PORTUGUÊS – 6.º ANO FICHA INFORMATIVA Prof.ª Sílvia Rebocho
Ao longo de toda a obra encontras inúmeras vezes palavras ou expressões propositadamente repetidas, com o objetivo de realçar melhor determinadas ideias. Eis alguns dos exemplos mais significativos: “E Ulisses, existiu? E Homero, existiu? E o Sol, existe? E a Lua, existe? E o mar, existe ?” “Beberam, comeram, ofereceram sacrifícios... Beberam, comeram , dançaram...”
Frequentemente encontras as palavras distribuídas no espaço de uma maneira diferente da habitual, assim ajudando a esclarecer melhor ou a enriquecer ainda mais o seu significado. Muitas vezes este efeito é combinado com a repetição expressiva, resultando ainda mais impressionante. Recorda este exemplo: “Então ali de repente tentou lembrar -se de um nome qualquer para enganar o ciclope, um nome
qualquer um nome qualquer um nome qualquer
um nome qualquer um nome qualquer
um nome qualquer um nome qualquer – mas a aflição era tão grande que não se lembrava de nenhum!”
A autora, com muita sabedoria, brinca, por vezes, com certas palavras, provocando efeitos surpreendentes. Po lifemo? “ - O que foi, Polifemo? - Ai, meus irmãos, acudam! Ninguém quer matar-me... - Pois não, Polifemo, ninguém te quer matar. - Não é isso, seus palermas! O que eu estou a dizer é que Ninguém está aqui e Ninguém quer matar-me! - Pois é, rapaz! É o que nós estamos a perceber muito bem: ninguém está aqui e ninguém te quer matar... - Não é isso, seus idiotas!...”
Este recurso, que consiste em interromper uma frase num ponto onde ainda se esperava que ela continuasse, contribui para aumentar a emoção e deixar o leitor preso do que virá a seguir. Nesta obra podes encontrar vários exemplos da sua utilização. “(Os marinheiros) Não resistiram mais e… nem vos conto o que sucedeu!”
O uso abundante de adjetivos, particularmente quando existe um cuidado especial na sua seleção, pode enriquecer bastante um texto literário. “Ele próprio era, na realidade, um moço vigoroso e valente, sempre desejoso de correr mundo, de viver as mais inesperadas aventuras.”
Consiste em estabelecer uma relação de semelhança entre duas ou mais coisas através de uma palavra ou expressão (“como; mais do que; maior do que; menos do que; tão”) ou de verbos que sirvam para comparar (“parecer”, "sugerir", “lembrar”…) “Os fortes marinheiros pareciam bonecos nas suas mãos brutais, ou uvas que com os seus dedos peludos ele ia colhendo e depois engolindo sofregamente.”
Consiste em apresentar vários elementos da mesma natureza (género), separados por vírgulas. “Tudo neste lugar é gigantesco, é ciclópico: os animais, as plantas, as pedras...”
É um recurso estilístico que consiste em atribuir a objetos, animais, plantas e outros elementos da natureza características humanas. “Os ventos violentos, furiosos de se verem há tanto tempo aprisionados dentro daquele saco, saltaram de lá cheios de raiva e força …”