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PROVA 2
ESCOLA: ___________________________________________________________________
PROVA MODELO DE PORTUGUÊS Ano: 9.° | Turma: __________
Data: ___ / ___ /20___ GRUPO I Parte A
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Elogio do Subúrbio Cresci nos subúrbios de Lisboa, em Benfica, então quintinhas, travessas, casas baixas, a ouvir as mães chamarem ao crepúsculo – Víííííííííítor, num grito que, partido da Rua Ernesto da Silva, alcançava as cegonhas no cume das árvores mais altas e afogava os pavões no lago sob os álamos. Cresci junto ao castelito das Portas que nos separava da Venda Nova e da Estrada Militar, num país cujos postos fronteiriços fronteiriços eram a drogaria do senhor Jardim, Jardim, a mercearia do Careca, a pastelaria do senhor Madureira e a capelista capelista Havaneza do senhor senhor Silvino, e demorava-me à tarde na oficina oficina de sapateiro do senhor Florindo, Florindo, a bater sola sola num cubículo escuro rodeado de cegos sentados em em banquinhos baixos, envoltos no cheiro de cabedal e miséria que se mantém como o único odor de santidade que conheço. (…) Na época em que aos treze anos me estreei no hóquei em patins do Futebol Benfica, o guarda-redes enchumaçado como um barão medieval apontou-me ao pasmo dos colegas – O pai do ruço é doutor – no que constituiu de imediato a minha primeira primeira glória desportiva e a primeira tenebrosa responsabilidade, a partir do momento em que o treinador, a apalpar-me os músculos músculos com os – olhos, preveniu numa careta de dúvida Sempre estou para ver se lhes chegas chegas ó ruço que o teu pai no ringue era lixado para a porrada. O dono da Farmácia União jogava o pau, (…) o sineiro a quem chamavam Z. Martelo e que tocava o Papagaio Loiro na Elevação da missa do meio-dia em vez do A treze de Maio obrigatório, possuía uma agência funerária cujo prospeto-reclame começava “Para que teima Vossa Excel ên ênccia em viver se por cem escudos pode ter um lindo funeral?”, e eu escrevia versos no intervalo do
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hóquei, fumava às escondidas, escondidas, uma das minhas extremidades tocava o Jesus Jesus Correia e a outra Camões, e era indecentemente feliz. Hoje, se vou a Benfica, não encontro Benfica. Os pavões calaram-se, nenhuma cegonha na palmeira dos Correios (já não existe a palmeira dos Correios, a quinta dos Lobo Antunes foi vendida) o senhor Silvino, o senhor Florindo e o senhor Jardim morreram, ergueram prédios no lugar das casas (…) Não há pavões nem cegonhas e contudo contudo a acácia dos meus pais, teimosa, resiste. Talvez que só a acácia resista, que só ela sobeje desse tempo como o mastro, furando as ondas, de um navio submerso. A acácia basta-me. Arrasaram as lojas e os pátios, não tocam o Papagaio Loiro no sino, mas a acácia resiste. resiste. Resiste. E sei que junto do seu tronco, se fechar os olhos olhos e encostar a orelha ao seu tronco, hei de ouvir a voz da minha mãe chamar – Antóóóóóóó Antóóóóóóóónio ónio e um miúdo ruço atravessará o quintal, com um saco saco de berlindes na algibeira, algibeira, passará por mim sem me ver ver e sumir-se-á lá em cima no quarto (…). António Lobo Antunes, Livro de Crónicas, Publicações Dom Quixote
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Responde aos itens que seguem, de acordo com as orientações que te são dadas. 1. As afirmações apresentadas de (A) a (G) correspondem a ideias-chave do texto apresentado acima. Ordena a sequência de letras que corresponde à ordem pela qual essas ideias aparecem no texto. Começa pela letra (D). (A) O único elemento que resiste à ação do tempo – a acácia – permitirá ao narrador recuperar a infância perdida. (B) Ao iniciar a prática de hóquei em patins, o narrador descobriu que recebera uma herança nesta modalidade desportiva. (C) Várias figuras e espaços representativos de várias profissões delimitaram a geografia da sua infân cia. (D) O narrador recorda o local onde cresceu, Benfica, nos subúrbios de Lisboa. (E) Uma das suas memórias mais intensas é de caráter auditivo. (F) O tempo transformou o espaço de tal modo que o narrador já não o reconhece. (G) Um sentimento de profunda felicidade envolve a memória da infância do narrador. 2. Indica a que se refere o pronome “que” sublinhado na frase “O dono da Farmácia União jogava o pau, (…) o sineiro a quem chamavam Zé Martelo e que tocava o Papagaio Loiro na Elevação da missa do meio-dia em vez do A treze de Maio obrigatório (…).” (linhas 16-17) 3. Para responderes a cada item (3.1 a 3.5.), seleciona a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto. Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida. 3.1. A expressão “Cresci nos subúrbios de Lisboa” (linha 1) indica que o texto a) é narrado na primeira pessoa. b) é narrado na terceira pessoa. c) tem um narrador não participante. 3.2. Na expressão “(…) no que constituiu de imediato a minha primeira glória desportiva (…)” (linha 12) está presente a) um exemplo de personificação. b) um exemplo de metáfora. c) um exemplo de antítese. d) um exemplo de ironia. 3.3. A palavra “Hoje” (linha 22) assinala a) uma analepse. b) uma prolepse. c) uma oposição temporal. d) uma simultaneidade temporal . 3.4. Ao usar a expressão “Talvez que só a acácia resista, que só ela sobeje desse tempo como o mastro, furando as ondas, de um navio submerso.” (linhas 26-28) o narrador mostra entender a passagem do tempo como a) um maremoto. b) um terramoto. c) um naufrágio. d) um tornado.
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3.5. O texto “Elogio do subúrbio” é uma crónica, pois, entre outros aspetos, apresenta por parte do autor a) uma visão objetiva e rigorosa dos factos narrados. b) um claro distanciamento face aos eventos narrados. c) passagens plurissignificativas e com recurso a uma linguagem conotativa. d) aborda uma temática que interessa exclusivamente a si próprio. Parte B Na praia lá da Boa Nova, um dia, Edifiquei (foi esse o grande mal) Alto Castelo, o que é a fantasia, Todo de lápis-lazúli1 e coral! 5
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Naquelas redondezas não havia Quem se gabasse dum domínio igual: Oh Castelo tão alto! parecia O território dum Senhor feudal! Um dia (não sei quando, nem sei donde) Um vento seco de mau sestro2 e spleen3 Deitou por terra, ao pó que tudo esconde, O meu condado, o meu condado, sim! Porque eu já fui um poderoso Conde, Naquela idade em que se é conde assim... António Nobre, Só, Editorial Nova Ática
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VOCABULÁRIO 1 Pedra, de cor azul-ferrete, empregada em joalharia.; 2 Sorte; 3 Melancolia, tristeza.
4. O sujeito poético narra um acontecimento por ele vivido. Reconta sinteticamente a situação por ele apresentada. 5. A expressão “um dia” surge no primeiro verso e repete -se no nono. Indica o momento a que cada uma das ocorrências se refere e atribui um sentido a essa repetição. 6. Explica por que motivo as expressões “Castelo tão alto” (verso 7) e “o meu condado” (verso 12) podem ser consideradas metáforas de “sonho”.
7. Tendo em conta a globalidade do poema, explicita o sentido do verso “Naquela idade em que se é conde assim...” (verso 14)
8. Descreve de forma completa a estrutura externa do poema (estrofe, métrica e rima). 9. Atendendo ao facto de apresentarem semelhanças temáticas, os textos “Elogio do Subúrbio” e “Na praia lá da Boa Nova, um dia” vão integr ar uma mesma antologia. Seleciona, de entre os títulos seguintes, aquele que melhor evidencia as características comuns. a) Saudades da infância.
b) Memórias da infância.
Justifica a tua opção, fundamentando-a na leitura de ambos os textos.
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Parte C Lê o excerto do Auto da Barca do Inferno a seguir transcrito, e responde, de forma completa e bem estruturada, ao item 10. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado. Fidalgo Ao Inferno todavia! Inferno há i pera mi? Ó triste! Enquanto vivi Não cuidei que o i havia. 5 Tive que era fantesia; folgava ser adorado; confiei em meu estado e não vi que me perdia. 10
Venha essa prancha! Veremos esta barca de tristura.
Diabo Embarque a vossa doçura, que cá nos entenderemos… Tomarás um par de remos, veremos como remais, 15 e, chegando ao nosso cais, todos bem vos serviremos. Fidalgo Esperar-me-ês vós aqui, tornarei à outra vida ver minha dama querida 20 que se quer matar por mi. Auto da Barca do Inferno , Gil Vicente, in Teatro de Gil Vicente,
edição de Ant. José Saraiva, Portugália, s/d
10. Redige um texto expositivo com um mínimo de 70 e um máximo de 120 palavras, no qual apresentes linhas fundamentais de leitura do excerto da peça Auto da Barca do Inferno. O teu texto deve incluir uma parte introdutória, uma parte de desenvolvimento e uma parte de conclusão. Organiza a informação do modo que considerares adequado, abordando os tópicos seguintes: a) identificação das personagens e do espaço onde se encontram; b) explicitação da função de cada uma das personagens; c) referência a momentos anteriores da mesma cena que permitam entender a reflexão que o Fidalgo faz sobre o seu percurso de vida; d) explicitação da resposta irónica do Diabo; e) referência à intenção do Fidalgo em tornar à vida terrena e resposta do Diabo; f) apresentação da função crítica desta cena na globalidade da peça.
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GRUPO II 1. Refere a função sintática desempenhada pela expressão sublinhada. Já não existe a palmeira dos Correios. 2. Indica a alínea em que a palavra “se” é um pronome. a) Se fechar os olhos e encostar a orelha ao seu tronco, hei de ouvir a voz da minha mãe. b) As pessoas estavam envoltas no cheiro de cabedal e miséria que se mantém como o único odor de santidade que conheço.. 10 3. Lê a frase seguinte.
“Um miúdo ruço […] passará por mim sem me ver e sumir-se-á lá em cima no quarto.” (Texto Parte A, linhas 30-32)
a) Classifica as formas verbais sublinhadas (pessoa, número, tempo e modo). b) Reescreve a frase no condicional simples. 4. Indica os processos fonológicos presentes nos exemplos seguintes. a) male – mal b) ante – antes c) liliu – lírio 5. A frase seguinte apresenta erros na utilização da vírgula. Ao final da tarde, a mãe do narrador, tinha por hábito gritar, o nome dele. Reescreve a frase, pontuando-a corretamente.
GRUPO III O sonho é um elemento determinante nas nossas vidas. Todas as pessoas têm projetos que desejam concretizar e tu, certamente, tens também as tuas expectativas face à vida, sonhos que desejas realizar. Num texto correto e bem estruturado com um mínimo de 180 e um máximo de 240 palavras, apresenta a tua opinião sobre a importância do sonho na vida de cada um de nós, fundamentando a tua posição em dois argumentos. Deves respeitar a estrutura do texto argumentativo.