ESTUDO DE CASO:
O PLANO DE VOO NA PRÁTICA
Andréé Va Andr Valongu ngueeiriroo
ACADEMIA DE PILOTOS
www.mude.nu
ESTUDO DE CASO: O PLANO DE VOO NA PRÁTICA André Valongueir Valongueiroo Todos os direitos reservados © 2014 Mude.nu Este eBook é gratuito e foi disponibilizado em http://mude.nu Versão 1.0 - 01 de junho de 2014
ACADEMIA DE PILOTOS
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ESTUDO DE CASO: O PLANO DE VOO NA PRÁTICA André Valongueir Valongueiroo Todos os direitos reservados © 2014 Mude.nu Este eBook é gratuito e foi disponibilizado em http://mude.nu Versão 1.0 - 01 de junho de 2014
ÍNDICE
ÍNDICE INTRODUÇÃO
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CAPÍTULO 01
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Entrevista CAPÍTULO 02
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O Plano de Voo preenchido CAPÍTULO 03
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Análise de Projeto: Abrir uma empresa CAPÍTULO 04
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Análise de Projeto: Morar fora do Brasil CAPÍTULO 05
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Análise de Projeto: Passar em concurso público
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INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
Meu nome é André Valongueiro e eu tenho, nos últimos últi mos anos, estudado a fundo e aplicado em mim mesmo diversas técnicas de desenvolvimento pessoal para realizar mudanças significativas na minha vida. Quando comecei a criar um método de desenvolvimento desenvolvimento pessoal que integrava as melhores técnicas que eu havia aprendido durante anos de estudos – e de erros e acertos -, eu sabia que teria que o testar com outras pessoas além de mim mesmo. Afinal, se o método servisse só para mim, ele não seria uma fórmula replicável e, por conseguinte, outras pessoas não poderiam implementá-lo e se beneficiar dele. E beneficiar outras pessoas, especialmente os meus alunos e clientes, era, desde o início, a minha grande motivação para criar esse método. Uma das primeiras pessoas que pensei para realizar reali zar esses testes foi o Walmar Andrade, o idealizador da rede social Mude.nu. Conheço o Walmar desde 2005, quando ele me entrevistou e me contratou para o cargo de Engenheiro de Front-End em uma empresa de tecnologia de informação do Recife em que ele trabalhava como Gerente de Projetos. E foi nessa época que começamos a cultivar o interesse em aprender mais sobre os “segredos” para
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INTRODUÇÃO
realizar mais com menos esforço. Mesmo depois que saí da empresa, em 2007, continuamos amigos; e anos depois, já em 2011, ele me convidou para ser editor do Mude.nu, naquele tempo ainda um pequeno site que ele havia criado alguns meses antes. Nessa época, eu já havia iniciado o processo de mudança que descrevo em meu livro – Eu, Piloto -, processo esse que teve sua primeira fase foi concluída em 2013, quando larguei meu emprego formal para trabalhar exclusivamente ajudando pessoas nas áreas de desenvolvimento pessoal e estilo de vida. E o Mude. nu, claro, faz parte desse projeto. Eu também estava lendo e estudando toneladas de livros e artigos e participando de vários seminários e treinamentos com o objetivo de ser a pessoa que eu gostaria de ser e de viver a vida que eu gostaria de viver. A ideia, desde o início, já era me tornar coach em desenvolvimento pessoal (meu principal trabalho hoje), mas para isso eu precisava testar os meus próprios métodos com outras pessoas para me certificar de que eles eram realmente capazes de gerar mudanças. Comecei então a usar o Walmar como “cobaia” para alguns desses “experimentos”. E felizmente deu bastante certo! Eu já sabia que ele era bastante produtivo. Nos três anos anteriores, o Walmar havia, na sequência: 1) pedido demissão do cargo de direção que tinha; 2) iniciado a sua própria empresa de tecnologia de informação (a Wenetus); e 3) largado tudo para ir atrás da mulher em Barcelona.
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INTRODUÇÃO
Quando ainda faltava bastante tempo para ele retornar da Espanha para o Brasil, percebeu que a grana estava acabando (ele viajou usando as próprias economias). E foi aí que ele “meteu a cara” nos estudos e, em menos de três meses, veio ao Brasil em um fim de semana e passou em um concurso de nível superior em Brasília. Essa foi a primeira vez que estudou para concursos públicos e ele já obteve a aprovação, mesmo com uma concorrência de mais de 230 candidatos por vaga. E para um assunto (energia elétrica) que ele nunca havia estudado antes. Consegue perceber o quanto isso é uma realização fantástica? Ele usou o pouco de dinheiro que restava para comprar uma passagem aérea e vir ao Brasil para “tentar a sorte” em um concurso público. Ele, naturalmente, já estava otimista de que passaria no concurso, pois se preparou para isso com um foco absoluto durante quase três meses. Se havia um cara ideal para eu testar o método que eu havia criado, esse cara era o Walmar. Neste estudo de caso, eu vou explorar um pouco mais como o método que eu batizei de Plano de Voo serviu para ele e como ele vem realizando tantas coisas ao mesmo tempo. Só do ano passado para cá o Walmar: • Passou no concurso público mais difícil do Brasil no ano, com mais de 1.200 candidatos por vaga • Congelou no inverno de Nova York • Começou a cursar uma segunda graduação à noite • Nadou com golfinhos no México • Fez rapel em uma cachoeira do tamanho de um prédio de 12 andares • Fez o redesign completo do Mude.nu • Encontrou uns jacarés na Flórida • Foi entrevistado pela Rede Globo, Record, SBT e EBC
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INTRODUÇÃO
• • • •
Desceu um rio de rafting na Jamaica Assumiu um cargo de chefia no trabalho Voou em um balão de ar quente Praticou arvorismo no interior de Goiás
Este estudo de caso vai ser dividido da seguinte forma: 1. 2. 3. 4. 5.
Entrevista com Walmar Andrade O Plano de Voo preenchido Análise de Projeto: Abrir uma empresa Análise de Projeto: Morar fora do Brasil Análise de Projeto: Passar em concurso público
Lembro que este estudo de caso deve ser utilizado após a leitura do Guia Prático para Implementação do Plano de Voo, que entreguei ao final da série de vídeos em que explico as técnicas que venho usando para mudar radicalmente de vida. O caso do Walmar é interessante porque os objetivos dele são completamente diferentes dos meus. Enquanto eu larguei meu emprego, virei vocalista de uma banda de rock, adotei uma vida minimalista e virei empreendedor autodidata, o Walmar casou, constituiu família, passou em concurso público e está estudando Direito. Por isso, é um exemplo perfeito de como o Plano de Voo funciona para diversos estilos de vida. Espero que aproveite, pois essa é uma história interessante e inspiradora!
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INTRODUÇÃO PRINCÍPIOS ÁREAS
METAS
PRINCÍPIOS
PRINCÍPIOS
PRINCÍPIOS
DESTINOS
DESCARTE POSSO AGIR?
SIM
NÃO ALGUM DIA ARQUIVE
PASSO ÚNICO
PASSOS MÚLTIPLOS
PASSOS CÍCLICOS ROTINA GATILHO
PROJETO
DESAFIO
HÁBITO
TMI RECOMPENSA
LUGAR TEMPO DINHEIRO PRIORIDADE
SEU PRÓXIMO PASSO!
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CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 01
ENTREVISTA ANDRÉ – Quando você começou a trabalhar sua produtividade pessoal? WALMAR – Acho que foi entre 2004 e 2005, quando conheci o blog Efetividade.net. Lá o autor, Augusto, falava muito sobre um sistema de produtividade chamado GTD (Getting Things Done). Peguei o livro emprestado com um amigo e lembro que terminei em dois ou três dias. O período entre 2004 e 2005 foi muito fértil em relação a blogs no Brasil. Eu mesmo mantive por muitos anos um blog chamado Fator W, que de início falava exclusivamente sobre comunicação e marketing digital. Depois que comecei a acompanhar o Efetividade.net e outros similares, acabei passando a escrever também sobre produtividade pessoal. ANDRÉ – Como era sua vida naquela época e o que mudou depois de começar a aprender mais sobre produtividade? WALMAR – Eu estava concluindo a faculdade de Jornalismo e já sabia que não seria contratado pelo jornal onde eu estagiava há mais de um ano. Como já fazia
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CAPÍTULO 01
sites desde 1995, mandei currículo para uma empresa em que eu havia estagiado anos antes como jornalista. Só que mandei para a vaga de Web Designer. Fui contratado e acabei sendo promovido a Gerente de Projetos depois. Não sei dizer o que mudou depois que comecei a acompanhar o Efetividade.net e a aplicar o GTD. Na verdade, as mudanças foram graduais, as coisas não mudaram radicalmente de uma hora para outra. ANDRÉ – Mas houve um ponto de virada quando você abriu a Wenetus, a sua própria empresa de desenvolvimento web, não foi? WALMAR – Sim e não. Ali eu tinha lido um outro livro que me marcou muito, o “Trabalhe 4 Horas Por Semana“, do Tim Ferriss, o meu “charlatão” favorito. Esse livro é para quem gosta de arriscar alto, largar tudo e viver de renda. Não foi isso que eu fiz. Eu valorizo bastante conforto e segurança, então aquele estilo que o Tim Ferriss propõe não é tanto para mim. O que eu fiz foi abrir uma empresa própria junto com um sócio, o Rodrigo Muniz, mas de uma forma que eu não rompesse totalmente com a empresa anterior em que eu trabalhava. Então eu abri formalmente a empresa e consegui convencer o antigo patrão a contratar essa minha nova empresa. Eu acabei multiplicando os meus ganhos, já que pude atender diversos outros clientes. ANDRÉ – E por que fechou a Wenetus? WALMAR – Porque empresa de serviço não dá para ganhar em escala, a não ser que você contrate mais e mais gente. Só que eu não sou muito bom em gerenciar tantas pessoas, e acabei ficando insatisfeito com o trabalho cotidiano.
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CAPÍTULO 01
Mesmo tendo total flexibilidade de trabalho, fazendo meus horários, trabalhando com o que gostava e tendo como clientes sites famosos com Papo de Homem, Dinheirama, Quero Ficar Rico e outros, eu não me sentia bem. Depois de dois anos nessa rotina de atender muitos clientes, mais de 100, e de ter que ficar gerenciando equipes, acabei me cansando. ANDRÉ – Você fechou a empresa para morar em Barcelona? WALMAR – Não. Na verdade, minha namorada na época (hoje esposa), estava se preparando há mais de um ano para fazer uma pós-graduação em Barcelona. Quando faltava pouco mais de um mês para ela ir, bateu uma insegurança e eu decidi que ia junto. Procurei uma pós para mim lá também, estudei espanhol por conta própria e acabei indo meio na doida. Mas eu não fechei a empresa. A ideia era continuar trabalhando lá da Espanha para minha empresa aqui no Brasil, afinal meu sócio e os funcionários continuavam por aqui. Só que os clientes foram sumindo, a equipe também foi ficando menos motivada e eu já não tinha gás para produzir como antes. Acabei ficando com pouca grana na metade do primeiro ano que passaria na Espanha. ANDRÉ – Essa história de passar em um concurso público difícil enquanto morava no exterior é a que mais me impressiona. Como realizou essa proeza? WALMAR – Depois da virada de ano de 2009 para 2010, eu já não estava mais querendo trabalhar com desenvolvimento de sites, estava querendo uma renda mais segura para poder me casar. Comecei a pesquisar sobre concursos públicos e vi que, dois dias antes, havia saí-
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CAPÍTULO 01
do autorização para um concurso da Agência Nacional de Energia Elétrica, com vagas para qualquer área de formação. Comecei a baixar tudo o que eu encontrava de livros e materiais e passei a fazer questões lá mesmo. Estava um inverno chato em Barcelona e eu não tinha muita vontade de sair na rua. Acabei pegando o ritmo dos estudos e decidi vir fazer a prova. Lembro que cheguei no final da semana, fiz a prova e logo retornei para Barcelona, pois não podia perder muitas aulas da pós. Não contei a ninguém que viria, só para meus pais e irmãos. Eu tive muita disciplina para estudar todo santo dia, sem nenhuma exceção, durante quase três meses. Tive que continuar fazendo a pós (já havia pago tudo), atendendo os clientes da empresa no Brasil e mantendo a casa, mas cortei quase todas as outras coisas para focar só no estudo. O fato de estar muito frio (pelo menos para mim) ajudava, pois não me animava para sair na rua. ANDRÉ – Até que ponto ter um método de produtividade como o GTD aplicado te ajuda com todas essas coisas? WALMAR – Rapaz, não sei dizer em números ou de maneira muito precisa, mas ajuda pra cacete. Acho que ter as coisas escritas e poder saber sempre qual o próximo passo a ser dado é essencial. ANDRÉ – Uma pergunta chapa-branca: você acha que o Plano de Voo é um avanço em relação ao GTD? WALMAR – Eu acho que a sacada de fazer uma coisa mais abrangente foi uma excelente ideia tua. O lance de separar Projetos de Desafios, baseado na própria ideia do Mude, foi essencial para eu começar a fazer coisas que eu jamais faria antes (principalmente esses desafios mais radicais, como rapel, balão, rafting etc.
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CAPÍTULO 01
etc. etc.) Outra coisa que eu gosto muito é de você colocar o dinheiro como um dos critérios de funil que definem as próximas ações. Não sei se o David Allen é muito rico, mas no GTD basta saber o contexto para você definir o que fazer. No caso dos meros mortais não milionários, a gente precisa ter dinheiro para poder executar várias ações. Além disso, eu já te falei que acho genial a metáfora entre Passageiro e Piloto criada na Academia de Pilotos. Muito melhor do que aquele velho clichê de guerreiro, de luta, de vencer a si mesmo. Não acho que ninguém queira passar a vida em guerra, em conflito. Voar é bem mais atrativo. ANDRÉ – Na abertura da entrevista eu vou listar os Projetos e Desafios que você realizou depois que começamos a testar o Plano de Voo. Qual desses foi o mais difícil e qual foi o mais prazeroso? WALMAR – O mais difícil foi passar em um outro concurso público, sem dúvida, pois a concorrência era seis vezes maior do que o primeiro, que já era bem concorrido. Voltar para a faculdade também é difícil por exigir muito tempo, ocupando todas as suas noites por cinco anos ou mais, mas o concurso ainda exige mais de você. O mais prazeroso acho que foi fazer rapel em uma cachoeira lá em Corumbá, por ser bem desafiador. E o mais importante foi a criação do hábito de meditar. ANDRÉ – Deixe uma mensagem final para quem estiver lendo esta entrevista. WALMAR – A mensagem que eu deixaria é sobre a falta de significado que as coisas têm em si mesmas. Vejo muita gente apenas reagindo aos acontecimentos, como se eles tivessem significados, quando na verdade a nossa própria mente é que dá significado para as coisas. Quando comecei a entender melhor isso, mesmo
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CAPÍTULO 01
sem dominar completamente o assunto, a minha qualidade de vida deu um salto significativo. O que aprendi na Academia de Pilotos ajudou muito para colocar esse ensinamento na prática do dia-a-dia.
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CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 02
O PLANO DE VOO PREENCHIDO ANDRÉ - Quando eu propus que você substituisse o modelo tradicional do GTD pelo Plano de Voo, quais as principais alterações que teve que fazer? WALMAR - A principal alteração foi em relação a esses conceitos mais amplos e na divisão de Projetos e Desafios. Minha maior dificuldade foi com os Princípios. ANDRÉ - Como estão listados os Princípios do seu Plano? WALMAR - A lista final a que cheguei foi a seguinte: 1. Família 2. Tranquilidade 3. Saúde 4. Cultura 5. Conforto 6. Estabilidade financeira 7. Aventuras
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CAPÍTULO 02
Acho que essas são as coisas que mais valorizo hoje em dia, nesta ordem. Eu já pensei há alguns anos que valorizava mais Liberdade e Risco. Mas depois de abrir a empresa, não ter estabilidade financeira e viver sob estresse com clientes, vi que prefiro um trabalho mais estável e rotineiro. Eu não sei se Tranquilidade é a melhor palavra para definir o Princípio que prezo. O que quero dizer com Tranquilidade é fazer as coisas de uma maneira devagar, pensada, reflexiva, quase minimalista. Eu não gosto de correria, estresse, barulho, informação demais. Usei a palavra Tranquilidade, mas aceito sugestões de um nome melhor para esse Princípio. Em relação a Aventuras, foi só depois que identifiquei que essa era uma das coisas que eu queria incluir na minha vida, que comecei a ir realmente atrás dessas coisas. Acho que esse foi um dos grandes impactos que o Plano de Voo teve para mim. Antes dele eu jamais me veria indo estudar nos EUA, voando de balão, fazendo rapel, rafting, correndo kart, essas coisas que tenho feito ultimamente. ANDRÉ - Calma. Chegaremos aos desafios mais à frente. Antes quero saber como ficaram os Destinos. Qual a sua visão de futuro? WALMAR - Eu tracei os Destinos pensando em como gostaria de me ver daqui a 10 anos. O que pensei foi: “Pai de família (um ou dois filhos), formado em Direito e trabalhando na área Legislativa, preferencialmente com Direito da Comunicação (ou Direito para Novas Mídias, mais especificamente). A saúde em dia, alimentando-me de acordo com os princípios Páleo/Primal, praticando exercícios de força e yoga (foco em força, resistência e alongamento). Com o hábito de meditar diariamente consolidado. Livre do vício de ficar navegando à toa na internet, sobretudo entre conteúdos de má qualidade (leia-se: grandes portais de notícias). Conseguindo investir dinheiro de forma equilibrada entre diversos tipos de ativos. Passando muito menos tempo dentro de casa e mais fora, realizando Desafios ao ar livre (principalmente
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CAPÍTULO 02
aproveitando finais de semana de maneira mais relaxada/divertida), e postando resultados no Mude.nu.”. Uma coisa que tenho vontade de ver nos Destinos, mas que não tenho certeza, seria morar fora do Brasil novamente para fazer um mestrado acadêmico na área do Direito, pedindo licença não remunerada do trabalho. ANDRÉ - E como você distribuiu suas Áreas de Controle? WALMAR - Esse foi o item mais fácil: • • • • • • • • • • •
Aventuras Budismo Casa Cultura Educação Família Finanças Mude.nu Pessoal Saúde Trabalho
ANDRÉ - E em quais desses Destinos você está realmente trabalhando, na prática? WALMAR - Acho que estou caminhando bem nas áreas de Aventuras, Educação, Mude.nu, Pessoal e Trabalho. Budismo (que para mim envolve meditação e compaixão) é algo que tenho muito interesse, mas acabo sempre relegando a segundo plano. Casa é bem mais zoada do que gostaria, estou com planos de me mudar, mas con-
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CAPÍTULO 02
tinuando no aluguel. Em relação a Cultura, tenho lido bem menos do que gostaria e visto bem menos filmes do que tenho vontade. Eu tenho o Projeto de tocar violão e guitarra, mas não passa disso por enquanto. Está inativo. Com academia, trabalho e faculdade, eu teria que gerenciar bem melhor o tempo para conseguir ler mais, ver mais filmes. Aliás, essa é a mesma desculpa que uso para não dar a atenção que as áreas Finanças e Família merecem. Saúde é a área que fica no meio termo: tenho me alimentado relativamente bem, mas farrapado muito com os treinos. Estou um pouco enjoado de academia e pensando em experimentar exercícios diferentes. ANDRÉ - Eu vejo um monte de desculpas aí... Eu também! ANDRÉ - Vamos descer aos níveis mais concretos. Como estão redigidas as suas Metas Smart? WALMAR - Vou colar do Google Drive, separadas por áreas, já excluindo o que consegui realizar até agora: Aventuras • Fazer um mochilão pela Europa nas férias da faculdade em julho de 2014 • Voar de asa delta no Rio de Janeiro até julho de 2015 • Fazer standup paddle até dezembro de 2014
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CAPÍTULO 02
Budismo • Meditar diariamente, 15 minutos por dia • Fazer uma prática de voluntariado até 31 de dezembro de 2014 Casa • Mudar de apartamento até 31 de dezembro de 2014 Cultura • Aprender a tocar violão e guitarra decentemente antes de fazer 35 anos • Terminar os livros do século XIX da minha lista de Obras Clássicas até 31 de dezembro de 2014 (faltam seis) • Livrar-se do vício de navegar sem rumo pela internet, sobretudo em portais de notícias, até 7 de julho de 2014 Educação • Formar-se em Direito até julho de 2017 • Fazer o curso iJumper até 31 de dezembro de 2014 Família • Ter um filho até dezembro de 2017 Finanças • • • •
Fechar formalmente a Wenetus até julho de 2015 Aplicar integralmente a técnica de alocação de ativos Conquistar independência financeira até dezembro de 2022 Lançar infoproduto de concursos públicos até 7 de julho de 2015
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CAPÍTULO 02
Mude.nu • Ter a página inicial completa nos 80 desafios até julho de 2015 Pessoal • Relançar meu blog pessoal Fator W até dezembro de 2014 Saúde • Aumentar para 73kg mantendo o percentual de gordura abaixo de 10% até 31 de dezembro de 2014 utilizando apenas Páleo/Primal • Tocar o chão com as pernas estendidas até 31 de dezembro de 2014 Trabalho • Organizar as reuniões mensais do Conselho de Comunicação Social objetivando finalizar com cinco dias de antecedência • Compilar e organizar o trabalho da atual composição do Conselho de Comunicação Social até 31 de agosto de 2014 • Fazer o relatório da Presidência do Conselho de Comunicação Social até 31 de novembro de 2014 • Em janeiro de 2015, criar arquivo de referência com banco de todos os dados do Conselho de Comunicação Social anteriores à minha posse ANDRÉ - Bem, quase todas se encaixam no conceito de Metas Smart. Do Google Drive você passa para o Things somente os Projetos e Desafios, correto? WALMAR - Não estou usando mais o Things. Ainda é o meu software preferido, mas como no trabalho tenho que usar Windows, acabei passando para o Wunderlist. Resisti muito, fiquei usando o Things no iPhone e colocando as entradas por ele quando estava no trabalho, mas é muito mais rápido de digitar ao computador,
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CAPÍTULO 02
então acabei migrando para o Wunderlist. Os Projetos e Desafios que estão lá atualmente ativos são os seguintes: • • • • • • • • • • • • • • •
Fazer o mochilão pela Europa Fazer standup paddle no Lago Paranoá Fazer voluntariado Mudar de apartamento Concluir o quarto semestre de Direito Fechar a Wenetus Aplicar dinheiro parado Fazer Guias do Mude.nu Relançar o Fator W Montar dieta Páleo Fazer 30 dias do Yoga Challenge Organizar reunião CCS de maio Fazer ajustes do site do Café Colombo Escrever para o Mude.nu Errands
ANDRÉ - Copia por favor uma lista de Próximos Passos de algum desses Projetos, para exemplificarmos. WALMAR - Fazer o mochilão pela Europa • • • • • • •
Solicitar férias no trabalho #trabalho Ser aprovado sem precisar de P3 na faculdade Pesquisar roteiros #online Definir o roteiro #online Definir ponto de encontro com Cecília #casa #online Comprar as passagens de ida e volta do Brasil #online Comprar as passagens de avião internas #online
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CAPÍTULO 02
• Comprar as passagens de trem internas #online • Anotar clima das cidades escolhidas #online • Verificar se dá para fazer algum Desafio do Mude.nu nas cidades escolhidas #online • Perguntar no Facebook sobre couchsurfing #online • Reservar hostels nas cidades escolhidas #online • Comprar mochila #shopping • Fazer mochila #casa • Comprar Euros • Verificar moedas dos países #online • Verificar necessidade de visto/passaporte #online • Avisar pessoal de Barcelona #online Esse é o Projeto/Desafio mais interessante, mas não está completo lá, só vou jogando as ideias à medida que vou lembrando. Na verdade só vou conseguir detalhar melhor isso quando terminar a faculdade, antes da Copa. ANDRÉ - E em relação a Hábitos? WALMAR - Eu baixei há uns meses o Habit List para o iPhone. Usei bastante um tempo, zerando quase todos diariamente, mas aí acabei me perdendo nas últimas semanas por conta de provas e final de semestre se aproximando. Aliás, sempre que a rotina aperta eu acabo deixando os hábitos um pouco de lado... mas o que está listado lá: • • • • • • •
Acordar cedo - 6h30 Tomar suco verde Tomar banho frio Alongar Meditar Exercitar Escrever para o Mude/Fator W
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CAPÍTULO 02
• • • • • • • • • • •
Selecionar e fazer 3 TMIs Verificar investimentos Estudar Direito (mínimo 30min) Ler 30 páginas Tirar o lixo Fazer Yoga Passar fio dental Tomar 2 litros de água Não comer trigo/açúcar Não ler portais de notícias Não ver TV
Mesmo sem anotar diariamente, estou indo bem em alguns desses hábitos (acordar cedo, meditar, exercitar, escrever, TMIs, estudar Direito, passar fio dental, tomar 2 litros de água, não comer trigo). Outros eu vou mais ou menos. E em alguns estou uma lástima: não ler portais de notícias, alongar, tomar suco verde, verificar investimentos. Acho que preciso levar mais a sério aquela história da Academia de Pilotos de identificar gatilhos e recompensas. Vou rever essa lição... ANDRÉ - Se você topasse a ideia do reality show na Academia de Pilotos teria compromisso público e gente te cobrando. De qualquer forma, é como falo: o mais importante é entender o conceito de pegar algo macro como Princípios e Destinos e ir desdobrando até próximos passos práticos e principalmente hábitos. WALMAR - Isso. Quanto aos cases específicos que você pediu, vou mandar em forma de narrativa que acho que fica melhor para o pessoal ler. ANDRÉ - Beleza. Você tem a palavra nos próximos capítulos.
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CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 03
ANÁLISE DE PROJETO: ABRIR UMA EMPRESA por Walmar Andrade
O ano era 2007. Em fevereiro, estava na fila do caixa do supermercado e peguei da cesta de devolução de produtos um rejeitado livreto que prometia ensinar como ficar milionário. Cinco meses depois, estava eu saindo do emprego e assinando o contrato social de criação da minha primeira empresa (o lance do milionário não chegou ainda). Resumindo assim, a história parece fácil e bonita. A verdade, entretanto, é que os caminhos para se abrir uma empresa no Brasil são um pouco tortuosos e nem sempre bem explicados. Se você não tem conhecimento na área ou dinheiro para pagar quem tenha, vai sofrer um pouco para encontrar o caminho das pedras. Embora já seja mais simples do que antigamente, o desafio de abrir um negócio próprio em nosso país ainda requer uma boa dose de burocracia. Por outro lado, também não há nenhum bicho de sete cabeças. Não falarei aqui sobre ideias de negócios, investimentos, se vale a pena ou não. O
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CAPÍTULO 03
que interessa aqui é a prática. Considerando que você já analisou e decidiu ir em frente, por onde começar? Seguindo a lógica do Plano de Voo, primeiro estabeleci a Meta Smart (Abrir uma empresa até 31 de julho de 2007) e depois fui criando os Projetos: • • • •
Fazer o plano de negócios Abrir formalmente a empresa Criar o site da empresa Alugar sala ou caixa postal e equipar
Para o Projeto “Abrir formalmente a empresa”, por exemplo, lembro de ter percorrido sete passos práticos:
1) DEFINIR O TIPO DE EMPRESA No Brasil, você terá basicamente quatro opções, sendo que uma delas (a Sociedade Anônima) dificilmente vai se aplicar para uma pequena empresa iniciante. • Empreendedor Individual • Sociedade Empresária Limitada • Sociedade Simples Limitada Nas sociedades limitadas, é preciso que pelo menos dois sócios formem a empresa. A Sociedade Empresária é destinada a comércio e serviços. Já a Sociedade Simples é voltada para atividades intelectuais. Hoje em dia há ainda a opção do Microempreendedor Individual. É altamente recomendável que você consiga um sócio para dividir tarefas e riscos. Encarar o desafio sozinho é sempre mais difícil. Como eu tinha um sócio, optei pela Sociedade Empresária Limitada.
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CAPÍTULO 03
2) DEFINIR A PARTICIPAÇÃO DOS SÓCIOS Considerando-se as sociedades limitadas, é preciso escolher qual será a participação de cada sócio na empresa. Você pode dividir meio a meio, como eu fiz, ou ter sócios com percentuais diferentes. Geralmente, esse percentual equivale a quanto o sócio vai investir em dinheiro para a formação da empresa. Isso não é uma regra, é algo decidido pelos sócios. Há dois tipos de sócios. O sócio-administrador é aquele que efetivamente põe a mão na massa, trabalhando e retirando pró-labore (o “salário” dos sócios). Já o sócio-quotista é um investidor. Ele coloca grana no negócio e depois aparece para retirar o lucro.
3) ARRUMAR UM ENDEREÇO A questão do endereço hoje em dia é bem relativa. Seu negócio pode ser virtual e ter como endereço a sua própria casa. Ou pode ser uma loja e precisar de um endereço no shopping da cidade. Uma excelente dica é procurar os chamados escritórios virtuais. Trata-se de empresas que alugam caixas postais, endereços e até mesmo salas do tipo pague quando usar para outras empresas. Assim, você pode ter um endereço comercial sem precisar montar uma sala nem pagar aluguel. E ainda fica com um endereço bem mais profissional do que o do seu apartamento. Outra boa dica é conseguir um telefone fixo pero no mucho, como o Livre da Embratel. Você consegue um número de fixo, que dá mais segurança aos clientes, mas com uma relativa mobilidade.
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CAPÍTULO 03
Foi exatamente o que fiz quando abri a empresa: contratei um escritório virtual (basicamente, uma caixa postal) e um telefone Livre. Durante todo o primeiro ano da empresa, eu e meu sócio trabalhávamos de casa. Quando havia reuniões, tentávamos marcar na empresa do cliente. Se não fosse possível, pagávamos ao escritório virtual apenas pelo uso da sala naquele horário da reunião.
4) CONTRATAR CONTADOR E FORMULAR CONTRATO SOCIAL O contrato social é o documento mais importante da empresa. Ele formaliza que duas ou mais pessoas físicas estão se associando para criar uma pessoa jurídica. O documento traz informações como: • • • •
Endereço da empresa Nome e endereço dos sócios Participação de cada sócio Objetivo da empresa
O mais recomendável neste ponto é contratar um escritório de contabilidade para fazer o serviço. Ele vai orientar a formulação do contrato social e reunir os documentos necessários.
5) REGISTRAR O CONTRATO NA JUNTA COMERCIAL Este é o passo em que a empresa passa oficialmente a existir. O contrato social deve ser levado na Junta Comercial do Estado com os documentos que forem solicitados. Os documentos, prazos e preços variam de estado para estado, mas essa taxa de constituição não é alta.
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CAPÍTULO 03
Se tudo der certo, você vai sair de lá com o seu Número de Identificação do Registro de Empresa (NIRE).
6) OBTER O CNPJ O Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica é o equivalente ao CPF de uma empresa. O CNPJ é obtido através do site da Receita Federal, depois que você já tiver obtido o Número de Identificação do Registro de Empresa na Junta Comercial do Estado. Se você contratou um contador, é provável que ele faça esse passo para você.
7) FORMARLIZAR EMPRESA JUNTO À PREFEITURA E AO GOVERNO A prefeitura vai precisar dar um alvará de funcionamento caso se trate de uma empresa com local físico. Se você optou por um escritório virtual, geralmente isso já vem no pacote. Já o governo do Estado vai solicitar a Inscrição Estadual. Para alguns tipos de empresa, ela não é necessária. Muitos estados já realizam a Inscrição Estadual junto com o cadastro do CNPJ na Receita Federal. Novamente, aqui o contador é de grande valia. Em regra, com esses sete passos você terá sua empresa legalizada e formalmente aberta.
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CAPÍTULO 03
AJUDA DO SEBRAE Não são muitas as entidades de caráter público que funcionam bem no Brasil. O Sebrae é uma das exceções. Antes de começar o processo, é recomendável procurar o Sebrae ou mesmo dar uma fuçada no site deles para analisar bem se vale a pena seguir em frente com a ideia de abrir uma empresa ou não. Não é, nem de longe, um Projeto indolor. Embora em regra você ganhe mais do que quando atua como empregado, a verdade é que assume uma série de riscos e responsabilidades que precisam ser muito bem gerenciados para dar certo. O desafio é grande, mas vale a pena, nem que seja para ter certeza de que lado do jogo capitalista você quer estar na vida. Como eu disse na entrevista ao André Valongueiro, foi exatamente o que descobri, mais alinhado aos meus Princípios.
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CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 04
ANÁLISE DE PROJETO: MORAR FORA DO BRASIL por Walmar Andrade
Este Projeto, que considero até hoje a experiência mais interessante da minha vida, foi realizado meio às pressas. A história é que minha namorada na época, atual esposa, ia fazer entre 2009 e 2010 uma pós-graduação em Design de Moda em Barcelona, Espanha. Ela se preparou bastante para isso, por quase um ano, com aulas de espanhol e todos os demais preparativos necessários. Quando faltavam menos de dois meses para ela partir, eu tomei a decisão abrupta de ir junto. Eu não tinha visto, curso, passaporte, dinheiro guardado, nem falava espanhol. Eu nunca havia viajado para fora do Brasil, e já tinha 27 anos de idade. Na época, eu usava o Remember The Milk como gerenciador de tarefas e lembro de listar que nem um louco tudo o que eu tinha que fazer em cerca de oito semanas: • Avisar para as famílias (essa foi a parte mais complicada) • Preparar currículo em espanhol
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CAPÍTULO 04
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Encontrar um curso de um ano que eu pudesse pagar Candidatar-me ao curso e fazer a inscrição, se aceito Avisar ao meu sócio na empresa Avisar aos clientes Tirar Passaporte Levar a carta de aceite do curso ao Consulado da Espanha para tirar o visto de estudante Encontrar um lugar para morar em Barcelona Comprar passagens Comprar roupas de frio Aprender espanhol
Cada um desses itens era um Projeto em si mesmo e eu tive que trabalhar em velocidade máxima para dar tempo de fazer tudo. Com isso, acabei escolhendo uma instituição de ensino não tão boa e gastando mais do que deveria/poderia. O primeiro passo, portanto, é ser admitido em alguma instituição de ensino. Não é difícil. Você pode escolher um curso de idiomas, complementar a graduação ou fazer uma pós. Com a crise que assola a Espanha, há vagas sobrando. Eu mesmo tinha conhecimentos muito básicos de espanhol e fui aceito sem maiores problemas, depois de algumas trocas de e-mails. A crise era tão feia por lá que a pós para a qual me inscrevi (Marketing Direto e Interativo) foi cancelada por falta de alunos quando eu já estava lá. Para compensar, me inscreveram em outra (Comunicação Empresarial) que era o quádruplo da carga horária e o dobro do preço (a diferença não foi cobrada de mim). Quando a instituição o aceitar, você recebe uma carta e com ela pode ir ao consulado ou embaixada para solicitar o visto. Essa é a parte mais burocrática, pois eles vão pedir uma série de documentos. Depois de cerca de um mês você terá o
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visto em mãos. Aí você vai precisar arrumar onde morar. O ideal é dividir apartamentos com outros estudantes, assim você já se enturma e economiza nos gastos. Eu de início dividi apartamento com um casal formado por um polonês com TOC e uma argentina que virava a noite trabalhando no aeroporto. Depois eles foram substituídos por uma húngara fã de Lady Gaga e um argentino baladeiro. Por fim, por um casal de espanhóis. Como acertei no apartamento de primeira, nunca quis sair de lá. Falando em gastos, Barcelona não é uma cidade muito cara se você não quiser. Há dezenas de programas para fazer sem pagar nada. E a alimentação feita nos supermercados barateiros (tipo a rede Mercadona) é bem barata.
DICAS PRÁTICAS Para estudar: Escolha a Universidade de Barcelona ou a Universidade Autônoma de Barcelona. São as duas melhores, maiores e mais reconhecidas. Para morar: Eu fiquei nas proximidades da Plaça Espanya e recomendo a qualquer um. É a segunda praça mais importante, tem conexão com várias linhas do metrô, mas não é tão muvuca quanto a Plaça Catalunya. Parar comer: Coma em casa. Gaste seu dinheiro com coisas mais legais na cidade. Para visitar: Aqui a lista é imensa. Você precisa conhecer as obras de Gaudí, que é o principal nome da cidade. Precisa assistir a um jogo do Barça. Precisa ir ao Museu Picasso, ao MNAC, ao Parc Güell, ao Parc de la Ciutadella, ao Castelo de Montjuic, a Tibidabo.
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Para farrear: nas redondezas da principal avenida turística da cidade (La Rambla), há diversos barezinhos e pequenas boates. Na orla da praia de Barceloneta há boates mais badaladas. Para lembrar: Lembre-se de que, principalmente para os mais velhos, Barcelona é a capital de uma nação, chamada Catalunha, que está anexada à Espanha. É preciso respeitar a cultura catalã e quem estiver falando catalão, que parece uma mistura de português, espanhol e francês. A prefeitura inclusive oferece curso básico gratuito de catalão aos interessados. Se você tiver tempo e interesse – e principalmente se quiser trabalhar por lá – vale a pena.
COMO APRENDI ESPANHOL EM MENOS DE DOIS MESES Como tomei a decisão de viajar muito em cima da hora, não tive muito tempo para estudar espanhol. Tudo o que eu sabia devia a seis meses de um curso básico que fiz no já longínquo ano de 2000, nove anos antes. Como era uma viagem com sérias restrições orçamentárias, também não deu para me matricular em um intensivo para aproveitar esses dois meses antes da viagem. Tive que apelar, então, para a velha tática do tudo (quase) grátis: baixei filmes em espanhol, com legendas em espanhol, fiz o download de todos os episódios do podcast SSL4You, mudei o idioma do Gmail e dos demais aplicativos possíveis para espanhol, enchi o mp3 player e o som do carro com músicas hispânicas e comprei dois livros sobre o assunto. Um era uma espécie de gramática que não valeu a pena, mas o outro foi essencial para falar bem: Espanhol Passo a Passo, de Charles Berlitz. Ao chegar a Barcelona, tinha algum receio quanto à comunicação, mas logo vi que seria bobagem. É fácil compreender o que os espanhóis falam (bem, pelo menos
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a maioria deles) e é facílimo ler em espanhol, mesmo os textos acadêmicos. Falar também não é complicado. Obviamente sai muita coisa errada, mas a comunicação é realizada sem maiores problemas. Uma das coisas que aprendi de cara foi a imitar o jeito dos espanhóis falarem, sem deixar passar o ar pelo nariz. Isso fazia toda diferença e muitos colegas da pós perguntavam se eu era espanhol. Como se não bastassem os percalços, um dos professores da pós tinha como regra que o aluno que chegasse atrasado tinha que contar uma piada em frente a todos. Pois, cheguei atrasado logo no segundo dia de aula, com poucos dias na Espanha, e já tive que fazer o pessoal rir. Se sou tímido em português, imaginem em espanhol. Então, a dica que dou para quem estiver em uma situação de emergência é fazer uma imersão no idioma em todo o tempo que estiver disponível. A similaridade com o português ajuda bastante, ao menos para falar e escutar. A leitura também não é problema. A parte mais difícil sem um estudo mais aprofundado, ao menos para mim, foi a escrita. Mas se sua viagem não for acadêmica, dá para aprender bastante do idioma sem grandes esforços. A dica é a mesma de sempre: trace o Projeto no seu Plano de Voo, subdivida em próximos passos práticos e em hábitos, e vá cumprindo sua lista. Não tem erro.
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ANÁLISE DE PROJETO: PASSAR EM CONCURSO PÚBLICO por Walmar Andrade
Depois de quatro meses em Barcelona, eu vi que a coisa ia apertar, financeiramente falando. Apenas um terço do período havia passado, mas os clientes da minha empresa começaram a minguar e eu não conseguia prospectar novos clientes à distância. Lembro que, no réveillon 2010, comecei a conversar com a namorada sobre a possibilidade de prestar concurso público quando voltasse. Naquele mesmo dia, comecei a me inteirar sobre como funcionavam os certames. Descobri que a sequência era sair uma autorização do Ministério do Planejamento para o órgão que queria promover o concurso. Depois que essa autorização saísse, o órgão tinha até seis meses para publicar o edital e depois a prova não poderia ser aplicada em menos de 60 dias da publicação do edital. Vi, então, que coincidentemente dois dias antes havia sido publicada autorização para concurso público da Agência Nacional de Energia Elétrica. E aquilo me atraiu por vários motivos:
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• Eram cerca de 100 vagas para o cargo de Analista Administrativo, que aceitava qualquer área de formação superior (sou formado em Jornalismo, e não há muitos bons concursos específicos para esse curso) • O local de trabalho era em Brasília • O salário era de R$ 10 mil e eu estava esgotando minhas reservas rapidamente com o decréscimo de clientes na empresa, além do fato de estar ganhando em real e gastando em euros Comecei a estudar só pelas manhãs para ver qual era. Estava começando o inverno e, para um nordestino que nunca havia saído do Brasil, aquilo era um frio de rachar. Eu não tinha vontade de sair na rua, a não ser quando era obrigado, como no caso das aulas da pós todos os dias à noite. Então nas primeiras duas semanas fiquei assim: estudava de manhã, trabalhava à tarde para minha empresa e de noite ia para a aula. Só que comecei a acompanhar fóruns de estudantes para concursos e os boatos eram de que o edital seria publicado logo logo, não demoraria os seis meses a partir da autorização. Foi aí que entrei de cabeça. Baixei todo o material que consegui pela internet e estudei que nem louco por dois meses a fio, parando só quando era obrigado. Levantava às 7h (que lá era como se eu levantasse às 5h) e só dormia de meia-noite, para ter mais uma hora de estudo depois que chegasse da pós. Fiquei confiante e comprei passagem para vir ao Brasil no fim de semana da prova. Logo voltei para Barcelona e de lá recebi o resultado de que havia sido aprovado em nono lugar entre os 8.306 inscritos. Para este primeiro Projeto de passar em concurso público, eis os 10 itens que considero mais importantes:
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1. TER ESTRATÉGIA O primeiro ponto é ter uma estratégia para o concurso público, visualizar o Destino e traçar a Meta Smart, exatamente como ensina o Plano de Voo. É comum você ver muitas pessoas se autodenominam concurseiras e saem fazendo todas as provas que aparecem pela frente. Não importa se o assunto agrada, se o conteúdo é assimilável, se haverá interesse em trabalhar com aquilo. A minha estratégia foi escolher um só concurso público que me agradava, em um tipo de órgão que eu gostaria de trabalhar, em uma cidade que me atraía. Depois que escolhi, não fiquei vendo outros, não mudei o foco se apareceu algum que pagasse mais, não titubeei. Estudei somente pensando naquela Meta.
2. ROTACIONAR AS MATÉRIAS Como disse, sou formado em jornalismo, um curso no qual você consegue se graduar sem pegar em um livro, se assim quiser. As matérias do concurso público eram quase que completamente estranhas para mim: fundamentos do setor elétrico, direito administrativo, direito constitucional, orçamento público, ética no serviço público, gestão de pessoas. Tirando português e inglês, eu não sabia nada daquilo. Minha estratégia para estudo foi então rotacionar as matérias do concurso público. Criei uma planilha e listei todas as matérias em uma ordem que alternasse o tipo de conteúdo. Estudava cada matéria durante 50 minutos, cronometrados (se eu tivesse que ir ao banheiro, atender o telefone ou beber água, eu parava o cronômetro).
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Passado o tempo, eu ia para a matéria seguinte. Não importa se eu conseguia estudar apenas uma ou cinco horas ao dia, sempre seguia essa ordem. E sempre anotava tudo na planilha. Essa técnica permite que você faça uma varredura em todo o conteúdo, evitando deslanchar muito em uma matéria e deixar outras para trás. A ideia é avançar em bloco, como diz o André Valongueiro em seus cursos.
3. FAZER MUITOS EXERCÍCIOS Um ponto importante para quem quer passar em concurso público é lembrar-se constantemente de qual é o Meta. A Meta não é conhecer academicamente o assunto. Você não vai escrever uma tese. O que você quer é saber responder a prova e fazer mais pontos que os demais concorrentes do concurso público. Só isso. Para tanto, basta treinar fazendo toneladas de exercícios de concursos anteriores. No meu caso, que morava fora do Brasil e não tinha acesso a cursinhos e muitos livros, a solução foi a internet. Fiz uma assinatura no site Questões de Concursos e fiz toneladas de exercícios para concurso público. Em menos de quatro meses, fiz mais de quatro mil questões. Uma média de mil questões por mês. Treinando dessa maneira, as cento e poucas questões na hora da prova parece que já foram vistas e resolvidas por você. Não há mais medo, não há mais desconhecidos. É só executar o que foi treinado. Usei os mesmos conceitos dos Hábitos do Plano de Voo, só que para algo mais específico: ter praticamente um reflexo condicionado de ver uma questão e já de-
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duzir a sua resposta. Importante ressaltar a divisão do tempo para as questões. Como disse, dedicava 50 minutos a cada matéria. No começo, como eu não sabia nada do assunto da maioria dos tópicos, não adiantava muito fazer questões de concurso público. Então foquei na teoria. Nas semanas finais, quase todo o tempo era para exercícios a só um pedaço para revisão da teoria. De todos os pontos, considero que fazer toneladas de exercícios é a maneira mais eficaz para quem quer passar em um concurso público.
4. USAR SOMENTE MATERIAIS DE QUALIDADE O material através do qual você vai estudar também é de fundamental importância. Nada de apostilas, bizus, macetes, resumos de outras pessoas. Busque o autor mais consagrado da matéria em questão, que tenha obra voltada para concurso público. Isso é importante por causa do que já citei acima: você não quer ser mestre acadêmico no assunto. Você só quer acertar mais questões que os outros em uma prova de concurso público. Minha opinião é que você deve escolher apenas um livro para cada matéria. Depois de estudar o básico da teoria, vá para os exercícios, exercícios e mais exercícios. Preciso confessar que tive que baixar muita coisa da internet. Isso me prejudicou em alguns pontos, pois alguns livros que consegui baixar estava desatualizados. Comprei alguns através da Livraria Cultura, que entrega no exterior, mas cor-
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respondeu a menos da metade do total de material que eu consegui reunir para estudar.
5. FAZER MAPAS MENTAIS Os mapas mentais para concurso público são excelentes para revisões rápidas. No meu caso, comprei uma resma de papel ofício e uma caixa de hidrocor. Para cada assunto que eu achava que merecia, fazia um mapa mental, bem tosco, mas com o essencial para esquematizar o conhecimento. Embora dê trabalho de fazer, ajuda muito na hora de revisar. Revisar todo o conteúdo de uma matéria em coisa de 30 minutos é algo que só dá para fazer com mapas mentais, pois os resumos anotados tomam muito tempo. Além do mais, parece-me que o cérebro registra melhor as informações de forma visual. Procurava revisar os mapas mentais para concurso público todo santo dia, até que um ponto em que eu conseguia fechar os olhos e ver a imagem, lembrar dos desenhos. O interessante é que, depois de um tempo, lembrando de apenas um desenho você vai lembrando dos demais. E aí fica mamão com açúcar.
6. APROVEITAR CADA MINUTO DISPONÍVEL Como falei no começo, a vida continuou durante os meses em que estudei para o concurso público. Continuei trabalhando, fazendo a pós, namorando e cuidando da casa. Um grande amigo nessas horas foi o saudoso iPod. Não sei se você sabe, mas o Governo disponibiliza a Constituição Federal e algumas leis importantes em áudio (mp3) na internet, principalmente para deficientes visuais terem acesso ao conteúdo da legislação. O que fiz foi baixar esses arquivos (e outros que encontrei pela web) no iPod e
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escutar sempre. Todo dia eu tinha que ir para a academia ou correr, preparar o almoço, lavar a louça. Meu trajeto da casa para a faculdade onde eu fazia a pós demorava uma hora de ida (metrô mais ônibus) e outra de volta. Em todo esse tempo, estava eu escutando os áudios com o conteúdo da legislação pertinente ao concurso público. Se o assunto que você está estudando não tem áudio pronto, faça o seu. Grave seu resumo, salve em um mp3 player e escute sempre que puder. Mesmo que sua atenção não esteja totalmente lá, de uma forma ou de outra você está mantendo o cérebro em contato com o conteúdo do concurso público.
7. COMER DIREITO Para fazer tanta coisa, é preciso energia. Por isso não parei com os exercícios durante o estudo. Um ponto que acho que foi importantíssimo no meu caso foi comer direito. Evitei ao máximo comidas que “tiram energia”. Não sei bem explicar quais são, mas você sabe do que estou falando: aquele tipo de almoço que, quando você termina, tudo o que quer é deitar numa rede e tirar um cochilo. Praticamente bani a comida industrializada do cardápio, assim o corpo não tinha que gastar energia com isso. O sono ficou muito melhor e com apenas seis horas por noite, durante meses, eu me sentia novo para o dia seguinte. A dica é não comer industrializados, evitar ao máximo trigo, açúcar e outros carboidratos e dar preferência a proteínas e gordura. Há quem argumente que isso foi psicológico, mas para mim é indiferente. Se funcionava, eu seguia adiante.
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8. NÃO TER UM PLANO B Não sei se esse ponto serve para todos. Ele está relacionado com o primeiro ponto que citei, mas vai além. A questão é que eu não tinha um plano B caso eu não passasse no concurso público. Usei a reserva de grana para trazer livros do Brasil pela Livraria Cultura e comprar a passagem de ida e volta. Fui ao Brasil, fiz a prova e retornei para concluir a pós. Quando você não tem um plano B, dá tudo o que tem para conseguir o objetivo traçado. Sem desculpas, sem frescurinhas. Era passar ou passar.
9. ESTUDAR A PARTIR DA AUTORIZAÇÃO, NÃO DO EDITAL A verdade é que, quando sai o edital de um concurso público, boa parte daquelas vagas já têm donos. Elas são das pessoas que estavam estudando muito antes, desde que tiveram notícia de que o concurso público ia sair. Aprendi isso logo que comecei a acompanhar o fórum do CorreioWeb sobre o concurso que eu pretendia fazer. No mínimo, você precisa começar a estudar quando sai a autorização para o concurso público, que é publicada no Diário Oficial da União. O intervalo entre a autorização e o edital costuma variar entre um e seis meses, no máximo. Do edital para a prova, por lei, é preciso haver um hiato de pelo menos 60 dias. Isso vai dar entre dois e oito meses, no total, para o estudo. Quando decidi estudar, a autorização para o meu concurso já havia saído há dois dias. Peguei o edital do concurso anterior e comecei a estudar por ele. O problema
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é que mudaram a banca e passei os dois primeiros meses estudando coisas que não cairiam (como raciocínio lógico e matemática financeira) e deixando de estudar coisas que cairiam (como ética e orçamento público). Mesmo assim, ainda é a melhor estratégia.
10. FAZER UM SPRINT FINAL Comparar o estudo para concursos públicos com uma maratona é um lugar-comum, principalmente para quem fica anos estudando até conquistar o cargo de seus sonhos. Mesmo que assim seja, é importante preparar um sprint final, aquela corrida de última hora até a linha de chegada. Depois disso, não importa se você não tem mais fôlego, se as pernas estão bambas ou se o músculo adutor da coxa se rompeu. O objetivo já foi cumprido. No último mês antes da prova, cortei tudo o que era supérfluo e até um pouco do que não era. Parei de ir à academia (fiquei só com as corridas de 20 minutos), faltei um monte de aula da pós, tirei o pé do acelerador no trabalho. Até o namoro ficou para escanteio. Tudo o que eu fazia nesse mês final eram exercícios e mais exercícios para o concurso público, alternando com alguma revisão dos mapas e da teoria. Na hora da prova já estava tudo tão automático na minha cabeça que só errei 14 das 120 perguntas que foram feitas e fiz 99% dos pontos da redação.
ENCARANDO UM CONCURSO REALMENTE DIFÍCIL Demorou mais de um ano para eu ser nomeado, pois 2010 era ano de eleições e depois que o novo Governo assumiu as nomeações foram suspensas por seis meses.
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Quando finalmente cheguei a Brasília, já em 2011, vi que não gostaria de ficar trabalhando com energia elétrica para sempre, pois não era um assunto do qual eu gostava. Se estava na capital do país, eu preferia ir para perto da Política, assunto de que sempre gostei. Na cidade muita gente falava do concurso do Senado Federal, conhecido como uma excelente casa para se trabalhar, tanto pelos bons salários quanto por ser o local em que as leis do país são feitas e aprovadas. O problema é que todo mundo queria esse concurso, tanto que a concorrência para o cargo que fiz foi de mais de 1.200 candidatos por vaga. A título de comparação, o concurso na Agência de Energia Elétrica tinha “só” 230 candidatos por vaga. Com mais tempo, mais experiência e estando no Brasil, fiz algumas coisas diferentes para esse segundo Projeto de passar em um concurso público. Eis as mais importantes:
1. ANTECIPAÇÃO AO EDITAL Diferente do primeiro concurso público, dessa vez pude me preparar com antecipação. No total, foram 10 meses de estudos praticamente ininterruptos, porém divididos em duas fases: • Antes do edital do concurso público: Estudava cerca de duas a três horas por noite, após o trabalho, e a mesma quantidade no sábado e no domingo. Usava o sistema de rotação de matérias e me baseava no edital do concurso público do Senado de 2008. • Após o edital do concurso público: Estudava de oito a dez horas por dia, mesmo
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trabalhando por 8 horas. Passei a dormir menos, fazer cursinho e intensifiquei o uso dos mapas mentais. Adotando essa estratégia, consegui cobrir todo o edital do concurso público de 2008 antes mesmo de o edital ser publicado. E tive a grande surpresa de o edital publicado em 23 de dezembro de 2011 ser exatamente igual ao de 2008, que já era uma republicação do edital de 2001. Para se ter ideia de como era exatamente igual, o edital de 2012 trazia no assunto Atualidades temas ocorridos há mais de dez anos (!), tais como: • A desvalorização de janeiro de 1999 e seus impactos sobre a produção, a renda e o balanço de pagamentos. • A crise de 1997 dos “tigres asiáticos” e demais países do leste asiático e seus reflexos na economia brasileira. • As crises da Rússia e da Argentina e seus reflexos na economia brasileira. Esse foi apenas o primeiro dos problemas que a banca do concurso público, a Fundação Getúlio Vargas (FGV), traria para os candidatos. Mais sobre isso adiante.
2. REPETIÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE SUCESSO Como em time que está ganhando não se mexe, repeti exatamente as mesmas estratégias que deram certo no primeiro concurso público, a saber: • Rotação de matérias • Toneladas de exercícios no Questões de Concursos (total de 9.820 questões respondidas só no site nos 10 meses em que estudei para este concurso) • Escutar leis e a Constituição em áudio ao dirigir ou executar outras atividades (lavar louça, fazer supermercado, lanchar etc.)
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• Log do tempo de estudo, desta vez usando o aplicativo Eternity Time Log (exemplo de relatório do aplicativo abaixo, compreendendo o período de dezembro a maio, quando o edital já estava publicado)
3. CONCILIAR ESTUDO E TRABALHO FIXO No concurso público anterior, eu tinha um trabalho que me permitia organizar meu próprio horário, afinal a empresa era minha. Para o concurso público do Senado Federal, eu já era servidor público em Brasília, com carga horária de 8 horas e um intervalo de almoço de, no mínimo, uma hora. Como havia passado no concurso público anterior há menos de um ano, eu não tinha direito a férias. Dessa forma, tive que arrumar um jeito de gerenciar o tempo para estudar para o concurso público enquanto trabalhava 8 horas por dia. Eis as atitudes que tomei após a publicação do edital do concurso público: • Passei a dormir apenas 6 horas por noite, das 0h às 6h • Passei a estudar antes de ir ao trabalho, das 6h às 7h30 • Troquei o almoço por um shake substituto de refeição para ganhar mais uma hora diária de estudo • Larguei todas as atividades paralelas (academia, blogs, seriados etc.) • Passei três meses sem ver família e noiva, pois não ia mais ao Recife (minha terra natal) Uma vantagem que tive é que da minha casa para a agência onde trabalhava, em Brasília, o percurso durava apenas 8 minutos, sempre sem trânsito. Para quem não tem essa facilidade, não recomendo voltar para casa na hora do almoço, pois o tempo perdido no trânsito pode ser maior do que o tempo ganho de estudo para o concurso público.
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4. ABUSAR DOS MAPAS MENTAIS Como disse, eu já havia utilizado os mapas mentais no primeiro concurso público. Dessa vez, no entanto, foquei grande parte do meu estudo na produção e revisão dos mapas mentais. Foram mais de 100 mapas mentais desenhados para o concurso público do Senado. Fiz isso porque grande parte da matéria a ser estudada tratava de processo legislativo e fluxos de regras regimentais. Esse é o tipo de estudo que fica muito melhor em forma de mapa mental (sobretudo fluxogramas) do que em anotações em caderno. Fotografei todos os mapas mentais com o smartphone e sempre que podia (filas de supermercado, banheiro, espera para reuniões etc.) ia revisando os mapas, um a um.
5. FAZER CURSINHO No primeiro concurso, eu morava na Espanha e não tiver oportunidade de fazer cursinho. Mesmo que morasse no Recife, teria dúvidas se faria cursinho pelo fato de considerar uma grande perda de tempo com deslocamento, intervalo, espera pelo professor. Além disso, nem sempre os professores são de qualidade. Dessa vez, no entanto, morava em Brasília e havia um consultor do Senado, profundo conhecedor do Regimento Interno da casa, oferecendo cursinho. Fui a uma aula gratuita inaugural e, para minha extrema sorte, ganhei uma bolsa integral sorteada pelo cursinho. Não me arrependi de ter ido às aulas, tanto que acertei 100% das questões relacionadas a Regimento Interno e processo legislativo no concurso público do Senado. Mas continuo com ressalvas quanto aos chamados concurseiros que passam boa
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parte do dia assistindo a aulas em vez de estar estudando sozinho.
6. ADMITIR OS ERROS Como se pode imaginar, o ritmo de estudo após a publicação do edital do concurso público foi extremamente intenso. Na reta final, o desempenho começou a cair, até pelo fato de o ganho marginal com as revisões depois de tanto tempo ser muito pequeno. Outro ponto importante é que eu fiz duas provas de concurso público no mesmo dia, uma pela manhã e outra pela tarde. Passei nas duas vagas, mas só a da manhã dentro do número de vagas (fui o 17º entre cerca de 30 mil candidatos). O meu desempenho à tarde, que era o cargo para o qual mais me interessava, caiu bastante. Tanto que só consegui concluir a redação nos últimos minutos da prova da tarde. Um terceiro erro foi dar excesso de importância às matérias específicas e um pouco menos a português. Considero português a minha melhor matéria em concurso público, até pela minha formação como jornalista. Porém, a banca do concurso público do Senado (FGV) faz uma prova sui generis de português, cobrando conhecimentos gramaticais raros e até mesmo controversos. O que me faz ir ao último ponto:
7. SUPERAR A BANCA A FGV fez lambanças do início ao fim do concurso público do Senado Federal. Para se ter uma ideia, a dispensa de licitação da banca foi publicada no Diário Oficial e na mesma edição já saiu o edital do concurso público. Ou seja, em teoria, a banca teve apenas um dia para preparar o edital. Talvez por isso tenha republicado o edital de 2008, que por sua vez já era uma republicação do edital de 2001.
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