Universidade Federal da Bahia Escola de Belas Artes
DEPARTAMENTO I - HISTÓRIA DA ARTE E PINTURA Anderson Marinho da Silva
Ponto 2 Pigmentos, aglutinantes, veículos, cargas e suportes: da pré-história aos desafios da atualidade.
2
Ponto 2 Pigmentos, aglutinantes, veículos, cargas e suportes: da pré-história aos desafios da atualidade.
2
Tinta: pigmento + aglutinante + veículo. Alguns pigmentos podem pod em ser corantes.
Corante + mordente (fixativos para tinturas)
3
Pigmentos: Orgânicos: vegetal e animal São derivados de hidrogênio e carbono.
inorgânicos (contém átomos de metais e podem ser sintéticos)
4
5
Sangue de dragão 6
Tabela de pigmentos inorgânicos
Branco
Óleo zinco chumbo titânio
Têmperas
zinco
Negro Vermelho
Aquarela
marfim
Azul
Amarelo
Cádmio, nápoles, de marte e siena natural
Cal ou gipsita Fumo
cádmio, indiano e de marte ultramar e cobalto
Afresco
+ óxido de ferro
Ultramar
menos nápoles
mais cobalto
Violetas
Cobalto e de marte
Marrom
De marte e sombra queimada
Cádmio, indiano e de marte Azurita e Azul Egípcio. Ocres
Sem 7 recomendações
8
9
Aglutinante – fixa o pigmento ao suporte (colas).
10
Veículo –Segundo Halph Mayer (1999, p.712) As tintas são feitas com um pigmento (cores em pó) mais um líquido que serve de veículo (que transporta) também é utilizado o termo medio. OBS: pode ter um aglutinante ou não.
11
Cargas – pigmentos inertes: carbonatos de cálcio e magnésio, pó de mármore, pedra-pomes, silica, hidrato de alumínio, mica, blanc fixe (cal apagada) e barita. servem para conferir volume, reforço da película, maciez e redução do preço.
12
Suporte - tudo aquilo que suporta alguma coisa, aquilo que em algo esta preso, se firma ou se assenta. Gênesis - O corpo
13
Pintura de corpo Kadiwéu 1895. Mato Grosso do Sul 14
Pintura corporal com jenipapo. 15
16
Escarificações: iniciação, religião e identificação. 17
Suportes utilizados na antiguidade. Espécie
Origem
Época
Local
Rocha
mineral
Pré-historia
Todos os continentes
Placas de argila Madeira, papiro Pergaminho Algodão, linho e cânhamo Seda
mineral Vegetal Animal
2.500 a.C 3.000 a.C 1.000 a.C
Mesopotâmia Egito Egito
Cobre, prata e ouro
mineral
Antiguidade
Egito, Grécia
Mármore
mineral
Antiguidade
Grécia
Vidro
mineral
Antiguidade
Egito
vegetal
2.000 a.C
Animal
Egito
China 105 d.C
18
Materiais primitivos Aglutinantes: Seivas de árvores, gorduras de origem animal, frutas, sangue (depois de oxidado se tornava escuro. Pigmentos: óxidos (terras vermelhas); tabatinga (carbonatos), carvão de origem animal e vegetal
19
Registros rupestres
20
Pinturas sobrepostas em paredão rochoso. Parque Nacional da Serra da Capivara. Toca do Boqueirão da Pedra Furada, PI. 21
Pernambuco
Sítio Alcobaça
22
A cor predominante é a ocre (óxido de ferro) que é obtida a partir da hematita, mineral muito comum na região, Amarelos - argila amarela e hematita. Branca (argila branca ou tabatinga). Preto - carvões e ossos queimados. 23
Vincent-Castiglia
24
Pigmentos, procedimentos técnicos
25
Almofariz e moletas e pedra e de vidro
26
27
Afrescos Suporte: parede de alvenaria ou rochas Aglutinante: argamassa de cal. Pigmentos minerais. Tradição greco-romana que se desenvolve na Europa Cavernas de Ajanta. Chiapias, México. Murais modernos. 28
Procedimentos
29
30
A pintura em argamassa de cal foi utilizada durante toda a história da pintura. Do Egito a Itália e América pré espanhola.
31
Vila dei misteri
32
Final da República Romana. Segundo estilo de Pompéia 60 a.C 33
Villa Lívia. Prima porta, Afrescos 20 a.C
34
35
Vantagens É um suporte que dependendo dos materias construtivos se torna muito permanente, contudo para as paredes externas as intempéries do tempo acabam por diminuir a sua vida util. Desvantagens Devido a química encontrada nos materiais de construção, a parede tem que ser preparada com produtos que reduzam por exemplo a sua acidez, além ser necessário utilizar tintas foscas para que se evite os reflexos que atrapalharia sua interpretação. 36
Cerâmica 37
Esmaltação, vitrificação. Cofres relicários. Esmalte de Limoges, início do século XIII.
São Gregório, esmalte de Limoges sobre placa de cobre Jacques Laudin (1627-1695) 38
Vitral da catedral de Colônia, Alemanha 39
O termo vem do latim/Italiano: temperare. A definição poderia ser aplicada a todos os tipos de pintura por se tratar de uma prática, contudo, está associada as tintas que podem se dissolvidas em água: ex: guache. têmpera Composição: Aglutinante + pigmento Aglutinantes: Goma arábica, ovo, colas de cartilagem, caseína. Características: Opaca (por conter pigmento inerte branco). 40
Acácia Goma Arábica 41
Outras gomas
Amalciga holandesa
Copal
42
Têmperas desenvolvidas desenvolvidas com colas animais
43
Cola de Caseína do leite na pintura.
44
Aplicação da tempera. Inicialmente podemos dizer que a têmpera ou Guazzo para o flamengos é uma tinta para aquarela opaca devido a seu alto poder de cobertura. Para pintar a guache se utiliza papel ou madeira previamente preparada.
Para MAYER (1999, p.369) Sua aplicação pode ser feita em campos de cor delimitados, lisos e precisos e também de forma mais livre. 45
Ovo, caseína e colas de origem animal (proteínas): Na antiguidade, idade média até os nossos
dias Nanquim – China antiga Aquarela - China antiga Guache – Frandes, Bélgica. Polímeros Acrílicos - Industria moderna
46
Papel, papiro, pergaminho e painéis de madeira são utilizados desde a antiguidade. Suportes modernos: papelão, compensados, MDFs (preparados devidamente)
47
Papel – Pode ser preparado com uma mistura de gelatina (30g para 1000ml de água). Com exceção do papel para aquarela.
48
Papelão – muito apreciado no modernismo. Pode ser utilizado sem base de preparação, contudo escurece a pintura e o pepelão torna-se quebradiço se for utilizado o óleo de linhaça. Para prevenir estes problemas se utiliza a mesma base da tela e da madeira.
49
50
51
O mundo católico e as Iluminuras Feitas com colas animais e têmperas a ovo.
52
Os Makamats – de Al .Hariri. Iraque, Séc. 1237. Biblioteca Nacional de París.
53
Os Makamats – de Al Hariri. Iraque, 1237. Biblioteca Nacional de París.
54
Goma laca Ilustrações de José Antônio Altzater, 1777 Diluído em álcool.
55
Capital do sul: Nan jing. Desenvolvida a partir da fuligem deixada pelo carbono. É uma das técnicas mais antigas. Existem dois tipos: Solúveis e insolúveis (com goma-laca + bórax: tetraborato de sódio) Composição: Goma arábica + pigmento (negro de fumo) + água. Curiosidades: Durante muito tempo foi extraído comercialmente de glândulas de cefalópodes: Polvos e lulas. OBS: O branco para a técnica é o próprio papel.
56
57
58
Da esquerda para a direita: cinco penas de desenho, três penas caligráficas de ponta redonda, três de ponta oblíqua e três de traço extragrosso 59
Aplicação da tinta nanquim Bico de pena: hachurra ou linear.
60
Pincel: Linear espontâneo ou manchas de cor
61
62
Segundo Edson Motta ( 1976, p 95), as origens da aquarela são difíceis de serem determinadas embora suas raízes sejam encontradas na China desde as mais antigas dinastias. Estas origens estão ligadas ao grafismo oriental; já Confúcio aconselha o uso de cores diluídas em água. Os chineses da antiguidade produziram a aquarela em seu sentido mais puro; data desta época provavelmente o aparecimento do papel, que surge na China no ano 105 a.C., cabendo esta invenção a Ts’ai Lun.
Composição: Aglutinante + pigmento Aglutinantes: Goma arábica. Características: Opaca (por conter pigmento inerte branco). 63
Segundo Motta (1976, p 95), há registros históricos com os Persas, Egito (paredes dos monumentos, papiros e objetos de madeira). Ex: “Livro dos Mortos”. Na Pré-renascença: Albercht Durer; no Barroco: Rubens e Rembrant. No século XIX: Jonh Constable (1776-1837), Thomas Girtin (1775-1802) que ficou conhecido como “pai da aquarela”e Turner (1775-1853); com os pintores Impressionistas. Aquarela no Brasil: Os pintores itinerantes: Frans Post e Albert Eckhout, Debret, os ingleses. Na Bahia: Carybé. 64
Aplicação da tinta aquarela Seco - A tinta é usada diretamente no papel seco, embora umedecendo ás vezes parte do trabalho, para conseguir certos efeitos específicos – fácil interplanação de tons, paisagens esfumaçadas. As tintas podem ser sobrepostas até três cores, podendo ser a pintura removida parcialmente por lavagens e secagem com o auxilio do mata-borrão. Úmido. O papel é mergulhado na água ou molhado obtém-se uma pintura com transparência, melhor fusão das cores, passagens suaves de tons e interpenetração ser recortes evidentes. 65
"Que coisa esplêndida é a aquarela para expressar atmosfera e distância, de modo que a figura é envolvida pelo ar e pode respirá-lo, como de fato era.“ Vincent van Gogh, Carta 163. 18 Dezembro de 1881. 66
Albert Dürer
Wiliam Turner. Parlamento britânico em chamas. 67
Aquarela no Brasil do Século XIX.
Frei Agostinho da Piedade XVII
68
Wassili Kandinsk Abstracionismo 69
Carybé
70
Suas origens estão relacionadas com a indústria automotiva. Foram desenvolvidas na metade do século XX.
Composição: Polímero acrílico + pigmento Características: Seca rapidamente, é elástica (forma uma película plástica), é vendida em vários formatos e tamanhos e é considerada uma técnica permanente. Na pintura contemporânea é muito utilizada pela sua praticidade. 71
Aplicação da tinta acrílica
Aguadas Aplicação de camadas Diretamente da bisnaga Espatulado
Obs: apesar de não ser tóxica, durante a secagem emana alguns gases prejudiciais principalmente aos olhos (solvente coalescente segundo MAYER 1999, p.282)
72
Pintando com cera no Egito.
73
Encáustica – pintura com cera de abelha. Suportes de madeira: Na metrópole de Fayun foram encontradas várias pinturas sobre madeira. Além do Egito, quase todas as grandes civilizações fizeram trabalhos pintados sobre madeira.
74
Plínio e seus relatos sobre encáustica. A encáustica na Academia de Artes Inglesa do séc. XVIII Encáustica fria Experiências em sala de aula
75
A madeira: da antiguidade aos nossos dias.
76
As madeiras mais utilizadas são: Da familia das Angyospermas –As que tem sementes protegidas por frutos. Monocotiledôneas – Gramineas, ervas e bambú (para produção de papel. Dicotiledôneas – Madeiras de lei, frondosas. Da família das Gymnospermas – Sementes nuas, sem invólucro. Côníferas ou resinosas – Madeira em forma de cone: Secóia, pinheiro, araucária, cedro etc.
Arvores de madeiras claras. (possuem mais celulose)
77
A produção dos painéis
78
79
Painéis contemporâneos Engradados de madeira – São fixados entre os painéis e a parede, evitando-se assim a umidade além de pemitir que o trabalho seja removido com maior facilidade. Em alguns painéis são utilizados t rilhos para fixar o painel.
Compensados – Colados com resina de Uréia, sempre em número ímpar. Aglomerado Madeira ralada e prensada com cola.
MDF Fibra de média densidade – prensado a quente.
80
Vantagens Fácil de ser trabalhado.
Variedade e Disponibilidade em quase todos os países. Durabilidade ou permanença. Beleza do suporte.
Desvantagens Fácil combustão. Higroscópica – sofre dilatação ou retração. Suscetível ao ataque de insetos xilofagos. Exudação. 81
Tipos de base para madeira ou tecido Base de preparação : Cola de carpinteiro, peixe ou coelho + gesso + funjicida. 70g p/ 1000ml água + cotas de timol. Também pode ser incluido o Alvaiade. Fundo magro - base de preparação sem óleo – resultado fosco. Fundo gordo – Quando a cola está quente, coloca-se 25% de óleo de linhaça – resultado semi-fosco. Fundo magro menos absorvente – Aplica-se uma mão de cola sem gesso para impermeabilizar. Ao secar, no outro dia, aplica-se outra demão ja misturada com o gesso cré. Ao secar dá outra camada de cola pura. Resultado brilhante.
82
Óleos secativos Os óleos não secam por evaporação e sim por oxidação ou absorção do oxigênio do ar. Várias reações químicas transformam a película final em uma substância diferente, tanto em suas propriedades físicas quanto químicas.
Óleo de linhaça – Extraído de sementes maduras do linho (Linum usitatissimum). • Prensado a frio e extraído com o auxilio do vapor.
83
Tinta a óleo. Aspectos históricos
84
Diluentes e agentes Óleo de linhaça e a terebintina.
Óleo de linhaça – Por ser o mesmo veículo que é moído a tinta, pode ser utilizadas para torná-las mais maleáveis, porém deve ser utilizado com restrições pois em grandes quantidades deixa as pinturas amareladas.
85
Essência de terebintina – É feita a partir da destilação da espessa seiva resinosa dos pinheiros. Originalmente toda a exsudação* bruta ou óleo-resina era conhecido como terebintina, mais tarde o produto volátil da destilação foi chamado de “essência de terebintina”. Usada para diluir a tinta, pois facilita a sua manipulação sem causar efeitos reativos na pintura e pode ser utilizado também para limpar os pincéis. Atualmente ela está sendo substituída pelo ecosolve, que funciona igualmente sem possuir aquele odor característico.
*Emitir, exalar em formas de gotas ou de suor. 86
Tecido. Tem maior resistência, movimenta menos nas variações climáticas. Normalmente possuem 70 % de celulose e 30% de fibras. Linho, algodão, juta, cânhamo.
87
Vantagens e desvantagens deste suporte.
Vantagens Material de fácil manipulação e com tamanhos variados. Facilidade de transporte, podendo ser retirado da chassis. Desvantagens Enfraqueceimento do tecido com o tempo, umidade, deslocamento da trama devido a variação atmósférica. Sofre ação de mofo (fungos e bactérias).
88
Procedimentos Antes de começar a pintar deve-se verificar se o suporte suporte esta livre livre de impurezas e umidade. Encolagem – Colas (animal, vegetal e ou sintética como o CMC). Base de preparação - Antigamente Antigamente era feita com cola animal+ Alvaiade e gesso cré. O tema desenhado e fixado (com cola). Imprimatura – Véu aplicado ao fundo como camada preliminar A regra do “gordo sobre magro ”.
A sua aplicação pode ser lisa ou com texturas, texturas, além de associada a cargas. 89
Leonardo D’Vince
90
No Brasil desde a chegada dos portugueses foram utilizadas várias madeiras para trabalhos artísticos e construções, entre elas: Cedro, Vinhático, Ipê, louro, cerejeira, jacarandá e peróba.
91
Teto do Solar Ferrão 92
Novos materiais e novas experiências PVA Esmaltes sintéticos Spray Tintas feitas com vernizes - Maimeri per restauro Hxtal Tintas especiais para Body art.
93
Novos materiais
94
Pintura corporal 95