UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS RELAÇÕES INTERNACIONAIS 4º PERÍODO – NOTURNO NOTURNO TEORIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS PROF.ª PAULO ROBERTO FERREIRA
ÍTALO ZORZAN VELASQUES Perspectivas Perspectivas construtivista nas Relações Internacionais Alexander Wendt 1 nasceu em Mainz, na Alemanha, em 1958. Este concluiu concl uiu o bacharelado no Colégio Macalester em 1982 e recebeu o PhD na Universidade de Minnesota. Além disso, desde 1989, Wendt leciona no Departamento de Ciência Política da Universidade Uni versidade de Yale. Até hoje, o teórico tem direcionado seu trabalho contra as perspectivas teóricas neorrealistas e neoliberais, as quais foram predominantes no estudo norte-americano das relações internacionais no final de 1980. Assim, por meio de sua contribuição para o desenvolvimento da abordagem construtivista, Wendt se tornou um dos principais pensadores das relações internacionais. 2 Em Anarchy is what states make of it , Alexander Wendt procura formar uma ligação entre realismo e o liberalismo a partir de uma perspectiva construtivista originada de uma sociologia interacionista. Para isso, o autor critica de forma contundente o neorrealismo, pois este pressupõe que o sistema de autoajuda é dado pela estrutura anárquica. Assim, Wendt defende a ideia de que a existência das políticas de poder e autoajuda se dá em virtude dos processos e não da estrutura estrutura do sistema internacional. internacional. Com o intuito de responder a essas questões, o Alexander Wendt enfatiza os seguintes conceitos: autoajuda, políticas de poder, anarquia, conhecimento intersubjetivo, e estrutura de identidades e interesses. Segundo Wendt, o sistema de autoajuda e as políticas de poder são formados a partir dos processos de interação entre os Estados e, por isso, não representam uma característica constitutiva da Anarquia, mas sim instituições. Em relação ao conhecimento intersubjetivo, afirma que este é constituído por um a “formação da vontade social”. Além disso, para o autor, os interesses se fundamentam nas identidades que, por sua vez, são definidas socialmente com base nas teorias que cada ator possui sobre si e sobre os outros. Conforme Wendt, os interesses e as identidades podem ser modificados através da 1
WENDT, Alexander. Anarchy is what states make of it. International Organization, v 46, n.2, 1992. p.
391-425.
1
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instituição da soberania; do aumento da cooperação; e do empenho em transformar os interesses individuais em coletivos. Ademais, Alexander Wendt afirma que “a anarquia é o que os Estados fazem dela”, em
outras palavras, esse pensador acredita que a noção de anarquia é construída socialmente. Sendo assim, compreende-se que os interesses e as identidades dos Estados são construídos por estruturas sociais. Desse modo, pode-se concluir que o sistema internacional pode sofrer mudanças de acordo com as ações dos atores desse sistema. Wendt ainda ressalta que, embora as políticas de poder sejam construídas socialmente, não há garantia de que elas sejam flexíveis. Pois, os interesses dos Estados podem inibir alterações no sistema internacional e, também, porque existe uma espécie de confronto entre os mesmos, o que acaba por estimular determinados comportamentos por parte dos atores internacionais. Assim, por meio de uma abordagem construtivista do sistema internacional, Alexander Wendt faz uma importante e abrangente análise da política internacional, vista, então, como uma construção social. Ademais, trata-se de uma obra que desenvolve e conclui de maneira coerente as questões que se propôs a estudar. Dessa forma, o autor apresenta argumentos plausíveis para demonstrar a importância da visão construtivista no debate das relações internacionais. Portanto, ao oferecer essa perspectiva alternativa para a interpretação da política mundial, Anarchy is what states make of it se constitui em uma importante obra para a disciplina das Relações Internaciona I nternacionais. is. Por um lado, há o sistema de segurança “competitivo”, no qual os estados identificam se negativamente com a segurança do outro, de modo que um ganho do “eu” é visto como uma “perda” do outro. A identificação negativa sob a anarquia constitui sistemas de política de poder “realista”: atores avessos
ao risco que inferem intenções das capacidades e se
preocupam com ganhos e perdas relativos. No limite li mite – na na guerra hobbesiana de todos contra todos – a a ação coletiva é quase impossível em tal sistema, pois cada ator deve constantemente temer ser apunhalado pelas costas. No meio, há o sistema de segurança “individualista”, no qual os estados são
indiferentes no que diz respeito à relação entre a própria segurança e a dos outros. Isto constitui o sistema de segurança “neoliberal”: os estados ainda prezam a
si
próprios em relação à sua segurança, mas estão primariamente preocupados preocupados com ganhos absolutos do que relativos. A posição de um estado na distribuição de poder é menos importante e a ação coletiva é mais possível (apesar de ainda estar sujeito ao parasitismo,
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próprios com a dos outros, mas, pelo contrário, tratam a segurança como uma responsabilidade individual de cada um. Dada a carência de uma identificação cognitiva positiva como base para construir regimes de segurança, a política de poder em tais sistemas consistirá necessariamente em esforços para manipular os outros a fim de satisfazer interesses próprios. Isso contrasta com o sistema de segurança “cooperativo”, no qual os estados
identificam positivamente uns com os outros para que a segurança de cada um seja percebida como responsabilida de de todos. Isto não é “autoajuda” em nenhum sentido interessante, uma vez que o “eu”, nos termos em que os interesses são definidos, é a comunidade; os interesses
nacionais são interesses internacionais. Na prática, é claro, o ponto até o qual os estados se identificam com a comunidade varia, desde a forma limitada encontrada em “concertos” até a forma mais madura vista em arranjos de “segurança coletiva”. Dependendo de quão bem desenvolvido seja o “eu” coletivo, produzir -se-ão -se-ão
práticas de segurança que são, em graus
variáveis, altruísticas ou pró-sociais. Isto faz a ação coletiva menos dependente dependente da presença de ameaças ativas e menos inclinada ao parasitismo. Ainda mais, reestrutura esforços para avançar os objetivos de alguém, ou sua “política de poder”,
em termos de normas
compartilhadas, compartilhadas, em vez de poder relativo. Nessa visão, a tendência nos estudos de relações internacionais em ver o poder e as instituições como duas explanações opostas de política externa é, portanto, ilusória, uma vez que a anarquia e a distribuição de poder só têm significado para a ação estatal em virtude dos entendimentos e expectativas que constituem identidades e interesses institucionais. A autoajuda é uma dessas instituições, constituindo um tipo de anarquia, mas não a única. A definição em três partes de Waltz sobre a estrutura, portanto, parece pouco especificada. De modo a ir da estrutura para a ação, temos que agregar uma quarta explicação: a estrutura de identidades e interesses intersubjetivamente constituída no sistema.
Referências: Wendt, Alexander. Anarchy is what state make of it: the social construction of power politics. International Organization, vol 46, n 2, 1992, p.420-427 (Texto traduzido disponível no espaço “Material da disciplina ou em:
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