PENTAGRAMA ium Rosicrucianum
s t a d o o Lec t or i s R e e v v i
s p ec d i i ç ã o o e s e d ç ã ec i a l
Em Busca do Gra a l Sagrado
EM BUSCA DO SANTO GRAAL INÚMEROS SÃO OS QUE PROCURAM O GRAAL
OS CÁTAROS NO CAMINHO DO SANTO
GRAAL
MUNDO
ORIGEM E SIGNIFICADO DAS LENDAS DO GRAAL
O GRAAL CÉLTICO E A SAGA DE ARTUR
A VIAGEM DO ORIENTE AO OCIDENTE
PRESENÇA DO GRAAL
O LIVRO DOS REIS DA PÉRSIA ANTIGA
NO
EM CADA UM
PARSIFAL – O CAMINHO DO PESQUISADOR
KITESJ, SÍMBOLO DE UM COSMO INVIOLADO
PENTAGRAMA Te m a d e s t e n ú m e r o :
E m b u s ca d o Sa n t o
ÍNDICE
02 E M
B USC A D O SA N T O G R A A L
G r aa l
03 I N Ú M E R O S S Ã O
OS Q U E P R O C U RA RA M O N O MU ND O
Muitos grupos orientados espiritualmente utilizam, em seus emblemas, o sí mbolo do G raal. O
Graal está
na moda. Ele é cada vez mais conhecido e procurado, da mesma f orma como na Idade Média. Suas lendas eram, então, a f orma pela qual uma
mensagem secular
seria outra ve z transmitida à
humanidade.
GRAAL
06 O G R A A L C ÉL É LT I C O SA G A D E A R T U R 11 P R E S E N Ç A
DO E M C A DA U M
E A
GRAAL
12 PA R SI F A L –
O C AM AM I N H O D O P E S Q U IS A D O R
18 O S C Á T A R O S N O C AM AMI N H O D O SA N T O G R A A L 24 O R I G E M E S I G N I F I C A D O DAS L E N D AS D O G R A A L 29 A
V I A G EM EM D O AO O C I D E N T E
O RIENTE
32 O L I V R O D O S R E IS P É R SI A A N TI TI G A 39 K I T E SJ
DA
LO DE UM C O S M O I N VI V I O LA LA D O ,
SÍ M B O
E D I Ç Ã O E SP E C I A L D I A P ORTA S A BERTA S C E N TR TR O D E C O N F E R Ê N C I A S P E D R A A N G U L A R JA R I N U ,
24 D E O U T UB UBRO
DE
2004
Em busca do San to G raa l
A bus c o G r em a s e em raa ca a d o a a l é um t e p r e l. É um s í ím b olo olo uni v e l t ua l. re a t ve r r s s a a l er d e er d e d a c a d d : : a v e d d a bus c a d a a v e a d e a d e r a r a e t er n e a p r e e e t a nd o o a qua nd t e s n r a que s e re s er huma no a l lc a e d e e s ua s t e s e s r c a n ç a a o li mi t po ss ib b ili i li d da d e s s . Foi a ss im na I d da d e ss i ss i a d e a d e éd i i a on t i inu ua a im a i ind d a M é ss i d n n a , e c o a a ss a hoje. e meio t e em po, a huma ni M a as s ne ss ss e d a d d nd i iv v í í du d uo – e v vol o l ui u. ad e – e c a ad a a i nd em o u p a l, p a P a ar r a a o b e ar r a a o ma l, ar r a a o lt o, p a va o o E s i t o t o, t o s pí r ri ç a l ar r a a uma ele v a ç ã ão a o iv i i n o, o u p a i xo, d e es c e d o o d i v c nd n ar r a a b a aixo, s e em p r e is no a b bi i s m ér i i a a ma t a . t é s e s s o d a re ma i r
Cada época
ecebe novas possibilidades que lhe são específicas. Fronteiras claras devem encerrar o passado. E não teria nenhum sentido querer atravessar de novo essas f ronteiras unicamente para procurar, no passado, elea inda ho je válidos. A verdade mentos ai permanece sempre a mesma, embora, a cada segundo, ela se apresente de modo novo, diferente. E o ser humano é, sempre de novo, convidado a colaborar com esse processo de renovação, como participante consciente da Criação. Assim também o Graal, em nossos dias, não é o mesmo Graal dos séculos passados. E f uturamente ele também não será o mesmo que é agora. Mas sua essência não muda e somente ela pode auxiliar o pesquisador a dar mais um passo no seu caminho. Os contos do Graal são uns mais lindos que os outros, cativantes e simbolicamente puros. Mas nenhum pode fazer o pesquisador progredir se este não descobrir e não compreender interiormente sua mensagem para realizá-la em sua própria vida. 2
r
Por isso, este número sobre a busca do Santo Graal não é um relato histórico, mas, sim, o testemunho consciente e autêntico do caminho que deve, de fato, ser seguido para a conquista do Santo Graal, a taça que pode transmitir o Amor divino, transmutado em uma Força a propriada para i ndicar e iluminar o caminho de cada pesquisador. Assim, a queles que participaram da elaboração deste número não hauriram somente das riquezas do passado, mas voltaram-se principalmente para o f uturo glorioso que se abre para a humanidade nos tempos presentes. Esperamos que estes textos, trabalhados a partir das alocuções pronunciadas por ocasião do simpósio sobre o Graal, acontecido em 24 de maio de 2001, no Centro de Con fe rências Christianopolis, em Birnbach, na Alemanha, permitam ao leitor aprof und undar sua compreensão sobre o mistério do Graal.
A Redação
são os que p rocuram o G raa l Inúme ros sã no mundo
As le nd nd a em c o o nh nhe c i d da o G r l raa ci as s b e a s s d o a a l ó d ã o uma pe qu éi a s ó que na i d d éi ã o a d a a i me ns a i a ge m a i nfl uê nc i a d a a me ns a a ge que t r ra ia l a e e e a ns mi t a m . E l as s a p r re a- t i s nt a s v a nho e s s pi i t l que t ua l r ri am um c a am i nh on s e e r v ou t o o d da ia t â rv o c o a a s ua i m po r rt â nc i a p a e hoje. A fo nt e e a r ra a o ho me m d e e ss ge m é a G no s i s , a v e e r d e a me ns a a ge ss a si s r d a d e uni v ve e r r s s a l , pe r c eb b i i d d a ad e a l, a e t r ra a n s rc e id d a o b b a fo r rm e uma v i id d a mi t t i a s o a d e a on c r e ege ne r d or a t a re t ra r c o a e r ege a d o a .
A busca do G aal não é, po tanto, r
r
uma ficção, e muito menos o relato de acontecimentos sobre os quais podemos discutir científica ou filosoficamente. Trata-se de uma prática de vida adotada de f orma direta e radical pelo pesquisador a caminho para a verdade vivente. Para conceber um pouco a grand iosi dade desse impu ls o, ao mesmo tempo secular e tão atual, este caminho deve compreender a mensagem libertadora oculta em cada feito heróico dos cavaleiros do passado. Esses acontecimentos apresentam dois aspectos, duas dimensões: por um lado, um aspecto humano transmitido pelas aventuras pitorescas dos cavaleiros; por outro lado, a dimensão divina alcançada a pós a execução desses atos heróicos. O aspecto humano aparece diretamente na luta contra o orgulho, O Graal, Graal, fonte a tolice e o escândalo da ignorância de vida. vida. O cervo cervo com referência à vida superior. Estes simboliza a alma sedenta, sedenta, os pavões, são os i nimigos ca racterísticos daqueo homem dialético les que partem em busca interior do que a água Viva Castelo do Graal. dessedenta dessedenta.. Baixo Parsifal con seg ue vence r se us relevo de pedra, Itália, século IX IX ou X adversários com o auxílio da f orça interior que lhe é sempre concedida. d.C. Staatmuseum Staatmuseum,, Berlim. Mas, apesar de sua coragem e de sua
genialidade, ele ainda não pode encontrar a Luz. Ele é levado pela inquietude e pela agitação provocadas por seu desejo do Graal. Mas sua vitória sobre o Cavaleiro Vermelho lhe dá o poder de penetrar no castelo do rei Artur. Podemos con si derar o Cavaleiro Vermelho como a alma natural, intei3
amente devotada à vida terrestre. Para o pesquisador autêntico, ela é o primeiro obstáculo a ser superado se ele quer alcançar a vida superior da alma. Seu caráter e o meio no qual ele vive, portanto sua herança sanguí nea, são igualmente obstáculos a serem vencidos, o que implica num processo de purificação da al ma que se prepara para o encontro com o Espí rito. r
He r ança co l e t iva da humanidade
Esse conflito interior acontece entre o consciente e o subconsciente. O subconsciente contém, em si, as f orças que se dese nvolve ram qu ando o homem se separou da ordem divina original. Essas antigas e poderosas concentrações de f orça continuam a ser mantidas. Elas f ormam a herança coletiva da humanidade, toda a sua história. Ao mesmo tempo, elas f ormam a herança individual das vidas passadas de ca da personalidade, assim como da estrutura da personalidade atual. Esses são os inimigos e os obstáculos que Parsifal deve vencer durante sua busca do G raal. Ele não se deixa deter por essas f orças. Ele possui a f orça interior sob a f orma de uma espada que se torna cada vez mais f orte e cortante à medida que ele progride. Essa espada é uma arma espiritual, o auxílio ind is pensável para todos aqueles que querem acertar sua conta com os demônios do mundo subterrâneo do subconsciente. O Castelo do Graal não é, pois, para o pesquisador, alguma f ortaleza em 4
uí na nos Pireneus. Essas testemunhas do passado podem estimulá-lo f ortemente, mas essa não é a finalidade de sua viagem. O Castelo do Graal edificado pelo homem atual é um campo energético regenerador, mantido por uma comunidade de almas que aspiram crescer e se elevar. Esse Santo do e sustentado por Graal é constituí do homens que vivem sobre a terra, que descobriram o Graal por meio de seu combate e purificação interiores. Esse Graal vivente contém a energia salvadora do Cristo Cósmico e se derrama sobre a humanidade. Quem entra em contato com essa f orça recebê-la-á com grande alegria e desejará dar testemunho dela. Mas é preciso também assimilá-la. Essa é a espada com a qual Parsifal combate, o gládio mencionado por Jesus quando disse em Mat.10:34: E u nã o a z e az , ma s s a e s s p a d a . a raz r o v i im t r er a p az da Essa espada tem o poder, a f orça, de separar o puro do impuro. O Parsifal moderno segue o caminho de sua libertação interior no seio de um grupo comparável à Távola Redonda da corte do rei Artur. Essa Távola Redonda, essa comunidade de pessoas c om a mesma orientação, tem a tarefa de se preparar para f ormar uma taça, um Graal, um vaso, uma cratera, a fim de aí receber as f orças divinas e de transmiti-las a todos os que o desejarem. r
Purif icação int e r io r da a l ma
No mundo exis tem inumeráveis buscadores do Graal. Em todos os
domí nios, todos os campos de pesquisa e em todos os níveis encontram-se pessoas com essa preocupação, consciente ou não. Enquanto esse processo se desenrola de f orma inconsciente, eles contestam mutuamente suas descobertas e combatem em vão o Cavaleiro Vermelho. Mas assim que, como Parsifal, seu desejo interior os leva a se voltarem para seu próximo, eles tomam consciência de seu combate, o qual se transf orma, então, numa purificação e numa preparação interior da alma. E por suas palavras, escritos e ações, eles testemunham do auxíli o e da consolação que constantemente sentem enquanto mantêm o Graal em mira. É que o Graal, que é a sua fi nalidade, já os sustenta e os alimenta há muito tempo. Enqu anto a al ma partici pa das dores e lutas terrestres, é impossível ao buscador distinguir o Graal como a única finalidade da vida: seu poder sensorial está danificado demais. Eis porque a antiga estrutura da alma deve ser transf ormada e m uma nova, capaz de ser alimentada pela f orça regeneradora e, com isso, reagir de maneira correta. Se f or este o caso, o que poderia ainda prejudicá-la? A morte? Ela venceu todos os aspectos da morte – a vida c otidiana inconsciente. Portanto, o Graal é o mistério da alma renovada a caminho para a e ternidade. Eis uma das razões pelas quais os processos do Graal f oram descritos, no passado, em linguagem simbólica tão colorida. Aqueles que fizeram essa experiência o compreenderam. Para os outros, e ram as maravilhosas histórias que alimentavam seu desejo de uma vida melhor, de uma vida superior.
Aqueles que buscam o Graal devem penetrar em seu f oro interior. É lá que começa a viagem e em nenhum outro lugar. O ponto de partida é um grande desejo de penetrar o mistério da transf ormação da alma. Porque a consolação que emana do Graal dá ao peregrino a alegria de um saber autêntico, crescente, qu e é designado como Gnosis. Bem antes de poder ser um guardião do Graal, o buscador já está ligado a ele; ele experimenta e também sabe que sua busca seguirá um longo caminho, doloroso e, por momentos, precário. O Graal, como mistério de iniciação, está agora tão vivo como na Idade Média, quando esse conhecimento, por volta do ano 1200, f oi tradu duzzido em narrativas pitorescas. Alg umas delas são abo rdadas nes ta Pen tagr ama. Na nossa época, esse mistério é explicado de f orma diferente porque é pel o pod er mental que a busca começa. Entretanto, o Graal só revela seus segredos à queles que es tão prontos, de todo o seu coração, a suportar as conseqüências de seu encontro com essa f orça regeneradora. Quem quer seguir o caminho sempre pode encontrar o Graal. Este pro jeta suas raí zes f ora do tempo e, com uma paciência infinita, chama todas as almas e as leva de volta à vida eterna.
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O G raa l cé l t ico e a saga de Ar t ur
el t o i ge m d a t a t ã s c el O s as s e s st ão na o r rige as s le no G r l na E ur op op a le s o s nã o raa d a as s d o a a l a. E le inh ha m uma v e er d e n d dei i r ra a d a e s st a t i t r ru r a t ur a e s l , ma s va o c cie i e at al, a v a m uma s o t a t a st s fo r rm d a d e d i ir igi i gi d da d da r i ad e a pelo s s d r ru a s s, que ia eu e ns i in a me nt o o a o o t r ra t i a n s mi t a m s e po v o o b e c o on t o os o u d e e s vo s o b a fo r rm a d e os . c a a nt o s
A cidade de Ca nutum (atualmente
ciático. Na realidade, havia dois caldeirões: o do renascimento e o do aperfeiçoamento. D izia-se que o herói morto em combate retornava à vida imergindo no primeiro. O segundo estava cheio do alimento de que o herói renascido precisaria para progredir. Mas ele estava vazio para quem dele se aproximasse sem ter vivido de f orma heróica.
r
Chartres) é considerada como o mais importante l ocal de reunião dos druidas. Na floresta circundante encontrava-se uma gruta onde eles guardavam a a r ri i t t u r a a , a rgo o p a representação da Vi r g virgem parturiente. Lá eles aguardavam o nascimento daquele que «desceria no abismo para sair dele vencedor». A Bretanha, a Irlanda, o País de Gales e a Escócia conservam ainda numerosos traços dessa cultura religiosa. A mitologia celta f oi tema de um ab i i nogio n. Tratexto intitulado O s s M ab ta-se de uma espécie de Graal: um caldeirão que servia de instrumento ini-
O Ca l deirão de Ce r idwen
Ceridwen era a deusa-mãe celta. Ela possuía um caldeirão no qual preparava uma beberagem que poderia provocar renascimento ou metamorf ose. Um jovem que bebesse uma gota desta beberagem conheceria todos os se-
gredos e renasceria, após uma série de metamorf oses, sob a f orma do Grande Druida e Bardo Taliesin – a princí pio, na qualidade de aluno de Merlin; em seguida, ele mesmo seria chamado de Merlin. Taliesin significa f ronte irradiante. O caldeirão e a taça são sí mbolos femininos e representam o princí pio receptor; a lança e a espada são sí mbolos da f orça masculina. so l a res ce lt as As cruzes so
A cruz celta combina aspectos do cristianismo oriental e da sabedoria druí dica ocidental. Não é somente um sí mbolo do corpo físico, mas também do encontro entre matéria e Espí rito. Freqüentemente, encontra-se, no meio dessa cruz, uma roda solar ou a repre-
Artur retira a espada da pedra. Victoria & Albert Museum, Londres.
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sentação de um movimento rotativo simbolizado por três sinais semelhantes ligados uns aos outros por um centro comum. A cruz é também o sí mbolo do homem em pé, os braços estendidos e os pés firmes no chão. No cruzamento das duas hastes, o sol e ngloba a cabeça e o coração, imagem do homem regenerado pelo Espí rito divino. A ligação da corrente oriental e da tradição druí dica gerou o cristianismo celta e os contos da Távola Redonda do rei Artur. Merlin era o grande iniciado nos Mistérios druí dicos, e, assim sendo, possuía o dom de profecia. E, uma vez que, segundo a le nda, ele tinha acesso a todas as esferas de vida, criou condições para que Artur viesse ao mundo em Tintagel, um castelo que ficava na costa da Cornualha, no sudoeste da
Inglaterra. Merlin havia feito um acordo com o rei Uther Pendragon: levaria o jovem prí ncipe para educá-lo em lugar seguro. Quando Uther Pendragon morreu, houve uma controvérsia
sobre sua descendência, pois ninguém sabia que ele tinha um filho. Na noite de Natal apareceu, na praça do mercado, uma pedra na qual estava cravada uma espada. Uma inscrição em letras de f ogo indicava que aquele que pudesse retirar a espada da pedra tornarse-ia o rei da Inglaterra. Muitos cavaleiros tentaram em vão, e, finalmente, f oi o jovem Artur quem conseguiu retirar a espada, sem dificuldade. Dessa f orma, ele provou sua linhagem e sua vocação. Segundo a lenda, Merlin, que o havia assim entronizado, tornou-se seu conselheiro, e juntos estabeleceram 7
Galaad se junta à Távola Redonda e ocupa o lugar vazio. Itália, por volta volta de 1390.
O Caldeirão de Gundestrup, recoberto de prata. Dinamarca, Dinamarca, século I ou II a.C. National Museum, Copenhague.
paz e prosperidade no país. Então, o Graal f oi introdu oduzzido na Inglaterra e o Rei pescador deu instruções a Merlin para que instituísse uma Távola Redonda. Uther Pendragon lhe pedira para transmitir essa herança ao seu filho Artur, que es taria a pto a realizar essa tarefa. Ele criaria uma nova f raternidade na qual se reuniriam todos os que combatessem o mal com suas palavras e seus a tos. Merlin deu a Artur a espada mágica Excalibur tendo em vista a boa causa. O portador dessa espada – oferecida pela Dama do Lago – era invencível. Ao lado de um rei vencedor o povo desejava também uma rainha. Essa mulher, Guinevere, trouxe infelicidade para a f raternidade dos nobres cavaleiros, por causa dos problemas que surgiram devido a suas relações com Lancelot, o melhor amigo do rei. Artur não reagiu nem com ciúmes, nem com ódio ou cólera, mas sim com compreensão. Ele também teve dificuldades com seu fil ho adulterino chamado Mordred, que se tornou seu pior inimigo. Uma de suas meio-ir8
mãs, a fada Morgana, tentou aniquilar a Távola Redonda, mas esbarrou na elevada ética dos cavaleiros e, principalmente, com Galaad, que não se deixou influenciar.
«É pr eciso que vás embora»
Quando Merlin levou Galaad à Távola Redonda, este tomou lugar, sem dificuldade, na décima terceira cadeira, a cadeira perigosa, e seu nome apareceu em letras luminosas sobre o espaldar. Era o cavaleiro que todos esperavam há muito tempo. No mesmo instante, alguns an jos trouxeram o Graal, que ofereceu deliciosos man jares a cada um deles. Os cavaleiros ficaram tão tocados que decidiram partir em busca do G raal, que desapareceu de suas vistas. Somente o rei Artur permanece u em Camelot. Como adeus, o cavaleiro G awain disse a G alaad: É p r á s s e mb o a , poi s s s o o que v á re ra ci e c i s o r s no ss ss o s . Merlin também não nã o é s s d o os os os acompanhou, pois ele havia terminado sua tarefa e retirou-se da Távola Redonda. Em seguida, o rei Artur teve de l utar contra seu próprio filho. Na véspera do combate, seus c onselheiros, que haviam consultado os astros, disseram-lhe que não saísse de sua tenda no
dia seguinte. À noite, o rei sonhou que estava acorrentado à roda do destino, que a deusa da Fortuna girava. Na primeira volta da roda, ele encontrou-se no alto, como rei; na volta seguinte, na parte de baixo da roda, ele tinha se tornado um mendigo. Então, compreendeu a lei inflexível da reencarnação. Ele percorreu sua vida num relance e descobriu a relatividade dos desejos de bondade e de perfeição terrestres. No dia seguinte, depois de ter adquirido esta compreensão, ele f oi lutar contra seu filho. Os dois infligiram fe rimentos mortais um ao ou tro. Mordred morreu e Artur pediu a seu amigo que o levasse até um lago vizinho. Lá ele devolveu Excalibur à Dama do Lago. Depois, uma nave com nove mulheres levou o rei à ilha de cristal, Avalon, para cuidar dele e prepará-lo para se u retorno, quando f osra tu r é o r ei! se a hora. Ar t ei! Ago r a e p a a r ra a e m p r e ! s e re! A busca do Graal continuou, embora numerosos cavaleiros tenham perdido a vida ou se perdido. No entanto, três cavaleiros encontraram o 9
Galaad encontra o Graal.Tapeçaria de Burne-Jones, executada por William Morris, Birmingham City Museum & Art Gallery.
Cálice Sagrado: Bohor, Parsifal e Galaad. Mas apenas um pôde aproximars d i ss o, se dele. E a lenda relata: D epoi epoi s i ss o,
ce o G r a a l l d e e s a p a a r re e c e u d o o mund o. o. sa raa
A Távo l a Redonda con t inua at ua l
A busca do Graal. Graal. Esboço Esboço de Walter Map, Bridgeman Art Library, Library, Londres
Quem não se senteria tocado pela nobreza, valentia e tragédia dessa maravilhosa história? «Eram heróis, Artur, Lancelot, Parsifal e Galaad. E estão vivos ainda ho je!» Há séculos o homem é c riado com a i déia de que o verdadeiro herói é um personagem exterior a ele mesmo, de modo que, depois de uma história tão bonita, ele retorna tranqüilamente à mediocridade de sua vida cotidiana: comer, beber, dormir, e talvez, durante as férias, visitar Tintagel, para ver se ainda existe alguma coisa por lá... E a mensagem do Graal em tudo isso? Apesar de tudo, ela ressoa em ca10
da passagem da nobre le nda. É a própria história da vida. Todos os acontecimentos dessa lenda representam a busca dos ideais, assim como os esf orços, os desalentos, as descobertas e as decepções da vida. O que buscamos em nossos dias com nossas máquinas ultra-rápidas, nossos aparelhos sofisticados e os produtos sintéticos? São empreitadas muito parecidas com as dos cavaleiros que estavam em busca do Graal. Alguns querem alcançar um ideal elevado e aj a judar o próximo; outros querem conseguir um domí nio absoluto sobre a natureza ou sobre os povos. Assim, cada um traz, em si mesmo, os diferentes aspectos da busca: em cada um se esconde o rei Artur. Um bom rei não é um tirano, porém assume conscientemente a responsabilidade de todas as vidas confiadas à sua direção. Portanto, ele não se aproveita de seus súditos para alcançar seus próprios ob jetivos; ele não os explora. Na qualidade de verdadeiro cavaleiro, ele não luta em interesse próprio. Mas será que ainda existem cavaleiros c omo esses? Quem ainda pode ouvir a voz interior, sua consciência, por ela será inspirado a seguir o caminho correto. No entanto, para ouvi-la, é preciso calma e silêncio interiores. Ora, é escutando essa voz que o cavaleiro andante pode descobrir e ver claramente qual é a verdadeira finalidade de sua vida e, por fim, alcançá-la.
P resença do G r aa l em cada um*
e r e c o o nh nhe c e nd a o C e t a s a le nd rt cei i s a me nt e a d o S a o G r l. E s ig a t a s t r aa nd a a nt o aa l. a a nt ig a le nd a on t a ili za c o ç a que o G r raa a a l é a t a aç a a ut ili za d a o S e enh n ho r c c a i ã o a po r r Je s su as s i ã o s , o S r, po r r o d a ei a iz a nd a a S a an t a a C ei a . D i z a le nd a que ne l a é im a t éi a e c o t éi d e Ar i col l he u o a Jo s sé a r e o c r ifi c eg ui s a ru c ifi c a d an g ue d o ad o e, e m s eg om o u o G r l s o ob s ua p r o d a b a, t o a a l raa ro eç ç ã o i s t a d e , s e eu s s uc e e ss or e e ão. . M a ai a r rd t e s ss o s e, r s t r r a t a a ns po r r t a r r a a m o G r r aa aa l p a a r r a a o id d e e nt e, e, o nd nd e e s e e nc o on t r t é o ra O c c i a , a t p r e e e e mo me nt o, o, g ua r re s rd a d d a d o e m s nt e lo c c a cu l t o. al o c t o.
Esta lenda, que é p ofanada de todas r
as maneiras possíveis pelos místicos para especulações emocionais, e que serviu de tema, na Idade Média, para diversas obras poéticas por parte dos imitadores místicos, em sua simplicidade nos dá plenamente os valores gnósticos de que necessitamos para compreender o que é o Graal, como deverá ser edificado ou onde poderemos encontrá-lo.
Para penetrar neste mistério, chamamos primeiramente vossa atenção para tudo o que já f oi c onsiderado na narrativa do Evangelho sobre o envio de Pedro e João para a preparação da Santa Ceia. É o próprio aluno quem terá de preparar o Graal para que ele possa, em seguida, ser utilizado por Jesus, o Senhor. Anatomicamente, a taça do Graal é indicada pelos três cí rculos plexiais já mencionados: o da la ringe, o dos pulmões e o do coração. A parte superior da taça sagrada corresponde ao sistema da laringe; a haste da taça de cristal está erigida nos pulmões e a base fica na cavidade ca rdíaca. A possibilidade para a confecção dessa taça nupcial encontra-se, portanto, presente em todos os seres humanos.
*
A
no s si i s s U ni v ve e r rs s a a l l Ja n va n Rij c ke nborgh
G
,
C ath a ro se d e Pe tri tr i L ec torium Rosi c ruru c i a num nu m Sã o Pa ulo ul o 1985 e
,
,
,
.
Armado com o escudo da Fé e acompanhado pelas pombas do Espírito Santo, um cavaleiro cavaleiro parte para lutar contra o mal. Summa de vitiis , Peraldu Peraldus, s, 1240, British Library, Library, Londres.
11
Parsif a l – o caminho do pesquisador
d da de e M é éd d i i a c a a d a foi uma épo c a e m e a ng ús t i a t i qu e ho uv uv e g r r a nd e a nd a na op a gr ej e o ur a e- E ur op c v a. A I g a a p r ro av a a a ss ss e r j c g ur a i ç ç õe õe s oc c ie ie d da d e .A ar r s ua s s po s si a d e. s na s o li b be e r r d d d e d e exp r re e o es a e ss ss ã s a ad e ão d e a p a ar r e e u, a v i id d a it que c e u t ua l e nf r ra r r i c e c e a e s s pi a qu e d epoi epoi s i ng ui u. O O c i d e t e e s s e ex t ci de n t i pô s o nt r l ã c a o I s sl ã . s s e e m ma r rc ha c o ra iv v ili i li za ç ã o o O r i e nt e e M é é- a s s a c i za ç ão d o M a rie d io io c o onh n he c e u um d e es e e n v ol ol v v i im e nt o o s nv c e o ma io io r o que o O c id d e e nt e, e, e mui t t o r d o c i o s o s o r u za d d o v a v o a r r a a m um no v s c r s le v i m p ul s o a l p a ar r a a c a as s a a . t ur a so c ul t A
I
A Inquisição emp eendeu a e
adicação de toda renovação de vi da es piritual no seio dos dogmas já estabele ci do s. U m renascimento espiritual buscou, pois, seus próprios ca minhos para expressar-se e comunicar-se. A história de Parsifal e de sua busca do Graal, tal como relatada, por exemplo, po r Chrétie n de Troy es e Wolf ram von Eschenbach, é uma ilustração disso. São, à primeira vista, romances de aventuras que evocam o heroísmo, a fé, a coragem e os amores dos cavaleiros. Eles descrevem a beleza e a virtude das damas amadas e as provas qu e os cavaleir os deve m suportar por elas. Podemos também encontrar neles um caminho de iniciação, velado, naturalmente, mas perfeitamente decif rável com o auxílio de certas chaves. Foi assim que, s ob imagens ricas e fa bulosas, os bogomilos, os templários e os cátaros ocultaram sua vivente sabedoria antiga e conseguiram legála à posteridade. Embora Wolf ram von Eschenbach, reconh eça ter-se servido do romance r
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rr
inaca bado de Chrétie n de Troy es, afirma tê-lo haurido de uma outra f on onte. Ele dá c omo referência o mago Kyot, um iniciado que havia descoberto a lenda do Graal num velho manuscrito, em Toledo. Esse manuscrito era obra do filósof o oriental Flegetanis que havia lido nos astros alguns dados relativos ao Graal. «Uma multidão de an jos o trouxe para a terra, depois voou para as estrelas...» Kyot procurou saber onde se encontrava essa preciosa dádiva do céu e isso o levou à li nhagem dos Anschauwe (visionários). Não se tratava de uma dinastia existente, mas de uma raça de seres enobrecidos pela contemplação espiritual. Wolf ram von Eschenbach deu outra razão de não ter sido ele a origem da lenda do Graal. Ele afirmava não ser um erudito, mas um cavaleiro que não sabia ler nem escrever. Certamente não devemos considerar tal declaração literalmente; mas isso mostra bem que se tratava de um homem modesto, que pensava que sua imaginação, e mbora g rande, e ra i nsuficiente para descrever o bem supremo. Com efeito, ele descreveu, usando um ambiente da época, como a alma que aspira a D eus acaba f und undindo-se com as f orças espirituais do Graal, após submeter-se a muitas provas e purificações. No presente, esse caminho é tão significativo como o f oi outrora; entretanto, ele se adapta às possibilidades e às limitações da humanidade atual. Interpretado de f orma adequada e positiva, esse caminho simbólico é capaz de esclarecer os desenvolvimentos e processos da própria vida do leitor.
O to l o ingênuo i l uminado pe l a compaixão
doente, na cidadela do Graal, onde aguarda sua libertação. Cada filho do homem esconde em si um Amf ortas, e a cidadela do G raal, que o envolve, é o Wolf ram von Eschenbach descreve sí mbolo do microcosmo. Ora, se o o caminho seguido por um homem pesquisador tem em si alguma remique, partindo de sua condição terrena, niscência – isto é, a lembrança da condição do homem antes de sua su jeição retorna para s ua origem divina. Adão, em sua presunção, deixou de obedecer à vida e à morte – essa lembrança o a D eus. D esde e ntão, a obediência é a interpela; ele pode, então, tornar-se única exigência que Deus impôs ao ser consciente do caminho a percorrer humano para que ele possa ter acesso para e ncontrar o estado original e seu à imortalidade. Ass i im , d e e s d e e a ge r a ç çã ã o o verdadeiro lugar na Criação. sd ra Segundo uma certa profecia, soã o, ã o o u s s ó s a fli çã d e Ad ã o, nó s ó c o o nh nhe c ce e m o s fli ç a leg a , é dessa maneira que o asceta mente um tolo ingênuo, iluminado ri leg r i a Trevrizent descreveu a existência hu- pela compaixão, libertará o doente inmana. A alegria, porque Deus jamais curável. Sua herança interior coloca abandona suas criaturas; a aflição, Parsifal no caminho. Seu pai, um vaporque nós carregamos o fardo do lente cavaleiro, acumulou todas as expeca do de Adão. Amf ortas, o ho- periências da vida terrena e sua mãe mem divino original, jaz mortalmente personifica os sof rimentos da alma. 13
Artur e os cavaleiros partem em busca do Graal. Manuscrito francês, século XIII.
Como missão, ela tem de dar a uma criança a oportunidade de reencontrar
o caminho do Graal, para que assim seja revelado o caminho da libertação a todos os seres humanos. Em Parsifal trabalham, portanto, a herança coletiva das experiências da humanidade ( o pai), e o pressentimento de sua vocação divina (a mãe). Sua aparência de tolo representa a percepção pura e ingênua da alma: a educação de sua mãe s ó se dirigia à sua al ma. Mas esse traço particular, no sentido exclusivamente literal, o faz cometer erros, além de provocar sof rimentos. Parsifal deve, portanto, aprender a distinguir entre comportamento terreno e aspiração espiritual. Uma bela e encantadora mulher pode se r considerada como a encarnação de uma alma pura, mas também como um ser humano. O caminho do
meio
A caminho, Parsifal cruza várias vezes com Sigune, que personifica a voz da reminiscência. Ela o chama por seu a r rs s if a l,l, if a nome e lhe revela sua origem: P a a : : p a a ss a r r ss e é o t e ss a c a e ss e u no me. E le le s ig ig nifi c pelo c e en t r o ro. . Seu caminho para o conhecimento da verdade passa também pelas prof und undezas da natureza terrena. Mas ele ainda não encontra sua missão interior e aspira sempre à cavalaria exterior, simbolizada, em sua f orma mais nobre, pela Távola Redonda do rei Artur. Esse grupo de cavaleiros alcançou tudo o que é possí vel na natureza terrena. Os cavaleiros, os reis, as damas e outros personagens que Parsifal encontra e m sua busca podem ser vistos como representações de seus sentimentos, idéias e desejos. Ele sempre se vê face a face com obstáculos que deve enf rentar e resolver em si mesmo. Assi m, ele liberta Kond wiramur das mãos de seus inimigos e a desposa. Trata-se da uniã o du radou ra com 14
aquela que o «condu onduzz ao amor», a nova alma! Impulsionado pelo desejo original (que Eschenbach representa pelo amor de sua mãe) e guiado interiormente por Kondwiramur, Parsifal põe-se a caminho para a cidadela do Graal. Ainda muito influenciado pelas lições de Gurnemanz, ele não compreende o que se espera dele no Castelo do Graal. Ele não sabe fazer ao rei a pergunta salvadora.
Suas
vit ór ias não o aproximam do G r aa l
A espada de Amf ortas lhe será mais tarde de g rande a uxílio para separar o que é terreno do que é divino. Ele aprende a reconhecer suas faltas e a repará-las. A maldição de Kundry o faz tomar consciência de sua negligência em relação à sua elevada missão e ele já não deseja mais nada a não ser encontrar o G raal e unir-se a Kondwiramur, a nova alma. Na qualidade de cavaleiro em busca do G raal, Parsifal envolve-se em incontávei áveiss combates. Van Eschenbach utiliza o personagem do cavaleiro G awain para representar suas numeaven t uras. as . A pri ncí p io , ele r o sas combate as alucinações do espí rito humano. Porém, embora ele registre nu merosos sucessos, essas vitórias não o aproximam da meta porque ainda são, em sua maioria, expressão de sua vontade terrena. Elas são, no entanto, o ponto de partida necessár i o p a r a pod e r e n c on t r a r a S a n t a Cidadela. Desencorajado, desesperado, com o coração cheio de rancor por Deus, ele vagueia pelos caminhos. Sof re por não poder encontrar a taça maravilhosa. Mas, em sua extrema solidão e impotência, o auxílio de Deus chega novamente até ele. Um cavaleiro cinzento vem ao seu encontro, caminhando descalço na neve, com sua mulher e seus filhos. Esse cavaleiro lhe diz que
num dia como aquele, Sexta-feira Santa, é permitido esperar a graça de Deus. Refletindo sobre essas palavras, Parsifal af rouxa as rédeas de seu cavalo e este o leva até o eremita Trevrizent que lhe dá um novo significado da Sexta-feira Santa: é o dia no qual se tem o poder de amar a Divindade! Então, Parsifal percebe que, para compreender o sacrifício da Sexta-feira Santa, deve entregar a Deus sua vontaa d de pessoal: S e enh n ho r r, que T ua v o on t a d e e a fei t ta a ! s ej ej a ! Esta é a expressão do verdadeiro amor. No mesmo instante, as f orças divinas vêm tocá-lo para sua consolação e libertação. A partir desse momento, ele trava vitoriosamente seus últimos c ombates. Com a es pada do Cavaleiro Vermelho ele põe em ordem seus c onflitos ex teriores. Com a espada de Amf ortas ele ve nce seu adve rsá rio interior, G ramofla nz , que simboliza a luta pelo poder terreno; Gawain, a luta pela santidade terrena; e Feirefis, a luta pelo conhecimento e sabedoria terre no s. A pele d e Feirefis é manchada d e b r a n c o e p r e to porque ele acumulou todas as riquezas e conhecimentos deste mundo: tanto os bons quanto os maus. «Ninguém pode ir à procur a do G raa l se não fo r conhecido no céu»
já não combate com o seu eu nem procura libertar-se dele. Ele compreendeu o quanto os homens se encontram afastados de Deus, de quem ele mesmo havia se apartado. Isso despertou o anseio por encontrá-Lo. Seu desejo de salvação e de regeneração o faz entregar-se à vontade divina. Por isso Trevrizent disse: N i i ng ué m po d d e i r r à c cu r a d p r o a d o o G r a a l l s e e nã o fo r onh n he c ci i d d o o ro raa r c o no c é é u e c ha ma d d o po r r s e eu no me. Só então conflitos interiores são ultrapassados e o mensageiro dos deuses indica o caminho do Castelo do Graal. É lá, no microcosmo, que se dá o encontro consciente com Amf ortas. Somente então Parsifal, com um verdadeiro amor e uma prof und unda compaixão, faz a pergunta libertadora: M e eu io, qua l é o v o oss o t o o r e nt o? o? É a s s o rm t io, pergunta que cada um deve se fazer algum dia. E a resposta – a cura do microcosmo sof redor – se realizará em si e nos outros. Uma parte da missão de Parsifal era conduzzir um irmão du ao Cas tel o do G raal. Ele escolheu Fei refis qu e, apó s seu batismo, é encarregado de levar o Graal à humanidade para libertá-la do sof rimento. Parsifal torna-se o rei do Graal, com Kondwiramur ao seu lado: a união do coração purificado com a nova compreensão. Lohengrin será seu filho, o Novo Homem que aparece para salvar o mundo.
Os três conflitos da fase final a presentam uma certa semelhança com as três tentações de Jesus no deserto. No entanto, as f orças enganadoras deste mundo não podem ser eliminadas: é preciso vencê-las para que possa haver uma reconciliação. Vitorioso por três vezes, Parsifal é purificado, isto é, ele 15
O templo do Graal no centro do zodíaco. zodíaco. Lars Ivar Ringbom, Estocolmo Estocolmo,, 1951.
a r ra a a a lg lg un uns , o mi s st t e e r io i o s o a a l e r ra u a uma pe d d r ra a c ele ele s e que s ó ó so G r s t r raa te ad i i ava ava s ua ua fo r rç ç a a v i it t a a l l s e a s e ma ss ss e. rr ad roxi xi i rr e a lg lg ué m d el el a e a p r o e. E s st t a a v a s o a e p r ro ã o a s s , a nc i iã ã o rt t te t a ç v a ob b a g ua r rd d a o e ç ã o d o o r ei ei Amfo r o a numa c i id a d a d e a ss o. cil ce d oe oe nt e e que v i i v v i ia d a d el el a e d ifí ifí c i l a c e ss o. S ua c ur a a uni c ca a me nt e a v a lei a p az az d e a r r t e s t ro c a te d epe epe nd nd i i a e d e e um c a v a lei r o e d a es e a p ur a a e no b a r r o C a a s s t telo. munho d e ra e uma v i id d a b r re e e nc o o nt r e lo. ma d r r a o rg un r o e nig E s s t te c e d e ev v e er i i a a e nt ã ã o f az az e e r o r ei ei uma pe r g u nt a a p r re e c i is a p a a r ra a r e e s o v e e r a d e e s a sol l v eu ma l. l. s e P a a r rs s if a l l a s s pi a va a e ss a c ava ava l la a r ri i a a e a c o o ns eg eg ui u. S e eu s p a a i i s s e r ra a m d e e s an ang ue r e ea a l.l. if a r ss a rava a S e chau eu p a a i,i, G a a mur e e t h auw e, e, t i i nha nha s i i d d o o um c ava ava lei lei r o o mba t i v v o e s ua ua mã e, e, ro c o t van Ans c ti H e c ca er z z eloi eloi d d e, e, uma r a a i inha da n ha da li nha nha ge ge m d o o G r a a l.l. G a a mur e e t eu po r a s s i i ã ã o o d e e r raa rr e r o t mo rr uma c a a m p anha anha , ant e e s o na s i m e nt o o d e e P a a r rs s if i f a a l.l. H e er z z eloi eloi d d e e r e e t i r o -s e e c o om s e e u s d o s c r ro u ti ci a r ra a uma flo r re a a fi m d e p r re á -lo d e a v a lei st s e er s s r ro c o ro t a fil ho p a e s e s v v á e um e nc o on t r o o m c a v a lei r o a nt e a r r- l he, a ss a e mo r rt t e. a s s P a a r rs s if al pe r rc c e s , e e v ss i s , d oe if a rr a ç õe e rr es v i it t a im , a fli fli ç õe s oe nç a e . M a e b b e eu , um a , um g r ru po d e a v a lei z v o s s e, mui t s s io ro re rn a r r s e to i m p r t o d e d i i a e c a v a lei r o e ss io na d d o, o, fe z ot o e t o o r e um a v a lei a mb é a s s t telo s d i ro t a r r s e tu r o nd c a v a lei r o ém . E le le qui s ir igi i gi r e a o o c a e lo d o o r ei ei Ar t nd e, e, c o o mo l he c o o na r ra a m o s s c a a v a lei a a a a r rm a du a d e a v a lei ro s r ro. . t a ce v a lei r o e c e b b e er i i a a dur a d e c a v a lei r o s , ele r e H e cc io er z z eloi eloi d d e e nã o o d eixo eixo u p a a r rt t i i r r d e e b o o a v a v o o nt ad ad e. e. E l la a l he c o o nfe cc io no u um t r a je r ra id d í íc c u lo c o o m a e s a nç a a d e e que z o o mba r i a a m d ele ele e que, d e es e nc o or a a j ad ad o, o, ele s pe r s e r i ran ri r v ol ol t a r ri i a a . E l l a a t a a mb é ém l he d e eu a lg lg un uns c o o ns el el ho s pó s e s d i i r r- s e e d e e s e e u fil ho, s e, a s d e s pe d ta en t i i u o c o o r a ç çã ã o o d e es da ç çad a d o. o. E nt r e t a nt o, o, P a a r rs s if a l p a a r rt t i i u feli z z e nã o o t a a r rd d o o u a s e s pe da if a ra re t an a l l c can a nç a a r r o c a a s s t telo e lo d o o c ava ava lei lei r o a r r a e s s p a manz . E s st t e l he e ns i i no u a manej a a ro G ur ne a e a l a a nç a a, e, p r ri i n c ip a l lm a s s a s e a d a s s p a a r r a a t o s r eg ra r rv r a r r s e d a ip a e nt e, e, a s eg r er e em o b b s se e r v a d a or n e um a ut ê a v a lei a ss a d e ss e, ro. . L i ri c c a ên t i ic o o v a lei r o i a e, a fil ha d e G ur ne ma nz , c o o nt o o u-l he que s ua p r i m a , a a i i nha a mur , e s s t ta a v a s e a d a po r r um r ei a v a e s s po á -l a a wi i r r a ss e s ej ej a s s á r a nha Ko nd nd w v a end n d o o a ss ed d i i a d a ei que d e es v a a fo r rç ç a a . P a a r r s sif a l p a a r rt t i i u i me d a t ta a me nt e a d e s s e s s o ro re r. E nc o ro u c cu r a i f a d i ia e à p r o ess e a g g r e ss o r on t r o -o, a mur po r r e s s po a . wi i r r a rr o t o u-o e t o d e e rr ot o om o u Ko nd nd w s s a c rr a s s, logo ele a d eixo eixo u p a a r ra a v i is s i i t ta a r r s ua ua mã e. e. P e er c o end n d o o c a a mi nh nho, ele M a r o rr e c hego u à b cava nu ca à b ei ei r a d e e um l a a go, go, que fi c a va numa r egi egi ã ã o o d e e s e r a . U m pe s sc c ad a d o or r i i c a se ra d rt r t a u-l he a d i ç ce e v e e s i d d o i nd nd i ic c o o ir e e ç ã ã o o d e e um c a a s st t elo e lo o nd nd e ele foi r e e c e b b i id d o o mui t o me nt e st r t i to c o cad or t e s e. D ur an ant e o ex c cele e le nt e j an ant a a r r, ele s e en t o ou -s e e a o l ad ad o o d e e um pe s a d o o r s me nt e. s c r r, t e d o o no d o l ug a a r r, que p a a r re e c i i a a s of of r e r d e e um ma l l s é ér io. i o. U ma l an anç a a e uma t a a ç ça a , c o o m re r r c a nt o ã o, a ng r re s p a so po d r ri re um fe r çã ce e s o s d e er d e e a ç o, t i inha n ha m-l he fei t to o i m e nt o o s a e n t o. o. E le le ofe r e c e u a P a a r rs s if a l l uma e s s p a d a p r re a c o a d a r rs s if a l,l, if a a s a c d a e c io i o s o m um r ub ub i i nc r ru s t ta d o o no p unh unho. P a i f a a t tô a pe r rg a ma nhã a s s t telo s e er ro r n to, , na d t o e, ô i t o d a g unt o un o u. N a nhã s eg eg ui nt e, e, ele e nc o o nt r o u o c a e lo d e es t a d a mi nh s pei t ta d e e s do, o, pô s s- s e e a c a nho. a mi nh z s a a b ro u ri r o c a nho, e nc o on t r o s ua p r i m a S ig ig un une que l he fe z b e er que ele v i i nha nha d d o o N o C a raa ree ri r r g to a pe r a s s t telo e lo d o o G r a a l.l. S ur p r re e s om p r e e nd nd e eu que d e ev v e e r i a a t e er fei t o gun u nt a a a a o o s o, o, ele c o c ei s of of r e d d o or p a a r r a a li v v r rá á -lo d e e s e eu ma l. l. D e ec i i d d i i u, e nt ã ã o, o, r e em e d di i a a r r e ss a f a a l l t ta a e, a pó s s ss a r ei re r co uma v i i a a ge ge m mo v v i im e nt ada ada , e nc o o nt r o -s e e no c a a m po d o o r ei ei Ar t h ur . E le le foi a c o ro u thu 16
l hi d d o o na T áv áv ol ol a a Re d d o o nda nda d o o s s
ava ava lei lei r o und r r y, a me ns a a gei gei r a d o o G r a a l,l, s s e K und ro ra raa a p a a r re a o c e a s ua a ua a t ti i t tud u d e a s s t telo aa l.l. O jo v v e ava r aa c e c e e u . E l la en s ur o ou pel a e no C a e lo d o o G r em c ava a d a r ra a p r ro a r r a C i id a d a s o on ro, , s e ro u c t i c r a lei r o en t i ind n d o o -s e e d e es r a d o, o, r e et i r o -s e e d o o mund o p a o u d a del e l a a nt a a e r ep a r ra a r r s e a s s s e a m e m v ã ã o e s ua v i i a a ge S a sfo s fo r rr o. rç o ra ç s ep a eu e rr o. M a eu s e s f o r o ge m dur o ou a s a a í í ss a v a c o s a no s s . E mb o ss e s t o s s, ele e s st ra re r eio t a lo ngo s o r e s e e m p r e v e en c e e d do o r r d o o s or n v a on t i inua n ua a d me nt e st ta t i e r e e v v ol ol t do, o, op r ri i m i d d o po r r D e eu s e pelo s e eu d e e s i n o. rof f ro, , P a o ma i i s o und und o o d e e s e eu d e es o a r rs s if a l,l, e m s ua a ua a r rm adur a a , mant i i nha nha -s e e N o s p r s e es s pe r if a co c ava o b b r re e um ma g g nífi c o ava lo lo que hav i ia a t o o mad o o d e e um c ava ava lei lei r o o o G r a a l,l, que s o ro d raa i nha nha s i i d d o o v e e nc i id d o. o. E le le d eixo eixo u o ani ma l l s eg eg ui r e u p r ó i o c a a mi nh nho e c hego u à r s e róp p r rio t i c abana abana d o e r re e mi t a T r re e v v r ri i z z e en t , i r ã o o d e e s ua ua mã e e d o o v el el ho r ei ei Amfo r a s s . rm rt ta t a T r re e v v r ri i z z e en t hav i i a a s i i d d o o um c ava ava lei lei r o o b b e er t o i a a , ma s s quand o Amfo r rt t a a s s ro c o r ri t o d e gló r ec e e b b e e u s e eu fe r i m e nt o i nc ur áv áv el, el, ele aband o o no u a an a ant ig ig a a c ava ava l l a a r ri i a a . S e o r ei ei d o o r e ri c a a l l a i ind a e s s t ta a v a v i i v a pel a a g r ra a ç ça d a d o aa l,l, que l he t r ra a ns mi t ti i a a s e a r r G r s s a raa ra r aa n d a v a v v o, o, e r o G r em c e ess a no v a fo r rç ç a v a v i i t ta a l.l. uma n v a P a a r rs s if a l pe r rm a ne c ce a t to z e a s s na s ó a mo r ra a d a d o e r re a , o nd if a r r ta c e u qu qua o z e d i i a ób b r ri i a d a d e m i t nd e e r e ec e e a r re a ma r ra a v a t a a ç ça a e d e a a o s c s a r e s pei s a t to d a cl c co n c b e eu e s l a e c i i me nt o o s es o v il il ho s e t ud ud o o que a c o t e ec i i a o a . E le a r ra a a a me ni za za r r a s s d o r e r d el ro rç o r ç u ed d o o r el a le e nc o on t r o u a fé e m D e eu s e e s f o r o -s e p a or e e s sfo s que ch e nba hav i i a a c au aus ad ad o po r r ig no r rân â nc i ia a . Wolf r ra a m v o o n E s nba c ch e s s c cr r e e v v e eu : s c cad co ns el « N e ss es a r re e s eu ho s d ei ei r o li b b e er t o e s e eu s pe c a d o o s o el ho u a Ne ss e s l ug a s , s e s pe d s e o a c ro r t o u d e cei v ol ol t a r r p a a r ra a a c ava ava l la a r ri i a a .» .» E nt ã ão, o, ele t r rava a va s e eu s t r ê s o mba t e s is ifí c e i s o s c o s ma i s d ifí s . N o rê ta te úl t ti i m o, a l ut a a foi t ã ã o o dur a a que ele que b b r ro o u s ua ua e s s p ada c o o nt r a o el mo d e e s e eu ada ra adv e er s á r rio, i o, um c ava ava lei lei r o ã o i nv nv e en c í í v v el el quant o ele. F a a c ce e a f a a c ce, e , ele s e r e ec o o s á s s e r ro t ã c a m: a mb o ão fil ho s s d e a mur e a d s s ã s v el s, a d r refi r r t ! nhe c ce e r a os e G a et ! O fil ho ma i i s el ho, Fei r e fi s d o or a d o o r a t e a e po ss á r rio s ho me ns ma i s r i s d a ss ui d s r r r d e c s d e J ú pi t te e r e d e J un uno, um d o o s i s ic o o err r a d o o r e v á i o s a d e p r re a nc o. s , t e r ei ra t o e b r ei no s e m a pele ma nc ha d d a d e t o. O s s i r rm ã o ã o á v a Re d a d e Ar t tu r c o s s ã s na T á s ma i s il us t s r tr e c o s o r e ec e e b b i id d o o s v ol ol a d o o nd nd a d o mo o s i s e s a v a lei a nun a que P a a r rs s if al é elei t to a a l,l, e que ele ro raa r ei c a v a lei r o epoi s und r r y nunc i ia qu o ei d o o G r s s. D epoi s K und if a l he r l he Fei r po d d e e s s c col o o m p anh anhei r ro p a a r ra au a auxili á á -lo. P a a r r s sif i f a a l e s sc c ol o e fi s od d o o s s e t o s o s s r um c o refi ê s e d i i r i ge m a o o C a a s st t elo e lo d o o G r a a l.l. L á á , i nt ei ei r a me nt e e c o on c e e nt r a d o o no s s e rê rige raa ra rad t r a a l,l, P a a r rs s if a l f az az a pe r rg g unt a un a : : « M e u t io, io, qua l é o v o o ss o t o or m e nt o? o? O G r if a Me ss o raa r c b que v o o s az e nf r raqu a que c ce e r ?» ? » E nt ã ão, o, Amfo r rt t a a s s r e ec o o b r ra a r a a pi da da me nt e e a s aúd aúd e e s f az r P a a r r s sif i f a a l l t o or na n a -s e o no v v o o r ei. ei. A r a a i i nha nha Ko nd nd w a mur é c o o nv nv i idada d ada a o o C a a s s t telo e lo e wi i r r a r P a a r r s sif a l l v ê a r rd á s e s fil ho s s gê meo s s K a ss e L o s t ri rá te ti i f a ê s e e us d oi oi s d ei ei ss oh e ng r i n. E s e úl t i m o s e e r eu s uc e ss o r. e ss o r a nd a é ofe r rt t a a d a e o G r raa a a l é i nt r ro a i i nha U ma g r m, ra e nd e fe s s t ta d a o duz i i d duz do po r r uma r a nha v v i i r rge g a ns e ã d ã d e Amfo r r t ta a s s . P r ra a t to a ç ça a s s s ã ão p r ree a g s e t a s pelo mil a s o o rm ro s s Rep a e d e Joye, i r o e e nc hi d d o os g r o á li a -s e pel a a po r rt t a a d a d o a a l,l, s t s e m c í s e na mo r r rc u refi ra ra raa tr i c á ce e d i c lo. Fei r li c is i bu b uí d d o o s í r e fi s d o o r o G r ra nã r r d e rr e tí ce. co nh e mb o o r a nã o p ud ud e ess e a i i nda nda pe r rc c e e b b e er o c á á li li c e . U m a mo r es o n he c ci i d d o e i rr e s i s í s s e s c si s t ti ç v el el o fo r a a s ep ep a a r ra a r r- s e e d e e s e eu s d e e us e es e s ua ua mul he r r e a f az az e er - s e e ba t i za z a r r. D epoi epoi s s e d e s rç a a r d i iss o, ele t a a mb é ém po d d e e v e e r a a l e d e e s a Rep an ans e e d e Joye. s s o, s po s s a r o G r raa c
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Os cá taros no caminho do San to G raa l
p a e im e nt o o d o os c á o na s t a s s s s O a c c i a r re át ar r o egiõe s it err r â oi nc i id e e om t e s me d r egiõe r d i d c o ân e a as s c oi o a poge u d a o G r l na nd a as s le nd as s d o a a l raa op a o r e d o os no b br r e e , o s a. N a a c o t e E ur op s s s rt s o v a d o r re e o nt a v o t r ro s s c o v ad o av a a m a epopéi a a d o er p e v o s t t a s mí s s r r re a a l e i nt e av a a m c a an t o G r raa ic o o s la i v i n o. s que f a c v vi a l a v a a m d o Amo r r d i t i o o s e e c o o nt e en t a O s át a r ro a r ra a m e m t a s c á s s nã o pe r c e e r om o e s c t d o r re e es - a ne c ad o t a s pe c s s d e s rm r c o le s s e fe n ô m e no. E le s bu s c c a a r r a a m o l d e e d di i c a n o- s e, e, d i ia i a e, c a a l and d o a r r i a m e nt e, G r raa eza or a ge m. r à p ur e z a e à c o a ge
Em 950 d.C., os bogomilos vindos da
Bulgária trouxeram ao Ocidente o autêntico ensinamento gnóstico e cristão de Mani. Após o ano 1000, os cátaros retomaram a chama do ensinamento cristão da libertação e, num curto espaço de tempo, desenvolveuse um grande movimento que influenciou todo o Ocidente. No fim do século XII, quase toda a Europa conhecia a mensagem do Graal. Mas f oi s omente no final do século XIII que as a t te e mudanças se manifestaram. E a c r ra a p r ree e e nc hi da da pel a a s s fo r rç ç a a s s d o o E s i t o s pí r r a ri t o – – segundo a expressão de Hermes Trismegisto – s urgiu na Europa para prodigalizar às almas amadureci das o Amor divino libertador. O centro do movimento cátaro encontrava-se na Occitânia, no sul da França. Lá floresceu uma cultura excepcionalmente rica. Foi principalmente no Languedoc que se cantou o amor cortês e se propagou a pura mensagem cristã dos cátaros. Atualmente o caminho do Santo Graal conduz igualmente o pesquisador para o Sabartez e, mais especialmente, para o vale do Ariège. Nos brasões do Sabar-
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a tez estão inscritas as palavras: S a a r rt t e z , c us t to ru m, Sabartez, s b a e z o s s ummo r guardião do altíssimo, sendo que o altíssimo é simbolizado por um Santo Graal alado, que se situa no centro de um sol radiante. O Sabartez, que tem Tarascon como cidade principal, encontra-se no encantador vale do Ariège e se estende até as terras mais elevadas do vale do rio Sem. Toda essa região f ormava o condado de Foix. Sobre um rochedo com altura de uma centena de metros, na própria cidade de Foix, encontra-se ainda o majestoso castelo dos condes de Foix, protetores dos cátaros. Na Idade Média, esse castelo era muito considerado por causa dos trovadores que costumavam ser para lá convidados, tais como Chrétien de Troyes, Bertrand de Born e Wolf ram von Eschenbach. Ref úgi úgio do amo r espirit ua l
No vale do Ariège encontra-se também todo um sistema de grutas que se estende por quilômetros através da montanha. Era nessas grutas, às vezes pequenas, outras vezes com altas abóbadas, que os cá taros podiam abrigarse. Mas, bem antes deles, outros haviam encontrado proteção e salvação nessas vastas grutas com suas nascentes quentes e atmosfera tão peculiar, verdadeiros ref úgios para aqueles que desejavam praticar livremente sua religião. Graças aos desenhos encontrados nas paredes, sabemos que essa região f oi habitada há 12.000 anos. As colinas e cavernas do Sabartez f oram
utilizadas pelos celtas e pelos druidas como lugares de culto. Lá encontramos traços dos maniqueus, dos paulicianos e dos priscilianos, predecessores dos cátaros; aos poucos, f ormaram-se g rupos que se diziam liga dos à Gnosis e às suas c orrentes de sa bedoia.
r
a A palavra cátaro vem do grego k a i que significa puro. Os cátaros t ha ha r roi o diziam-se simplesmente cristãos e o o ns o me s o s e b o povo os chamava de b o na s s fe mna s s . Mas, entre si, eles se noz d e meavam a mi c ci i D ei cz ei ou a mi c e D ie ie u ou ainda c r re e z z e en s . O termo cátaro f oi utilizado pela primeira vez nos meados do século XII por um grupo de
heréticos de Colônia1. Mais tarde, o termo f oi empregado principalmente nos escritos oficiais. Foi a Igreja que os denominou de albigenses, dando esse nome a todos os grupos pretensamente hereges da Occitânia. Essa denominação nada tem a ver com a cidade de Albi, no sul da França. Ela f oi utilizada pela Igreja e pelos f ranceses do norte para designar os hereges que não eram valdenses e que habitavam no sul da França. Na Inglaterra os heréticos também eram denominados de albigenses. Tornar-se cátaro não era algo realizado de qualquer maneira, fazendo-se batizar, por exemplo, ou passando por 19
Um trovador do Codex Manesse. Universidade de Heidelberg.
uma prova de admissão na comunidade religiosa. Uma das exigências era uma longa preparação na prática de vida cristã, a exemplo de Jesus. Os cátaros diziam que um serviço f ormal, com rituais falsificados e degradados, não é capaz de libertar a alma de sua prisão. Para que essa libertação aconteça, é preciso que o mistério de iniciação crística do Santo Graal seja revelado graças a um comportamento coerente e i ntegralmente cristão. O muro simbó l ico e a por ta mí s t ica
observarmos um candidato que aspira por esse caminho, poderemos perceber com que seriedade e a bnegação os cátaros se consagravam ao processo de transf ormação interior. O candidato que havia tomado sua decisão renunciava à vida social comum, ao casamento, aos bens terrenos e à ingestão de carne e de vinho. Ele se a , um processo vodedicava à e ndu ndur a luntário de neutralização de tudo o que liga à vida terrestre, para permitir que a alma despertasse e crescesse. Esse tempo de preparação durava alguns anos e ocorria nas grutas de U ssatOrnolac, no vale do Ariège. Algumas grutas tinham a f un unção de templos, outras de habitações. A entrada dessas habitações era, às vezes, fechada por um muro e uma porta. Essas s po ulg a a s s (grutas) eram de difícil acesso. Até o século XIII, essas grutas estavam situadas sobre as margens de um grande lago que se estendia a té Tarascon. O candidato que se decidisse a seguir o caminho do Santo Graal devia, primeiramente, atravessar um muSe
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o simbólico. Assim ele se despedia do mundo terrestre e obtinha acesso ao mundo dos que buscam o Espí rito de Deus. Com o auxílio de outros irmãos, ele percorria esse caminho passo a passo. Os diferentes estágios eram percorridos graças a um programa diário de jejum, de trabalho e de aprendizagem, em absoluto silêncio. Dessa f orma eram-lhe ensinadas a sabedoria dos astros (astrosofia), a medicina e, principalmente, os mistérios que acompanhavam as diferentes etapas de seu desenvolvimento interior. Para os cátaros, o caminho do Santo Graal implicava em conhecimentos libertadores e serviços aos outros. Pouco antes de o candidato ser iniciado em sua missão, ele deveria s of rer uma morte mística simbólica, após um perí odo odo de quarenta dias de jejum. Ele precisava passar três dias deitado numa sepultura, na gruta denominada Kepler, para morrer para a natureza terrestre. Desse modo, sua alma podia alcançar a libertação e, pela imitação tu m de Jesus, pronunciar o c o o ns umma t t : tudo está c onsumado. e s st O mistério do Graal está estreitamente ligado à morte da natureza terrestre. Naturalmente, poderíamos tomar como epitáfio a inscrição gravada na taça do Graal que chama o candidato a unir-se à Fraternidade. Mas a endura não tem, efetivamente, nada a ver com a morte do corpo físico ou com qualquer espécie de tortura ou suplício. Na realidade, a endura era – e continua sendo – um processo que rompe todos os laços que mantém a consciência presa ao passado. Nesse processo, o velho eu entrega-se às f orças crísticas renovadoras para que a alma possa renascer. Após ter passado três dias na gruta r
de Kepler, o candidato era despertado pelo irmão que o acompanhava, e saía da tumba. Ele agora podia receber o a me nt um, o sacramento da conc o on s ol ol a solação. Sua al ma purificada es tava ligada a o Espí rito de D eus. Esse grande acontecimento passava-se na gruta de Be t th lée m (Belém). O candidato entrava nessa gruta, que e ra c onsiderada um templo, pela po ela po r a mí s s t ti i c c a a . Lá, enrt t a contrava-se um altar, uma pedra de granito coberta por uma toalha de linho branco, sobre a qual havia uma Bí blia aberta na página do Evangelho de João. Num nicho da parede estava colocada a taça do G raal, encoberta por uma cortina. O sí mbolo do pentagrama, gravado na rocha, era, assim como o altar, de origem druí dica. Para o ns ol ol a a me nt um, o candidato receber o c o devia colocar-se no pentagrama. Com a cabeça erguida e com os braços e pernas afastados, ele f ormava, assim, uma estrela de cinco pontas. No momento dessa iniciação, o nascimento do Cristo tornava-se uma experiência física. Antonin Gadal, Patriarca dos cátaros e guardião de seu ada po d de e r i i a a f az az e er tesouro, escreveu: N ada r r ce e s e m e c e r o u d e es v i i a a r r d o o b o om c a am i nh nho st s v r r t r e a e m Be t th lée m. sc i c o ho me m que r e en a s i a a v e N i r r in g ué m no mund o po d de e r i i a en c e er a a mi s st t e a que ele r ep av a ! rç a r re ç Fo r e r io i o s ep r e s e n t a v a ! sa qu s e Quando o candidato havia cumprido o caminho iniciático e se tornado ela po r r perfeito, ele saía do santuário pela po a mí s s t ti i c c a a , celebrava um ritual e dava t a a sua benção aos companheiros. D epois disso, ele percorria o célebre caminho dos cátaros, que existe ainda em nossos dias: da Montanha Sagrada ele se dirigia a Montségur, onde os perfeitos se reuniam antes de caminhar pelo mundo para levar a Luz aos seus semelhantes.
a he rança dos cá ta ros con t inua at ua l
Montségur tem a f orma de um navio e está situado no cume de um rochedo. Esse castelo f oi construí do do num lugar onde se elevava, há muito tempo, um templo dedicado ao sol, e no qual as pessoas da época se ligavam aos mistérios de Zoroastro. Na capela há uma abertura pela qual, no dia de São João, 24 de junho, às on onzze horas, um raio de sol penetra e ilumina o sí mbolo do Logos solar na parede opo sta (Essa data corres ponde ao sols tíci o do ve rão no hemisfério norte). Quando, em 1244, o exército da Inquisição f orçou os que estavam ref ugiados no castelo a capitularem, os cátaros tiveram ainda um prazo para terminar sua tarefa espiritual. Na véspera de s ubir para a f ogueira, todos os que queriam defender sua fé receberam, das mãos do grão-mestre Bertrand o ns ol ol a a me nt um, para que Marti, o c o suas almas se unissem ao Espí rito de Deus. O misterioso tesouro dos cátaros f oi ocultado nas g rutas do vale do Ariège. No dia 16 de maio desse ano, duzzentos e cinco homens e mulheres du lançaram-se voluntariamente nas c hamas da f ogueira. Conta a lenda que, enquanto caminhavam em direção à f ogueira, de mãos dadas e cantando, um trovador que se encontrava entre a multidão disse: Apó s s 700 a no s s o lo uá s o r ei ro r eflo ri rá r ei r o eflo r i r ob b r re e a s i nza s o s s c i s d o s má r i r e s s . re t i
Em 1944 o patriarca da Fraternidade dos cátaros, Antonin Gadal, subiu com sete testemunhas a té a montanha de Montségur e cumpriu a profecia do trovador. Assim, ve rifica-se mais uma 21
vez, que os buscadores da Luz sagrada que representa o Santo Graal podem ser perseguidos, martirizados e mortos, mas que a própria Luz jamais pode ser destruí da e retorna sempre ao lugar de onde ela já surgiu. Em Albi, os perseguidores dos cátaros construí ram uma catedral f ortificada para mostrar que eles eram os vencedores. A catedral ainda existe e domina a cidade. Assim, fecha-se uma das mais negras páginas da história da Igreja Católica dita «cristã». O amor do Graal, que tudo perdoa, e a nãocombatividade absoluta dos cátaros, que dele decorre, c olocaram um fim a esses acontecimentos. D esde então, um acontecimento tão maravilhoso quanto inesperado aconteceu em Albi, provocando um retorno espiritual que deu um novo impulso à li bertação espiritual da humanidade. ssão Sup ressã
do pe rsonagem his t ó rico de Cris to
Não longe de Albi, e m 1167, Nicetas, patriarca búlgaro, havia dado à Fraternidade Cátara a missão de fa zer conhecer e espalhar pela Europa os mistérios da iniciação crística. Era preciso libertar a humanidade do personagem histórico de Cristo e dos dogmas a isso inerentes, pois são essas representações que sempre a impedem de ter acesso às possibilidades libertadoras que a Força crística cósmica propicia: o Graal, preenchido pela Luz que é capaz de expulsar todas as trevas das almas humanas. A pessoa que adquire essa compreensão descobre e m si uma chaga incurável e isto a impulsiona a procurar a verdade uni22
versal. Ela não cessará de aspirar pelo renascimento de sua alma e já não dará ouvidos aos cantos de seu eu, que só deseja garantir a segurança e o poder de seu próprio mundinho. A humanidade deve aprender novamente a fazer essa oferenda que representa o amor ao próximo e a viver do santo e maravil ho so ali mento dis pensa do pel o Graal. Em 1954, no roseiral de Albi, ao lado da catedral-f ortaleza do tempo da Inquisição, a Luz universal transmitiu à Jovem Fraternidade G nóstica da Rosacruz Áurea, representada por Jan van Rijckenborgh e Catharose de Petri, a missão de terminar a obra começada pelos cátaros, de completar sua expansão e de estendê-la sobre o mundo inteiro. Em seguida, Jan van Rickenborgh, Grão-Mestre da Escola da Rosacruz Áurea, recebeu das mãos do senhor Gadal o selo de Grão-Mestre – o mesmo selo que o patriarca búlgaro Nicetas havia dado à Fraternidade dos cátaros, no século XII. É para tornar essa ligação espiritual visível na matéria que f oi erigido, em 5 de maio de 1957, em Ussat-les-Bains, no vale do Ariège, um monumento que recebeu o nome de Galaad. Esse nome aparece com f reqüência nas lendas do Graal. Traduzido literalmente ele significa: «O Monte do Testemunho». Sobre o quadrado do monumento está apoiada a pedra do altar sobre a qual o Perfeito celebrava seu primeiro ritual após sua iniciação na gruta de Belém. Essa pedra f oi oferecida, como relí qu quia, pelo último patriarca dos cátaros à Jovem Fraternidade Gnóstica. Este monumento simboliza os esf orços contí nuo nuos para libertar a humanidade da sua prisão religiosa, esf orços empreendidos pela
Aliança da Luz: Graal, Cátaros e Cruz com Rosas. Descobe r ta de uma nova dimensão
Indubitavelmente, a gruta de Belém e a catedral de Lombrives, por exemplo, ai nda sã o, a tualmente, l ugares especiais onde a atmosfera de pureza interior e de disponibilidade a serviço do próximo é sempre perceptível. A Catedral de Lombrives tem cerca de oitenta metros de altura. Era lá que os cátaros celebravam seus serviços. Em 1328 – oitenta e quatro anos após a queda de Montségur – essa gruta f oi fechada para o mundo exterior e as
com a presença da taça do G raal no próprio homem. Cada um deve realizar esse milagre: reencontrar interiormente essa taça, purificá-la e preparála, para nela receber a f orça santificadora do Espí rito! Eis a razão pela qual a imagem do undamente a Graal vivente toca prof und consciência humana: ela reanima a alma a dormecida e prisioneira da matéria. A lembrança dessa realidade, que um dia existiu e que é continuamente apresentada à humanidade, impulsiona os seres humanos a buscar Deus. Para a eterna pergunta: Q ue r rei c e i s ec e e- s r e a a l? s r raa b e er o G r l? só podemos dar a e terna a c o ã o resposta: S ó ca ó há uma úni c ond n d i iç ç ã o: : á -lo s a a nt a a e p r rof a me nt e! s ej f d e es e j á o und und a e!
pess oas qu e aí permanece ram morreram de f ome. Seus restos f oram encontrados bem mais tarde. Talvez a mensagem do Graal seja transmitida oculta sob imagens pitorescas, mas não é um conto de fadas. Trata-se de uma realidade vivente e vibrante, mesmo para nossa época. Entretanto, não podemos descobrir essa realidade pela exaltação ou investigando o passado. Para ter acesso a essa dimensão, é preciso seguir concretaa , isto é, o ndur a mente o processo da e ndu abandono dos desejos terrestres e a aspiração à união com o Espí rito de Deus, a Gnosis Universal. á Segundo a lei hermética O que e s s t tá tá e mba ixo ixo é c o o mo o que e s á e m c i i ma , o s t Graal tem um aspecto macrocósmico, um aspecto cósmico e um aspecto microcósmico. Seu aspecto macroe mo ne s on t a o s s c o s E c k b e rt va n a c a a t th a o cósmico é a manifestação universal; 1 S e S c hön hö na u 1163 seu aspecto cósmico abrange a Terra como morada da humanidade e seu 2 N o o c a nho d o o S a o G aa am i nh a nt o aa l l A G ad a l aspec to mic rocósmic o tem relação L ec torium Rosi cru c ianum nu m São Paulo ul o 1983
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Origem e signif icado das l endas do G raa l
nt s sa lv v a elo d o o G r l. t , o c a t elo raa a l a t as s t a a l. on t r eg und o E r ra ra va und o a l á á que s e e nc o a v a , s eg nd a d e m d o os c a v l ei r o a s s le nd a s s, a o r rd av a alei s s s e ro g ua r d iã e o G r l. Ass i im c o om o o rd i raa ã e s s d o a a l. ei Ar t o m s e eu s c a v l ei r o , ele s t ur c o s s r ei ro s av a a lei é m fo r va v ol a t a rm a mb é a v a m uma T á áv ol a o d a e r e eun ni a do nd n nd o ele s s s e u a. Q ua nd am Re d e o G r e e t a do, o , ele s s r e e- a a l e r ra a a p r re a d s se n raa c e e b bi i a li me nt o o mi r c ulo s o so, , e ra a m um a li a c im ple s is ã o d o o G r o ns v i s raa a s i ã o a a l l he s s c o e d di i a a uv e en t ud ud e e t er n t e r a . c e a a j uv o M o
S egundo as lendas, o G aal é a taça da r
qual Cristo bebeu na Santa Ceia. José de Arimatéia, de posse dessa taça, teria nela recolhido o sangue do Redentor. A Taça miraculosa do Santo Graal é um sí mbolo que pode ser encontrado no mundo inteiro. Na Idade Média, na Europa, existiam versões dessas lendas nas tradições de muitos países. Diferentes religiões representam o sol e a lua como cálices preenchidos de alimento divino. Os heróis, em recompensa por suas nobres proezas, tinham o direito de haurir dele novas f orças. A filosofia grega fala de uma «cratera» onde o deus supremo mistura as matérias da c riação com a l uz do sol. Essa taça era estendida às almas recentemente c riadas para que elas daí tirassem a sabedoria. Num mistério de iniciação grega é rela ta d a u ma fes ta mís t ica qu e se assemelha muito com a refeição dos cavaleiros do G raal. D e um recipiene r te sagrado, o k e s s , os partici pantes r no r ece b e m u ma b e b i d a qu e l h es d á acesso a um mundo superior. U ma image m se mel hante aparece igual mente nas tradições celtas: trata-se de um cal deirão cu jo conteúdo pod e
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susci tar um renascimento espiritual. Em alg umas lendas, uma pedra preciosa, ou pérola, substitui o sí mbolo da taça sagrada. A maior parte das lendas indica que essa taça está guardada num templo ou castelo, especialmente construí do do para a ocasião. Por exemplo, um templo alto e redondo dotado de uma cúpula dourada, onde pedras preciosas representam um firmamento com um sol de ouro e uma lua de prata descrevendo sua órbita. Segundo alguns pesquisadores, um templo desse tipo devia existir na Pérsia, sobre a montanha sagrada de Shiz. Nesse santuário, o mais importante da Pérsia, ardia o f ogo sagrado. Esse teria sido o lugar de nascimento de Zoroastro. As lendas budistas do Japão descrevem o monte Meru, a montanha mística que também nos faz lembrar o templo do Graal. Buda está sentado no cume, roa t tv a s s, e, ao redor deado por seus b o o d d i is s a v a deles, circulam o sol e a lua. O ní ve l mais e l evado que a a l ma pode a l cança r
Todas essas lendas testemunham que o encontro com os valores espirituais do Graal modifica f und undamentalmente a vida. Para desvendar um pouco esses mistérios, os rosacruzes autênticos podem dar orientação, pois seus mistérios estão em relação direta com os do G raal. aal. Eles partem do princí pio de que não há somente um mundo visível e tangível, mas também um mundo superior não perceptível pelos sentidos. O mundo visível com todos
os seus aspectos, inclusive o homem, nasce, atinge o ápice do seu desenvolvimento e depois desaparece. Cada um pode constatar, por sua própria experiência, que este mundo não conhece a perfeição. Entretanto, ele é sustentado e mantido por um mundo imperecível, eterno. Segundo a sabedoria original, os habitantes desse mundo superior são perfeitos e, por isso, i mortais. Colocamos, agora, a pergunta crucial – e é aí que verificamos os mistérios do G raal – existe uma passagem entre o mundo eterno perfeito e o mundo imortal imperfeito? Haverá uma esfera, um espaço, uma dimensão onde a eternidade e o tempo se encon-
tram e se unem? Estritamente falando, não. O que acontece é que existem dois campos de vida f und undamentalmente separados. Entretanto, existe um domí nio de transição no qual os dois mundos podem cooperar durante um certo tempo. Esse lugar se revela num movimento periódico de ir e vir. Seres perfeitos do campo de vida eterno liga m-se, de f orma rí tmica, aos habitantes do campo de vida perecível a fim de elevá-los ao plano de vida superior. Esse processo é representado pelo sí mbolo da c ruz. A eternidade, o traço vertical, desce ao mundo perecí vel, o traço horizontal, e penetra no mundo mortal. Assim é a crucificação: 25
Os doze irmãos. irmãos. Kniha Václava z Jihlavy, Tchecoslováquia.
o mundo perfeito se oferece ao mundo imperfeito ligando-se a ele. E l es mos t ravam o caminho vivendo-o pa ra dar o exemp l o
Os grandes sábios, como Buda, Zoroastro e J esus, estabeleceram uma ponte e ntre esses dois mundos, ref orçaram-no e explicaram-no, colocando-se, assim, a serviço da humanidade. Dessa f orma, eles fizeram o sacrifício de seu sangue puro. Eles mostraram o caminho através da vivência, para dar o exemplo. Eles abriram a porta e ntre os dois mundos. Assim, a ponte espiritual que eles edificaram é sempre conservada por aqueles que seguem seu exemplo em palavra e por seus atos puros. Uma tal ponte é um milagre. As múltiplas lend as represe ntam essa ligação temporária e sutil, realizada pelo Graal, entre a eternidade e o tempo: a taça ou a cratera. Trata-se de um espaço, de um campo de vida protegido, como uma terceira natureza, no qual a alma que busca pode aprender a encontrar seu caminho através do mundo dos opostos, a fim de descobrir a eternidade. As diferentes lendas descrevem como os cavaleiros do Graal vão executar suas proezas. Essas narrações são sempre tão atuais ho je quanto o f oram há muitos séculos a trás. Entretanto, o homem moderno simplesmente não percebe o mundo perfeito, a meta de sua viagem final. Seus sentidos não lhe permitem. Ele percebe que deve haver outra coisa, mas não tem, a esse respeito, uma i magem clara. Isso o preocupa e o impulsiona a procurar. Ele se perguntará por que vive, para que ser26
ve a vida e por que tanta ge nte, i nclusive ele, tem de sof rer, sem esperança. Com sinceridade, ele começa a procurar, como Parsifal; e um cavaleiro do Graal não deixará de cruzar seu caminho . Quem parte em busca do Graal talvez já tenha estado em contato com ele, mesmo que inconscientemente. O domí nio de
t ransição
À noite, durante o sono, pode acontecer aquilo que é impossível acontecer durante o dia: uma parte da personalidade se separa do corpo e vai para os domí nios invisíveis que correspondem à vida interior. Se estivermos animados por um grande desejo, ainda que inconsciente e sem orientação precisa, de compreender o sentido da vida, os aspectos superiores de nossa alma se dirigirão, à noite, para os domí nios correspondentes. Então, a alma que busca tem a possibilidade de se encontrar num lugar de transição entre os dois mundos. Lá, ela é tocada pela pura energia do Graal. Isso acontece durante a fase sem sonhos do sono prof undo undo, quando a consciência está desconectada e, por isso, já não constitui um obstáculo. É o que acontece a Parsifal quando ele entra pela primeira vez no Castelo do Graal sem compreender o que está acontecendo ali. Ele partiu tão ignorante como quando ele aí havia chegado; faltavalhe ai nda levar uma vida de a usteridade antes de começar uma busca consciente e e ncontrar o caminho. O caminho que a Rosacruz Áurea mostra visa despertar no pesquisador uma nova alma livre e ligá-la a o Espí rito D ivino. Em outras palavras, a Ro-
sacruz Áurea a bre para o pesquisador incondicional – Parsifal – o caminho que condu onduzz ao Castelo do Graal, o campo de vida original da alma. É o caminho que todas as lendas do Graal descrevem, embora o conteúdo e a f orma não sejam sempre semelhantes. Freqüentemente são apresentadas somente algumas fases da evolução de Parsifal. Assim, o texto P e c e r e va v a l l do rc e poeta f rancês Chrétien de Troyes (século XII), por exemplo, é f ragmentário. Nele não é relatado que Perceval retorna conscientemente ao castelo do Graal. O P a a r rz z i i va va l l do poeta alemão Wolf ram von Eschenbach (cerca de 11701220) descreve o caminho por inteiro; ele mostra de uma maneira velada que, para isso, necessita-se de uma nova consciência, e para começar é preciso descobrir a f on onte i nterior oculta. Portanto, ca da um tem a possibilidade de receber e de utilizar uma f orça interior muito especial. Essa f orça de origem cósmica é também denominada sangue divino. Aquele que consegue encontrar e receber essa energia é f und undamentalmente transf ormado e posto em condição de receber diretamente a sabedoria divina. O mistério do Graal não é, pois, um processo exterior, mas se passa no mais elevado nível que a alma pode alcançar. A esse propósito, a saga do rei Artur é mais clara. Trata-se aqui de Galaad, o cavaleiro irrepreensível. Com Parsifal e um outro cavaleiro da Távola Redonda, ele se põe a caminho, em busca do Graal sagrado. Ao se aproximarem do castelo, eles percebem uma luz que não vem do sol. Em seguida, Galaad torna-se rei do Graal: ele representa o homem perfeito e a nova consciência da alma despertada. Ele é, portanto, o sí mbolo do aspecto
desconhecido do ser humano: a c onsciência latente de sua verdadeira natureza que aspira ao mais elevado poder, ao Bem supremo. Assim que essa consciência ressurge, o caminho se abre à percepção lúcida do Graal. A mura l ha de sua pr ópr ia impot ência
No homem dormita, portanto, um aspecto desconhecido: o aspecto do Graal. Despertar esse elemento é, segundo a Rosacruz Áurea, a verdadeira finalidade da vida sobre a terra. É sabido que a humanidade se choca, nos dias atuais, contra a grande muralha de sua impotência; chegou o momento de desvendar novamente o segredo do Graal, pois ele contém a solução de todos os problemas. As lendas do Graal apareceram todas ao mesmo tempo, por volta do século XII, tanto na Europa Ocidental e Oriental como na Pérsia. Teria sido um acaso? Os se rvidores do Graal viram surgir uma é poca na qual a maior parte dos seres humanos restabeleceria a ligaçã o interior com o mundo superior. Se não f osse assim, esta desapareceria completamente, pois a i nfluência da ciência e da técnica faria evoluir uma mentalidade que fecharia aos seres humanos o mundo da Alma-Espí rito. Talvez seja uma das razões do ressurgimento das lendas do G raal naquela época. Seu misticismo e seu romantismo misterioso deviam continuar a interpelar os corações nos séculos vindouros. Quando a alma cai em uma grande angústia, essas alegorias de prof undo undo significado poderiam lhe servir de guia. Em nossa época turbulenta e incerta, esses antigos contos 27
emocionantes mostram que o caminho interior, velho como o mundo, continua praticável: o pesquisador de ho je, como os cavaleiros da Távola Redonda, tem sempre a possibilidade de fazer parte do mundo superior. Em diversos episódios, trata-se de duas Távolas Redondas: a dos cavaleiros do G raal e a do rei Artur. Isto mostra que a unidade do mundo superior, simbolizada pela Távola Redonda dos cavaleiros do Graal, deve ser realizada no mundo inferior: a Távola Redonda do Rei Artur. Os candidatos que se preparam para ir ao encontro da Taça sagrada precisam, aos poucos, se purificar interiormente e se libertar de todas as influências que os retêm na vida inferior. No decorrer desse processo, eles vão progressivamente juntar-se à Távola Redonda superior, de con f ormidade com as palavras de a i e e u s o om o s ós Cristo: O P a s um, e v ó s er ei e i s o migo. Nesse caminho, a s e s uno s s c o r Santa Ceia oferece um alimento que já não é si mbólico, mas direto e c oncreto. Cada membro do grupo assimila as energias divinas concentradas na medida em que está preparado e pode suportar. Assim, o processo de mudança interior tem início e o G raal se ergue neles; então, a Taça invisível do Espí rito se manifesta no grupo de orientação convergente e se estabelece no meio do mundo. No C o cu m (antigo eso r p er m e t i c r us H e r ti crito iniciático egí pcio) podemos ler: E le z d e a nd a t te a , s c r ra ra r ce le fe z es e r uma g r nd e e c r e r a a po r r fo r rç ç a a s s d o s pí r ree ri t o e p r e e nc hi d d a o E s i t ro e nv nv io io u um me ns a a gei gei r p a a r ra a anunc i ia a r r : me r e s a o o s o r a ç çõe õ os g l ha ha i i s c o s d o s ho me ns : ra rg u ; ne ss a c r ra a t te e r a , v ó ó s lm a s d ei ei s ss a s , a l s que o po d s ; ra 28
a i i s s, c o a nç a a , s que a g rd v ó ó s g ua r d a om fé e c o o nfi a r c v o o s va r r a t té é àquele que fe z z d e e s e r s ele va sc e ; v ó e ss e va s ós ab ei ei s a r ra qu a que fi na na ss e so o ; s que s ab s p a li dad dad e fo s st t e e s i ad ad o o s o d d o o s s c r s . T o s aquele s s ri a m o uv a a dv a s a e ss ss a a r rt t ê que d e er a uv i id d o o s dv e e r ê nc i ia a r ra a m i me r rgi s fo r i r ca e s e p ur ifi ifi c g nd nd o o -s e e na s to t i ç a a s s d o o E s i t o iv v e er a a m p a a r rt t e e na G no s pí r ri r i s iv v e e nt e e c o onh n he c ci i me nt o o d e e D e e us , e s i s, o v i e c e b b e end n d o o E s s pí i t o or na n a r ra a m-s e e ho r r e ri r to, , t o ce me ns pe r rfei s .* .* to s f ei t o
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do no si s E gíp ci A Ar quig no s i s gíp c i a eu c ha ma d o a e o s e s e r o p r re e t e r n e s e n t e e vol te
2 Jan van Rijckenborgh L ectorium Rosicru cianum São Paulo 1986 ,
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A viagem do Orien t e ao Ociden t e
o s nd a o s a a s s nu me r r o a s s le nd a s s d o U ma d a l r el el a om o a t a er io i o t a t e r ça a a l at a c o a ç a mi s st G r raa o O c id e e e. Be m a nt e es c i d nt e. a c hego u a o s a s d o o na s c im e nt o o d e e M e e r l i n, a t a ça o a ç a d o sc i rli en c i ia i e nt a l d e e t e a a l pe r rt a a um o r rie a l G r raa no me Jo s sé. é o mo ele o b bt ev v e e a t a t e . C o ça a ç a , i a o, d e o nd e v i i- que m a ha v vi nd e a fei t t o, e us po d e r e s g r o s o s ? nh a m s e d e a g s mil a s o s ? r e r o in g ué m o s a b i a ab i a . N i
E m ce tas ocasiões, José convocava
Mas naquela época não havia só gente boa. O país de José era governado por um prí ncipe mau que, muitas vezes, já havia tentado f urtar a ec io sa taça. En t re tan t o, mes mo preci aprisi onado, J osé nun ca revelou o escond erijo de seu tesouro. Ora, seus inimigos continuavam a procurá-la e ameaçavam J osé, sua família e seus amigos; mas nada c onseg uiam.
r
sua família e seus amigos para uma refeição qu e era servi da sob re uma mesa de prata. Quando todos haviam tomado seus lugares, ele exibia o Graal e o colocava no centro da mesa, encoberto por uma nuvem luminosa. Em seguida, ele pedia a um velho pescador para descer ao rio e apanhar um peixe de prata que nadava nas águas claras. O pescador estava habituado a isso e cada vez ele voltava com um grande peixe brilhante. José lhe ordenava que o preparasse sobre um f ogo de carvões ardentes. E quando o peixe ficava pronto, servia a preciosa carne aos convidados, não importando qual f osse o número deles. Aqueles que haviam provado esse man jar milagroso sentiam-se, de repente, plenos de alegria, e tornavamse suficientemente f ortes para evitar o mal e fazer o bem. Terminada a refeição, todo s voltavam para seus lares. E, embo ra essa ceri môn ia tivesse sido repetida por centenas de anos seguidos, e que muitos, graças a isso, tivessem tido uma vida feliz, somente José e o velho pescador conh eciam o seg redo do G raal e do Peixe. Assim, eles estavam em cond ições de socorrer a humanidade.
«Tem conf iança, toma a taça e pa r t e.»
Um dia, quando José trabalhava em seu jardim, recebeu a visita de um ser luminoso que lhe recomendou levar a taça para um país longí nquo nquo, para além do mar, ao Ocidente. José lhe perguntou como faria isso. E u nã o o p a a ss o d e e um j a a r rd d i i nei r r o e t r r aba aba l l ho ha ss o a m po s s d e ã o s c a rigo. b i i t tu a l lm e nt e e no s e t r i go. N ã o a r r c c o e nã o t e e nh nho ne nhu nhum b a o c o o nh nhe ç ço o ni ng ué m que s a a i iba b a nav eg eg a a r r. Entretanto, o personagem lhe disse pae e m c o o nfi an anç a a . C ha ha ra não ter medo. T a míli a a e t e a a ma t ua f a s, peg a e us a migo s a d e p r ra a t t a a , a t a a ç ça a , e p a a r r t t e! me s s a e! Ele desapareceu; José f oi para casa e chamou o pescador. Pediu que ele reunisse as pessoas para preparar essa grande viagem ao desconhecido e acompanhá-los. Logo tudo ficou pronto e eles partiram: José, o pescador, os filhos e seus amigos. Eles levavam a mesa de prata e José carregava a taça do Graal num pequeno cof re decorado com centenas de pedras preciosas. Dias se passaram e eles chegaram à beira do mar. Este se estendia diante deles, 29
azul e misteriosa mente iluminado , aqui e ali, por luzes de cores rosa e violeta. Eles viram, no horizonte, nuvens baixas que pareciam ilhas rodeadas pelo brilho dourado do sol poente. Deveriam ir até lá? Estariam as ilhas do Ocidente sendo anunciadas a José? Entre os viajantes e as ilhas havia uma grande extensão de água com ondas turbulentas. Para atravessá-las seria preciso um barco, mas não havia nenhum, nada c om o que alguém pudesse ousar fazer essa grande viagem. José mantinha-se à beira do mar, e todos aqueles que confiaram nele o interrogavam com os olhos. Então, acima da ág á gua, s oou uma v oz que todos puderam ouvir: T o o ma t ua ua v e es i s t ti a b r r an anc a a , Jo s sé, e nd nd e e -a s o o b b r r e e me nt a b é, e e s s t te a á g g ua ! ! José obedeceu. Tomou sua vestimenta de linho branco e estendeu-a sobre a superfície ondulante das águas. E eis que a vestimenta tomou a f orma de um barco. Então, novamente, a voz ressoou como o chilrear de um canto de pássar o ao anoio b b e e a b o o r d o, o, Jo s o d d o o s tecer: S o sé, é, e que t o s rd e s ig ig a a m. t e José pegou o pequeno cof re do Graal e, confiante, subiu a bordo. A vestimenta branca provou ser suficientemente f orte para levá-lo e a embarcação ficou tão imóvel como se estivesse presa por uma â ncora. Os outros o seguiram e depositaram a mesa de prata no centro da embarcação. Quando todos tomaram seus lugares à mesa, o barco, impulsionado por uma f orça misteriosa, começou a mover-se e tomou rapidamente a direção do Ocidente. O bas t ão se enr aí za na t e rr a ge l ada
Logo o sol declinou, a l ua subiu ao céu e o barco continuou seu curso mais rapidamente do que qualquer 30
outra embarcação. Entretanto, a lua também se deitou; depois, atrás deles, o sol despontou novamente, e, nos raios de luz dourada que desper tava m para a nova vida, José percebeu a praia de areia branca e os altos rochedos do país do Ocidente. Ele os c ontemplou com admiração, mas, quando os viajantes aproximaram-se, descobriram que haviam trocado o calor do verão e árvores cheias de f rutos por um país onde reinava o f rio do inverno e cu jo solo estava coberto de neve. O gelo, que havia recoberto os rochedos durante a noite, brilhava; e os rios corriam sob uma dura crosta gelada. O barco levou os viajantes para uma pequena baía, ond e o vento do norte os apressou a procurar um abrigo. José f oi o último a sair, e a voz mandou que ele recolhesse e usasse novamente sua vestimenta. Milagre! Ela estava seca, quente e conf ortável! Os viajantes subiram uns atrás dos outros: José com o pequeno cof re, o pescador, os que carregavam a mesa de prata e toda a comitiva. Eles galgaram as alturas, desceram aos vales, de pois chegaram num lugar mais acolhedor. José apoiou-se em seu bastão e olhou se o lugar era conveniente para aí se fixa r. Então, seu bastão começou a vi brar e dele saí ram brotos e ramos cobertos de flores brancas: ele se enraizou no solo gelado! A árvore cresceu rapidamente e tornou-se tão grande que José pode facilmente instalar-se debaixo dela. Quando ele tocou as flores, elas esparziram um perf ume maravilhoso. José chamou o pescador e seus amigos e lhes pediu para c olocarem a mesa de prata sob a árvore. Todos se instalaram ali. Então, o pescador encontrou um peixe de prata num ribei rinho próximo, como se esse peixe o estivesse esperando há muito tempo. Ele o levou a José, que o preparou sobre os carvões em brasa. O Graal f oi colocado no meio da mesa, e todos se
apressaram a tomar parte da refeição mágica, que lhes era familiar, sob a árvore florida. Essa f oi a primeira refeição feita no país do Ocidente, enquanto colinas e vales desapareciam sob uma es pessa camada de neve.
A taça envo lt a por uma nuvem l uminosa
Nesse momento, um ancião vestido com um grande casaco os observava. Era um druida que a pareceu por acaso. Espantado, ele olhava esses homens morenos, com suas vestimentas orientais coloridas, instalados ao redor de uma mesa de prata sob uma árvore florida. Mas era principalmente a taça envolta por uma nuvem luminosa que atraía sua atenção. Quando eles terminaram de comer, um deles levantou-se e, com grande cuidado, tomou a taça cintilante em suas mãos. Todos se levantaram, pegaram a mesa de prata e continuaram seu caminho pela neve. O druida aproximou-se da árvore e tocou-a. A árvore era ve rdadeira, assim como as flores de odor delicado. Ele retornou para sua casa e contou a todas as pessoas o que havia visto. Então, o rei do país do Ocidente ofereceu a José e a seus amigos a terra onde a árvore se encontrava. Eles ali construí ram uma capela e, durante muitos a nos, puderam r eunir-se tranqüilamente ao redor da mesa de prata e permanecer no país, graças à infl uên cia protetora e salutar do
Jesus, pescador. pescador. Papiro copta, Staatliche Museen, Berlim. Berlim. Pedra Pedra tumular do século XIII. XIII. Museu Museu de Lerida, Lerida, Espanha. Espanha.
Graal.
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O Livro dos Reis da Pé r sia an t iga ig a ér s i a o c o o m o s í s e e e é c rã r i ra O I r unt o be s s , há s é cu lo s ã , a a a a nt ig a P é a , é, j un aí a b s s p a s s s á r s, um i m po r e c e e nt r o o mund o i s l â co. o . N o o O c ci i d d e en t e, e, e s q c e em o s om f r e an t e â m i c t a sl squ ue c s c o rt ro d o re qüê nc i i a ife r e nt e es p a í s e e l â c o os t ê ê m r a íz e d i ç ç õe õe s o d i is - t o s s s s i s sl s s mui t s re a que o s s d ife aí â mi c a í z e s s e t r ra a d i in t a os d i ia e c o onh n he c e s o ob b r e e ologi a ér s i a t i t t ologi ss o s s r a mi r i c e as s . E m no ss a s s , o que s e a d a a P é a é mui o a nt e er io i o r ní c io d o o I s l ã t o sl r r a o i c io ã . 32
A pesquisa científica most a que, no r
espaço e tempo, as tentativas que visam tornar os homens conscientes de seu verdadeiro destino são universais. Encontramos testemunhos em palavras, escritos e sí mbolos sobre a terra inteira. É como um fio de ouro que liga entre si os pesquisadores de todas as raças, em todos os séculos. Após o islã ter se tornado religião de Estado, na Pérsia, correntes e movimentos c ontinuaram tentando fazer revive r a antiga herança espiritual do Irã. Eles procuraram a essência daquilo que se conservou e a adaptaram ao espí rito do tempo. Assim, o fio de ouro f oi novamente restabelecido e seu devido valor reiterado por toda parte onde isso se fez necessário. No século XII, o sábio persa Shihab ad-Din Yahya al-Suhrawardi (11541191) religou o ensinamento de Zoroastro e as tradições do antigo Irã c om a sabedoria hermética e o neoplatonismo grego. Ele hauriu dessas f on ontes para atualizar sua mensagem, pois essas duas correntes de sabedoria eram muito conhecidas e apreciadas no seu tempo. Em um de seus relatos ele faz reviver, de certa f orma, a imagem do Graal, uma clara e poderosa imagem que dif und unde a prof und unda verdade do ensinamento espiritual libertador. As f on ontes de se us dizeres sobre a ação do Graal estão ocultas na pré-história da Pérsia. A taça mágica com se t e cí rcu l os
Todo s os iranianos conh ece m e ve v r r o o d o o s hah -na s Rei s s , o S hah neram o L i i v me h, que f oi composto no ano 1000 d.C. pelo grande poeta Firdawsi e compreende 50.000 ve rsos. No Irã, ele é tão con siderado qu anto a O d d i i s s éi a d a de Homero ou A D i i v v i i na na C o o mé s éi a de Dante no Ocidente. O L i i v d i i a v r r o o s Rei s s é u ma giga ntesca epop éia d o o s sob re os tempo s extremamente anti-
gos, quando os sá bios prí ncipes c on duz iram seus povos de f orma justa e levaram sua civilizaçã o a um imenso dese nvolvi mento. Conta-se de Jamshid, o mais importante rei, o qu arto desse perí odo odo , que seu trono flutuava no ar e qu e ele poss uía uma taça mágica com sete cí rculos. Na mitologia da Pérsia, essa taça é conh eci da como a Taça de J amshid. Mais tarde, ela f oi denominada a t a a ç ç a qu a qu e r efle t e efle t e s o r s o un i v v e e r o . E n t r et a n t o , sa tisfei t o demais com suas obras, Jamshid cai u sob o domí nio do mal. S o o b b r r e e a t e e rr a , rr a e u s ó ó c o o nh nh e ç ç o o a mi m me s o no : o t r s mo : r o a l j a a ma i i s s v i i u um ho me m t ã ã o f a a mo r e e a s o o c o o mo e u. Ele perdeu a razão e f oi destronado por um jovem que es tava sob as ordens do mal. Esse aconteci mento marcou o começ o da luta sempre atual entre o bem e o mal, simboli zada pelo combate do Irã e de Turã. O rei Jamshid não é uma invenção de Firdawsi. Suas descrições do passado iraniano e dos dezessete primeiros reis têm por f undamento a obra und do grande sábio Zoroastro (cerca de 628 -551 a. C.), qu e pr op ag ou , na Pérsia, o ensinamento monoteísta de Ahura Mazda e de seu adversário Ahriman. Jamshid é o antigo rei Yima das tradiç ões zo roás tricas, qu e remontam à pré-história da Índia. O reino de Yima é conhecido como a Idade de Ouro, quando não havia nem doença nem morte. Ele era um prí ncipe justo e sábio, chamado de o Bom Pastor. O número de imortais cresceu tão depressa sob sua direção, que ele decidiu ampliar a Terra três vezes. Mas o demônio Mahrkuscha enviou um terrível maremoto seguido de verões tórridos que provocaram uma seca tão grande, que só Ahura Mazda pôde impedir a exterminação dos seres humanos. Ele mandou Yima cavar uma morada subterrânea, onde todos os homens e todos os animais encontrariam um abrigo e onde haveria fartura de água, árvores, flores e f rutos. 33
A ilha celeste, atribuída a Mirza Ali, Ca.1560. Ca.1560.
No f im da Idade de Ouro Yima to rna-se mo r ta l
Diz-se que f oi o orgulho de Yima que provocou essa catástrofe. Ele teria se desviado de seu Criador e se encerrado no erro. A Idade de Ouro terminou e Yima tornou-se mortal. Desde que propagou suas falsas idéias, a Luz de Glória (Xvarnah) retirou-se. Segundo os iranianos, todos os reis legí timos possuíam essa luz. Zoroastro disse: E l la a il umi na na c ada ada c é éu que, d o o a l lt o es s t o, , r e c ci pl and and e ec e e d e l uz uz e s e e s s t te e nd n d e e a c i m a e a o o a T e a , a ss a r r- s t ss i r e r t a ed d o o r r d e es err r a im c o om o um j a a d a d a s pi r ri ri rr a t u a l i rr d i im c r i a d o o no mund o e s i t di i a a r rt t e a T e a . rê r ob b r re e a s ê s e s err r a s ua l uz s o s t r s p a s d a Esses mitos dos tempos primitivos apresentam uma fase do desenvolvimento da humanidade quando os reis sacerdotes ainda existiam. Nessa época, a humanidade e ra g uiada por esses reis que possuíam a Taça de Jamshid ou Luz de Glória. Eles estavam ligados a o Espí rito de Deus e tinham por tarefa proteger seu povo graças a uma sociedade justa e ordenada, a fim de que ele pudesse desenvolver-se. Não são somente os mitos persas que falam deste sacerdócio-real, mas também os mitos do Egito antigo. Voltemos para L i iv v r ro o o s s Rei s s, o d o S hah hah-na me h. Nos contos e lendas da luta entre Irã e Turã aparece um homem que tem um papel importante na busca do Graal. Seu nome é Kay Khosraw, o oitavo e último rei da dinastia dos Kayanides. Sua vida mostra muita semelhança com a dos cavaleiros das lendas do G raal conhecidas no Ocidente. Seu avô, o rei do Irã, não sabia o que fazia quando atacou o reino dos demônios. Seus a dversários o aprisionaram e l he va zaram os olhos. Graças ao herói Rustam, que af rontou sete perigos, o rei voltou finalmente ao trono do Irã. Seu filho retomou a luta contra Turã mas, f orçado pelas circunstâncias, se entendeu com seu inimigo, o rei de Turã, e esposou sua 34
filha, Farangis. Pouco depois, ele perdeu sua vida devido a traição. Farangis estava grávida e deu à luz, após a morte de se u esposo, um filho denominado Kay Khosraw. Os reinos do bem e do ma l são en t re l açados
As relações entre Irã e Turã mostram que, no tempo de Kay Khosraw – nos primeiros tempos da história do Irã – o reino do Bem e do Mal já estava em curso. O novo prí ncipe Kay Khosraw é o protótipo dessa dualidade. Seus av ós f oram, respectivamente, os reis de Irã e Turã. Como nas lendas ocidentais sobre o Graal, fica claro que os guardiões da taça mágica a têm desmerecido muito. É preciso um ato enérgico para fazer a Taça de sete cí rculos de Jamshid, onde o Universo se reflete, volte à Terra para libertar a humanidade. A juventude de Kay Khosraw se parece com a de Parsifal. O pai de cada um deles é assassinado traiçoeiramente. Os dois são filhos de princesas e crescem ao lado de suas mães na solidão de uma floresta. Quando jovens, eles sentem atraçã o pela cavalaria. Quando Kay Khosraw, pela primeira vez, encontra-se diante do rei de Turã, ele passa por um tolo e não fala de suas origens. Parsifal igualmente se condu onduzz como um simplório, um pateta que nem mesmo sabe seu nome. Kay Khosraw chega finalmente ao Irã, ao lado de seu avô, que o faz imediatamente rei. Ele jura vingar o assassinato de seu pai, e não mais ter descanso antes de ter vencido o malvado rei de Turã. Kay Khosraw, como Parsifal, tem como ob jetivo restabelecer a justiça divina original. É então que o Graal aparece de novo: um jovem iraniano é feito prisioneiro em Turã. Para salválo, no dia do Ano Novo na Pérsia, Kay Khosraw coloca uma vestimenta
especial e cinge a coroa dos Kayanides; depois, pega a taça mágica com sete cí rculos onde o U niverso se reflete e tenta descobrir o jovem num dos sete mundos. Logo se dá a luta decisiva entre Irã e Turã. Kay Khosraw vence o rei de Turã, que f oge e m seu cintilante palácio de Gangbehest. Após um longo cerco, Kay Khosraw vence seu adversário. Então, começa um perí odo odo iluminado de sessenta anos no Irã. No final de sua vida terrestre, Kay Khosraw, com oito cavaleiros, sobe uma alta montanha. Quando ele os adverte da chegada de uma tempestade de neve e aconselha a retornar, três cavaleiros acatam seu conselho, mas cinco deles continuam a acompanhá-lo até o momento em que eles chegam a uma f on onte. Lá, o rei se despede de seus cavaleiros, banha-se na Água da Vi Vida e desaparece. Os cavaleiros o procuram ainda durante muito tempo e acabam se perdendo na tempestade de neve. O G raa l e a Luz de G l ór ia
A lenda persa da Taça com sete cí rculos que reflete o universo se parece muito com as lendas do Graal. Esta taça está ligada à Luz original que está f ora do alcance da consciência comum, que, aliás, é vigiada e combatida pelas trevas. No mesmo contexto, a tradição de Zoroastro fala sobre o «Xvarnah», a Luz da Glória que envolve a Terra e confere a realeza aos prí ncipes do Irã. Um hino zoroastriano relata como a Luz da Glória é transmitida, em seguida, a oito reis. O último rei tem por nome Kavi Husravah, nome zoroastriano de Kay Khosraw. Portanto, com Zoroastro igualmente aparecem os oito reis portadores de luz da dinastia dos Kayanides. O número oito – oito reis e oito cavaleiros que acompanham Kay Khosraw – faz pensar na tradição ocidental segundo a qual oito descendentes de José de Arimatéia
conservaram a taça na qual ele recolheu o sangue de Cristo.
Subs t i t uição
do se r in t e rior
Após esses exemplos de lendas relativas ao Graal na antiga Pérsia, uma questão apaixonante se impõe: para onde f oi uma tal herança? Onde podemos retomar o fio de ouro? Afinal, cada civilização tem sua própria lí ngua e características particulares, de modo que os homens de cada época têm outras tarefas e possibilidades para alcançar a meta, seguindo um processo de mudança interior. É interessante notar que as lendas do Graal reaparecem no século XII, não somente no Ocidente, mas também na Pérsia. No mundo árabe persa, Suhrawardi retoma os temas do G raal, sob o ângulo do zoroastrismo, das tradições da antiga Pérsia, do hermetismo e dos elementos helenísticos. Para ele, importa menos uma filosofia ou uma teologia do que as experiências concretas do pes quisa do r da verdade. Após muitas provas, este último pode dar uma vista d olhos na Taça com sete cí rculos e assim ligar-se a um novo e superior campo de vida. É por isso que ele não fala dos sacerdotes-rei que intervieram como substitutos do Criador, mas de uma substituição do ser interior em cada pessoa. Na Pérsia de Suhrawardi existiam numerosos sí mbolos que se referiam ao País da Luz do Espí rito divino, uma rica herança provinda do tempo de Zoroastro. Mas a idéia do Reino de Luz amplamente dif und undida por Mani exercia ainda uma grande influência. Mais tarde, Mani f oi considerado e tratado pelo Islã como herético; entretanto, f ragmentos de seu ensinamento f oram conservados em textos mais tardios da mística e do gnosticismo persas. Em seus hinos e seus salmos, Mani descreveu o País da Luz de Deus, ao qual deve aspirar o homem ’
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Vitória sobre o dragão, guardião do tesouro. tesouro. Hamsah, Nisami, Nisami, British British Museum, Londres.
mutável e cego. Esses textos de Mani provêm das tradições da antiga sabedoria persa; contudo, ele denominava a si mesmo Apóstolo de Jesus Cristo segundo a vontade de Deus.
a L uz pe ne t tr r a a a a o r rd rd A o r d e em d a d e em da s s t r re e va v a s s . ão o b b s st t an a nt e, e, a o r d e em da s e va v a s s e s s t tá á N ã s t r rd re a r ra a d a d a a L uz d z d e s ep s d ço... ... ep a d a d es d e o c o o me ç o
O E O E s s pí i t o da v e e r d ad e e v eio eio e no s r s ri rdad t o da v d e e s a t to o da il us ã ã o o d o o mund o. o. sa u E le s e nt r s pel rego le no s e go u um e s ho. a nd C o s nele o on t e em pl a nd o o -o, v e em o s r v e er s U ni v s o. o. E le le no s a que exi s s t te e m dua s s mo s s t s o r r r tr a qu d e e ns : : a o r d e em da L uz uz e a o r rd d e em da s s rd a s s . re t r e v v a
A corr en t e da il uminação
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No século XII, Suhrawardi hauriu dessa f on onte e instituiu o Ishraq, a Corda Iluminaçã o, deno minada r e nt e a ç çã ã o o da Aur o o r a . Ele também de A Rad i ia ra deixou uma obra considerável. Parte
em árabe, parte em persa, ele redigiu cro, a nova alma precisa despertar para considerações teológicas e também receber o Espí rito. Kay Khosraw já narrativas alegóricas e herméticas. Ele possuía essa ligação, em princí pio. explica, em trechos diferentes, a quais Permanecendo em seu corpo, o G raal tradições espirituais ele se sente liga- era visível, quer dizer, agia na naturedo; e insiste sempre na importância, za terrestre. Assim que ele desfez os não dos c onhecimentos, mas da ex pe- dez laços e voltou-se totalmente para uant o o a o o s as coisas invisíveis, o Graal não f oi s a migo s s riência concreta: Q uan o b b r re o c a a mi nh nho, ele s s pe r rc c e e b be e m, e m mais visível. Afinal, elevar-se no Ess o a m num pí rito significa desligar-se da matéria. s ua s s a l s, l uz e s que o s s d eix lm a s es eix a a nt a a me nt o ex t tr r a a o rd rqu e nc a o r d i in á r rio, i o, po r q ue a l uz n z nã o a na v a v i id a t e ra n r e ss o s e e nc o on t r d a err r e es ss a s e . P a a r ra a o p r ri i nc ipi ipi an ant e, e, é uma l uz uz f u- E como o G raa l é preenchido re. t r g az az c o om o o r a a io io ; ; p a a r ra a o ma i is s ad i i an ant a a - pe lo Espí rito? a r ra a o ho rm d o, o, uma l uz unifo r e, e, p a a . me m s u pe r rio st r, uma l t e o b i o r uz c ele ele s b s s c cu r a Q uan Q uand uand o o s ol ol e nc o o nt r ava -s e e no r ava uant o o à l uz uz o b b s s c cu r a a que le va va à pe e qu qu i nó c c io io da p r i mav e e r a , segundo r i r a que na na mo r rt t e, e , o s áb áb io io P l la a t tã ã o, o, e nt r o s s re a y K ho s s r ra a w w ele v g r e go s i m o que r e ea a l lm e nt e e a Suhrawardi, K a v o ou o s, foi o úl t rego ti a a l p a a r ra a o s ol. a t ta a me nt e G r raa a nd ol. I me d d i i a e uma ss i s pí ra c o onh n he c c e eu , a ss i m c o o mo o G r nd e e E s r a d d e er o o a l uz uz c a a i iu s o ob b r re ele e t o o da da s s a s s s sa r i r t o c u jo no me foi c o it o on s e er v v a d o o a o lo ngo po d e s li nha nha s s e r ep ep r e s t a a ç çõe õ o mund o o nele s e en s d o ri r re r da h da hi s s t tó ó i a d a d e e H e er m e s s . e manife s a r ra a m. Ele conclui: Q uand uand o o Suhrawardi só consagrou algumas s e s t ta a a l l d e sc r r r raa c e linhas à taça, ou G raal. Ele parte do e u o uv uv i o me s s t tr r e e d e e s e v v e er o G r e a m, e u f ui, e u me s s mo, o G r raa a a l l d o o princí pio de que seus leitores conhe- J a o, o e s ho d e J a a m. N o o G r a a l l s pel raa cem bem a história do rei mí tico Kay mund o, o mund o, o, o e s ho, nó s s v i im o s Khosraw. O G r raa s pel s, e m a a l,l, o e s s pel ho d o o uni - d o a nç a a , que c ada ada G r raa a a l é uma c ha ha w. E le ran v e er s e nc i ia a a K a a y K ho s s r ra a w le le mb r s o, o, pe r r rt t e a que no s s f az az mo rr rr e r. d i ia a le r r ne ss ho t ud ud o o que qui - ma qu e r ss e e s s pel po d Repetidamente, Suhrawardi indica a r r a s s c oi a s s o c cu l t ta a s s e s e ss e, s a e ss e, c o o nt e em pl a oi s a s s ma nife s s t ta a d a s s . D i iz z - que o eu da natureza deve morrer de s c oi sa r c o onh n he c c e er a s oi s d a e que o G r a a l e nc o o nt r a va -s e e m um modo que uma nova alma possa nass e raa rava ca e s o e c o o ur o, o, d e fo r a c ô ô ni c a e a t ta a - cer. Sob a ação do Graal, o superior s t rm tojo jo d e z t i i r ra a s s . Q ua nd a y K ho s s - deve substituir o inferior. Tal f oi sua d o po r r d e ez nd o K a a w a , v e a s s o c cu l t ta a s s , mensagem aos homens de seu tempo: w qui s s, um d i i a s c oi s a r a r er a s oi s são nossos atos que nos transf ormam. rn ei r ro. . Q ua ntojo jo a o ele c o on fio u o e s o o t o o r o s t Seu ensinamento exerceu ainda uma d o o t o o da da s s a s s t i i r ra a s s fo r ra a m d e es a t tada a da s s, o s a u i nv a a l fi c co o nv i is s í ív v el. el. P o or é é m , quand o o grande influência muito tempo após G r raa r a d o a - sua morte. Sua f raternidade tinha por s t rn ei r ro, , foi r e tojo, jo, na ofi c ci o e s o i n a d o t o o r o ea a d a a l l t o a me n- nome I s sh r aq aqiy un un, e também K ho s s r ra a ma rr rr a raa r o d o, o, o G r or n u-s e e no v v a w iy iy un un , segundo o legendário Kay t e e v i is v el. el. s í ív O tema da taça, espelho do Univer- Khosraw. Essa co mun id ade pe rpe tuo so, remonta a um passado muito lonuouu -se gí nquo nquo e era ainda conhecido no tem- após seu desa pareci mento e encon tramos traços dela até em nossos dias. po de Mani. Portanto, para Suhrawardi, fica claro que o G raal desce na natureza do homem para libertá-lo dela. O imortal desce no mortal. A natureza terrestre é o invólucro, o Graal está escondido dentro do es to jo, volun tariamente amarrado. No interior desse invólu37
Ki t es j, sí mbo l o de um cosmo invio l ado
ím b olo olo d e e uma r e e a l i raa O G r a a l é o s í ali i t o m p r ee ns í í v el t ua l i nc o r r i r ee d a d e e s s pi v el a d p a o ns c iê nc i ia om um. E s ó c iê a r ra a a a c o a c o a, s ó t a st c o om d ifi ifi c c ul d da de po d de e t e e nt a o a d ar r a p r ro xi ma r e d ele! ele! E nt r e o, e ma na t a r s e re t an t o, d e e ss e s í ím b olo olo uma fo r i a do o r r a ss e rç a ç a c r ri a d a e in a mi za o o a d i do r r a ç do - za d a , uma fo r rç a po r rt a d t a e c ur a e r e en o v o. Alé m va çã a d e a e d e a ç ã o. r a d i iss s o, o, e ss ç c e s ua a ç çã o a fo r rç a exe r rc ã o s ss a a e ob b r e e on s c i ê nc i ia o b br r e e s o r a c o ciê a huma na e s o iv v i i d d a de e s s que d el el a e c o e m; e ; e t i rr e co rr a s s a t a d a d e el a e is õe õ i v a po r rt b r re va a a b a a v i a s s t a t i s e s s i nt ui t c a e s c la e c e e r on s c c iê iê nc i ia a p az az e a r r e a s d e e s sc l c r a c o c o om um, c ha ma d da e no r l. rm a d e a l.
Quando se desc eve o G aal, fala-se r
Painel com a Visão de Kitesj sob a água.T. Zubkova, Zubkova, 1968.Têmpera ouro e laca sobre papel machê.
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de taça ou vaso sagrado, de pedra preciosa luminosa, de um f ogo puro, de uma música celeste que invade todas as coisas, de uma f orça salvadora e sa ntificado ra qu e torna sup érfl uo qualquer outro alimento, de pura luz da sabedoria e também de uma cidade oculta. A consciência terrestre está impossibilitada de dar a exata definição de uma realidade espiritual de uma ordem elevada, de rotulá -la. Talvez seja por essa razão que o Graal é um conceito que, em toda parte, interpela o homem até o mais í ntimo do coração. Quando não é representado materialmente, ele é c onsiderado como um f ogo, como uma energia espiritual – todas as lendas são unânimes – inacessível aos simples mortais, a menos que estes tenham se preparado especialmente para a prova, seguindo um plano muito claro. Se não f or este o caso, eles seriam, e ntão, si mplesmente consumidos por essa energia muito especial e não-terrena.
O Graal cósmico é imperecível. Ele exerce sua influência de duas f ormas: às vezes, ele se manifesta por meio de sí mbolos, esboçando as linhas de f orça com a qual sua energia é animada; outras vezes, por intermédio de sua ação libertadora e regeneradora. Os sí mbolos falam à consciência intuitiva do homem receptivo e o impulsionam a buscar e a agir de maneira lúcida e inédita. Tal comportamento pode fazer nascer um novo tipo de homem, o qual confiará a conduta de sua vida cotidiana ao princí pio interior imortal. Esse princí pio é o f und undamento da alma eterna. Graças a esse poder da alma, ele tem a ca pacidade de i r conscientemente ao encontro do Graal e de se colocar a seu serviço. Colocar-se a se rviço do Graal significa, portanto: conhecer o plano de Deus para o mundo e a humanidade e colaborar com ele. Então a alma, uma vez purificada, renovada, e com isso tornada imortal, encontra seu lugar na grande e antiga Fraternidade do Graal, que abarca todo o universo. essa ssa base, o G raa l não pode se r encon t rado Sob re
Nessas condições, vemos claramente a razão pela qual reina, em todas as lendas do G raal, uma grande incerteza sobre a natureza e a direção da busca. Onde é preciso procurar esse Graal? E qual é o momento propício para se pôr a caminho? A busca depende de um ponto de partida bem determinado? No início, a busca só reflete nossas próprias idéias. Ora, sobre essa 39
Nas cortes principescas e mansões dos nobres, a filosofia, a astrologia, a alquimia e a magia eram praticadas da mesma f orma que no resto da Europa. Nessa época, a Rússia encontrava-se sob a influência da cultura persa altamente elaborada, onde encontramos os mais antigos traços c onhecidos das lendas do Graal. Paralelamente a essa f raternidade cavalheiresca, a lenda de Kitesj teve um papel não secundário. O compositor russo Rimsky-Korsakof (1844-1908) escreve u uma ópera intitula da S kazan kazanije o ne v v i i d d i im o m g r a d e Ki t te e s s j i rad d e e v v e Fe v v r ro o nii (A cidade invisível de Kitesj e a virgem Fevrônia). Essa ópera descreve, de f orma mais clara do que a das lendas do Graal da Europa ocidental, a preparação necessária para ser admitido numa ordem cavalheiesca.
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A sabedor ia da a l ma
O Cavaleiro Branco combate Ivan. Ivan. Gravura Gravura sobre madeira, Contos das florestas e estepes russas , Dr. Dr. Boris Rapschinsky.
base, o Graal não pode ser encontrado, mes mo qu e no ssa imagi naçã o alcance um alto grau de refinamento e de idealização. Não há, portanto, com que se espantar se tantos pesquisadores e Prometeus assaltam o céu e ficam de mãos vazias, a despeito de seus nobres e corajosos esf orços. Somente é possível encontrar e conservar o Graal quando a c onduta é plena de dignidade e orientada para uma espécie de cavalaria interior, quando tudo f oi deixado para trás, quando cessa o pensar, sentir e agir de acordo com a consciência terrena, quando todos esses elementos terrenos estão mortos e um lugar é preparado para a alma vivente eterna. Existia na Rússia, na época medieval, uma ordem cavalheiresca que aspirava à honra e ao enobrecimento interior. Essa ordem queria servir a Deus, defender a pátria e socorrer os pobres, os doentes e os oprimidos. 40
medieva l
O autor do libreto, W.J.Belski, fez a sí ntese de todas os conceitos que povoam os mitos, contos e lendas a g a d a a Jo v r u ssas. Aqu i, é a S a g a v e e m a d a a c i i d a d Fe v v r rô ô ni a d a d e e d e e M ur o o m que ocupa o lugar central. A C r rô ô ni c ca a d e e Ki t e s j s j (1251) (1251) de Meledins s obre a e dite ficaçã o d a Pequ ena e da G rand e Kitesj em três anos, sobre os 75 anos que duraram essas duas cidades, sobre a destruição da Pequena Kitesj, em 1239, f ornece u o quadro histórico dessa saga. Em colaboração intensa com Rimsky -Korsa ko v, W.J .Belski fez-se intérprete da sabedoria popular da al ma medieval. Há pou ca ação dramática nessa ópera, o que permite aos artistas, segundo Belski, dar ênfase a todas as emoções. A música poética e lí rica de Rimsky-Korsakov torna vigorosos os sutis estados de alma – exatamente a ut a a M á á gi a de Mozart – ca como na Fl a gi c ela traduz claramente as três fases de evolução da consciência:
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a compree nsã o con creta, qu e é limitada aos fenômenos terrestres cotidianos; a experiência intuitiva e mística da luz que não pro jeta sombra. No coração do ser que aceita conscientemente a luz, exprime-se a fé autêntica do cristianismo original. É essa fé que confere a sabedoria; a c onsciência espiritual, tal c omo a despertada em Fevrônia, que, após ter ela suportado provas sobrehumanas, a conduz ao campo do progresso espiritual.
Essa pureza interior espiritual coloca Fevrônia em ligação com a luz do Graal e com o domí nio onde a Fraternidade do Graal haure as f orças que lhe permitem trabalhar no campo da vida terrestre. Essa ligação é representada, na ópera, pelos pássaros paradisíacos Alkonost e Siren. Eles aparecem cada vez que Fevrônia é submetida a uma prova que produ oduzz em sua consciência uma ex periência superior. Repr esen tação da a l ma humana purif icada
A Pequena e a Grande Kitesj f oram f und undadas para serem as cidadelas da fé cristã original. Seus habitantes puderam seguir, durante setenta e cinco anos, um caminho místico pessoal e m proveito do crescimento de sua alma, a grande finalidade da vida humana. Na lenda de Kitesj, o prí ncipe dessa cidade é dotado de uma prof und unda consciência religiosa e mística que o faz viver por antecipação seus ideais em benefício de seu povo. Essa consciência mística une todos os habitantes e os leva diretamente a desenvolver uma nova alma, a qual esclarece para eles a verdadeira finalidade da vida. A virgem Fevrônia vive solitária numa floresta vasta e selvagem ao longo do rio Volga, diante da Pequena Kitesj. Fevrônia é a representação da
alma natural pura que transmite sua sabedoria. Ela trabalha com ervas terapêuticas e compartilha seu conhecimento livremente com os homens e os animais. Ela compreende intuitivamente os processos que se desenvolvem nas plantas e no reino animal e prodigaliza aos seus semelhantes compree nsão, compaixão, assistência e amor auxiliador. Os seres vivos da floresta confiam nela. Ela vive e m harmonia com eles, e compreende, respeita e favorece os processos naturais que englobam todas essas criaturas. Assim, Fevrônia terminou uma fase importante de seu desenvolvimento. Ela possui uma alma radiante, a luz da compreensão intuitiva e a mais elevada f orma de amor que o homem pode alcançar. É a razão pela qual ela é provada e levada a fazer experiências que um eu muito ligado à natureza não poderia suportar. Vivif icação dos po pode r es supe riores l at en t es
As provas de Fevrônia começam com um encontro com o prí ncipe Vsevolod. Este se extraviou durante uma caçada e vagueia pela floresta, ferido e cansado. É então que ele se apercebe de Fevrônia. Ela está cantando enquanto procura por plantas medicinais, e é acompanhada por pássaros, um urso e alguns cabritos. O prí ncipe fica espantado e cai sob o encanto desse quadro: uma criatura perfeita e plena de alma segundo as normas terrestres, nesta floresta selvagem! Fevrônia olha para o prí ncipe com a maior calma e vê que ele sof re, ví tima de seus conflitos interiores. Ela se pergunta como um homem tão nobre, um prí ncipe, pode querer caçar seus jovens irmãos, os animais, para matálos. Fevrônia percebe que ele ainda não descobriu a luz que está nele. O prí ncipe é crente, e nada mais. Ele ain41
da necessita de ritos e de princí pios morais para poder seguir seu caminho. Embora ele tenha uma grande fé, seu próprio núcleo espiritual ainda não despertou. É por isso que ele só age conf orme os preceitos apresentados à sua inteligência. A compreensão intuitiva ainda lhe é desconhecida. Então, Fevrônia dirige-se a ele para descobrir se é possível vivifica r seus poderes latentes. Ela saúda Vsevolod com palavras simples que abrem seu coração. O prí ncipe pede-lhe pão, mel e água. Esses são os sí mbolos esotéricos do alimento espiritual. Vida da fo rça c rí s t ica em cada a l ma humana
O prí ncipe pensa que Fevrônia, com toda a sua simplicidade, é bem superior a qualquer mulher, mesmo a mais culta, da Pequena Kitesj. Ela ocupa seu lugar na criação de f orma totalmente harmon iosa e cola bo ra com a natureza e suas criaturas por toda parte onde pode fazê-lo. É que Cristo está em cada alma humana, compadece-se e participa da vida de cada ser vivente. Fevrônia está em condições de doar ao prí ncipe sof redor, Vsevolod, a luz que iluminará sua consciência. Ele aceita seu auxíli o com reconhecimento e aprende que não deve mais considerar os animais e outras criaturas como presas, mas que deve defendê-las e socorrê-las. Assim que essa mudança interior acontece com o prí ncipe, Fevrônia pode aceitar seu pedido de casamento. Então, Vsevolod faz que sua noiva deixe o mundo que lhe é familiar e a leva para a vida desconhecida da ci dade e de seus habitantes. Fevrônia observa os cidadãos da Pequena Kitesj com espanto e compaixão. A maneira pela qual essas pessoas passam seu tempo lhe é totalmente estranha. Quando estes percebem a luz que 42
emana de Fevrônia, eles passam a chamá-la de A Virgem da Luz. Assim estimada, ela se esf orça para que entendam suas i déias sobre a vida e sobre a verdadeira finalidade da existência. Ela os encoraja a buscarem a si mesmos. Entretanto, apesar de sua humildade, sabedoria, discernimento, compaixão, bondade, verdade e tolerância, apesar de sua alegria, f orça e retidão, poucos se interessam por ela. Os habitantes da Pequena Kitesj cultuam principalmente a vida material, por isso demoram a compreender. Fevrônia vê claramente os limites dessa vida superficial e percebe que os habitantes da cidade simplesmente ignoram seu amor e s uas sábias palavras. Aceitar a escr avidão ou ab jur ar sua f é
Considerando que a mente e a conduta deles estão fechadas a qualquer tentativa de renovação, eles não conseguiriam escapar de uma transf ormação violenta. Os tártaros avançam para o Oeste e, na ca mpanha devastadora que os faz atravessar a Rússia, do sul e do centro, aproximam-se da Pequena Kitesj. A Grande Kitesj deverá sucumbir em seguida. Os habitantes da Pequena Kitesj estão agora diante de uma escolha decisiva: render-se aos tártaros para tornar-se seus escravos e ab jurar sua fé, ou permanecer fiéis a esta, morrendo em combate? No decorrer dessa crise, muitos cidadãos da Pequena Kitesj percebem a voz interior que lhes diz para seguir sua intuição que os impulsiona a combater pela sua salvação e pela preservação da Grande Kitesj. Nesse meio tempo, o prí ncipe Vsevolod galopa com alguns cavaleiros para a Grande Kitesj a fim de buscar auxílio. Mas os tártaros s urgem mais rápido do que o previsto. No terrível combate, que se desencadeia com violência, todos são mortos, menos Fevrônia e um bêbado.
Ninguém se mostrou disposto a aju- rificação espiritual a que todo ser dar os tártaros e a lhes indicar o cami- humano é convidado. O prí ncipe Vsevolod e seus cavaleinho secreto para a Grande Kitesj. Entretanto, o bêbado, obscurecido ros penetram as fileiras dos tártaros e por sua vida de prazeres, ligado à vida aí encontram a morte. Os habitantes material e não sabendo mais o signifi- da Grande Kitesj e seu rei Yuri s uplicado da alma e dos valores superiores, cam à Mãe celeste para envolvê-los logo que cai nas mãos dos tártaros se com f orças puras e protegê-los. E o prepara para guiá-los para a Grande milagre acontece: a cidade é e nvolvida Kitesj, a fim de salvar sua vida. por uma nuvem de f ogo. Os pastores A bela Fevrônia faz parte dos des- que assistem a esse prodígio põem-se a b a e o s j t o rn o ça po jos de guerra que cabem ao Khan, a cantar: Ki t te e s o r u-s e e a c a b e e ç prí ncipe dos tártaros, e torna-se sua c o or a a ç çã ã o o d o o mund o. o. A cidade desaparer escrava. Cativa, assim como o bêbado, ce no mar de cristal, Swetli Jar, elevanela roga a seu companheiro que não se do-se ao céu. Na beira do mar, o exércomporte como Judas, traindo o se- cito tártaro é tomado de indescritível gredo do caminho para a G rande terror e f oge para os bosques ao redor. Kitesj. Ela se recolhe e ora pela salvaFevrônia vê que a Grande Kitesj se ção dos habitantes da G rande Kitesj: eleva para uma dimensão superior. Os como eles se deixam guiar em sua vida dois pássaros dos mistérios, agora vicotidiana pela f orça da verdadeira fé, síveis, convidam-na a lançar-se na luz somente isso pode salvá-los. junto com a cidade. Assim, ela alcançou sua finalidade: não existe mais morte para ela. Revestida de l uz, ela é O prí ncipe enf ren ta acolhida pelos cavaleiros do Graal; pacif icamen t e os t á r ta ros depois, vai ao encontro de Vsevolod que, após sua morte no campo de batalha, é ressuscitado e, como cavaOs poderes e f orças terrestres – leiro do Graal, é agora guiado para a simbolizados pelos tártaros – procu- Grande Meta. Finalmente, Vsevolod e ram ganhar Fevrônia para sua causa, Fevrônia tornam-se rei e rainha do mas ela permanece inatacável e inven- Graal da Grande Kitesj. cível. Ela não teme a violência e só tem piedade de Khan, que está sedento por mortes e se af oga no álcool. Então, segue-se uma série de acontecimentos dramáticos. O prí ncipe Vsevolod, c om um pequeno grupo de cavaleiros, marcha contra os tártaros. Ele se arma com o elmo da esperança, o escudo da fé e a espada do Espí rito. Esses atributos mostram claramente que ele está e m busca do Graal, e que luta contra tudo o que deseja retê-lo. Ele tornou-se um puro cavaleiro do Graal, pois a lenda relata que ele vai ao encontro dos tártaros com um espí rito de ausência de luta. Esses aspectos da lenda de Kitesj – e que se encontram em muitos outros contos do Graal – mostram que se trata aqui de processos i nteriores de pu43
a d a l,l, úl t t i i mo p a a t t r ri i a a r rc c a a c á á t ta a r ro, a a r ra a ng ué m mel ho r r d o d a o que G a o, p a r r pelo mund o á t t a ar r o za , ele t é no s s g ui a o d o os s mi s ér io s. C o om fi r e za r io os rm st s s c á p r i legi a oz a z a o i nef á el. a o s ut ilil e d á á v o á v v vilegi v el. ri i i N i
d a d e, nd a A hi s ó ri i a ea li d e, um r i i t o i a o c á ci a é, na r e a li a d a ç çã ã o á t t a a r ra a . E m o nd a s s tó r to d e i ni c s t a il umi na c a a d a p á ági i na e no s s i nv a d ve da nv a de e s g e c o om o s ilê ilê nc io io s ua v s , el a a s s g r r ut a a s s d o Ar iège. gi c o iège. co d a má gi n i nt e d a d e e r i o r er d es om e nt e o c o or a o çã a a p ul s sa a v e a d ã o rio r, el r r a ç s que s o d e nd o nho d o po d e s o ond nd a eix a o- no s o d o o C a o S a o a r r, d eix a nd s a um p a a ss ss o a mi nh a nt o a a l.l. raa G r ess e s ilê ilê c io io N e s s e
S e e d e es e j a i l há -lo, a r r t r ril s ej
d ê o p r ri im ei r o. a ss ro p a ss o. 160 pgs. ISBN:
R$
85-88950-18-9
20,00