UNIVERSIDADE PAULISTA IGOR VILA VERDE JOSÉ LÁU NETO JÚLIO CÉSAR A. ALVES SIRQUEIRA JUSCELINO OLIVEIRA LIMA
PONTES COM SEÇÃO CELULAR TIPO CAIXÃO
BRASÍLIA 2011
IGOR VILA VERDE – R.A.: 574744-9 JOSÉ LÁU NETO – R.A.: 574693-0 JÚLIO CÉSAR A. ALVES SIRQUEIRA – R.A.: 321202-5 JUSCELINO OLIVEIRA LIMA – R.A.: 574465-2
PONTES COM SEÇÃO CELULAR TIPO CAIXÃO
Trabalho de conclusão de curso para obtenção do titulo de graduação em Engenharia Civil apresentado à Universidade Paulista – UNIP. Orientador: MSc. Marcus Alexandre Noronha de Brito
BRASÍLIA 2011 ii
IGOR VILA VERDE JOSÉ LÁU NETO JÚLIO CÉSAR A. ALVES SIRQUEIRA JUSCELINO OLIVEIRA LIMA
PONTES COM SEÇÃO CELULAR TIPO CAIXÃO
Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de graduação em Engenharia Civil apresentado à Universidade Paulista – UNIP.
Aprovado por: BANCA EXAMINADORA
________________________ ____________________________________ ________________________ __________________ ______ Prof.MSc.Engº Civil Marcus Alexandre Noronha de Brito Orientador – UNIP
Brasília, 18 de Outubro 2011 iii
"A sabedoria é a meta da alma humana; mas a pessoa, à medida que em seus conhecimentos avança, vê o horizonte do desconhecido cada vez mais longe". (Heráclito) iv
RESUMO
Tem observado que os projetos de pontes cada vez mais se tornam complexos, ousados e grandiosos desafiando o campo da engenharia. A utilização de seção celular tipo caixão é muito utilizada para esse tipo de obra, pois ela tem grandes características estruturais que auxiliam na construção. Com o crescimento de pontes curvas, a utilização de células caixão vêem sendo muito utilizadas por ela ter grande resistência a torção.
Palavras-chave: Pontes com Seção Celular, Seção Transversal, Tipo Caixão.
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ABSTRACT
It noted that bridge projects become increasingly complex, bold and grand challenging field of engineering. The use of cell boxed section is very used to this kind of work because it has major structural features that aid in the construction. With the growth curves of bridges, the use of cells see the coffin being used because she had very high resistance to twisting.
Keywords: Mobile Bridges Section, Cross Section, Type Coffin.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Seção transversal em viga caixão ............................................................ 16 Figura 2 – Ponte sobre o Rio do Peixe, entre Herval d'Oeste e Joaçaba/SC,1930 ... 19 Figura 3 – Início da construção de uma ponte por balanços sucessivos .................. 20 Figura 4 – Aduelas moldadas ―in loco‖ - ponte sobre o rio Tietê em Alphaville, SP .. 21 Figura 5 – Balanços executados em aduelas pré-moldadas ..................................... 21 Figura 6 – Construção de ponte pelo método dos balanços sucessivos ................... 22 Figura 7 – Construção da ponte Tancredo Neves ..................................................... 22 Figura 8 - Ponte de Felsenau (Suíça) ....................................................................... 23 Figura 9 - Ponte de Musle (Praga) ............................................................................ 23 Figura 10 - Ponte do Rodoanel (São Paulo) ............................................................. 24 Figura 11- Utilização de cola a base de resina epóxi ................................................ 28 Figura 12 – Aduelas tipo caixão moldadas no local .................................................. 29 Figura 13 – Içamento de uma adula pré-moldada tipo caixão................................... 30 Figura 14 - Ponte com seção celular tipo caixão no sistema por segmentos empurrados sucessivamente..................................................................................... 31 Figura 15 – Escoramento metálico apoiando as aduelas pré-moldadas de seção celular tipo caixão ...................................................................................................... 32 Figura 16 – Ponte Rio – Niteroi – Rio de Janeiro ...................................................... 33 Figura 17 – Disposição dos cabos na Laje superior .................................................. 34 Figura 18 – Cabos de protenção locados nas almas ................................................ 35 Figura 19 – Posição dos cabos superiores ............................................................... 35 Figura 20 – Seção celular tipo caixão com duas vigas.............................................. 36 Figura 21 – Seção celular tipo caixão com três vigas ............................................... 36 vii
Figura 22- Seção celular tipo caixão com quatro vigas ............................................. 37 Figura 23 - Seção celular tipo caixão não mais utilizada ........................................... 37 Figura 24 - Seção celular tipo caixão em pontes de madeira .................................... 37 Figura 25 - Seção celular tipo caixão em aço............................................................ 38 Figura 26 - Valores de altura da viga sobre o pilar em função do vão de pontes de . 40 Figura 27 - Valores de relação entre alturas da viga sobre o pilar e no meio do vão em função do vão de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido ............... 41 Figura 28 - Valores de alturas da viga em função do vão de pontes de .................... 42 Figura 29 - Comparação entre valores de alturas da viga em função do vão de pontes com altura variável e viadutos urbanos com altura constante de tabuleiro celular em concreto protendido. ................................................................................ 43 Figura 30 – Ponte com altura variável ....................................................................... 43 Figura 31 – Ponte com altura constante .................................................................... 43 Figura 32 – Valores de altura da laje em balanço em função do comprimento do .... 44 Figura 33 – Esboço da seção transversal de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com detalhes da altura e do comprimento da laje em balanço ................ 44 Figura 34 – Dados sobre relação entre área da laje inferior de compressão sobre o pilar e a largura do tabuleiro em função do vão de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido ................................................................................................... 45 Figura 35 – Esboço da seção transversal de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com detalhes da área da laje inferior e da largura do tabuleiro. .............. 46 Figura 36 – Valores de relação entre área total das almas sobre o pilar e a largura do tabuleiro de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido .............................. 47 Figura 37 – Esboço da seção transversal de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com detalhes da área total das almas e da largura do tabuleiro ............. 47 viii
Figura 38 – Estrutura celular tipo caixão contínua em aço ........................................ 48 Figura 39 – Montagem de módulo para lançamento ................................................. 49 Figura 40 – Vista de módulo em movimentação ....................................................... 50 Figura 41 – Transportes das aduelas por flutuantes ................................................. 51 Figura 42 – Içamento de aduelas no vão central....................................................... 51 Figura 43 – Montagem do vão estaiado .................................................................... 52 Figura 44 – Transporte das estruturas metálicas ...................................................... 53 Figura 45 – II Ponte sobre o Rio Orinoco, Venezuela ............................................... 53
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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 16 1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................... 16 1.2. OBJETIVOS ..................................................................................................... 17 1.3. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .................................................................... 18 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 19 2.1. HISTORIA DO MÉTODO DOS BALANÇOS SUCESSIVOS COM UTILIZAÇÃO DA SEÇÃO CELULAR TIPO CAIXÃO ...................................................................... 19 2.2. TENDÊNCIAS DE CONSTRUÇÃO DE PONTES CELULAR TIPO CAIXÃO ... 23 2.3. CONSIDERAÇÕES GERAIS ........................................................................... 25 2.3.1. VANTAGENS ESTRUTURAIS ................................................................................. 25 2.3.2. VANTAGENS ECONÔMICAS .................................................................................. 26 2.3.3. VANTAGENS ESTÉTICAS ...................................................................................... 26 3. DESENVOLVIMENTO .......................................................................................... 27 3.1. MÉTODOS CONSTRUTIVOS .......................................................................... 27 3.1.1. SISTEMA EM BALANÇOS SUCESSIVOS .................................................................. 27 3.1.2. SISTEMA POR LANÇAMENTOS PROGRESSIVOS ...................................................... 30 3.1.3. SISTEMA POR APOIO EM ESTRUTURAS METÁLICAS ................................................. 32 3.2. VIGAS CAIXÃO EM PONTES CURVAS .......................................................... 32 3.3. PROTENÇÃO EM PONTES COM SEÇÃO CELULAR TIPO CAIXÃO ............ 33 3.3.1. PROTENÇÃO TRANSVERSAL ................................................................................ 34 3.3.2. PROTENÇÃO LONGITUDINAL ................................................................................ 34 3.4. SEÇÃO TRANSVERSAL ................................................................................. 36 3.5. PRÉ-DIMENSIONAMENTO ............................................................................. 39 3.5.1. ALTURA DA VIGA SOBRE O PILAR .......................................................................... 39 3.5.2. RELAÇÃO ENTRE ALTURAS DE VIGA SOBRE O PILAR E NO MEIO DO VÃO .................... 41 3.5.3. ALTURA DA VIGA ................................................................................................. 41 x
3.5.4. ALTURA DA VIGA SOBRE O PILAR COM ALTURA VARIÁVEL E ALTURA CONSTANTE ....... 42 3.5.5. ALTURA DA LAJE EM BALANÇO ............................................................................. 44 3.5.6. RELAÇÃO ENTRE ÁREA DA LAJE INFERIOR DE COMPRESSÃO SOBRE O PILAR E A LARGURA DO TABULEIRO............................................................................................... 45 3.5.7. VALORES DE RELAÇÃO ENTRE ÁREA DA LAJE INFERIOR DE COMPRESSÃO SOBRE O PILAR E A LARGURA DO TABULEIRO CELULAR EM CONCRETO PROTENDIDO. ........................ 46 3.5.8. VALORES DE RELAÇÃO ENTRE ÁREA DA LAJE INFERIOR DE COMPRESSÃO SOBRE O PILAR E A LARGURA DO TABULEIRO CELULAR EM CONCRETO PROTENDIDO......................... 46 4. ESTUDO DE CASO .............................................................................................. 48 5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 55
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1. INTRODUÇÃO 1.1.
Considerações iniciais
As vigas caixão como o próprio nome indica, são vigas formadas por duas ou mais almas e por uma mesa inferior única e uma ou mais mesa superior, formando na sua configuração um caixão. Existem vários modelos, como os apresentados na Figura 01. As seções transversais em caixão são altamente eficientes para estruturas em curva, devido a sua grande resistência a torção, e nas pontes com grandes vãos para evitar problemas de instabilidade aerodinâmica. Além dos elementos longitudinais, uma viga caixão tem também um sistema de diafragmas transversais ou transversinas.
Figura 1 – Seção transversal em viga caixão Fonte:Manual de construção em aço – Pontes e viadutos em vigas mistas/Fernando Ottoboni Pinho, Ildony Hélio Bellei – Rio de Janeiro: IBS/CBCA,2007.
16
1.2.
Objetivos
O presente trabalho tem por objetivo apresentar um dos métodos mais utilizados e mais eficaz na construção de pontes. Apresentar os principais métodos executivos e as estruturas que apresentam seção celular tipo caixão. Mostrar como é feito o pré-dimensionamento das seções transversais e os vãos das pontes.
17
1.3.
Organização do trabalho
Este trabalho é composto por cinco capítulos. Tais capítulos descrevem o uso de seção celular tipo caixão nas construções de ponte, tipos de pontes que utilizam essa estrutura, o pré-dimensionamento de seções transversais tipo caixão e a utilização dessas sessões em um estudo de caso da ponte Segunda Ponte sobre o Rio Orinoco na região nordeste da Venezuela, próxima à cidade de Puerto Ordaz. No primeiro capítulo, como apresentado, é feita uma explicação das características geométricas e uma das principais utilização das células tipo caixão. O segundo capítulo apresenta uma breve história dos métodos de construção em balanços sucessivos, as vantagens que o sistema traz e as tendências de construção. O terceiro capítulo apresenta os principais métodos de construção de seções celulares tipo caixão, a utilização em postes curvas, a protenção das aduelas e o pré-dimensionamento. O quarto capítulo apresenta um estudo de caso de uma ponte construída em balanços sucessivos com as aduelas de aço e a mesa superior em concreto. O quinto capítulo apresenta a conclusão que o estudo deste trabalho mostrou para conhecimento e desenvolvimento do sistema de pontes construídas com seção celular tipo caixão .
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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1.
Historia do método dos balanços sucessivos com utilização da seção celular tipo caixão
O método dos balanços sucessivos (free cantilevering) foi desenvolvido por Emilio Baumgart para a construção, em concreto armado, do tramo central da ponte Herval, mostrado na Figura 2, sobre o rio do Peixe, Santa Catarina, em 1930.
Figura 2 – Ponte sobre o Rio do Peixe, entre Herval d'Oeste e Joaçaba/SC,1930 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ponte_erval.png. Acessado em 07/10/2009.
Por se tratar de um rio com mudanças rápidas de nível, a ponte não podia ser construída pelo método tradicional de cimbramento, pois este seria certamente levado pela correnteza. Para resolver o problema, Baumgart idealizou o método dos balanços sucessivos, o qual não requer escoramentos. As armaduras alojadas no tabuleiro eram presas por luvas, à medida que a concretagem avançava. Este tipo de obra em concreto armado não teve grande desenvolvimento em razão do número elevado de armadura necessária para assegurar a resistência dos consolos e controle de fissuração no tabuleiro (RICARDO GASPAR, 2003).
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Com o surgimento da protensão, particularmente bem adaptada à construção das pontes em balanços sucessivos, este procedimento teve grande desenvolvimento. Atualmente, a maior parte das grandes pontes de concreto protendido são construídas pelo método dos balanços sucessivos. Além da evidente economia pela supressão do cimbramento nos vãos, acrescenta-se ainda a vantagem de que as circulações das vias inferiores não precisam ser interrompidas ou restringidas (RICARDO GASPAR, 2003). Esse método consiste na construção da ponte, simetricamente, em consolos sucessivos — também chamados aduelas —, a partir de um trecho inicial (RICARDO GASPAR, 2003). O trecho inicial é construído sobre pilares para possibilitar a instalação de uma treliça móvel de lançamento. Esse trecho pode ser engastado no pilar ou simplesmente apoiado, caso em que é necessária a montagem de suportes temporários. Em seguida, são construídas as aduelas, simetricamente, a partir desse trecho inicial, cujas fôrmas são sustentadas por uma treliça móvel de lançamento. A Figura 3 ilustra a seqüência exposta.
Figura 3 – Início da construção de uma ponte por balanços sucessivos Fonte: Dimensionamento de almas de pontes celulares / Ricardo Gaspar. -- São Paulo, 2003.
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As aduelas são células, em geral de altura variável, que podem ser moldadas in loco (Figura 4) ou pré-moldadas (Figura 5). Cada aduela é ligada à anterior, já executada, por meio de cabos de protensão. A utilização de aduelas pré-fabricadas de concreto se justifica quando se tem grande extensão como, por exemplo, a ponte Rio – Niterói.
Figura 4 – Aduelas moldadas ―in loco‖ - ponte sobre o rio Tietê em Alphaville, SP Fonte: Dimensionamento de almas de pontes celulares / Ricardo Gaspar. -- São Paulo, 2003
Figura 5 – Balanços executados em aduelas pré-moldadas Fonte: Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz 21
Inicialmente, a estrutura funciona como uma viga em balanço. Em seguida, quando os dois balanços provenientes de pilares adjacentes se juntam, obtém-se a continuidade da viga (Figura 6).
Figura 6 – Construção de ponte pelo método dos balanços sucessivos Fonte: : Dimensionamento de almas de pontes celulares / Ricardo Gaspar. -- São Paulo, 2003.
No Brasil, o maior vão construído em balanços sucessivos foi o da Ponte Tancredo Neves sobre o rio Iguaçu, em 1985, cujo comprimento total é de 480 m e o vão central, de 220 m (Figura 7).
Figura 7 – Construção da ponte Tancredo Neves Fonte: Dimensionamento de almas de pontes celulares / Ricardo Gaspar. -- São Paulo, 2003.
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2.2.
Tendências de construção de pontes celular tipo caixão
A grande utilização de construção de pontes com seção celular tipo caixão requer do meio técnico procura de soluções, não só mais econômicas e estéticas, como também mais seguras. A tendência moderna é de se construir pontes celular tipo caixão com tabuleiros cada vez mais largos, como a ponte de Felsenau (Suíça) mostrada na Figura 8, com vão de 144 m e largura de 26,2 m e a ponte do vale de Musle (Praga) na Figura 9, com vão de 116 m e largura de 26,7 m, entre outras.
Figura 8 - Ponte de Felsenau (Suíça) Fonte: Dimensionamento de almas de pontes celulares / Ricardo Gaspar. -- São Paulo, 2003.
Figura 9 - Ponte de Musle (Praga) Fonte: Dimensionamento de almas de pontes celulares / Ricardo Gaspar. -- São Paulo, 2003.
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Entre as obras brasileiras recentes, citam-se duas pontes construídas para o Rodoanel em São Paulo uma, com vão de 120 m e largura de 16,10 m e outra com vão de 145 m e largura de 19,30 m (Figura 10).
Figura 10 - Ponte do Rodoanel (São Paulo) Fonte: Dimensionamento de almas de pontes celulares / Ricardo Gaspar. -- São Paulo, 2003
Ao mesmo tempo, por razões construtivas, as transversinas vêm sendo eliminadas, especialmente quando se utiliza o método construtivo dos balanços sucessivos ou o dos lançamentos progressivos. Nessas condições, devido ao engastamento elástico das lajes, as almas dessas vigas ficam solicitadas a grandes momentos fletores transversais, que agem concomitantemente com esforços de cisalhamento, os quais devem ser 24
cuidadosamente analisados. Portanto, para o dimensionamento destas almas, devese levar em consideração a ação conjunta da força cortante e da flexão transversal. As pontes celulares apresentam grande diversidade de soluções, como também dificuldades de cálculo não habituais. Nas antigas vigas multicelulares, a tendência era desprezar a flexão transversal no dimensionamento das almas, por analogia com o cálculo de grelhas. Também, devido ao grande número de transversinas construídas ao longo dos vãos, as seções celulares podiam ser consideradas indeformáveis. No caso das vigas unicelulares com seções transversais de grandes dimensões, não se pode desprezar a flexão transversal nas almas, nem considerálas indeformáveis. Surge assim, a necessidade de se procurar alternativas mais realistas e seguras para o cálculo destas estruturas. Os critérios atuais de dimensionamento das almas das pontes celulares apontam, de um lado, para a necessidade de um aperfeiçoamento e de outro, para a importância desse problema nas pontes celulares. Ao mesmo tempo, estes critérios têm especial dificuldade em tratar o problema de almas muito solicitadas ao cisalhamento, bem como o problema da fadiga. 2.3.
Considerações Gerais
No domínio das grandes obras civis em concreto protendido encontram-se as vigas celulares (ou vigas – caixão), utilizadas principalmente em pontes e viadutos. Entre as grandes vantagens que proporcionam convém salientar: 2.3.1. Vantagens Estruturais As vigas celulares apresentam uma eficiente distribuição transversal de cargas excêntricas, grande rigidez e, principalmente, alta resistência à torção, tornando-as especialmente indicadas para as obras curvas (RICARDO GASPAR, 2003). A presença de mesas de compressão tanto superiores como inferiores conferem à seção celular grande rigidez e resistência a momentos fletores positivos e negativos (RICARDO GASPAR, 2003). 25
2.3.2. Vantagens Econômicas A diminuição do número de almas redunda em menor consumo de concreto com a conseqüente economia de aço, reduz a quantidade de fôrmas e cimbramento, além de facilitar as operações de protensão e manutenção. Nas soluções protendidas, a própria eficiência da seção celular reduz a protensão necessária. 2.3.3. Vantagens Estéticas Grandes balanços, almas inclinadas e pilares mais esbeltos no lugar de pórticos transversais, conferem sensação de leveza a estas pontes (RICARDO GASPAR, 2003). Se as pontes celulares forem construídas, por exemplo, pelo método dos balanços sucessivos, acrescentam-se ainda vantagens como, tirar melhor proveito dos efeitos da protensão, permitir a pré-fabricação das aduelas — as quais já possuirão tempo de cura suficiente para suportar parte dos esforços de protensão ao serem enviadas à obra —, economia sensível do tempo de construção devido à supressão cimbramento, não interrompendo as circulações das vias inferiores. Essas mesmas vantagens aparecem também se a obra for executada por lançamentos progressivos.
26
3. 3.1.
DESENVOLVIMENTO Métodos Construtivos
Muitas vezes a solução do projeto de uma ponte está condicionada ao método construtivo utilizado para a execução da obra. O método construtivo adotado será influenciado por diversos fatores técnicos e econômicos tais como: •
Comprimento da obra;
•
Altura do escoramento;
•
Regime, profundidade e velocidade do rio, no caso das pontes;
Capacidade portante do terreno de fundação, que influencia o custo da infraestrutura; •
•
Disponibilidade de equipamentos da construtora;
•
Cronograma de execução da obra, que define o prazo;
•
Custo, sem perder o foco principal de execução da obra com qualidade.
Em função das premissas abordadas e em conjunto com o cliente, cujo gerenciamento tem por base o trinômio fundamental Prazo, Custo e Qualidade, é definido o projeto e escolhido o método construtivo mais adequado. Serão apresentados os principais métodos construtivos de pontes assim como as diversas formas de montagens e equipamentos utilizados.
3.1.1. Sistema em Balanços Sucessivos O processo consiste na construção da obra em segmentos, denominados aduelas, que podem ser pré-moldadas ou moldadas no local, constituindo balanços que avançam sobre o obstáculo a ser vencido. Segundo ROSENBLUM, (2009), as aduelas pré-moldadas são fabricadas no canteiro e transportadas verticalmente por meio de treliças metálicas até a extremidade do balanço, onde são protendidas longitudinalmente. Entre as aduelas pode-se usar ou não cola à base de resina epóxi, que serve para lubrificar a superfície, diminuir os efeitos das imperfeições das juntas entre as aduelas, impermeabilizar a junta e contribuir para a transmissão das tensões cisalhantes. Na 27
parte superior do caixão e executado um aparelho de ancoragem dos cabos para montagem e fixação das aduelas. Há também dentes de encaixe entre as aduelas, onde os dentes aumentam a área de atrito entre as peças e a transmissão de forças cortantes como mostra a Figura 11.
Figura 11- Utilização de cola a base de resina epóxi Fonte: Exemplos de Pontes Brasileiras Recentes / Fernando Stucchi – Aracaju 2007
Quando as aduelas são moldadas no local, a concretagem é executada com o auxílio de fôrmas deslizantes escoradas nos trechos já construídos ilustrado na Figura 12 e, na idade apropriada, as aduelas são protendidas. Mesmo no sistema de aduelas pré-moldadas, o primeiro trecho do balanço, denominado arranque ou aduela de partida, é moldado no local e o escoramento de sua fôrma é feito sobre o apoio. O vão é construído em balanços sucessivos, partindo-se de cada apoio do vão até a metade do vão, onde é feito o fechamento central evitando articulações que seriam locais de possíveis patologias futuras. A execução deve ser muito bem 28
controlada, principalmente com relação às deformações, para que os trechos cheguem ao centro do vão simultaneamente e coincidentemente. Normalmente, a concretagem do trecho central é realizada nos períodos com menor variação de temperatura, para que os efeitos térmicos não provoquem esforços no trecho até o endurecimento do concreto. Após a concretagem do fechamento central surge um esforço denominado momento de restituição ou hiperestático da deformação lenta. Este esforço ocorre em função da alteração do sistema estrutural que impede a deformação diferida do concreto que prosseguiria até sua estabilização final. Com a continuidade do trecho central, o aumento da rotação diferida na seção fica impedido surgindo assim o esforço hiperestático. Este esforço é nulo no instante da ligação, crescendo progressivamente até um limite em função do fenômeno da relaxação (ROSENBLUM, 2009).
Figura 12 – Aduelas tipo caixão moldadas no local Fonte: Exemplos de Pontes Brasileiras Recentes / Fernando Stucchi – Aracaju 2007 29
O sistema construtivo em aduelas pré-moldadas é recomendado quando ocorrem os seguintes fatores: dificuldades de escoramento direto (rios profundos, greides elevados); necessidade de grandes vãos, por imposição de gabaritos ou para evitar fundações muito dispendiosas (vãos entre 60 e 240m); execução de viadutos sem a interdição do trânsito em zona urbana. O comprimento das aduelas deve ser constante para facilitar a fôrma, sendo determinado em função da capacidade portante da treliça de escoramento. A Figura 13 ilustra o içamento de uma aduela pré-moldada tipo caixão, executado por meio de guindaste.
Figura 13 – Içamento de uma adula pré-moldada tipo caixão Fonte: Exemplos de Pontes Brasileiras Recentes / Fernando Stucchi – Aracaju 2007
3.1.2. Sistema por Lançamentos Progressivos Este método foi desenvolvido em 1961 pelos engenheiros Leonhardt e Andrae, sendo utilizado pela primeira vez na construção da ponte sobre o rio Caroni, na Venezuela, executada entre 1962 e 1964 (ROSENBLUM, 2009). 30
Neste método, a superestrutura é fabricada nas margens e empurrada para sua posição ao longo dos vãos, sucessivamente, funcionando em balanço à medida que vai avançando, até encontrar o próximo apoio. A Figura 14 ilustra o processo de construção de uma ponte com seção celular tipo caixão no sistema por segmentos empurrados sucessivamente (deslocamentos progressivos).
Figura 14 - Ponte com seção celular tipo caixão no sistema por segmentos empurrados sucessivamente Fonte: Dimensionamento de almas de pontes celulares / Ricardo Gaspar. -- São Paulo, 2003
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3.1.3. Sistema por apoio em estruturas metálicas Este processo só e possível quando não há interferências já citadas anteriormente, nos apoios das torres para montagem do escoramento em estrutura metálica. A Figura 15 mostra o apoio das células tipo caixão sobre o escoramentos metálicos.
Figura 15 – Escoramento metálico apoiando as aduelas pré-moldadas de seção celular tipo caixão Fonte: Apostila Universidade Presbiteriana Mackenzie – PONTES / Prof. Aiello Giuseppe
3.2.
Vigas caixão em pontes curvas
As vigas celulares tipo caixão apresentam uma eficiente distribuição transversal de cargas excêntricas, grande rigidez e, principalmente, alta resistência a torção, o que as tornam especialmente indicadas para as obras curvas. Além disso, possuem grande resistência a momentos fletores positivos e negativos, em consequência da existência de mesas de compressão superior e inferior. As vigas de seção celular são em geral protendidas, o que permite, entre outras vantagens, alcançar grandes vãos, ganhos de resistência e um melhor controle da fissuração. Particularmente no caso das pontes curvas, (peças mais 32
solicitadas que as retas, principalmente à torção),como mostra a Figura 16, a protensão apresenta como vantagem principal o ganho de rigidez à flexão e torção da peça, devido à inibição da fissuração. Seria difícil imaginar nos dias atuais a inexistência das pontes curvas. Seja nas auto estradas, ou como alças de acesso, ou ainda, em vias urbanas, elas estão por toda a parte. Dentro desse contexto, as vigas de seção celular (ou vigas-caixão) aparecem como principal alternativa na busca de soluções que atendam os requisitos estruturais, de segurança, de conforto e estéticos.
Figura 16 – Ponte Rio – Niteroi – Rio de Janeiro Fonte: http://www.motonline.com.br/ponte-rio-niteroi-tem-revitalizacao-da-sinalizacao-horizontal/. Acesso em 09/10/2011
3.3.
Protenção em pontes com seção celular tipo caixão
Nas vigas em seção celular, as almas normalmente são protendidas longitudinalmente para vãos maiores que 20 m e as mesas o são transversalmente para larguras maiores que 15 m. Dessa forma elas se tornam mais esbeltas e leves. Podemos dizer que com a protensão diminui-se as deformações, controla – se melhor as fissuras e a variação das tensões no aço sob ação de cargas de tráfego variáveis, pois a resistência à tração do concreto muitas vezes não é excedida. Além disso, tensões muito altas de tração são resistidas de forma mais eficiente através de cabos protendidos. 33
Muitas vezes o fator dimensionante da espessura das peças, ao invés dos esforços solicitantes, é a área necessária para o alojamento das bainhas e das ancoragens dos cabos de protensão.
3.3.1. Protenção Transversal Para seções com balanços acima de 3 m e larguras maiores que 15 m é usual protender-se o tabuleiro transversalmente , dessa forma elas se tornam mais esbeltas e leves. Utiliza-se a protensão limitada, permitindo-se o desenvolvimento de tensões de tração em fase de utilização. Normalmente, são utilizados cabos de pequena capacidade, entre 10 tf (100 kN) e 40 tf (400 kN). A geometria dos cabos é mostrada na Figura 17.
Figura 17 – Disposição dos cabos na Laje superior Fonte: LUCHI, Lorenzo Augusto Ruschi. Protensão em Pontes Celulares Curvas. Dissertação (Mestrado), São Paulo, 2001.
3.3.2. Protenção Longitudinal A geometria e a disposição dos cabos longitudinais estão intimamente ligadas ao processo executivo da obra. Para as obras moldadas ―in loco‖ a tendência moderna é de se utilizar cabos de grande capacidade, 120 tf, 190 tf ou 270 tf (respectivamente 1200, 1900 e 2700 kN), para reduzir o número de cabos e facilitar o seu alojamento. O desenvolvimento do cabo apenas dentro da alma (figura 18) é, executivamente, a melhor solução, pela inexistência de interferência com a 34
armadura passiva. Além disso, com essa disposição, conseguem-se menores perdas por atrito, devido à pequena movimentação no plano horizontal.
Figura 18 – Cabos de protenção locados nas almas Fonte: LUCHI, Lorenzo Augusto Ruschi. Protensão em Pontes Celulares Curvas. Dissertação (Mestrado), São Paulo, 2001.
Em obras executadas por balanços sucessivos os cabos de protensão são distribuídos na laje superior ou dentro da alma e devem ser necessariamente numerosos, para possibilitar que, em cada aduela executada, se protenda no mínimo um cabo por alma, para solidarizar a aduela ao consolo. Este processo é mostrado na figura 19.
Figura 19 – Posição dos cabos superiores Fonte: Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz
35
3.4.
Seção Transversal
Existem alguns tipos de seção transversal de células tipo caixão, umas mais usadas outras nem tanto, e algumas que já se usaram mais que nos dias de hoje não se utilizam mais. As seções com duas vigas ilustrada na Figura 20, são muito usadas nos dias atuais. Na Figura 21 é mostrado as seções com 3 vigas que são de difícil execução e pouco usadas nas pontes.Em pontes, com grande largura, são usadas seções transversais com 4 vigas agrupadas de vários modos (Figura 22). A Figura 23 mostra outros tipos de seção transversal que já foram usadas, hoje em dia, não são mais usadas.
Figura 20 – Seção celular tipo caixão com duas vigas Fonte: Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz
Figura 211 – Seção celular tipo caixão com três vigas Fonte: Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz
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Figura 22- Seção celular tipo caixão com quatro vigas Fonte: Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz
Figura 23 - Seção celular tipo caixão não mais utilizada Fonte: Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz
Apesar de até agora só termos vistos exemplos de pontes com seção celular tipo caixão em estrutura de concreto, podem existir também pontes em estruturas de madeira e aço com esse método construtivo. As pontes em madeira podem ter as almas maciças, laminada colada, madeira compensada, viga treliçada e as mesas são protendidas.(Figura 24).
Figura 24 - Seção celular tipo caixão em pontes de madeira fonte: Pontes protendidas de madeira / Fernando Sérgio Okimoto & Carlito Calil Junior 2001 37
A Figura 25 ilustra um exemplo de ponte de aço e concreto (ponte mista) com seção celular tipo caixão construída no sistema em balanços sucessivos.
Figura 25 - Seção celular tipo caixão em aço fonte: Certificado do IV prêmio talento engenharia estrutural, 2005.
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3.5.
Pré-Dimensionamento
Vários são os dados a serem coletados para a elaboração do projeto de uma ponte. Dentre eles, destacam-se os elementos geométricos relativos à seção transversal do tabuleiro e ao vão da ponte. Este item apresenta um levantamento de parâmetros geométricos sobre a seção transversal e o vão de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido. Os parâmetros geométricos da seção transversal das pontes de tabuleiro celular tipo caixão são: - Altura, largura e área da laje inferior; - Altura, largura e área das vigas do tabuleiro; - Altura da viga no meio do vão; - Altura da viga sobre o pilar da ponte, e; - Altura e comprimento da laje em balanço. A análise e a comparação entre esses parâmetros resultaram em relações que servem para ser usadas na estimativa das dimensões para o projeto e o dimensionamento de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido. Todos os cálculos são realizados com base em relações obtidas em coleta de dados em obras executadas em vários países. O pré-dimensionamento que será feito a seguir, seguem todas as referências da apostila Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular do professor Eduardo C. S. Thomaz.
3.5.1. Altura da viga sobre o pilar A Figura 26 mostra dados coletados que correlacionam a altura da viga sobre o pilar com o vão de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com vigas de altura variável. Verifica-se que a maioria destes dados enquadra-se em pontes 39
com vão entre 60 m e 120 m, cujos valores de altura da viga sobre o pilar situam-se na faixa de 3 m a 7 m.
Figura 26 - Valores de altura da viga sobre o pilar em função do vão de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido
A altura mínima da viga sobre o pilar h pilar é dado pela equação:
pilar c fc
Onde: L é o vão da ponte em metros; Yc é o peso específico do concreto em tf/m³ (2,5 tf/m³) Fck é a resistência característica do concreto à compressão em ft/m².
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3.5.2. Relação entre alturas de viga sobre o pilar e no meio do vão A Figura 27 reúne dados coletados sobre a variação dos valores da relação entre alturas da viga sobre o pilar e no meio do vão em função do vão de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com vigas de altura variável. Pode-se observar que, para vãos de 50 m a 140 m, a maioria das pontes construídas tem valores desta relação entre 2,0 e 3,0.
Figura 27 - Valores de relação entre alturas da viga sobre o pilar e no meio do vão em função do vão de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido
3.5.3. Altura da viga Dados sobre altura da viga em função do vão de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com altura constante podem ser vistos na Figura 28. Nota-
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se desta figura que grande parte destes dados apresenta, na faixa de vãos de 30 m a 70 m, valores da altura do tabuleiro entre 1 m e 3 m.
Figura 28 - Valores de alturas da viga em função do vão de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com altura constante
3.5.4. Altura da viga sobre o pilar com altura variável e altura constante Com base nos dados coletados, como podem ser vistos na Figura 29, sobre altura da viga sobre o pilar (Figura 30) de pontes de tabuleiro celular com altura variável hpilar e altura da viga de pontes de tabuleiro celular com altura constante h (Figura 31) em função do vão L, propõem-se as equações:
(3.2)
(3.3)
pilar
pilar
42
Figura 29 - Comparação entre valores de alturas da viga em função do vão de pontes com altura variável e viadutos urbanos com altura constante de tabuleiro celular em concreto protendido.
Figura 30 – Ponte com altura variável
Figura 31 – Ponte com altura constante 43
3.5.5. Altura da laje em balanço A Figura 32 apresenta valores da altura da laje em balanço em função do comprimento do balanço da laje de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido. Pode-se verificar que a maioria dos dados coletados sobre a altura da laje em balanço encontra-se variando de 0,35 m (valor mínimo) a 0,60 m, para uma faixa de comprimento do balanço da laje entre 1,5 m e 4,5 m. Na Figura 33, pode ser visto o esboço da seção transversal de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com detalhes da altura e do comprimento da laje em balanço.
Figura 32 – Valores de altura da laje em balanço em função do comprimento do balanço da laje de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido
Figura 33 – Esboço da seção transversal de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com detalhes da altura e do comprimento da laje em balanço 44
3.5.6. Relação entre área da laje inferior de compressão sobre o pilar e a largura do tabuleiro Dados sobre relação entre área da laje inferior de compressão sobre o pilar e a largura do tabuleiro em função do vão de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido podem vistos na Figura 32. Nota-se desta figura que grande parte destes dados apresenta, na faixa de vãos de 60 m a 140 m, valores desta relação entre 0,2 m2/m e 0,5 m2/m. Esboço da seção transversal de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com detalhes da área da laje inferior e da largura do tabuleiro encontrase ilustrado na Figura 34.
Figura 34 – Dados sobre relação entre área da laje inferior de compressão sobre o pilar e a largura do tabuleiro em função do vão de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido
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3.5.7. Valores de relação entre área da laje inferior de compressão sobre o pilar e a largura do tabuleiro celular em concreto protendido. A área da laje inferior de compressão sobre o pilar é dada pela equação:
binf ≈ 0,4B a 0,65B
(3.4)
Figura 35 – Esboço da seção transversal de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com detalhes da área da laje inferior e da largura do tabuleiro.
3.5.8. Valores de relação entre área da laje inferior de compressão sobre o pilar e a largura do tabuleiro celular em concreto protendido Encontram-se na Figura 36 dados sobre a relação entre a área total das almas sobre o pilar e a largura do tabuleiro em função do vão de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido. Nota-se nesta figura que grande parte destes dados apresenta, para vãos variando de 40 m a 120 m, valores entre 0,1 m2/m e 0,4 m2/m. Na Figura 37 pode ser visualizado esboço da seção transversal de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com detalhes da área total das almas e da largura do tabuleiro. 46
Figura 36 – Valores de relação entre área total das almas sobre o pilar e a largura do tabuleiro de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido
Figura 37 – Esboço da seção transversal de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com detalhes da área total das almas e da largura do tabuleiro
Essas dimensões estimadas servem apenas para um estudo inicial da obra, inclusive para uma avaliação do seu custo e das fundações. Ressalta-se que as dimensões dependerão das propriedades dos materiais a adotar na obra, como por exemplo, da resistência característica do concreto à compressão e da resistência característica ao escoamento do aço. A execução de cálculo estrutural pode confirmar ou não as dimensões estimadas. 47
4. ESTUDO DE CASO Localizada a 25 km de Ciudad Guayana, no Estado de Bolívar, território leste da Venezuela, a Segunda Ponte sobre o Rio Orinoco é o centro do conjunto de obras. Iniciados em fevereiro de 2001 e com término previsto para agosto de 2006, os trabalhos se constituem na maior obra de engenharia viária na América do Sul e fazem parte do Sistema Viário Ponte Mista sobre o Rio Orinoco, composto ainda por 166 km de rodovias, que incluem trevos rodoviários, cruzamentos ferroviários e viadutos de grande e pequeno porte. O tabuleiro, concebido em estrutura celular tipo caixão contínua em aço ilustrada na Figura 38, apresenta largura constante de 24,70m por 5,50m de altura, comportando uma via férrea central com 5,00 m de largura, duas pistas rodoviárias com 8,00 m e duas passagens de pedestres com 1,05 m cada. Entre as vias são previstas 4 defensas em concreto, com 40 cm de largura cada.
Figura 38 – Estrutura celular tipo caixão contínua em aço fonte: Certificado do IV prêmio talento engenharia estrutural, 2005. 48
A seção transversal segue o conceito de viga mista - estrutura metálica trabalhando em conjunto com a laje de concreto do tabuleiro. Apresenta uma núcleo central celular composto por chapas enrijecidas em todo o seu perímetro e com um vigamento transversal superior estendendo-se além do caixão em balanços laterais que se apóiam em duas mãos francesas que incidem no banzo inferior do caixão. A laje de concreto se apóia sobre estas vigas dispostas transversalmente a cada 3,0m. O tabuleiro da ponte foi especificado em aço A588, que dispensa pintura, facilitando manutenções futuras. O material é produzido pela Usiminas em Ipatinga (MG) e sua subsidiária, Usiminas Mecânica, foi subcontrata para a fabricação e montagem do tabuleiro, que é dividido em aduelas de 12 m a 24 m de comprimento, montadas e finalizadas em oficinas situadas na região de Guayana e de lá transportadas para o canteiro (Figura 39).
Figura 39 – Montagem de módulo para lançamento fonte: Certificado do IV prêmio talento engenharia estrutural, 2005.
Nos acessos Norte e Sul da ponte, utiliza-se o método dos deslocamentos sucessivos para sua montagem, com a utilização de narizes de lançamento. Cada trecho montado do tabuleiro nas cabeceiras é deslocado sobre uma viga de apoio na linha de lançamento da plataforma, até chegar à sua posição final, onde é suportado por macacos hidráulicos interconectados para controlar sua descida até os aparelhos de apoio. Uma vez apoiada a estrutura, passa-se à construção da laje de 49
concreto, linha ferroviária, pavimentação asfáltica, etc. Foram utilizados painéis de Steel Deck não incorporados para as formas das lajes. No trecho central ilustrado na Figura 40, entre os dois vãos estaiados, em uma extensão de 240,0m, o tabuleiro é parcialmente montado sobre treliça metálica sendo posteriormente deslizado para os vãos vizinhos com a utilização também de um nariz de lançamento.
Figura 40 – Vista de módulo em movimentação fonte: Certificado do IV prêmio talento engenharia estrutural, 2005.
No trecho estaiado da ponte, as aduelas são transportadas por flutuantes até o local de instalação (Figura 41), onde de forma simultânea e sincronizada à seqüência de instalação dos estais procede-se à sua montagem, utilizando o método de balanço sucessivo ilustrado na Figura 42, somente sobre o vão do canal. Durante o processo de instalação, a laje de concreto que faz parte do controle de cargas é executada de acordo com a seqüência de montagem. A geometria, as tensões finais dos estais e os esforços da estrutura durante a montagem são controlados por um Plano de Faseamento, recorrendo-se a unidades de leituras que transmitem sinais para um computador interconectado em linha direta e tempo real. A análise dos resultados define a pauta da montagem, as tensões dos estais e o posicionamento final de cada uma das aduelas instaladas, para que seja mantida a geometria projetada originalmente para a ponte. 50
Figura 41 – Transportes das aduelas por flutuantes fonte: Certificado do IV prêmio talento engenharia estrutural, 2005.
Figura 42 – Içamento de aduelas no vão central fonte: Certificado do IV prêmio talento engenharia estrutural, 2005. 51
Os estais suportes do tabuleiro, são cabos formados por feixes paralelos de cordoalhas que serviram como uma forma de escoramento das aduelas no meio da ponte para o método de balanços sucessivos. A cada avanço de uma aduela, o estai era colocado, suportando aquela célula como ilustra a Figura 43. A medida que ia avançando outros estais eram colocados para sua aduela respectiva até o fechamento da ponte.
Figura 43 – Montagem do vão estaiado fonte: Certificado do IV prêmio talento engenharia estrutural, 2005.
As estruturas metálicas que compõe as aduelas foram fabricadas em Belo Horizonte no Brasil, com o seu transporte terrestre até o porto de Vitória e por navio ate a Venezuela (Figura 44).
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Figura 44 – Transporte das estruturas metálicas fonte: Certificado do IV prêmio talento engenharia estrutural, 2005.
Após a chegada do material na Venezuela foi iniciada a montagem da aduela e depois transportada direto para a obra, onde foi instalada nos seus devidos lugares terminado assim o processo de construção da ponte (Figura 45).
Figura 45 – II Ponte sobre o Rio Orinoco, Venezuela fonte: Certificado do IV prêmio talento engenharia estrutural, 2005. 53
5. CONCLUSÃO
A utilização de seção celular tipo caixão na construção de pontes é uma excelente métodos de utilização, porque garante a solicitação dos esforços solicitados a estrutura. Com o grande crescimento de pontes curvas essa seção transversal será a melhor escolha, garantido os esforços de torção e as necessidades de projeto. Por trabalhar juntamente com a protensão, ha um ganho na economia e agilidade no processo de execução. Para a construção de pontes com grandes vãos, a utilização das aduelas tipo caixão será a melhor escolha, por se tratar de peças robustas que asseguram os esforços dinâmicos, dando a ponte mais rigidez e geometria.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PINHO, Fernando Ottoboni. Pontes e Viadutos em Vigas Mistas. Série Manual de Construção em Aço. 138p.;29cm. Rio de Janeiro IBS/CBCA, 2007. CONSTRUÇÃO METÁLICA. Pontes, Viadutos e Passarelas: reduzindo distâncias e superando obstáculos. 92ª ed. São Paulo: Conselho Diretor ABCEM, 2009. GASPAR, Ricardo. Dimensionamento de almas de pontes celulares. Tese (Doutorado), São Paulo, 2003. LUCHI, Lorenzo Augusto Ruschi. Protensão em Pontes Celulares Curvas. Dissertação (Mestrado), São Paulo, 2001. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. Manual de projeto de obras-dearte especiais. Rio de Janeiro, 1996. Certificado. IV prêmio talento engenharia estrutural. São Paulo, 2005. Fernando Sérgio Okimoto e Carlito Calil Junior. Cadernos de Engenharia de Estruturas. São Carlos, n. 18, p. 25-48, 2001 Eduardo Christo Silveira Thomaz. Estimativa de Dimensões para Projeto e Dimensionamento de Pontes de Tabuleiro Celular em Concreto Protendido. Rio de Janeiro, 2007. GIUSEPPE, Aiello. Apostila Universidade Presbiteriana Mackenzie – Pontes. São Paulo, 2008. ROSENBLUM, Anna. Pontes em estruturas segmentadas pré-moldadas protendidas: análise e contribuições ao gerenciamento do processo construtivo. Rio de Janeiro, 2009. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7187: projeto de pontes de concreto armado e de concreto protendido - Procedimentos. Rio de janeiro, 2003. 55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DAS FIGURAS Figura 1 Seção transversal em viga caixão Manual de construção em aço – Pontes e viadutos em vigas mistas/Fernando Ottoboni Pinho, Ildony Hélio Bellei – Rio de Janeiro: IBS/CBCA,2007. Figura 2 Ponte sobre o Rio do Peixe, entre Herval d'Oeste e Joaçaba/SC,1930 http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ponte_erval.png. Acessado em 07/10/2009. Figura 3 Início da construção de uma ponte por balanços sucessivos Dimensionamento de almas de pontes celulares / Ricardo Gaspar. -- São Paulo, 2003. Figura 4 Aduelas moldadas ―in loco‖ - ponte sobre o rio Tietê em Alphaville, SP Dimensionamento de almas de pontes celulares / Ricardo Gaspar. -- São Paulo, 2003 Figura 5 Balanços executados em aduelas pré-moldadas Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz Figura 6 Construção de ponte pelo método dos balanços sucessivos Dimensionamento de almas de pontes celulares / Ricardo Gaspar. -- São Paulo, 2003. Figura 7 Construção da ponte Tancredo Neves Dimensionamento de almas de pontes celulares / Ricardo Gaspar. -- São Paulo, 2003. Figura 8 Ponte de Felsenau (Suíça) Dimensionamento de almas de pontes celulares / Ricardo Gaspar. -- São Paulo, 2003. Figura 9 Ponte de Musle (Praga) Dimensionamento de almas de pontes celulares / Ricardo Gaspar. -- São Paulo, 2003. Figura 10 Ponte do Rodoanel (São Paulo) Dimensionamento de almas de pontes celulares / Ricardo Gaspar. -- São Paulo, 2003 Figura 11 Utilização de cola a base de resina epóxi Exemplos de Pontes Brasileiras Recentes / Fernando Stucchi – Aracaju 2007 Figura 12 Aduelas tipo caixão moldadas no local Exemplos de Pontes Brasileiras Recentes / Fernando Stucchi – Aracaju 2007 Figura 13 Içamento de uma adula pré-moldada tipo caixão Exemplos de Pontes Brasileiras Recentes / Fernando Stucchi – Aracaju 2007 56
Figura 14 Ponte com seção celular tipo caixão no sistema por segmentos empurrados sucessivamente Fonte: Dimensionamento de almas de pontes celulares / Ricardo Gaspar. -- São Paulo, 2003 Figura 15 Escoramento metálico apoiando as aduelas pré-moldadas de seção celular tipo caixão Apostila Universidade Presbiteriana Mackenzie – PONTES / Prof. Aiello Giuseppe Figura 16 Ponte Rio – Niteroi – Rio de Janeiro http://www.motonline.com.br/ponterio-niteroi-tem-revitalizacao-da-sinalizacao-horizontal/. Acesso em 09/10/2011 Figura 17 Disposição dos cabos na Laje superior LUCHI, Lorenzo Augusto Ruschi. Protensão em Pontes Celulares Curvas. Dissertação (Mestrado), São Paulo, 2001. Figura 18 Cabos de protenção locados nas almas LUCHI, Lorenzo Augusto Ruschi. Protensão em Pontes Celulares Curvas. Dissertação (Mestrado), São Paulo, 2001. Figura 19 Posição dos cabos superiores Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz Figura 20 Seção celular tipo caixão com duas vigas Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz Figura 21 Seção celular tipo caixão com três vigas Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz Figura 22 Seção celular tipo caixão com quatro vigas Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz Figura 23 Seção celular tipo caixão não mais utilizada Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz Figura 24 Seção celular tipo caixão em pontes de madeira Pontes protendidas de madeira / Fernando Sérgio Okimoto & Carlito Calil Junior 2001 Figura 25 Seção celular tipo caixão em aço Certificado do IV prêmio talento engenharia estrutural, 2005. Figura 26 Valores de altura da viga sobre o pilar em função do vão de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz Figura 27 Valores de relação entre alturas da viga sobre o pilar e no meio do vão em função do vão de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz 57
Figura 28 Valores de alturas da viga em função do vão de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com altura constante Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz Figura 29 Comparação entre valores de alturas da viga em função do vão de pontes com altura variável e viadutos urbanos com altura constante de tabuleiro celular em concreto protendido. Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz Figura 30 Ponte com altura variável. Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz Figura 31 Ponte com altura constante. Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz Figura 32 Valores de altura da laje em balanço em função do comprimento do balanço da laje de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido. Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz Figura 33 Esboço da seção transversal de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com detalhes da altura e do comprimento da laje em balanço. Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz Figura 34 Dados sobre relação entre área da laje inferior de compressão sobre o pilar e a largura do tabuleiro em função do vão de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido. Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz Figura 35 Esboço da seção transversal de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com detalhes da área da laje inferior e da largura do tabuleiro. Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz Figura 36 Valores de relação entre área total das almas sobre o pilar e a largura do tabuleiro de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido. Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz Figura 37 Esboço da seção transversal de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com detalhes da área total das almas e da largura do tabuleiro. Concreto Protendido Pontes : Tabuleiro Celular. Prof. Eduardo C. S. Thomaz Figura 38 Estrutura celular tipo caixão contínua em aço Certificado do IV prêmio talento engenharia estrutural, 2005. Figura 39 Montagem de módulo para lançamento Certificado do IV prêmio talento engenharia estrutural, 2005. 58