 9esse contexto, a intelectual considera fundamental a participação da matriz africana na 1ultura Brasileira não ser entendida como simples participação, mas como contribuição central, formadora mesmo. Em sua explanação, considera ainda importante a atuação 'o2e do ME1, !ue ap)s !uatro anos da ei começa a se debruçar sobre o vcuo deixado para sua regulamentação, e para a necessidade de considerar neste ense2o outras etnias ainda. A professora -alum, responsvel por uma disciplina sobre o tema no MAE ;-@, c'amou atenção em sua participação para a !uestão da invisibilidade da arte africana em contraste com sua import%ncia na 'ist)ria da Arte como um todo, e deu diversos exemplos de como se deu sua exploração, ligada sempre 6 etnografia e desconsiderando preceitos religiosos e existenciais, centrais para sua compreensão, assim como ignorando sua ri!ueza técnica, em alguns casos claramente superior 6 Arte européia ou asitica. 9este contexto, c'amou atenção ainda para a necessidade de mudar os modelos de passagem e compreensão do con'ecimento, europeus, para permitir padr(es outros, considerando no ensino nossa forte preced"ncia ontol)gica negra e ind&gena, !ue nos levam a entender e intuir diversas instituiç(es e modos de ser africanos, em relação aos !uais os europeus t"m preconceitos. A ei t"m importante papel neste sentido. 1olocou ainda !ue ', 'o2e, poucas coleç(es de arte africana no pa&s, em especial a coleção do museu ?oet'e LBelém, @A e do Museu 5ederal LIio de 0aneiro, I0, com valor documental e &ntegras.
1omentou ainda, em relação ao processo civilizat)rio#explorat)rio imposto ao continente pela Europa, !ue V8 fato colonial foi extorsivo e provocou uma série de mudanças na Xfrica, e a adulteração de um con2unto original !ue se pretendia desenvolverW. Abordando o tema sob a )tica da arte*educação, 5elinto apropriou*se do espaço, dando uma aula muito positiva sobre a !uestão da Educação a partir da Arte e 1ultura africanas, tomando como base o pr)prio Museu Afro Brasil. 1oncentrou sua apresentação a partir da !uestão das aus"ncias e presenças art&sticas negras no espaço educacional brasileiro 'o2e. 1itou a necessidade de incluirmos diversos artistas nestas discuss(es, citando*os e debatendo*os resumidamente Lo !ue não faremos neste espaço, por não ser o mel'or meio para tal. iscutiu, porém e principalmente, a !uestão do ser uma arte afro* brasileira ou não. A terminologia, 'o2e, aborda !uest(es muito d&spares, e por isso se mostra por demais abrangente, compreendendo artistas muito diferentes entre si, ao !ue afirmou ser Vum termo !ue temos de pensar sobre, e envolve também a !uestão das aç(es afirmativas e da discussão de uma metodologia do ensino das !uest(es africanasW. A partir desta discussão, 5elinto colocou como primordial entenderD 8 !ue é a arte afro*brasileiraY 8 !ue ensinaremos aos nossos alunos como produção afro*brasileiraY 1omo conceituar esta arte, e classificar estes artistas U se a partir do critério da descend"ncia, ou considerando também a !uestão temtica#cultura de sua produção. A partir disso, colocou a educadora, podemos pensar a !uestão da Educação e a apresentação, neste espaço, da 'ist)ria e da arte africana e afro*brasileira. -alum comentou ainda, !uanto a este ponto, !ue o !ue interessa não é a cor da pele, mas a cultura, o modo dever e entender o mundo, !uestão controvertida por!ue voc" simplesmente separa*a do restante. 9este sentido, citou ainda o trabal'o de Manoel 1arneiro da 1un'a, como o mel'or 2 feito sobre o tema, o !ual se centra na conceituação da arteafro*brasileira, na !uestão religiosa. A !uestão principal, concluiu -alum, é a multidimensão da arte, relacionada 6 multiplicidade de cores e fatores, e do uso de cores determinadas e principalmente do modo de ser e estar da Xfrica, ao !ue disse ser Vuma coisa de saber o !ue est dentro da genteW. Ampliando o debate, com a participação da platéia, comentou*se ainda !ue a falta de material didtico para professores de arte é real e factual, e -ilva colocou !ue sua produção cabe aos professores e doutores da ;niversidade. -alum reforçou a !uestão, dizendo ser indispensvel a produção de materiais e o entendimento das dificuldades dos educadores na rede, papel 2 iniciado na internet, em sites como o do MAE. @raticamente encerrando o debate, -ilva colocou a !uestão levantada pelo artista Io2é 9astide. 8 mesmo declarou, categoricamente, !ue africanus sum. Apesar disso, era loiro de ol'os azuis, e aceitou portanto a identidade por adoção.
A Arte como $ropulsora da Inte!ração -Arte e Comunidade-, 0oinville , -1 · 26/11 abes, Marcelo N Blumenau L-1 N PQ#PP#<==O PD=> N OS votos N nen'um N -obre o ensino de artes nas escolas, ninguém mel'or para falar a respeito do !ue professores de arte. @ois bem. ser lançado no dia <> de novembro o livro A Arte como @ropulsora da Hntegração Arte e 1omunidade, das professoras Eliana -tamm e -ilvia -ell uarte @iloto. Através de um trabal'o realizado nas escolas de tempo integral Z uma iniciativa do governo do estado Z estas arte*educadoras coletaram dentre diversos pro2etos de ensino,
experi"ncias !ue tiveram como ob2etivo relacionar a arte com a viv"ncia cotidiana e as colocaram no presente livro. A educação contempor%nea, !ual!uer licenciado sabe !ue precisa ser repensada. 9a verdade, não tanto a educação como o relacionamento entre o !ue é ensinado e o !ue dali ser necessrio para a vida. 8utra !uestão !ue precisa ser comentada a esse respeito é a revolução !ue os arte*educadores enfrentam cotidianamenteD em tempos multim&dia, de !ue forma trazer o aluno para o mundo art&stico através da sala de aulaF Cuest(es como essas são apresentadas nos tr"s cap&tulos da obra, !ue pretende discutir a articulação do ensino formal com o ensino não*formal Le a& entram as m&dias todas a !ue os educandos t"m acesso 'o2e, a concepção de Vartista professorW e tudo !uanto isso !ueira dizer e, principalmente, por!ue mais ousado, o livro procura discutir a arte como propulsora em um curr&culo integrado. @or !ue não se pode partir do ensino de artes para os demais temasF 8 mais bacana de um pro2eto destes é !ue ele traz para o mundo a!uilo !ue acontece em sala de aula e ainda sob uma )tica pedag)gica e cr&tica. essa forma, tanto o pro2eto de ensino das escolas de tempo integral como o pro2eto de a arte*educação seguir como carro* c'efe no curr&culo escolar podem ser expostos 6s cr&ticas, se2am positivas ou negativas, !ue surgem em decorr"ncia de uma publicação. [ preciso estar atento a publicaç(es desse porte. Cuando se pensa em começar a discutir ensino, isso não se faz somente nos %mbitos constitucionais, mas sobretudo é preciso consultar o professor, !ue est ali diariamente plantando e col'endo frutos de seus pro2etos de ensino.
Introdu&indo as uest/es 9osso esforço, neste trabal'o, é buscar compreender a proposta de Teatro na Educação no contexto do Movimento Escolin'as de Arte. @ara tanto, se faz necessrio, por um lado, levantar o !ue 2 foi constru&do em termos de 7ist)ria da Arte*Educação no Brasil e por outro lado, buscar fundamentar nossa concepção de 7ist)ria. Em PQS\ a professora Ana Mae Barbosa Loutora da E1A*;-@ organizou o H -imp)sio Hnternacional de 7ist)ria da Arte*Educação LP a \ de agosto na E1A* ;-@. -urgiu, como um dos resultados deste simp)sio, o livro História da Arte Educação, no !ual a autora faz colocaç(es, em seu texto de abertura, instigantes e pertinentes até 'o2e sobre o arte*educador, o ensino da arte e sua 'ist)ria. Ana Mae no referido texto, salienta !ue em PQS\ nem nos Estados ;nidos 'avia ocorrido um simp)sio sobre este tema, isto considerando !ue os americanos 2 tin'am um ensino e uma pes!uisa mel'or estruturada em arte*educação. Assim, ao estudarmos este acontecimento somos levados a valorizar a ousadia de um simp)sio deste porte e a discussão !ue o tema provocou em nosso ensino de arte de forte cun'o espontane&sta na!uele momento. @or isso a possibilidade deste simp)sio * e o seu pr)prio acontecer * provocou entre os arte*educadores uma sensação dGbia de medo e fascinação. @ensamos !ue isto aconteceu pelo fato do simp)sio possibilitar um inter* relacionamento cr&tico entre propostas do mundo inteiro em ensino de arte. @ara n)s, brasileiros, este simp)sio representou a possibilidade de ruptura entre o ensino de arte modernista LMovimento Escolin'a de Arte e o ensino de arte p)s*modernista
LMovimento de Arte Educação.[ interessante ressaltar o !ue c'ama atenção, Ana Mae, sobre a postura !ue predominava entre os arte*educadores brasileiros dos anos S=D "Para os arte-educadores espontaneístas, adeptos do 'dar lápis e papel à criança e deixar fazer', a Arte-Educação não te História ne precisa ter, por!ue se confiura no 'a!ui e aora#"$%&()*
8 argumento cr&tico utilizado por Ana Mae contrrio a essa postura * espontane&sta * é !ue o ]a!ui e agora] é também 'ist)rico, sendo constru&do e não dado ao acaso, possuindo determinantes !ue se encontram no cotidiano da sociedade e no complexo te)rico*prtico do ato de educar. @odemos, desta forma dizer !ue o arte*educador, de um modo geral, foi conclamado a se perceber como su2eito 'ist)rico e para isso era necessrio compreender !ue o a!ui e agora não é algo fortuito, mas algo !ue envolvia emoç(es, paix(es, dese2os, medos, rasgos de reflex(es, tentativas e erros, portanto carregado de intencionalidades 'ist)ricas e sociais. ;ma outra postura de arte*educador !ue emergia na!uele momento Lanos S=, no Brasil, tem na professora Ana Mae Barbosa, através de seus estudos, pes!uisas e publicaç(es, uma liderança. A!ui cabe um par"ntese, para dizer !ue salientamos o importante papel pol&tico e conceitual marcante na liderança da professora Ana Mae para não cairmos no erro de idealiz*la como 'ero&na, pois isto contradiz toda a sua 'ist)ria de comprovados compromissos pol&ticos e agudeza em sua postura filos)fica diante da 7ist)ria do Ensino da Arte * 6 !ue fomos capazes de construir até 'o2e. -e faz necessrio esse esclarecimento para podermos colocar um pouco sobre a vertente de arte*educação !ue surgia nos anos S= e !ue tem como base a 'ist)ria e a cr&tica do !ue foi o ensino de arte brasileiro desde a Missão Art&stica 5rancesaLPSP>, passando pelos anos \= com a criação da Escolin'a de Arte do Brasil e conse!^entemente o Movimento Escolin'as de Arte até os anos O= !uando passa a ser obrigat)rio arte no curr&culo escolar sob o t&tulo de Educação Art&stica. @ara concluir nossa reflexão sobre o texto em !uestão, podemos dizer !ue ele é sintético e bastante profundo, nele a autora enfatiza a import%ncia do arte*educador se descobrir como su2eito 'ist)rico, isto éD su2eito !ue reflete sobre seu passado e busca o presente em uma perspectiva do futuro. -ua maior cr&tica, neste texto, pode ser traduzida no susto !ue a postura de arte*educador espontane&sta provoca. 9este sentido, destacamosD "+ !ue e assustou não foi o desconeciento das lutas traadas no .rasil desde o s/culo 010 por positiistas e li2erais, para tornar a arte disciplina o2riatória nos currículos, ne o desconeciento das in3eras experi4ncias de iplantação de Arte na Escola, a partir da d/cada de 56 no .rasil# + !ue e assustou foi desco2rir !ue o professor de arte se pensa se História e História / iportante instruento de auto identificação# 7ão / por acaso !ue os colonizadores procurara destruir a História dos poos colonizados# 1nor8ncia da própria História torna os poos ais facilente anipuláeis#"$%&()%6*
8s argumentos de Ana Mae Barbosa, em favor de uma nova postura de arte* educador, prop(em a busca de se localizar 'istoricamente, en!uanto classe,
compreendendo a função social do ensino da arte, fortalecendo a auto imagem da classe !ue deve afirmar a arte como importante rea de con'ecimento, ensino e pes!uisa. esta forma, ela cita Iobert -aunders !uando ele dizD "7ossa profissão tee orie nos tepos das caernas e nós deeos nos orular dela e do !ue nós soos" $apud, %&()%6*#
1omplementando esta reflexão colocamos a concepção de 7ist)ria !ue nos serve de base. Buscamos, neste sentido, uma acepção de 7ist)ria !ue valoriza o cotidiano e !ue estuda as mentalidades de todas as vertentes sociais para não cair no erro de idealizar o professor de arte, apenas, como a!uele !ue se en!uadra em um modelo transformador ou no modelo reprodutor das desigualdades estéticas, art&sticas e sociais. @ara isso nos fundamentamos no texto, 9a istoriorafia do cotidiano) o cotidiano e as entalidades na istória, publicado na revista * História) :otidiano e ;entalidades * da Atual Editora, da professora aura de Mello e -ouza Loutora do epartamento de 7ist)ria da ;-@. Ela c'ama a atenção, no referido artigo, para uma vertente bastante interessante do estudo da 7ist)ria !ue vem sendo difundida na HnglaterraD "Há ooas, Alan ;ac?arlane, talez Peter @aslett* !uanto na tradição socialista e arxista de ua istória dos oientos sociais $coo E# P# >opson, :ristioper Hill, Eric Ho2s2a*"#$%&&B)C*
1onsideramos !ue é pertinente a colocação anterior por estarmos trabal'ando com uma reflexão cr&tica acerca do Movimento de Escolin'as de Arte !ue reflete o ensino de arte modernista e conse!^entemente alguns momentos teremos !ue recorrer ao Movimento de Arte*Educação !ue reflete o ensino de arte p)s*modernista, pois, é ele, nosso referencial mais atual. A concepção de 7ist)ria !ue fundamenta, portanto, este trabal'o, parte da idéia !ueD "$###* o estudo do cotidiano e entalidades não / $###* era curiosidade) ele se
este modo, por exemplo, tanto o professor do interior !ue, por sua pr)pria localização geogrfica, tem dificuldade de acesso as mais recentes discuss(es em ensino de arte, e por isso sua prtica se reflete fragmentada, !uanto a!uele professor !ue fre!^enta o meio acad"mico discutindo e construindo em ensino de arte, devem ser consideramos como entalidades em suas prticas cotidianas diferenciadas !ue devemos contrapor em uma perspectiva dialética. @ensando e agindo assim,
trabal'aremos em favor de uma 'ist)ria mais comprometida com os movimentos sociais, estabelecendo uma din%mica baseada no multiculturalismo Ltend"ncia do ensino de arte p)s*modernista, 6 medida em !ue todos os c)digos estéticos e art&sticos podem ser contrapostos de maneira a se compreender os su2eitos 'ist)ricos e sociais envolvidos, possibilitando interpretaç(es dos mesmos e de seus movimentos de uma forma menos excludentes. 1abe, desta forma, tentarmos estabelecer contornos territoriais entre o ensino de arte modernista e o ensino de arte p)s*modernista. ?rosso modo, podemos dizer !ue o ensino de arte modernista tem suas bases filos)ficas e metodol)gicas em 7erbert IeadP, 0o'n e+e/, o+enfeld, @eters, -lade, apenas para citar alguns. 8 modo modernista de ensino de arte se traduz, principalmente, na compreensão da arte como um grito da alma, emoção !ue deve ser desblo!ueada e transformada em expressão, exerc&cio criativo com base no aprender fazendo Le+e/, segundo o método da livre expressão. 8s adeptos desta acepção de ensino consideravam !ue ' em toda pessoa um manancial art&stico !ue pode ser liberado através do processo criador, portanto, o ensino deve possibilitar o contato com materiais e ambiente ade!uado para !ue aconteça o desblo!ueio emotivo e criativo. 1olocando a originalidade como o valor mais importante no fazer art&stico. adas algumas refer"ncias sobre o ensino de arte modernista tentaremos delinear o !ue vem a ser o ensino de arte p)s*modernista. Em primeiro lugar pensamos !ue a p)s*modernidade não pode ser proposta como simples re2eição 6 modernidadeD a p)s*modernidade em vez disso é uma espécie de passagem de um tom Lum sentido para outra * espécie de ruptura * no pr)prio discurso modernista, uma nova inflexão no sentido de desvio, atal'o, corte na lin'a condutora, uma releitura ou uma desleitura da realidade. Temos assim, !ue admitir !ue o ensino da arte no contexto da p)s* modernidade ad!uire uma nova complexidade e isto não !uer dizer !ue o ensino modernista ten'a se apresentado distante de fundamentos. Apenas devemos compreender !ue o ensino modernista se fundamentava em uma filosofia Hdealista, interrelacionando*se a uma ideologia liberal, difundindo a idéia de !ue todos são livres e !ue a educação é um bem acess&vel a todos na sociedade, de certa forma escamoteando a luta de classes. Iecortando este %ngulo da !uestão vamos perceber !ue a concepção p)s* modernista de sociedade admite a sua formação multicultural, assim não escamoteando as diversas organizaç(es estéticas, art&sticas e sociais, favorecendo o conv&vio e a contraposição de posturas. a&, o ensino de arte p)s*moderno buscar sair do %mbito da mera catarse emocional e livre expressividade para tratar a produção art&stica como algo !ue se constr)i no complexo dialético entre o sentir*pensar a partir de um contexto 'ist)rico*social. 1ontemplando essa discussão, surge no Brasil nos anos S= no MA1*;-@, novamente sob a liderança da professora Ana Mae, uma proposta !ue a princ&pio foi identificada como Metodologia TriangularD esta proposta tenta articular a 7ist)ria da Arte Le a estética como um ramo da filosofia !ue d aporte te)rico para 7ist)ria da Arte, a eitura de 8bra de Arte e o 5azer Art&stico. A proposta triangular vem sendo discutidaD ora criticada ferozmente pelos modernistas, ora vista com certo triunfalismo pelos !ue gostam de receitas novas, ora
de forma mais sensata como uma maneira de ensinar arte !ue exige do educador uma percepção interdisciplinar do con'ecimento e uma compreensão dos movimentos da sociedade de forma multicultural, além de bastante estudo e aprofundamento te)rico. Esta proposta, !ue foi gestada por arte*educadores em artes plsticas, vem também sendo experimentada em outras linguagens art&sticas, como é o caso da -ecretaria de Educação e Esportes do Estado de @ernambuco em Teatro*Educação. Em Teatro*Educação é importante salientar, como vanguarda do ensino de arte brasileiro, o trabal'o da professora Hngrid ormien 4oudela Loutora da E1A* ;-@. -obre seus estudos e pes!uisas nesta rea de con'ecimento, destacamos a tradução do livro de iola -polinD 1proisação para o >eatro LPQOQ * Editora @erspectivaY a sua dissertação de mestrado depois transformada no livro Foos >eatrais LPQS\ * Editora @erspectivaY a coordenação do 1urso de Especialização em Artes 1"nicas na rea de Teatro*Educação, E1A*;-@ e a organização do livro 9 Go .rectiano LPQQ< * Editora @erspectiva. Hngrid 4oudela escreveu a primeira dissertação de mestrado em Teatro*Educação no Brasil, elevando essa rea de con'ecimento 6 categoria de acad"mica. -ua obra Foos >eatrais ,apresenta*se como a mais significativa abordagem te)rica de Teatro*Educação. 9a referida obra, ela parte da concepção de ensino de arte ]essencialista] de Elliot Eisner, 2untamente com a tr&ade -polin*@iaget*anger * !ue possibilitou um arro2ado aporte te)rico ao arte*educador. Mas, os estudos da professora Hngrid 4oudela não param por a&, pois sendo uma profunda estudiosa e pes!uisadora da obra de Brec't, ela buscou na pedagogia brec'tiana a oportunidade de se estabelecer a função social do Teatro*Educação. -eus estudos * pes!uisas e publicaç(es * podem ser compreendidos como um salto de !ualidade entre a tend"ncia modernista e a proposta de ensino de arte p)s* modernistaD 'o2e não se pode mais educar em arte voltado apenas para a mera liberação emocional e criativa. 8 ensino de arte p)s*modernista pretende, entre outras coisas, decodificar a gramtica art&stica, uma compreensão mais cr&tica da função social da arte, guardando respeito para com as produç(es art&stico*culturais dos diversos grupos !ue comp(em a sociedade. iante do exposto buscamos construir ol'ares !ue se pretendem cr&ticos do Movimento Escolin'as de Arte 6 medida !ue este movimento representou um marco na educação brasileira, considerando o contexto 'ist)rico modernista Lp)s*guerra em !ue se originou e se difundiu. A perspectiva, de nossa reflexão, é a !uestão da articulação entre Teatro e Educação neste Movimento. Cueremos ainda, deixar claro !ue nossa cr&tica parte da concepção de ensino de arte p)s*modernista, estudo !ue é aprofundado e desenvolvido, sobretudo, pela professora Ana Mae Barbosa. 5inalmente, !ueremos ressaltar !ue temos respeito de pes!uisador pelos avanços, pela ousadia e pela vontade de transformar através da educação em arte, son'o perseguido pelos !ue lideraram e pelos !ue, de alguma forma, participaram do Movimento Escolin'as de Arte. A arte da criança * sua expressão mais livre e diferente do adulto * sustentou a filosofia difundida pelo MEA e sua principal caracter&stica revolucionria, talvez, ten'a sido com relação 6 livre expressãoD incitava*se a livre atividade criativa da criança em oposição a c)pia, acreditando no manancial art&stico, interior, da criança ainda não afetado pelo mundo adulto. @or isso, tentava*se preservar a criança da
influ"ncia da obra de arte institu&da 'istoricamente para !ue ela não corresse o risco de praticar a mera c)pia.
Arte Educação Bra& 0unior Artista plstico, professor da 1asa de Arte em Htu, e proprietrio do Ateli" Braz 0unior. 1ltimos Arti!os $ublicados 5%I&I566C A Arte Educação e a le!2tima Arte _ @ublicadoD -exta*feira,
A percepção evolui natural e VsensivelmenteW. ;ma linguagem visual se constitui de imagens e formas.
@orém, c'ega o momento !ue a criança, 2 crescidin'a, iniciar na escola. Ter o in&cio de seus problemas. 8 ritmo do seu corpo não ser respeitado o !ue antes era tudo brincadeirin'a, passar a ser um compromisso sério com 'orrios estabelecidos, disciplina, !ue s) irão terminar, no dia em !ue, 2 adulta, perceber o !uanto est perdendo por ter !ue ser o !ue os outros !uerem !ue ela se2a e não o !ue poderia ser de verdade. 8 !ue me faz lembrar de Martin 7eidegger nos seus pensamentos !ue tratam do -er e Tempo, !uando fala da Exist"ncia Hnaut"ntica. oltando ao per&odo escolar, a criança aprender a escrever, ler, fazer contas e resolver problemas através de s&mbolos, sinais e f)rmulas, ser estimulado o racioc&nio l)gico, dedutivo, simb)lico, temporal, rpido, con'ecer a linguagem verbal onde s&mbolos L letras organizados formarão s&labas, palavras e frases. 9otamos a!ui, o simples fato de ser alfabetizada, não faz dessa criança ainda um VpoetaW. 9a atividade do desen'o ela continua procurando enri!uecer os seus registros com mais detal'es buscando um resultado realista. 9as escolas o con'ecimento sens&vel !uase nunca é trabal'ado e a criança tende a abandonar a!uela atividade prazerosa e lGdica por não conseguir evoluir mais, pois o racioc&nio l)gico e simb)lico ir dominar. @or cr&ticas dos coleguin'as da escola, dos pais e até mesmo de professores despreparados L8 bom professor sabe !ue a cr&tica tem um efeito ofensivo e destruidor na autoconfiança do aluno e !ue o elogio e o incentivo s) favorecem sua evolução, a criança se frustra, abandona o desen'o e sua percepção fica estagnada. 9a fase adulta, se solicitarem para !ue desen'e algo ficar envergon'ada, pois ser uma pessoa adulta desen'ando algo infantil, o seu desen'o mostra o estgio em !ue sua percepção visual parou de evoluir. As pes!uisas mostram !ue !ual!uer pessoa, bem orientada, pode aprender a desen'ar de modo sens&vel gan'ando mais confiança, senso cr&tico e estético. 9esse momento, no meu ver, é !ue aparecem as confus(es muito comuns nos dias de 'o2e. 8 fato de saber desen'ar, ou se2a, representar, copiar, imitar a realidade, produzir uma imagem mimética, não faz dessa pessoa ainda um VartistaW.8 desen'o é um dos elementos !ue precisa para dar forma a um sentimento original e inédito, como também dominar materiais e meios expressivos Ltécnicas, organizar est&mulos nos espaço grfico, pict)rico ou tridimensional Lcomposição, selecionar um repert)rio de signos visuais somados a uma visão de mundo diferente !ue irão constituir uma tentativa de linguagem pr)pria. 8 fazer art&stico é muito importante para sua formação, mas não basta, precisa da 1ultura da Arte, ou se2a, con'ecer a 7ist)ria da Arte em toda sua amplitude, como ainda a fruição art&stica, ter condiç(es de fazer leituras e interpretaç(es e usufruir a Arte. 1omo o n&vel da percepção, na maioria das pessoas, est muito a!uém do !ue poderia ser, por fal'a do nosso sistema de ensino, fica fcil para a!uele !ue 2ulga ser mais sens&vel, abusar da falta de percepção do povo e se passar por artista, professor, curador, cr&tico de arte, produtor, promotor, etc. 5ica claro também a !ueda de !ualidade dos trabal'os de VArteW onde poucas pessoas estão 'abilitadas para apontarem !uem é !uem. 8s eventos art&sticos e culturais, onde muitas vezes, os responsveis não são os mais sens&veis e preparados, mas sim a!ueles !ue se relacionam mel'or, gerando assim o decl&nio da !ualidade das atividades culturais.
1omo estudante das artes e também como artista, ten'o a preocupação com a !ualidade do meu trabal'o e também com a administração de espaços culturais, escolas de arte, cursos de arte, galerias de arte, sal(es de arte, etc. Acredito !ue estamos todos em estgios de evolução diferentes e !ue tudo !ue constitui o universo, tem a potencialidade de vir a ser, porém me desagrada muito a falta de respeito com a Arte ?enu&na, com seus Mestres, com a 7ist)ria da Arte e com a profissão !ue escol'i e !ue anos de estudos e investimentos numa carreira se2am banalizados. e2o !ue uma das funç(es do artista contempor%neo, não é adular o pGblico ou sub2ugar o apreciador, como falou 5ernando @essoa, mas sim educar.
AR3E;E45CA67 desenvolvimento da criatividade Reporta!em% Adriana $erri Hnserida emD O#P<#<==< ;m indiv&duo aprende a crescer e a desenvolver*se baseado nas suas viv"ncias em diversas esferas. @or isso é cada vez mais necessrio encarar a educação como um todo, permitindo !ue o desenvolvimento intelectual e emocional camin'em 2untos, em e!uil&brio. Esta educação global representa a integração dos aspectos f&sicos, intelectuais, espirituais e sociais da vida da criança, promovendo o con'ecimento de si mesma. Ao aprender a relacionar*se com sua pr)pria personalidade a criança pode, então, partir para a descoberta do mundo exterior. A Arte, por estar em permanente transformação, ampliando*se, possibilita aç(es !ue valorizam a produção e a transmissão do con'ecimento. @roporcionar 6s crianças e adolescentes viv"ncias !ue permitem liberar a criatividade, experi"ncias na pintura, na modelagem, na mGsica, na dança, na dramatização, estimulam seu sentido cr&tico e conduzem a formas diferentes de ver o mundo. A construção do saber torna*se desafiadora e prazerosa, ao mesmo tempo em !ue rompe as barreiras da exclusão, por!ue est baseada na capacidade de experienciar de cada um. -egundo a educadora Ana Mae Barbosa, ex* diretora do MA1#;-@ LMuseu de Arte 1ontempor%nea da ;-@, para as crianças com necessidades educacionais especiais a arte é extremamente eficiente. ]9o caso da Educação Especial, a arte é eficiente e mais democrtica, por desenvolver as mGltiplas intelig"ncias. Ela trabal'a mais fortemente os componentes intuitivos, sensoriais e a percepção espacial. As c'ances da criança com necessidades educacionais especiais ser bem sucedida nas artes, de sentir*se aprovada, ter seu ego cultural reforçado e, assim, se desenvolver cognitivamente são imensas por!ue a Arte*Educação não lida com o certo e o errado, mas com o provvel, o imaginvel] As crianças com defici"ncia muitas vezes se afastam do conv&vio social, demonstrando dificuldade em relacionar*se com outras crianças e adultos. A interação !ue a escola permite é fundamental para seu desenvolvimento, devendo ser sempre estimulada, e cabe ao professor usar sua capacidade criativa para contornar as limitaç(es e as particularidades de cada criança. 9a sala de artes a sociabilização é reforçada, os materiais são compartil'ados, observar e 6s vezes imitar o trabal'o do colega é permitido, assim o aprendizado é vivenciado através da cooperação e integração. A criança sente*se mais segura e aprende a confiar no grupo a !ue pertence, encontrando espaço para revelar suas dificuldades e dialogar espontaneamente sobre a defici"ncia da !ual é portadora, o !ue abre a possibilidade de !uebrar uma série de barreiras, fazendo com !ue se sinta aceita pelos
demais compan'eiros.
<7 #E $4E 4EI=AR M ? MAR9EM 4 C<3A3 CM A AR3E Caminhos de 3homa& Ianelli 5ma nova !eração de educadores Coluna Especial% 4ocumentando a Arte 1omo revela @aulo 1'agas, professor e compositor, p)s*gra*duado em Educação Especial na rea dos problemas de comunicação, em seu artigo 8 esenvolvimento da 1riatividade L@ortugal, PQQQ, inventar uma 'ist)ria, fazer mGsica, fazer um desen'o ou outro produto expressivo !ual!uer e analis*lo em termos cr&ticos são formas de estimular a sensibilidade da criança ou do adolescente, contribuindo para a integração da sua exist"ncia interior e para a construção psicol)gica da sua personalidade. E é, em torno desta estrutura, !ue irão funcionar todas as outras atividades mentais Hgnorar este fato e orientar os alunos para a aprendizagem exclusiva da leitura, da escrita, do clculo e das aptid(es profissionais é amputar*l'es grande parte da sua sensibilidade o !ue não é menos nefasto !ue amputar*l'es um braço ou uma perna. Ana Mae Barbosa concorda. ]8 universo terap"utico da Arte se ampliou com a p)s* modernidade. 9ão apenas é terap"utica a catarse da Arte, mas também é terap"utica a conscientização cr&tica acerca do mundo em !ue vivemos, da cultura !ue nos envolve, !ue de um lado nos submete e de outro amplia nossos 'orizontes e nos constr)i. 9ão se pode deixar ninguém 6 margem do contato com a Arte] @onte de pesuisa% site 8 1aracol do 8uvido AR3E C<3EM$R
1ada nova técnica é criada com determinados ob2etivos. A litografia foi inventada para resolver os problemas dos altos custos da tipografia para a impressão de livrosY a fotografia para resolver, definitivamente, o problema ou a solução da representação perspectiva. 8 rdio foi desenvolvido para a comunicação militar 6 dist%ncia, o computador para agilizar soluç(es de problemas matemticos, para computar, ou ainda, para ordenar como dizem os francesesD ordinateur . Acoplado 6 tecnologia da televisão, o computador foi inicialmente utilizado para visionar campos inimigos. Estes ob2etivos são o !ue c'amamos de ]a positividade das tecnologias], ob2etivos para os !uais foram criadas. ou dar a!ui um exemplo mais palpvel, literalmente palpvel. @ara fazermos Arte com terras Lvermel'as, pretas, arenosas, férteis, &mpares precisamos compreender as ligas poss&veis de cada terra, sua solubilidade, as capacidades de modelagem, de secagem, suas possibilidades de misturar*se 6 outras terras, precisamos con'ecer as temperaturas !ue suportam, con'ecer suas propriedades !u&micas... @ara fazermos Arte com terras faz*se necessrio entender as linguagens destes materiais para revel*los, para revelarmo*nos, e para revelar uma compreensão do mundo &mpar desfraldando todos os poss&veis da matéria. @ara fazer Arte com terras é preciso dominar o material da mesma forma como faz*se necessrio esta compreensão para realizar um trabal'o com as diferentes tecnologias com as !uais somos confrontados. Estas tecnologias nos moldam como moldamos terras. 9ecessitamos domin*las até se deixar dominar, det"*las !uando o "xtase ainda !uiser se fazer expandir, e entregar*se !uando o suor inundar o confronto. 1on'ecer implica demitizar, derrubar o mito imprescind&vel LF `-im, o mito é imprescind&vel, mas para falar a linguagem do material art&stico é preciso desnud*lo, para poder estar com, para poder verY é preciso penetr*lo na sua ess"ncia, sem a& depositar !ual!uer culto. 1on'ecer a fundo uma técnica permite !uestionar a positividade desta, a!ueles ob2etivos primeiros, e, assim, s) assim, revelar sua linguagem espec&fica. 1ostumo dizerD 1on'ecer permite tratar com, tratar de, maltratar e trair. Me repitoD para fazermos Arte com terras faz*se necessrio entender suas linguagens, revel*los, para revelarmo*nos, e revelar uma compreensão do mundo &mpar, descobrindo as especificidades, os canais !ue permitem o contato com esta matéria. E, como falo de tecnologias, faz*se necessrio entender as linguagens das tecnologias para descobrir os canais !ue permitem o contato, não mais com o material mas com o imaterial. 1ada nova tecnologia modifica o con'ecimento !ue ten'o de mim mesma Lo espel'o é uma tecnologia e !uando nele me ve2o compreendo*me sob sua )tica. A fotografia, o v&deo nos redimensionam, cada nova tecnologia modifica o con'ecimento !ue ten'o do outro, do outro e do outro, e conse!uentemente o con'ecimento !ue ten'o do mundo !ue me envolve, e este é, a cada dia mais, um todo, um todo globalizado. A Arte, necessariamente, é reflexo e reflexão sobre nossa realidade tecnol)gica. Estamos falando das tecnologias !ue nos envolvem, me refiro 6 tecnologias de produção de alimentos Lmaçãs, tomates e alfaces são tecnologias, me refiro 6 autom)veis, bens de consumo, eletrodomésticos, me refiro 6 telefones, computadores ligados em redes comunicacionais, 6 ídeo-aes... @ara falarmos das tecnologias !ue nos envolvem, para falarmos de nosso !uotidiano gostaria de tomar emprestado o termo utilizado por 5red 5orestLP em PQS, !uando este funda o ]Movimento da Est,tica da Comunicação], este Movimento foi apresentado por Mario 1ostaL< como ]uma reflexão filos)fica sobre a nova condição antropol)gica e, conse!uentemente, sobre as novas formas de viv"ncias estéticas instauradas pelas tecnologias comunicacionais, bem como sobre o destino reservado, nessa nossa situação, 6s categorias estéticas tradicionais Lforma, beleza, sublime, obra, g"nio...
Tentemos então ver o !ue ', a mais, além de reflexão filos)fica, condição antropol)gica, viv"ncias estéticas, tecnologias comunicacionais, forma, beleza, sublime, obra, g"nio, por trs do termo ]Estética da comunicação]D A Estética é uma das disciplinas da 5ilosofia. Toda a 7ist)ria, toda a evolução do conceito de estética deveria ser re* analisada, a partir de par%metros contempor%neos, assim como as categorias estéticas redimensionadas, o mel'or exemplo é o tempo como elemento da linguagem art&stica. A Estética pensa, tanto o belo da natureza, !uanto a Arte. @ensando o belo da natureza dever&amos, 'o2e, c'egar até 6 Ecologia. 9a Arte vemos cada dia mais se estreitarem os laços entre Artes visuais, Artes c"nicas e mGsicaD @erformance, Hnstalaç(es, &deo*arte, Arte interativa via redes de comunicação. Arte e Ar!uiteturaD todo o contexto da galeria est em cena !uando fazemos uma instalação. A Arte estreita, cada dia mais, os laços com as indGstriasD das tintas 6s m!uinas pesadas se tornam ob2etos estéticos, passando por ob2etos de uso dos !uais, por vezes, es!uecemos as cargas tecnol)gicas. A Arte implica inserção em um contexto sociol)gico, e antropol)gico como !uer Mario 1osta. Arte e 1omunicação são linguagens Lret)rica, sintaxe, gramtica, ainda !ue a Arte se2a, por vezes, linguagem da ordem do grito. 8s meios de comunicação atuais envolvem tecnologias audio*visuais e 1i"ncia da computação Ll)gica e matemtica. Abraçando o planeta, com estes meios, somos levados 6 pensar pol&ticas e economias internacionais, e, conse!uentemente, nos vemos envolvidos no incessante processo de ?lobalização. 9osso espaço atual, o ciberespaço LIo/ Ascott e @ierre év/ é iper-transdisciplinar . 9ossa contemporaneidade est toda plena de tecnologias, e estas tecnologias envolvem, como vimos, diferentes, senão todas, as disciplinas do con'ecimento 'umano LEstética, Antropologia, -ociologia, 1omunicação, Ecologia, linguagem,.... E, a Arte, necessariamente, é reflexão e reflexo da nossa realidade, uma realidade ]grvida de um avião]L, grvida de tecnologias. -eria importante realizar, a!ui, uma reflexão sobre o trabal'o em grupo, condição sine !uoi non, para se realizar um trabal'o com Arte e tecnologias complexas, no entanto, não dese2o muito me estender. Cuanto 6 Arte*educação, é imprescind&vel dar aos alunos as possibilidades de trabal'ar com estas linguagens contempor%neas da Arte !ue são as suas, com as !uais nasceram e !ue mitificam, por descon'ec"*lasY e !ue mitificam como dese2a a m&dia. A m&dia sabe !ue o mito gera dese2o, um dese2o insano !ue s) o compreender pode vencer, e por isso mesmo alimenta o mito. 1om as tecnologias da imagem*movimento contempor%neas, os 2ovens estão, definitivamente, envolvidosD fotografia, televisão, v&deo, v&deo*game, diferentes soft+ares para computadores, e as redes de comunicação. @reparar cidadãos, para o futuro, significa preparar cidadãos para estarem cada vez mais envolvidos por estas, e outras, tecnologias. [ imprescind&vel, primeiramente, !ue estas tecnologias se2am demitizadas pelas Hnstituiç(es de ensino. 8s e!uipamentos são caros mas podem ser conseguidos. ;rge formar Lre*formar os professores. 7o2e, a cada !uatro anos, as tecnologias evoluem de tal forma !ue podemos nos considerar defasados. 9ão digo reciclar, mas re* formar, formar, fundamentar con'ecimentos sobre as tecnologiasD con'ecimentos técnicos e te)ricos sobre as implicaç(es da presença maciça da 3ecnolo!ia. ;rge fazer estas compreens(es por todos os professores de todas as reas de con'ecimento. ;rge e!uipar e dar aos professores as possibilidades de lecionar Arte com estes novos meios não tão novos, meios transdisciplinares, de expressão. 1ito então para terminar um pe!ueno trec'o do livro 1A8- de 0ames ?leic:, editor e rep)rter do 7e JorK >ies, é ]o trabal'o excepcional, não ortodoxo, !ue cria
revoluç(es.] ;ma revolução tem um carter interdisciplinar Usuas descobertas principais v"m, muitas vezes, de pessoas !ue se aventuram fora dos limites normais de suas especialidades.] 8s problemas !ue preocupam esses cientistas ]não são considerados lin'as de investigação leg&timas] L\. 9ão ve2o o problema levantado por Ana Mae 2 !ue a Arte*educação é, por definição, e em sua ess"ncia, de carter interdisciplinar LArte e educação, e exatamente por ser interdisciplinar é revolucionria, é lin'a de investigação, até agora, ileg&tima. 1ito as palavras de ?erd Born'eim, ditas na Abertura deste -eminrio, ' dois dias. na Arte* educação tudo são problemas e a vantagem são !ue problemas incitam a reflexão. LP
5red 5orest, nascido em PQ, na Argélia, é artista da comunicação. Ele foi o primeiro a utilizar o v&deo na 5rança. 8bteve o @r"mio de 1omunicação na HH Bienal de -ão @aulo, e representou a 5rança na HH Bienal de eneza. Em PQO\ fundou o :ollectif Art Locioloi!ue 2untamente com 7ervé 5isc'er e 0ean*@aul T'énot. L< 1osta, Mario, @Mestetica della counicazione) cronoloia e docuenti# -alermo, @alladio, PQSS, p. PS, citado por Annateresa 5abris, na Hntrodução do livro Sublime Tecnológico de Mario Costa, -ão @aulo, Experimento, PQQR, p. O. L mGsica cantada por Marina ima L\ 0ames ?leic:, :aos# A criação de ua noa ci4ncia, Iio de 0aneiro, 1ampus, PQQ=, p. < e .